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Brasília-DF. MicropigMentação Básica, paraMédica e despigMentação Elaboração Taís Amadio Menegat Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I REVISÃO: ANATOMIA DA PELE ................................................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 SISTEMA TEGUMENTAR .............................................................................................................. 9 UNIDADE II MICROPIGMENTAÇÃO ........................................................................................................................ 21 CAPÍTULO 1 A BASE DA MICROPIGMENTAÇÃO .......................................................................................... 21 CAPÍTULO 2 COMO CICATRIZAR E FIXAR PIGMENTO .................................................................................. 26 CAPÍTULO 3 BIOSSEGURANÇA ................................................................................................................... 32 CAPÍTULO 4 ANAMNESE E TERMO CONSENTIMENTO .................................................................................. 37 CAPÍTULO 5 COLORIMETRIA ...................................................................................................................... 40 CAPÍTULO 6 MÉTODOS DE ANESTESIA ........................................................................................................ 50 CAPÍTULO 7 ELETROTERAPIA APLICADA NA MICROPIGMENTAÇÃO ............................................................. 57 UNIDADE III MICROPIGMENTAÇÃO EM SOBRANCELHAS ......................................................................................... 64 CAPÍTULO 1 NOÇÕES DE VISAGISMO ........................................................................................................ 64 UNIDADE IV BLEFAROPIGMENTAÇÃO ...................................................................................................................... 77 CAPÍTULO 1 PIGMENTAÇÃO DA ÁREA DOS OLHOS .................................................................................... 77 UNIDADE V LÁBIOS PERFEITOS ................................................................................................................................ 82 CAPÍTULO 1 MICROPIGMENTAÇÃO DOS LÁBIOS ........................................................................................ 82 UNIDADE VI PARAMÉDICA ...................................................................................................................................... 89 CAPÍTULO 1 MICROPIGMENTAÇÃO PARAMÉDICA ...................................................................................... 89 CAPÍTULO 2 MÉTODO DE APLICAÇÃO ....................................................................................................... 92 CAPÍTULO 3 MICROPIGMENTAÇÃO DE HIPOCROMIAS .............................................................................. 96 UNIDADE VII MICROBLADING .................................................................................................................................. 98 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DO MICROBLADING ....................................................................... 98 UNIDADE VIII CAPILAR ............................................................................................................................................ 106 CAPÍTULO 1 MICROPIGMENTAÇÃO CAPILAR ........................................................................................... 106 UNIDADE IX DERMODESPIGMENTAÇÃO ................................................................................................................ 110 CAPÍTULO 1 REMOÇÃO DA MICROPIGMENTAÇÃO ................................................................................. 110 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 121 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Convido-os a vir mergulhar no mundo mágico da micropigmentação e despigmentação. Nas próximas páginas você poderá aprender uma nova área de atuação, a implementação de pigmentos exógenos na epiderme, assim como também a retirada do pigmento exógeno mal colocado ou que teve alteração de coloração. A técnica aplicada neste Caderno de Estudos é o modelo mais atual do mercado. Objetivos » Promover o conhecimento da diferença entre micropigmentação e tatuagem. » Promover o conhecimento das principais técnicas de implementação de pigmentos em embelezamento. » Promover o conhecimento das principais técnicas de implementação de pigmentos em recuperaçãode pele. » Promover o conhecimento dos tipos de despigmentação e sua correção. 9 UNIDADE IREVISÃO: ANATOMIA DA PELE CAPÍTULO 1 Sistema tegumentar Introdução O Sistema Tegumentar é o sistema de proteção dos corpos dos seres vivos e engloba a pele, pelos e unhas. Reveste todos os órgãos vivos e constitui barreira de proteção contra a entrada de microrganismos nos seres vivos. É formado pela “pele” e seus acessórios (glândulas, pelos e unhas). Trata-se de um manto contínuo que envolve todo o organismo, protegendo-o e adaptando-o ao meio ambiente. Esse invólucro somente é interrompido ao nível dos orifícios naturais (narinas, boca, olhos, orelha, ânus, vagina e pênis) onde se prolonga pela respectiva mucosa (GUYTON, 2017). A pele é o maior órgão do corpo humano, tanto no tamanho quando no peso. Também é o órgão mais exposto. De acordo com a regra dos 9 de Wallace, a cabeça representa a volta de 9% da área total, as duas mãos 18%, a superfície anterior e a posterior do tronco 36%, os genitais 1% e os dois membros inferiores 36%. A espessura da pele é variável em relação com a constituição individual e com as diversas regiões. Passa-se dos 0,5 mm no canal auditivo externo e nas pálpebras, aos 4 mm, aproximadamente, nas regiões palmares e na nuca (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Sob o ponto de vista anatômico, o tegumento comum é formado por dois planos, o mais superficial denominado cútis ou pele e o mais profundo tela subcutânea (GUYTON, 2017). A pele apresenta-se constituída por uma camada epitelial chamada epiderme, cuja população celular se diferencia e renova constantemente, e por uma camada conjuntiva de suporte chamada derme, que representa o equivalente do estroma dos outros órgãos (GUYTON, 2017). 10 UNIDADE I │ REVISÃO: ANATOMIA DA PELE Das duas camadas, estritamente interdependentes, a epiderme está em contato com o mundo exterior, enquanto a derme, situada mais profundamente, encontra-se em condições ambientais análogas às dos órgãos internos. Esta situação particular esclarece-nos em parte sobre as várias funções que exerce como órgão de fronteira que nos defende das agressões externas e, ao mesmo tempo, sobre o contato que estabelece com o mundo à nossa volta através da recepção dos vários estímulos sensoriais (térmicos, tácteis, dolorosos) e da sua transmissão ao centro (GUYTON, 2017). Encontramos uma série de estruturas chamadas anexos cutâneos, que são os pelos, as unhas e as glândulas (sebáceas, sudoríferas, ceruminosas, vestibulares nasais, axilares e mamas) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Ao nascimento a pele apresenta-se recoberta por uma pasta esbranquiçada conhecida por vérnix caseosa, formada de excreções das glândulas sebáceas, células epidérmicas degeneradas e pelos. Ela tem a função de proteger a pele contra uma possível maceração causada pelo líquido amniótico (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). De acordo com Guirro e Guirro (2004), a pele tem várias funções, como: » permeabilidade seletiva H2O; » proteção dos raios UVB e UVA; » impacto mecânico; » sensorial; » sistema imunológico; » órgão excretor; » sistema endócrino. Epiderme É a camada mais externa, é formada pelo epitélio escamoso estratificado. Sua constituição é feita por 90% de queratinócitos (produtores de queratina), melanócitos (produtores de melanina), células Langherans e células Mervel (GUYTON, 2017). Inicialmente o embrião é recoberto por uma única camada de células ectodérmicas. Durante o início do segundo mês esse epitélio divide-se em uma camada de células achatadas, a epiderme (epitríquio) é depositada sobre a superfície (GUYTON, 2017). Com a proliferação seguida das células na camada basal, ocorre a formação de uma terceira zona intermediária. Consequentemente durante o fim do quarto mês a epiderme adquire a sua forma específica e podem ser diferenciados quatro camadas ou estratos (GUYTON, 2017). 