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Pistas Linguísticas e Sentido em Textos

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LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
7
Um texto constitui-se de pistas linguísticas, de sentido e de intencionali-
dades. A identificação dessas pistas possibilita, dentre outros, uma melhor 
interpretação da leitura, desenvoltura na fala e facilidade na escrita, o que 
traz, consequentemente, um melhor aproveitamento do processo de ensino 
e de aprendizagem. A língua pode tornar-se uma barreira caso não seja 
um objeto de estudo, portanto, vamos iniciar o semestre estudando sobre 
a leitura, a organização textual, argumentação, os níveis de formalidade 
na fala e na escrita, o turno de fala, saber escutar, aprimorar as opiniões 
sobre temas de relevância social e profissional e, sobretudo, posicionar-se 
diante dos fatos cotidianos, como exige a condição de cidadão. A presente 
aula tem como finalidade demonstrar o sentido global do texto e as pistas 
que ele apresenta em sua construção. 
Para o estudo inicial sobre textualidade, contaremos com as seguintes re-
ferências, dentre outras, para traduzir o universo em que o texto se insere:
Bom estudo!
 Aula 
O TEXTO E SUAS 
EXTENSÕES
1ª
Bentes, A.C. Linguística textual. In:Mussalim, F. e Bentes, A.C. (orgs). Introdução à 
Linguística:domínios e fronteiras. V.1. São Paulo:Cortez, 2001.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997.
KOCH, I. V. e ELIAS, M. Ler e compreender: os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 
2002.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola, 2008.
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
8
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
- identificar as pistas linguísticas e de sentido de um texto;
- desenvolver a interpretação de um texto verbal e não verbal;
- entender o sentido global do texto e as pistas que ele apresenta em sua 
construção.
Seção 1 – PISTAS LINGUÍSTICAS E DE SENTIDO DE UM TEXTO
Seção 2 – INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Seção 3 – O SENTIDO GLOBAL DO TEXTO
Você já tentou definir um TEXTO?
Um objeto por meio do qual interagimos socialmente, que não é apenas um conjun-
to de palavras e frases encadeadas ou frases que permitem interpretações e transmitem uma 
mensagem. Uma imagem pode ser um texto, porque ela nos transmite uma mensagem.
Conceituar um texto é um exercício de reflexão e um modo de ampliar o nosso co-
nhecimento sobre algo que está em nosso cotidiano, em forma de linguagem e por meio da 
qual nos socializamos nas diversas esferas sociais.
Entenda o conceito e a finalidade do texto com o artigo de Márcia Mendonça. 
ObjETivOS dE AprENdizAgEm
SEçÕES dE ESTUdO
piSTAS LiNgUÍSTiCAS E dE SENTidO COmUNiCATi-
vO dO TEXTOSEçãO 01
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
9
Texto é uma unidade linguística de sentidos que resulta da interação entre quem o 
produz e o leitor/ouvinte. Um texto pode ter extensões muito variadas, constituindo-se de 
uma palavra até de milhares delas e traz marcas que indicam seu início e fim. Embora seja 
composto de palavras, frases, períodos, ou mesmo unidades maiores, o texto não se define 
pela soma de suas partes. O que faz uma produção escrita ou oral ser considerada um texto é 
a possibilidade de se estabelecer uma coerência global, ou seja, de se (re)construir sentidos a 
partir de um conjunto de pistas apresentadas. As pistas podem ser linguísticas – os recursos 
coesivos, construções sintáticas, vocabulário, etc. – ou podem ser inferidas da situação de 
produção desse texto – propósitos comunicativos, interlocutores, gênero discursivo, esfera 
social de circulação, suporte, etc.
TIPOS DE TEXTOS
Os textos podem ser verbais – orais ou escritos – ou multimodais, isto é, compos-
tos de mais de uma linguagem, combinando a expressão linguística com música, desenhos, 
imagens em movimento, entre outras. Os textos orais apresentam recursos de funcionamento 
semelhantes aos do texto escrito, como a coesão e a coerência. No entanto, em virtude de ser 
planejado e produzido quase simultaneamente – planejamento on-line – as marcas do plane-
jamento ficam evidentes para o interlocutor. É o caso das correções, dos truncamentos e das 
hesitações. Tais marcas, próprias da organização do texto oral, se interpretadas erroneamen-
te, podem levar a que se considere a produção oral falha, com erros e problemas de coesão. 
Na verdade, estudos sobre oralidade nos permitiram perceber que, em vez de problemas, 
essas características compõem o conjunto de recursos coesivos capazes de indicar aos ou-
vintes o ‘rumo’ que o texto toma quanto ao tema, por exemplo, o que pode ajudar nas trocas 
comunicativas realizadas em interações orais.
O SENTIDO GLOBAL DO TEXTO
Para compreender um texto, ou seja, para reconstruir o seu sentido global, é neces-
sário que o leitor/ouvinte procure pistas – explícitas e implícitas – para ajudá-lo a reconstruir 
os sentidos que ele supõe terem sido os pretendidos por quem o produziu. Nesse processo, 
algumas das pistas acionadas são os referentes, que indicam o(s) assunto(s) abordado(s), e os 
elos coesivos estabelecidos, indicadores das relações entre partes do texto, as quais podem 
TEXTO
Márcia Mendonça,
Instituição: Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP / Instituto de Estudos da 
Linguagem-IEL
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
10
SEçãO 02
ser de consequência, inclusão, concomitância, oposição, entre outras.
