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emagrecimento_e_metabolismo

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Brasília-DF. 
EmagrEcimEnto E mEtabolismo
Elaboração
Rodrigo Luiz Targino Dutra
Guilherme da Silva Ferreira
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR ................................................................. 9
CAPÍTULO 1
MUDANÇAS ALIMENTARES E SEU IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA .......................................... 9
UNIDADE II
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS ............................................................................................. 28
CAPÍTULO 1
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E SEU IMPACTO NA ESTÉTICA E QUALIDADE DE 
VIDA ............................................................................................................................... 28
UNIDADE III
METABOLISMO E NUTRIENTES ............................................................................................................... 46
CAPÍTULO 1
ENERGIA, NUTRIENTES, GASTO ENERGÉTICO E METABOLISMO ................................................. 46
CAPÍTULO 2
PACIENTE OBESO E DIETAS DA MODA ..................................................................................... 79
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 89
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Com o passar dos anos, a sociedade evoluiu tecnologicamente, essa evolução 
associada à globalização e ao contato com diferentes culturas em conjunto 
com o desenvolvimento econômico e a mudança do status social fez com que 
houvesse a inserção de novos produtos alimentares disponíveis ao consumidor, 
sendo em sua maioria produtos ultraprocessados com alta densidade calórica, 
o que resultou em um aumento dos índices de sobrepeso e obesidade em todo 
o mundo.
Este movimento, conhecido como transição nutricional, é definido como a 
mudança de forma progressiva no comportamento alimentar que vem ocorrendo 
nas últimas décadas na sociedade. Esse movimento acompanha a expansão da 
urbanização e a industrialização. Deste modo, o padrão alimentar de qualidade, 
baseado no consumo de grãos e cereais, é cada vez mais extinto e substituído 
por alimentos, refeições e hábitos nutricionais menos adequados ao estilo de vida 
saudável (PALMA; OLIVEIRA; ESCRIVÃO, 2009). 
Alterações nos padrões dietéticos e nutricionais da população brasileira de 
todos os estratos sociais e faixas-etárias vêm sendo analisadas no processo da 
transição nutricional. Essa transição nutricional caracteriza-se pela redução 
nas prevalências dos deficits nutricionais e aumento expressivo de sobrepeso e 
obesidade (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003 apud DE SOUZA, 2017).
Todas essas mudanças vão de encontro aos padrões modernos de beleza, 
saúde e bem-estar, sendo notável o crescimento de indivíduos interessados em 
procedimentos estéticos que visem à perda de peso. 
Neste módulo serão abordados os efeitos adversos da obesidade, entendendo-se 
o processo fisiológico da concepção do tecido adiposo, além dos efeitos 
metabólicos e o processo de emagrecimento, associado à estética.
Objetivos
 » Compreender a fisiologia e comportamento do tecido adiposo, seu 
histórico e prevalência.
 » Distinguir os processos de emagrecimento e obesidade, entendendo 
seus mecanismos fisiológicos.
8
 » Identificar os marcadores bioquímicos e hormonais envolvidos no 
processo de obesidade e emagrecimento.
 » Observar o papel da microbiota intestinal e dos radicais livres no 
metabolismo.
 » Compreender os efeitos das dietas da moda e sua influência sobre o 
desenvolvimento de transtornos alimentares.
9
UNIDADE I
MUDANÇAS SOCIAIS E 
IMPACTO NO CONSUMO 
ALIMENTAR
CAPÍTULO 1
Mudanças alimentares e seu impacto 
na qualidade de vida
O poder da influência alimentar
A alimentação é, após a respiração e a ingestão de água, a mais básica das 
necessidades humanas. A alimentação, além de uma necessidade biológica, é um 
complexo sistema simbólico de significados sociais, sexuais, políticos, religiosos, 
éticos, estéticos etc. A fome biológica distingue-se dos apetites, expressões dos 
variáveis desejos humanos e cuja satisfação não se resume apenas ao curto trajeto 
que vai do prato à boca, mas se materializa em hábitos, costumes, rituais e etiquetas 
(CARNEIRO, 2003).
O comportamento alimentar do ser humano não se limita à mera ingestão 
de alimentos. Para o homem, comer é muito mais do que nutrir o corpo. Não 
comemos exclusivamente para manter as atividades vitais, mas recorremos 
às refeições como forma de alcançar prazer, propiciar a convivência e conter 
determinadas ansiedades. Por isso, a alimentação é um processo complexo, que 
ultrapassaa necessidade puramente biológica e recebe influência de vários fatores 
(LAROUSSE, 2005).
As políticas e programas de alimentação e nutrição no Brasil tiveram início na 
década de 1930, quando ficou estabelecido que o alimento essencial deveria 
ser um dos itens garantidos pelo salário mínimo (instituído em 1940). No 
entanto, o salário mínimo não era suficiente para oferecer uma alimentação 
adequada para os trabalhadores. Essa situação levou à criação, em 1940, do 
Serviço de Alimentação e Previdência Social (SAPS) cujos objetivos principais 
eram baratear o preço dos alimentos, criar restaurantes para os trabalhadores 
e fazer com que as empresas fornecessem alimentos para os operários em 
seus próprios refeitórios. (CARDOSO et al., 2007).
10
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
Em 1993, foi criado o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), 
elaborando um Plano de Combate à Fome e à Miséria, e que tinha como 
prioridade a geração de emprego e renda, a democratização da terra, o combate 
à desnutrição materno-infantil, a descentralização e o fortalecimento do 
Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) (CARDOSO, et al., 2007).
Desde a última metade do século XX, em decorrência da urbanização e 
modernização, o mundo vem passando por um processo chamado transição 
nutricional. A transição nutricional é definida pelo declínio marcante da 
subnutrição e aumento da prevalência em excesso de peso e obesidade. Essa 
mudança foi provocada por questões econômicas, sociais e demográficas, que 
consequentemente influenciam no perfil de saúde dos indivíduos (VAZ, 2014).
Segundo dados apresentados pelo IBGE (2009), nos anos de 1974 a 1985, 18,5% 
dos homens e 28,7% das mulheres apresentavam excesso de peso e 2,8% dos 
homens e 8% das mulheres estavam obesos. Enquanto nos anos 2008 a 2009, 
50,1% dos homens e 48% das mulheres apresentavam excesso de peso e 12,4% 
dos homens e 16,9% das mulheres estavam obesos, ou seja, a porcentagem de 
pessoas com excesso de peso e obesidade duplicou e até triplicou com o passar 
dos anos.
Além do sobrepeso e da obesidade, a transição nutricional também é responsável 
por desencadear as denominadas doenças crônicas não transmissíveis, 
conhecidas como doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial. De 
acordo com o ranking das 10 principais causas de morte no mundo da OMS 
(2012), elas ocupam a primeira, oitava e a décima posição. Os altos índices 
de excesso de peso e obesidade da população brasileira são causados pelas 
mudanças nos padrões alimentares, tanto de consumo quanto de produção e 
comercialização dos alimentos. Essa situação é caracterizada pela substituição 
de alimentos tradicionais como: cereais, raízes e tubérculos por alimentos 
industrializados ricos em gorduras e açucares (VAZ; BENNEMANN, 2014).
O estilo de vida, a diminuição da prática de atividade física, bem como fatores 
ambientais, também estão cooperando para essas alterações.
Existem hábitos de vida e práticas alimentares que são prejudiciais à saúde, 
porém, existem aquelas que auxiliam na prevenção de diversas patologias, 
proporcionando qualidade de vida, bem-estar e diversos benefícios ao homem 
(VAZ; BENNEMANN, 2014).
11
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
Alimentação na prevenção de doenças
O cenário epidemiológico e nutricional das últimas décadas tem se mostrado 
dinâmico, decorrente de modificações globais nos estilos de vida. A 
urbanização e a industrialização contribuem com a modificação nos padrões 
de alimentação, bem como com o surgimento de comportamentos sedentários. 
Com a transição alimentar, o perfil dietético das populações passou a ser 
definido por alta densidade energética, sendo os alimentos ricos em fibras 
e equilibrados em termos nutricionais substituídos por produtos ricos em 
gorduras e açúcares, que apresentam alto grau de processamento (COSTA, 
2018).
De acordo com a classificação nova, os alimentos ultraprocessados (AUP) são 
produtos que, em geral, diferentemente dos processados, não mantêm sua 
identidade básica por sofrerem diversas etapas e técnicas de processamento 
e por conterem substâncias utilizadas exclusivamente em indústrias. Os AUP 
são nutricionalmente desbalanceados e altamente consumidos em países 
de alta renda. Em países de média renda, como o Brasil, o seu consumo está 
crescendo aceleradamente. São exemplos desses produtos: biscoitos recheados, 
salgadinhos “de pacote”, refrigerantes, macarrão “instantâneo”, entre outros. 
A baixa qualidade nutricional desses alimentos tem impacto negativo na saúde 
dos indivíduos, sendo o consumo de AUP relacionado a alterações no perfil 
lipídico em crianças, à presença de síndrome metabólica em adolescentes e de 
obesidade em adolescentes e adultos (RAUBER F, CAMPAGNOLO P, HOFFMAN 
D, VITOLO M, 2015; LOUZADA MLC, et al. 2015).
A escolha da dieta afeta profundamente as perspectivas de saúde a longo prazo. 
Apenas dois hábitos comuns do estilo de vida conseguem ser mais influentes: 
o tabagismo e outros usos de tabaco, e a ingestão exagerada de álcool. Muitas 
pessoas mais velhas sofrem de condições de saúde debilitantes, que, em grande 
parte, poderiam ter sido evitadas se elas tivessem conhecimento dos princípios 
de nutrição que conhecemos hoje, e aplicassem esses princípios durante toda sua 
vida (SIZER, 2003).