11 REVISÃO: ANATOMIA DA PELE │ UNIDADE I Assim, temos que a epiderme é um epitélio multiestratificado, formado por várias camadas de células achatadas (estrato ou epitélio pavimentoso) justapostas (GUYTON, 2017). A camada de células mais interna, denominada epitélio germinativo, é constituída por células que se multiplicam continuamente; dessa maneira, as novas células geradas empurram as mais velhas para cima, em direção à superfície do corpo (GUYTON, 2017). As células epidérmicas tornam-se achatadas à medida que envelhecem, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína resistente e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem repletas de queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea (GUYTON, 2017). De acordo com Guirro e Guirro (2004), a epiderme é dividida em: » Extrato germinativo. » Extrato espinhoso. » Extrato granuloso. » Extrato córneo (superfície da pele). A epiderme começa com o extrato germinativo, tendo formatos diferentes, pois se tivessem formatos iguais, elas se juntariam fazendo com que as células não se renovassem. Com a renovação do extrato germinativo, as células irão subir transformando-se no extrato espinhoso, seguindo o mesmo processo, as células irão subir transformando-se no extrato granuloso, seguindo a sequência transforma-se no extrato córneo (sem núcleo). Por isso que a pele escama (renovação da pele), pois a célula não vive muito tempo sem núcleo. As células da pele são lábeis (tempo de vida curto, se reproduzem rapidamente). A renovação celular epidérmica ou turnover é um fenômeno cuja frequência diminui progressivamente, juntamente com outros parâmetros, conforme a pele envelhece. Assim, a pele envelhecida possui coloração menos uniforme, aspereza ao toque e a função barreira prejudicada, resultando em menor hidratação cutânea (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). A camada basal ou camada germinativa tem a função de produzir novas células, essa camada forma posteriormente depressões e cristas que se refletem na superfície da pele nas impressões digitais. Uma camada consistente em grandes células poliédricas, contendo tonofibrilas delgadas que é a camada espinhosa (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Uma camada constituída de células mortas densamente reunidas contendo queratina, 12 UNIDADE I │ REVISÃO: ANATOMIA DA PELE que forma a resistência da superfície da epiderme em escamas que é a camada córnea. A camada granulosa que contém grânulos de queratino-hialina em suas células. As células da periderme geralmente se descamam durante a segunda parte da vida uterina e podem ser encontradas no líquido amniótico (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). A epiderme é invadida por células da crista neural durante os três primeiros meses, essas células sintetizam o pigmento melanina, que por meio dos prolongamentos dendríticos podem ser transferidos para outras células. Depois do nascimento, esse melanócito é o responsável pela pigmentação da pele (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Figura 1. Camadas da epiderme. Estrato Córneo Estrato Lúcido Estrato Granuloso Estrato Espinhoso Estrato Basal Melanócito Derme Células mortas preenchidas com queratina descamando Grânulos Lamelares Queratinócitos Célula de Merkel Terminação Nervosa Pele Antiga Pele Nova Fonte: <https://goo.gl/images/kcgj2r>. Acesso em: 20 abr. 2018. Toda a superfície cutânea está provida de terminações nervosas capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos ou dolorosos. Essas terminações nervosas ou receptores cutâneos são especializados na recepção de estímulos específicos. Na epiderme não existem vasos sanguíneos. Assim, os nutrientes e oxigênio chegam à epiderme por difusão a partir de vasos sanguíneos da derme (GUIRRO; GIRRO, 2004). Nas regiões da pele providas de pelo, há terminações nervosas específicas nos folículos capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As primeiras, formadas por axônios que envolvem o folículo piloso, captam asforças mecânicas aplicadas contra o pelo. Os terminais de Ruffini, com sua forma ramificada, são receptores térmicos de calor (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Na pele desprovida de pelo e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda três tipos de receptores comuns (Figura 2): » Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis. São formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, 13 REVISÃO: ANATOMIA DA PELE │ UNIDADE I é envolta por várias camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz de captar a aplicação de pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos centros nervosos correspondentes (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). » Discos de Merkel: São responsáveis pela sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente costuma estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações nervosas. Se fixa às células epidérmicas por um prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão e tração sobre epiderme desencadeiam o estímulo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). » Terminações Nervosas Livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por células de Schwann, sendo que os dois são envolvidos por uma membrana basal (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). » Corpúsculos de Meissner: são da sensibilidade tátil, estão nas saliências da pele sem pelos (como nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). » Bulbos Terminais de Krause: são receptores térmicos de frio, formados por uma fibra nervosa cuja terminação possui forma de clava (arma de guerra medieval). Situam-se nas regiões limítrofes da pele com as membranas mucosas. São encontrados ao redor dos lábios e dos genitais (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Figura 2. Terminações nervosas da pele. Terminações Nervosas Livres Corpúsculo de Meissner Discos de Merkel Bulbo de Krause Corpúsculo de Paccini Terminações do Folículo Piloso Corpúsculo de Ruffini Fonte: <https://goo.gl/images/C91d3B>. Acesso em: 20 abr. 2018. 14 UNIDADE I │ REVISÃO: ANATOMIA DA PELE A epiderme é mais espessa ao nível da palma e da planta e mais delgada nas pálpebras, prepúcio, pequenos lábios vaginais e escroto. Nas camadas inferiores da epiderme estão os melanócitos, células que produzem melanina, pigmento que determina a coloração da pele. A melanina dá a cor do amarelo ao negro para a pele. A quantidade de um indivíduo para o outro é a mesma, o que diferencia a tonalidade da pele é o pigmento caroteno. A melanina é o principal pigmento epidérmico, controlado pelo hormônio melanócito estimulante (MSH) da adeno-hipófise (lobo anterior) (GUYTON, 2017). As glândulas anexas – sudoríparas e sebáceas – encontram-se mergulhadas na derme, embora tenham origem epidérmica. O suor (composto de água, sais e um pouco de ureia) é drenado pelo ducto das glândulas sudoríparas, enquanto a secreção sebácea (secreção gordurosa que lubrifica a epiderme e os pelos) sai pelos poros de onde emergem os pelos. A transpiração ou sudorese tem por função refrescar o corpo quando há elevação da temperatura ambiental ou quando a temperatura interna do corpo sobe, devido, por exemplo, ao aumento da atividade física (GUYTON, 2017). O melanócito É uma célula dendrítica que produz melanina, substância pigmentar que envolve a célula protegendo seu núcleo dos raios solares. A melanina é um dos responsáveis pela coloração da pele (Figura 3). É uma célula neurocutânea que surge a partir da crista neural no período embrionário (BORGES et al., 2017). Figura 3. O melanócito. Grânulos Melanina Melanossomos Aparelho de Golgi Mitocôndrias Dendritos Núcleo Retículo Endoplasmático Fonte: <https://goo.gl/images/oBaEPP>. Acesso em: 1 mar. 2018. Quando se tornam células completamente desenvolvidas, distribuem-se em diversos locais: olhos (epitélio pigmentar retiniano, íris e coroide), ouvidos (estrias vasculares), sistema nervoso central (leptomeninges), matriz dos pelos, mucosas e pele (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). 15 REVISÃO: ANATOMIA DA PELE │ UNIDADE I O melanócito apresenta o corpo celular globuloso com várias prolongações citoplasmáticas que se introduzem entre os queratinócitos. O citoplasma é composto por organelas habituais de uma célula e outras específicas, como por exemplo, os melanossomas. O melanócito não possui desmossomas. O melanócito da pele localiza-se na camada basal atingindo até a 3ª camada no estrato espinhoso (Figura 4) (BORGES et al., 2017). Figura 4. Localização do melanócito. Fonte: <https://goo.gl/images/97rRxD>. Acesso em: 1 mar. 2018. Apresentam dendritos os quais se prolongam para dentro dos queratinócitos para depositar melanossomas. A melanina é derivada da tirosina nos melanossomos. Mudanças agudas de coloração na pele são devidas às mudanças de orientação e posição dos melanossomos. Mudanças crônicas de coloração (bronzeamento) são devido ao aumento numérico da distribuição dos melanossomos (BORGES et al., 2017). Com a idade o número de melanócitos ativos diminui em média 10% a 20% a cada 10 anos, nos folículos pilosos da cabeça. Existem vários tipos de melanina e esta, é produzida em quantidades diferentes em cada segmento corporal. Por isso é que podemos facilmente observar as diferentes variedades de tonalidade da cor da pele em qualquer indivíduo independente seja sua cor, por exemplo, branca ou negra (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Distúrbios podem afetar os melanócitos determinando algumas doenças, tais como: » vitiligo; » melasma ou cloasma; » hipercromias; » nevos melanocíticos; » melanomas. 