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Primeiros Socorros
3º ano – 2º semestre
2020-2021
Sara Pereira
2
 Primeiros socorros
Os primeiros socorros são os cuidados imediatos prestados a vítima(s) de doença súbita ou acidente, no local da ocorrência, até à chegada de ajuda profissional, tendo como finalidade estabilizar ou, se possível, melhorar a situação da(s) vítima(s).
São o garante da sobrevivência e bem-estar da vítima, não substituindo, no entanto, o atendimento especializado.
Urgência versus Emergência médica
Emergências 
São “todas as situações clínicas de estabelecimento súbito, em que existe, estabelecido ou eminente, o compromisso de uma ou mais funções vitais”. 
São situações com necessidade de encaminhamento rápido para unidade de saúde adequada.
Urgências
São “todas as situações clínicas de instalação súbita, desde as não graves até às graves, com risco de estabelecimento de falência de funções vitais”. 
São situações em que há a necessidade de atendimento médico embora não seja necessariamente iminente.
Conceitos Aplicados
Acidente: facto do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento;
Incidente: facto ou evento desastroso do qual não resultam pessoas feridas ou mortas, mas que pode oferecer risco futuro;
Sinal: fenómeno ou alteração que se pode observar, objetivamente, no organismo da vítima;
Sintoma: manifestação ou queixa referida por uma vítima;
Trauma: lesão caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio fisiológico decorrente da exposição a várias formas de energia;
Principio da Não-Maleficência
É imprescindível possuir formação (teórica e prática) para se usarem os procedimentos em primeiros socorros em quaisquer situações de emergência.
SIEM
O SIEM (sistema integrado de emergência médica) é um conjunto de meios e ações extra-hospitalares, hospitalares e inter-hospitalares, com a intervenção ativa dos vários componentes de uma comunidade (pluridisciplinar).
Criado para possibilitar uma ação rápida, eficaz e com economia de meios, em situações de doença súbita, acidentes ou catástrofes, cujo objetivo final é o restabelecimento total da vítima.
Objetivos estratégicos
· Chegada rápida ao local da ocorrência;
· Estabilização da vítima no local;
· Transporte adequado da vítima;
· Tratamento adequado a nível hospitalar.
Intervenientes no sistema
· Público em geral;
· Operadores das centrais de emergência;
· Agentes da PSP/GNR, bombeiros, CVP;
· Tripulantes de ambulância;
· Médicos e enfermeiros, quer em trabalho pré-hospitalar quer hospitalar;
· Pessoal técnico e auxiliar de ação médica dos hospitais;
· Pessoal técnico na área das comunicações e informática.
Fases do SIEM
1) Deteção;
2) Alerta;
3) Pré-Socorro;
4) Socorro;
5) Transporte;
6) Tratamento hospitalar.
Número europeu de emergência
O número encontra-se disponível 24h/dia. O atendimento cabe à PSP e à GNR, nas centrais de emergência, que posteriormente ativam todos os meios necessários (PSP, bombeiros, etc). As chamadas relacionadas com situações de saúde são encaminhadas para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.Avaliação geral da vítima
1. Garantir a segurança;
2. Examinar a vítima;
3. Dar o alerta;
4. Prestar os primeiros socorros;
Garantir a segurança 
Primeiro, é necessário avaliar a situação e verificar a existência de potenciais perigos:
· Garantir a segurança do próprio: realizar a aproximação se esta puder ser feita sem perigo; caso contrário, aguardar a uma distância de segurança;
· Se possível, garantir a segurança da vítima. A regra geral é não mover a vítima. Em caso de necessidade, mobilizar o menos possível.
A remoção de uma vítima deve ser feita:
· Se a vítima estiver exposta a um perigo incontrolável;
· Se a estabilidade da vítima não puder ser assegurada no local;
· Se for possível agir sem risco próprio. 
Para a remoção da vítima, deve usar-se uma técnica correta, mas a prioridade é a remoção rápida. Deve estabilizar-se a coluna evitando movimentos de rotação, flexão e extensão. O movimento da vítima deve ser feito em bloco Chave de Rautek.
Uma forma de garantir a segurança é prevenindo infeções. Para isso devemos:
· Evitar contacto com o sangue ou outros fluidos corporais da vítima;
· Lavar as mãos (se possível) com água e sabão antes e após a prestação dos primeiros socorros;
· Usar luvas descartáveis ou improvisar (ex. saco de plástico);
· Manusear com cuidado objetos cortantes e perfurantes.
Acidentes Rodoviários
Nestes casos, devemos cumprir o código da estrada em todas as situações: reduzir a velocidade e estacionar o próprio carro num local seguro, colocar colete refletor de segurança, utilizar sinais de aviso, estabilizar os veículos envolvidos, procurar evitar incêndios (desligar a ignição e não permitir que ninguém fume) e nunca atravessar uma autoestrada a pé.
Incêndios em Edifícios
Quando existe um incêndio, devem avisar-se todas as pessoas em perigo, sem arriscar a própria segurança:
· Nunca entrar numa casa em chamas;
· Afastar-se do local de incêndio e manter-se a uma distância de segurança;
· Ajudar na evacuação (prestar assistência às pessoas com necessidades especiais);
· Usar corretamente as portas corta-fogo.
Acidentes elétricos
Devemos presumir que todos os cabos elétricos e eletrodomésticos têm corrente. Além disso, não devemos tocar na vítima enquanto esta estiver em contacto com uma fonte de corrente elétrica. O modo de atuação deve consistir em:
· Desligar a corrente elétrica;
· Se não for possível: isolar-se do solo (pisar material não condutor) e utilizar um objeto não condutor para afastar a fonte de energia.
Casos de intoxicação
Numa primeira instância, identificar o produto (se possível) e contactar o 112 ou CIAV. No caso de gases tóxicos:
· Evitar exposição aos vapores libertados, que nunca devem ser inalados;
· Arejar o locar (se impossível, equacionar retirar a vítima do local);
· Eliminar a fonte, se possível.
No caso de produtos corrosivos, ou que podem ser absorvidos através da pele, devemos sempre usar roupa de proteção. Em caso de necessidade de ventilar a vítima com ar expirado, usar sempre máscara ou outro dispositivo com válvula unidirecional.
Examinar a vítima
Devemos usar uma técnica de abordagem adequada, prestando Socorro Psicológico:
· Aproximar-se da vítima sem preconceito do seu estado;
· Apresentar-se e oferecer ajuda;
· Questionar e escutar;
· Explicar (o que aconteceu e o que vai ocorrer - os procedimentos).
É necessário efetuar uma avaliação geral da vítima, que inclui um exame primário e um exame secundário. Nestas situações, é fundamental identificar rapidamente situações de risco imediato para a vida.
Dar o alerta
O alerta deve ser dado se ajuda for necessária e dependendo da situação. Ao ligar 112, devemos estar preparados para informar:
· O local exato da ocorrência (morada completa com pontos de referência);
· O número de telefone de contacto;
· O tipo de ocorrência (ex. acidente, parto);
· O número e o estado que se encontram as vítimas;
· Procedimentos já efetuados;
· Quaisquer outros dados que possam ser solicitados.
Prestar os primeiros socorros
O socorro aplicado deve ser adequado a cada situação, de forma calma e controlada. Deve estabelecer-se prioridades no início do socorro, sendo importante saber discernir entre:
Situações de socorro essencial ou prioritário
· Alterações cardiorrespiratórias e ainda alterações cerebrovasculares;
· Choque;
· Hemorragia;
· Envenenamento/intoxicação.
Situações de socorro secundário
· Situações de socorro secundário: não colocam diretamente em risco a vida das vítimas, mas carecem de estabilização e vigilância (o estado pode agravar-se e levar a situação de socorro essencial).
· Exemplos: feridas, fraturas, etc.
Técnica de abordagem à vítima
Devemos sempre manter uma relação de ajuda e empatia com a vítima, fundamental para a eficácia do socorro prestado. Atitudes importantes:
· Identificar-se antes de falar com a vítima;
· Oferecer ajuda;
· Procurar identificar a vítima e tratá-la pelo nome;
· Manter-se próximo da vítima,ao mesmo nível;
· Se possível, estabelecer contacto físico (de forma ponderada);
· Usar linguagem simples e clara;
· Tentar acalmar e confortar a vítima.
Avaliação primária
Tem por objetivo a identificação de situações que possam colocar em perigo imediato a vida da vítima. Deve ser cuidadosa e realizada através da verificação sequencial das várias etapas (por ordem de prioridade) sugeridas pela mnemónica ABCDE. 
Deve ser rápida (60-90 s): categorizar a vítima como crítica ou não crítica.
A – Airway (Via Aérea)
Verificar se a via aérea se encontra livre e permeável:
A) Vítima consciente
· Se fala então via aérea patente;
B) Vítima inconsciente
· Inspecionar a cavidade oral e remover corpos estranhos, sangue, vómito, secreções, dentes partidos e próteses dentárias soltas; 
· Em decúbito dorsal, pode apresentar obstrução da via aérea (OVA) – uma emergência.
C) Permeabilização da via aérea
· Técnica básica: extensão da cabeça e elevação do mento;
· Suspeita de lesão da coluna cervical: tração da mandíbula.
B – Breathing (Ventilação e Oxigenação)
1. VOS – durante 10 s:
· Ver – movimentos torácicos;
· Ouvir – ruídos respiratórios;
· Sentir – o ar expirado na face;
2. Estimar frequência cardíaca:
· Valor normal adulto: 12-20 c.p.m;
3. Monitorizar, se possível, SpO2:
· Valor normal: 95-100%.
Sinais e sintomas de dificuldade respiratória
· Respiração ruidosa;
· Uso de músculos acessórios da respiração;
· Tosse;
· Agitação;
· Midríase;
· Cianose;
· Alteração do estado de consciência;
Sinais e sintomas de paragem respiratória
· Inconsciência;
· Ausência de ruídos respiratórios;
· Ausência de movimentos torácicos;
· Ausência de movimentos abdominais;
4. Quando a vitima se encontra inconsciente, podem existir 2 situações:
· Se respira normalmente, colocar em PLS;
· Se não respira ou possui respiração anormal, iniciar RCP.
C – Circulation (Circulação Sanguínea)
1. Avaliar a perfusão: Pulso
Local onde é palpável:palpar pulso radial (periférico) – se ausente palpar pulso carotídeo
palpar pulso carotídeo – se ausente iniciar RCP
Nota: no lactente palpar o pulso braquial ou femoral; na criança palpar o pulso carotídeo, radial ou femoral.