A alimentação é um dos determinantes e condicionantes da saúde e um direito 
próprio a todas as pessoas. As consequências da insegurança alimentar e 
nutricional da população, a exemplo da obesidade, desnutrição e carências 
nutricionais específicas, recaem sobre o setor saúde e têm feito com que, 
historicamente, este tenha incorporado a responsabilidade de políticas e 
programas de alimentação e nutrição no Brasil. Porém, a garantia da Segurança 
12
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
Alimentar e Nutricional requer uma conjunção de políticas públicas, dentre 
as quais a Política Nacional de Alimentação e Nutrição do SUS tem papel 
fundamental (ALVES, 2014).
Transição nutricional
São escassos os estudos de base populacional produzidos até hoje com a 
população brasileira cujo foco principal sejam os problemas nutricionais. Como 
exemplos, devemos ressaltar o Estudo Nacional sobre Despesas Familiares 
(ENDEF), realizado entre 1974 e 1975; a Pesquisa Nacional sobre Saúde e 
Nutrição (PNSN), de 1989; e mais recentemente, a Pesquisa sobre Padrões de 
Vida (PPV), desenvolvida em 1997. A adequada análise dos resultados desses 
estudos foi de grande importância por vários motivos; primeiro, porque 
permitiu avaliar a magnitude dos agravos nutricionais mais importantes, bem 
como mapear alguns dos seus principais determinantes; segundo, porque 
depois de realizados em intervalos sistemáticos, permitiu estudar a tendência 
dos problemas nutricionais.
É importante que se fale, que esses estudos, quando bem explorados, se 
constituem na base de boa parte da discussão sobre transição nutricional 
feita no Brasil até os dias de hoje. Entende-se por transição nutricional 
o fenômeno no qual ocorre uma inversão nos padrões de distribuição dos 
problemas nutricionais de uma determinada população no tempo, ou seja, 
uma mudança na magnitude e no risco atribuível de agravos associados ao 
padrão de determinação de doenças atribuídas ao atraso e à modernidade, 
sendo, em geral, uma passagem da desnutrição para a obesidade (KAC; 
MELÉNDEZ, 2003).
Segundo Popkin e colaboradores (1993), o conceito de transição nutricional 
equivale às mudanças dos padrões nutricionais, modificando a dieta das pessoas 
e se ligando com mudanças sociais, econômicas, demográficas e relacionadas à 
saúde. Aspectos diferentes de nutrição e economia de um país ou região podem 
determinar diferenças no processo de transição. Contudo, a característica básica 
foi de crescimento da dieta rica em gorduras, açúcares, alimentos refinados 
e redução em carboidratos complexos e fibras. Normalmente,o aumento da 
obesidade está associado a esta dieta, conjuntamente com a diminuição da 
atividade física. Ela ocorre em regiões urbanas, mas pode acontecer também 
com a população das regiões rurais (TARDIDO; FALCÃO, 2006).
13
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
De acordo com Soares et al., (2013, p. 1):
No Brasil impera uma transição nutricional fundamentada na má-
alimentação. A desnutrição, um transtorno corporal baseado no 
desequilíbrio entre o aporte de nutrientes ingeridos e as necessidades 
do indivíduo, pode ser primária ou secundária, podendo também ser 
classificada em leve, moderada ou grave. O custo dos alimentos é um 
dos determinantes cardinais dos modelos de consumo, e os preços 
elevados dos alimentos podem levar a efeitos negativos importantes 
no conteúdo nutricional da população, principalmente da fração 
economicamente menos favorecida. Mas, a desnutrição infantil 
vem sendo cada vez mais erradicada e banida globalmente, sendo 
substituída pela má-nutrição (baseada no crescente consumo de 
alimentos industrializados) e pela obesidade. A conjectura global atual 
deriva dos padrões de vida inadequados provenientes do consumo 
alimentar hipercalórico e sedentarismo. O Brasil, vive um período de 
transição epidemiológica, com mudança no perfil de saúde pública, 
com predomínio de doenças crônico-degenerativas, sem, no entanto, 
resolver as doenças infectocontagiosas. A desnutrição diminui à 
medida que a obesidade se eleva em proporções epidêmicas. O consumo 
de alimentos com alta densidade energética declina a qualidade 
nutricional, levando ao ganho ponderal e ingestão inadequada de 
micronutrientes, o que pode estar ligado à baixa renda. A prevenção 
de desnutrição e da obesidade, deve se iniciar na infância, pela 
amamentação exclusiva e introdução de alimentos que componham 
uma dieta saudável, pela educação alimentar e nutricional e prática 
regular de atividade física. Com a transição nutricional dos últimos 
anos, a desnutrição como causa de morbimortalidade cede espaço 
para a obesidade como problema de saúde pública. Investimentos 
públicos em educação, saúde e saneamento, devem ser estimuladas e 
implantadas. 
Segundo Souza (2010) apud Batista Filho, Rissin, Kac e Velásquez-Meléndez 
(2003), apesar de um cenário agitado, envolvendo momentos marcantes nos 
campos da política, do esporte, da saúde e da educação, o Brasil, assim como 
outros países menos desenvolvidos, passou por importantes mudanças no 
processo de saúde/doença. Especialmente nos últimos cinquenta anos, são 
observadas alterações na qualidade e na quantidade da dieta, e, associadas a 
mudanças no estilo de vida, nas condições econômicas, sociais e demográficas, 
observam-se repercussões negativas na saúde populacional desses países.
14
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
Como consequência desses fatos, a prevalência de sobrepeso e da obesidade 
cresce consideravelmente e, como consequência, as doenças crônicas não 
transmissíveis, principalmente diabetes, hipertensão arterial, doenças 
cardiovasculares e cânceres, acarretando mudanças no padrão da distribuição 
das morbimortalidades das populações (SARTORELLI; FRANCO, 2003).
Iatrogenia nutricional
A alimentação compõe uma das atividades humanas mais importantes, não 
apenas por razões biológicas, como também por envolver aspectos econômicos, 
sociais, políticos, científicos, psicológicos e culturais, tornando-se fundamentais 
na dinâmica da evolução das sociedades (LOUZADA et al., 2015).
A Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA) define 
tecnologia de alimentos como a aplicação de métodos e técnicas para o preparo, 
armazenamento, processamento, controle, embalagem, distribuição e utilização 
destes. Há ainda quem duvide da utilidade de incluir na dieta produtos 
alimentícios industrializados, pois a elaboração pode destruir, em pequena 
proporção, alguns nutrientes. Nos últimos tempos tem-se conseguido reduzir 
consideravelmente essas perdas pelo uso de técnicas aperfeiçoadas (GAVA, 1984).
Por outro lado, conforme o autor supracitado, a utilização em grande escala de 
alimentos elaborados proporciona uma boa oportunidade para aumentar o valor 
nutritivo de certos alimentos de consumo, com a incorporação de determinados 
nutrientes (vitaminas, proteínas etc.) deficientes no produto natural. Essa 
complementação nutricional é difícil, senão praticamente impossível, de ser 
realizada no produto em estado natural. Porém, apesar dos benefícios, alguns 
alimentos prejudicam a saúde da população, quando consumidos de maneira 
inadequada. 
Um dos assuntos mais evidentes sobre a alimentação atual é o processo de 
distanciamento humano relacionado aos alimentos. A história da alimentação 
humana reflete que a preocupação constante com a busca e a produção de 
alimentos vem passando por modificações, tanto na forma de produzir quanto 
na de distribuir os alimentos. As possibilidades tecnológicas de produção de 
alimentos em larga escala e a sua conservação por longo tempo, bem como a 
viabilidade global de transporte e negociação desses itens, vêm ocasionando a 
ruptura espacial e temporal da produção e do acesso (PROENÇA, 2010).
15
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
Nessa mesma linha, a própria industrialização é percebida como um processo 
que pode distanciar o alimento das pessoas, na medida em que, muitas vezes, 
pode dificultar a percepção da origem ou dos ingredientes que compõem um 
determinado alimento. Os rótulos com informações alimentares e nutricionais, 
por exemplo, que têm importância em políticas públicas de saúde e segurança 
do consumidor, podem causar estranheza pela falta de reconhecimento dos 
nomes de produtos químicos citados na lista de ingredientes como componentes 
alimentares. Alguns desdobramentos da denominada gastronomia molecular 
que, trabalhando quimicamente os compostos alimentares, praticamente 
desconstrói a identidade da comida para buscar novas sensações no ato de 
comer (PROENÇA, 2010).
Associadamente a essas probabilidades de distanciamento, nunca se buscou 
tanta informação sobre alimentação, fato demonstrado pela expansão dos 
veículos de comunicação como publicações escritas (livros, revistas e jornais), 
televisão e sites de internet, com os profissionais da mídia realimentando 
esse interesse. Outra vertente dessa questão é o fenômeno cultural recente do 
tratamento de destaque dado aos cozinheiros, atualmente denominados chefs 
seguindo a lógica francesa. Tais profissionais, com a tendência globalizante, 
trabalham para além do fazer comida, divulgando comportamentos e 
vendendo produtos associados, muitas vezes induzindo práticas alimentares 
(PROENÇA, 2010).
Segundo Proença (2010), a concepção de cozinha nos domicílios vem se 
transformando, partindo de um espaço reservado para se tornar um ambiente 
aberto para a área social. Porém, observa-se, muitas vezes, que essas áreas 
gourmet parecem não ter sido feitas realmente para cozinhar, posto que os 
acabamentos, equipamentos e utensílios são selecionados e adquiridos mais 
pela sua capacidade de combinar com a decoração do espaço do que por sua 
funcionalidade para o ato de preparar alimentos.
