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PACTO PELA VIDA ok

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FACULDADE UNINASSAU
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA SAÚDE COLETIVA
PROFESSOR JOSENILDE RIBEIRO NOGUEIRA
ALUNA CÍNTIA REGINA CORREIA 16020649
PACTO PELA VIDA EM DEFESA DO SUS E ORGANIZAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL
SÃO LUÍS – MA
2021
1. INTRODUÇÃO
O Pacto pela Vida refere-se ao compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a conjuntura de saúde da população brasileira. Cabe destacar que são seis as prioridades pactuadas por meio de metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais: a) Saúde do idoso. b) Controle do câncer de colo de útero e de mama. c) Redução da mortalidade infantil e materna. d) Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza. e) Promoção da Saúde. f) Fortalecimento da Atenção Básica.
Diante do mencionado este estudo tem como objetivo analisar o pacto pela vida em defesa do SUS e organização no âmbito municipal, estadual e federal.
2. DIRETRIZES, INICIATIVAS E AÇÕES DO PACTO PELA VIDA
A intervenção dos gestores das três esferas de governo e dos outros atores envolvidos dentro deste pacto, deve considerar as seguintes diretrizes: a) Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a consolidação do processo da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa dos princípios do Sistema Único de Saúde e que se encontram pactuados e inscritos na Constituição. b) Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competência e em conjunto com os demais gestores, que visem a qualificar e assegurar o Sistema Único de Saúde como política pública. 
No que se refere às iniciativas preconizadas pelo Pacto em Defesa do SUS estas devem buscar: a) A repolitização da saúde, como um movimento que retoma a Reforma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do SUS. b) Promoção da Cidadania, como estratégia de mobilização social tendo a questão da saúde como um direito. c) Financiamento, como a garantia de recursos de acordo com as necessidades do sistema. 
Em relação às ações do Pacto em Defesa do SUS, as mesmas devem considerar: a) Articulação e apoio à mobilização social pela promoção e desenvolvimento da cidadania, tendo a questão da saúde como um direito. b) Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos limites institucionais do SUS. c) Ampliação e fortalecimento das relações com os movimentos sociais, em especial com os que lutam pelos direitos da saúde e cidadania. d) Elaboração e publicação da Declaração dos Direitos e Deveres do Exercício da Cidadania no SUS. e) Regulamentação da PEC n.º 29 pelo Congresso Nacional, com aprovação do PL n.º 01/03, já aprovado e aprimorado, em três comissões da Câmara dos Deputados. f) Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas nas ações e serviços de saúde, de acordo com a Constituição.
Considerado como um sistema diferente de seus antecessores o SUS não se enquadra como uma continuação e sim como um exemplo de transformação, pois ao contrário dos sistemas anteriores o SUS prioriza, pelo menos em tese, os mecanismos de propaganda e incentivo ao saneamento, medidas preventivas de saúde, sem deixar de lado é claro o caráter curador. Sob a direção descentralizada nas três esferas federal, municipal e estadual o sistema consegue englobar a população de forma melhor que seus antecessores (BERTOLLI FILHO, 2008).
Em sua base constitucional o SUS se apoia em três pilares fundamentais e doutrinários: a universalidade – todas as pessoas têm direito ao atendimento independente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego ou renda, etc. A saúde é direito de cidadania e dever dos governos Municipal, Estadual e Federal.; a equidade -  o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, tratando diferentemente os diferentes para atingir a igualdade e as necessidades de saúde; a integralidade - as ações de saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para prevenção e a cura. (COSTA, 2016).
A concepção do Sistema Único de Saúde foi o maior movimento de inclusão social já presenciado pela sociedade brasileira e representou, no âmbito de nossa legislação, um comprometimento do Estado brasileiro para com os direitos dos seus cidadãos (ELIAS, 2005). 
2.1 SUS: ORGANIZAÇÃO, AVANÇOS E DESAFIOS
Buscando aprofundar o processo de descentralização, com ênfase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes premissas, que devem orientar este processo: a. Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, participação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regulação, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos; b. Descentralização dos processos administrativos relativos à gestão para as Comissões Intergestores Bipartite; c. As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pactuação e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e a definição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e normas pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite; d. As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite devem ser por consenso; e. A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saúde promoverão e apoiarão o processo de qualificação permanente para as Comissões Intergestores Bipartite; f. O detalhamento deste processo, no que se refere à descentralização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será objeto de portaria específica.