Frequência aproximada: o valor normal num adulto encontra-se entre 60-100 b.p.m;
2. Amplitude: pulso forte ou fraco/filiforme
3. Pele: pálida, húmida, fria – diminuição da perfusão;
4. Tempo de preenchimento capilar: o valor normal situa-se abaixo dos 2 segundos;
5. Pressão arterial:
· Crise hipertensiva: PAS > 180mmHg e/ou PAD > 120mmHg – importante fazer a distinção entre emergência e urgência hipertensivas;
· Hipotensão – PAS < 90 mmHg ou PAM < 65 mmHg.
Controlo de hemorragiaPrioritário
Identificar e controlar hemorragia;
Identificar choque e assegurar a circulação.
· Hemorragia é a principal causa de morte pós-traumática evitável;
· Até prova em contrário, a hipotensão pós-trauma deve ser considerada de etiologia hemorrágica.
D – Disability (Disfunção Neurológica)
1. Avaliar o estado de consciência
· Escala mnemónica de AVDS – é uma escala simplificada para avaliar o estado de consciência
· A: Vítima encontra-se ALERTA
· V: Vítima responde a estímulos VERBAIS
· D: Vítima responde a estímulos DOLOROSOS
· S: SEM RESPOSTA a estímulos
Escala de coma de Glasgow – descreve a resposta ocular, verbal e motora a estímulos verbais e dolorosos. Muito usada na área da emergência mas requer treino e experiência clínica.
Avaliar a lateralização da resposta motora
· Avaliar a sensibilidade, mobilidade e força dos membros em ambos os hemicorpos, comparando-as;
· Escala pré-hospitalar para AVC (acidente vascular cerebral) de Cincinnati – avaliação rápida da presença de:
· Debilidade dos membros superiores;
· Plegia, paresia ou assimetria facial;
· Fala anormal (ex: disartria, afasia).
· Avaliação pupilar
· Tamanho: pupilas dilatadas (midríase) ou contraídas (miose);
· Simetria: pupilas simétricas (isocóricas) ou assimétricas (anisocóricas);
· Fotorreatividade: reativas (fotorreativas) ou não reativas (arreativas).
E – Exposure (Exposição com controlo da temperatura)
· Expor corpo da vítima, removendo a sua roupa, com o objetivo de identificar (outras) lesões;
· Respeitar a privacidade e a dignidade da vítima – expor apenas o necessário e, se possível, em local discreto (ex. interior da ambulância);
· Prevenir a hipotermia – controlar a temperatura, especialmente em crianças e idosos.
Avaliação Secundária
É efetuada após deteção e correção de situações de risco imediato para a vida (após estabilização da vítima). Visa obter informações e detetar alterações que não comprometam de imediato a vida mas que carecem de tratamento.
Envolve:
· Recolha de informação (CHAMU);
· Reavaliação dos sinais vitais (FR, FC, PA, temperatura, dor);
· Exame sistematizado (da cabeça aos pés).
Recolha de informação
Deve interrogar-se com perguntas diretas e objetivas (sem condicionar resposta) e aplicar a mnemónica:
· C: Circunstâncias da ocorrência
· H: História anterior de doenças e gravidez
· A: Alergias
· M: Medicação habitual
· U: Última refeição
Sinais vitais 
Temperatura
Além do local, a hora do dia é um fator essencial para a variabilidade no registo da temperatura. A incapacidade de considerar a variação diurna saudável pode levar à conclusão errada de que a temperatura de um indivíduo sugere um estado de doença quando é uma temperatura normal naquela hora do dia. A aptidão física relativa de uma pessoa e a idade podem também afetar o grau de mudança de temperatura durante o dia.
Estudos mostram que pacientes mais jovens e mais aptos registam amplitudes de temperatura maiores, enquanto que pessoas mais velhas e com menor condição físico registam mudanças de amplitude menores.
Frequência cardíaca
Na prática do dia a dia, o pulso radial é o local mais frequentemente usado para verificar o pulso periférico, onde o pulso é palpado na face radial do antebraço. Os parâmetros para avaliação do pulso incluem a sua frequência, ritmo, amplitude e a sua simetria.
Frequência respiratória
A frequência respiratória é o número de respirações por minuto. A taxa de respiração normal é de cerca de 12 a 20 batimentos por minuto num adulto.
Pressão arterial
Condições de medição correta:
· Promover a descontração do doente e realizar a medição num ambiente silencioso e confortável, devendo estar deitado ou sentado durante 5 minutos antes da medição;
· Não fumar nem ingerir cafeína nos cerca de 30 minutos que antecedem a medição;
· O braço do doente deverá estar apoiado sobre uma superfície rígida, ligeiramente fletido, sensivelmente ao nível do plano do coração e descoberto até à raiz do membro, sem peça de vestuário que comprima esta região;
· Usar um braçal de tamanho adequado ao diâmetro do braço do paciente;
· Devem ser realizadas 2 medições ou mais com 1-2min entre elas;
· Na primeira visita, medir a PA bilateral;
· Esvaziar completamente o ar do braçal insuflado na medição anterior antes da nova medição.
Dor
É caraterizada relativamente à sua duração, localização, frequência, fatores de alivio e agravamento, intensidade, qualidade e sintomas associados.
Suporte básico de vida
Conjunto de procedimentos bem definidos e com metodologias padronizadas, que tem como objetivo reconhecer situações de perigo de vida iminente, saber como e quando pedir ajuda e saber começar de imediato, sem recurso a qualquer dispositivo, manobras que contribuam para a preservação da ventilação e da circulação de modo a manter a vítima viável até que possa ser instituído o tratamento médico adequado e, eventualmente, se restabeleça o normal funcionamento respiratório e cardíaco.
Segue as etapas ABC: 
· A – Airway
· B – Breathing
· C – Circulation
As vítimas de paragem cardiorrespiratória necessitam de reanimação cardiopulmonar (RCP). No SBV, a RCP assenta em 2 grandes manobras: 
· Compressões torácicas;
· Ventilações com ar expirado.
Desfibrilhação automática externa
É o único tratamento eficaz para a fibrilação ventricular (FV) - ritmo inicial mais comum em casos de PCR (testemunhada). Deve ser efetuada o mais precocemente possível– nos primeiros 3-5 minutos após o colapso pode significar taxas de sobrevivência entre 50-70%. A FV não tratada evolui para a assistolia (ritmo s/ indicação para choque). A prática de atos de DAE por operacionais não médicos, em ambiente extra-hospitalar, só é permitida sob supervisão médica e nos termos do presente decreto-lei.
Algoritmo na atuação no adulto
1. Assegurar que a vítima e os presentes estão em segurança:
· Fazer uma aproximação cuidadosa, garantindo que não existe perigo para quem presta socorro, para a vítima ou para terceiros;
· Ter atenção a perigos oriundos da eletricidade, gás, tráfego, etc.
2. Verificar se a vítima responde:
· Abanar suavemente os ombros da vítima e perguntar em voz alta – “Sente-se bem?”;
· Se responde: deixar a vítima na posição em que está, desde que não fique em maior risco, tentar perceber o que se passa com a vítima e pedir ajuda se necessário e reavaliá-la regularmente;
· Se não responde: gritar por ajuda.
3. Permeabilizar a via aérea
· Colocar a vítima em decúbito dorsal;
· Colocar a mão na região frontal e inclinar suavemente a cabeça para trás;
· Com a ponta dos dedos segurar a ponta do queixo da vítima elevando-o para abrir a via aérea.
4. Avaliar a respiração
Mantendo sempre a via aérea permeável, verificar se a vítima respira normalmente:
a) Ver movimentos torácicos;
b) Ouvir os sons respiratórios;
c) Sentir a respiração na face.
Respiração anormal
Nos primeiros minutos após uma paragem cardíaca, a vítima pode fazer movimentos respiratórios em esforço ou inspirações ocasionais, lentas e ruidosas. Não confundir esta respiração agónica com respiração normal! Se há dúvidas se a respiração é normal ou não, proceder como se não fosse.
Não responde mas respira normalmente
· Colocar a vítima em posição lateral de segurança; 
Aspetos importantes sobre a PLS
• PLS – contraindicada em caso de trauma ou suspeita de trauma:
a) Mobilizar a vítima apenas se não for possível manter a sua via aérea permeável de outro modo;
b) Neste caso é necessário proteger a coluna (respeitar o alinhamento) da vítima para rodar o seu corpo.
c) Vítima grávida – posicioná-la sobre o lado esquerdo para não pressionar a veia cava;
d) Se a vítima estiver em PLS por longo período de tempo, colocar sobre o lado oposto ao fim de 30 min.
Não responde e não respira normalmente
· Ativar o sistema de emergência médica:
· Se existir alguém perto, solicitar-lhe que ligue 112;
· Se estiver sozinho, ligar o 112, tentando ficar ao lado da vítima (se possível).
· Ter acesso ao DAE:
· Se existir alguém perto, solicitar-lhe para procurar e trazer um DAE se existir;
· Se estiver sozinho, não abandonar a vítima – iniciar RCP.
5. Circulação – compressões torácicas
· Ajoelhar ao lado da vítima, que deve estar em decúbito dorsal numa superfície dura;
· Remover as roupas do tórax da vítima;
· Colocar a base de uma das mãos no centro do tórax da vítima (metade inferior do esterno);
· Colocar a base da outra mão sobre a primeira;
· Entrelaçar os dedos das mãos e assegurar que as compressões não são feitas sobre as costelas das vítimas;
· Manter os braços esticados e colocar-se na vertical em relação ao tórax da vítima. Não fazer nenhuma pressão sobre o abdómen superior nem sobre o apêndice xifoide.
· Pressionar o esterno para o deprimir 5 a 6 cm. Depois de cada compressão, aliviar a pressão, sem perder o contacto da mão com o esterno da vítima. Repetir a um ritmo de 100-120 por minuto.
Se treinado e capaz
· Depois de 30 compressões torácicas abrir de novo a via aérea (inclinar a cabeça e elevar o queixo).
· Colocar a palma da mão na testa da vítima e com o indicador e polegar pinçar e ocluir o nariz.
· Fazer uma inspiração normal, selar bem os lábios em torno da boca da vítima.
· Soprar para dentro da boca da vítima, durante 1 segundo, verificando se o tórax se eleva;
· Mantendo a inclinação da cabeça e o queixo elevado, afastar a boca da vítima – permitir a saída do ar – fazer outra insuflação.
· Manter compressões torácicas e ventilações eficazes numa relação de 30:2.
Nota: Se não treinado ou incapaz ou existir relutância em fazer ventilações, fazer apenas compressões torácicas a um ritmo de 100-120 por minuto.
Nota: As interrupções nas compressões para a realização das ventilações não devem ser superiores a 10 segundos.
