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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DA Juízo do processo judicial#Retorna o juízo do processo judicialf98@PROC.. DE Órgão do processo judicial#Retorna o órgão do processo judicial97@PROC...
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Nº Número do processo#Retorna o número formatado do processo96@PROC..
O ESTADO DE PERNAMBUCO, pessoa jurídica de direito público interno, por intermédio do seu Procurador ao final assinado, no exercício das atribuições legais do art. 3.°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.° 02/90, vem, tempestivamente, perante Vossa Excelência, nos autos da reclamação trabalhista em epígrafe, com fulcro no art. 847 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) apresentar DEFESA ao inteiro teor da presente Reclamação, o que faz nos termos e pelas razões a seguir expostas:
1.		DOS FATOS:
Em síntese, alega a parte Reclamante que foi contratada pela empresa Nome da parte passiva selecionada#Retorna o nome da parte passiva selecionada44@PAPT.. (Primeira Reclamada), para prestar serviços ao CONTESTANTE, na sua Xxxxxxxxxxxx xxxxx e que, no curso de seu contrato, teve diversos direitos sonegados.
Pleiteia a condenação subsidiária do contestante, o que, no entanto, não deve ser acolhido, consoante será detalhado a seguir.
2. 		PRELIMINARMENTE:
Inicialmente, argui-se as seguintes questões preliminares:
DA AUDIÊNCIA INAUGURAL:
O contestante requer a dispensa de sua participação na audiência inaugural, o que faz com lastro na recomendação CRT nº. 01/2013, da Corregedoria do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região.
Para tanto, declara a desnecessidade de intimação dos atos praticados na assentada, inclusive acerca da ciência da data designada para a audiência em prosseguimento ou de julgamento, a qual comparecerá, independente de intimação, caso queira produzir provas.
ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SEGUNDO RECLAMADO NÃO TOMADOR DE SERVIÇOS:
Antes de se ingressar no mérito da lide, convém arguir-se a ilegitimidade passiva do segundo reclamado, pois, como se verifica da simples leitura da exordial, a função desempenhada pelo reclamante é eminentemente administrativa interna e própria da sua empregadora.
Ou seja: os serviços do reclamante estavam restritos à operação interna de sua empregadora, não se revertiam ao ente público. Era parte da atividade-meio da empresa primeira reclamada.
DA CARÊNCIA DE AÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 485, VI, DO CPC EM FACE DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SEGUNDO RECLAMADO:
A presente ação foi intentada contra a FUSAM, antiga Fundação Pública extinta pela lei complementar estadual nº 43/2009, em anexo. Dessa forma, a segunda reclamada não tem personalidade jurídica e carece da capacidade para ser parte em qualquer relação processual. 
Assim, inexistindo personalidade jurídica do réu, não pode este ser acionado pelo fato descrito na petição inicial, haja vista sua manifesta incapacidade para ser parte.
Note-se – em primeiro plano – que a inicial e seus pedidos é que delimitam o escopo da lide e, pelo princípio da Adstrição, o Juiz não pode julgar além das partes no processo ou dos pedidos deduzidos, sob pena de ofender os artigos 840 da CLT, bem como, 141 e 492 do Novo CPC.
Com efeito, é de se lembrar que o artigo 141 do CPC veda expressamente que o magistrado conheça “de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.”
É que o Magistrado não pode, sob pena de ofensa ao princípio da inércia da jurisdição, corrigir, de ofício, o pólo passivo da demanda, uma vez que já ocorreu a estabilização a relação jurídica processual.
Por tudo isso, é nula a alteração de componentes no pólo passivo da lide se operada de ofício, o que – desde já – requer seja reconhecido e declarado, para se anular os atos processuais relativos ao peticionante, respeitando-se o contido na petição inicial.
De tal modo, merece destaque que o Novo CPC prescreve expressamente que a ilegitimidade da parte é causa de indeferimento da inicial, conforme se transcreve a seguir:
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando:
(..)
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
Além disso, caso se verifique a ausência de um desses pressupostos após a fase postulatória, ou seja, com a estabilização da lide, deverá ser declarada a carência da ação. 
Assim afirma o art. 485. CPC 2015:
Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
À vista do exposto, requer seja extinto o processo sem resolução do mérito em relação ao Contestante.