De tal modo, discute-se que essas tendências podem levar tanto à 
homogeneização quanto à diferenciação da alimentação. Um exemplo é a 
ascensão das preocupações com a gastronomia, com destaque para a comida 
que representa etnias tradicionais. Reconhece-se que essa tendência sempre 
ocorreu pelas migrações humanas; contudo, com as possibilidades da 
globalização, as modas gastronômicas vêm se repetindo com maior velocidade. 
Portanto, observa-se a evidência recente da comida japonesa, mexicana, 
tailandesa, entre outras, em diversos lugares, além dos restaurantes ditos 
típicos, simplesmente misturando-se às comidas locais, como por exemplo 
16
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
um restaurante brasileirodo tipo buffet, com o oferecimento de sushi, típico 
da culinária japonesa, em churrascarias (PROENÇA, 2010)
Um meio primário de promover saúde e prevenir doenças em determinada 
população está no suprimento de alimentos saudáveis e nas boas condições 
de nutrição que isto acarreta. Hipócrates, (considerado o maior médico 
da antiguidade e pai da medicina moderna) disse: “Faça do alimento o seu 
medicamento e que o seu medicamento seja o alimento”. Na atualidade, 
está comprovado que o alimento pode se constituir um verdadeiro e eficaz 
medicamento, desde que se obedeça aos princípios básicos da alimentação: 
qualidade, quantidade, proporcionalidade e adequação. Na prática clínica, 
é fundamental que se esteja alerta quanto aos benefícios dos alimentos ou 
produtos alimentares e seus possíveis efeitos sobre as doenças, e também 
quanto ao potencial de risco quando em excesso no organismo. Vale salientar 
que vários nutrientes atuam sinergicamente (LOUZADA et al., 2015).
Diferentes grupos de cientistas que se integram no National Cancer Institute 
e na New York Academy of Sciences concordam que a nutrição é vital na 
prevenção, no tratamento e na cura de diversas doenças. Bem como edições do 
New Engleand Journal of Medicine, Jounal of American Medical Association, 
European Journal of Cancer e American Journal of Clinical Nutrition, 
relataram que vitaminas, minerais e outras substâncias encontradas nos 
alimentos aparentam ter efeitos protetores contra certas doenças, incluindo 
câncer, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, 
osteoporose e no retardo do processo de envelhecimento (JUNIOR, 2017).
Observa-se que, a partir dos anos 1950, os hábitos alimentares dos 
americanos foram modificados por meio dos fast foods, espalhados por todo 
o país, constituídos de alimentos processados, ricos em gorduras e sódio. E, 
comparativamente, na alimentação de povos de países menos afluentes, houve 
diminuição na frequência de doenças cardiovasculares e de câncer. Os indícios 
apontam para fatores como nutrição e estilo de vida, pois a alimentação desses 
povos tem maior quantidade de frutas, vegetais e grãos, sendo consequentemente 
mais rica em fibras e pobres em gorduras, exercendo efeito protetor da saúde 
(JANNUZZI et al., 2016). 
Conforme afirma Júnior (2017), muitas vitaminas, minerais e outras 
substâncias químicas encontradas nos alimentos protegem contra o câncer 
através da produção de enzimas que ajudam a bloquear a ação dos cancerígenos. 
Em alguns casos, o ‘’protetor’’ pode desativar os compostos que insimulam 
17
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
o desenvolvimento do câncer, ou mediar a cadeia de eventos que produzem 
resposta inflamatória, que desencadeiam atrite, psoríase e lúpus. Alguns 
antioxidantes evitam a formação de radicais livres, outros ajudam na ação 
eficaz do sistema imune, proporcionando condições ao nosso organismo para 
se defender contra os agentes invasores.
Alguns alimentos são conhecidos como medicamentos naturais, alimentos 
medicinais, funcionais ou nutracêuticos, e possuem a capacidade de 
agir como os medicamentos. São nutrientes farmacologicamente ativos. 
Considera-se que haja cerca de 100 componentes alimentares que podem 
exercer proteção contra vários tipos de doenças, como por exemplo: 
antioxidantes, bioflavonoides, betacaroteno e carotenoides, catequinas, 
cumarinas, indóis, ácido elágico, ácidos graxos, fibras, genistein, Ômega 3, 
limoneno, isoflavonas, quinonas, lignanas, sulforafane, sulfito, vitaminas, 
minerais entre outros (NEUMANN, 2002).
O corpo repara suas estruturas continuamente e diariamente as constrói 
moderadamente, músculos, ossos, pele e sangue, substituindo os velhos tecidos 
por tecidos novos. Acrescendo também um pouco de gordura, consumindo 
energia alimentar em excesso (calorias), ou subtraindo, no caso do consumo 
menor do que necessitamos. Dessa maneira, o alimento que ingerimos hoje, 
torna-se parte de nós amanhã. O melhor alimento é aquele que dá suporte ao 
crescimento e à manutenção de músculos fortes, ossos firmes, pele sadia e 
sangue necessários para purificar e nutrir todas as partes do corpo. Isso significa 
que necessitamos de alimentos que ofereçam energia, bem como nutrientes 
satisfatórios, ou seja, quantidade suficiente de água, carboidratos, gordura, 
proteína, vitaminas e minerais (LOUZADA et al., 2015).
Se os alimentos que ingerimos nos fornece pouco, ou em demasia, de qualquer 
nutriente hoje, nossa saúde pode sofrer ligeiramente seus efeitos. Se os 
alimentos ingeridos fornecem poucos nutrientes diariamente durante anos, 
então quando envelhecermos, poderemos sofrer seus efeitos manifestados em 
determinadas doenças graves, por exemplo. O fato é que uma variação bem 
selecionada de alimentos supre a energia e a quantidade necessária de cada 
nutriente, para prevenção da má nutrição. Na má nutrição podemos incluir 
deficiência, desequilíbrios e excesso de nutrientes, e qualquer um deles pode 
nos cobrar uma contribuição da saúde por um longo tempo.
Conforme a autora acima citada, compreendemos que uma alimentação variada 
e saudável compõe os requisitos necessários para o processo de funcionamento 
18
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
curativo dos organismos humanos. Uma boa nutrição significa preservação de 
doenças crônicas e qualidade de vida. Através de uma alimentação saudável 
seguindo as proporções adequadas, podemos evitar muitos problemas de saúde. 
Entretanto, a modernização dos alimentos apresentou um descompasso existente 
entre o consumo e a obtenção destes, graças ao aumento da população mundial, 
o reflexo hoje está no impacto que estas escolhas alimentares estão provocando 
no meio ambiente e na própria saúde do indivíduo. Resultando na oferta cada vez 
maior de alimentos superindustrializados, pobres em fibras, sódio em excesso, 
corantes e gorduras trans e aditivos químicos.
Determinadas dietas que possuem alta densidão energética danificam a 
capacidade do organismo humano de regular o balanço energético, aumentando 
assim o risco de ganho excessivo de peso. O consumo excessivo do açúcar livre 
na dieta também aumenta o risco de ganho excessivo de peso e da obesidade, 
além de aumentar a incidência da cárie dentária. Substâncias em excessivos de 
gorduras saturadas e/ou trans aumentam os índices de morbimortalidade por 
doenças cardiovasculares. Em contrapartida, a ingestão insuficiente de fibras 
aumenta o risco de diversas patologias e vários tipos de câncer, como o de cólon, 
reto e de mama, enquanto a ingestão insuficiente de potássio aumenta o risco 
de hipertensão arterial (LOUZADA, 2015).
O teor excessivo de sal, açúcar e gorduras não são as únicas características 
nocivas à saúde. Esses alimentos comumente apresentam alta densidade 
energética e escassez de fibras. Implica notar que tanto o excesso como a alta 
densidade energética e a deficiência de fibras são características intrínsecas 
dos alimentos ultraprocessados na medida em que procedem da natureza dos 
seus ingredientes (produtos altamente refinados) e da necessidade de obter os 
alimentos para consumo com grande prazo de validade (BRASIL, 2014).
Podemos compreender que, “o excesso da quantidade é pior que a má 
qualidade”, desse modo, mesmo que nos alimentemos com produtos orgânicos 
saudáveis, o seu excesso causará prejuízos a nossa saúde. Semelhante ao uso 
excessivo de medicamentos, que ingerido abusivamente, sem controle, sem 
indicação médica, fazendo por meio da automedicação, são causadores de 
transtornos ao organismo humano (CAMPOS et al., 2014).
As práticas alimentares como determinantes da ampliação da obesidade têm 
sido reconhecidas em numerosos estudos. Entre os adolescentes, a alimentação 
inadequada, marcada pelo consumo excessivo de açúcares e gorduras, 
associada à ingestão escassa de frutas e hortaliças, contribui diretamente 
19
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
para o ganho excessivode peso. Por se tratar de fatores susceptíveis de 
intervenção, recomenda-se que estratégias de caráter educativo sejam 
adotadas, tanto em nível coletivo quanto individual, como forma de 
incentivar o consumo de alimentos saudáveis e estimular a prática regular 
de atividades físicas (ABREU, 2011).
Conforme o autor supracitado, o ambiente escolar voltado para a promoção 
de hábitos de vida saudáveis também deve ser encorajado, por ser um local 
de claro convívio social e adepto para atividades educativas. 
As interferências nos hábitos de vida devem ser iniciadas rapidamente, já que é 
na adolescência que ocorrem mudanças enormes na personalidade do indivíduo e 
por este motivo é considerada uma fase favorável para a concretização de hábitos 
que poderão acarretar implicações diretamente para a saúde na vida adulta.
