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Tutorial 10: O drama de Ricardo 1. Conhecer a anatomia dos membros inferiores e as complicações de traumas nesses locais. Os membros inferiores são extensões do tronco especializadas para sustentação do peso do corpo, locomoção (a capacidade de se deslocar de um lugar para outro) e manutenção do equilíbrio. Os membros inferiores são divididos em regiões: região femoral, região do joelho, região cural (perna), região do pé. • JOELHO Formada por articulações, músculos e ligamentos, o joelho é responsável por grande parte dos movimentos que realizamos do dia a dia. Ele ainda confere sustentação a todo o peso do corpo e, também, recebe grande carga quando praticamos algum tipo de exercício físico. ➢ ESTRUTURA DO JOELHO Trata-se de uma ARTICULAÇÃO SINOVIAL, composto por três estruturas ÓSSEAS: Tíbia; Fêmur e Patela. Três ARTICULAÇÕES em sua cápsula articular: Articulação tibiofemoral (anterior e lateral) e Articulação patelofemoral. O MÚSCULO mais importante na estabilidade da articulação do joelho é o grande músculo quadríceps femoral, sobretudo as fibras inferiores dos músculos vastos medial e lateral. A cápsula articular é fortalecida por CINCO LIGAMENTOS EXTRACAPSULARES OU CAPSULARES (INTRÍNSECOS): ligamento da patela, ligamento colateral fibular, ligamento colateral tibial, ligamento poplíteo oblíquo e ligamento poplíteo arqueado. Os LIGAMENTOS INTRA-ARTICULARES do joelho consistem nos ligamentos cruzados e meniscos. Os MENISCOS da articulação do joelho são lâminas em forma de meia-lua (“hóstias”) de fibrocartilagem na face articular da tíbia que aprofundam a superfície e absorvem o choque. ➢ VASCULARIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO As artérias que suprem a articulação do joelho são os 10 vasos que formam a rede articular do joelho: os ramos geniculares dos ramos femoral, poplíteo e recorrentes anterior e posterior das artérias recorrente tibial anterior e circunflexa fibular. ➢ INERVAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO Refletindo a lei de Hilton, os nervos que suprem os músculos que cruzam a articulação do joelho também suprem a articulação; assim, os ramos articulares dos nervos femoral (os ramos para os músculos vastos), tibial e fibular comum suprem suas faces anterior, posterior e lateral, respectivamente. Além disso, porém, os nervos obturatório e safeno (cutâneo) enviam ramos articulares para sua face medial. • PERNA ➢ OSSOS A tíbia e a fíbula são os ossos da perna. A tíbia articula-se com os côndilos do fêmur superiormente e o tálus inferiormente e, assim, transmite o peso do corpo. A fíbula atua principalmente como fixação para músculos, mas também é importante para a estabilidade da articulação do tornozelo. a) Tíbia: Localizada na face anteromedial da perna, quase paralela à fíbula, a tíbia é o segundo maior osso do corpo. Ao contrário do fêmur, o corpo da tíbia está realmente em posição vertical na perna, tem formato aproximadamente triangular ao corte transversal e tem três faces e três margens: medial, lateral/interóssea e posterior. A margem anterior da tíbia é a mais proeminente. Essa margem e a face medial adjacente são subcutâneas em toda a extensão e conhecidas como “canela”. Seu revestimento periosteal e a pele sobrejacente são vulneráveis à equimose. b) Fíbula: A fíbula delgada situa-se posterolateralmente à tíbia e está firmemente fixada a ela pela sindesmose tibiofibular, que inclui a membrana interóssea. A fíbula não tem função de sustentação de peso. Sua função principal é a fixação muscular, sendo o local de fixação distal (inserção) de um músculo e fixação proximal (origem) de oito músculos. ➢ TELA SUBCUTÂNEA E FÁSCIA A fáscia muscular da perna fixa-se às margens anterior e medial da tíbia, onde é contínua com seu periósteo. A membrana interóssea e os septos intermusculares dividem a perna em TRÊS COMPARTIMENTOS: anterior (dorsiflexor), lateral (fibular) e posterior (flexor plantar). https://blogfisioterapia.com.br/fratura-do-femur/ Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago A) COMPARTIMENTO ANTERIOR, LATERAL E POSTERIOR DA PERNA As complicações graves das fraturas são incomuns, mas podem ameaçar a viabilidade do membro ou causar disfunção permanente do membro. O risco de complicações é alto nas fraturas expostas (que predispõem a infecção) e nas fraturas que comprometem os vasos sanguíneos, a perfusão tecidual e/ou os nervos. Fraturas fechadas que não envolvem os vasos sanguíneos ou os nervos, em particular aquelas que são rapidamente reduzidas, são menos propensas a resultar em complicações graves. As complicações agudas (lesões associadas) incluem: Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago • Sangramento: o sangramento acompanha todas as fraturas (e lesões de partes moles). Raramente, o sangramento interno ou externo é grave o suficiente para causar choque hemorrágico (p. ex., nas