Ventilações 
O risco de infeção na manobra de ventilação “boca a boca” é baixo. Se a vítima é portadora de infeção ou possui sangue e secreções:
· Recurso a medidas de proteção;
· Reanimação apenas com compressões torácicas.
Doentes com Covid-19
· Antes de se aproximar da vítima, colocar EPI (mínimo: touca, bata, máscara P2, óculos, luvas – colocado por esta ordem);
· Não avaliar VOS, avaliar a consciência, movimentos e pulso;
· É contraindicado o uso de ventilação boca a boca e o uso de máscara de bolso;
· É consensual que deve ser usado o fluxo de oxigénio o mais baixo possível para manter SpO2 maior que 93% pelo aumento da produção de aerossóis. Em situações de PCR tal é difícil;
· Colocar o filtro HEPA entre a máscara e o insuflador.
DAE indisponível
Continuar SBV e parar apenas se:
· Chegar a ajuda vinda de profissionais diferenciados;
· Reanimador estiver fisicamente exausto;
· A vítima revelar sinais de despertar: abrir os olhos, mexer e respirar normalmente.
DAE disponível
Ligar o DAE e colocar as placas autoadesivas:
· Uma abaixo da axila esquerda;
· Outra abaixo da clavícula direita, junto ao esterno.
· No caso de existir mais de um reanimador: um continua manobras RCP (SBV) enquanto o outro usa o DAE.
· Devemos ouvir e seguir as instruções verbais do DAE, assegurando que ninguém toca na vítima durante a análise do ritmo cardíaco pelo DAE.
Se existir indicação para choque:
· Assegurar que todos estão afastados da vítima;
· Pressionar o botão do choque como indicado (atenção: há DAE totalmente automáticos);
· Reiniciar imediatamente SBV;
· Continuar a seguir as instruções do DAE;
Na ausência de indicação para choque:
· Continuar SVB;
· Continuar a seguir as instruções do DAE.
No DAE deve existir:
· Pequena toalha/lenços;
· Lâmina de barbear;
· Máscara facial;
· Luvas de proteção;
Feridas 
A pele é o maior órgão de absorção do corpo e corresponde a aproximadamente a 10% do peso corporal. Apresenta 3 camadas:
· Epiderme;
· Derme;
· Hipoderme;
Apresenta funções de proteção (barreira mecânica), termorregulação, de excreção (água, eletrólitos), sensibilidade, exposição (agressões físicas, químicas e mecânicas), metabolismo (síntese vitamina D na pele) e de imagem corporal (aparência).
O termo ferida é utilizado como sinónimo de lesão tecidular, deformidade ou perda de solução de continuidade. 
Pode atingir desde a epiderme até estruturas mais profundas, como fáscias e músculos, aponevroses, articulações, cartilagens, tendões, ossos, órgãos.
Classificação e tipos de feridas
As feridas podem ser causadas por fatores extrínsecos, como incisões cirúrgicas e lesões acidentais por corte ou trauma, e por fatores intrínsecos, como feridas produzidas por infeções, úlceras crónicas e vasculares, defeitos metabólicos e neoplasias.
Quanto à espessura
· Ferida superficial: atinge apenas a epiderme e a derme.
· Ferida profunda: destrói a epiderme, derme e o tecido subcutâneo.
· Ferida profunda total: a ferida atinge o tecido muscular e as estruturas adjacentes (tendões, cartilagens, ossos, etc).
Quanto à etiologia
· Acidental ou traumática: ocorre de maneira imprevista, sendo provocada por objetos cortantes, contundentes, perfurantes ou lacerantes, por inoculação de venenos, mordeduras ou queimaduras em geral.
· Patológicas: são lesões secundárias a uma determinada doença de base.
· Intencional /Cirúrgica: quando é realizada de acordo com um fim terapêutico proposto.
· Iatrogénicas: feridas que resultam de possíveis tratamentos ou procedimentos (radioterapia).
· Fatores causais externos: feridas resultantes de pressão continua exercida pelo peso do corpo, fricção e humidade, como as úlceras de pressão.
Quanto à evolução
· Agudas: geralmente sãoferidas traumáticas – há vascularização e desencadeamento imediato do processo de hemostasia (cortes, escoriações, queimaduras, etc).
· Crónicas: descritas como de longa duração ou de recorrência frequente; ocorre um desvio na sequencia de processo cicatricial fisiológico.
Quando à contaminação
· Limpas: produzidas em ambiente cirúrgico, desde que não tenham sido abertos sistemas contaminados.
· Limpas contaminadas: há contaminação grosseira, como a ocasionada por faca de cozinha ou em cirurgias em que houve abertura de sistemas contaminados.
· Contaminadas: há reação inflamatória e houve contacto com material contaminado (terra ou fezes) ou quando já se passaram 6h da lesão.
· Infetadas: apresentam nítidos sinais de infeção.
Tipos de feridas
· Feridas mecânicas: feridas traumáticas, causadas por traumatismos externos.
· Feridas laceradas: apresentam margens irregulares, como as produzidas por pedaços de vidro ou arame farpado.
· Feridas químicas: causadas pela ação de ácidos ou bases muito fortes e alguns sais ou gases.
· Feridas térmicas: feridas que desenvolvem como resultado do calor ou frio extremo.
· Feridas por eletricidade: causadas por raios ou contacto com objeto que transporta energia elétrica.
· Feridas por radiação: causadas pela longa exposição a raios solares, RX ou outro tipo de radiação.
· Feridas incisas: feridas produzidas por um instrumento cortante (faca, bisturi, etc).
· Feridas contusas: feridas produzidas por ação contundente de objetos rombos. Caraterizam-se por traumatismos das partes moles, hemorragias e edema.
· Feridas perfurantes: produzidas por arma de fogo, ou arma branca. Produzem pequena abertura na pele, podendo atingir camadas de tecidos mais profundos e órgãos, causando hemorragia interna.
· Feridas oncológicas: causadas por tumores da pele ou metástases cutâneas. 
· Úlcera arterial: causada por isquemia; relacionada com a presença de doença arterial oclusiva; os sintomas incluem dor e perda tecidular.
· Úlcera por pressão: causada por isquemia secundária à compressão; lesão tecidular localizada, também denominada úlcera de decúbito.
· Úlcera venosa: perdas locais de epiderme e de níveis variados de derme e tecido subcutâneo, que ocorrem sobre ou próximo a maléolos dos Mis, causadas por edema e outras sequelas que estão relacionadas com dificuldades no retorno venoso.
· Ferida origem vascular – pé diabético: ferida crónica dos pés, resultante de complicações da diabetes, como neuropatia diabética e doença vascular periférica. Pode ocorrer diminuição da sensibilidade, deformidades, diminuição do fluxo arterial, predispondo a ulceração dos pés.
· Fístulas: trajeto anormal que liga superfícies podendo ser causadas por infeção, traumas, etc.
· Escoriações: a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da pele.
· Equimoses e hematomas: na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma o sangue forma uma cavidade (edema).
Cicatrização: Fase inflamatória
1. Imediatamente após a lesão, o organismo responde inicialmente com uma vasoconstrição local reflexa, na tentativa de interromper a perda de sangue pelos vasos lesados.
2. As células endoteliais retraem-se e aumentam a permeabilidade vascular (formação de edema ou exsudado). 
3. Resposta inflamatória celular: os neutrófilos fagocitam bactérias e tecidos mortos, auxiliados pelos macrófagos. Simultaneamente libertam mediadores inflamatórios, tais como histamina, tromboxanos, interleucinas, prostaglandina e fator de crescimento, que completam o processo de defesa contra a agressão.
Cicatrização: Fase reconstrução
1. Começa a ocorrer a reparação do tecido conjuntivo e do epitélio. Por volta do segundo ou terceiro dias após o trauma, os fibroblastos começam a multiplicar-se rapidamente e a produzir o tecido cicatricial (fibroplasia).
2. Posteriormente, começa uma intensa proliferação vascular. O tecido formado pelos fibroblastos e os novos vasos sanguíneos é chamado tecido de granulação (granuloso e avermelhado).
3. O miofibroblasto confere capacidade contráctil à ferida, reduzindo a superfície da ferida aberta e facilitando sua epitelização.
4. Por volta do décimo quinto dia, a capacidade de multiplicação dos fibroblastos praticamente desaparece, passando a produzir os componentes da substância fundamental e o colagénio.
5. Finalmente, inicia-se a formação do novo epitélio, a partir do aumento de tamanho, da divisão e da migração das células da camada basal da epiderme.
Cicatrização: Fase maturação 
1. Continua o processo de remodelação do colagénio, a qual se mantém meses após a reepitelização.
2. As colagenases e outras proteases produzidas por macrófagos e células epidérmicas orientam a correta deposição das fibras colágenas.
3. Começa a haver diminuição de todas as células, inclusive dos fibroblastos, assim como dos elementos do tecido conjuntivo. Paralelamente, inicia-se a diminuição progressiva dos vasos sanguíneos recém formados (chamada de regressão endotelial).
4. Clinicamente, a cicatriz torna-se menos espessa, passando de coloração rosada a esbranquiçada.
Tipos de cicatrização
Primeira intenção
Corresponde à cicatrização ideal de uma ferida e é feita a junção dos bordos da lesão por meio de sutura ou aproximação; Reduz o potencial de infeção e cicatriza em média em 10 dias. Ex: feridas cirúrgicas.
Segunda intenção
É um tipo de cicatrização relacionada com ferimentos infetados e lesões com perda acentuada de tecido. 
Não é possível realizar a junção dos bordos e há necessidade de formação de tecido de granulação no leito da lesão. Ex: úlceras venosas, abscessos, etc.
Terceira intenção
Existem fatores que retardam o processo de cicatrização, como aplicação de drenos, ostomias e feridas cirúrgicas infetadas; 
São feridas que não foram suturadas inicialmente, que se romperam ou tiveram de ser reabertas para drenagens de exsudatos, e que após 3 a 5 dias serão suturadas de novo.
Fatores que influenciam a cicatrização
· Idade avançada;
· Mal nutrição, desidratação;
· Insuficiência arterial e venosa;
· Tabagismo;
· Diabetes e doenças crónicas;
· Perfusão de tecidos e oxigenação;
· Localização da ferida;
· Corpo estranho na ferida;
· Medicamentos;
· Edema e obstrução linfática;
· Hiperatividade do paciente;
Cuidados especiais com certas feridas
Os objetivos da limpeza de feridas são: facilitar o ambiente à cicatrização, remover tecidos mortos, corpos estranhos, a fim de evitar a proliferação de organismos.