O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares é um grande motivo de 
preocupação, tendo em vista as consequências causadoras destes alimentos 
quando consumidos de forma desequilibrada em relação à adequada alimentação. 
A ingestão energética em excesso pode ser proveniente do aumento da oferta de 
alimentos em grandes quantidades, podendo repercutir sobre a elevada prevalência 
do excesso de peso (sobrepeso e obesidade) (DALMOLIN et al., 2012).
Segundo os autores supracitados, em vários países, nos últimos anos, tem sido 
observada a rápida mudança na composição dietética, a qual está associada a 
fatores econômicos, demográficos, sociais, epidemiológicos e nutricionais. Segundo 
pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
foi identificado um desequilíbrio entre os alimentos disponíveis em domicílios, 
devido à presença excessiva de açúcar, com importante incremento no consumo de 
refrigerantes, doces e bebidas.
Os resultados dos presentes estudos revelaram consumo excessivo de açúcares 
nos domicílios brasileiros, ultrapassando mais de 50% o limite de consumo 
recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS. O elevado consumo 
de açúcares na população brasileira excede as recomendações internacionais, 
destacando a necessidade de intervenções visando a sua redução. Ponderando 
que o açúcar proveniente de alimentos processados vem substituindo o açúcar 
de mesa como principal fonte de consumo dos açúcares nas últimas décadas, 
intervenções para reduzir o consumo de alimentos processados e incentivo a 
práticas alimentares saudáveis assumem um caráter emergencial (DALMOLIN 
et al., 2012).
20
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
Os carboidratos são uma das principais fontes de energia para o organismo. 
Como eles se encontram presentes em diferentes alimentos, o seu 
consumo excessivo pode acarretar doenças como obesidade e diabetes, 
entre outros. Estudos divulgados por pesquisadores da Universidade da 
Cali fórnia sobrepuseram mais um dano à saúde devido aos problemas 
trazidos pelo consumo de açúcar, que, a lém de aumentar os r iscos 
de doenças como o diabetes, também pode atrapalhar o aprendizado 
e a memória. Os pesquisadores conseguiram comprovar que os al tos 
consumos de frutose reduziram o número de conexões entre as células 
nervosas de ratos (ALVES, 2014).
Através da história, o homem adquiriu quantidades limitadas do açúcar por 
meio de frutas ou mel. O consumo anual, no final do século XIX, era de 2 
quilos por pessoa, atualmente é em média de 37 quilos. Essa mudança drástica 
acarretou ao organismo humano várias consequências. Estudos mostram que 
o açúcar pode ser responsável por problemas que vão de miopia e acne até o 
câncer (MANHANI et al., 2014).
Devido à elevação nos níveis de serotonina e dopamina, substâncias produzidas 
no cérebro e que estão conexas ao prazer e ao bem-estar, o açúcar pode, de fato, se 
tornar um vício. Todavia, a dependência causada pela sensação de prazer decorrente 
do consumo de açúcar é de ordem psicológica e não química. Atualmente há quem 
acredita que se consumirmos o açúcar em pouca quantidade isso não nos trará 
mal algum, mas na verdade qualquer consumo de açúcar, independentemente da 
quantidade, fará muito mal para o organismo. Toda grama consumida de açúcar 
se tornará muita caloria ingerida e nada de nutriente para o corpo (SAWAYA e 
FILGUEIRAS, 2013).
O açúcar é considerado um produto que está ligado diretamente à coparticipação 
para o aparecimento de muitas doenças como câncer, arteriosclerose, leucemias, 
varizes, enxaquecas, insônia, problemas pulmonares, distúrbios menstruais, 
infecções, hipertensão, constipação, diarreias crônicas, perturbações visuais, 
distúrbios glandulares, problemas de pele, anomalias digestivas, cáries dentárias, 
osteoporose, problemas de crescimento e desenvolvimento, doenças do colágeno, 
doenças de autoagressão, entre outras, principalmente a diabete e hipoglicemia.
Estudos revelam que mais de 3 milhões de indivíduos morrem todos os anos no 
mundo, sendo vítimas do excesso de glicose no sangue. Destas mortes, ± 9 mil se 
devem inteiramente ao diabetes, e ± 2 milhões são decorrência de transtornos 
cardiovasculares causados pelo excesso de açúcar. Já a hipoglicemia, que é 
21
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
a ausência de açúcar no sangue, é um distúrbio que se manifesta sob várias 
formas, como: fraqueza, vertigens, sensação de desmaio, tonturas, prostração, 
depressão, angústia, palpitação cardíaca, sudorese, entre outras sintomatologias 
(SAWAYA e FILGUEIRAS, 2013).
Conforme os autores supracitados, o desenvolvimento natural da hipoglicemia, 
embora modificável, é a diabetes. Dependendo de vários fatores, o pâncreas pode 
se cansar após muito tempo da produção excessiva de insulina, assim sendo, ele 
começa a produzir menos do que o necessário e como resultado há o aumento no 
sangue dos níveis de açúcar, determinando a hiperglicemia. Nessa circunstância 
os sintomas são diferentes, o paciente não sente muito, a não ser bastante sede, 
muita vontade de urinar e quem sabe muita fome. O açúcar rotativo começa a ser 
depositado e os problemas da diabetes vão surgindo.
O consumo vicioso em açúcar resulta numa condição bastante ácida no organismo, 
que se descalcifica e desmineraliza. O corpo passa a sentir falta de cálcio, zinco, 
magnésio, entre outros nutrientes protetores. Pode-se considerar também o 
açúcar como um fator cancerígeno, pois é imunodepressor, e com isso, ocorre 
a diminuição da capacidade de defesas do organismo e principalmente por 
eliminar íon magnésio, devido à maneira excessiva como é consumido atualmente 
(MACHADO, 2012).
O consumismo do açúcar vem alargando-se em todas as partes do mundo. 
Uma nova orientação da OMS propõe que a quantidade diária de açúcar na 
alimentação seja reduzida à metade. Antes, do consumo total de calorias 
ingeridas, 10% poderia ser de açúcar. Atualmente, basta 5%, com inclusão de 
açúcares adicionais, aqueles inseridos nos alimentos industrializados durante 
seu processamento (CARVALHO, 2017).
Costuma-se dizer que a alimentação dos indivíduos está mais voltada para o 
prazer de comer do que para o valor nutritivo do alimento, ou seja, come-se 
por prazer e não pelo que aquele alimento representa nutricionalmente. Nos 
costumes alimentares da população brasileira não há lugar de destaque para 
frutas e hortaliças, visto que o prazer alimentar está centrado na mistura de 
massas, gorduras, doces e carnes (SILVA et al., 2014).
Doenças crônicas não transmissíveis
Na segunda metade do século passado, o Brasil começou um processo de 
mudanças em sua estrutura política, econômica, social e demográfica que 
22
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
provocou profundas transformações nas condições de saúde de sua população 
(PAIM, 2014).
A Sociedade Brasileira tornou-se predominantemente urbana e o acesso à 
água potável, saneamento básico e serviços públicos, como educação e saúde, 
aumentou. O perfil ocupacional, o padrão dietético-nutricional e a frequência 
da prática da atividadefísica também se modificaram (PAIM, 2014). 
Em 1998, com a promulgação da nova Constituição Federal, o Sistema Único 
de Saúde (SUS) foi fundado, estabelecendo a saúde como um direito universal 
dos cidadãos e um dever do Estado. Com isso, a cobertura do sistema público 
de saúde que antes era restrito aos segurados da previdência social, passou de 
30 para 190 milhões de pessoas (PAIM, 2014).
A expectativa de vida ao nascer cresceu e a taxa de fecundidade diminuiu, 
resultando em redução no percentual de crianças e adolescentes e em aumento 
do percentual de idosos na população. Como consequência dessas mudanças, 
as doenças infecciosas deixaram de ocupar a posição de principal grupo de 
problemas de saúde da população brasileira, passando o posto para as doenças 
crônicas não transmissíveis (PAIM, 2014). 
O Brasil enfrenta, atualmente, os desafios do processo do envelhecimento 
populacional, consequente da mudança na estrutura etária, a qual está 
ocorrendo em ritmo acelerado, marcada pela heterogeneidade nas diferentes 
regiões brasileiras e pelo contexto socioeconômico desfavorável. (VIEIRA 
et.al, 2016).
O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo que causa várias 
alterações no organismo, sejam de ordem morfológica, psicológica, 
funcional ou biológica, acarretando diminuição da capacidade funcional e 
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. As alterações 
se originam do acúmulo de danos, ao longo da vida, causados, sobretudo, 
pela interação entre fatores genéticos e hábitos não saudáveis, como dieta 
desbalanceada, tabagismo, etilismo e sedentarismo (VIEIRA et.al, 2016).
As Doenças Crônicas ou Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como 
são chamados os conjuntos de doenças que não possuem ligação com fontes 
infecciosas, são apontadas como a maior causa de mortes anualmente em 
âmbito mundial, nesse contexto, grande atenção vem sendo dada e este tema 
e diversos estudos elencam a gravidade desse fenômeno bem como o impacto 
dele na saúde e bem-estar da população de todo o mundo (FERREIRA, 2014).
23
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
Figura 1. Índice de doenças crônicas acometidas por brasileiros.
1,40
0 24222018161412108642
1,50
1,80
2,40
4,20
4,40
6,20
7,60
12,50
18,50
21,40
Insuficiência
Renal
AVC
Câncer
Distúrbios
osteomoleculares
Cardiopatia
Asma
Diabetes
Depressão
Colesterol
Coluna
Hipertensão
Incidência (%)
Doenças crônicas no Brasil (%)
Fonte: (ABRASCO, 2014).