fraturas da pelve, fêmur e algumas fraturas expostas). • Lesões vasculares: algumas fraturas expostas rompem vasos sanguíneos. Algumas fraturas fechadas, particularmente fraturas supracondilares do úmero com deslocamento posterior, comprometem suprimento vascular o suficiente para causar isquemia distal; essa ruptura vascular pode permanecer clinicamente oculta horas após a lesão. • Lesões neurais: os nervos podem ser lesados quando estirados por partes deslocadas de um osso fraturado, quando feridos por um golpe rombo, quando esmagados em uma lesão grave por esmagamento ou quando lacerado por fragmentos ósseos penetrantes. Quando há contusão neural (chamada neurapraxia), a condução neural é interrompida, mas sem ruptura do nervo. A neurapraxia causa déficits motores e/ou sensoriais temporários; a função neurológica retorna completamente em cerca de 6 a 8 semanas. Quando os nervos são esmagados (chamada axonotmese), o axônio sofre a lesão, mas não a bainha de mielina. Essa lesão é mais grave do que a neurapraxia. Dependendo da extensão do dano, o nervo pode se regenerar ao longo de semanas a anos. Normalmente, os nervos se rompem (chamada neurotmese) nas lesões abertas. Os nervos rompidos não cicatrizam espontaneamente e podem necessitar de correção cirúrgica. • Embolia pulmonar: em pacientes com fratura de quadril ou pélvica, o risco de embolia pulmonar é alto. Embolia pulmonar é a complicação fatal mais comum das graves fraturas do quadril ou da pelve. • Embolia gordurosa: fraturas nos ossos longos (mais comumente, fratura do fêmur) podem liberar gordura (e outros conteúdos medulares) librando êmbolos que impactam no pulmão causando embolia pulmonar com suas complicações respiratórias. • Síndrome compartimental: pressão aumentada do tecido dentro do compartimento fascial da coxa, dificultando o abastecimento vascular e a perfusão do tecido. Lesões por esmagamento ou fraturas múltiplas são uma causa comum, aumentando a pressão ao tecido à medida que o edema se desenvolve. O risco é alto nas fraturas do antebraço que envolvem tanto o rádio como a ulna, nas fraturas do platô tibial (fraturas proximais da tíbia que se estendem ao espaço articular) ou fraturas do eixo tibial (1). A síndrome compartimental não tratada pode levar à rabdomiólise, hiperpotassemia e infecção. A longo prazo, também pode causar contraturas, déficits sensoriais e paralisia. A síndrome compartimental coloca em risco a viabilidade (possivelmente exigindo amputação) e sobrevivência do membro. • Infecção: qualquer fratura pode infectar, mas o risco é maior nas fraturas expostas ou nas tratadas cirurgicamente. Infecção aguda pode causar osteomielite, cuja cura édifícil. As complicações a longo prazo das fraturas são: • Instabilidade: várias fraturas podem levar à instabilidade articular. A instabilidade pode ser incapacitante e aumentar o risco de osteoartrite. • Rigidez e comprometimento da amplitude de movimentos: Fraturas que se estendem dentro das articulações normalmente rompem a cartilagem articular; a cartilagem articular desalinhada tende a criar cicatriz, causando osteoartrite e prejudicando o movimento articular. A rigidez é mais provável se houver necessidade de imobilização prolongada. Joelho, cotovelo e ombro são particularmente propensos à rigidez pós- traumática, especialmente em idosos. • Não união ou união tardia: ocasionalmente, as fraturas não se consolidam (denominado não união) ou a união ocorre tardiamente. Os principais fatores que contribuem são a imobilização incompleta, a ruptura parcial do suprimento vascular e os fatores do paciente que prejudicam a cicatrização (p. ex., uso de corticoides ou de hormônios tireoidianos). • Má união: é a consolidação com deformidade residual. É mais provável se uma fratura não for reduzida e estabilizada de forma adequada. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-n%C3%A3o-tromb%C3%B3tica#v14464916_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/fraturas/vis%C3%A3o-geral-das-fraturas#v35078590_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/infec%C3%A7%C3%B5es-articulares-e-%C3%B3sseas/osteomielite https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/doen%C3%A7as-articulares/osteoartrite-oa Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago • Osteonecrose: parte de um fragmento da fratura pode necrosar, principalmente quando o fornecimento vascular estiver danificado. Fraturas fechadas propensas à osteonecrose incluem fratura do escafoide, fraturas com deslocamento do colo do fêmur e fraturas com deslocamento do colo do tálus. • Osteoartrite: fraturas que rompem as superfícies articulares que sustentam peso ou que resultam em desalinhamento articular e instabilidade predispõem a osteoartrite e degeneração da cartilagem articular. • Discrepância do comprimento do membro: se uma fratura em crianças atingir a placa de crescimento, o crescimento pode ser afetado, resultando em um membro mais curto do que o outro. Nos adultos, a correção cirúrgica de uma fratura, especialmente fraturas de fêmur, pode resultar em discrepância no comprimento das pernas, o que pode levar à dificuldade de andar e à necessidade de elevação do calçado para a perna mais curta. 