Armas de fogo
A decisão da retirada do projétil deve ser avaliada caso a caso; caso haja apenas um orifício, este não deve ser suturado, devendo-se lavar bem o interior do ferimento; quando houver dois orifícios, um deles poderá ser suturado.
Mordeduras
Em princípio, as mesmas não devem ser suturadas, uma vez que são potencialmente infetadas.
Pregos 
As feridas devem ser limpas mas não suturadas. Deve estar-se atento à profilaxia do tétano.
Tratamento de feridas 
Classificar a ferida:
Existe perda de substância?
Há penetração da cavidade?
Há perda funcional?
Há corpos estranhos?
Necessidade de exames adicionais?
Princípios básicos
· Remoção de tecidos necrosados ou corpos estranhos no leito da ferida;
· Identificação e eliminação de processos infeciosos;
· Eliminação de espaços mortos;
· Absorção do excesso de exsudado;
· Manutenção do leito da ferida húmido;
· Isolamento térmico da ferida;
· Proteção contra contaminação bacteriana e traumatismos;
Começar com a limpeza
· Usar soluções preferencialmente aquecidas (temperatura constante de 37ºC estimula a multiplicação celular durante a granulação e epitelização.
· Minimizar traumas mecânicos ou químicos. Em feridas granuladas e limpas a Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR) preconiza a lavagem suave, para não danificar o tecido neoformado.
· As soluções mais frequentemente usadas são o soro fisiológico, água potável ou água corrente, clorexidina, solução alcoólica de iodo, sabões, permanganato de potássio, éter, antibacterianos tópicos e promotores dacicatrização.
Desbridamento
Consiste na remoção do tecidos necrosados aderentes e/ou corpos estranhos, deixando a ferida em condições adequadas para a cicatrização.
A AHCPR recomenda que qualquer tecido necrótico seja desbridado, desde que seja consistente com as condições clínicas do doente, exceto se:
· Feridas isquémicas com necrose seca;
· Úlceras com escaras;
· As condições clínicas não forem boas;
Curativo
Caraterísticas fundamentais para proteção de ferida:
· Manter elevada humidade entre a ferida e a proteção; 
· Remover o excesso de exsudado;
· Permitir trocas gasosas;
· Manter o isolamento térmico;
· Manter impermeabilidade a bactérias;
· Ser assética;
· Permitir a remoção sem traumatismo;
Feridas na cabeça. Escalpes
1. Suster a hemorragia por compressão direta. Colocar um penso ou uma compressa que cubra uma área maior que a da ferida e ligar firmemente. Se houver fratura e/ou um corpo estranho, comprimir cuidadosamente para não agravar a situação.
2. Se a vítima estiver consciente deite-a com a cabeça e os ombros ligeiramente levantados, a não ser que se suspeite da coexistência duma fratura da coluna, nomeadamente pela forma como ocorreu a lesão. Deitar a vítima na horizontal sobre superfície dura.
3. Verifique a ventilação, a pulsação e os níveis de consciência de 10 em 10 minutos.
4. Se a vítima ficar inconsciente, permeabilizar a via aérea. Se necessário executar o ABC da ressuscitação e colocar a vítima em PLS, com o lado lesionado voltado para cima. Enviar de imediato a vítima para o hospital, na maca, mantendo-a na posição adequada.
Amputações e reimplantes
O reimplante é a primeira opção para pessoas que perderam um ou parte dum membro (se houver esmagamento em qualquer parte do membro, as hipóteses de reimplante diminuem). 
Ao presenciar este tipo de acidente, a primeira providência é chamar o 112. Deve avisar-se imediatamente a urgência hospitalar do sucedido para que o hospital possa estar preparado para a cirurgia.
· Se a vítima estiver consciente, fazer o possível para a acalmar. Providenciar compressas (panos limpos) e fazer compressão no local da amputação para evitar perdas de sangue, pois com a rutura dos vasos sanguíneos a hemorragia é constante.
· É muito importante que não se troque os tecidos usados na compressão. Desse modo, a equipa médica poderá avaliar a perda de sangue.
· Ao recuperar o membro, colocá-lo dentro de dois sacos de plástico limpos. Colocar o membro embalado num contentor isotérmico com gelo e tapar, caso exista tampa. Nunca colocar a parte amputada diretamente no gelo porque pode causar morte celular.
Feridas nos olhos 
1. Deitar a vítima de costas. Apoiar a cabeça, mantendo-a o mais imóvel possível.
2. Dizer à vítima para fechar o olho lesionado e cobri-lo com um penso ou compressa esterilizada. Fixar com ligadura ou com adesivo, utilizando, debaixo da fixação, uma rodilha para evitar compressão sobre o globo ocular.
3. Aconselhar a vítima a não mexer o olho são, porque o movimento transmite-se ao olho lesionado. Se necessário tapar os dois olhos para evitar movimentos desnecessários.
4. Acalmar a vítima e, de seguida, enviá-la em transporte adequado.
Feridas penetrantes no tórax
A grade costal protege o coração, os pulmões, os grandes vasos sanguíneos assim como o fígado, o baço logo abaixo do diafragma. As feridas no peito e costas causadas por objetos perfurantes, ou por costelas fraturadas que perfuram a pele, permitem a entrada de ar diretamente para a cavidade torácica.
Estas feridas podem complicar-se e transformar-se em feridas aspirativas ou soprantes interferindo com a ventilação. Neste tipo de lesão, o pulmão do lado afetado esvazia, mesmo que não esteja perfurado, torna-se incapaz de receber ar.
Sinais e sintomas
· Dor no peito;
· Dificuldade a respirar;
· Hemoptise se o pulmão foi atingido;
· Aspeto cianosado;
· Pode ouvir-se o ar a ser aspirado para o tórax quando a vítima inspira;
· Na expiração um líquido ensanguentado borbulha na ferida;
· Sintomas e sinais de choque;
Medidas a tomar
1. Comprimir imediatamente a ferida com a palma da mão.
2. Colocar a vítima semi-sentada com o tronco e a cabeça apoiados para o lado da lesão e acalmar a vítima.
3. Rapidamente cobrir a ferida com um penso esterilizado ou com um pano limpo.
4. Se possível, impermeabilizar o penso com celofane ou plástico. Fixar o penso.
5. Vigiar o estado de choque, não dar de beber e vigiar os sinais vitais de 10 em 10 minutos.
6. Se a vítima ficar inconsciente colocá-la em PLS de modo que o lado são fique voltado para cima. Providenciar o transporte adequado e enviar a vítima para o hospital.
Nota: Se houver um corpo estranho na ferida feche-a , apertando os bordos ao longo do corpo estranho.
Feridas abdominais
Podem ter como causa objetos afiados ou balas. Uma ferida profunda na parede abdominal é grave porque causa hemorragia mas também pelas lesões causadas nos órgãos internos contidos na cavidade abdominal.
Sinais e sintomas
· Dor abdominal generalizada;
· Hemorragia e ferimentos associados;
· Parte do intestino pode estar visível ou mesmo exteriorizar-se através do ferimento;
· Vómitos;
· Sintomas e sinais de choque;
· Sinais de hemorragia interna;
Medidas a tomar
1. Deitar a vítima de costas com os joelhos semi-fletidos.
2. Aplicar um penso ou uma gaze e uma compressa na ferida e fixar com ligadura ou adesivo.
3. Se a vítima vomitar, amparar o abdómen apoiando ligeiramente o penso para evitar a exteriorização do intestine.
4. Vigiar o estado de choque, não dar de beber e vigiar os sinais vitais de 10 em 10 minutos.
5. Se a vítima ficar inconsciente colocá-la em PLS. Providenciar o transporte adequado e enviar para o hospital.
Nota: Se parte do intestino sair pela ferida, não comprimir nem tocar e cobrir com penso esterilizado ou um pano limpo sem pelos e fixar com ligadura.
Medidas para prevenção do choque
· Antes de mexer numa ferida lavar bem as mãos com sabão e água abundantes. Pode utilizar no curativo: soro fisiológico para limpeza e como emoliente, soluções antisséticas e o éter que facilita o trabalho de limpeza removendo a camada gordurosa da pele.
· No tratamento de uma ferida deve proceder-se ao seu desbridamento (retirar corpos estranhos, eliminar cabelos e pele morta) antes de lavar ou limpar a ferida, para depois a desinfetar.
· Nos casos de feridas extensas, utilizar uma proteção e recorrer rapidamente a um serviço hospitalar. As feridas menores, devem ser deixadas descobertas para que os raios UV contribuam na cicatrização.
· Uma ferida causada por um prego deve ser limpa e não suturada, deve-se estar atento à profilaxia do tétano.
Estojo de primeiros socorros
Medicamentos a integrar num estojo de primeiros socorros:
· Analgésicos/Antipiréticos;
· Antidiarreicos;
· Anti-histamínicos;
· Antieméticos;
· Colírio ocular;
· Desinfetante tópico para feridos;
Material de desinfeção e tratamento:
· Compressas;
· Pensos rápidos;
· Ligaduras;
· Suturas adesivas;
· Lâmina de corte, tesoura, pinça;
· Termómetro;
· Seringas e agulhas várias;
Hemorragias 
Hemorragia é a perda de sangue devido à rutura dum vaso sanguíneo, veia ou artéria, alterando o fluxo normal da circulação.
Uma hemorragia muito abundante e não controlada pode causar a morte em 3 a 5 minutos.
A perda de 1 litro de sangue no adulto, ½ litro na criança e 25 ou 30 ml no recém-nascido, pode rapidamente conduzir ao estado de choque. 
O choque é uma grave diminuição do fluxo sanguíneo e oxigenação, que se torna insuficiente para a irrigação dos tecidos e órgãos vitais do corpo. Pode conduzir à morte se não for revertido.
Ao fim de 4 a 6 minutos, podem existir lesões (coração, pulmões, cérebro).
Tipos de choque
· Hipovolémico – perda de fluidos orgânicos: hemorragia. Quadro prolongado de vómitos ou de diarreia;
· Neurogénico – perda de controlo vascular, afetando o controlo de vasoconstrição dos vasos.
· Cardiogénico – falha cardíaca, tornando ineficaz o bombeamento de sangue paraa rede vascular.
· Sético – as toxinas de infeções graves causam vasodilatação, acúmulo de sangue nos capilares e invasão de bactérias nos vasos sanguíneos.
· Anafilático – aumento de líquido no espaço intersticial (edema).
Evolução de choque hipovolémico
Hemorragia
Tecidos e órgãos inadequadamente perfundidos
Vasoconstrição nas extremidades
Hipotermia e pele suada, pálida
Baixos níveis de oxigénio causam ventilação rápida e superficial
Vasoconstrição falha e pressão arterial baixa
O organismo tenta compensar a falta de sangue e plasma indicando sede
Classificação das hemorragias
Hemorragia externa: é uma hemorragia visível porque extravasa o sangue para o meio ambiente. Exemplo: ferimentos em geral, hemorragia de fraturas expostas.