De acordo com Freitas e Mendes, (2007, p.07):
Doença crônica é percebida como algo ruim que provoca 
alterações, transtornos na vida como limitação, inabilidade 
e disfunções orgânicas e corporais; são doenças decorrentes 
do modo social de organizar a vida, imperfeições transitórias 
ou não, decorrentes do não aperfeiçoamento da sociedade, 
“ainda” com mitos defeitos, além da hipertrofia dos sistemas de 
saúde que tratam dessas imperfeições; Doença não infecciosa, 
doenças crônicas não transmissíveis ou crônico-degenerativas 
são terminologias usadas para definir grupos de patologias 
caracterizadas pela ausência de micro-organismo no modelo 
epidemiológico, pela não transmissibilidade, pelo longo curso 
clinico e pela irreversibilidade.
As DCNT compõem o maior problema global de saúde e têm ocasionado elevado 
número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida, incapacidades, 
além de impactos econômicos para as famílias e a economia dos países. A 
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que as DCNT sejam responsáveis 
por cerca de 70% de todas as mortes no mundo. No Brasil, as DCNT também 
se constituem como o problema de saúde de maior magnitude e correspondem 
a cerca de 75% das causas de morte (MALTA, 2017).
24
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
O Ministério da Saúde (2011) aponta como determinantes sociais das DCNT as 
desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos bens e aos serviços, a baixa 
escolaridade, as desigualdades no acesso à informação, além dos fatores de risco 
que podem ser modificados, como tabagismo, consumo de bebida alcoólica, falta 
de atividade física e alimentação inadequada, tornando possível sua prevenção. 
De acordo ainda com o Ministério da Saúde, as DCNT têm ocasionado elevado 
número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida com alto grau de 
limitação nas atividades de trabalho e de lazer, além de impactos econômicos 
para as famílias, comunidades e a sociedade em geral, piorando as iniquidades 
e aumentando a pobreza. 
Segundo Schmidt (2011) apud Brasil (2011) em 2007, a taxa de mortalidade por 
DCNT no Brasil foi de 540 óbitos por 100 mil habitantes, tendo visto uma redução 
de 20% nessa taxa na última década, principalmente em relação às doenças do 
aparelho circulatório. A mesma publicação afirma que um terço dessas mortes 
ocorre em pessoas com idade menor que 60 anos. Frente o conhecimento e 
descrição dos determinantes das DCNT e a alta taxa de mortalidade relacionada, 
importantes políticas de enfrentamento dessas doenças são realizadas pelo 
Ministério da Saúde nos últimos anos, dentre as quais se destaca a Organização 
da Vigilância de DCNT, cujo objetivo é conhecer a distribuição, a magnitude, a 
tendência das doenças crônicas, agravos e seus fatores de risco, além de apoiar 
as políticas públicas de promoção à saúde (BARBOSA, 2014).
A epidemia de DCNT resulta em consequências devastadoras para os 
indivíduos, famílias e comunidades, além de sobrecarregar os sistemas de 
saúde. Estudos diversos consideram que as DCNT afetam mais populações 
de baixa renda, por estarem mais suscetíveis, mais expostas aos riscos e 
terem menor acesso aos serviços de saúde e às práticas de promoção à saúde 
e prevenção das doenças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que 
as pessoas com DCNT têm sua situação de pobreza agravada, pelos maiores 
gastos familiares com a doença ao procurarem pelos os serviços, dentre outros 
(MALTA, 2017).
Malta, et al., (2012), afirmam que as DCNT também resultam em crescente 
impacto econômico, afetando famílias, sistema de saúde e sociedade. Estudos 
apresentam estratégias de controle dos fatores de risco dessas doenças, 
associadas com educação comunitária e monitoramento dos indivíduos de 
alto risco, contribuíram para uma queda substancial na mortalidade em quase 
todos os países desenvolvidos e o crescimento do impacto dessas doenças 
deve-se às mudanças na pirâmide demográfica, ao aumento da longevidade, a 
25
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
maior intensidade e diversidade de exposição a diferentes fatores de risco e às 
modificações no padrão de consumo e expectativas de acesso a bens materiais, 
verificados em várias regiões do mundo (JUNIOR, 2014).
Desse modo, as DCNT representam uma significativa e progressiva demanda 
no que diz respeito à atenção à saúde, exigindo tanto a proposta de medidas 
preventivas quanto a necessidade de controle e monitoramento (SANTOS, 2013). 
A fim de proporcionar melhora na qualidade de vida se fazem necessárias condutas 
de cuidados contínuos, apoio aos tratamentos, ações de educação em saúde, apoio 
social e emocional (FERREIRA, 2014).
Dentre os Serviços Integrados de Saúde (SIS), destaca-se no monitoramento 
da mortalidade em DCNT o Sistema de Informações Hospitalares do SUS 
(SIH-SUS), que contém dados sobre diagnóstico das internações hospitalares, 
gastos, tendências, entre outros sistemas como: Autorização de Procedimentos 
de Alta Complexidade (APAC), que apresentam informações relativas aos 
procedimentos considerados de alta complexidade; o Sistema de Informação 
de Atenção Básica (SIAB), contendo dados sobre procedimentos de atenção 
básica; os Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e os Registros 
Hospitalares de Câncer (RHC), que permitem estimativas de incidência de 
câncer, sobrevida e mortalidade; e o Sistema de Informações sobre Mortalidade 
(SIM), que recolhe informações sobre as causas de morte e suastendências 
(TEIXEIRA NETO,2017).
Com relação à dieta-modificação de hábitos alimentares, não há um tipo de 
tratamento dietoterápico modelo, mas o fundamental é a modificação dos 
comportamentos nutricionais inadequados, tais como: alimentação pouco 
variada, com predominância de carboidratos; aversão por frutas, verduras e 
legumes; pular e/ou substituir refeições importantes como café da manhã, 
almoço ou jantar, atitude mais frequente entre adolescentes do sexo feminino, 
que buscam uma forma rápida de atingirem o padrão de beleza atual; fazer 
refeições na frente da televisão; alto consumo de alimentos do grupo de “calorias 
vazias” (baixo valor nutritivo) como bala, chiclete, doce, refrigerante, ao longo 
do dia (LEAL, 2012).
Essas doenças e seus fatores de risco afetam pessoas de todos os grupos 
socioeconômicos, especialmente aquelas mais vulneráveis, como os idosos e 
indivíduos de famílias com baixo nível educacional ou menor renda. No Brasil, 
inquéritos populacionais de saúde têm apontado maior frequência de tabagismo 
em indivíduos de ambos os sexos, e de obesidade entre mulheres e pessoas com 
menor nível educacional, além de dietas pouco saudáveis. Os fatores de risco 
26
UNIDADE I │ MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR
modificáveis compõem a causa expressa de grande parte da carga das doenças, 
tanto na mortalidade geral quanto nas mortes prematuras e incapacidades 
decorrentes relacionadas às DCNT. Parte dessa carga ocorre devido às condições 
em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem, ou seja, da atuação 
dos determinantes sociais sobre a saúde da população. Determinantes sociais 
estabelecem posições socioeconômicas, as quais, por sua vez, geram hierarquias 
de poder e de acesso a recursos básicos, entre eles os relacionados à promoção da 
saúde e prevenção de agravos (FRANCISCO, 2015).
No Brasil, as DCNT transformaram-se num dos principais problemas de saúde 
pública (BRASIL, 2011). Demandando assim uma atenção especial tanto da 
sociedade quanto do governo. Um plano criado em 2011 “define e prioriza as ações 
e os investimentos necessários à preparação do país para enfrentar e deter as 
DCNT e seus fatores de riscos nos próximos dez anos”.
O plano aborda os quatro principais grupos de doenças citados anteriormente, 
bem como seus fatores de risco em comum modificáveis, tais quais: tabagismo, 
álcool, inatividade física, alimentação inadequada e obesidade. Visa ainda 
promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas no 
que diz respeito ao fortalecimento da Atenção Básica de Saúde no país (MALTA, 
DYMECH, MORA e SILVA, 2013).
Principais tipos de doenças crônicas não 
transmissíveis
De acordo com Sampaio e Sabry (2007, p. 05): 
As doenças crônico-degenerativas são reconhecidas como as 
categorias de afecções como doenças cardíacas e as cerebrovasculares, 
as neoplasias, o diabetes, a hipertensão, as doenças autoimunes etc.
Mas algumas doenças infecciosas podem apresentar um processo 
degenerativo. As doenças não infecciosas são as patologias 
caracterizadas por ausência de micro-organismos de modelo 
epidemiológico, pela não-transmissibilidade, pelo longo curso clínico 
e pela reversibilidade.
As doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) são caracterizadas 
por incluir doenças com:
1. História natural prolongada.
2. Multiplicidade de fatores de risco complexos.
27
MUDANÇAS SOCIAIS E IMPACTO NO CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE I
3. Interação de fatores etiológicos conhecidos e desconhecidos.
4. Longo período de latência.
5. Longo curso assintomático.
6. Curso clínico em geral lento, prolongado e permanente.
7. Evolução para graus variados de incapacidade ou morte.
Os danos para a saúde que podem acontecer devido ao consumo insuficiente ou 
excessivo de alimentos são, há muito tempo, conhecidos pelos seres humanos, 
mas recentemente surgem evidências de que características qualitativas da 
dieta sejam importantes na definição do estado de saúde, principalmente no 
que diz respeito às doenças crônicas degenerativas da idade adulta (TARDIDO; 
FALCÃO, 2006).
28
UNIDADE II
DOENÇAS 
CRÔNICAS E SEUS 
IMPACTOS
CAPÍTULO 1
Doenças crônicas não transmissíveis e 
seu impacto na estética e qualidade 
de vida
Fatores que influenciam para o surgimento 
das DCNT’s
Tabagismo
De acordo com Souza et al. (2016), apud Vizzolto; Seganfredo (1992), é 
interessante ressaltar que a fumaça do tabaco contém mais de 4.000 substâncias 
químicas, todas desencadeando importantes distúrbios e lesões no organismo. 