O SUS vivencia um momento de grandes avanços, mas ainda de muitos desafios a serem ultrapassados. Como avanços temos a oferta de diversos programas, projetos e políticas que têm apresentado saldos positivos para a população brasileira, que abrangem a evolução das equipes do Programa Saúde da Família, do Programa Nacional de Imunizações, do Sistema Nacional de Transplantes, sendo o segundo país do mundo em número de transplantes, do Programa de Controle de HIV/AIDS, reconhecido internacionalmente pelo seu progresso no atendimento às Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS, dentre outros (Brasil, 2006). 
Agora em relação aos desafios tem-se todos aqueles que se referem aos problemas de implementação, implantação, financiamento e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), fato que, para ser compreendido, faz jus a uma reflexão mais particularizada, fazendo-se imprescindível um resgate do processo de construção do sistema de saúde no Brasil a partir da construção do SUS. 
A concepção do Sistema Único de Saúde foi o maior movimento de inclusão social já presenciado pela sociedade brasileira e representou, no âmbito de nossa legislação, um comprometimento do Estado brasileiro para com os direitos dos seus cidadãos (Brasil, 2007). 
Na atualidade o principal desafio enfrentado pelo SUS se refere à distancia entre o que está escrito e o que é realizado. A falta de credibilidade por parte da população brasileira num sistema de saúde para todos induz milhões de pessoas a buscar por serviços, planos ou seguradoras de saúde privados, pagando, por estes, valores exorbitantes, sobretudo para a população de faixa etária mais avançada que, em função do aumento da expectativa de vida e dos agravos da terceira idade, é a que mais precisa. Esse acontecimento ampara-se na expectativa de que um dos temas com maiores demandas recebidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar incide no aumento da mensalidade dos planos de saúde (Brasil, 2007). 
Contudo, o sistema de saúde adicional é importante num país com desigualdades sociais exacerbadas, como o Brasil, onde há uma grande concentração de renda, tornando-se imprescindível a utilização do sistema privado por aqueles que possam, o qual tem estabelecido maiores parcerias com o SUS, em caráter complementar de ações, devido à escassez na disponibilidade e oferta de determinados serviços públicos. 
A complexidade do SUS, as dificuldades a nível regional, a fragmentação das políticas e programasde saúde, a qualificação da gestão e do controle social, a organização de uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços de saúde têm se estabelecido como desafios constantes na concretização do Sistema Único de Saúde.
A dificuldade dos gestores para agenciar a relação entre estados, municípios e as redes assistenciais estatais com os serviços de alcance nacional tem levado a problemas no acesso aos serviços e ao comprometimento dos princípios preconizados pela Constituição Federal, o da universalidade e o da integralidade (VASCONCELOS, 2005). 
Deste modo, vários usuários não desfrutam o direito universal à saúde. A existência de gestores mais inquietados com campanhas políticas eleitorais do que com a saúde dos seus cidadãos leva a disparates graves no sistema e a mais prejudicada com isso é a própria população.
Nesse sentido, o avanço na gestão reflete-se, conseqüentemente, num melhor aporte financeiro do setor, com equidade no repasse de recursos, melhor emprego e aproveitamento desse investimento, maior remuneração salarial aos profissionais da saúde, com a possível afirmação de vínculos, hoje ainda bastante precarizados, provocando desmotivação entre os servidores.
Não obstante, a precarização do trabalho insatisfaz os profissionais da rede que, por várias causas, não recebem salários justos, não apresentam vínculos empregatícios nem direitos trabalhistas. Essa circunstância profissional pode ter como conseqüência a prática de um trabalho sem compromisso com a comunidade, com a carência de vínculos profissionais-usuários tão preconizados pela Estratégia Saúde da Família (ESF), provocando uma relação imaginária entre empregador/empregado, do tipo “você finge que me paga e eu finjo que trabalho”
Além da gestão, é indispensável a qualificação do controle social, envolvendo as múltiplas atuações que as forças sociais desenvolvem para influenciar a formulação, execução, fiscalização e avaliação das políticas públicas e dos serviços no campo da saúde (GAMARRA JÚNIOR, 2006).