· Arteriais: o sangue é vermelho vivo, sai em jato que coincide com a contração cardíaca. São abundantes e de difícil controlo;
· Venosas: o sangue é vermelho escuro, sai de forma regular e mais ou menos constante;
· Capilar: o sangue sai lentamente e tem cor intermédia. 
Hemorragia interna: o sangue extravasa para o interior do próprio corpo dentro dos tecidos ou cavidades naturais. Exemplo: trauma contuso, rutura ou laceração de órgãos do tórax e abdómen, hemorragia de músculo ao redor de partes moles.
Hemorragias Externas
Estágios da hemorragia
· Classe 1: perda de até 15% de sangue;
· Classe 2: perda de até 25% de sangue;
· Classe 3: perda de até 30% de sangue;
· Classe 4: perda de mais de 30% de sangue.
Sinais e sintomas da hemorragia
· Pulso fraco e rápido;
· Pele fria e húmida (pegajosa);
· Pupilas dilatadas com reação lenta à luz;
· Quedas da pressão arterial;
· Paciente ansioso, inquieto e com sede;
· Náusea e vómito;
· Respiração rápida e profunda;
· Perda de consciência;
· Paragem respiratória;
· Choque.
Controlar a hemorragia externa
Compressão direta
· Comprimir o local com uma compressa esterilizada;
· Se necessário, coloque outras compressas por cima. Se estas ficarem ensopadas em sangue, substitua-as, mas nunca retire as primeiras compressas que colocou (servem como tampão);
· Aplicar uma ligadura de modo a segurar as compressas e manter a pressão;
· Ligadura compressiva: verificar os pulsos distais, pele e unhas e, se observar alterações, aliviar a pressão.
Elevação do membro
· Este método pode ser usado em combinação com a compressão direta em casos de 
hemorragia do braço ou da perna;
· Os efeitos da gravidade ajudam a diminuir a pressão do sangue e tornarão a hemorragia mais lenta;
· Este método NÃO PODE SER USADO	quando há suspeita de fraturas, luxações dos membros, objetos encravados ou possibilidade de fratura da coluna vertebral.
· Elevar o membro atingido, de modo que a ferida fique acima do nível do coração. 
· Aplicar a compressão direta no local.
Aplicação de frio
· O uso de compressas de gelo diminui a hemorragia interna ou mesmo interrompe hemorragias venosas e capilares;
· Nas contusões, a aplicação de gelo previne a equimose (negras) e o hematoma (mancha arroxeada);
· Deve observar-se o tempo de aplicação (20-30minutos) porque o uso prolongado diminui a circulação local podendo causar lesões de tecidos.
Pressão indireta
· Se a pressão direta e a elevação do membro lesado não forem suficientes, a hemorragia pode ser controlada comprimindo um ponto de pressão estratégico;
· É feita usando a pressão da mão do socorrista para comprimir uma artéria num ponto, distante do ferimento;
· Este procedimento é executado frequentemente nas artérias braquial e femoral;
· Pontos e técnica de compressão arterial:
· Artéria carótida: feridas no pescoço;
· Artéria subclávia: feridas no ombro;
· Artéria axilar: feridas no braço;
· Artéria umeral: feridas no antebraço;
· Canal inguinal: feridas no músculo;
· Artéria femoral: feridas no membro inferior.
Garrote
· Método a utilizar em situações extremas, nomeadamente naquelas em que todos os outros métodos foram ineficazes ou no caso de múltiplas vítimas;
· O garrote deve ser largo e não ser constituído por material com elasticidade.
Torniquete
· Praticamente em desuso, deve ser encarado como o último recurso. Poderá ser utilizado quando os outros métodos falham;
· A sua aplicação pode ser considerada apenas nos casos de destruição completa ou amputação de extremidades;
· Deve ser colocado entre a ferida e o coração, observando explicitamente o horário de aplicação;
· O membro abaixo do torniquete deve tornar-se pálido, e o pulso arterial, abaixo do torniquete, desaparecer;
· Caso não esteja apertado o suficiente pode interromper o fluxo venoso sem interromper o fluxo arterial, dando como resultado uma maior hemorragia através da ferida.
Cuidados no uso do torniquete:
· Anotar, em qualquer parte visível do corpo da vítima, as letras TQ e a hora em que foi colocado;
· Não usar próximo de articulações;
· Aliviar a cada 10 a 15 minutos ou a qualquer momento em que a vitima apresentar as extremidades frias ou cianosadas;
· O socorrista deve manter a vítima deitada, agasalhada (sem cobrir o torniquete), evitando o contacto da área lesada com o chão;
· Colocar algo sob os pés da vítima, de modo que fiquem mais elevados do que a cabeça;
Hemorragias Internas
As hemorragias internas são visíveis, se o sangue sai por um orifício natural do corpo, ou invisíveis, se só se conhece pelos seus sinais e sintomas.
Os sinais precoces de hemorragia interna incluem: ventilação rápida e superficial, palidez, pulso rápido e fino e sede.
Certos ferimentos podem indicar uma hemorragia interna grave, tais como:
· Possível fratura pélvica;
· Contusão do abdómen;
· Possível fratura do fémur;
· Possível fratura do antebraço;
· Possível fratura das costelas;
· Contusões no tórax;
· Contusões do pescoço;
· Possível fratura intracraniana.
Hemoptise
A hemoptise é a perda de sangue pelos pulmões. O sangue sai pela boca, precedido de tosse, em quantidade variável, cor vermelho vivo e espumoso. Esta pode representar um sinal de emergência uma vez que a causa exata da hemorragia pulmonar é muitas vezes desconhecida.
As causas mais frequentes são:
· Bronquiectasia (dilatação ou distorção dos brônquios);
· Tuberculose pulmonar;
· Abcesso pulmonar;
· Tumor pulmonar;
· Estenose mitral;
· Embolia pulmonar.
Sinais e sintomas
· Expulsão de sangue pela boca acompanhado de tosse;
· Sangue cor vermelho vivo e espumoso;
· Palidez intensa;
· Sudorese;
· Ansiedade;
· Angústia;
· Choque.
Conduta a seguir
1. Tranquilizar o doente;
2. Deitá-lo com os ombros ligeiramente elevados, voltado sobre o lado afetado, apoiado em almofadas (posição que facilita o ato de tossir);
3. Recomendar que não fale, evite tossir e não faça qualquer tipo de esforço;
4. Chamar 112.
Epistaxis
As hemorragias nasais que têm origem na porção anterior do nariz, denominadas hemorragias nasais anteriores, são muito comuns, uma vez que esta é a área mais sujeita a lesões.
Causas
· Ambiente quente e seco no interior de edifícios;
· Desvio do septo nasal;
· Constipações e alergias;
· Exposição a substâncias químicas irritantes;
· Doenças clínicas;
· Alcoolismo;
· Medicamentos que interferem com a coagulação;
· Varizes;
· Presença de corpos estranhos;
· Traumatismos ao nível do nariz e/ou face.
Sintomas
· Saída de sangue pelo nariz, por vezes abundante e persistente;
· Saída de sangue pela boca, se a hemorragia for grande.
Prevenção
· Não fumar;
· Utilizar um humidificador se o ambiente de casa for seco durante o inverno;
· Fazer nebulização com soro fisiológico para hidratar o interior do nariz;
· Evitar traumatismos faciais;
· Usar equipamento de proteção no trabalho.
Conduta a seguir
1. Sentar-se direito (de forma a que a cabeça fique acima do nível do coração), inclinar-se ligeiramente para a frente e respirar pela boca;
2. Com o polegar e o dedo indicador, apertar a parte da frente do nariz e aguardar 5 minutos;
3. Ao mesmo tempo que o ponto 2), usar a outra mão para aplicar um saco com gelo sobre o nariz para diminuir o fluxo de sangue;
4. Dizer ao doente para não se assoar, para evitar a deslocação de coágulos que se tenham formado;
5. O doentedeve também evitar engolir;
6. Depois de ter apertado o nariz durante 5 minutos, libertá-lo para ver se ainda continua a sangrar. Manter o saco com gelo durante mais 10 a 15 minutos.
7. Se o nariz ainda estiver a sangrar, apertá-lo durante mais 10 minutos;
8. Libertar o nariz novamente e, se ainda estiver a sangrar, procurar cuidados médicos de emergência.
Nota: Se a hemorragia não parar, introduzir na narina que sangra um tampão coagulante ou compressa, fazendo pressão para que a cavidade nasal fique bem preenchida.
Nota: Se a hemorragia resultar de um traumatismo craniano, nunca estancar o sangue.
Otorragia
A otorragia indica a possibilidade de se estar perante uma situação grave, resultante da fratura da base do crânio.
Em casos leves, limpar o pavilhão auricular. 
Em casos graves:
· Vítima inconsciente: adotar a PLS sobre o ouvido que sangra;
· Suspeita de trauma: posição de decúbito dorsal, com controlo da via aérea e da coluna cervical;
· Não tamponar, permitindo que o sangue saia, de forma a diminuir a pressão intracraniana;
· Cobrir o ouvido com uma compressa esterilizada, se possível;
· Vigiar as funções vitais.
Hematemese
É o vómito de sangue que pode ser proveniente do tubo digestivo (rutura de úlcera gástrica) ou esofágica (rutura de varizes esofágicas). Pode ser causado pela ingestão de sangue proveniente de hemorragia de outros órgãos.
A cor do sangue pode ser vermelho brilhante (raro) ou ter colocação escura e apresentar-se coagulado.
Toda a hemorragia interna que demore a exteriorizar-se pode ser identificada pelos seguintes sinais: palidez intense, distensão abdominal, extremidades frias e húmidas e pulso rápido e fraco.
Quando a hemorragia se exterioriza, os sinais referidos mantêm-se, acrescidos dos sintomas: fraqueza, tontura, enjoo, náusea antes da perda de sangue, desmaio.
Conduta a seguir 
1. Manter o doente em repouso em decúbito dorsal (ou lateral se estiver inconsciente) sem almofadas;
2. Suspender a ingestão de líquidos e alimentos;
3. Aplicar a bolsa de gelo ou compressas frias sobre o estômago.
4. Ligar 112.
Estomatorragia
É a hemorragia capilar e ocorre após extração dentária. No caso de hemorragia dentária deve-se colocar um rolo de gaze, ou um lenço enrolado e apertar fortemente o local que sangra contra a arcada dentária até a estancar a hemorragia. Isto pode ser feito com a mão ou o paciente mordendo a compressa de tecido.