A nicotina é uma destas substâncias responsáveis pela dependência física, 
psíquica e síndrome de abstinência; sua ação é essencial sobre o cérebro e o 
sistema cardiocirculatório. Além de atuar no SNC, a nicotina também causa 
aumento da liberação de catecolaminas séricas, promovendo vasoconstrição e 
aumentando a frequência cardíaca e tendo como consequência a elevação da 
pressão arterial. O monóxido de carbono do cigarro diminui a oxigenação das 
células e dos órgãos em geral, muito prejudicial para o coração e o cérebro. O 
alcatrão encontrado no tabaco contém também muitas substâncias cancerígenas, 
chamadas hidrocarbonetos. Além do alcatrão, o fumo contém outras substâncias 
nocivas ao organismo.
Após o abandono do cigarro, a incidência de algumas doenças começa a diminuir. 
Depois de um ano, a de doença cardíaca cai à metade, atingindo, em dez anos, 
porcentagem semelhante à da população geral (NOGUEIRA e SILVA, 2004).
29
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS │ UNIDADE II
Alcoolismo
Com relação ao álcool, vários estudos populacionais têm mostrado relação positiva 
entre o consumo dele e a pressão arterial. A maioria dos estudos demonstram 
que parece existir um limite. Acima deste limite passa a haver correlação direta 
entre o álcool e a pressão arterial e abaixo os níveis pressóricos dos bebedores são 
semelhantes ou talvez até menores que os do não bebedores (SAMPAIO; SABRY, 
2007).
A ingestão de cerca de 30 g/dia de álcool (duas doses de bebidas destiladas) 
pode elevar a pressão sanguínea, pois seu consumo excessivo pode reduzir o 
efeito dos medicamentos para HAS. Segundo outros, 90g de etanol sobem a 
pressão a 3 mmHg. Estudo longitudinal de base populacional mostrou aumento 
do risco de hipertensão arterial em homens que consumiam bebidas em excesso 
(oito ou mais drinques/dia), o mesmo foi observado em mulheres (SAMPAIO; 
SABRY, 2007).
Obesidade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera obeso o paciente que obtiver 
um cálculo de índice de massa corpórea (IMC) acima de 30 kg/m², sendo 
classificado como obesidade mórbida pessoas com IMC acima de 40 kg/m². o 
IMC relaciona o peso em quilos versus a altura em metros ao quadrado, sendo 
um importante indicador prévio para triagem de diversas comorbidades. Nas 
situações onde há o diagnóstico de obesidade, se torna de maior probabilidade 
o surgimento de várias doenças decorrentes do excesso de peso no mesmo 
paciente e ainda o perigo de vida. 
A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal não saudável. 
No entanto, há dificuldade na medida correta da composição corporal, 
principalmente do compartimento de gordura, em função da necessidade de 
uso de tecnologias que não estão disponíveis na rotina ambulatorial e hospitalar 
tão facilmente. Contudo, o índice de massa corporal (IMC), calculado como 
sendo o peso corporal (kg) dividido pela altura ao quadrado (m²), tem sido 
bastante utilizado e aceito como um método simples para a classificação de 
risco para comorbidades e condições clínicas considerando o peso corporal. Por 
outro lado, esse índice nos possibilita, além de uma medida da relação peso e 
altura, um índice que está correlacionado à porcentagem de gordura corporal 
em adultos e jovens de meia idade. 
30
UNIDADE II │ DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS
No adulto, após o cálculo de IMC, como mostrado no quadro 4, os indivíduos 
são caracterizados obesos quando o índice atinge valores iguais ou maiores a 30 
kg/m².(BUSNELO, 2007).
De acordo com Scheen AJ, Luyckx FH, Desaive C, Lefebvre, PJ. (1999) e Olson 
TP, Dengel DR, Leon AS, Schmitz KH (1999), as já referidas comorbidades 
da obesidade são perigosas, afetam a fisiologia do paciente e também 
delas resultam danos psicológicos e sociais, compreendendo anomalias no 
sistema endócrino que em via consequente desenvolve doenças metabólicas 
(diabetes mellitus, dislipidemias, hipertensão arterial, câncer e outras), há 
preponderância também de osteoartrite, insuficiência respiratória, apneia do 
sono, e problemas de ordem psicológica como depressão, baixa autoestima 
e dificuldade de socialização, ressaltando-se nessa proposição abundante 
tendência ao desenvolvimento de patologias cardiovasculares e psicológicas.
A obesidade é uma doença crônica complexa influenciada por diversos fatores 
que se inter-relacionam sendo caracterizada pelo excesso de massa adiposa. A 
obesidade é um reconhecido problema de saúde pública, o que se deve a sua 
grande influência negativa sobre a qualidade de vida, doenças metabólicas, 
cardiovasculares, alguns tipos de cânceres e mortalidade. Segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS), o sobrepeso e a obesidade são responsáveis pela 
morte de 2,8 milhões de pessoas por ano (OMS, 2018). 
Na maior parte das vezes, a forma de remediar as ditas comorbidades é a 
redução do peso, todavia, de acordo com o referendado por Dymek MP, Grange 
D, Neven K, Alverdy J (2002), a terapia dietética associada ao combate ao 
sedentarismo em pacientes portadores de obesidade mórbida, não tem surtido 
o efeito desejado. A princípio, com a diminuição de peso, ocorre uma melhora 
frente às comorbidades, porém a dificuldade na manutenção desse estado tem 
sido o enfrentamento a longo prazo.
Ao longo das últimas décadas, o mundo vem observando um alarmante 
aumento do índice de massa corpórea (IMC) médio e da prevalência de excesso 
de peso (sobrepeso e obesidade) em todos os estratos etários, sem expectativa 
de retração para os próximos anos (NCD RISK FACTOR COLLABORATION, 
2017). Especificamente no Brasil, inquéritos realizados a partir da década de 
70 até 2013 demonstram comportamento ascendente e contínuo da prevalência 
de sobrepeso/obesidade. Nesse intervalo de tempo, a prevalência de sobrepeso 
mais que dobrou (23,6% para 58,6%) e de obesidade quadruplicou (5,4% para 
21,4%) em pessoas com 20 anos ou mais (IBGE, 2010; IBGE, 2014). 
31
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS │ UNIDADE II
A obesidade é usualmente classificada baseada no IMC (peso corporal em kg 
dividido pela altura em metros ao quadrado) devido à grande facilidade e baixo 
custo (tabela 1). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica-se 
como sobrepeso o adulto com IMC entre 25 e 29,9 kg/m² e obeso aquele com IMC 
maior ou igual a 30 kg/m² (OMS, 1995). Existem ainda tabelas específicas para 
a classificação de obesidade em crianças e adolescentes que ajustam o IMC de 
acordo com a idade e o sexo. 
Embora não seja uma ferramenta para definição mais precisa do conteúdo 
e localização corporal de gordura, sua utilização permite uma noção da 
corpulência sendo útil em avaliações preliminares de saúde e estudos 
populacionais. Existem robustas evidências de estudos epidemiológicos 
demonstrando estreita relação entre o IMC e doença cardiovascular/mortalidade 
(e outros aspectos de saúde) que corroboram positivamente para sua utilização 
como parte da avaliação clínica. 
Uma vez que o IMC não distingue entre massa gorda e massa magra, é importante 
considerar que pessoas com mesmo IMC podem apresentar diferenças quanto a 
sua composição corporal. Assim, sua utilização em idosos, devido à sarcopenia, e 
atletas, especialmente aqueles com ganho importante de massa magra, deve ser 
observada com cuidado para não subestimar ou superestimar a classificação do 
IMC. Outros métodos de avaliação da composição corporal devem ser utilizados 
em associação ao IMC para melhor acurácia individual, como por exemplo, a 
quantificação das pregas cutâneas, circunferências, utilização da bioimpedância 
elétrica, dual-energy X-ray absorptiometry (DEXA), entre outros. Cada método 
deve ser considerado a depender do custo-benefício e disponibilidade do 
equipamento.
Tabela 1. Classificação de adultos segundo o índice de massa corporal.
Classificação IMC (Kg/m²) Risco de doença
Magro ou baixo peso < 18,5 Normal ou elevado
Normal ou eutrófico 18,5 - 24,9 Normal ou elevado
Sobrepeso (pré-obeso) 25 - 29,9 Pouco elevado
Obesidade, Grau I 30 - 34,9 Elevado
Obesidade, Grau II 30 - 39,9 Muito elevado
Obesidade, Grau III ≥ 40,0 Muitíssimo elevado
Fonte: Organização mundial de Saúde, 1995.
De maneira simplista, a obesidade ocorre devido a um balanço energético 
positivo sustentado (quando o consumo de calorias excede seu gasto). 
Baseado nesse conceito, historicamente indivíduos obesos são prejulgados 
32
UNIDADE II │ DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS
como preguiçosos, gulosos, indisciplinados, desconsiderando as complexas 
interações de fatores biológicos, comportamentais, sociais e ambientais que 
definem nosso peso corporal.
Estudos de hereditariedade estimam uma influência da genética de cerca de 
40 a 70% do peso corporal (STUNKARD et al., 1986, BRAY et al., 2015). 
Apesar do forte impacto da hereditariedade, nosso conhecimento sobre a 
genética da obesidade ainda é reduzido. Na obesidade poligênica, principal 
forma genética da obesidade, acredita-se que um grande número de genes de 
pequeno efeito module a suscetibilidade à essa condição. Contudo, variações 
genéticas conhecidas só explicam aproximadamente 5% da diferença no 
peso da população, número pequeno frente à estimativa do impacto genético 
(ROHDE, 2019). 