3.		DO MÉRITO:
Neste tópico, demonstra-se inicialmente a total ausência de responsabilidade do ente público demandado, para, em seguida, contestar cada um dos pedidos lançados na exordial.
A IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DO ENTE PÚBLICO POR FALTA DE PEDIDO:
Inaugurando-se o capítulo do mérito, demonstra-se que não foi lançado pedido de condenação do ente público, motivo pelo qual não se pode condená-lo, sob pena de nulidade da sentença, conforme Princípio da Adstrição, regra consagrada nos artigos 141 e 492 do Novo CPC:
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Portanto, é improcedente a demanda em relação ao ente público contestante.
DA INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA:
 
É incontroverso que a parte reclamante não foi empregado do Ente Público defendente, contudo, conta no rol dos seus pedidos a condenação solidária deste.
Tal pleito não merece prosperar.
 Ocorre que a ordem jurídica trabalhista contempla, em síntese, quatro tipos de responsabilidade: responsabilidade direta, que corresponde a responsabilidade do empregador direto (art. 2º); A responsabilidade por sucessão trabalhista (arts. 10 e 448); A responsabilidade subsidiária, que corresponde a responsabilidade do tomador de serviços (súmula 331 TST); e, A responsabilidade solidária, face a existência de Grupo Econômico (art. 2º, § 2º da CLT).
 Todavia, não há o que se falar em responsabilidade solidária do Ente Público com a primeira reclamada, posto inexistir grupo econômico formado entre a(s) reclamada(s) o Ente Público. 
Ora, grupo econômico se caracteriza quando diversas empresas, cada uma com personalidade jurídica distinta, encontram-se vinculadas por um liame de coordenação ou subordinação traduzida na unidade de direção empresarial. Define-se o grupo como conjunto de empresas ou sociedades juridicamente independentes, submetidas à unidade de direção.
 A ordem justrabalhista delimita claramente o tipo de sujeito de direito que pode compor a figura do grupo econômico aventado pela CLT. O componente do grupo não pode ser qualquer pessoa física, jurídica ou ente despersonificado. Não se trata, portanto, de qualquer empregador, mas somente certo tipo de empregador, diferenciado dos demais em função de sua atividade econômica. Assim, surge o primeiro requisito para a caracterização do grupo econômico.
 Em face dessa qualidade especifica exigida pela ordem jurídica ao membro do grupo, não têm aptidão para compor a figura do grupo econômico, entes que não se caracterizem por atuação econômica, que não sejam essencialmente seres econômicos, que não consubstanciem empresas. É o que ocorre, ilustrativamente, com o Estado e demais entes estatais, com o empregador doméstico, com os entes sem fins lucrativos nominados no §1º do art.2º CLT, e ali chamados de empregadores por equiparação (profissionais liberais, instituições de beneficência, associações recreativas, etc).
 
Desta forma, conclui-se pela inexistência de motivação para a presença do Ente Público na presente lide, de maneira que se deve atentar para sua ilegitimidade passiva ad causam, haja vista que nunca existiu qualquer vínculo empregatício entre o Ente Público e a parte reclamante.Legitimado a figurar no pólo passivo do feito é, tão-somente, a empresa que tenha contratado a reclamante, porquanto seria com esta que poderia existir um contrato de trabalho, a justificar a legitimidade recíproca para eventuais pretensões e resistências.
 Não é demais relembrar que uma vez traçados os limites da lide, é vedado ao juiz ultrapassá-los, de acordo com a disciplina do art. 460 do CPC.
 Sendo certo que “a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”, na dicção do art. 265 do CC e sendo igualmente certo que não há lei que regulamente essa solidariedade nem foi ela objeto de convenção entre as partes contratantes, deve a ação ser julgada improcedente quanto ao Litisconsorte defendente.
DA IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO AUTOMÁTICA DO ENTE PÚBLICO TOMADOR DE SERVIÇOS: TESE DO RE 760.931 - TEMA 246 DO STF
Inicialmente, merece destaque que o acórdão afasta a incidência do artigo 71, § 1º, da Lei Federal 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), sem qualquer declaração especial, a qual dispõe expressamente que:
“A inadimplência do contratado com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento”. 