Nessa acepção Gamarra Junior (2006) defende que os principais desafios a serem superados diz respeito ao controle social, aos problemas de formação dos conselheiros, a dificuldade dos cidadãos em ter garantia de acesso às informações do sistema, a ausência de cumprimento das deliberações dos conselhos por parte dos gestores, o desconhecimento por parte da grande massa da população dos seus direitos como controladores do SUS, entre outros. 
Essas e outras barreiras que o SUS enfrenta devem e precisam ser do conhecimento de todos para que se procurem alternativas e concretas resoluções, como ressalta Campos (2007) por meio de um movimento em defesa de políticas sociais e de distribuição de renda, da apresentação do SUS para a sociedade como uma reforma social expressiva com impactos sobre o bem-estar e a proteção social e do seu desempenho concreto, capaz de melhorar as condições sanitárias e de saúde das pessoas. Esse se configura no maior de todos os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde.
As propostas de descentralização e regionalização vêm sendo provadas no Brasil desde a Constituição Federal de 1988, com atribuição da autonomia dos três entes federados. No entanto, as barreiras na aplicação dessas normas orientaram para a necessidade do fundação de mecanismos e instrumentos de coordenação e cooperação que beneficiem as ações intergovernamentais no setor saúde. A gestão descentralizada da saúde além disso encara a incitação de descobrir mecanismos que sobrepujem a fragmentação das estruturas municipais organizadas de tal forma que acabam sendo enormes gargalos, o que compromete a legitimidade do sistema (Brasil, 2006).
A operacionalização dessas diretrizes caminha, na contemporaneidade, para a consolidação do Plano Diretor de Regionalização, o qual tem como objetivo traçar o processo de pactuação entre os gestores, reconhecendo as Regiões de Saúde, estimulando ações de construção e reconstrução, tendo em vista a potencialização das ações de saúde em âmbito regional (Brasil, 2006). 
Incide numa ação que vem sendo cogitada pelas Secretarias Estaduais de Saúde, as quais encaram alguns limitações na implementação devido à magnitude submergida no processo de regionalização, como a articulação intermunicipal, as pactuações entre municípios e Estados, o repasse financeiro, as formas de acesso aos serviços pelos usuários e os processos de gestão regional
Em relação à Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde, esta vem sendo apreendida como um percurso favorável à superação de desafios na saúde, por meio da expansão do acesso com qualidade aos serviços e bens de saúde, da corresponsabilização entre trabalhadores, gestores e usuários nos processos de gestão e atenção, do apoio à construção de redes cooperativas, solidárias e empenhadas com a produção de saúde e com a produção de sujeitos (Brasil, 2008).
Entende-se, deste modo, que o SUS se encontra em total curso de transformação e edificação voltadas para a efetivação da saúde da população brasileira através dos princípios da universalidade, integralidade e equidade, e para o enfrentamento dos desafios vivenciados ao longo de sua trajetória desde sua criação até os dias atuais.
Têm sido muitos os avanços do SUS, mas persistem problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como um sistema público universal que possa prestar serviços de qualidade a toda a população brasileira. Esses problemas podem ser agrupados em torno de grandes desafios a superar. Dentre eles, distinguem-se: o desafio da universalização; o desafio do financiamento; o desafio do modelo institucional; o desafio do modelo de atenção à saúde; o desafio da gestão do trabalho; e o desafio da participação social.
Em relação ao desafio do financiamento da Saúde no Brasil pode ser analisado em diversas expressões. O que mais chama a atenção é a escassez dos recursos financeiros para se erguer um sistema público universal. Infelizmente ainda se gasta pouco em Saúde no país, de maneira especial no que diz respeito ao gasto público. Entretanto, também, se gasta mal. É imprescindível que se crie uma consciência interna no SUS de que se deverá aperfeiçoar a qualidade do gasto. Assim sendo, o desafio do financiamento na Saúde tem de ser enfrentado em dois aspectos, em quantidade e em qualidade do gasto. 
Quando se fala em desafio da descentralização, temos que nosso país é muito heterogêneo, ou seja, convivem estados ricos e pobres, municípios de grande e também de pequena extensão territorial, cidades que tem mais de 1.000 unidades de saúde e cidade que não tem nem sequer um médico. O principal desafio é edificar uma política de descentralização que fortaleça de fato os gestores estaduais e municipais sustentando o compromisso destes na garantia do SUS. 