ELABORAÇÃO DO TEXTO
De forma semelhante, na elaboração de um texto, entram em jogo os propósitos 
comunicativos de quem o produz, situados em determinado contexto sociocultural, o que diz 
respeito ao gênero discursivo a que o texto irá pertencer e à esfera social de circulação. Com 
base nesse conjunto de coordenadas, o produtor mobiliza diversas estratégias, que são in-
fluenciadas pelas expectativas a respeito das formas de recepção desse texto, isto é, do modo 
como o leitor/ouvinte o compreenderá. Dessa forma, dependendo de para que e para quem o 
texto é criado, em que gênero será elaborado e em que esfera circulará, irão variar as pistas 
selecionadas por quem o produz, assim como devem ser diversificadas as pistas acionadas 
pelo leitor/ouvinte para entendê-lo.
Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/. Acesso em 03 jul. 2020
PISTAS LINGUÍSTICAS DA LEITURA
Segundo Dias & Ferreira (2005), para compreender um texto, o leitor precisa ir 
além do texto, indo além do que está colocado explicitamente: ele precisa ligar as ideias den-
tro do texto e ativar seu conhecimento geral para suportar a sua compreensão. Ou seja, para 
compreender um texto, o leitor precisa fazer inferências que podem ser elaboradas tanto a 
partir das relações entre os elementos do próprio texto, como através das relações entre estes 
e seu conhecimento prévio (conhecimentos linguísticos, enciclopédicos, de mundo).
Usamos a linguagem, a maior parte do tempo, para pedir ou transmitir informações. 
Esse uso, mesmo quando é utilitário, não deixa de ser legítimo. Precisamos nos co-
municar. Sinto uma necessidade dupla: quero que o outro (o interlocutor) me entenda e quero 
também entendê-lo. A linguagem, contudo, não se limita a informar, não se reduz à função 
de comunicar dados e fatos, conhecimentos constituídos. Há uma dimensão constituinte na 
atividade humana.
• Pesquisa das palavras ou termos que não sejam familiares a você. (Linguística: 
vocabulário)
• Identificação da ideia principal do texto. (sentido global: explícito, implícito)
• Reflexão sobre o conceito apresentado pelo texto (Situação de produção: propósito 
comunicativo)
• Consultar outros conceitos sobre texto e compará-los aos da autora, Márcia Men-
donça. (Comparar opiniões)
• Voltar à leitura do texto. (Reafirmar hipóteses)
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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Disponível em: https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/18868. Acesso em 03 jul. 2020
E quais são as relações entre os elementos do próprio texto? 
Conforme o quadro acima, pesquisar palavras ou termos desconhecidos utilizados 
no texto são levantamentos sobre aspistas ou conhecimentos linguísticos. O leitor que con-
segue inferir sobre o título do texto, por exemplo, pode antecipar hipóteses sobre o assunto 
ou o recorte temático tratado.
A ideia principal do texto pode vir de maneira explícita, clara descrita, ou implícita, 
nas entrelinhas, subjetivamente.
Os recursos linguísticos oferecidos pela língua levam em conta o plano comunica-
tivo do autor e as habilidades interpretativas do interlocutor. Nesse caso, a coesão é funda-
mental para a construção do texto. Elementos coesivos dão precisão ao texto, estruturando-o 
de forma padrão.
Já a coerência está mais ligada ao sentido, à semântica do texto. A coesão organiza a 
disposição das palavras, frases, orações, parágrafos do texto, deixando-o compreensível, e a 
coerência trata da seleção e articulação das palavras trazidas para aquele universo de sentidos 
que o texto desenvolve.
O estudo do texto mostrou que...
Após a leitura do artigo da especialista em estudos da linguagem, Márcia Mendon-
ça, constatou-se que um texto pode ter extensões muito variadas, que vão de uma palavra até 
milhares delas, e que trazem marcas que indicam seu início e fim. 
Apesar da extensão, o texto não se define pela soma de suas partes e sim pela pos-
sibilidade de se estabelecer uma coerência global, ou seja, de se (re)construir sentidos a 
partir de um conjunto de pistas apresentadas. As pistas podem ser linguísticas – os recursos 
coesivos, construções sintáticas, vocabulário etc. – ou podem ser inferidas da situação de 
produção desse texto – propósitos comunicativos, interlocutores, gênero discursivo, esfera 
social de circulação, suporte, etc.
Para compreender um texto, ou seja, para reconstruir o seu sentido global, é neces-
sário que o leitor/ouvinte procure pistas – explícitas e implícitas. Os textos podem 
ser verbais – orais ou escritos – ou multimodais, isto é, compostos de mais de uma lingua-
gem, combinando a expressão linguística com música, desenhos, imagens em movimento, 
entre outras.
Na elaboração de um texto, entram em jogo os propósitos comunicativos de quem o 
produz, há um objetivo para cada texto.