Ademais, ainda que se considere a tese de responsabilidade subsidiaria por culpa da Administração, merece destaque que não é possível fazê-lo em função da simples verificação do débito. Isto porque não existe a responsabilidade objetiva da Administração Pública nestes casos.
Entender de tal forma importa em violar os artigos 5º, II, e 37, §6º da Constituição Federal e ofender o dispositivo do artigo 71 da Lei 8666/93, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal na ADC 16. 
Outrossim, merece destaque que a aplicação da tese de responsabilidade subjetiva, ou seja: por culpa da Administração, conforme previsto na Súmula 331 do TST, demanda a evidência da sua conduta culposa, seja em eleger, contratar ou fiscalizar.
NÃO É A HIPÓTESE DOS AUTOS. 
Com efeito, a inicial não aponta qualquer evidência de culpa do tomador de serviços. E, por outro lado, a documentação em anexo revela absoluta regularidade no processo de licitação, na contratação e na fiscalização , o que afasta qualquer hipótese de culpabilidade deste, seja in eligendo, in contraendo ou in vigilando.
Repita-se: para se responsabilizar o ente público subsidiariamente por inadimplência de parcelas trabalhistas, é imperioso demonstrar sua culpa in eligendo, contraendo ou vigilando, nos termos do inciso V do enunciado 331 do TST, que tem a seguinte redação:
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.
Com efeito, o ordenamento jurídico não permite presumir culpa, de forma que é ônus do trabalhador comprovar a culpa da Administração, fato constitutivo de seu direito, sob pena, inclusive de ofensa ao art. 818, I, da CLT, com a redação da lei nº 13.467, de 2017:
Art. 818.  O ônus da prova incumbe:
I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ...
Ao presumir, na ausência de provas, que houve culpa in vigilando da Administração Pública, a sentença parte se uma premissa equivocada e finda por impor ao ente público uma responsabilidade indevida.
Portanto, compete à parte reclamante provar nos autos a culpa da administração, sendo defesa a inversão do ônus da prova, sob pena de responsabilização automática da Fazenda Pública, o que materializa afronta a ADC 16, ao art. 71, §1º, da Lei 8.666/93, art. 818 da CLT e ainda o art. 374, IV, do NCPC.
Frise-se, por oportuno, que o tema veiculado neste recurso foi objeto de recente apreciação do excelso Supremo Tribunal Federal no RE 760.931, quando fixou a tese 246, in verbis:
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”.
Logo, não pode o Ente Público responsabilizar a Administração Pública subsidiariamente em razão da mera constatação de inadimplência trabalhista, sob pena de se afastar a autoridade da decisão proferida pelo STF na ADC 16 e no RE 790.631.
É de se ressaltar, por fim, que decidir de forma diversa da tese fixada pela Suprema Corte importa em violação ao Princípio da Economia Processual, haja vista que fatalmente levará os autos àquela mais alta corte, procrastinando a solução da lide.
Isto porque o STF vem cassando reiteradamente os julgados que deixam de aplicar a tese do RE 790.631 (tema 246), como bem ilustra o aresto a seguir transcrito, em julgado de sua 1ª Turma:
"CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO. RECLAMAÇÃO CONTRA DECISÃO QUE ATRIBUIU RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA AO ESTADO DO MARANHÃO SEM A DEMONSTRAÇÃO DE COMPORTAMENTO SISTEMATICAMENTE NEGLIGENTE OU DE NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DO PODER PÚBLICO E O DANO SOFRIDO PELO TRABALHADOR. ALEGADA VIOLAÇÃO À ADC 16 AO RE 760.931. OCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1. Por ocasião do julgamento do RE 760.931, sob a sistemática da Repercussão Geral, o Plenário desta SUPREMA CORTE afirmou que inexiste responsabilidade do Estado por débitos trabalhistas de terceiros, alavancada pela premissa da inversão do ônus da prova em favor do trabalhador. 2. No caso sob exame, não houve a comprovação real de um comportamento sistematicamente negligente do agravante, tampouco há prova do nexo de causalidade entre a conduta comissiva ou comissiva do Poder Público e o dano sofrido pelo trabalhador, a revelar presunção de responsabilidade do reclamante, conclusão não admitida por esta CORTE quando do julgamento da ADC 16. 3. Recurso de agravo a que se dá provimento" (Rcl 36836 ED-AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 14/02/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-051 DIVULG 09-03-2020 PUBLIC 10-03-2020, destaques acrescidos). 
