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A glicose é removida rapidamente da corrente sanguínea em um período de 2 h após uma refeição rica em carboidratos. Nesse período, os principais destinos da glicose são: • Como fonte de energia pela maioria, senão todas, as células do corpo; • Sua incorporação em moléculas de glicogênio, nas quais a glicose é armazenada por polimerização; • Sua transformação em ácidos graxos, que são incorporados nas moléculas de triacilglicerol. O aumento da concentração de glicose no sangue indica para as células do corpo que o alimento foi ingerido. Após uma refeição rica em carboidratos, o aumento da concentração de glicose no sangue desencadeia a secreção do hormônio insulina., que transporta a glicose até o tecido alvo, onde a glicose adentra por meio de difusão facilitada mediada pelas proteínas de transporte de membrana, os transportadores de glicose – GLUTs. A homeostase do metabolismo da glicose depende de respostas rápidas a alterações na glicemia. Independentemente de quais os casos, as adaptações metabólicas operam até que o nível basal da concentração de glicose no sangue, que é aproximadamente 5 mM, seja restabelecido. Esse ponto de ajuste é mantido devido aos efeitos opostos da glicose na taxa de secreção pancreática dos hormônios glucagon e insulina . A metabolização da glicose começa com sua fosforilação em glicose-6-fosfato, uma reação catalisada por hexoquinase (HK). Uma vez que a glicose é fosforilada, ela não pode sair da célula, exceto pela remoção do grupo fosfato, pela ação da glicose-6-fosfatase. Como essa enzima é expressa apenas nas células hepáticas e renais, a fosforilação da glicose na maioria das células, incluindo as células β, marca-a para metabolização dentro da célula. Existem 4 isoformas de HK. A isoforma presente nas células β, é a glucocinase (GK ou HK4), um monômero com baixa afinidade para a glicose e que, ao contrário das demais HK, não é inibida pelo produto da reação. A GK parece desempenhar o papel de sensor de glicose em todas as células que contêm GK, que incluem, além das células β, os hepatócitos, os neurônios hipotalâmicos especializados e os enterócitos endócrinos. No entanto, as respostas à detecção de glicose podem ser diferentes em cada uma dessas células. Nas células β, o aumento da concentração de glicose no sangue estimula a secreção de insulina, enquanto nas células hepáticas, induz a expressão de genes glicolíticos e lipogênicos. Além disso, a detecção de glicose nas células hipotalâmicas participa da regulação da ingestão de alimentos e do gasto energético, impactando o controle do peso corporal. insulina A insulina é produzida e secretada pelas células β das ilhotas pancreáticas de Langerhans. Ela é sintetizada como um único polipeptídeo chamado pré-pró-insulina. Sua sequência N-terminal, que consiste em um peptídeo sinal, é clivada à medida que o polipeptídeo é translocado para RE. Esta clivagem proteolítica induz a formação de pró-insulina, que é transportada para a rede trans do Golgi. A ação do pró-hormônio hidrolisa um segmento interno da pró-insulina chamado peptídeo C, bem como a carboxipeptidase E, gera a insulina madura. A insulina é embalada dentro de grânulos intracelulares que são secretados por exocitose. A secreção de insulina depende do metabolismo energético das células β. A utilização de glicose pelas células β ocorre em paralelo com o aumento da glicemia devido aos altos valores de GLUT2 e do alto KM de GK. Assim, o aumento na concentração de glicose no sangue é seguido por um aumento na razão ATP/ADP dentro das células β. A alta concentração intracelular de ATP inibe os canais K+ na membrana plasmática das células β, o que eleva a concentração de K+ intracelular e despolariza a membrana. Isso favorece a abertura do canal de Ca2+ dependente de voltagem, permitindo, a ativação da via secretora, levando à liberação de insulina das β-células. obs: O que aconteceria com a liberação de insulina no pâncreas se o transportador de glicose e a glicoquinase