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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O seu olhar sobre a leitura
A seção 2 apresenta uma oportunidade para a ampliação de seu conhecimento de 
mundo ou conhecimento prévio. Ela resulta na disposição acerca dos fatos sociais, das lei-
turas que já realizou, dos filmes que já assistiu, das viagens já feitas e de toda a bagagem 
cultural que traz consigo, no sentido de dar significação àquilo que compartilha em sua 
comunicação e que permeia o seu cotidiano de uma forma geral.
A seção oferece a leitura de alguns textos, verbais e não verbais para leitura e inter-
pretação. Inicie com a busca das pistas linguísticas e de comunicação de sentido.
O título do TEXTO 1 é uma boa pista de propósito comunicativo, pense a respeito 
do significado de um APANHADOR DE DESPERDÍCIO e construa algumas hipóteses sobre 
o assunto do texto. Durante a leitura, teste e verifique se a hipótese está correta, ou então, a 
partir da leitura construa o sentido comunicativo do poeta Manoel de Barros. Afinal, o poeta 
gosta de tratar sobre o nada, coisas deixadas de lado, aquelas que não têm valor comercial 
ou político. 
Leituras...
TEXTO 1
iNTErprETAçÃO dE TEXTO SEçãO 02
O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS
Manoel de Barros
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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Disponível em: https://www.ufrgs.br/enunciarcotidianos/2017/07/18/
o-apanhador-de-desperdicios-manoel-de-barros/. Acesso em 03 jul. 2020
Leitura de imagens (imagética)...
De acordo com Celia Abicalil Belmiro, “Podemos falar em texto visual, texto so-
noro, texto gestual etc., observando as especificidades de cada linguagem: uma exposição de 
arte, por exemplo, pode ser considerada um texto visual na medida em que os elementos mí-
nimos necessários para se constituir como textos estão presentes- o expectador e a obra. [...]”
O convite agora é para a leitura da obra Os Retirantes, de Cândido Portinari, que 
implica na leitura de imagem, a leitura não verbal e sim imagética. Agora o leitor é convi-
dado a acionar os sentidos para uma leitura mais implícita e subjetiva dos elementos que 
remetem a muitas sensações. 
OS RETIRANTES - por CÂNDIDO PORTINARI
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PPp82iHjl6M Portinari, As Séries Bíblica e 
Retirantes no MASP - Expressão - Espaço Húmus
https://www.ufrgs.br/enunciarcotidianos/2017/07/18/o-apanhador-de-desperdicios-manoel-de-barros/
https://www.ufrgs.br/enunciarcotidianos/2017/07/18/o-apanhador-de-desperdicios-manoel-de-barros/
https://www.youtube.com/watch?v=PPp82iHjl6M
https://www.youtube.com/watch?v=PPp82iHjl6M
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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Ler a letra de uma música como Asa Branca é realizar a leitura de um poema. 
Nesse texto, há marcas fortes de variantes da língua, que remetem a determinada região e 
cultura. Acione todas as suas habilidades para identificar as pistas linguísticas e de propó-
sitos comunicativos. Ao final da leitura, tente relacionar a leitura verbal de Asa Branca com 
a leitura imagética de Os Retirantes.
ASA BRANCA
Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira
Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação.
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão.
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Intosse eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para mim vortar pro meu sertão.
Quando o vrerde dos teus zóiu
Se espaiar na prantação
Eu te asseguro num chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração.
Disponível em: https://www.vagalume.com.br/gonzaguinha/asa-branca.html. Acesso em 03 jul. 2020
Para finalizar, apresento-lhes a leitura verbal de um fragmento ou trecho do ro-
mance Vidas Secas, de Graciliano Ramos. A obra também apresenta as pistas necessárias à 
interlocução entre autor e leitor. Aproveite!
https://www.vagalume.com.br/gonzaguinha/asa-branca.html
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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VIDAS SECAS
Graciliano Ramos
Capítulo I - Mudança 
NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os in-
felizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente anda-
vam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira 
bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apa-
receu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, 
Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fa-
biano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, 
a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. 
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, 
sentou-se no chão. - Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, 
fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sosse-
gou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele 
se levantasse. Como isto nãoacontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando 
baixo. A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que 
eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. 
- Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o cora-
ção grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um 
fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não 
era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Ti-
nham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem 
do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés. Pelo espírito atribulado do sertanejo 
passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, 
coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço 
indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. 
Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do 
menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a 
cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do 
mato. Entregou a espingarda a Sinha Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou 
os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinha Vitória apro-
vou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a 
viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silencio grande. Ausente do compa-
nheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria 
ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, 
que se retardavam. Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coita-
do, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara 
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
16
demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os 
ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas 
brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena 
onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recor-
dação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se 
ouvia um berro de rês perdida na catinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as 
mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não 
se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Desper-
tara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os 
pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e 
justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser 
mudo.. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos ca-
lados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, 
e latia arremedando a cachorra. As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano 
aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam 
gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os 
calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam. Num cotovelo do caminho avis-
tou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A 
voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força. Deixaram a margem do rio, 
acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não 
viam sombra. Sinha Vitória acomodou os filhos, que arriaram como trouxas, cobriu-os com 
molambos. O menino mais velho, passada a vertigem que o derrubara, encolhido sobre fo-
lhas secas, a cabeça encostada a uma raiz, adormecia, acordava. E quando abria os olhos, 
distinguia vagamente um monte próximo, algumas pedras, um carro de bois. A cachorra 
Baleia foi enroscar-se junto dele. Estavam no pátio de uma fazenda sem vida O curral de-
serto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo 
anunciava abandono. Certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido. Fabiano 
procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou for-
çar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, 
rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catin-
gueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mou-
rão do canto, examinou a catinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. 
Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, 
fazendo tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meni-
nos adormecidos e não quis acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das ca-
bras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, 
arrumou tudo para a fogueira. Nesse ponto Baleia arrebitou as orelhas, arregaçou as ventas, 
sentiu cheiro de preás, farejou um minuto, localizouos no morro próximo e saiu correndo. 
Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se uma sombra passava por cima do monte. Tocou 
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
17
o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo agüentando a claridade do 
sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar-se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se 
encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul 
que deslumbrava e endoidecia a gente. Entrava dia e saía dia. As noites cobriam a terra de 
chofre. A tampa anilada baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do poente. 
Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas des-
graças e os seus pavores. O coração de Fabiano bateu junto do coração de Sinha Vitória, um 
abraço cansado aproximou os farrapos que os cobriam. Resistiram a fraqueza, afastaram-se 
envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança 
que os alentava. Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes 
um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afas-
tando pedaços de sonho. Sinha Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava 
ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo. Aquilo era caça bem mesquinha, 
mas adiaria a morte do grupo. E Fabiano queria viver. Olhou o céu com resolução. A nuvem 
tinha crescido, agora cobria o morro inteiro. Fabiano pisou com segurança, esquecendo as 
rachaduras' que lhe estragavam os dedos e os calcanhares. Sinha Vitória remexeu no baú, 
os meninos foram quebrar uma haste de alecrim para fazer um espeto. Baleia, o ouvido 
atento, o traseiro em repouso e as pernas da frente erguidas, vigiava, aguardando a parte que 
lhe iria tocar, provavelmente os ossos do bicho e talvez o couro. Fabiano tomou a cuia, 
desceu a ladeira, encaminhou-se ao rio seco, achou no bebedouro dos animais um pouco de 
lama. Cavou a areia com as unhas, esperou que a água marejasse e, debruçando-se no chão, 
bebeu muito. Saciado, caiu de papo para cima, olhando as estrelas, que vinham nascendo. 
Uma, duas, três, quatro, havia muitas estrelas, havia mais de cinco estrelas no céu. O poen-
te cobria-se de cirros - e uma alegria doida enchia o coração de Fabiano. Pensou na família, 
sentiu fome. Caminhando, movia-se como uma coisa, para bem dizer não se diferençava 
muito da bolandeira de seu Tomás. Agora, deitado, apertava a barriga e batia os dentes. Que 
fim teria levado a bolandeira de seu Tomás? Olhou o céu de novo. Os cirros acumulavam--se, a lua surgiu, grande e branca. Certamente ia chover. Seu Tomás fugira também, com a 
seca, a bolandeira estava parada. E ele, Fabiano, era como a bolandeira. Não sabia porquê, 
mas era. Uma, duas, três, havia mais de cinco estrelas no céu. A lua estava cercada de um 
halo cor de leite. Ia chover. Bem. A catinga ressuscitaria, a semente do gado voltaria ao 
curral, ele, Fabiano, seria o vaqueiro daquela fazenda morta. Chocalhos de badalos de ossos 
animariam a . solidão. Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam no chiqueiro das cabras, 
Sinha Vitória vestiria saias de ramagens vistosas. As vacas povoariam o curral. E a catinga 
ficaria toda verde. Lembrou-se dos filhos, da mulher e da cachorra, que estavam lá em 
cima, debaixo de um juazeiro, com sede. Lembrou-se do preá morto. Encheu a cuia, ergueu-
-se, afastou-se, lento, para não derramar a água salobra. Subiu a ladeira. A aragem morna 
acudia os xiquexiques e os mandacarus. Uma palpitação nova. Sentiu um arrepio na catin-
ga, uma ressurreição de garranchos e folhas secas. Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a 
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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com pedras, matou a sede da família. Em seguida acocorou-se, remexeu o aió, tirou o fuzil, 
acendeu as raízes de macambira, soprou-as, inchando as bochechas cavadas. Uma labareda 
tremeu, elevou-se, tingiulhe o rosto queimado, a barba ruiva, os olhos azuis. Minutos de-
pois o preá torcia-se e chiava no espeto de alecrim. Eram todos felizes. Sinha Vitória vesti-
ria uma saia larga de ramagens. A cara murcha de sinhá Vitória remoçaria, as nádegas 
bambas de Sinha Vitória engrossariam, a roupa encarnada de Sinha Vitória provocaria a 
inveja das outras caboclas. A lua crescia, a sombra leitosa crescia, as estrelas foram esmo-
recendo naquela brancura que enchia a noite. Uma, duas, três, agora havia poucas estrelas 
no céu. Ali perto a nuvem escurecia o morro. A fazenda renasceria - e ele, Fabiano, seria o 
vaqueiro, para bem dizer seria dono daquele mundo. Os troços minguados ajuntavam-se no 
chão: a espingarda de pederneira, o aió, a cuia de água o baú de folha pintada. A fogueira 
estalava. O preá chiava em cima das brasas. Uma ressurreição. As cores da saúde voltariam 
a cara triste de Sinhá Vitória. Os meninos se espojariam na terra fofa do chiqueiro das ca-
bras. Chocalhos tilintariam pelos arredores. A catinga ficaria verde. Baleia agitava o rabo, 
olhando as brasas. E como não podia ocupar-se daquelas coisas, esperava com paciência a 
hora de mastigar os ossos. Depois iria dormir.