Uma ligadura estreita aplicada com firmeza e cuja parte central é apoiada sob o queixo (aperta na parte superior da cabeça), pode ser útil para impedir a fadiga dos músculos maxilares ao tentar manter os dentes apertados.
Conduta a seguir
1. Proceder à compressão da área que está a sangrar, usando uma gaze ou pano limpo até estancar a hemorragia;
2. Dependendo do volume de sangue perdido e das dificuldades para estancá-lo, deve-se procurar o atendimento especializado;
3. Ligar 112.
Melena e Hematoquésia
Um melena corresponde a uma hemorragia pelo ânus, de origem GI superior, com fezes escuras, com consistência mole e cheiro intenso. Pode ter origem em ulcera péptica, esofagite oi varizes gastroesofágicas. São necessários mais de 100mL de sangue para surgir uma situação de melena.
Uma hematoquésia corresponde a uma saída de sangue (>1000mL) pelo ânus de origem retal, proveniente, por exemplo, de lesões anais (hemorroidas, fissuras), traumatismo retal, etc. O sangue é vermelho-vivo ou acastanhado.
Conduta a seguir
1. Aplicar bolsa de gelo sobre o abdómen, na região gástrica e intestinal;
2. Aplicar compressas geladas na região anal;
3. Encaminhar o acidentado para atendimento especializado com urgência;
4. Lavar a zona anal com água;
5. Colocar a vítima decúbito dorsal com os membros inferiores unidos;
6. Prevenir o choque hipovolémico: cobrir com lençol isotérmico;
7. No caso de hematoquésias associadas com hemorroidas, pode eventualmente aplicar-se gelo indireta e localmente;
8. Vigiar as funções vitais.
Metrorragia
É a hemorragia uterina que ocorre fora do período menstrual. Este tipo de hemorragias pode ter várias causas: aborto, provocado ou não, hemorragias do primeiro trimestre da gravidez, violação sexual, hemorragia pós-parto, distúrbio menstrual, inflamação dos órgãos reprodutivos, tumores, anormalidades do endométrio, etc.
Menometrorragia
Hemorragia uterina irregular, quanto aos intervalos e à quantidade de fluxo – hemorragia prolongada (mais de 8 dias) ou excessiva (mais de 80mL).
Este tipo de hemorragias pode ter várias causas: ciclo anovulatório, desequilíbrio entre os níveis de estrogénio e progesterona, hipotiroidismo, transtornos de coagulação sanguínea ou problemas na estrutura uterina (pólipos, endometriose, leiomioma ou adenocarcinoma).
Hemorragia na gravidez
Toda a hemorragia durante a gravidez é anormal, podendo representar um sério risco para a grávida e para o feto. Por isto, a doente deve ser encaminhada para receber assistência médica o mais rápido possível.
Conduta a seguir
1. Manter a grávida em repouso, deitada, aquecida e tranquilizá-la; 
2. Impedir que se levante ou faça qualquer esforço;
3. Conservar a totalidade do sangue e dos produtos expulsos do útero para mostrar ao médico;
4. Encaminhar para assistência médica ou serviços de saúde;
5. Prevenir o estado de choque.
Asfixia 
Vantagens da abordagem ABCDE:
· Sistematização/Princípios que são aceites universalmente;
· A avaliação e tratamentos são feitos continuamente e simultaneamente;
· Tratamento de situações ameaçadoras da vida prontamente;
· Tratamento realizado em situações ameaçadoras da vida que não requer um diagnóstico definitivo;
· Pode ser realizada novamente se houver deterioração do estado da vítima.
Ventilação: transferência de ar até aos alvéolos onde há trocas gasosas com o sangue. 
O ar inspirado apresenta uma quantidade de O2 de cerca de 21%, enquanto que o ar expirado apresenta apenas 16%, mas pode servir para reanimar outra pessoa.
Causas da asfixia 
A asfixia apresenta como causas possíveis:
· Quantidade de oxigénio no ar;
· Impedimento da oxigenação;
· Vias aéreas;
· Lesão;
· Doenças (raiva, difteria, tumor pulmonar, asma, etc).
A consequência mais imediata é uma lesão cerebral irreversível.
Sinais e sintomas gerais 
· Alterações da ventilação;
· Taquipneia – aumento da FR;
· Polipneia – aumento do volume inspirado;
· Respiração ruidosa;
· Cianose: as mucosas e as extremidades ficam azuladas devido à diminuição do O2, ligado à hemoglobina;
· Alteração do estado de consciência;
· Paragem cardiorrespiratória.
Primeiros socorros na asfixia
Prioridades:
· Chamar ajuda (112);
· Afastar o perigo da vítima;
· Remover a causa da asfixia;
· Desobstruir a via aérea;
· Manter e recuperar a ventilação da vítima;
· Se necessário, recorrer a respiração artificial.
Nota: se a vitima estiver inconsciente, verificar o ABC e colocar em posição lateral de segurança.
Asma
Doença inflamatória crónica das vias aéreas que se caracteriza por hiper-reactividade brônquica após exposição a múltiplos fatores desencadeantes levando a obstrução normalmente reversível (infeções virais, pólen, ácaros, animais, comida, etc).
· Base no tratamento de controlo: corticosteroide;
· Na crise aguda: 
· Agonista β2 de curta ação – Salbutamol/Terbutalina;
· Agonista β2 de longa ação – Formoterol;
· Anticolinérgico – Brometo de Ipratrópio – para diminuir a produção de muco, permitindo com que o lúmen continue aberto.
Afogamento
A regra básica do salvamento declara que o resgate da vítima não deve colocar em causa a vida do socorrista. O maior sinal é a presença de espuma em volta dos lábios, boca e narinas da vítima.
· Afogamento seco:
· 10 a 40% dos casos;
· O laringospasmo é tão intenso que praticamente não permite a passagem de líquido para os pulmões;
· Afogamento húmido:
· Paragem respiratória;
· Consequências da passagem do líquido para os pulmões;
Entrada de líquido nas vias aéreas
Laringoespasmo reflexo
Encerramento da glote
Diminuição da oxigenação sanguínea
Progressiva alteração do funcionamento cerebral
Perda de consciência
Insuficiênciado reflexo laríngeo
Entrada de líquido nos pulmões
Paragem cardiorrespiratória
Objetivos gerais
· Introduzir ar nos pulmões da vítima o mais rápido possível, ainda dentro de água, se possível. Continuar a ventilação artificial logo que a vítima se encontre numa superfície firme;
· Todas as vítimas de afogamento devem ser conduzidas ao hospital, mesmo que a recuperação pareça total;
Etapas do salvamento
1. Remover quaisquer obstruções (algas) da boca da vítima e começar ventilação artificial;
2. Se tivermos pé – um braço para segurar o corpo da vítima e a outra mão para lhe amparar a cabeça e fechar o nariz, enquanto se faz respiração boca a boca;
3. Se águas profundas, fornecer de vez em quando algum ar à vítima enquanto se puxa para terra;
4. Ligar 112 ou pedir alguém para o fazer;
5. Em terra, colocar a vítima deitada de costas, em declive, com a cabeça mais baixa que o corpo. NÃO DOBRAR NEM VIRAR A CABEÇA DA VÍTIMA;
6. Realizar a abordagem ABCDE;
7. Assim que a vítima comece a ventilar normalmente colocá-la em PLS e deixá-la em repouso até à chegada do 112;
8. Manter a vítima aquecida. Se possível, tirar-lhe as roupas molhadas, secá-la e tapá-la. Friccionar os braços e pernas da vítima estimulando a circulação.
Enforcamento, estrangulamento e garroteamento
Pressão exercida na parte externa da garganta, que obstrui a via aérea e impede a passagem de ar para os pulmões.
Objetivos:
· Enforcamento – aliviar pressão no pescoço, segurando o corpo se estiver suspenso; Cortar a corda abaixo do nó se possível;
· Estrangulamento e garroteamento – aliviar a pressão exercida.
· Se a vítima estiver inconsciente, permeabilizar a via aérea e verificar se ventila. Eventualmente executar SBV e colocá-la em PLS.
· Ligar o 112.
Inalação de fumos
Causam morte por:
· Consumo de oxigénio – asfixia;
· Irritação – espasmos que bloqueiam a via aérea;
· Toxicidade – por si só pode ser fatal.
Objetivos:
· Remover a vítima para lugar seguro, desde que isso não ponha em causa a nossa segurança;
· Apagar as chamas das roupas que estejam a arder, sem nunca a retirar;
· Se a vítima estiver inconsciente, executar a abordagem ABCDE;
· Promover transporte da vítima para o hospital.
Envenenamento por CO
O CO é um produto da combustão incompleta da matéria orgânica devido à falta de fornecimento de oxigénio para permitir uma completa oxidação para CO2. 
As fontes mais comuns: braseiras e escapes de motores a gasolina (ambos em espaços fechados).
Maior afinidade que o O2 pela hemoglobina → hipoxia.
Sinais e sintomas
· Cor rosada devido à carboxiemoglobina;
· Cefaleias;
· Vítima confusa;
· Alterações da ventilação;
· Ventilação difícil → ausente → inconsciência;
· Paragem cardiorrespiratória;
Objetivos
· Desligar fonte de gás e/ou remover vítima do local, sem esquecer a segurança do socorrista;
· Se necessário, proceder à reanimação o mais rápido possível;
· Ligar para o 112.Corpos estranhos nas vias aéreas
Causas mais frequentes:
· Alimentos;
· Próteses dentárias, fragmentos dentários;
· Pastilhas elásticas, rebuçados, etc;
· Aspiração de material regurgitado, sangue;
Causas mais frequentes nos lactentes e crianças:
· Aspiração dos pequenos objetos;
· Aspiração de leite regurgitado.
Diferenciar de:
· Enfarte agudo do miocárdio;
· Paragem cardiorrespiratória.
Tipos de obstrução
· Parcial – mantém algumas trocas gasosas, com tosse forte e sibilos. A conduta manda não interferir.
· Total – troca de ar torna-se insuficiente, com tosse ineficaz, fraca, ruídos respiratórios estridentes, dificuldade respiratória acentuada e cianose. A conduta manda executar manobras.
Tipos de vítima
· Consciente
· Obstrução total – sinais de asfixia, incapaz de falar ou tossir, cianose e esforço respiratório exagerado – movimentação de entrada e saída de ar não detetável;
· Exige ação rápida com manobras de desobstrução.
· Inconsciente
· Vítima é encontrada inconsciente.
Método de desobstrução
Adulto – obstrução por líquidos
· Rolar a 90º (similar a PLS) – lateralização da vítima em monobloco – liberta as vias aéreas de secreções e sangue.