16 UNIDADE I │ REVISÃO: ANATOMIA DA PELE Síntese das melaninas ou melanogênese A cor da pele é originada de substâncias denominadas pigmentos melânicos. Estes pigmentos melânicos servem para proteger a epiderme e as camadas profundas da pele de agressão externa, em particular os raios ultravioletas. Quanto mais espessos os melanócitos, mais eles produzirão os pigmentos fotoprotetores. Estes pigmentos protetores, ou melanina, são numerosos, mas são geralmente divididos em 2 grupos: as feomelaninas vermelhas ou amarelas e as eumelaninas que são marrons ou negras (BORGES et al., 2017). As eumelaninas protegem melhor dos raios ultravioletas do sol. Quanto mais a epiderme é escurecida, mais a pele está protegida. Figura 5. Eumelanina e feomelanina. Eumelanina cor castanho enegrecida protege contra raios UV menor predisposição a lesão maior concentração na pele negra Feomelanina cor vermelho amarelado não protege contra raios UV maior predisposição a lesão maior concentração na pele clara Fonte: Do autor, 2018. É a fabricação do pigmento (melanina) que proporciona a cor da pele, dos cabelos etc. Ocorre dentro do melanócito, através de várias reações químicas entre um aminoácido, a tirosina e uma enzima a tirosinase (BORGES et al., 2017). A produção da melanina pode ser analisada em três fases: 17 REVISÃO: ANATOMIA DA PELE │ UNIDADE I Figura 6. Produção da melanina. 1a fase •Síntese da enzima tirosinase: • tirosinase é sintetizada nos ribossomos do retículo endoplasmático 2a fase • Formação dos melanossomas: • aparelho de golgi produz vesículas que armazenam a tirosinase e a tirosina (aminoácido), ocorrendo reação enzimática. As vesículas sofrem alterações morfológicas e recebem o nome de melanossomas 3a fase • Síntese da melanina: • ocorre a síntese completa da melanina. O melanossoma perde a atividade tirosinática, recebendo o nome de grão de melanina Fonte: do autor, 2017. Os raios ultravioletas (UVA e, sobretudo UVB) alcançam os melanócitos situados dentro da camada basal da epiderme e provocam alterações celulares que serão os ativadores da produção de melanina. Estas alterações são imediatamentereparadas (GUYTON, 2017). Distribuição da melanina na epiderme Os “grãos” de melanina são distribuídos aos queratinócitos vizinhos, através de suas prolongações citoplasmáticas. A cor da pele resulta da combinação entre a eumelanina e a feomelanina (GUYTON, 2017). Figura 7. Diagrama da melanina. Melanina Eumelanina Responsável pela cor escura. Está presente em todos os fototipos da pele Absorve e dispensa a luz ultravioleta atenuando sua penetração na pele e reduzindo os efeitos nocivos do sol Indivíduos com maior pigmentação tendem a se queimar menos e bronzeiam mais do que indíviduos mais claros Feomelanina Responsável pela cor clara. Também presente em todos os fototipos da pele Tem um grande potecial em gerar radicais livres, em resposta à exposição solar São capazes de causar danos ao DNA dessa forma, podem contribuir para os efeitos tóxicos dos raios ultravioleta Fonte: Menegat, 2018. 18 UNIDADE I │ REVISÃO: ANATOMIA DA PELE Derme Derme ou cório, do latim corium = couro, significando a membrana espessa que resulta após ter sido curtida a pele de certos animais e que se sobrepõem à epiderme. Constituída de tecido conjuntivo (mesodérmico) denso (GUYTON, 2017). Na palma e planta, a derme é percorrida por cristas e sulcos utilizáveis para identificação individual (papiloscopia ou datiloscopia). É na derme que encontramos a raiz dos pelos e a maioria das glândulas anexas, sendo ainda aqui onde termina pelo menos uma das extremidades das fibras musculares dos músculos cutâneos da cabeça, pescoço, palma, dartos escrotal e grandes lábios, músculo aréolo-papilar da mama e eretores dos pelos (GUYTON, 2017). Figura 8. Derme papilar e reticular. Epiderme Camada papilarna derme Camada reticular na derme Derme Fonte: <https://goo.gl/images/BZywFw>. Acesso em: 20 abr. 2018. A derme é derivada dos dermátomos e do mesoderma da placa lateral (ou mesoderma lateral), os quais, por sua vez, derivam-se dos somitos. Durante o terceiro e quarto mês o córion forma muitas estruturas irregulares que se projetam para cima da epiderme que são as papilas dérmicas. Onde cada uma dessas papilas geralmente possui um pequeno capilar ou uma terminação nervosa sensorial. A camada mais profunda da derme, o subcorion, contém muito tecido adiposo. A derme, localizada imediatamente sob a epiderme é a segunda camada, porém principal parte da pele. É um tecido conjuntivo frouxo que contém fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 19 REVISÃO: ANATOMIA DA PELE │ UNIDADE I Mais espessa na palma das mãos e plantas dos pés. Possui papilas dérmicas e corpúsculos de Meissner (do tato) e outros. As principais células da derme são os fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos estão mergulhados (GUYTON, 2017). A epiderme penetra na derme e origina os folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Na derme encontramos ainda: músculo eretor de pelos, fibras plásticas (elasticidade), fibras colágenas (resistência), vasos sanguíneos e nervos (GUIRRO; GUIRRO, 2004). São estruturas encontradas na derme, segundo Guirro e Guirro (2004): » vasos sanguíneos; » glândulas sudoríparas; » glândulas sebáceas; » folículo espinhoso; » vasos linfáticos. As glândulas sebáceas concentram-se no folículo piloso, onde se abrem diretamente, por curto ou largo ducto, no canal do pelo, estrutura com a qual são sempre vistas. A contração do músculo eretor ajuda a expelir o conteúdo gorduroso (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Não existem em pele glabra (sem pelos). Nas pálpebras encontramos dois tipos de glândulas sebáceas modificadas: as glândulas társicas e as glândulas ciliares sebáceas. Na aréola mamária também encontramos outra modificação dessas estruturas que são as glândulas areolares. Estas glândulas não existem nas palmas das mãos nem na planta dos pés (GUIRRO; GUIRRO, 2004). Estas secretam sebo, que impede o ressecamento do elo, a evaporação excessiva de água, mantém a pele macia e evita a proliferação de certas bactérias. As glândulas sudoríparas, constituídas por um fino e longo tubo que no início se enovela, chamado corpo da glândula, profundamente situado no córion, chegando mesmo a ultrapassá-lo atingindo o TCSC. São responsáveis pela produção e transporte do suor, secretando-o através do poro sudorífero, atuando como regulador térmico (GUYTON, 2017). 20 UNIDADE I │ REVISÃO: ANATOMIA DA PELE Figura 9. Anexos da derme. Fonte: <https://goo.gl/images/1JbvWw>. Acesso em: 20 abr. 2018. Tela subcutânea ou Tecido Celular Subcutâneo (TCSC) Está sob a pele, encontrada profundamente à derme, formada por tecido conjuntivo frouxo (areolar) e gordura (panículo adiposo – células gordurosas ou adipócito). Permite o deslizamento da pele sobre os planos subjacentes, oferece proteção (amortecedor) contra choques mecânicos, também sendo um isolante térmico. Constitui-se em verdadeiro sistema de armazenamento de gordura (nossa reserva energética). Em alguns locais o TCSC é exíguo ou inexistente, como nas pálpebras, pavilhão da orelha, prepúcio, escroto, e pequenos lábios vaginais (GUYTON, 2017). Figura 10. Tela subcutânea. Camada Lamelar Camada Areolar Fonte: <https://goo.gl/images/uvUyFT>. Acesso em: 20 abr. 2018. 21 UNIDADE IIMICROPIGMENTAÇÃO CAPÍTULO 1 A base da micropigmentação Introdução Na década de 1980 surgiu no Brasil a maquiagem definitiva, que veio com a proposta de embelezar e facilitar a vida da mulher moderna. A técnica introduz o pigmento na pele através de agulhas, lembrando a tatuagem, colorindo olhos, sobrancelhas e lábios (MARTINS et al., 2009). A micropigmentação é definida como a implantação de pigmentos exógenos na camada epidérmica da pele com o auxílio de um dermógrafo e agulhas apropriadas. Tratava-se de uma técnica de permanência supostamente temporária de pigmentação, variando conforme o tipo, a textura e a coloração da pele. A média de permanência do pigmento variava de cinco a quinze anos e dependendo da técnica empregada, do tipo e do grupo de agulhas usadas durante a pigmentação, da fórmula e saturação dos pigmentos aplicados. Hoje com a atualização dos aparelhos, das técnicas e dos pigmentos. Temos “maquiagem definitiva” de curta duração de fato, que ficam na pele de 6 meses a 3 anos a micropigmentação (MARTINS et al., 2009). Outros fatores que influem na vida útil do pigmento são os hábitos do indivíduo. A frequência à exposição solar, utilização de cosméticos a base de ácidos e esfoliante diminuem a permanência e a intensidade da cor (SANDERSON et al., 2009). A dermografia começou na Pré-História, como resultado de cicatrizes de batalha, demonstrava bravura perante a tribo. Também eram utilizadas para diferenciar autoridades como chefes de tribos, guerreiros e líderes religiosos (CALHEIROS, 2016). Existem provas arqueológicas de que já se utilizava a tatuagem entre 4.000 e 2.000 anos a.C. Datado em 3.300 a.C. nos Alpes de Venoste, foi encontrado o Otzi, o Homem de Gelo, uma das múmias mais antigas e conservadas do mundo, contém 61 desenhos 22 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO encontrados pelo corpo sendo linhas retas paralelas e estão concentrados em suas pernas e braços. Também foram descobertas tatuagens antes desconhecidas em sua caixa torácica. Também, no Egito foram encontradas múmias, com os olhos pigmentados. Incluindo Amunet, Sacerdotisa da Deusa Hathor do antigo Egito (c. 2134-1991 a.C). Além de outros achados arqueológicos na Polinésia, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia, China e Japão. Em várias culturas pré-colombianas e Rússia (CALHEIROS, 2016). Durante o processo gradual de cristianização na Europa, as tatuagens eram muitas vezes consideradas elementos remanescentes do paganismo e geralmente proibidas legalmente. A Igreja na Idade Média baniu a tatuagem da Europa (Em 787, ela foiproibida pelo Papa), sendo considerada como uma prática demoníaca, comumente caracterizando-a como prática de vandalismo no próprio