Disponível em: https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2017/02/Vidas-secas-de-Graciliano-Ramos.pdf. Acesso em 03 jul. 2020
O estudo do texto mostrou que...
A aquisição do conteúdo lido, tanto os conceitos de especialistas e as obras 
para interpretação, estabelecem uma forte relação com a informação já possuída 
pelos leitores. Dessa forma, leva ao crescimento e à ampliação do conhecimento 
de cada um. Pretendemos que haja uma apreciação pessoal e crítica da análise do 
conteúdo lido e que a crítica seja um posicionamento, ponto de vista sobre as obras, 
que de alguma forma possam ter afetado você, leitor.
Assim, podemos reafirmar que a interpretação de texto possui como base o 
conhecimento que temos de mundo, bem como do emprego de palavras na constru-
ção das frases, parágrafos, texto. De fato, existem diferentes tipos de leitura: uma 
leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica e, por fim, uma leitura 
interpretativa. Todas estão interligadas e podem ser aprimoradas com a prática.
Caros(as) alunos(as), saibam que...
A leitura não é uma atividade unilateral em que se faz pelo leitor, e sim uma intera-
O SENTidO gLObAL dO TEXTO SEçãO 03
https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2017/02/Vidas-secas-de-Graciliano-Ramos.pdf
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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ção entre autor e leitor, textos e sujeitos, os interlocutores desse processo. 
A leitura é uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, 
que se realiza com base nos elementos linguísticos que estão presentes na superfície textual 
e na sua forma de organização. Além das experiências e conhecimentos do leitor, também 
devem ser considerados os elementos linguísticos organizados no texto. É preciso apresentar 
também a competência linguística para decodificar aquilo que está sendo lido. 
Assim, além das experiências e conhecimentos do leitor, as competências linguísti-
cas também são importantes. É dessa forma que acontece o sentido global da leitura. 
A seguir, propomos a leitura de um texto de Maria Lucia de Castro Gomes, para 
aprofundarmos em nossas reflexões sobre o texto, a leitura, a interação entre autor e leitor, 
a compreensão das pistas linguísticas e de sentido de um texto. 
 MODELO INTERATIVO DE LEITURA: O TEXTO
Quando se fala em leitura o que vem à mente são livros, revistas, correspondências 
físicas ou virtuais. No entanto, a atividade de leitura é mais corriqueira na nossa vida do que 
a leitura de um livro.
Conforme Gomes (2009), 
Lemos, em nosso dia a dia, diversos tipos de textos que podem conter desde poucas 
palavras ou uma sentença até milhares de palavras que formam milhares de senten-
ças. Lemos rótulos de embalagens, receitas para preparação de alimentos, instruções 
em aparelhos eletrônicos, bulas de remédio, propagandas em várias mídias e muito 
mais.
Para cada tipo de texto há características próprias de seu gênero de escrita, as pes-
soas sabem determinar qual o uso do gênero e do tipo textual adequado para cada finalidade 
comunicativa. Essas características referem-se ao conteúdo do texto, sua estrutura gramati-
cal, ao seu vocabulário, formato visual e intencionalidade.
Vale ressaltar, o sentido do texto é que resulta da interação entre o autor e o leitor, 
sem uma interação entre eles não há processo comunicativo, pois o texto só tem verdadeira 
existência a partir do estabelecimento entre autor e leitor e essa relação não é a mesma de 
leitor para leitor. 
INTERAÇÃO COM O OBJETIVO DA LEITURA
Cada leitura tem uma razão própria e ela determinará como faremos essa leitura. 
Podemos apenas dar uma rápida olhada nas manchetes do jornal para saber se há alguma 
notícia importante. Podemos dar uma olhadinha num site para buscarmos uma informação ou 
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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podemos ler um romance para prestar uma prova de literatura. 
Existem muitas outras situações e, dependendo do propósito de cada uma delas, 
nossa maneira de ler será diferente. A leitura pode ser lenta e intensa, realizada de maneira as-
cendente para a compreensão detalhada do conteúdo; pode ser rápida, de forma descendente, 
apenas para pegar a ideia geral do texto; pode ser de apenas parte do texto para encontrar uma 
informação específica; podemos reler algumas partes ou o todo, enfim, o motivo determinará 
a forma de leitura. 
