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91 ANATOMIA INTEGRADA Unidade II 3 SISTEMA DIGESTÓRIO 3.1 Parte supradiafragmática O sistema digestório consiste de um canal alimentar ligado em níveis contínuos com um conjunto de órgãos anexos. O papel fundamental do sistema digestório é conseguir, a partir dos alimentos, as moléculas imprescindíveis para a manutenção, o crescimento e outras necessidades energéticas do corpo humano. Esse sistema pode ser dividido em duas partes principais: supradiafragmática e infradiafragmática. A parte supradiafragmática do sistema digestório corresponde às estruturas anatômicas situadas acima do diafragma, enquanto em sua parte infradiafragmática encontram‑se as estruturas anatômicas localizadas abaixo do diafragma. O canal alimentar, cujo comprimento medido no cadáver é de aproximadamente 9 metros de extensão, é composto de um tubo oco, que se estende da boca ao ânus. As estruturas anatômicas do canal alimentar abrangem: a boca, a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado, o intestino grosso, o reto e o ânus. Já os órgãos anexos compreendem os dentes, a língua, as glândulas da boca, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Para que possamos ter o bom emprego das substâncias alimentares, o sistema digestório deve processar várias ações que incidem em processos mecânicos e químicos da digestão. De tal modo, nesses processos envolvidos na digestão há a mastigação, a deglutição, o peristaltismo, a digestão, a absorção, o armazenamento e a eliminação dos resíduos. A mastigação, (do grego, mastichan, ranger os dentes) destina‑se à desintegração parcial dos alimentos que se executa na boca. Os movimentos mastigatórios reduzem o tamanho dos alimentos e mistura‑os com a saliva. A deglutição, (do latim, deglutire, engolir) incide no transporte dos alimentos por meio da faringe para o esôfago, o que requer a participação de vários movimentos musculares, e dos quais enfatiza em relevância a ascensão da laringe, impossibilitando, assim, que substâncias nutritivas se encaminhem para as vias aéreas e de maneira oposta, permanentemente abertas ao trânsito do ar. O peristaltismo, (do grego, peri, em torno; stellein, comprimir) consiste em contrações rítmicas semelhantes às ondas que movem o alimento por meio do canal alimentar. No estômago e duodeno acontecerá a digestão, momento em que há o desdobramento das substâncias alimentares em moléculas mais simples. 92 Unidade II Por fim, ocorre a absorção que se processa especialmente no restante do intestino delgado, enquanto o intestino grosso serve de receptáculo passageiro aos resíduos não aproveitáveis, até o momento de serem excluídos pela defecação. 3.1.1 A boca e os anexos A boca, também referida como cavidade oral, representa a porta de entrada do sistema digestório. Além da função mastigatória, participa ativamente da fonação, da sensação do paladar e como via aérea acessória. Do ponto de vista anatômico, a cavidade oral é delimitada anteriormente pelos lábios, lateralmente pelas bochechas, superiormente pelo palato, inferiormente pela língua e assoalho da boca e posteriormente pelo istmo das fauces e parte do palato mole. A mucosa que reveste a cavidade oral pode ser de três tipos: revestimento, mastigatória e especializada. A mucosa de revestimento se distribui em toda a região que não é sujeitada a um grande empenho durante a mastigação. É vista na bochecha, nos lábios, no assoalho da boca, no palato mole, em parte do osso alveolar e na face inferior da língua. Já a mucosa mastigatória é espessada por uma camada de queratina e apresenta uma coloração menos intensa que a mucosa de revestimento. Está simbolizada pela gengiva e pelo revestimento do palato duro. Enfim, a mucosa especializada é a que forra o dorso da língua. O forramento dos dois terços anteriores possui papilas com papéis gustativos. No terço posterior se deparam nódulos linfáticos que desempenham a defesa contra agentes patogênicos. Para finalidades descritivas, a cavidade oral é subdividida em duas partes principais: a parte externa, o vestíbulo da boca; e a parte interna, a cavidade própria da boca. Lembrete O vestíbulo da boca é o espaço composto entre os lábios, as bochechas e os dentes em oclusão. Os lábios da boca, superior e inferior, de natureza muscular, são ricamente irrigados e guardam a entrada da cavidade oral. São formados por quatro camadas sobrepostas intimamente relacionadas. A mais externa é composta de pele, onde são encontrados numerosos folículos pilosos e glândulas sudoríparas. Profundo a ela, há uma camada muscular formada em sua maior parte pelo músculo orbicular da boca. Em seguida, observa‑se uma camada submucosa, abrangendo glândulas salivares menores, como as glândulas labiais em toda a sua extensão, cujos ductos de excreção abrem‑se na mucosa labial. A camada mais interna é representada pelo tecido mucoso que forra os lábios. 