corpo, afirmando em sua doutrina como maneira de vilipendiar o templo do Espirito Santo, o corpo, levando seus fiéis a uma forma verdadeiramente reta de louvor a Deus (CALHEIROS, 2016). Figura 11. Múmia com tatuagem. Fonte: <https://misteriosdomundo.org/especialistas-recriam-rosto-de-mumia-e-sua-aparencia-e-impressionante/>. Acesso em: 22 mai. 2018. O pai da palavra “tattoo” que conhecemos atualmente foi o capitão James Cook (também descobridor do surf), que escreveu em seu diário a palavra “tattow”, também conhecida como “tatau” (era o som feito durante a execução da tatuagem, em que se utilizavam ossos finos como agulhas e uma espécie de martelinho para introduzir a tinta na pele). Com a circulação dos marinheiros ingleses a tatuagem e a palavra tattoo entraram em contato com diversas outras civilizações pelo mundo novamente. Porém o Governo da Inglaterra adotou a tatuagem como uma forma de identificação de criminosos em 1879, a partir daí a tatuagem ganhou uma conotação fora da lei no Ocidente (CALHEIROS, 2016). O primeiro tatuador profissional documentado foi estabelecido no porto de Liverpool na década de 1870. A tatuagem no Brasil surgiu só nos anos 1960, foi introduzida pelo dinamarquês Knud Harald Lucky Gregersen, o Lucky Tattoo, iniciando seus trabalhos no porto de Santos. Knud logo ganhou fama ao tatuar pessoas das famílias de classe alta 23 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II de Santos-SP. Seu trabalho tornou-se concorrido, afinal de contas, era o único na época a criar esse tipo de arte (GREGERSEN, 2010). Diferença de dermopigmentação e tatuagem Significado da Dermografia: Dermo (Grego que significa pele) + Grafia (Grego que significa escrita ou desenho) = Desenho em pele. A diferença entre a dermopigmentação e a tatuagem é que na tatuagem o pigmento usado é diferente e é implantado numa camada mais profunda da pele, abaixo da derme, fazendo com que este pigmento permaneça por um tempo indeterminado, não se sabe por quando tempo, podendo até ser definitiva. Já na dermopigmentação, o pigmento será implantado acima da derme, fazendo com que a renovação celular amenize este processo com o tempo, ou seja, a coloração tende a diminuir com o passar dos anos, fazendo com que o procedimento não seja definitivo e sim permanente. Havendo então a necessidade, de se refazer o procedimento a cada 3 ou 4 anos em alguns pacientes (MARTINS et al., 2009). O objetivo da dermopigmentação é colorir a epiderme, através de pigmentos de natureza vegetal, mineral ou orgânica. A pessoa que irá realizar o processo de micropigmentação deve cuidar o tipo de pele, a idade do cliente, bem como a certeza de que a pigmentação pode ser retirada com um produto ou procedimento específico, como o raio laser. Quando se trabalha com a imagem é essencial saber como a cor funciona e como usá-la para conseguir seus diversos efeitos. É preciso lembrar que a pele já é pigmentada pela melanina, então é necessário saber como as cores do pigmento reagem com a cor da pele, e como isto será transmitido (MARTINS et al., 2009). Os pigmentos usados na dermopigmentação são à base de óxido de ferro e vegetais, não alergênicos e liberados para o nosso uso, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), (MARTINS et al., 2009). Figura 12. Diferença entre tatuagem e micropigmentação. Camada Basal Micropigmentação Tatuagem Fonte: modificada. <https://goo.gl/images/C91d3B>. 24 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Contra indicações Quem apresentar os problemas relacionados abaixo não pode se submeter à técnica da micropigmentação, segundo Sanderson et al., (2009): » hipertensão arterial; » hemofílicos; » pacientes em químio ou radioterapia; » queloídes; » pessoas albinas; » doenças autoimunes; » em cima de verrugas ou pintas; » doenças oftalmológicas como: glaucoma, cataratas, descolamento de retina e úlcera na córnea (não podem nos olhos, mas lábios e sobrancelhas liberados); » diabetes descompensado; » cardiopatias; » tumores cancerígenos; » epilepsia; » HIV positivo; » alcoolismo; » complicações psicossomáticas; » leucemia; » trombose; » infecção de pele no local a ser pigmentado; » histórico alérgico; » gestação e lactantes; » menor de 18 anos; » distúrbios psiquiátricos; » super expectativa de resultado; » pessoas que fizeram cirurgia plástica a menos de um ano. 25 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Quadro 1. MICROPIGMENTAÇÃO – TODOS OS TIPOS E DIVISÕES Facial: Sobrancelhas, olhos e lábios, para cobrir falhas e realçar. Capilar: Aplicada no couro cabeludo, ela cobre falhas e cicatrizes. Estética: Utilizada a pigmentação para cobrir vitiligo e reconstrução da aréola. Procedimento que transforma a autoestima das pessoas. Microblading: Essas técnicas utilizam o indutor manual na construção de fios, a diferença está na preparação do pigmento, alterando a durabilidade. Fonte: Da autora, 2018. 26 CAPÍTULO 2 Como cicatrizar e fixar pigmento Cicatrização e fixação do pigmento A cicatrização é o processo pelo qual o organismo tende a reparar uma lesão ou perda de tecido (GUYTON, 2017). Tipos de cicatrizações: » Primeira intenção: quando há união imediata das bordas da ferida. Evolui em 4 a 10 dias. Não há cicatriz. Figura 13. Fonte: <http://rmfisiodermatofuncional.blogspot.com.br/2017/11/reparo-tecidual-regeneracao-e.html>. Acesso em: 20 abr. 2018. Segunda intenção: as bordas não contatam entre si, por perda de tecidos excessiva. O espaço é preenchido por tecido de granulação, cuja superfície posteriormente será coberta, esse processo pode durar dias ou meses. Evidencia a presença de cicatriz. Figura 14. Fonte: <http://rmfisiodermatofuncional.blogspot.com.br/2017/11/reparo-tecidual-regeneracao-e.html>. Acesso em: 20 abr. 2018. 27 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Terceira intenção: processo que envolve limpeza, debridamento (remoção do tecido necrosado) e formação de tecido de granulação saudável para posteriormente ocorrer à captação (ligamento) das bordas da lesão. Evidencia a presença de uma cicatriz atrófica. Figura 15. Fonte: <http://rmfisiodermatofuncional.blogspot.com.br/2017/11/reparo-tecidual-regeneracao-e.html>. Acesso em: 20 abr. 2018. Na micropigmentação é realizado o processo de cicatrização de primeira intenção, pois a ferida será realizada somente a nível epidérmico. Todo processo demora em média de 15 a 20 dias, já retoque só poderá ser realizado após esse período. Fatores que afetam a cicatrização Fatores locais » Corpo estranho, sujidades, material de sutura, implantes. » Tecido necrosado ou isquêmico. » Infecção. » Temperatura. » Coleção de líquidos: hematoma, seroma. » Espaço morto. » Material de incisão: bisturi x tesoura. » Uso do eletrocautério. » Tempo transcorrido entre o trauma e o tratamento. » Bandagens. » Áreas de tensão, movimento. 28 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Fatores sistêmicos » Uso de corticosteroides. » Radioterapia, quimioterapia. » Idade. » Diabete melito descompensada. » Hiperadrenocoricismo. » Neuropatia. » Hipoproteinemia. » Hepatopatia: deficiência de fatores de coagulação. » Choque hipovolêmico. » Presença de toxinas bacterianas. » Anti-inflamatórios não esteroidais. » Oxigênio hiperbárico. » Ultrassonografia e fototerapia (GUYTON, 2017). A cicatrização é o processo pelo qual o organismo tende a reparar uma lesão ou perda de tecido (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). Esse processo está dividido em diferentes fases: Quadro 2. Inflamação Debridamento Proliferação Maturação 0 a 3 dias 1 a 6 dias 3 a 14 dias 14 dias a 1 ano Alteração da permeabilidade vascular Proliferação de polimorfo nucleares Angiogênese = proliferação capilar Involução do número de capilares Deposição de fibrina Atividade de linfócitos e macrófagos Fibrinólise = reabsorção defibrina Involução do número de células Exsudação Atividade enzimática Proliferação de fibroblastos Aumento da deposição de colágeno Edema Limpeza Modificação da substância básica (MEC) Aumento da resistência da cicatriz Supuração Síntese de colágeno Contração da cicatriz Migração epitelial Fonte: (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999, GUIRRO; GUIRRO, 2004, GUYTON 2017). 29 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Figura 16. Fases da cicatrização. Dias pós-ferida Maturação Proliferação Inflamação Neutrófilos Macrófagos Fibroblastos LinfócitosN úm er o re la tiv o de cé lu la s Fonte: <https://goo.gl/images/Aj9rL5>. Acesso em: 20 abr. 2018. Conhecendo os mecanismos de defesa do organismo, podemos pensar que o tecido cutâneo rejeitaria qualquer inclusão de matéria estranha levando a eliminação da micropigmentação, porém com técnica adequada isto não ocorre. A agulha tem dois papéis: o inicial separando as capas pelas quais penetra e simultaneamente depositando mais ou menos quantidade de corante, em função da solubilidade dos componentes, o inicial separado por ela volta a unir-se, capturando-se o pigmento depositado que forma uma coluna (CALHEIROS, 2016). Posteriormente inicia-se um confronto com os anticorpos, onde estes fagocitam o maior número de células pigmentadas possível, para que seja observada pouca ou nenhuma irritação, os componentes do pigmento devem ser o menos tóxico possível, o que nos chama atenção para a idoneidade do pigmento. O pigmento fagocitado fica depositado nas camadas mais profundas da epiderme, sofrendo com a pele o processo de regeneração natural como explicado anteriormente (GUYTON, 2017). Naturalmente nos sete primeiros dias, todo pigmento em excesso, aquele que não foi fagocitado, se desprender em forma de crosta levando a um clareamento de 50% da pigmentação, muitas vezes ocorre falhas levando a necessidade de um retoque após 20 dias da primeira aplicação (CALHEIROS, 2016). 