2. Reconhecer o quadro clínico das lesões vasculares associadas às fraturas. A frequência cada vez maior com que ocorrem lesões vasculares associadas aos traumatismos dos membros se revestem de especial interesse devido a sua gravidade e ao índice de amputação. O diagnóstico precoce da lesão arterial em casos de fraturas ósseas é fundamental, para se evitarem longos períodos de isquemia que possam piorar o prognóstico da reconstrução arterial e de preservação da extremidade e reabilitação funcional. O reparo arterial pode ser efetuado através de diversas técnicas (sutura simples, anastomose término-terminal, implantes em contiguidade, e implantes em derivação), preconizando-se o restabelecimento precoce da perfusão. Derivações temporárias podem ser necessárias nas lesões associadas a fraturas. A síndrome compartimental deve ser prontamente tratada com fasciotomia. • FISIOPATOLOGIA E MECANISMOS DE LESÃO VASCULAR ➢ TRAUMA FECHADO As lesões vasculares que se seguem a traumatismos fechados são causadas pelos seguintes mecanismos: • Associados a fraturas e luxações • Estiramento e torção • Desaceleração • Impacto direto Algumas lesões ortopédicas são associadas com o risco elevado da lesão vascular, são elas: • Fratura de 1/3 distal do fêmur • Luxação de joelho • Fratura do planalto da tíbia • Fratura do 1/3 distal do úmero • Luxação do cotovelo • Fratura da 1a. Costela • Fratura do esterno ➢ FERIMENTOS PENETRANTES ➢ FERIMENTOS IATROGÊNICOS • TIPOS DE LESÃO VASCULAR a) Lesão parcial da artéria: Apresenta-se com sangramento intenso e manutenção do fluxo distal. b) Secção completa: O sangramento não é exuberante, no entanto ocorre isquemia distal. c) Ferimento contuso: Apresenta predominantemente isquemia distal, por oclusão. O sangramento ou hematoma não são frequentes. d) Pseudoaneurisma: hematoma tenso, pulsátil, expansivo e frequentemente não há sinais de isquemia e) Fístula arteriovenosa: Hematoma presente, e não ocorrem sinais de isquemia. • QUADRO CLÍNICO Os ferimentos vasculares apresentam várias manifestações clínicas. A maior parte dos pacientes não apresenta nenhum sinal clínico evidente da lesão vascular, e, em outros, esta só é reconhecida no intraoperatório, durante manobras de hemostasia ou mesmo ocasionalmente pela presença de hematoma envolvendo o vaso. Alguns pacientes apresentam Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Pseudoaneurisma ou falso aneurisma é a lesão de pelo menos uma das camadas de um vaso, sendo contido por um hematoma pulsátil, ou também quando apresenta lesão das camadas íntima e media, preservando-se a adventícia. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago sinais clínicos mais evidentes, como hemorragia, hematoma tenso e pulsátil e ausência dos pulsos distais ao ferimento. Sopro e frêmito nos trajetos vasculares são ocasionalmente notados. Ferimentos penetrantes associados a sinais evidentes de lesão arterial (ausência de pulsos, sangramento pulsátil, sopro, frêmito, hematoma em expansão) devem ser explorados cirurgicamente, não havendo necessidade de exames complementares. Os ferimentos arteriais, particularmente, os dos membros, apresentam-se sob três formas clínicas, que podem ou não estar associadas: isquemia, hemorragia e hematoma (ou síndrome tumoral). ➢ ISQUEMIA É a manifestação clínica mais frequente. Caracteriza-se por dor, impotência funcional, alterações de sensibilidade e ausência dos batimentos arteriais distais à lesão. A isquemia será mais ou menos intensa de acordo com alguns fatores que regem a fisiopatologia das obstruções arteriais agudas: a) ESPASMO ARTERIAL O espasmo arterial resulta da contração da musculatura lisa da parede arterial, como consequência de irritação desta por mecanismos físicos e químicos. Fundamentalmente é miogênica, embora haja também participação das vias reflexas através do SNS. A zona reflexógena pode ser tanto o endotélio como a camada muscular lisa da parede arterial. O espasmo pode ter duração curta ou prolongada e atingir extensão maior ou menor do tronco arterial. O diagnóstico clínico de espasmo arterial isolado não deve ser feito, pois o espasmo arterial é sempre secundário. b) TROMBOSE SECUNDÁRIA É resultado da diminuição da velocidade de fluxo, proximal e distalmente aos ferimentos. Geralmente progride até a emergência de alguma colateral. É também secundária ao espasmo arterial. Podemos concluir que condições hemodinâmicas locais e gerais (hipotensão e choque) são responsáveis pela extensão da trombose secundária. c) CIRCULAÇÃO COLATERAL É fácilcompreender a importância da circulação colateral como determinante da gravidade da síndrome isquêmica. Nos