Adulto e crianças > 1 ano – obstrução por sólidos
· Remoção digital – somente se o corpo estranho for visível e facilmente acessível.
· Técnica da extração digital – abertura da boca, inserir dedo indicador (mindinho em lactentes) em gancho sem aprofundar ou pinçar com indicador e dedo médio.
Adultos e crianças > 1 ano – Manobra de Heimlich
· Técnica: 5 compressões sobre a região superior do abdómen, entre o apêndice xifoide e cicatriz umbilical.
Casos especiais – vitimas obesas ou grávidas
· Compressão torácica – 5 compressões no terço inferior do esterno, acima do apêndice xifoide.
Algoritmo de desobstrução
	Garantir a segurança
	Se tosse ineficaz
	Se tosse eficaz
	Pancadas interescapulares (até 5)
Compressões abdominais (até 5)
	Encorajar a tossir
	Até resolver obstrução
Até ficar inconsciente
	Até resolver obstrução
Até tosse ineficaz
	Se inconsciente ligar 112
	
	Iniciar manobras de SBV (30:2)
Verificar cavidade oral antes de insuflar
	
Crianças com menos de 1 ano
· Técnica: combinação de 5 palmadas nas costas (face voltada para baixo) e 5 compressões torácicas (face voltada para cima). Apoiar a criança no antebraço mantendo a cabeça mais baixa que o tronco.
· Sinais e sintomas: dificuldade respiratória de inicio súbito, tosse, respiração ruidosa e náusea.
Algoritmo de desobstrução em crianças com < 1 ano
	Garantir a segurança
	Explicar o procedimento à família – posicionar o bebé em pronação, no antebraço
	Pancadas interescapulares (até 5)
	Posicionar o bebé em decúbito dorsal, no outro antebraço
	Pancadas torácicas (até 5)
	Até resolver obstrução
Até ficar inconsciente
	Se inconsciente ligar 112
	Iniciar manobras de SBV
Verificar cavidade oral antes de insuflar
Extensão da cabeça
· Quando não existe suspeita de lesão da coluna cervical.
Manobra de elevação da mandíbula, manobra tríplice ou Jaw Thrust
· Quando existe suspeita de lesão da coluna cervical.
Corpo estranho no nariz
1. Comprimir a narina que esteja livre e pedir que a vítima mantenha a boca fechada e tente expelir ar pela narina tamponada - não assoar o nariz com muita violência para não ferir a cavidade nasal;
2. Não introduzir instrumentos na narina atingida – podemos empurrar o corpo estranho mais para dentro;
3. Em crianças que não sabem/conseguem assoar o nariz, encaminhar para o Hospital.
Corpos estranhos nas olhos e ouvidos
Corpo estranho nos olhos
Os olhos podem sofrer irritação, inflamações e ulcerações podendo acarretar a perda parcial ou completa de visão se atingidos por poeira, areia, insetos ou outros pequenos corpos estranhos. Os mais frequentes são: grãos de areia, insetos e limalhas, mas podem ser causados por brinquedos pontiagudos.
Os sinais e sintomas são: dor ou picada local, lágrimas e dificuldade em manter as pálpebras abertas.
Objetivos
· Abrir as pálpebras do olho atingido com muito cuidado;
· Lavar os olhos atingido com água ou soro fisiológico em abundância, do canto interno, junto ao nariz, para o externo;
· Repetir a operação duas ou três vezes;
· Não tentar retirar corpos estranhos encravados no globo ocular;
· Se não obtiver resultado, fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma compressa e adesivo, e enviar ao Hospital;
O QUE NÃO DEVE FAZER Esfregar o olho ou tentar remover o corpo estranho com lenço, papel, algodão ou qualquer outro objeto. 
Corpo estranho no ouvido
Normalmente não se constitui num problema urgente – se estiver a obstruir totalmente o ouvido pode existir desconforto e hipoacusia. 
Se o corpo estranho for um inseto pode provocar ruído que gera ansiedade, inquietação e irritabilidade, podendo ser necessário agir mais rapidamente.
Sinais e sintomas
· Pode existir surdez, zumbidos e dor, sobretudo se o inseto estiver vivo (os corpos estranhos mais frequentes).
Objetivos
· Puxar a orelha para trás e dirigir um feixe de luz para o canal auditivo, permitindo melhor visualização;
· Inclinar a cabeça da vítima para baixo e para o lado do ouvido atingido;
· Com o punho,dar leves toques na cabeça no lado do ouvido afetado pelo corpo estranho;
· Se se tratar de um inseto, colocar uma gota de azeite ou óleo e depois enviar ao Hospital.
· Não tentar retirar corpo estranho do ouvido com cotonetes, pinças ou outros instrumentos, correndo-se o risco de empurrá-lo ainda mais para dentro – risco de atingir o tímpano, perfurando-o, provocar surdez.
· Se necessário enviar para o Hospital.Lesões Traumáticas
Tríade das lesões leves:
· Distensões
· Entorses
· Contusões
Tríade das ruturas:
· Ligamentos 
· Tendões
· Músculos
Par das lesões graves:
· Fraturas
· Luxações
Par das lesões contaminadas:
· Feridas
· Fraturas Expostas
Distensão
A distensão caracteriza-se pela rutura parcial ou completa das fibras musculares, resultante de um esforço extremo realizado pelo músculo em causa. Geralmente está associada ao levantamento de pesos face a uma postura incorreta ou durante a prática desportiva. A união músculo tendinosa é muito vulnerável a lesões, constituindo o local mais frequente das ruturas. Os músculos que apresentam maior risco de ruturas são os que atravessam duas articulações.
Sinais e sintomas
· Dor súbita e aguda no local da lesão que pode irradiar para fora;
· Rigidez muscular;
· Edema;
· Equimose;
· Inflamação no local;
· Perda da funcionalidade do músculo afetado.
Primeiro Socorro
1. Colocar a vítima em posição confortável, estabilizar a zona lesada e elevá-la, se se tratar de um membro;
2. Se o acidente é recente, fazer aplicação de frio durante 30 minutos. Acalma a dor e reduz o edema e/ou hematoma;
3. Comprimir a zona afetada. Aplicar uma camada espessa de algodão, fixando-a com ligadura;
4. Repouso absoluto do músculo, mantendo-o imóvel;
5. Em caso de dúvida, imobilizar como se de uma fratura se tratasse;
6. Promover o transporte para hospital apenas se houver dor intensa, ou se suspeitar de fratura.
Cãibra 
Contração involuntária e dolorosa de um músculo ou de um conjunto de músculos, provocada por situações de fadiga muscular, sudação abundante ou qualquer outra situação que provoque desidratação. 
Acontece muito no verão, em idosos e em praticantes de desporto de alto rendimento.
Sinais e sintomas
· Rigidez muscular;
· Edema;
· Dor local de instalação súbita.
Primeiro Socorro
1. Distender os músculos afetados forçando o seu relaxamento;
2. Massajar suavemente o local;
3. Aplicar, localmente e de forma indireta, calor;
4. No caso de cãibras repetitivas após grande desgaste físico a vítima pode ingerir magnésio (que geralmente atenua ou resolve a situação).
Cãibra na barriga da perna
1. Esticar o joelho;
2. Cuidadosa/ puxar o pé da vítima para cima, em direção à canela;
3. Massajar suavemente os músculos afetados;
Cãibra no músculo da coxa
1. Esticar o joelho e levantar a perna;
2. Colocar a mão sob o calcanhar e com a outra mão pressione o joelho;
3. Massajar suavemente os músculos afetados;
4. Se a lesão for na região anterior da coxa, dobre o joelho.
Hérnia
Hérnia é por definição a rutura; protrusão de um órgão ou parte dele ou de uma estrutura através da parede da cavidade que normalmente o contém. A hérnia pode aparecer depois de exercer um esforço (exercício físico, ao pegar em objetos pesados, ou tossir).
A denominação das hérnias está relacionada com a sua localização ou com o órgão afetado.
Sinais e sintomas
· Tumefação sem dor, que pode persistir ou piorar;
· Tumefação súbita ou dolorosa, por vezes acompanhada de vómitos. Este sintoma pode indicar uma hérnia “estrangulada”, na qual o edema corta a irrigação sanguínea;
· Situação grave que requer tratamento médico urgente.
Primeiro Socorro
1. Acalmar a vítima e colocá-la semi-sentada, com a cabeça e ombros apoiados;
2. Dobrar ligeiramente os joelhos e conservar a vítima nessa posição;
3. Procurar ajuda médica urgentemente sem tentar reduzir a tumefação.
Contusão
Lesão na superfície do corpo, produzida por um golpe brusco, choque ou queda. Geralmente não se observa lesão cutânea. Uma equimose é algo mais superficial, ficando negro. Um hematoma apresenta manchas arroxeadas.
Sinais e sintomas
· Dor;
· Edema local.
Primeiro Socorro
1. Evitar movimentar a região atingida;
2. Aplicar localmente compressas frias ou saco de gelo.
Entorse
Lesão dos tecidos moles que rodeiam as articulações. Pode traduzir-se na rutura ou distensão que ocorre nos ligamentos que ligam as extremidades ósseas das articulações.
Articulações
Para que seja possível o movimento, os ossos interligam-se entre si através de articulações, que formam uma “cápsula” constituída por cartilagem, membrana sinovial e líquido sinovial envolta por ligamentos, tendões e músculos.
As articulações podem ser:
· Móveis – permitem o movimento (articulação da anca, tornozelo, etc);
· Semimóveis – permitem movimento reduzido (articulações entre os corpos das vértebras da coluna);
· Imóveis – são estáticas e por isso não permitem qualquer movimento entre os ossos envolvidos (articulações dos ossos do crânio e da face).
Sinais e sintomas
· Dor forte, no momento do acidente, que aumenta com o movimento;
· Edema na região articular;
· Equimose, em alguns casos;
· Incapacidade de movimentação.
Primeiro Socorro
1. Instalar a vítima em posição confortável. Fazer aplicações frias no local;
2. Conferir apoio à articulação, envolvendo-a em camada espessa de algodão que se fixa com uma ligadura;
3. Em caso de dúvida, imobilizar a articulação como se de uma fratura se tratasse e promover o transporte a um centro hospitalar.