30 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Podemos resumir a fixação do pigmento no esquema abaixo: Figura 17. Pigmento não é solúvel, partículas grandes a pele não consegue expelir o pigmento defesa do corpo utiliza os macrófagos que fagocitam cada partícula do pigmento encapsulado em uma membrana, isola o pigmento na epiderme pigmento fagocitado ficará depositado na epiderme, se tiver água suficiente sofrendo com a pele processo de regeneração natural e nos 7 primeiros dias pigmento que não foi fagocitado, se desprenderá em forma de crosta levando um clareamento de no mínimo 50% da pigmentação necessitando de um retoque a partir de 20 dias após a primeira aplicação Fonte: Do autor, 2017. Figura 18. Esquema da cicatrização na micropigmentação. 1o DIA AMEI A SOBRANCELHA 2o AO 4o DIA IXI! ACHO QUE ESTÁ MUITO GROSSA E MUITO ESCURA 5o AO 7o DIA MINHAS SOBRANCELHAS ESTÃO DESCASCANDO E SUMINDO A COR 8o AO 10o DIA SAIU TUDO! MINHA SOBRANCELHA SUMIU! 10o AO 20o DIA ELAS VOLTARAM! MAS ESTÃO FALHADAS 28o AO 30o DIA – DIA DO RETORNO APÓS O RETOQUE, OBRIGADA! EU AMEI! Fonte da imagem: Montada pela autora. <http://www.pictame.com/tag/macklainedesigneredermopigmentadora>, <https:// blogandreialima.wordpress.com/author/blogandreialima>. Acesso em: 23 mai. 2018. 31 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Migração: como evitar e corrigir Migração é a expansão do pigmento, formando uma mancha borrada próximo ao local da aplicação. Para evitar migração, tenha cuidado com a agulha, nunca batê-la no fundo do batoque. » Se sentir a agulha enroscar trocar imediatamente. » Excesso de sangramento é sinal de perigo. » Nunca pigmentar a marca d’água nos olhos e na pele ao redor dos lábios. » Excesso de força acarretará uma grande lesão que pode causar esse transtorno. » Caso não esteja pegando o pigmento na pele aumente a velocidade do seu dermógrafo. Ou suba um tom na cor utilizada e trabalhe com uma técnica mais suave. » Lembre-se quanto mais velocidade mais natural ficará a pigmentação (GIARETTA, 2015, CALHEIROS, 2016). 32 CAPÍTULO 3 Biossegurança Introdução Segundo Teixeira e Valle (1996), biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção e proteção do trabalhador, minimização de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados. Em outros termos, são procedimentos que visam abordar medidas no controle de infecções para proteger os profissionais, além de desempenhar papel fundamental na comunidade, promovendo a consciência sanitária, a importância da preservação ambiental com relação à manipulação e descarte de resíduos químicos, tóxicos e infectantes, e também, na diminuição, de um modo geral, de riscos à saúde e acidentes ocupacionais (COSTA, 2000a). Biossegurança assim, possui o propósito de proteção ao trabalhador e na micropigmentação essa proteção é contra os microrganismos, tanto para proteger o trabalhador como para a proteção do cliente (VALLE, 1998). Figura 19. Cronologia e história da biossegurança. 1696: Inventado microscópio 1843: Dr. Helmes relacionou a infecção em gestantes com a transmissão por médicos/parteiros contaminados pelas autopsías em pessoas infectadas 1846: Dr. Ignaz Phillp Semmelweis, confirmou a hipótese de contaminação pelas mãos e introduziu a higienização das mãos com substâncias cloradas 1880: Pasteur relacionou o processo de infecção com a ausência das técnicas de esterilização 1949: Pike pesquisou os casos de infecção generalizada em homens transmitidos pelos animais 1974: Skinholy publicou os trabalhos de laboratório dinamarquês que representavam a incidência da hepatite mais que a população geral, pela falta de luva Fonte: Do autor, 2018. 33 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Higienização das mãos A higienização das mãos é a medida individual mais simples e efetiva na prevenção da propagação das infecções relacionadas à saúde. As mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada a qualquer indivíduo, pois a pele é um possível reservatório para esses, que podem se transferir de uma superfície para outra pela transmissão cruzada (COSTA, 2000a). Figura 20. Lavagem das mãos. Fonte: <https://goo.gl/images/XxkmRC>. Acesso em: 20 abr. 2018. Equipamento de Proteção Individual (EPI) O uso de EPI é indispensável para a proteção da saúde e riscos contra a segurança do trabalhador. Esses equipamentos são individuais e seu uso é determinado pela norma técnica NR 6, que estabelece que os EPIs sejam fornecidos ao trabalhador para desempenho de suas funções dentro da empresa, assim, garantindo que o profissional não se exponha às doenças ocupacionais que podem comprometer sua capacidade dentro e fora do trabalho. São eles: capacetes, óculos, protetores auriculares, máscaras, luvas, botas, avental e outros itens de proteção (VALLE, 1998). Para a micropigmentação os equipamentos obrigatórios são: touca, luvas, máscaras, avental para proteger toda parte superior, calça e sapatos fechados para cobrir a parte inferior (VALLE, 1998). Esses cuidados são necessários pensando tanto na segurança do profissional que está atuando como para o cliente, prevenindo o contato com microrganismos de qualquer natureza (VALLE, 1998). 34 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Esterilização Processo que elimina todas as formas de microrganismos presentes: vírus, bactérias, fungos e protozoários. Existem diversos meios de esterilização, classificados como físicos e químicos. » Processo físico: vapor saturado, estufa, autoclaves, calor seco, raios gama ou cobalto e lavadora ultrassônica. » Processo químico: glutaraldeído, formaldeído ou ácido peracético. » Processos físicos/químicos: esterilizadoras a óxido de etileno ETO, plasma de peróxido de hidrogênio, plasma de gases (vapor de ácido peracético eperóxido de hidrogênio; oxigênio, hidrogênio e gás argônio) e vapor de formaldeído (SILVA, et al., 2004). Autoclave: para os materiais de micropigmentação o processo mais adequado é por meio da autoclave, que consiste em manter o material contaminado em contato com um vapor de água em temperatura elevada, o suficiente para matar todos os microrganismos. A autoclave é formada por um cilindro metálico resistente, com tampa de fechamento hermético, com chave de comando para o controle de temperatura e um registro indicador de temperatura e pressão (SILVA, et al.,2004). Importante fazer o descarte dos materiais utilizados no procedimento sem lixo específico, identificando por símbolos, tal como: lixo comum, descarte especial (para agulhas e outros descartáveis cortantes) e bioquímico (descartáveis não ele inclui o uso da incubadora). Normalmente a prefeitura disponibiliza serviços de coleta e descarte através de empresas terceirizadas, que vão até o local e retiram o material. Informe-se no seu município. Normas da Anvisa: nível federal Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados. Ou seja, na micropigmentação é a Anvisa que regulamenta as normas de manutenção para o ambiente de atendimento e sobre a autorização dos pigmentos, dermógrafos e agulhas (ANVISA, 2009). Coordena, planeja e desenvolve projetos, programas e ações de orientação, educação, intervenção e fiscalização, pertinentes às suas respectivas áreas de atuação. Desenvolvem 35 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II investigação de casos ou de surtos e assumem a operação de situações epidemiológicas de doenças de notificação compulsória ou agravos inusitados de saúde. Outra importante função é de elaborar normas técnicas e padrões destinados à garantia da qualidade de saúde da população. Segundo as normas da Anvisa, a sala de atendimento ideal é regida para proteção tanto na hora do procedimento como para contaminações através dos materiais (ANVISA, 2009). Confira abaixo tudo que precisa para regulamentar o seu espaço de micropigmentação: » A sala de atendimento não deve possuir móveis que não possam ser lavados, como cortinas, tapetes ou qualquer outro adereço de fácil acúmulo de poeira e ácaros. » Sala de esterilização deve ter no mínimo 1,5m², contendo duas pias. » Pia 1: Específica para higienização das mãos, do profissional. » Pia 2: Específica de higienização do material, que deve possuir mecanismo de acionamento por pedal ou por sensor, o que evita o contato das mãos com a torneira. » Sala ou local fechado com no mínimo 1m² para armazenamento do lixo infectado e aguardo da coleta seletiva. » Livro de registro da autoclave. » Todos ambientes com pisos e paredes laváveis. » Tela com proteção anti-inseto nas janelas. » Uma pia na sala de atendimento. » Duas lixeiras por sala de procedimento, acionadas por pedal, uma com saco leitoso para resíduos infectantes e outra para lixo comum com saco preto ou azul, ambas com identificação na tampa. » Autoclave. » Lavadora de ultrassom. » Incubadora. » Frascos de pigmentos com rótulos de procedência, data de validade e número de lote aprovados pela Anvisa, embalado sem PVC descartável. » Água destilada para utilização na autoclave e detergente enzimático para ultrassom, álcool 70% para esterilização do ambiente. 