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Embora a compreensão de um mesmo texto possa variar de leitor para leitor, os lei-
tores bem-sucedidos compartilham algumas características que fazem com que a compreen-
são de um mesmo texto seja parecida entre eles. São estratégias de leitura que muitas pessoas 
desenvolvem e que podem ser ensinadas, sendo que algumas delas são utilizadas de forma 
consciente ou inconsciente por muitos leitores. São elas: 
• reconhecimento rápido de palavras;
• utilização de elementos do texto para inferência (título, elementos de transição 
etc.);
• construção de significado;
• identificação das ideias principais e das ideias complementares;
• capacidade de parafrasear;
• manter o propósito da leitura, pelo menos por um tempo.
Essa lista não é completa e nem estabelece ordem alguma. São apenas algumas ca-
racterísticas comuns encontradas entre leitores de sucesso.
INTERAÇÃO POR ESQUEMAS
Os esquemas se referem ao conhecimento prévio que o leitor traz consigo para a 
compreensão de um texto. Pesquisadores tem identificado diferentes tipos de esquema, que 
são esquemas de conteúdo, relacionados ao tema;esquema formal, relacionado com a orga-
nização textual; ou esquemas linguísticos, relacionados ao código, isto é, a língua e sua es-
trutura discursiva. Quanto mais o leitor conhece sobre o assunto, o gênero textual e a língua, 
mais compreensão terá do texto.
Bibliografia consultada:
GOMES, M.L.C. Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, São Paulo, 
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Ed.Saraiva, 2009.
O estudo do texto mostrou...
Que o texto é a materialização da linguagem, e por sua vez é a interação entre autor 
e leitor. Ela só acontece quando há o sentido global entre eles. Para tanto, ao ler um texto 
os mecanismos de conhecimentos de mundo e de conhecimentos linguísticos são acionados. 
De acordo com Citelli (1994) “Falamos ou escrevemos porque desejamos elaborar 
uma rede de significados com vistas a informar, explicar, discordar, convencer, aconselhar, 
ordenar.” Dessa forma, estamos presentes e atuantes na sociedade.
No entanto, a partir das afirmações dos autores, você pode ainda não estar certo 
de que houve uma plena interpretação do texto, mesmo acionando os mecanismos de sentido 
global do texto. Digamos que alguém diz ou escreve algo que você interpreta de maneira 
equivocada. Como é possível solucionar essa dificuldade?
O fragmento do texto escrito por Travaglia, especialista no estudo da língua, pode 
auxiliá-lo a diminuir essa dificuldade. Não se trata de um processo simples e rápido, e sim 
de uma oportunidade que a academia proporciona novamente a você. Portanto, agarre-a!
Competência comunicativa
Autor: Luiz Carlos Travaglia,
Instituição: Universidade Federal de Uberlândia-UFU / Instituto de Letras e Linguísti-
ca-ILEEL,
A competência comunicativa é a capacidade do usuário da língua de produzir e com-
preender textos adequados à produção de efeitos de sentido desejados em situações es-
pecíficas e concretas de interação comunicativa. Portanto, é a capacidade de utilizar os 
enunciados da língua em situações concretas de comunicação. A competência comuni-
cativa envolve a competência linguística ou gramatical para produzir frases que sejam 
vistas não só como pertencentes à língua, mas apropriadas ao que se quer dizer em dada 
circunstância. Envolve também a competência textual, vista como a capacidade do usuário 
de, em situações de interação comunicativa, produzir, compreender, transformar e clas-
sificar textos que se mostrem adequados à interação comunicativa pretendida, utilizando 
regularidades e princípios de organização e construção dos textos e do funcionamento 
textual, já que os textos são a unidade da língua em uso. Evidentemente, incluem-se aqui, 
na capacidade classificatória, o conhecimento e a capacidade do uso do tipo e do gênero 
de texto apropriado como instrumento para a interação verbal que está acontecendo. Para 
além do que já é dado pelas competências linguística e textual, a competência comuni-
cativa acrescenta algo que tem a ver com a competência discursiva, que contextualiza 
adequadamente o que se diz. Nesse sentido, parece que se pode falar que a competência 
comunicativa é constituída pelas competências linguística ou gramatical, textual e dis-
cursiva. Alguns linguistas veem uma equivalência entre a competência comunicativa e 
a discursiva.
Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/competencia-comunicativa
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/autor/luiz-carlos-travaglia
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/universidade/universidade-federal-de-uberl-ndia-ufu-instituto-de-letras-e-lingu-stica-ileel
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/universidade/universidade-federal-de-uberl-ndia-ufu-instituto-de-letras-e-lingu-stica-ileel
http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/competencia-comunicativa
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Caros(as) alunos(as), estejam certos(as) de que a vida acadêmica é uma nova opor-
tunidade de retomada das dificuldades que ficaram para trás. São novos momentos, novas 
chances e apoio incondicional dos professores para esclarecer as dúvidas. Além disso, a 
academia apresenta situações comunicativas que instigam a refletir, analisar, formar uma 
opinião, aprender com os colegas e desenvolver o pensamento crítico. Sem a leitura e a pro-
dução escrita nada é possível. Aceite esse desafio maravilhoso para a sua vida e bom estudo!