O último e não mais importante desafio do SUS se refere à construção de uma política universal e integral de saúde, que encontra como obstáculo fundamental: a trajetória de constituição de dois campos na área da saúde, a saúde pública e a medicina preventiva, no qual os serviços, os profissionais de saúde e também a população aprenderam no decorrer dos anos um exercício em saúde que não buscava o olhar integral. É imprescindível incorporar e instalar uma nova compreensão de saúde, capaz de apreender o indivíduo na conjuntura de uma coletividade e dos problemas que dela decorre. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vivemos numa época de redução dos gastos públicos em áreas prioritárias, e a saúde, nesse contexto, vem sendo gradativamente privatizada, que ganham espaço junto às esferas decisórias das instituições e adeptos, cuja sofrendo dessa forma, um deslocamento da universalidade e da integralidade para o atendimento aos lucros. 
Concluímos com esse estudo, que o princípio da universalidade no atendimento aos usuários em saúde deve constituir a máxima na direção das ações dos profissionais de saúde, pois só garantindo de forma efetiva este direito, poderemos um dia afirmar que as lutas e movimentos sociais em prol deste não foramem vão.
Discutir a implementação do Pacto pela Saúde a partir da prática cotidiana dos serviços de saúde da Atenção Primária permitiu compreender o modo como as relações entre trabalho e gestão são produzidas e a maneira como as prioridades em nível nacional se relacionam com essa produção. 
Constatou-se haver pouca aproximação dos trabalhadores vinculados à coordenação da equipe saúde da família com o Pacto pela Saúde no espaço micropolítico do trabalho, revelando inicialmente um conhecimento superficial e uma percepção de distanciamento na elaboração desse pacto frente às realidades do cotidiano dos serviços. Esse distanciamento se justifica pelo processo de construção das metas municipais ainda se darem em uma lógica setorizada, por programas verticais, sem a participação dos atores que desenvolvem as ações previstas.
Apesar desse contexto, entendemos que o Pacto pela Saúde gera direcionalidade nos processos de trabalho, ao vermos que, nos relatos das cenas do dia a dia trazidos pelos entrevistados, surgem as formas de concretização das metas pactuadas pelo município nas atividades desenvolvidas no cotidiano do trabalho na Atenção Primária. 
Os trabalhadores de saúde vinculados à coordenação da equipe saúde da família consideraram que o desenvolvimento de seu trabalho no cotidiano contribui para o cumprimento das metas pactuadas no município, inclusive, com momentos onde a equipe saúde da família ressignifica a meta pactuada, para fazer sentido a partir das realidades singulares de cada equipe.
REFERÊNCIAS
BERTOLLI FILHO, Claúdio. História da Saúde Pública no Brasil. 11. ed. São Paulo: Ática, 2008.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 25. ed. São Paulo: saraiva, 2000.
BRASIL. Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
CZERESINA, Dina; FREITAS, Carlos Machado de. Promoção da Saúde: conceitos, reflexões e tendências. 3ª Ed. Editora Fiocruz. Rio de Janeiro, 2005.
COSTA, R. S. Sistema Único de Saúde, princípios e diretrizes: a integralidade em saúde e o trabalho do assistente social na alta complexidade. 2016. (Monografia) Disponível em:< http://www.unirio.br/unirio/cchs/ess/tcc-renata-de-sa>.
ELIAS, Paulo E. A Saúde no Brasil políticas e organização dos serviços. São Paulo: Cortez, 2005.
FALEIROS, Vicente de Paula; SILVA, Jacinta de Fátima Senna da, SILVEIRA, Rosa Maria Godoy; VASCONCELLOS, Luiz Carlos Fadel de. A Construção do SUS: Histórias da Reforma Sanitária e do Processo Participativo. Brasília, 2006
SANTOS, Nelson Rodrigues dos. Política Pública de Saúde no Brasil: encruzilhada, busca e escolhas de rumo.Abril, 2008.
SOUZA, Renildo Rehen. O Sistema Público de Saúde. Ministério da Saúde. Brasília – DF, 2002.

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