36 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO » Materiais de limpeza devem ser guardados separadamente. » Todo material já esterilizado deve conter data e tem validade de uma semana. » Importante: É obrigatório ter o livro de registro da autoclave, e fazer a manutenção semanal. » Ter o ambiente dedetizado de 6 em 6 meses com laudo. » Fazer um manual de rotinas dos procedimentos. (ANVISA, 2009). Dica de como montar seu carrinho auxiliar » Limpar toda a superfície do carrinho e da maca com álcool 70%. » Colocar um campo de mesa ou plástico filme sobre a mesa do carrinho, e forrar a maca com lençol descartável. » Limpar com álcool 70% os borrifadores, o porta batoque, dermógrafo e paquímetro (ter dois borrifadores com água filtrada e outro com água e sabão antisséptico). » Embalar todos os itens acima com plástico filme. » Apontar os lápis, para não causar uma infecção cruzada. » Paramentar com EPIS e também colocar touca na cliente. » Colocar no carrinho, as agulhas necessárias, as pinças esterilizadas ou descartáveis, o batoque, os lápis e o pentinho para sobrancelhas. » Iniciar o procedimento. 37 CAPÍTULO 4 Anamnese e termo consentimento Introdução Anamnese é uma entrevista realizada pelo profissional com a intenção de ser um ponto inicial no tratamento desejado. Uma anamnese, como qualquer outro tipo de entrevista, possui formas e técnicas corretas de serem aplicadas. Muitos profissionais acreditam que a ficha de anamnese sirva apenas para obter os dados pessoais de seus clientes para quando precisarem contatá-los, mas além de ser um simples cadastro, serve principalmente para conhecê-lo profundamente, ou seja, saber se tem alguma patologia que possa impedir a realização da micropigmentação (BORGES, 2006). O profissional, obrigatoriamente necessita saber a expectativa do cliente, seu histórico de saúde, o que costuma usar de cosméticos, se ele se expõe ao sol, se está fazendo algum acompanhamento ou tratamento médico, se possui alguma doença, alergia, restrições etc. (BORGES, 2006). Sem isso não tem como iniciar a aplicação da micropigmentação. Modelo de Anamnese NOME IDADE DATA NASCIMENTO ___/____/____ ESTADO CIVIL PROFISSÃO E-MAIL CELULAR TELEFONE FIXO INDICADO POR QUEIXA PRINCIPAL CASO TENHA ALGUM PROBLEMA DE SAÚDE ASSINALE ABAIXO Circulatório ( ) NÃO ( ) SIM Ginecológico ( ) NÃO ( ) SIM Urinário ( ) NÃO ( ) SIM Placas, pinos ou Próteses. ( ) NÃO ( ) SIM Respiratório ( ) NÃO ( ) SIM Hipotireoidismo ( ) NÃO ( ) SIM Digestivo ( ) NÃO ( ) SIM Hipertireoidismo ( ) NÃO ( ) SIM Diabetes ( ) NÃO ( ) SIM Marca-passo ( ) NÃO ( ) SIM Cardíaco ( ) NÃO ( ) SIM Cirurgia plástica: ( ) NÃO ( ) SIM Endócrino ( ) NÃO ( ) SIM Quais: Gastrointestinal ( ) NÃO ( ) SIM Usa DIU ( ) NÃO ( ) SIM Alergias ( ) NÃO ( ) SIM Constipação intestinal ( ) NÃO ( ) SIM Neoplasias ( ) NÃO ( ) SIM Urina regularmente? ( ) NÃO ( ) SIM Outros Está grávida? ( ) NÃO ( ) SIM Fumante ( ) NÃO ( ) SIM Número de gestações Medicações Observações que deseja fazer Afirmo que todas as informações cedidas de livre e espontânea vontade nesta ficha são verdadeiras. Assinatura:__________________________________________________ 38 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Fototipo Cor natural do pelo Pele quente ou fria Obs.: Primeira sessão Retoque Cor pigmento principal Cor pigmento principal Quantas gotas Quantas gotas Cor pigmento secundário Cor pigmento secundário Quantas gotas Quantas gotas Tamanho lâmina Tamanho lâmina Do autor, 2017. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), é documento que visa proteger a autonomia dos pacientes, no qual atestam estar cientes de suas condições, como sujeitos de pesquisa ou submetendo-se a procedimentos de micropigmentação (SINGER, 1994). Além de proteger os micropigmentadores, o documento igualmente protege os pacientes. Estes, na condição de leigos, muitas vezes não são devidamente informados a respeito do tratamento, principalmente em relação às possibilidades de insucesso – mesmo que executado de forma perfeita (SALLES, 2011). Ato jurídico é todo aquele que interessa ao mundo do Direito. Para que exista, é necessário que haja declaração de vontade. O contrato de prestação de serviços é, evidentemente, um ato jurídico, cuja declaração de vontade pode sermeramente verbal, ou escrita, formalizada por meio do TCLE. Sendo assim, para que seja válido o TCLE deve preencher os requisitos previstos no art. 104 do Código Civil de 2002: “I- agente seja capaz; II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III- forma prescrita ou não defesa em lei” (SINGER, 1994). Cabe ao micropigmentador responsável pelo paciente explicar-lhe os detalhes de sua condição física, opções de tratamento, riscos etc. e solicitar a assinatura do TCLE. Esta tarefa não deve ser função do serviço de recepcionista, ou alguma outra pessoa que não seja o micropigmentador responsável (SALLES, 2011). A assinatura do TCLE não implica desresponsabilização do profissional em relação a danos oriundos do mau exercício profissional, mas sim dos causados esperados e devidamente informados, desde que não fruto de culpa lato sensu do profissional (SINGER, 1994). Um micropigmentador que em função de sua negligência cause dano a um paciente tem o dever de repará-lo – mesmo o tendo esclarecido e dele obtido o TCLE (SALLES, 2011). Abaixo segue um exemplo de um termo de consentimento para micropigmentação: 39 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II TERMO CONSENTIMENTO Eu _________________________________, portadora do R.G____________________, CPF____________________, declaro que fui informada do que poderá ocorrer após a aplicação e dos preparatórios que deverão ser realizados para o procedimento de microblading. O processo trata-se de uma técnica de implantação de pigmentos artificiais exógenos na camada superficial da pele com a finalidade de correção e embelezamento estético, conhecida como microblading. Trata-se de uma técnica japonesa onde é executada com uma espécie de caneta chamada tebori, na qual uma agulha de 11 a 15 pontas é encaixada e, embebida em pigmento, vai traçando e simulando os fios das sobrancelhas de forma natural e delicada. Dependendo do tipo de pele e hábitos de vida poderá ser expulso do organismo de 50% até 80% de pigmento, principalmente a primeira vez que aplica; assim é necessário realizar retoque depois de 20 a no máximo 35 dias. Durante o período de cicatrização é necessário utilizar uma pomada chamada Cicaplast Baumer B5, por 1 semana 3x ao dia, além de manter o local limpo (lavar somente com água fria e shampoo Johnson & Johnson ou sabonete líquido neutro), livre de cremes e esfregaços, não puxar a “casquinha”, não se expor ao sol, mar, piscina e sauna, utilizando protetor solar fator 60 exceto nos olhos. A diferença do microblading e da micropigmentação é que não é usado um aparelho elétrico para realizá- la (dermógrafo) e seu tempo de duração é menor. Enquanto a micropigmentação com dermógrafo chega a durar de 1 a 3 anos, a micropigmentação com tebori dura de 6 meses a 1 ano e meio, porém, varia de acordo com o tipo de pele da cliente, exposição ao sol, entre outros fatores. Microblading não é indicado para pessoas que têm diabetes, que façam uso de medicamentos anticoagulantes, alérgicos, com histórico de queloides e gestantes. Quem tem dificuldade de cicatrização é quase impossível que possa se submeter ao processo. Afirmo que li e entendi todas as explicações relacionadas com o procedimento de carboxiterapia que irei realizar. São Paulo, ___________ de ________________ de 20____. Assinatura:______________________________________________ Do autor, 2017. 40 CAPÍTULO 5 Colorimetria Os pigmentos Para que a técnica de dermopigmentação seja bem aplicada é de extrema importância o conhecimento da cor e sua utilização a cada tipo de pele, o que iremos estudar a seguir é a teoria da cor e suas aplicações nos variados tons de peles (ROLIM et al., 2009). A cor é um dos elementos mais importantes da imagem. Na dermopigmentação trabalhamos principalmente com a imagem facial, portanto é essencial saber como a cor funciona e como usá-la para conseguir seus diversos efeitos. É preciso lembrar que a pele já é pigmentada pela melanina, então é necessário saber como as cores do pigmento reagem com a cor da pele, e como isto será transmitido (MARTINS et al., 2009). Primeiramente iremos a um estudo básico da cor e como ela é percebida, sua teoria e reação dos pigmentos (MARTINS et al., 2009). Luz e cor A luz branca é composta por ondas que vibram em diversas frequências. Cada frequência corresponde a uma das cores do arco-íris, que é obtida através de um cálculo de divisão entre a velocidade da luz pelo comprimento dela. O olho humano consegue apenas visualizar um pequeno aspecto de cor que vai do violeta, passando pelo verde até o vermelho (MARTINS et al., 2009). A ausência de luz é o preto, portanto não vemos cor e sim a sensação de cor registrada pelo nosso cérebro (MARTINS et al., 2009). Figura 21. Luz e cor. Fonte: <http://www.odousinstrumentos.com.br/blog/2017/04/10/percepcao-das-coresnewton-e-o-prisma/>. Acesso em: 12 jul. 2017. 