traumas arteriais a participação da circulação colateral geralmente é pouco significativa dada a oclusão súbita do fluxo arterial. Em consequência as lesões isquêmicas que se instalam costumam ser graves. A este fato, some-se a destruição de massa muscular ocorrida nos grandes esmagamentos de membros como fator agravante da isquemia, pois, junto com a necrose muscular promovida pelo trauma, há trombose de pequenos ramos arteriais, que em outras condições contribuiriam para a circulação colateral. Os ferimentos por projéteis de alta velocidade causam o efeito cavitacional temporário, que resulta da transferência de energia cinética aos tecidos vizinhos ao trajeto do projétil. A localização dos ferimentos em relação a ramos colaterais existentes também influencia a gravidade da isquemia. O diagnóstico e a avaliação da gravidade da isquemia são feitos pela presença e intensidade dos sinais clínicos, principalmente os relacionados à função muscular e às alterações da sensibilidade. A presença de anestesia corresponde a isquemia grave, o mesmo ocorrendo quando há paralisia. Na fase inicial as restaurações arteriais ainda podem mudar o prognóstico e manter a viabilidade da extremidade, embora possa restar alguma sequela funcional. A presença de cianose fixa, porém, já demonstra alterações irreversíveis da microcirculação, com instalação de necrose irreversível. ➢ HEMORRAGIA Nos traumatismos arteriais, a síndrome hemorrágica é frequente e, geralmente, facilmente reconhecida através da perda abundante de sangue pelo local do ferimento, a não ser que a hemorragia seja intracavitária. Além das manifestações locais há, evidentemente, o quadro sistêmico, caracterizado pelos sinais de choque hemorrágico. Frequentemente o paciente ou seus acompanhantes relatam ter ocorrido perda sanguínea abundante, que cessou após compressão local e, no momento da admissão, a hemorragia não faz mais parte do quadro. Isto ocorre, pois há hipotensão decorrente da perda sanguínea além do tamponamento temporário pela retração dos cotos arteriais. Nesta situação, a simples informação do paciente ou dos acompanhantes deve levantar forte suspeita de ferimento arterial, mesmo que não haja outros sinais clínicos. Quando o ferimento vascular é intracavitário o reconhecimento da hemorragia nem sempre é fácil, e a indicação cirúrgica é baseada nos sinais gerais, e nos procedimentos de imagem utilizados para o diagnóstico, basicamente o ultrassom e a tomografia computadorizada. De modo geral, a hemorragia é maior nos ferimentos parciais do que nas secções totais. Nestas há retratação dos cotos, com espasmos, que resulta em tamponamento. Nas secções parciais o espasmo não é tão intenso, o que provoca de maneira geral hemorragia intensa. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago ➢ HEMATOMA O hematoma, formado em decorrência da contenção da hemorragia por estruturas musculo-aponeuróticas, tem comunicação direta com a luz arterial. Geralmente é tenso e pode ou não apresentar pulsatilidade. Às vezes não é bem definido, pois invade estruturas vizinhas. Sobre o hematoma pode-se verificar sopro e frêmito, que surgem mais frequentemente horas ou dias após o trauma. O sopro sistólico caracteriza o falso aneurisma traumático enquanto que o sopro contínuo com reforço sistólico caracteriza a fístula arteriovenosa traumática. As características clínicas destes ferimentos arteriais podem ser pouco exuberantes no momento da admissão. Apenas a evolução fará com que apareçam claramente suas manifestações. a) FALSO ANEURISMA TRAUMÁTICO OU PSEUDOANEURISMA Decorrem de ferimentos penetrantes com lesão parcial da artéria. Forma-se hematoma que é contido nas estruturas músculo aponeuróticas, que com o tempo é escavado pelo fluxo sanguíneo, tornando-se contíguo ao interior da artéria. Chama-se falso ou pseudoaneurisma pois a parede do mesmo é constituída por hematoma em organização. As principais complicações do falso aneurisma traumático são: • A trombose e embolização, que leva o membro à isquemia. • Compressão de estruturas vizinhas • Crescimento com erosão e necrose de pele • Erosão de órgãos vizinhos, quando ocorre no tórax ou no abdome, podendo formar fístula artério-visceral com hemorragia profusa. b) FÍSTULA ARTERIOVENOSA As fístulas arteriovenosas decorrem de lesão parcial de artéria e veia, com solução de continuidade da parede de ambas. Podem ocorrer diretamente no momento do ferimento, porém cerca de 80% dos casos não têm manifestações clínicas iniciais, que surgem dias ou semanas depois. As manifestações tardias surgem por haver formação de hematoma entre a artéria e a veia. Esta corrosão é um processo que demora alguns dias, estabelecendo-se então a comunicação entre artéria e veia. A partir do momento em que o lúmen arterial comunica-se com o venoso, o sangue flui de um sistema de alta pressão e alta resistência (a artéria) para outro de baixa pressão e baixa