ORIGEM DA SOCIEDADE A TEORIA NATURALISTA O antecedente mais remoto da afirmação clara e precisa de que o homem é um ser social por natureza encontra-se no século IV a.C. com a conclusão de Aristóteles de que “o homem é naturalmente um animal político”. Só um individuo de natureza vil ou superior ao homem procuraria viver isolado dos outros homens sem que a isso fosse constrangido Na Roma do século I a.C. Cícero afirma que “a espécie humana não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundancia de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum”. Santo Tomás de Aquino diz que “o homem é, por natureza, um animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade”. E afirma que a vida solitária é exceção e é enquadrada em três hipóteses: excelentia naturae (indivíduo notavelmente virtuosos); corruptio naturae (anomalia mental) e; mala fortuna (um acidente o obriga a se isolar). Ranelletti dizia que o homem é induzido fundamentalmente por um necessidade natural, só em tais uniões e com o concurso de outros é que o homem pode conseguir todos os meios necessários para satisfazer as suas necessidades. A sociedade é um fato natural, determinado pela necessidade de que o homem tem da cooperação de seus semelhantes para a consecução dos fins de sua existência. Essa necessidade não é apenas de ordem natural. A existência desse impulso associativo, não elimina a vontade humana. TEORIA CONTRATUALISTA Para esses teóricos a sociedade não faz parte do homem e sim e imposta a ele através de um contrato social. Thomas Hobbes em “O Leviatã” diz que o homem nasceu num estado de natureza, onde se encontra num estado primitivo, sem organização social. Hobbes afirma que o homem é mal neste estado, e vive uma constante guerra de todos contra todos, num estado de insegurança e medo constante. Então, pela razão, que os leva a celebrar um contrato social, e cuja preservação deste é mantda por um poder visível, o Estado, e sua função é proteger os mais fracos dos mais fortes, como o Leviatã. Montesquieu em sua obra “Do Espírito das Leis”, se refere ao homem no seu estado natural, e por estarem neste estado se sentem enfraquecidos e atemorizados, afirmando que no estado natural o homem é bom, pois todos se sentem inferiores e ninguém atacaria o outro, prejudicando a paz; portanto a procura desta seria a primeira lei natural. Segundo as leis naturais que são o desejo de paz; o sentimento das necessidades; atração natural dos sexos opostos e; o desejo de viver em sociedade é o que levam os homens a firmarem um contrato social, e é na firmação deste que começa o estado de guerra, ou entre sociedades, ou entre indivíduos da mesma sociedade. Rousseau em “O Contrato Social” diz que a vontade é que leva o homem a construir uma sociedade, não a natureza. Caso não houvesse a vida em sociedade, o gênero humano pereceria. Ao se associar o indivíduo aliena seus direitos em favor da sociedade, e dessa associação nasce o Estado para garantir a sociedade. ORDEM SOCIAL E ORDEM JURÍDICA Toda sociedade tem uma finalidade. O simples agrupamento de pessoas, com uma finalidade como a ser atingida, são seria suficiente para assegurar a consecução do objetivo almejado, sendo indispensável a manifestação em conjunto. Mas para assegurar a orientação das manifestações num determinado sentido e para que se obtenha uma ação harmônica, é preciso que essa ação seja ordenada, atendendo a três requisitos: reiteração; ordem e; adequação. Reiteração: as manifestações devem ocorrer repetidas vezes; Ordem: os fatores psicológicos, que ocorrem dentro do indivíduo, e os fatores sociais, que ocorrem fora do individuo, compõe a matéria da vida social. A partir dai surge uma divisão da ordem em duas: a ordem da natureza, ou mundo físico; e a ordem humana, ou mundo ético. A ordem da natureza, ou mundo físico está submetida ao princípio da causalidade que diz que “se A (condição) é; B (consequência) é”. Já a ordem humana está regida pelo principio da imputação que diz: “se A (condição) é; B (consequência) pode ser”. Na causalidade, uma mesma condição gera uma mesma consequência. Na imputação a condição deve gerar determinada consequência, mas pode não gerar. Gárcia Maynez indica a unilateralidade da moral e a bilateralidade do Direito, como o caráter de todas as regras de comportamento social. A primeira, mesmo tido por todos como desejáveis (normas) para a boa convivência, não estabelecem relacionamento. Já a ultima, sendo bilateral, pressupõe relação de direitos e deveres, sendo que a própria vítima da ofensa, ou terceiro, pode obrigar o ofensor a cumprir a norma violada ou sofrer a pena. Para este estudioso, há ainda uma terceira espécie de norma, o convencionalismo social. Leon Petrasky classifica as normas da moral como imperativas e as de direito como imperativas-atributivas, pois só essas normas podem exigir o cumprimento ou punição do ofensor. Del Vechio defende que ambas (moral e direito) são incluídas ao comportamento social. Adequação: cada indivíduo, casa grupo humano e a própria sociedade devem sempre ter em conta as exigências e as possibilidades da realidade social, para que as ações não se afastem do objetivo do bem comum. SOBERANIA Na antiguidade até o fim do Império Romano não se encontra qualquer noção que se assemelhe à soberania. Aristóteles comenta sobe a superioridade da cidade-estado, por ser dotada de autarquia, que significa apenas que ela era autossuficiente. Em Roma também não houve qualquer noção análoga ou semelhante a soberania. Faltava ao mundo antigo o único dado capaz de trazer à consciência o conceito de soberania: a oposição entre o poder do Estado e outros poderes. Até o século XII havia duas soberanias concomitantes, uma senhorial e outra real. Já no século XIII, o monarca, afirmando-se soberano de todo o reino, acima de todos os barões, adquirindo o poder supremo de justiça e de polícia, a chamada soberania dos reis. De um lado, para tomar clara sua superioridade em relação aos senhores feudais e a outros poderes menores de outro, para afirmar a independência dos reis relativamente ao Imperador e ao Papa. Jean Bodin diz que a soberania é o poder absoluto e perpétuo de Um República, sendo absoluto, a soberania não é limitada, nem em poder, cargo, ou tempo certo. Só as leis divinas e naturais se impõe sobre a soberania. A soberania é inalienável, indivisível. Inalienável por ser exercício da vontade geral e indivisível por que a vontade só é geral se houver participação de todos. O poder social dá ao corpo político o poder absoluto, que é dirigido pela vontade geral e se chama poder soberano. Este poder não ultrapassa e nem pode transgredir os limites das convenções gerais. A soberania para uns é o poder de Estado, para outros uma qualidade deste. Kelsen a define como expressão da unidade da ordem; Heller e Reale como qualidade essencial do Estado. Em termos políticos é o incontrastável querer coercitivamente e fixar as competências, é a supremacia do poder mais forte. Já na área jurídica é o poder de decidir em ultima instancia sobre a eficácia do Direito. A soberania é uma (não pode duas conviver em um mesmo Estado), indivisível, inalienável e imprescritível. As teorias que definem a titularidade são teocráticas (monarca) e democráticas (povo). TERRITÓRIO Componente necessário do Estado, que surgiu com o Estado Moderno. A soberania de um território só pode ser exercida dentro dele. Muitos defendem como elemento essencial do Estado, outros como condição necessária exterior ao Estado. Laband