41 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Percepção de cor Quando uma luz incide sobre um objeto, o ilumina resultando em sua visualização, somente as ondas que correspondem a cor do objeto são refletidas. As outras são absorvidas numa reação química. Segundo a teoria tricomática, o olho humano capta as ondas de luz vermelha, laranja, amarela, verde, azul e violeta em três categorias de fibrilas nervosas na retina do olho. A 1ª fibrila capta a luz vermelha, a 2ª fibrila capta a luz verde e a 3ª fibrila capta a luz violeta. A luz refletida estimula as fibrilas de maneira que temos a sensação de cor do objeto (ROLIM et al., 2009). Cor energia e cor pigmento É de importância saber diferenciar cor de pigmento. Cor energia são as cores obtidas pelo padrão RGB (red-green-blue – vermelho-verde-azul), pois não há pigmento nem matéria, já pigmento é o material químico que tinge uma superfície (MARTINS et al., 2009). Mistura de pigmentos Segundo a teoria das cores, quando misturamos as cores primárias, novas cores são obtidas. Porém convém lembrar que o resultado da mistura, irá depender da qualidade do pigmento, do material químico utilizado (pureza da cor) e do processo de aplicação. Quando um desses fatores interfere na mistura, o resultado da cor é comprometido (MARTINS et al., 2009). Classificação dos pigmentos Os pigmentos são classificados em: 1. Acromáticos: branco, preto e cinza – não contém cor. Fonte: Do autor, 2018. 2. Cromáticos: contém cor e são classificados em três categorias: a. Primários: são os pigmentos puros, todas as outras cores são obtidas através de sua mistura. As cores primárias são azul, amarelo e vermelho, para se obter a cor preta, é necessário que se misturem as três cores, assim originando um preto cromático. b. Secundários: é a mistura de dois pigmentos primários puros (saturados) Amarelo + vermelho = laranja. Vermelho + azul = roxo. Azul + amarelo = verde. 42 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO c. Terciárias: são obtidas pela mistura de pigmentos das cores complementares ou dois pigmentos secundários. Fonte de todas essas imagens: <https://goo.gl/images/cgxZGp>. Acesso em: 5 mar. 2018. Estrela de Oswald: é uma das principais ferramentas usadas para entender as regras e conceitos utilizados pelos coloristas. Funciona como um gráfico ou uma tabela para trabalhar o processo de coloração e neutralização de tons indesejáveis. Figura 22. Estrela de Oswald. Fonte: <https://goo.gl/images/PJdY4a>. Acesso em: 5 mar. 2018. As cores também nos passam sensações de frio e quente, por isso a classificamos assim: » Cores quentes: amarelo, vermelho e laranja. » Cores frias: azul, verde e roxo. Figura 23. Cores quentes e frias. Fonte: <https://goo.gl/images/8Tp9US>. Acesso em: 12 jul. 2017. 43 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II SEM LUZ NÃO HÁ COR. Às escuras não conseguimos ver as cores e as formas. O PRETO É A AUSÊNCIA DA LUZ Fonte: do autor, 2018. Os pigmentos são compostos químicos, que dão cores a diversos materiais e se dividem entre os naturais (orgânicos e inorgânicos) e os sintéticos. » Orgânicos: são compostos de hidratosde carbono e base vegetal, podem causar mais alergias e são mais fáceis de migrar, por serem confundidos como agressores no nosso sistema de defesa dentro da pele. Esses pigmentos são responsáveis pelas cores mais vibrantes, como o vermelho e o amarelo normalmente são usados para a pigmentação dos lábios e tatuagem. Geralmente são muito aquosos, possuem brilho e são coloridos, com corantes comestíveis e alguns vegetais (DARDY et al.,2013). » Inorgânicos: aplicações à base de óxido de ferro são responsáveis pelas cores mais escuras. Contêm partículas muito elevadas, por isso minimizam o risco de alergias e migrações, que desbota de forma mais gradual e uniforme. Não tem brilho e são mais densos (DARDY et al.,2013). » Sintéticos: eles diminuem muito o grau de alergenicidade, por terem uma espécie de resina que envolve cada partícula do pigmento. São os pigmentos utilizados em tatuagem (DARDY et al., 2013). A composição química básica de qualquer pigmento é água purificada, glicerina vegetal e álcool Isopropílico. Figura 24. Composição do pigmento. Água purificada Glicerina Álcool isopropílico Fonte: Do autor, 2018. 44 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Para a dermopigmentação a temperatura das cores é fundamental, pois o tom de pele também é classificado de acordo com a temperatura das cores de sua tez, dos cabelos e dos olhos. A pele tem uma tonalidade de base, que é azulada (fria) ou dourada (quente), e uma intensidade que vai do claro ao escuro (ROLIM et al., 2009). Figura 25. Pele quente e fria. Fonte: <https://goo.gl/images/Q1s3Oa>. Acesso em: 10 out. 2017. O correto é: Pigmento frio + Pele quente = Resultado correto. Para pessoas de melanina fria colocamos duas gotas para cada dez gotas da cor base de laranja. Pigmento quente + Pele fria = Resultado correto. (GIARETTA, 2015) Marrons: Para a dermopigmentação as marrons são as mais utilizadas, uma vez que todo tom de pele é marrom. Há uma variedade de marrons que vai dos tons quentes ou frios e claros e escuros (GIARETTA, 2015). 45 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Figura 26. Mistura de cores. Fonte: do autor, 2018. Todos os marrons ou castanhos possuem as três cores primárias O bege é uma variação de marrom que é obtido pela mistura de amarelo, roxo e branco, considerado um pigmento frio (GIARETTA, 2015). Compostos químicos que caracterizam as cores dos animais e das plantas. Presentes em todas as células, os pigmentos dão cores a diversos materiais e se dividem entre os naturais (orgânicos e inorgânicos) e os sintéticos (MARTINS et al., 2009). Orgânicos: Com base vegetal, esses pigmentos são responsáveis pelas cores mais vibrantes, como o vermelho e normalmente são usados para a pigmentação dos lábios. Com esse tipo de pigmento pode haver rejeição de 80%, fazendo com que a cor fique desbotada, sendo necessária nova aplicação, mas após ter tido sua fixação não terá alteração de cor (MARTINS et al., 2009). Inorgânicos: Aplicações à base de dióxido de ferro ou de titânio são responsáveis pelas cores mais escuras (GIARETTA, 2015). Abaixo segue uma tabela de cores de pigmentos utilizados para dermopigmentação, e sua combinação com as peles quentes e frias (MARTINS et al., 2009; GIARETTA, 2015). Cores para pele quente: » castanho-escuro » castanho-médio » castanho-claro » vermelho 46 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO » vermelho-rubi » natural » bege » amarelo » verde-oliva » azul-púrpura Cores para pele fria: » castanho-avermelhado » avelã » bordô » cerâmica » natural » branco » verde » azul » azul-reflexo Cores utilizadas para pele negra: » Sobrancelhas e pele: castanho-avermelhado + castanho-escuro se necessário escurecer. » Olhos: azul-reflexo, pois contém mais brilho e ressalta sobre o azul da melanina. » Lábios: tons arroxeados – magenta, violeta e bordô. Conhecer a classificação dos tipos cromáticos nos auxilia muito na escolha do pigmento a ser aplicado, assim como lembrar que a melanina que da cor a pele, olhos e cabelos também tem predominância das cores primárias e secundárias, ficando mais fácil de se reconhecer seu tipo cromático (CALHEIROS, 2016). 47 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Dicas dos pigmentos: » Qualquer pigmento é preciso agitar bem antes de utilizar, pois quando parado, as moléculas dos pigmentos se separam, agite bastante antes de colocar a tinta no batoque. Figura 27. » Um batoque tamanho no 11 aceita 1 ml de pigmento. O que representa 10 gotas, assim a cor base deve conter 8 gotas para 2 gotas do neutralizante. Figura 28. Fonte: Figuras cedida pela equipe Gisele Ferreira. Neutralização: pigmentos modificadores e neutralizadores PH Verde: neutraliza as cores frias. Laranja ou mandarim: neutraliza as cores quentes. Bege: camufla as cores frias em peles brancas. Pele (claro, médio e escuro) servem como uma base cobrem erros ou migrações. (CALHEIROS, 2016) 48 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Fatores que influem na vida útil do pigmento são os hábitos do indivíduo, como: » aplicação de ácido após procedimento; » exposição solar; » temperaturas altas; » diminuir intensidade do calor; » tipos de pele; » tabaco. Para facilitar a colorimetria podem utilizar o gabarito abaixo. Lembre-se que os pigmentos também têm cores quentes e frias, se fizer a colorimetria com eles não tem como errar. Figura 29. Fonte: a autora. 49 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II Figura 30. Fonte: a autora. 