resistência (a veia), provocando estase venosa distal e aumento do retorno venoso. O processo é contínuo e evolutivo e leva à insuficiência cardíaca de alto débito, com características de insuficiência cardíaca de câmaras direitas. • EXAMES COMPLEMENTARES Dentre os métodos de diagnóstico empregados, a ultrassonografia e a tomografia computadorizada têm se tornado imprescindíveis. O primeiro de execução rápida, fácil e disponível permite a visualização do vaso e das estruturas vizinhas além da análise da curva espectral, que traduz o fluxo venoso e arterial. Ferimentos penetrantes sem evidências de lesão arterial, mas com trajeto tangencial à uma artéria, podem ser avaliados por ultrassonografia com Doppler, evitando-se a realização de uma arteriografia. A tomografia computadorizada também tem sido útil na detecção de ferimentos vasculares, principalmente os torácicos, abdominais, pélvicos e que envolvam os troncos supra-aórticos. A angiotomografia computadorizada de tórax, sobretudo com a incorporação de novas tecnologias, têm substituído a aortografia na avaliação diagnóstica da ruptura traumática da aorta e as avulsões dos troncos supra-aórticos. A arteriografia, que pode ser realizada no centro cirúrgico, é indicada quando há dúvidas quanto à localização, nos ferimentos fechados e nos ferimentos penetrantes tangenciais à artéria, sobretudo quando associados a fraturas de ossos longos. Ainda é considerada o exame “padrão ouro”, tendo particular interesse quando se planeja um tratamento endovascular para a lesão. • ARTÉRIA POPLÍTEA Os ferimentos da artéria poplítea com isquemia aguda se associam as maiores taxas de amputação, podendo se aproximar de 20% nos ferimentos por armas de fogo, e morbidade de 20-50% caracterizada por disfunção prolongada causada pelas lesões esqueléticas e nervosas associadas. Esse fato se deve à perda de circulação colateral na região próxima ao joelho e às lesões associadas da veia poplítea, nervo tibial, partes moles e tíbia. A artéria poplítea é particularmente susceptível ao trauma fechado, por sua posição fixa entre o hiato adutor e o arco fibroso do músculo solear, sendo geralmente lesada nas luxações de joelho, fraturas supracondilares de fêmur e fraturas Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago um método de diagnóstico radiológicominimamente invasivo que procura visualizar a parede das artérias focalizadas, para estudar as doenças arteriais ou doenças com importante participação arterial Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago do planalto tibial. Cerca de um terço dos pacientes com luxação de joelho apresentam lesão arterial documentada por uma arteriografia. A restauração arterial da artéria poplítea apresenta o mais alto índice de insucessos de todas as restaurações feitas para o tratamento de traumatismo arteriais periféricos. A revascularização, quer seja por anastomose término-terminal, quer seja por enxerto de veia autógena não pode ficar em tesão ao nível das anastomoses. 3. Discutir síndrome compartimental. • INTRODUÇÃO A síndrome compartimental é uma cascata de eventos que se autoperpetua. Começa com o edema do tecido que normalmente ocorre após a lesão (p. ex., por edema ou hematoma de partes moles). Se o edema ocorre dentro do compartimento fascial, normalmente, no compartimento anterior ou posterior da perna, há pouco espaço para expansão do tecido; dessa maneira, a pressão intersticial (compartimental) aumenta. À medida que a pressão compartimental excede a pressão capilar normal de cerca de 8 mmHg, a perfusão celular desacelera e com o tempo pode parar. (Nota: como 8 mmHg é muito menor que a pressão arterial, o fluxo celular pode estar ocluído bem antes do pulso desaparecer.) A isquemia tecidual resultante posteriormente piora o edema, e isso gera um círculo vicioso. Conforme a isquemia progride, os músculos tornam-se necrosados, o que leva, às vezes, à rabdomiólise, infecções e hiperpotassemia, ameaçando a perda do membro e podendo levar ao óbito, caso não seja tratada. Hipotensão ou insuficiência arterial pode comprometer a perfusão tecidual mesmo com pressão compartimental levemente elevada, causando ou piorando a síndrome compartimental. Podem aparecer contraturas depois da cicatrização dos tecidos necrosados. A síndrome compartimental é fundamentalmente uma doença dos membros, sendo mais comum na parte inferior da perna e no antebraço. No entanto, a síndrome compartimental também pode ocorrer em outros locais (p. ex., no braço, no abdome e na região glútea). • ETIOLOGIA Causas comuns da síndrome compartimental são: • Fraturas • Contusões graves ou lesões por esmagamento • Lesão de reperfusão após lesão vascular e reparo Causas raras incluem mordidas de cobra, queimaduras esforço severo, superdosagem de fármaco (heroína, cocaína), gesso, curativos apertados e outros fechamentos rígidos que limitem o edema e, assim, aumentem a pressão compartimental. A pressão prolongada de um músculo durante o coma pode causar rabdomiólise. • SINAIS E SINTOMAS Em relação ao conteúdo, de acordo com as estruturas contidas no compartimento e que poderão estar afetadas (vasos, nervos e músculos), a SCA poderá ser acompanhada pelas seguintes síndromas: vascular, neurológica e da unidade cinética ou motora. 