A situação vem sendo reconhecida pelo próprio TST, como registrado no processo TST-AIRR-1571-64.2015.5.06.0009, julgado em 30 de abril de 2020, sob a relatoria do Exmo. Sr. Ministro Alexandre Luiz Ramos, ocasião em que fez registrar o seguinte: 
(...)
A questão já está resolvida pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Tema nº 246 da Tabela de Repercussão Geral daquela Corte. 
O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da ADC nº 16/DF, decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é constitucional. Todavia, entendeu que não há impedimento para o reconhecimento da responsabilidade da Administração Pública, desde que comprovada a omissão do tomador de serviços na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas pela prestadora em relação a seus empregados. Por sua vez, quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 760.931/DF, com repercussão geral reconhecida, o Supremo Tribunal Federal firmou as seguintes teses sobre a controvérsia em exame: (a) não é possível a transferência automática da responsabilidade do Poder Público pelo inadimplemento dos encargos trabalhistas não quitados pela empresa prestadora dos serviços, sendo necessária a comprovação do nexo de causalidade entre o inadimplemento das obrigações trabalhistas e a conduta negligente dos integrantes da Administração Pública na fiscalização da prestadora de serviços, (b) a eficiência da fiscalização não é fator relevante para a responsabilização da Administração Pública, que se isenta de culpa com a fiscalização ainda que por amostragem, e (c) é do empregado o ônus de provar a conduta culposa da Administração Pública na fiscalização das empresascontratadas na forma da Lei nº 8.666/93. 
(...)
Por outro lado, há de se considerar que, mesmo após o julgamento do E-RR-925-07.2016.5.05.0281 pela SbDI-1 do TST, o Supremo Tribunal Federal reafirmou, em julgados supervenientes, sua jurisprudência quanto ao tema, afastando, de forma expressa, a possibilidade de responsabilização do ente público, sob o fundamento da inversão e atribuição do ônus da prova ao tomador. Repisou-se que a tese firmada na ADC nº 16 pacifica a questão, a fim de exigir, para responsabilização do Estado, a comprovação real de comportamento sistematicamente negligente do ente público:
(...)
No presente caso, conforme se observa do acórdão recorrido, a Corte Regional reconheceu a responsabilidade subsidiária sem que houvesse comprovação cabal de um comportamento sistematicamente negligente do ente público, tampouco prova do nexo de causalidade entre o dano sofrido pelo trabalhador terceirizado e a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público no tocante à fiscalização da empresa prestadora de serviços quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas. 
Assim sendo, com fundamento no art. 932, V, "b", do CPC/2015, reconheço a existência de transcendência política da causa e, em consequência, dou provimento ao agravo de instrumento, para conhecer do recurso de revista, à luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Tema nº 246 da Tabela de Repercussão Geral daquela Corte, e, no mérito, dar-lhe provimento, para julgar improcedente o pedido de responsabilização subsidiária do ente público pelo pagamento das parcelas trabalhistas deferidas na presente ação. 
Publique-se. 
Brasília, 30 de abril de 2020.
 
POR TODO O EXPOSTO, A PRETENSÃO DE SE RESPONSABILIZAR O ENTE PÚBLICO NESTES AUTOS DEVE SER REJEITADA.
DA IMPROCEDÊNCIA DOS TÍTULOS PLEITEADOS:
Após demonstrar que não há razão jurídica a se atribuir qualquer responsabilidade ao ente público enquanto tomador de serviços, por cautela, passa-se a contestar cada um dos pedidos lançados na inicial pela parte reclamante.
E, por cautela, desde já, reitera os termos que lhes são favoráveis na defesa ofertada pela Primeira Reclamada.