“Ler pode ser mais eficaz e certamente mais divertido que enfrentar a infinidade de manu-
ais de escrita, redação, roteiro, jornalismo, publicidade... Tudo é material para estudar a 
forma como um texto pode ser estruturado!”
Pedro Bial
SEçãO 1 - PISTAS LINGUÍSTICAS E DE SENTIDO DE UM TEXTO
Apesar de estarmos diariamente convivendo com textos de diferentes gêneros e ti-
pos, conceituá-los pode ser pouco usual. No entanto, trata-se de um bom começo, pois só é 
possível formar um conceito sobre aquilo do qual temos conhecimento. Com a leitura inicial 
do artigo de Márcia Mendonça, desencadeamos um exercício reflexivo para a conceituação. 
Lembre-se, tudo aquilo que há uma interlocução entre autor e leitor pode ser consi-
derado como texto, seja verbal ou não verbal (imagético, gestual).
SEçãO 2 - INTERPRETAçãO DE TEXTOS
Uma oportunidade para testar a prática interpretativa da leitura de textos verbais e 
não verbais (imagético). Com a prática da interpretação, utilizando-se as pistas linguísticas 
e de sentido comunicativo (inferência sobre as palavras, elementos coesivos, novos termos, 
identificação das ideias principais, capacidade de parafrasear, ou formar uma opinião sobre o 
que leu, entre outros), a leitura torna-se mais fluida e compreensível. 
Chegamos, assim, ao final da primeira aula. Espera-se que 
agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre 
TEXTUALIDADE. Vamos recordar:
RETOMANDO A AULA
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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Além disso, a prática de ler textos imagéticos ou verbais desenvolve habilidades 
cognitivas como: reconhecimento de palavras, atenção, concentração, análise, memória, or-
ganização e o processamento de informações visuais, manipulação de informações, dentre 
outras.
SEçãO 3 - O SENTIDO GLOBAL DO TEXTO
A identificação das pistas linguísticas e de sentido ou propósito comunicativo de 
um texto podem facilitar a interpretação e a compreensão dele. Vejamos algumas delas: o 
reconhecimento rápido de palavras; a utilização de elementos do texto para inferência (título, 
elementos de transição etc.); a identificação das ideias principais e complementares no texto, 
dentre outras.
 LEITURAS
Para saber mais...
INSPIRAçÕES:
Carlos Drummond de Andrade
(1902 - 1987)
Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, contista e cronista mineiro. Drummond 
fez parte da segunda gera¬ção do Modernismo brasileiro. Entre as condecorações recebidas 
SUgESTÕES dE LEiTUrAS, SiTES E FiLmES: 
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por ele estão o Prêmio Jabuti (1968) e a Ordem do Mérito Cultural (2010). 
Em 1928, ingressou no serviço público como auxiliar de gabinete da Secretaria do 
Interior. Em 1934, mudou-se para o Rio de Janeiro e assumiu a chefia de gabinete do Mi-
nistério da Educação e Saúde, do então ministro Gustavo Capanema. Deixou o gabinete do 
Ministério em 1945. Nesse mesmo ano, publicou o livro de poe¬mas “A Rosa do Povo”.
Principais obras: 
POESIAS
Alguma Poesia (1930) 
Brejo das Almas (1934) 
Sentimento do Mundo (1940) 
Poesias (1942) 
A Rosa do Povo (1945) 
Viola de Bolso (1952) 
Poemas (1959) 
Lições de Coisas (1962) 
Boitempo (1968) 
Menino Antigo (1973) 
Amar se Aprende Amando (1985) 
PROSAS
Confissões de Minas (1942) 
Contos de Aprendiz (1951) 
Passeios na Ilha (1952) 
Cadeira de Balanço (1970) 
Moça Deitada na Grama (1987)
MANOEL DE BARROS
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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Manoel Wenceslau Leite de Barros (1916-2014) nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, 
no dia 19 de dezembro de 1916. Estudou em colégio interno em Campo Grande. Publicou seu 
primeiro livro de poesias,“Poemas Concebidos Sem Pecados”, em 1937. Mudou-se para o 
Rio de Janeiro, onde se formou bacharel em Direito, em 1941.
Manoel de Barros foi um poeta espontâneo, um tanto primitivo, que extraía seus 
versos da realidade imediata que o cercava, sobretudo a natureza. Ele teve uma formação 
cosmopolita, pois viveu no Rio de Janeiro, viajou para a Bolívia e o Peru, conheceu Nova 
York e era familiarizado com a poesia modernista francesa.
A partir de 1960 passou a se dedicar a sua fazenda no pantanal, onde criava gado. 
Sua consagração como poeta se deu ao longo das décadas de 1980 e 1990. Recebeu o Prêmio 
da Crítica/Literatura, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Recebeu o Prê-
mio Jabuti de Poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, pela obra “O Guardador 
de Águas”.