Na década de 60 o geneticista James Neel propôs, para explicar a prevalência 
de obesidade e diabetes, a hipótese do genótipo/gene econômico. Em resumo, 
essa teoria postula, numa perspectiva evolutiva, que genes favorecedores da 
deposição de gordura proporcionariam uma vantagem a seus portadores em 
períodos de fome, sendo privilegiados pela seleção natural (NEEL, 1962). Na 
sociedade moderna pós-segunda guerra mundial com grande disponibilidade 
de alimentos, tais genes seriam desvantajosos resultando na crescente 
prevalência da obesidade. 
Alguns autores criticam essa hipótese. É necessário ter consciência, para 
entendermos essas críticas, que para direcionar a seleção natural dos genes 
econômicos a fome deve ter grande impacto sobre a mortalidade e/ou 
natalidade, além de ser frequente ao longo da história.
Para Speakman (2018), se imaginarmos que a fome acompanha a humanidade 
desde sempre, e que os genes econômicos fornecem uma forte vantagem 
seletiva, então esses genes deveriam estar espalhados por toda a população, 
e na sociedade moderna seríamos todos obesos. Outra corrente teórica afirma 
que a fome se tornou uma questão importante somente após o desenvolvimento 
da agricultura (uma vez que caçadores e coletores são resistentes a escassez 
de alimentos, se mudando para outras áreas ou alterando sua dieta, enquanto 
sociedades agrárias retiram seu alimento de culturas fixas, se tornando 
vulneráveis quando o sistema de produção ou distribuição falha), nesse cenário 
a seleção natural não teria tempo para atuar (uma vez que a agricultura surgiu 
cerca de 12 mil anos atrás e nesse período passamos apenas por 80 períodos de 
escassez de alimentos) (SPEAKMAN, 2013).
33
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS │ UNIDADE II
Alternativamente, é proposto que genes ligados à obesidade sofreram um 
processo aleatório de deriva genética (SPEAKMAN, 2013). Essa hipótese 
tem como base a ideia de regulação ativa do peso corporal, tendo um limite 
inferior e superior, no qual desvios para fora desses limites iniciam processos 
fisiológicos de anulação e recuperação do peso. O risco de inanição (limite 
inferior) e predação (limite superior) conduziram as pressões evolutivas 
necessárias para a formação desses limites. Com a descoberta do fogo, a 
criação de armasmais eficientes e formação de sociedades, o risco de predação 
tornou-se cada vez menor tornando vulneráveis a mutações aleatórias os 
genes a ele associados.
Apesar da importante contribuição da genética, ela não explica a crescente 
prevalência da obesidade, uma vez que o background genético da população 
nessas últimas décadas não deve ter se alterado de maneira significativa. Nessa 
perspectiva, o incremento da prevalência da obesidade tem sido atribuído 
principalmente a mudanças ambientais e comportamentais. 
A globalização, industrialização, mudança tecnológica e urbanização observada 
na “vida moderna” nos oferecem maior quantidade e menor qualidade de 
alimentos, nos convidando a uma vida mais sedentária, resultando em 
desbalanço energético sustentado (principal fator de risco para obesidade) com 
maior chance de ganho de peso e obesidade.
A contribuição do ambiente na obesidade foi observada em estudos clássicos 
realizados com os índios Pima: O’odham Pima dos Estados Unidos e os Pima 
Bajo do México, povos indígenas geneticamente relacionados, mas que se 
tornaram afastados a partir da metade do século 19. Os índios Pima residentes 
nos EUA gradativamente adotaram um estilo de vida ocidental, com uma 
alimentação com alto teor de gordura e reduzida atividade física, enquanto 
os mexicanos permaneceram isolados sem alteração no seu modo de vida, 
pelo menos até 1991. A avaliação dos dois povos Pima demonstrou uma maior 
prevalência de obesidade (64% e 75% vs 7% e 20% nos homens e mulheres 
respectivamente) e diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) (38% vs 6,9%) nos 
índios americanos (SCHLZ et al., 2006). Quando comparado a populações não 
indígenas de sua localidade, o povo Pima americano possui uma prevalência 
de diabetes 19 vezes maior enquanto os Pima mexicanos possuem prevalência 
semelhante de obesidade e DM2. Esses resultados indicam que mesmo em 
uma população geneticamente propensa o desenvolvimento da obesidade e 
DM2 é especialmente determinado pelo ambiente (SCHULZ et al., 2015).
34
UNIDADE II │ DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS
A prevalência de obesidade aumentou nas últimas décadas, configurando-se 
como um dos problemas prioritários de saúde pública da atualidade, tanto 
nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. (FERREIRA; 
BENÍCIO, 2015)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, no ano 2000, um informe 
sobre a epidemia de obesidade, esse informe afirmou que, na América e Caribe 
(Estados Unidos, Brasil, Jamaica, Barbados e Cuba), o número de mulheres 
afetadas tem sido maior que o de homens. De acordo com um estudo que analisou 
dados de 38 países, a obesidade feminina é um problema de saúde pública na 
América Latina e Caribe, com prevalência de 15,4% entre mulheres em idade 
reprodutiva. No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares, (POF) 2008-
2009, alegou tendência de aumento da prevalência de obesidade na população 
adulta de 20 a 75 anos. Os valores encontrados foram maiores entre as mulheres 
(16,9%) do que entre os homens (12,4%) (FERREIRA; BENÍCIO, 2015).
A obesidade pode ser considerada em três tipos (de acordo com a distribuição 
de gordura corporal): androide, ginoide ou generalizada.
A obesidade androide é aquela localizada na região abdominal, vem à mente 
o formato de uma maçã e está relacionada às doenças cardiovasculares; a 
obesidade ginoide caracteriza-se por um acúmulo de gordura localizada nos 
quadris e lembra o formato de uma pera; já a obesidade generalizada está 
distribuída de forma homogênea em todo o corpo (RAMOS et al., 2014).
O processo de ganho de peso que ocasiona a obesidade é multifatorial. As 
causas relatadas mais frequentemente que contribuem para o surgimento da 
obesidade são: adaptação evolutiva do ser humano, fatores dietéticos, baixa 
atividade física, fatores constitucionais (sexo, idade, estado fisiológico), fatores 
genéticos (predisposição, mutação, fatores hormonais (neuroendócrinos), 
fatores socioculturais, falhas na atuação institucional e profissional, entre 
outros fatores (SAMPAIO; SABRY, 2007).
Outros fatores têm sido associados ao surgimento da obesidade, como a 
suspensão do tabagismo, que pode levar ao ganho de peso. Algumas doenças 
desencadeiam a obesidade como o hipotireoidismo, a doença de Cushing e os 
tumores do hipotálamo; no entanto, essas doenças são responsáveis por menos 
de 5% dos casos de obesidade (SAMPAIO; SABRY, 2007).
A obesidade é uma doença crônica e complexa, pois engloba fatores genéticos, 
emocionais e ambientais, por isso, o seu tratamento deve ser feito por uma 
equipe multidisciplinar, com metas definidas em longo prazo. Para se atingir o 
emagrecimento é necessário alcançar um balanço energético negativo, ou seja, 
35
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS │ UNIDADE II
consumir menos energia do que se gasta, por meio de uma restrição calórica. 
Dietas muito restritivas e rígidas geralmente não são mantidas, trazendo 
insucesso para o tratamento e frustrações. Uma reeducação alimentar é mais 
efetiva, por meio da aquisição de novos hábitos alimentares, com uma dieta 
rica em fibras (frutas, vegetais, cereais integrais), laticínios desnatados, 
carnes magras, baixo teor de gordura e bastante água. O tratamento requer 
uma mudança no estilo de vida, contendo além de uma dieta balanceada, 
como são apresentadas as recomendações na tabela 2, a prática de atividade 
física regular. (RAMOS et al., 2014).
Tabela 2. Recomendações gerais para a prescrição nutricional para o manejo da perda de peso.
Variável Recomendação
Calorias Obrigatoriamente deve ser hipocalórico:
Diminuir de 500 a 1000 kcal/dia e ou;
20 a 25cal/peso atual/dia (fórmula de bolso) ou;
Usar peso ajustado* ou peso ideal** em fórmulas de necessidades energéticas diárias.
Proteína (PTN) 1g de PTN de alto valor biológico (AVB)/kg de peso corporal; Em torno de 15 a 20% do Valor energético total (VET).
Carboidratos 50 a 60% do VET.
De preferência CHO complexos ricos em fibras.
Lipídios Não superior a 30% do VET.
ÁG Saturados 7% dos Lipídios.
ÁG Poli-insaturados 10% dos Lipídios.
AG Monoinsaturados 13% dos Lipídios.
Fibras 20 - 30g/dia.
Colesterol < 300mg/dia.
Bebidas alcoólicas Evitar.
Fracionamento Mínimo de cinco refeições diárias.
Micronutrientes De acordo com as necessidades.
*Peso ajustado: (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual.
**Peso ideal: IMC desejado x estatura (m)².
Fonte: (SCHNEIDER, 2009, p. 183).
Hipertensão arterial sistêmica
A hipertensão arterial é definida como um aumento da pressão do sangue que 
circula pelas artérias, excedendo os índices considerados normais para as diversas 
idades. Esse aumento pode estar vinculado a fatores hereditários do indivíduo, 
ao consumo excessivo de sal, ao estresse ou simplesmente à idade, uma vez que 
a pressão arterial tende a aumentar com o passar dos anos (LAROUSSE, 2005).