Vejamos:
SOBRE AS PARCELAS RESCISÓRIAS: AUSÊNCIA DE CULPA DO CONTRATANTE E OBRIGAÇÕES DE NATUREZA PERSONALÍSSIMA, NÃO TRANSFERÍVEIS À TOMADORA:
No tocante aos pedidos relativos às verbas rescisórias, anota-se a impossibilidade de se imputar qualquer responsabilidade ao CONTESTANTE. Primeiro, por que se trata de obrigações cujo fato gerador manifestou-se isoladamente no fim do contrato mantido entre a Primeira Reclamada e o ente Público, de forma que resta evidenciado que no curso de todo o contrato inexistiu falta da Administração que ensejasse sua responsabilidade. Segundo, por que a rescisão do contrato de prestação de serviços não está vinculada à rescisão do contrato de emprego, de modo que é dever da empresa prestadora de serviços honrar os direitos trabalhistas decorrentes da ruptura do vínculo de emprego. Terceiro, por que os atos de baixa da CTPS; confecção e entrega das Guias de Comunicação de Dispensa para habilitação no Seguro Desemprego; Liberação da Chave de Conectividade do FGTS; entrega de Carta de Referência, etc, são de natureza personalíssima do real empregador, de modo que a tomadora jamais poderá executar tais tarefas ou cumprir estas obrigações. 
DOS PLEITOS RELATIVOS À DIFERENÇA DE FGTS:
No tocante aos pedidos relativos a FGTS, é necessário reconhecer, inicialmente, que a parte reclamante não delimitou o período reclamado, o que torna impossível a apreciação de seu pleito e impede o regular exercício da defesa. Assim, é de ser extinto sem enfrentamento de mérito o processo, neste ponto.
Por outro lado, o Ente Público, não sendo o empregador da reclamante, por força do art. 15 da Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990, não pode ser compelido a promover depósito fundiário. 
Por todo o exposto, merece ser julgado improcedente o pleito.
DO SALÁRIO “POR FORA”:
Nunca houve qualquer pagamento sem registro. Toda a remuneração do trabalhador era devidamente registrada nos seus holerites. É improcedente a pretensão de integração e repercussão de tal verba.
DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL:
A teor do art. 461 consolidado, para se fazer jus a equiparação salarial, é preciso apresentar trabalho de igual valo, assim entendido como aquele com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos.
Esta não é a hipótese dos autos, consoante será apurado em instrução.
DOS BENEFÍCIOS CONVENCIONAIS PERSEGUIDOS E INAPLICABILIDADE DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO TRAZIDA AOS AUTOS:
Em relação ao pleito obreiro de aplicação dos direitos estabelecidos nas normas coletivas trazidas aos autos, é preciso destacar que o sindicato patronal convenente não abriga a contestante nem suas contratadas, de modo que os benefícios estabelecido neste instrumento normativo não podem ser estendidos ao Reclamante.
Com efeito, a formação dos Sindicatos e, consequentemente, o enquadramento das Normas Coletivas com eles produzidas (CCTs e ACT) se dá prioritariamente por categoria econômica  e, apenas subsidiariamente por atividade diferenciada, (art 511 da CLT), motivo pelo qual, o alcance das normas coletivas são limitadas aos convenentes. Veja a redação do art. 611, na parte sublinhada:
 
Art. 611 – Convenção  Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.  
 
Pelo fato do tema ter sido controverso no passado, o TST editou súmula a este respeito. Vejamos:
 
SUM-374 NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊN-CIA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 55 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005  Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria. (ex-OJ nº 55 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996)
 
De tal maneira, para se aplicar vantagens estabelecidas em determinada CCT, é preciso que o ACT ou CCT em questão tenhasido firmado entre o Sindicato dos Trabalhadores   e o Sindicato Patronal, ou a própria empresa. 
 
Evidente, portanto, a improcedência dos pedidos relativos a Vales transporte, cesta básica, piso da categoria e multas.
DAS FÉRIAS:
O reclamante pretende o pagamento de férias em dobro, por todo seu contrato de trabalho. Ocorre, porém, que todos os períodos de férias vencidos ao longo do período em que esteve vigente o contrato de prestação de serviços entre as reclamadas foram gozados pelo reclamante.
Além disso, as regras de aquisição e concessão das férias, previstas nos artigos 131 e seguintes da CLT, são incompatíveis com a pretensão ofertada.
DA JORNADA E REFLEXOS:
Em síntese, o Reclamante alega que sua jornada era xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Em função disso, requer a condenação das reclamadas no pagamento de horas extras e incorporação e reflexos legais.
Porém, ele jamais extrapolou a jornada legal contratada, de modo que é improcedente a sua demanda, com os assessórios: intervalos e reflexos.