Exemplo de imobilização 
1. Colocar a ligadura por baixo do pé;
2. Fazer um movimento ascendente para enfaixar o tornozelo;
3. Enrolar duas vezes a ligadura à volta da parte frontal do pé e logo de seguida enrolar uma vez à volta da parte inicial do tornozelo (o calcanhar deve ficar de fora da ligadura);
4. Enrolar mais duas vezes à volta da mesma área. Voltar a enrolar a ligadura na base do pé e repetir o mesmo processo até a ligadura acabar;
5. Terminar fixando convenientemente. Levar a vítima ao hospital.
Como prevenir a entorse do tornozelo
· Usar sapatos apropriados e de tamanho ideal, durante o exercício;
· Alongar os membros antes e depois de atividades desportivas ou de lazer;
· Evitar mudanças bruscas de posição e de direção;
· Enfaixar os tornozelos durante os desportos vigorosos, especialmente se já houver uma lesão antiga.
Luxação
Consiste na perda de contato das superfícies articulares por deslocação dos ossos que formam a articulação, o que acontece quando esta sofre uma violência direta ou indireta, podendo ser provocada por queda ou pancada, resultando geralmente um traumatismo acompanhado de rutura dos ligamentos e da cápsula, podendo coexistir ou não fratura de um ou mais ossos.
NÃO tentar recolocar os ossos na posição normal, pois pode provocar lesões adicionais nos tecidos vizinhos, vasos e/ou nervos.
Sinais e sintomas
· Dores violentas na articulação ou junto dela;
· Incapacidade em movimentar a articulação;
· Deformação da articulação;
· Edema e mais tarde equimose na zona lesionada;
Primeiro Socorro
1. Instalar vítima em posição confortável;
2. Imobilizar sem fazer qualquer redução;
3. Aplicar frio, por exemplo, gelo ou neve envoltos num pano de forma a evitar lesões pelo frio em contacto direto com a pele;
4. Não dar nada a beber, agasalhar para prevenir o mal-estar;
5. Prevenir e combater o choque e transportar urgente/ para o hospital.
Fratura
Carateriza-se pela perda da continuidade da substância óssea. Quando ocorre uma fratura, chamamos a toda a região afetada o foco de fratura. A linha segundo a qual o osso parte denomina-se traço de fratura, e as duas pontas de osso que ficam partidas são conhecidas por topos ósseos. Também podem permanecer pequenos fragmentos de osso no foco de fratura que chamamos esquírolas ósseas.
Quanto à perda de continuidade
· Simples
· Cominutivas
· Expostas
Quanto à apresentação
· Fratura fechada – quando não existe ferida na zona da fratura;
· Fratura aberta ou exposta – sempre que há ferida associada ao foco de fratura.
Quanto ao tamanho da lesão
· Fraturacompleta ou total – o osso quebra separando-se completamente;
· Fratura incompleta ou parcial – o osso apresenta solução de continuidade, mas não atinge toda a espessura.
Quanto à causa
· Traumática – traumatismo num osso normal, que exerce sobre ele uma força suficientemente forte para fraturá-lo;
· Patológica – o osso é quebrado numa área enfraquecida por doença preexistente, por uma força que teria deixado intacto um osso normal;
· Stress – causada por forças repetitivas, que desenvolvem uma fissura no osso, a qual pode evoluir para fratura completa.
Sinais e sintomas
· Presença de um antecedente traumático;
· Dor intensa, de aparecimento brusco na zona afetada, ainda que por vezes apenas existam pontos sensíveis à palpação do osso;
· Edema resultante da reação normal de defesa do organismo ao trauma;
· Equimose e/ou hematoma de extensão variável de acordo com o osso lesado;
· Incapacidade funcional;
· Deformação do membro lesionado;
· Ponto de impacto, lesões na pele ou tumefação da zona afetada;
· Crepitação óssea – a pesquisa deste sinal é muito dolorosa, podendo provocar lesões vasculares e nervosas, pelo que a sua pesquisa se deve evitada;
· Em fraturas abertas pode-se observar o osso desde o exterior e há o risco de infeção.
Primeiro Socorro
1. Manter a calma e o domínio da situação. Afastar os curiosos e as pessoas que estão a atrapalhar e ter o cuidado de manter o doente confortável, acalmando-o e conversando com ele;
2. A dificuldade respiratória, as hemorragias graves e os estados de inconsciência devem ser socorridos antes da fratura;
3. Tentar localizar a fratura tocando delicadamente na superfície de cada membro, começando por aquele onde menos espera a lesão;
4. Avaliar a situação e ponderar se é uma situação de urgência prioritária: fraturas abertas (com ferida ou exposição de parte do osso), fratura com grande hematoma (sinal de derrame interno), fraturas acompanhadas de inconsciência, mal-estar geral ou vómitos;
5. Durante o socorro manter a vítima protegida do frio, moderadamente aquecida;
6. A vítima não deve ser movida até que a região afetada esteja corretamente imobilizada, excetuando os casos de perigo de vida (incêndio ou queda de edifícios);
7. Fixar e apoiar o membro fraturado, segurando com uma das mãos acima e outra abaixo do local da fratura;
8. Para imobilizar uma fratura, deve impedir-se todo o movimento na articulação acima e abaixo do foco da fratura. Utilizar ligaduras e talas improvisadas, fazendo suspensão e travando contra o corpo no caso de se tratar de um membro superior;
9. As ligaduras devem ser usadas suficiente/ apertadas para evitar movimentos, mas não devem interferir com a circulação;
10. Se possível elevar o membro lesionado para minimizar a hemorragia, o edema e o estado de choque.
Coberturas
As coberturas servem para segurar pensos, tapar feridas, fixar talas, suspender membros e inclusive fixar e imobilizar extremidades. Posição funcional da articulação que se deve ter em conta nas coberturas:
· Ombro: 90º de flexão;
· Cotovelo: 90º de flexão; 
· Pulso: 20º de flexão dorsal;
· Metacarpo-falângica: 45º de flexão;
· Interfalângica proximal: 90º de flexão;
· Interfalângica distal: 45º de flexão;
· Anca: em extensão;
· Joelho: 20º de flexão;
· Tornozelo: 90º entre o pé e a perna.
Imobilizações
A imobilização de uma fratura inicia-se por uma ligeira e suave tração (a tração de um membro não corresponde ao ato da redução “fazer voltar ao seu lugar os ossos fraturados”. A redução é um ato médico ou de pessoal especializado) prévia da mesma, segundo o eixo em que se encontra o membro, seguida de alinhamento e estabilização dos ossos.
Quando as lesões são articulares, a tração a exercer deve ser mínima e realizada com a participação ativa do sinistrado. No caso de resistência à mobilidade, a fratura deve ser imobilizada na posição em que se encontra.
A imobilização das extremidades alivia a dor, produz hemostasia e diminui a lesão tecidual no local da fratura. Deve-se imobilizar o membro fraturado, para evitar que a fratura se volte a deslocar.
Deve-se imobilizar no mínimo uma articulação acima e outra abaixo do foco da fratura, com a finalidade de evitar a movimentação da zona fraturada.
Deixar os dedos a descoberto, de forma que se consiga observar, no caso de aparecimento de sinais e sintomas de pressão excessiva provocada pela cobertura (escurecimento dos dedos, temperatura, perda de sensibilidade, formigueiro, motricidade, etc).
Para imobilizar o membro, utilizam-se talas que mantém a extremidade lesionada em posição fixa e impedindo o seu movimento. Normalmente utilizam-se duas talas, para a parte interior da extremidade lesionada e outra para a parte exterior.
Fraturas de mãos e dedos
Imobilizar os movimentos do pulso e do cotovelo:
· Colocar uma tala de madeira (ou cartão) almofadada por baixo do antebraço;
· Elevar o membro com a ajuda de um lenço triangular ou outro improviso e providenciar o transporte para um centro hospitalar;
· Nunca esquecer que em todas as lesões do membro superior o braço deve ficar suspenso ao peito.
Fraturas das falanges dos dedos, exceto o polegar
· Imobilizar o dedo lesionado colocando uma compressa entre esse dedo e o dedo do lado;
· De seguida unem-se os dois dedos com fita adesiva ou uma ligadura;
· Deixar o leito ungueal (unha) à vista para controlar a correta circulação do sangue.
Fratura do escafoide
É o osso do carpo que se fratura com maior frequência. É provocada por uma queda sobre a mão em flexão dorsal ou golpe direto sobre a região dorsal da mão por baixo do estiloide radial. O tempo de imobilização é de 1 mês e meio a 4 meses.
Fraturas do antebraço
As fraturas do rádio e do cúbito são as mais frequentes. As fraturas isoladas do cúbito surgem, geralmente, devido a golpes diretos no antebraço, por exemplo uma bastonada. As fraturas isoladas do rádio são ocasionadas por quedas sobre a mão estendida para fora ou por golpes diretos. Deve imobilizar-se o pulso e o cotovelo a 90º.
A maior parte da estabilização vem antes e após a fratura. Pode ser feita com um lenço, com uma cinta ou talas angulares.
Fratura do rádio
A mais frequente é a fratura completa (afeta o osso cortical todo) extra-articular com desvio posterior (dorsal) de fragmento distal (fratura de Colles).
Os sinais e sintomas incluem dor, edema, deformidade óssea e impotência funcional da mão e do punho.
· Colocar talas e proceder à imobilização provisória de fratura de antebraço;
· Estabilizar num local atrás e num local à frente da fratura;
· As talas acolchoadas, que se fixam com ligadura ou adesivo, são colocadas sobre a face anterior e posterior do antebraço, sem colocar na zona da mão para não macerar.
Fratura do braço
As fraturas podem ocorrer em qualquer zona do braço, incluindo o cotovelo. Este tipo de fraturas pode causar extensas lesões nos vasos sanguíneos e nervos circundantes.
Os sinais e sintomas incluem dor e sensibilidade no local da lesão que aumenta com os movimentos, tendência para apoiar o braço do lado lesionado junto ao cotovelo, incapacidade de usar o braço lesionado, tumefação e deformação local, que poderá ser visível ou não.
· Cruzar o membro lesionado sobre peito da vítima;
· Colocar uma almofada, ou material similar, entre o braço lesionado e o peito.
Para improvisar imobilização do úmero:
· Fazer a suspensão do membro com um lenço;
· Colocar uma revista ou jornal em forma de "telha" a proteger a zona do osso fraturado;
· Fixar o braço ao tronco com outro lenço ou com ligaduras.
Fratura da clavícula
É geralmente provocada por uma força indireta resultante de uma queda sobre um braço esticado ou sobre a extremidade de um ombro.
Os sinais e sintomas são:
· Dor e sensibilidade no local da lesão que aumento com os movimentos;
· A vítima tem tendência para apoiar o braço do lado lesionado junto ao cotovelo, mantendo a cabeça inclinada para o mesmo lado, a fim de aliviar a dor;
· Tumefação e deformação visíveis e palpáveis, sobre o local da fratura.
Primeiro socorro
· Fazer a extensão da clavícula;
· Colocar

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