fossem substituídas por: O receptor de insulina é composto de subunidades α, que contêm o local de ligação à insulina, e subunidades β, que exibem atividade da tirosina quinase responsável pela autofosforilação do receptor. A subunidade β fosforilada recruta e fosforila os substratos dos receptores de insulina (IRS). Os efeitos da insulina no metabolismo são principalmente mediados pelo PI3-K, uma enzima composta por duas subunidades, uma subunidade reguladora p85 e uma subunidade catalítica p110. Quando o p85 se liga ao IRS fosforilado por Tyr (tirosina), ele recruta e ativa a subunidade catalítica p110, que fosforila o PIP 2, formando PIP 3. A PIP 3 recruta Ser/Thr cinases para a membrana plasmática, incluindo a proteína cinase dependente de 3-fosfoinisitida (PDK). Na membrana plasmática, o PDK fosforila e ativa outra Ser/Thr cinase – AKT (oui PKB) – que fosforila proteínas alvo, como GSK3, levando à ativação da síntese de glicogênio e AS160, que é inativada, permitindo a translocação das vesículas que contêm GLUT4 para a superfície celular e, consequentemente, levando ao aumento da captação de glicose através do GLUT4 no tecido muscular e adiposo. Essa isoforma GLUT não está presente constitutivamente na superfície celular, mas permanece sequestrada em vesículas intracelulares até que a via de sinalização da insulina seja ativada. Assim, enquanto a concentração de glicose no sangue é mantida em torno dos níveis basais, esses tecidos não são capazes de absorver glicose da corrente sanguínea e seus principais substratos metabólicos são os ácidos graxos. No entanto, após uma refeição com carboidratos, quando a glicose no sangue aumenta e a insulina é secretada, esse quadro se altera e a ligação da insulina ao seu receptor nas células musculares e do tecido adiposo leva à ativação do AKT (ou PKB). vias metabolicas A sinalização da insulina transmitida através da ativação do PI3-K altera a atividade de várias enzimas em diferentes vias metabólicas. O glicogênio é armazenado devido à ativação simultânea de sua síntese e inibição de sua degradação. Isso ocorre através dos efeitos combinados da fosforilação do GSK3 pelo AKT, o que resulta em sua inibição e na ativação do PP1. O PP1 está ligado aos grânulos de glicogênio, onde catalisa a desfosforilação da GS, promovendo sua ativação, e também atua no GP e na fosforilase quinase, levando à sua inativação. A glicólise é estimulada no fígado pela desfosforilação da enzima bifuncional PFK-2/F2,6-BPase (fosfofructoqui- nase-2/ frutose- 2,6-bisfosfatase), o que resulta na ativação da PFK2 e na inibição das atividades da F2,6BPase, levando a um grande aumento na concentração de frutose-2,6-bifosfato que, por sua vez, ativa a PFK1 e inibe a frutose-1,6-bisfosfatase, favorecendo a glicólise e interrompendo a gliconeogênese. A síntese de ácidos graxos e triacilglicerol é estimulada pela insulina, cuja via de sinalização leva à desfosforilação do ACC, permitindo polimerização e ativação induzidas por citrato, tanto no fígado quanto no tecido adiposo. A regulação da expressão gênica pela insulina também favorece a biossíntese lipídica, pois induz a expressão do gene ACC. resumo As respostas à hiperglicemia começam com o fígado e as células β sentindo os níveis mais altos de glicose no sangue através do sensor GLUT2/GK. As células β respondem ao aumento da glicemia secretando insulina, que atua nos tecidos e órgãos, estimulando ainda mais a utilização e o armazenamento da glicose. Nas células hepáticas, a glicose no sangue é internalizada pelo GLUT2 e convertida em glicose-6-fosfato, que possui pelo menos quatro destinos diretos: (a) conversão em glicogênio, (b) degradação por glicólise, (c) metabolização pela via dos pentose-fosfatos, ou (d) reconversão em glicose pela glicose-6-fosfatase. A ação da insulina noshepatócitos resulta em um aumento no acúmulo hepático de glicogênio e em um estímulo à glicólise com a subsequente transformação da glicose em ácidos graxos, que são então incorporados às moléculas de triacilglicerol. Os