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Os grupos de pressão

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Os grupos de pressão, segundo J. H. Kaiser, são organizações da esfera intermediária entre o indivíduo e o Estado, nas quais um interesse se incorporou e se tornou politicamente relevante. Ou são grupos que procuram fazer com que as decisões dos poderes públicos sejam conformes com os interesses e as idéias de uma determinada categoria social.
Sanchez Agesta e M. André Mathiot quase coincidem nas palavras com que caracterizam os grupos de pressão. Escreve o primeiro em 1967: “Os grupos de pressão não são outra coisa senão as forças sociais, profissionais, econômicas e espirituais de uma nação, enquanto aparecem organizadas e ativas”. : “Eles (os grupos de pressão) não são outra coisa senão as forças sociais, econômicas e espirituais da nação, organizadas e atuantes”
O grupo de pressão se define em verdade pelo exercício de influência sobre o poder político para obtenção eventual de uma determinada medida de governo que lhe favoreça os interesses.
Outros publicistas, exprimindo as mesmas apreensões, vêem nos grupos a imagem de “Estados dentro do Estado”
Hoje a importância dos grupos tomou tal dimensão que não viu nenhum exagero em afirmar que são parte da Constituição viva ou da Constituição material tanto quanto os partidos políticos e independente de toda institucionalização ou reconhecimento formal nos textos jurídicos
Contemporaneamente, é enorme o acervo de estudos e investigações e monografias acerca dos grupos de pressão, estudados em todas as suas modalidades e técnicas de ação. A análise dos grupos abrange por igual a influência que podem exercer sobre as organizações partidárias e o corpo de cidadãos durante as eleições, bem como sobre os ramos do poder estatal — executivo, legislativo e judiciário — cujas decisões trazem com freqüência a marca dessa participação invisível.
Tanto os partidos políticos como os grupos de pressão têm de comum a nota característica de constituírem categorias interpostas entre o cidadão e o Estado, servindo de laço de união e ponte ou canal entre ambos. O partido político do mesmo modo que o grupo de pressão conduz interesses de seus membros até as regiões do poder aonde vão em busca de uma decisão política favorável. São instrumentos representativos ambos e os mais modernos que entram no quadro da democracia social de nosso século. Foram em larga parte desconhecidos ou combatidos pelas antigas instituições do Estado liberal.
traços
No entanto, ressaltam logo as diferenças entre um partido político e um grupo de pressão. Vejamos os possíveis traços de distinção, assinalados já por autores que se ocuparam da matéria em trabalhos especializados: a) o partido procura conquistar o poder e seus objetivos políticos são permanentes ao passo que o grupo de pressão, conforme ressaltou Duverger,8 atua apenas transitoriamente sobre o poder com uma interferência política que se exaure na adoção da lei ou da medida do poder público pleiteada, para atendimento de um interesse ou pretensão; ali, tomada do poder, aqui, mera influência sobre o poder; b) no partido a perspectiva política é global, implica uma concepção total, segundo Sanchez Agesta e Vedei, ao passo que no grupo essa perspectiva ou função é unicamente parcial; c) o partido, de preferência, estaria volvido para o interesse geral, os grupos para interesses particulares de seus membros nem sempre coincidentes com aquele; d) o partido pela sua natureza mesma se apresenta apto a generalizar os particularismos ao passo que os grupos pela sua índole tendem a impor um interesse particular ou a potencializar a unilateralidade de uma representação de interesses (Krueger); o partido, segundo Woessner, constitui “a forma de organização no âmbito do Estado”, ao passo que o grupo (Verband), a forma de organização no campo social, sendo que “o partido representa o povo, isto é, os cidadãos no Estado”, enquanto “o grupo representa a sociedade nos seus interesses diferenciados”;9 f) os partidos têm uma responsabilidade política definida e normalmente um programa exposto à publicidade, ao contrário dos grupos de pressão que exercem influência política sem a correspondente responsabilidade e com propósitos nem sempre claros às vistas da opinião pública; e g) enfim, segundo Krueger, é de ressaltar que os partidos constituem um tema da Teoria do Estado ao passo que os gru-pos de pressão entram ali unicamente quando por sua ação específica logram uma significação positiva ou negativa para a coletividade.
Atuam em conjunto ou separado
— o partido político e o grupo de pressão — nada impede que no processo político as duas formações apareçam não raro unidas ou como é mais habitual os grupos de pressão estejam enxertados no corpo dos partidos. Sua atividade introduz na ordem constitucional um elemento novo de poder, que não se acha nos textos, e sem o qual o sistema partidário pelo menos ficaria ininteligível.
A maioria dos grupos são organizações não-políticas, mas alguns possuem também objetivos políticos, camuflados em interesses meramente econômicos
Hoje, os grupos tomaram tal dimensão de importância que não seria exagero afirmar que são parte da Constituição viva ou da Constituição material, independente de toda institucionalização ou reconhecimento formal nos textos jurídicos, mesmo porque, eles exerceram forte influência no Poder Constituinte de 1986 à 1988.
O Grupo de Pressão é, portanto, uma organização temporária, o subgrupo do grupo de interesses em dados momentos, que visa a obter, por intermédio da pressão seus objetivos, isto é, tenta influenciar uma decisão, no caso do parlamento, aprovando ou rejeitando um projeto.
Esses grupos existem para influenciar o poder, tentar modificá-lo e adaptá-lo segundo as necessidades e vontades do interessado.

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