Note-se, por oportuno, que a lei 13.467/2017, reformou a CLT e alterou a redação dos artigos 58 e 59, acrescendo a estes a possibilidade de estipulação regime de compensação de jornada, inclusive de forma individual e tácita. 
Vejamos:
DA JORNADA DE TRABALHO
Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
§ 1o Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
§ 2º  O tempodespendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 3o (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 58-A.  Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 1o  O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
§ 2o  Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
§ 3º  As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)
§ 4o  Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para fins do  pagamento  estipulado  no § 3o, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 5o  As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 6o  É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário.                    (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 7o  As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130 desta Consolidação.                   (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
Art. 59.  A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.                    (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 1o  A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 2o  Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
§ 3º  Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma dos §§ 2o e 5o deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.   (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 4o  (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 5º  O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
§ 6o  É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês.                    (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
Art. 59-A.  Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.                (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 1º  A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73.                (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
§ 2º  É facultado às entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.                (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
Art. 59-B.  O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.                    (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
Parágrafo único.  A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas.                    (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)         (Vigência)
Logo, não há que se falar em sobrejornada no caso destes autos.
DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL:
Sustenta a parte reclamante que sofreu dano moral indenizável. Sua tese, contudo, não merece prosperar.
Em síntese, a doutrina civilista, que reflete nos artigos 186 e 927 do Código Civil, de aplicação subsidiária ao direito do trabalho em razão do art. 8º da CLT, diz que todo aquele que, (i) em decorrência de ato ilícito praticado por terceiro (ii) sofrer dano, deve ser reparo. Logo, a existência de dano indenizável depende de (i) ato/conduta ilícita e de (ii) efetivo dano/prejuízo.
Ocorre que no caso dos autos não se revela o ato ilícito nem há qualquer evidência de dano sofrido pelo reclamante, por que a simples mora salarial e de outras verbas trabalhistas não enseja, por si só, dano de natureza extrapatrimonial, especialmente por que a CLT dispõem penalidade especifica para essa hipótese. Eis como se encontra a jurisprudência consolidada no TST:
RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ATRASO NO PAGAMENTO DE VERBAS RESCISÓRIAS. ATRASO NO PAGAMENTO DE UM MÊS DE SALÁRIO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. A jurisprudência desta Corte já sedimentou entendimento no sentido de que o atraso no pagamento das verbas rescisórias, por si só, não configura dano moral. Tal entendimento se justifica por já existir penalidade própria na lei trabalhista contra essa conduta (art. 477, § 8.º, da CLT). Assim, quanto ao inadimplemento das verbas rescisórias, deve ser demonstrada lesão que abale o psicológico do ex-empregado, apto a afetar sua honra objetiva ou subjetiva, o que não se verifica na hipótese. Por outro lado, a jurisprudência desta Corte também se orienta no sentido de que apenas o atraso reiterado no pagamento de salários evidencia dano moral in re ipsa. Contudo, no caso concreto, restou incontroverso o atraso salarial de junho de 2016, ou seja, atraso ocorrido em um único mês do contrato de trabalho. Assim, não houve reiteração da mora salarial a justificara reparação por dano moral pretendida na inicial, sem que tenha havido registro de outros danos concretos que tenham advindo dessa conduta. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (TST-RR-10932-08.2016.5.15.0143, TST, 2ª Turma, Relatoria da Ministra Delaíde MIRANDA ARANTES;Unanimidade; publicado no DJU em 01 de junho de 2018) 
Além disso, ainda que houvesse demonstração de ilícito, dano e nexo de causalidade, o alcance de eventual condenação ao tomador de serviços depende de demonstração de ilícito deste, tendo em vista que o dano moral tem natureza cível e não alcança a responsabilidade subsidiária por débitos trabalhistas, prevista no enunciado 331 da Súmula de Jurisprudência do TST. 
Diante do Exposto, evidente a improcedência do pedido indenizatório em relação ao Contestante também.
QUANTO AO PEDIDO DE ADICIONAL DE INSALUBRIDADE:
Sem razão, a parte Reclamante alega que deixou de receber o adicional de insalubridade a que teria direito. Isto porque a CLT, em seu art. 194, assegura a supressão do adicional, seja de insalubridade ou de periculosidade, na hipótese de eliminação do risco. E, por outro lado, o seu art. 195 impõe a realização de perícia técnica ao reconhecimento da condição de trabalho em condições perigosas. Logo, sem a perícia, impossível ser reconhecido qualquer direito decorrente de periculosidade.