50 CAPÍTULO 6 Métodos de anestesia Anestesia A palavra anestesia provém diretamente do grego: an, que significa sem, e aisthesis, que significa sensação. Os anestésicos locais compreendem uma série de substâncias químicas localmente aplicadas, com estruturas moleculares semelhantes, capazes de inibir a percepção das sensações (sobretudo a dor) e também de prevenir o movimento. Os anestésicos locais são utilizados em uma variedade de situações, desde a sua aplicação tópica para queimaduras e pequenos cortes, até injeções durante tratamento dentário e bloqueio epidural e intratecal (espinal) durante procedimentos obstétricos e cirurgia de grande porte (FENTER, 2001). Os anestésicos locais atuam inibindo a condução de potenciais de ação em todas as fibras nervosas aferentes e eferentes, geralmente no sistema nervoso periférico. Por conseguinte, a dor e outras modalidades sensoriais não são transmitidas efetivamente ao cérebro, e os impulsos motores tampouco são transmitidos efetivamente aos músculos na periferia (SUDHARMA et al., 2015). Os anestésicos tópicos proporcionam alívio da dor a curto prazo quando aplicados às mucosas ou à pele, tem ação de 2 a 3 mm de profundidade. O fármaco deve atravessar a barreira epidérmica, e o principal obstáculo para alcançar as terminações nervosas na derme é constituído pelo estrato córneo (a camada mais externa da epiderme). Após cruzar a epiderme, os anestésicos locais são absorvidos rapidamente na circulação, aumentando, assim, o risco de toxicidade sistêmica. Só podemos utilizar os tópicos. A mais utilizada é a fórmula de lidocaína de 1 a no máximo 5%, ou a EMLA (2,5% lidocaína + 2,5% prilocaína), mas para seu efeito ser satisfatório é necessário aplicar 2 horas antes do procedimento (FENTER, 2001). As principais drogas utilizadas como anestésicos tópicos são: » Procaína: em virtude de sua baixa hidrofobicidade, a procaína é rapidamente removida do local de administração pela circulação, resultando em pouco sequestro do fármaco no tecido local que circunda o nervo. Na corrente sanguínea, a procaína é rapidamente degradada por pseudocolinesterases plasmáticas, e os metabólitos são subsequentemente excretados na urina. A baixa hidrofobicidade da procaína também resulta em sua rápida 51 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II dissociação de seu sítio de ligação no canal de sódio, explicando a baixa potência desse agente. O uso primário da procaína é restrito à anestesia infiltrativa e procedimentos dentários (SUDHARMA et al., 2015).» Tetracaína: ação longa e altamente potente. Sua longa duração de ação resulta de sua elevada hidrofobicidade possui um grupo butila ligado a seu grupo aromático, permitindo a permanência do fármaco no tecido que circunda um nervo por um longo período. A hidrofobicidade da tetracaína também promove uma interação prolongada com o seu sítio de ligação no canal de sódio, determinando uma maior potência do que a da lidocaína e procaína (SUDHARMA et al., 2015). » Lidocaína: mais comumente utilizado. Sua ação possui início rápido e duração média (cerca de 1-2 horas), com potência moderada. A lidocaína apresenta dois grupos metila no anel aromático, que aumentam a sua hidrofobicidade em relação à procaína e que reduzem a sua velocidade de hidrólise. A lidocaína possui um valor relativamente baixo de pKa, e uma grande fração do fármaco encontra-se presente na forma neutra em pH fisiológico. Isso resulta em rápida difusão da lidocaína através das membranas e em rápido bloqueio. A duração de ação da lidocaína baseia-se em dois fatores: a sua hidrofobicidade moderada e a ligação amida. A ligação amida impede a degradação do fármaco pelas esterases, e a hidrofobicidade permite ao fármaco permanecer próximo à área de administração (isto é, no tecido local) por muito tempo. Os efeitos tóxicos da lidocaína manifestam-se principalmente no SNC e no coração. Os efeitos adversos podem incluir sonolência, zumbido, espasmo muscular e até mesmo convulsões. Ocorre depressão do SNC e cardiotoxicidade com níveis plasmáticos elevados do fármaco, por isso não deve ser utilizado após abertura da lesão, e deve ser removido antes de iniciar qualquer procedimento (FENTER, 2001). » EMLA (Mistura Eutética de Anestésico Local) é uma combinação de lidocaína e prilocaína administrada topicamente como creme ou emplastro. A EMLA é clinicamente útil, visto que possui uma maior concentração de anestésico local por gota em contato com a pele do que as preparações tópicas convencionais. Mostra-se efetiva em diversas situações, incluindo função venosa, canulação arterial, punção lombar e procedimentos dentários, particularmente em crianças que têm pavor da dor das injeções. Na micropigmentação é necessário estar em contato com a pele 2 horas antes do procedimento (SUDHARMA et al., 2015). 52 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Figura 31. Rolo de resfriamento Skin Cooler. Fonte: <https://goo.gl/images/YQL425>. Acesso em: 20 abr. 2018. Skin Cooler é um resfriador da pele destinado a auxiliar nos tratamentos estéticos que possam ser beneficiados pelo resfriamento brando imediatamente após sua realização, proporcionando conforto às áreas aquecidas pelos tratamentos: aplicação de laser, luz pulsada, micropigmentação ou ainda auxiliando a vasoconstrição e prevenindo equimoses em procedimentos como toxina botulínica e preenchimentos dérmicos. É um produto registrado na Anvisa, com qualidade, segurança e conforto para o usuário. É prático e fácil de usar: » 1ª Etapa: deixe o Skin Cooler no freezer/congelador por cerca de 30 minutos (até congelar). » 2ª Etapa: retire e deslize suavemente sobre a pele durante alguns minutos, massageando a região a ser tratada, role por cima do PVC assim mantém a pele estéril do paciente. » 3ª Etapa: após o uso, lavar com água e sabão e colocar novamente no freezer/congelador para congelar. Também poderá ser desinfetado com solução clorexedine ou álcool 70%. As agulhas Produto minimamente invasivo de uso transitório e descartável. Produzida do fio do aço inoxidável, cuja composição é o cromo e o nível, levemente magnetizada. Deve ser esterilizada e embalada uma a uma, conferindo sempre data de validade e com registro na Anvisa. As agulhas mais utilizadas são as circulares (MARTINS et al., 2009). » 3 pontas circular: utilizada para traço, pintura em áreas pequenas e sombra (Esfumados). 53 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II » 1 ponta microagulha: utilizada para todos os tipos de fio a fio. » 1 ponta normal: utilizada para micropuntura e pontilhismo. » 2 pontas circular: utilizada para traço fino. » 5 pontas circular: utilizada para traço, pintura e esfumado. » 5 pontas linear: utilizada trabalho de aréola e cobertura da pele. » 08 pontas circular: utilizada para traço, pintura e esfumado em áreas maiores. Figura 32. Agulhas. Fonte: figura cedida pela equipe Gisele Ferreira. Dermógrafo Cada profissional deve comprar e se adaptar ao seu equipamento, verificar se atende as suas necessidades. Devemos escolher marcas aprovadas pela Anvisa, sempre. É aconselhável experimentar vários durante o curso para decidir com clareza e nunca ter um só. Existem diversas marcas e tipos de dermógrafo, os mais confiáveis e tidos como melhores são: Amia, As Hero, Gr Color 6.000 e Dermomag Pen Eask Click. Figura 33. Dermógrafo no mercado brasileiro. 54 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Fonte: <https://www.spadoneskin.com.br/wp-content/uploads/2018/02/AS-HERO-A7-Rose-550x550.jpg>, <https://dermosolution. com.br/produto-tag/kit-gr-color/>, <https://blog.ewcosmeticos.com.br/porque-voce-deve-ter-no-minimo-dois-dermografos-para- micropigmentacao/linelle-2/>, <http://www.dedesteticaesaude.com.br/produto/dermografo-gr-pla-6000-gr-color>, <https://www.pmuloja. com.br/pmu_br/derm-grafos-amiea>, <http://images.tcdn.com.br/img/img_prod/483635/dermografo_dermomag_plus_completo_ preto_358_1_20170504174055.png>, <www.grcolor.com.br>, <www.celebrim.com.br>, <www.magestetica.com.br>. 23/5/2018. O manuseio do aparelho, a utilização correta, o posicionamento e as agulhas são alguns dos fatores que influenciam no resultado de uma micropigmentação. Por esse motivo, além das habilidades do profissional, um dermógrafo de qualidade é determinante para o sucesso de um procedimento. Um dermógrafo pode trabalhar com velocidade de até 9.000 rpm ou 50 a 150 perfurações/segundo, com corrente em média de 1000 mA. Ângulo É o ângulo em que a agulha se apresenta em relação à pele e pode variar entre 45, 60 e 90°. Quanto maior o ângulo da agulha em relação à pele, mais profunda será a implantação do pigmento, com maior durabilidade de sua fixação (MARTINS et al., 2009). Figura 34. Angulação da agulha. Fonte: Martins et al., 2009. Movimento O dermógrafo deve ser manuseado sempre com firmeza, podendo ser com maior ou menor pressão, porém para obter uniformidade no efeito a mesma pressão deve ser 55 MICROPIGMENTAÇÃO │ UNIDADE II mantida do início ao fim o movimento. Podendo ser rápido ou lento. Quanto mais RÁPIDO for o movimento, obtêm-se efeitos mais esfumados, quanto mais LENTO, obtêm-se efeitos mais traçados e compacto (CALHEIROS, 2016). » Traço: utilizado se desejar efeito de linha ou contorno, deve ser realizado com movimentos curtos e lentos, indo e voltando, posicionando a agulha entre 90º e 60º graus em relação da pele, quanto mais marcado deseja mais perpendicular deve ser (MARTINS et al., 2009). » Pintura e sombra: é utilizada quando se deseja um efeito esfumado ou preenchido mais marcado. Para efeito compacto devem ser realizados movimentos curtos, rápidos e circulares anti-horário estando entre 90º e 60º graus em relação à pele. Para efeito esfumado o movimento deve ser longo, rápido e varrendo, com agulha posicionada 60º a 45º em relação à pele (MARTINS et al., 2009). Figura 35. (A) e (B) – Movimento traço e pintura. (A) Movimento Traço (B) Movimento Pintura é necessário movimento curto e lento, indo e voltando, o posicionamento da agulha será de 90° a 60° Esfumado: o movimento deve ser longo, rápido e varrendo, com agulha 60° a 45° 56 UNIDADE II │ MICROPIGMENTAÇÃO Compacto: deve ser realizado com movimento curto e rápido, circular anti-horário, estando 90°. Fonte: do autor, 2018. 57 CAPÍTULO 7 Eletroterapia aplicada na micropigmentação Introdução A eletroterapia é uma técnica que utiliza alguns equipamentos na pré e na pós- micropigmentação.
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