1. Síndroma vascular (arterial, venosa e linfática) a) Síndrome vascular arterial: traduzida por palidez, ausência de pulso arterial e capilar, pulso capilar com resposta retardada no leito da unha (onda de revascularização). A presença de pulso arterial não exclui o diagnóstico da síndrome compartimental aguda, uma vez que num doente normotenso a pressão intramuscular raramente excede a pressão sistólica, isto é, deixa de haver pulso quando a pressão intracompartimental é superior à pressão arterial sistólica. Uma lesão arterial a montante do compartimento provoca isquemia dos tecidos e a ausência do pulso arterial periférico. O diagnóstico das lesões arteriais é feito através do estudo com eco-döppler e arteriografia. b) Síndroma vascular venosa: caracteriza-se por edema com cor mais ou menos escura, cianótica, podendo ocorrer trombose venosa. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Degradação do tecido muscular que libera uma proteína prejudicial no sangue. Essa ruptura do tecido muscular resulta na liberação de uma proteína (mioglobina) no sangue. A mioglobina pode danificar os rins. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago c) Síndroma linfática: nas fases agudas é clinicamente inaparente, podendo observar-se flictenas. Nas fases crónicas é traduzido por edema de consistência dura ou elástica, com a pele em “epicarpo de laranja”. 2. Síndroma neurológica – alterações da sensibilidade e/ou da motricidade. a) Sensibilidade: Dor (síndroma de irritação); Parestesias, disestesias, hipoestesias ou anestesia (síndroma de sideração). b) Motilidade: diminuição da força muscular (paralisia), podendo esta ser parcial ou total, com impotência absoluta. c) Misto: podem ocorrer alterações mistas parciais, como na neuropraxia. 3. Síndroma da unidade cinética ou motora – dor despertada com os movimentos ativos e passivos, e dor à compressão das massas musculares. • DIAGNÓSTICO 1) Medida da pressão compartimental Deve-se fazer o diagnóstico da síndrome compartimental e iniciar o tratamento antes de a palidez ou falta de pulso se desenvolver, indicando necrose. Atualmente, dispomos de aparelhos comerciais que permitem a monitorização da pressão intracompartimental através da introdução de um cateter no compartimento ou de transdutores de aplicação cutânea (Fig. 3). Os mais práticos e simples medem diretamente a pressão intracompartimental de forma rápida e eficaz através de um sistema de stic catheter, que pode ser transportado no bolso do cirurgião. A avaliação clínica é difícil por várias razões: 2) Pode não haver sinais e sintomas típicos. 3) Os achados são inespecíficos porque achados semelhantes são às vezes causados pela própria fratura. 4) Muitos pacientes com trauma têm alteração do estado mental devido a outras lesões e/ou à sedação. Portanto, em pacientes com alto risco de lesões, os médicos devem usar um limiar baixo para medir a pressão compartimental (normal, ≤ 8 mmHg), geralmente com um monitor comercialmente disponível. A síndrome compartimental é confirmada se a pressão compartimental exceder 30 mmHg ou tiver cerca de 30 mmHg da pressão arterial diastólica. • TRATAMENTO - FASCIOTOMIA O tratamento inicial da síndrome compartimental é a remoção de qualquer estrutura constritiva (p. ex., gesso ou tala) em volta do membro, correção da hipotensão, analgesia e administração de suplementação de oxigênio, como necessário. Normalmente, a menos que a pressão compartimental caia rapidamente e os sintomas diminuam, é necessário fazer uma fasciotomia de urgência. A fasciotomia deve ser feita através de grandes incisões na pele para abrir todos os compartimentos da fáscia no membro e, assim, aliviar a pressão. Deve-se inspecionar cuidosamente todos os músculos em termos de viabilidade, e qualquer tecido não viável deve ser desbridado. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bolhas Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago A amputação é indicada se a necrose for extensa. 