QUANTO AO PEDIDO DE TICKETS:
A pretensão é inépta, visto que o reclamante não dispõe qual a sua medida, ou seja, deixa de indicar quantos e quais dias seria a suposta diferença de pagamento dos tíquetes que pretende receber.
Assim, não há fatos suficientes a esclarecer o dissídio, o que deve ser entendido como ausência de causa de pedir, razão pela qual merece ser reconhecida que, no particular, a inicial descumpre os preceitos do art. 840 consolidado e também do art. 282 do CPC, de modo que deve ser reconhecida e declarada sua inépcia, nos termos do art. 295 do CPC, extinguindo-se o feito.
No mérito, a pretensão é improcedente, porque não há norma que obrigue a concessão do benefício perseguido.
DA MULTA DO ART. 467 DA CLT:
Inicialmente, destaca-se que o pedido é impossível à Administração Pública, haja vista que o próprio dispositivo legal exclui a aplicação contra esta. Além disso, a multa só é devida nos casos onde houver verba salarial incontroversa devida ao obreiro, sendo impossível o deferimento ante a existência da lide sobre a questão, o que demonstra, de imediato, a natureza controversa das verbas. Por isso, é improcedente.
DA MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT:
Não é cabível, ainda, a condenação do Ente Público ao pagamento da multa do artigo 477, § 8° da CLT, haja vista que todos os pedidos são controversos. Além disso, ressalte-se, em face do seu caráter pessoal e punitivo, a impossibilidade de se imputar ao responsável subsidiário o pagamento de multas por infrações a que não deu causa, de modo que o Contestante não pode ser responsabilizado por eventual atraso no pagamento das verbas rescisórias. Trata-se de obrigação personalíssima do empregador.
DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE SE IMPOR RESPONSABILIDADE AO ENTE PÚBLICO, DIANTE DA PLURALIDADE DE TOMADORES DE SERVIÇO:
Finalmente, é de se destacar que não se pode imputar responsabilidade ao Ente Público defendente, uma vez que é incontroverso nos autos que havia uma infinidade de beneficiados pelo serviço prestado pela parte reclamante, de modo que fica impossível individualizar a medida de proveito e responsabilidade.
Nesse quadro, impor ao Ente Público que responda por eventual débito significaria imputar-lhe a responsabilidade por crédito decorrente de trabalho revertido em benefício de terceiro, o que, além de não se justificar mediante o ordenamento jurídico, importaria em flagrante injustiça.
A jurisprudência nacional é firme neste sentido, consoante demonstra-se pelos seguintes arestos, do TRT da Segunda Região:
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. VÁRIOS TOMADORES. HAVENDO MULTIPLICIDADE DE TOMADORES DE SERVIÇO QUE ERAM ATENDIDOS PELO AUTOR DURANTE A JORNADA, ATENDIMENTOS ESTES QUE ERAM REALIZADOS COM VARIAÇÃO DE FREQUÊNCIA E DE DURAÇÃO, NÃO SE MOSTRA VIÁVEL RECONHECER A RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DESTES TOMADORES PELAS VERBAS TRABALHISTAS NÃO ADIMPLIDAS PELO EMPREGADOR, DADA A IMPOSSIBILIDADE DE AFERIR-SE O PROVEITO DE CADA UM DA MÃO DE OBRA DO AUTOR. (TRT-2 - RO: 11468520105020 SP 00011468520105020312 A28, Relator: ADALBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 23/10/2013, 8ª TURMA, Data de Publicação: 28/10/2013. Disponível em http://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24864952/recurso-ordinario-ro-11468520105020-sp-00011468520105020312-a28-trt-2. Acesso em 29.09.2014 as 14h50)
 1. Responsabilidade subsidiária. Vários tomadores. Responsabilização de alguns. Impossibilidade. Recurso a que se nega provimento. (TRT-2 - RO: 26700620125020 SP 00026700620125020003 A28, Relator: ANISIO DE SOUSA GOMES, Data de Julgamento: 05/06/2013, 2ª TURMA, Data de Publicação: 12/06/2013. Disponível em http://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24687417/recurso-ordinario-ro-26700620125020-sp-00026700620125020003-a28-trt-2. Acesso dia 29.09.2014, as 14h20)
No mesmo sentido, ainda, precedente do TRT-4:
TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. VÁRIAS TOMADORAS. Em caso de terceirização de mão-de-obra para diversas empresas, a responsabilidade de cada uma, por óbvio, restringe-se unicamente ao período em que foram tomadoras, de forma exclusiva, da mão-de-obra do trabalhador, por isto é indispensável que o período seja fixado com precisão pelo acionante. Em caso contrário, deve ser julgada improcedente a ação contra as mesmas. (...) (TRT-4 - RO: 684008119985040331 RS 0068400-81.1998.5.04.0331, Relator: ALCIDES MATTE, Data de Julgamento: 24/04/2002, 1ª Vara do Trabalho de São Leopoldo. Disponível em www.jus.com.br. Acesso em 29.09.2014 as 14h20)
QUANTO AOS HONORÁRIOS:
Diante da total improcedência dos pedidos em relação ao ente público, não há que se falar em condenação deste em honorários. Ao contrário, o não reconhecimento de sua responsabilidade, por certo, ensejará a condenação do obreiro em honorários percentuais sobre o valor integral dos pedidos, o que, desde já, requer, fundado no Parágrafo 1º do artigo 791-A da CLT.
DA LIMITAÇÃO DA RESPONSABILIDADE AO PERÍODO DE EFETIVA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO ENTE PÚBLICO:
Finalmente, por cautela, requer-se que, na eventual procedência de qualquer pedido, em se entendo pela responsabilidade do Estado, esta seja limitada ao período de efetiva prestação de serviços, excluindo-se ferias, licenças, benefícios previdenciários e quais eventuais causas de suspensão que venha a ser apurada nos autos.
Entendimento diverso importaria, inclusive, em violação ao item 6 da Sumula 331 do colendo TST, que limita a responsabilidade ao período da efetiva prestação laboral:
SUM-331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
(...)
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. 
4. 		DA CONCLUSÃO:
Por todo o exposto e tudo o mais que consta e constará nos autos, requer-se o acolhimento das preliminares arguídas, o julgamento pela total improcedência dos pedidos e, alternativamente, a exclusão da responsabilidade do Contestante, julgando-se improcedente o pedido de sua condenação.
Por cautela, em função do Princípio da Oportunidade, requer-se ainda:
a) Seja observado o art. 818 da CLT quanto ao ônus da prova, de modo a impor à parte Reclamante a comprovação de todos os fatos alegados na inicial, haja vista serem constitutivos de seu pretenso direito. 
b) a aplicação do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela lei 11960/2009) de modo que nas eventuais condenações impostas à Fazenda Pública sejam observados os “índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”. 
c) a compensação de todas as parcelasjá recebidas pela parte reclamante que venham a ser comprovadas ou mesmo confessadas no curso da instrução processual.
d) Com base nas Leis nº 8.541/92 e 8.620/93, a efetuação dos devidos descontos, no crédito do Reclamante e a seu encargo, referentes a títulos tributários e previdenciários.
e) A aplicação do artigo 7º, XXIX, da CF/88, declarando-se prescritos os créditos surgidos cinco anos antes do ajuizamento da presente ação, bem como, prescrito o direito de ação caso já tenha decorrido mais de dois anos do término da relação de trabalho.
f) Seja conferido prazo para juntada de novos documentos ao estado, especialmente mídia física em CD/DVD ROM, na hipótese de volume excessivo de documentos, conforme prevê a Resolução TST 136/2014.
g) Seja, na eventual hipótese de qualquer condenação imposta ao contestante, seja reconhecida e declarada a sua isenção de custas judiciais, conforme preconizado pelo artigo 790-A, da CLT.
h)Seja, por fim, condenada a parte Reclamante nos ônus inerente à sucumbência, notadamente em relação aos honorários advocatícios sucumbenciais, previstos no artigo 791-A, §1º, da CLT. 
Nestes termos,
pede deferimento.
Recife, 11 de November de 2020.
PAULO COLLIER DE MENDONÇA
Procurador do Estado de Pernambuco
OAB/PE 20.833 – Matrícula 334.039-2