triacilgliceróis viajam na corrente sanguínea após sua incorporação ao VLDL para atingir o tecido adiposo, onde estão armazenados. GLUT4 é o principal transportador de glicose no tecido muscular e adiposo. Assim, a translocação dependente de insulina do GLUT4 para a superfície celular resulta em um grande aprimoramento na captação de glicose por essas células. A ação da insulina também resulta em uma rápida mudança para o uso de glicose como o principal substrato metabólico nessas células. Como os tecidos muscular e adiposo juntos representam mais de 60% do peso corporal e contribuem para quase um terço da taxa metabólica basal do organismo, sua atividade metabólica nessa situação causa uma rápida remoção de glicose da corrente sanguínea, seu armazenamento como glicogênio no músculo e triacilglicerol no tecido adiposo. ´ diabetes A diabetes Mellitus Tipo I (ou diabetes mellitus insulina dependente), é uma doença autoimune provocada pela destruição das células β pancreáticas, o que causa a incapacidade de produzir insulina em quantidade suficiente. Em seu tratamento, é necessária insulinoterapia e controle do equilíbrio entre a ingestão dietética e a dose de insulina por toda a vida. A diabetes Mellitus Tipo II é caracterizada pelo desenvolvimento de resistência à insulina, ou seja, estado no qual é necessária mais insulina para realizar os mesmos efeitos biológicos produzidos no estado sadio. A longo prazo, os pacientes podem ter a secreção de insulina, pelo pâncreas, diminuída e assim necessitarem de insulina exógena. Pessoas diabéticas apresentam altos níveis de glicose no sangue e não conseguem realizar sua captação para dentro dos tecidos. Sem glicose, o principal combustível para as células são os ácidos graxos. Assim, uma característica do diabetes é a oxidação excessiva e incompleta dos ácidos graxos em tecidos como fígado, tecido adiposo e músculo. A intensa beta-oxidação gera uma alta razão NADH/NAD+ e impede a oxidação do acetil-CoA pelo TCA. O acúmulo de acetil-CoA leva a produção dos corpos cetônicos, sendo um deles a acetona. Assim, no diabetes não tratado, o hálito do doente tem odor característico da acetona que está sendo exalada. A superprodução de corpos cetônicos resulta em uma concentração elevada no sangue e na urina. A presença destes no sangue gera uma diminuição do pH, gerando uma condição de acidose. Nos músculos, não é mais possível captar glicose, uma vez que seu transportador é dependente de insulina. Não só isso, devido à resistência à insulina, o GLUT4 sofre interferência em sua movimentação, o que o impede de captar glicose. A obesidade é uma das maiores razões para o desenvolvimento da resistência à insulina, uma vez que causa um estado inflamatório nos tecidos metabólicos que está associado ao desenvolvimento dessa resistência. O tecido adiposo é um tecido central no desenvolvimento de inflamação induzida pela obesidade, podendo ter parte do seu tecido exportado para outros tecidos (ectópicos), ocasionado a resistência à insulina destes também. A ligação do TNF-α ao seu receptor, leva a fosforilação e ativação das quinases JNK e IKK-beta. Essas quinases fosforilam um resíduo de serina na IRS1, o que impedem a fosforilação de IRS1 mediada pelo receptor de insulina. No tratamento Diabetes Mellitus Tipo II, as sulfonilureias se ligam às subunidades SUR1 (receptor de sulfonilureia) e promove o fechamento dos canais de K+ e estimula a liberação de insulina. PPARgama é um fator de transcrição expresso principalmente no tecido adiposo e está envolvido na ativação de genes que codificam proteínas necessárias para a síntese e o armazenamento de lipídeos nos adipócitos, assim como síntese do GLUT4. TNF-alfa medeia a redução da expressão de PPARgama. As tiazolidinedionas são medicamentos que se ligam ao PPARgama, ativando um conjunto de genes de adipócitos que aumentam a capacidade do corpo de absorver ácidos graxos da dieta e de armazená-los como TAG, e aumentam a captação de glicose.
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