Hipertensão é uma doença crônica mais conhecida pela população como 
“pressão alta”. A pressão arterial (PA) é a força realizada pelo sangue contra as 
paredes das artérias, fazendo com que o coração bata mais forte ao bombear o 
sangue para todo o corpo (SOUZA et al., 2016).
36
UNIDADE II │ DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) caracteriza-se por níveis tensionais 
elevados, associados a alterações metabólicas e fenômenos tróficos (hipertrofia 
cardíaca e vascular). É bastante prevalente em indivíduos idosos, tornando-se 
fator determinante na morbimortalidade (BUSNELLO, 2007).
A hipertensão em idosos é marcada principalmente pela hipertensão essencial, 
que difere em muitos aspectos da dos indivíduos mais jovens. A pressão arterial 
sistólica (PAS) aumenta e a pressão arterial diastólica (PAD) diminui com a idade, 
mesmo em indivíduos saudáveis, resultado do aumento da pressão do pulso 
e da rigidez das artérias, em idosos, nota-se a predominância da hipertensão 
sistólica isolada (HSI) em aproximadamente 60%, enquanto a sistodiastólica 
está presente em torno de 30% e a hipertensão diastólica em apenas 10%dessa 
população (BUSNELLO, 2007).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2017), o valor ótimo para 
a pressão arterial é <120x80 mmHg (12 por 8), valor normal <130/85 mmHg e o 
valor ideal de pressão arterial para pessoas com risco de diabetes e doença renal: 
< 130 x 80 mmHg, para a maioria da população esses valores devem estar abaixo 
de 140 e/ou 90mmHg.
Figura 2. Índice de hipertensos em brasileiros acima dos 19 anos. 
21,4
1
18,3
2
24,2
3
2,8
4
20,6
5
44,4
6
52,7
7
55,5
8
21,1
9
24,2
10
20,0
11
31,1
12
16,7
13
13,4
14
18,2
15
0,0
60,0
%
1 - Total
2 - Homem
3 - Mulher
4 - De 18 a 29 anos
5 - De 30 a 59 anos
6 - De 60 a 64 anos
7 - De 65 a 74 anos
8 - De 75 anos ou mais
9 - Branca
10 - Preta
11 - Parda
12 - Sem instrução e fundamental incompleto
13 - Fundamental completo e médio incompleto
14 - Médio completo e superior incompleto
15 - Superior incompleto
Fonte: (IBGE, 2013).
37
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS │ UNIDADE II
O risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV) está 
aumentando nos obesos porque a ocorrência de hipertensão arterial 
e hiperglicemia é comum, aumentando significativamente o risco de 
complicações macrovasculares, como a doença arterial coronariana (DAC) 
e o infarto agudo do miocárdio (IAM). Existe uma relação positiva entre 
hiperinsulinemia e risco para DAC, devido, provavelmente, à alteração do 
padrão lipídico e ao estado de inflamação crônica subsequente. Por isso, a 
avaliação de risco de DCV em obesos inclui a procura por sinais clínicos e 
laboratoriais, a determinação do padrão lipídico e a avaliação do nível de 
proteína C circulante. A hipertensão arterial é três vezes mais frequente 
em obesos que em não obesos, e o seu risco cresce com o aumento do peso. 
(TEIXEIRA NETO, 2003).
Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento das doenças crônicas não 
transmissíveis, a hipertensão arterial (HA) é a mais predominante, constituindo 
condição clínica crônica multifatorial, caracterizada por níveis altos e sustentados 
de pressão arterial, tem alta prevalência, porém baixas taxas de controle. Por 
esses motivos, é um dos mais importantes problemas de saúde pública, visto que 
a morbimortalidade e os custos com o tratamento desta são elevados. Além de 
que, gera aumento do risco de comorbidades, como infarto agudo do miocárdio 
e acidente vascular encefálico. Além disso, muitas vezes é assintomática, o 
que dificulta a procura, por parte dos indivíduos, pelos serviços de saúde para 
diagnóstico e adesão ao tratamento (VIEIRA et al., 2016).
O controle da HA não está relacionado, apenas, aos hábitos de vida saudável 
do indivíduo e ao tratamento medicamentoso, mas também à conscientização a 
respeito da doença e das comorbidades associadas. Portanto, a melhor qualidade 
de vida dos indivíduos hipertensos pode estar diretamente relacionada ao 
comportamento deles frente à doença e aos cuidados tomados para o controle da 
pressão arterial (VIEIRA et al., 2016).
De acordo com Larousse, (2004, p. 72):
Como prevenir e tratar a hipertensão?
 » Para pessoas acima do peso é necessário eliminar o excesso por 
meio de uma dieta completa, mas com menor ingestão de calorias e 
gorduras.
 » Diminuir o consumo do sal na alimentação, minimizando a 
quantidade acrescida aos preparos e alimentos ricos neste 
38
UNIDADE II │ DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS
elemento. Esta é uma das orientações nutricionais mais 
importantes para o tratamento dessa doença.
 » Aumentar o consumo de verduras, legumes, frutas e alimentos ricos em 
fibra e potássio.
 » Restringir o consumo de gorduras saturadas (gorduras de origem 
animal).
 » Moderar, reduzir ou eliminar a ingestão de bebidas alcoólicas.
 » Abandonar o fumo.
 » Praticar exercícios físicos.
A dieta DASH, termo em inglês Dietary Approaches to Stop Hypertension que 
significa Métodos Para Combater a Hipertensão, hoje em dia é indicada para o 
tratamento da hipertensão arterial leve, evitando o uso de medicamentos; nos 
casos mais graves, contribuindo para a diminuição progressiva da dosagem dos 
medicamentos utilizados para o controle da pressão arterial e em indivíduos com 
níveis pressóricos normais. O objetivo é prevenir o desenvolvimento da doença 
(SAMPAIO; SABRY, 2007).
Ainda não está totalmente esclarecido qual o seu mecanismo de ação, mas 
acredita-se que a combinação dos alimentos presentes nessa dieta é responsável 
por esse efeito. A dieta DAHS é rica em frutas, verduras, leite e derivados 
desnatados, quantidades menores de gordura saturada e colesterol, por isso 
mesmo traz benefício à saúde (SAMPAIO; SABRY, 2007).
A HAS é definida como a manutenção de níveis de pressão arterial acima 
de 140 mmHg na sistólica e 90 mmHg na diastólica. Está ligada a fatores 
intrínsecos, como hereditariedade, sexo, idade e raça; e a fatores extrínsecos, 
como tabagismo, sedentarismo, obesidade, estresse, dislipidemia e dieta. 
Além disso, há um crescimento do risco de comorbidades, como infarto agudo 
do miocárdio, acidente vascular encefálico e insuficiência renal crônica 
(MENDES; MORAIS; GOMES, 2014).
https://www.youtube.com/watch?time_continue=76&v=MZDFdLSL6cA. 
39
DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS │ UNIDADE II
Diabetes
A diabetes é uma doença crônica que se revela por um aumento dos níveis 
de açúcar (glicose) no sangue (hiperglicemia), para além dos parâmetros 
considerados normais. Se não for reparado de forma adequada, este 
desequilíbrio pode dar origem a complicações agudas e crônicas. Trata-
se de uma doença frequente em todo o mundo, mas sobretudo em países 
industrializados. Seu nome científico é Diabetes mellitus (LAROUSSE, 2004).
A causa principal desse distúrbio é uma disfunção do pâncreas, órgão que 
se localiza na parte esquerda do abdômen e que tem como principal função 
a produção de um hormônio chamado insulina, substância encarregada de 
levar até as células a glicose que circula no sangue, garantindo a energia para a 
realização de processos vitais no organismo humano. Se o pâncreas não produz 
insulina ou a produz em quantidade menor que o necessário, a glicose não entra 
nas células e fica circulando pelo sangue, aumentando os níveis e provocando 
uma hiperglicemia. Como a glicose é um açúcar, popularmente se diz que o 
diabético é a pessoa que tem excesso de açúcar no sangue (LAROUSSE, 2004).
Entre as doenças crônicas em maior evidência no cenário de saúde pública 
destaca-se a Diabetes Mellitus, podendo defini-la como uma síndrome que pode 
ser resultante da falta de insulina e ou incapacidade de a insulina exercer suas 
ações de maneira correta. Essa doença é caracterizada pela hiperglicemia crônica 
e alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. A polidipsia, 
poliúria, borramento da visão e perda de peso são sintomas característicos. 
Entre as manifestações crônicas dessa afecção predominam as doenças oculares, 
renais e vasculares, causas contínuas de invalidez, incapacitação para o trabalho 
e hospitalização (SARTORELLI; FRANCO, 2002).
Nas Américas, a quantidade de indivíduos com diabetes foi estimada em 
35 milhões para o ano. Nos países desenvolvidos, o aumento acontecerá 
principalmente nas faixas etárias mais avançadas, em consequência do 
aumento da esperança de vida e do crescimento populacional; nos países 
em desenvolvimento, o aumento será observado em todas as faixas etárias, 
principalmente no grupo de 45-64 anos onde sua prevalência deverá triplicar, 
duplicando nas faixas etárias de 20-44 e 65 e mais anos (SARTORELLI; 
FRANCO, 2002).
Pelo fato de a diabetes estar ligada a maiores taxas de hospitalizações, a 
maiores necessidades de cuidados médicos, a maior incidência de doenças 
cardiovasculares e cerebrovasculares, cegueira, insuficiência renal e 
40
UNIDADE II │ DOENÇAS CRÔNICAS E SEUS IMPACTOS
amputações não traumáticas de membros inferiores, pode-se imaginar 
a carga que isso representará para os sistemas de saúde dos países 
latino-americanos, a grande maioria ainda

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