4. Discutir a dor do membro fantasma. As sensações do membro fantasma são comuns após a perda de um membro, mas nem sempre associadas à dor. A sensação fantasma pode ser compreendida como uma superposição cortical de áreas vizinhas, que pode ocorrer, por exemplo, pela invasão do território representativo da face sobre o território da mão, ou até mesmo pelo desmascarar de sinapses silenciosas. Grande parte de nossas informações sensoriais está relacionada com áreas específicas do córtex pós-central, de modo que permitem a construção de mapas sensorial, destacando-se aqui o mapa somatossensorial presente no giro pós-central. Como resultado, cada indivíduotem uma imagem interna que é representativa do próprio ser físico, sendo esta conhecida como “imagem corporal”. A dor do membro fantasma é uma condição dolorosa crônica associada à uma dor percebida no membro ausente. Pode ser grave e debilitante e geralmente envolve dor neuropática e sensibilização central decorrente da lesão do nervo periférico. A dor do membro-fantasma pode se apresentar de diversas formas tais como ardor, aperto, compressão ou até mesmo uma dor intensa e frequente. Essa condição deve ser diferenciada da sensação do membro-fantasma, que não é dolorosa e geralmente não interfere nas atividades normais da vida diária. Além da dor relacionada diretamente com o local da amputação, muitos pacientes (até 71%) desenvolvem dorsalgia atribuída à inatividade e à alteração da biomecânica da marcha. A dor normalmente está presente na primeira semana após amputação, mas ela pode aparecer após meses ou até vários anos, estando localizada principalmente na parte distal do membro fantasma. A duração da dor fantasma varia de acordo com cada indivíduo, entretanto a dor severa persiste em apenas uma pequena fração dos amputados, na ordem de 5-10 %. Muitos estímulos internos e externos modulam a dor fantasma, dentre os fatores relatados pelos amputados que modificam a experiência dolorosa estão os fatores agravantes da dor, os quais são a atenção, emoção, toque no coto ou pressão, mudança de temperatura, reflexos autônomos, dor de outra origem, colocação de uma prótese. E ainda, os fatores que aliviam a dor, que são o descanso, distração, movimentos do coto, uso de uma prótese, elevação do coto, percussão ou massagem no coto. Isto prova que a experiência de dor fantasma é um resultado não de um único evento, mas da interação de vários efeitos neuronais. No SNC, a neuroplasticidade pode desencadear uma relação desproporcional entre a estimulação sensorial periférica (nociceptiva ou não) e a sensação dolorosa (sensibilização central). Uma amputação, por exemplo, obriga uma reorganização das estações de processamento sensorial, inclusive na representação cortical do membro. Assim, se um polegar for amputado, o crescimento da arborização dendrítica dos neurônios que carreiam informação proprioceptiva do indicador pode alcançar áreas de representação cortical nociceptiva desse membro, gerando dor constante no dedo fantasma. Essas alterações plásticas ocorrem não apenas no córtex cerebral, mas em todos os níveis de processamento sensorial. Quando ocorre a desaferenciação (perda da inervação sensorial de uma região) ou a amputação de um membro as informações sensoriais periféricas se tornam inteiramente ausentes, fazendo com que neurônios no sistema nervoso central que até então recebiam informações daquela parte do corpo se tornem anormalmente hiperativos. Na dor do membro fantasma, a ausência dessas informações sensoriais faz com que neurônios nas vias nociceptivas se tornem excessivamente ativos. A superposição extensa de representações corticais que, normalmente estão separadas se relacionam com a intensidade da dor do membro, ou seja, a reorganização cortical maciça pode aumentar esse fator. Brugger e colaboradores (2000) apresentaram importantes evidências de que o crescimento pós-lesão e o novo padrão de conexões estabelecidas por neurônios no cérebro de amputados podem ser possíveis causas do problema. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago ➢ TEORIA PERIFÉRICA Após a amputação e secção do nervo, ocorre uma degeneração retrógrada e um encurtamento dos neurónios aferentes como resultado da lesão, do edema e da tentativa de regeneração do axónio. As fibras da extremidade seccionada podem crescer e formar nódulos, denominados NEUROMAS, que geram impulsos anormais. Neste fenómeno, conhecido como sprouting, as terminações das fibras A e C alargam-se e desorganizam-se, gerando impulsos ectópicos que aumentam após estímulos mecânicos e químicos inócuos. Assim, estes impulsos que ativam o SNC podem manter intacta a percepção da existência do membro e resultar em DF. ➢ TEORIA CENTRAL MEDULAR Em 1945, alguns autores atribuíram a DF a um padrão de disparos anormais pelos interneurônios do corno dorsal da medula. A teoria do “Gate Control”, propôs que o corno dorsal da medula espinhal agiria como um “portão”, que permite ou impede a transmissão sináptica de impulsos nervosos de fibras periféricas para as centrais. A estimulação das fibras A bloquearia a transmissão dos estímulos veiculados pelas fibras C. Este processo seria ainda influenciado por impulsos descendentes vindos do cérebro. Após um grande número de fibras periféricas serem danificadas, a inibição pré-sináptica das aferências pelo sistema de portão não ocorreria. Neste caso, as aferências dolorosas que chegariam através das fibras A e C remanescentes, seriam transmitidas sem controlo, aumentando a atividade