Principais obras: 
1937 - Poemas concebidos sem Pecado
1942 — Face imóvel
1956 — Poesias
1960 — Compêndio para uso dos pássaros
1966 — Gramática expositiva do chão
1974 — Matéria de poesia
1980 — Arranjos para assobio
1985 — Livro de pré-coisas
1989 — O guardador das águas
1990 — Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
1993 — Concerto a céu aberto para solos de aves
1993 — O livro das ignorãças
1996 — Livro sobre nada
1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
1998 — Retrato do artista quando coisa
2000 — Ensaios fotográficos
2000 — Exercícios de ser criança
2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
2001 — O fazedor de amanhecer
2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
2001 — Águas
2003 — Para encontrar o azul eu uso pássaros
2003 — Cantigas para um passarinho à toa
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2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
2004 — Poemas Rupestres
2005 — Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard 
Muntaner, Editor)
2005 — Memórias inventadas I
2006 — Memórias inventadas II
2007 — Memórias inventadas III
2010 — Menino do Mato
2010 — Poesia Completa
2011 — Escritos em verbal de ave
2013 — Portas de Pedro Viana
 
FILMES: 
NELL
Sinopse: O filme conta a história de uma mulher que é criada por sua mãe em uma 
floresta isolada de qualquer tipo de civilização. Sua mãe, uma eremita que sofrera um derra-
me, morre, deixando Nell sozinha no mundo. Ao ficar sabendo da existência de uma "mulher 
selvagem", um médico da cidade, resolve estudar o comportamento de Nell e se admira com 
o modo com que ela consegue garantir sua sobrevivência, mesmo estando isolada de qualquer 
outro ser humano. Outro fator que chama a atenção do médico é a linguagem que Nell desen-
volveu para se comunicar. Ele percebe que na verdade não se trata de um dialeto totalmente 
desconhecido, e sim de um tipo de inglês um tanto distorcido, provavelmente ensinado por 
sua mãe incapacitada. O médico não é o único a tomar conhecimento da existência de Nell. A 
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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psicóloga Dra. Olsen também resolve estudar o comportamento de sua "paciente".
Ficha técnica:
Direção: Michael Apted
Roteiro: Willaim Nicholson
Elenco: Al Wiggins, Beth Bostic, Chris T. Hill, Dana Stevens, Danny Millsaps, 
Heather M. Bomba, Jeremy Davies, Jodie Foster, Joe Inscoe, Liam Neeson, Lucile 
McIntyre, Marianne E. Bomba, Marlon Jackson, Mary Lynn Riner, Natasha Richar-
dson, Nick Searcy, Nicole Adair, O'Neal Compton, Richard Libertini, Rob Buren 
III, Robin Mullins, Robin Rochelle, Sean Bridgers, Stephanie Dawn Wood, Susan 
Correll Hickerson, Tim Mehaffey
A MAçã 
Sinopse: “A maçã” narra a história verídica de duas irmãs, Massoumeh e Zahra, 
trancafiadas em casa pelos pais – uma senhora cega e um senhor desempregado – durante 11 
anos, o que as levou a um processo de retardo mental. A prisão domiciliar era justificada por 
uma passagem de um texto religioso segundo o qual as jovens são como pétalas, que fenecem 
ao contato do sol. No filme, acompanhamos o drama dos pais (do pai, principalmente) para 
não ver as filhas ficarem sob a tutela do Estado. Ele tentará ensinar as meninas a desenvolver 
habilidades essenciais, como varrer o terreiro e fazer comida, para provar a uma assistente 
social que elas devem ficar com a família. O instigante é que não só a história das irmãs é 
verídica como os envolvidos no drama representam a si mesmos no filme. O pai, por exem-
plo, aceitou representar a si mesmo por acreditar que, assim, poderia defender seu nome, que 
fora, em sua opinião, caluniado pela imprensa, quando o caso veio à tona. É a própria Samira 
que diz, numa entrevista concedida no Brasil: “Começamos a fazer o filme apenas quatro 
dias depois que toda a imprensa abriu espaço para a história. Isso significa que o que foi 
LINGUAGEM E ARGUMENTAÇÃO - Nilce lucchese
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captado, nesse curto período de tempo, era o real, ou as consequências sociais e psicológicas 
do acontecido”.
Ficha técnica:
Título: Sib (Original)
Ano produção: 1998
Dirigido por: Samira Makhmalbaf
Duração: 86 minutos
Classificação: L - Livre para todos os públicos 
Gênero:Drama 
Países de Origem: França
O ENIGMA DE KASPAR HAUSER 
Sinopse: Um homem jovem chamado Kaspar Hauser (Bruno S.) aparece de repente 
na cidade de Nuremberg, em 1828, e mal consegue falar ou andar, além de portar um estra-
nho bilhete. Logo é descoberto que sua aparição misteriosa se deve ao fato de que ele ficou 
trancado toda sua vida em um cativeiro, desconhecendo toda a existência exterior. Quando 
ele é solto nas ruas sem motivo, muitas pessoas decidem ajudá-lo a se integrar na sociedade, 
mas rapidamente Kaspar se transforma em uma atração popular.
Ficha técnica:
Título original: Jeder für sich und Gott gegen alle
Tipo de filme: longa metragem
Ano de produção 1974
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BARROS, Manoel de. 1916-2014 Livro sobre nada– Rio de Janeiro: Alfaguara, 2016. isbn 
978-85-5652-028-9
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br/glossario-ceale.html
 
miNhAS ANOTAçÕES:
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