neuronal auto- -sustentável causando dor. ➢ TEORIA CENTRAL DO CÉREBRO Após a amputação existe uma reorganização das estruturas somatossensoriais primárias, do córtex motor e das estruturas subcorticais. Da pesquisa efetuada, esta parece ser a explicação mais citada como sendo a etiologia da DF. Áreas do córtex somatossensorial, que previamente correspondiam ao membro ausente, começam a receber informação sensorial de outras áreas do corpo que apresentam sinapses adjacentes. Pensa-se que a DF possa resultar em consequência de erros que ocorrem neste processo de remapeamento. O córtex somatossensorial primário é conhecido por estar envolvido no processamento da dor, e pode ser um elemento significativo para discriminar as características sensoriais daquela experiência. As estratégias terapêuticas para pacientes amputados dependem do tipo de dor experimentada. A dor musculoesquelética é mais bem controlada com fisioterapia, modalidades físicas passivas e analgésicos orais. Embora existam pouquíssimos estudos que descrevam o tratamento bem-sucedido da dor do membro-fantasma, os antidepressivos e anticonvulsivantes são os fármacos orais mais comumente utilizados. Alguns estudos mostraram que depressão, ansiedade, estresse e outros fatores psicológicos agravam alguns tipos de dor neuropática, inclusive a dor do membro-fantasma. Alguns pacientes afirmam que os estímulos que os fazem lembrar de sua lesão ou perda podem provocar episódios dolorosos; outros fatores desencadeantes são angústia emocional e estresse em geral. Além disso, os pacientes que sofreram lesões traumáticas são suscetíveis de desenvolver distúrbio de estresse pós-traumático e dor persistente. 5.Discutir a dependência a drogas analgésicas potentes e suas implicações psicossociais. Embora a terapia com opioides atinja a analgesia há grande probabilidade de quando o tratamento for suspenso ocorrer uma dependência, somente a partir do século XX foi aceito em tese a definição de dependência como um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, de intensidade variável, podendo ser psicológica ou física. Dependência psicológica é o estado no qual uma droga promove uma sensação de prazer, propiciando o uso periódico e as vezes sem necessidade em busca da mesma sensação. Dependência física denominada como um estado de adaptação do organismo a retirada abrupta ou diminuição da dose da droga denominada de síndrome de abstinência. Existe relatos na literatura de que os sintomas surgem 15 a 20hs após a última dose, com pico em 2 a 3 dias e remissão em 10 a 14 dias; sintomas esses como aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, midríase, ansiedade, agitação, irritabilidade. Os FATORES DE RISCO para dependência entre pacientes em tratamento com opioides são: jovens;dor crônica após acidente automobilístico; múltiplas regiões dolorosas; antecedente de uso de drogas ilícitas; depressão, doença psiquiátrica; uso de medicamento psicotrópico; dependência de tabaco; dose maior; maior tempo de uso; uso de álcool e uso por familiar. Acredita-se que a dependência ocorra devido a uma combinação de fatores que incluem a predisposição genética, perfil psicológico, contexto sociocultural e exposição ao fármaco. A expectativa de vida em dependentes de opioides, especialmente dependentes de heroína, é acentuadamente reduzida. Uma proporção substancial dessas mortes deve-se a reações tóxicas, overdose da droga, infecções relacionadas à droga e suicídios. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago 6. Discutir os aspectos psicossociais decorrentes da perda de um membro em paciente jovem. O processo de retirada de um membro engloba uma complexidade de fenômenos psicológicos e de interações da tríade paciente-família- equipe. Os sintomas depressivos são mencionados como frequentes em pessoas com amputação, pois essas apresentam tristeza, pesar, episódios de choro, isolamento social, perda de apetite, dificuldade para dormir, entre outros. A depressão logo após a perda do membro pode ser considerada uma reação natural. Neste período inicial é difícil determinar se o diagnóstico é de depressão maior ou se é uma resposta de adaptação ao processo de amputação. Os sintomas depressivos após o período de hospitalização são relacionados com o baixo nível de mobilidade, a restrição de atividades, o sentimento de vulnerabilidade e baixas condições de saúde em geral. Os distúrbios de autoimagem corporal, como percepção distorcida e negativa sobre a aparência física, são relacionados com altas taxas de ansiedade. A relação entre restrição de atividades e desconforto social foi apontada por Horgan e MacLachlan, destarte o preconceito sentido pelos indivíduos amputados promova mal estar e a diminuição de suas atividades sociais, gerando maior isolamento social. Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago Bruna Lago
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