93 ANATOMIA INTEGRADA A parte vermelha dos lábios, cuja coloração se deve ao rico leito vascular, é chamada de margem vermelha. Os dois lábios da boca se unem lateralmente ao nível do ângulo da boca. Nesse local, observa‑se uma discreta depressão chamada de comissura dos lábios. A rima da boca é uma zona localizada entre o lábio superior e o lábio inferior, que pode permanecer aberta ou fechada, quando os dois lábios estão em contato. A comissura dos lábios pode ter modificações, relacionadas com hipovitaminoses e com a redução da dimensão vertical da oclusão, chamada de queilite angular. A fenda labial, unilateral ou bilateral, é uma malformação congênita que afeta o lábio superior. Pode ser uma pequena fissura da margem livre do lábio, ou envolvê‑lo totalmente até o nariz. Às vezes, estende‑se intensamente e continua‑se com fendas do palato, chamada de fissura labiopalatal. Uma doença grave, mas que não atinge o lábio muito ocasionalmente, especialmente o inferior de indivíduos do sexo masculino, é o carcinoma, causado principalmente por exposição exagerada ao sol. Observação O limite lateral do lábio superior é composto pelo sulco nasolabial, que se estende desde a comissura dos lábios até a asa do nariz. Uma ligeira depressão vertical rasa, situada na linha mediana do lábio superior, e inferiormente ao septo do nariz, é chamada de filtro. Logo após do filtro encontra‑se o tubérculo, uma saliência volumosa de tamanho variável na margem vermelha. O lábio inferior é separado do mento pelo sulco labiomentual. Outro sulco, o labiomarginal, é uma ruga característica dos adultos que vai do ângulo da boca à base da mandíbula. A figura a seguir mostra estruturas anatômicas localizadas na boca. Filtro Margem vermelha Comissura dos lábios Zona vermelha Margem vermelha Lábio inferior Tubérculo Lábio superior Figura 61 – Detalhes do lábio na região oral A glândula parótida lança suas secreções salivares no vestíbulo da boca por meio de uma pequena abertura em frente ao segundo molar maxilar. Essa abertura apresenta uma elevação da mucosa e é 94 Unidade II chamada de ducto parotídeo ou ducto de Stenon. Quando ferida inadvertidamente pela oclusão dos dentes molares, inflama‑se e incha. Diversas outras glândulas salivares menores têm nomes regionais, por exemplo, as glândulas da bochecha e as labiais, que também lançam suas secreções no vestíbulo da boca por meio de aberturas microscópicas. Na maior parte dos indivíduos existem pequenas glândulas sebáceas, não funcionais, de coloração amarelada, que ficaram presas na mucosa durante o desenvolvimento, portanto, não apresentam qualquer patologia associada. São chamadas de grânulos de Fordyce, considerados variações anatômicas, sendo também encontrados na mucosa da bochecha. No fórnice do vestíbulo, região no plano mediano do vestíbulo da boca, há a presença de duas pregas da mucosa: os frênulos do lábio superior e inferior. Na região da bochecha essas pregas chamam‑se de frênulo lateral ou bridas. A estratigrafia da bochecha possui quatro camadas caracterizadas sobrepostas entre si.Externamente existe uma camada delgada de pele ricamente irrigada. Essa característica anatômica explica a mudança para uma cor avermelhada relativamente rápida da região, especialmente durante as atividades físicas, em temperaturas ambientais baixas, e em modificações emocionais instantâneas, por exemplo, quando o indivíduo fica encabulado. Sobreposta à camada cutânea está localizado o estrato formado por tecido celular subcutâneo, que possui quantidade alterável de tecido adiposo conforme a morfologia de cada indivíduo. Nas crianças e em indivíduos obesos a quantidade de gordura subcutânea é mais vultosa. Um acúmulo específico de tecido adiposo dessa camada é o corpo adiposo da bochecha, ou corpo adiposo de Bichat. Essencialmente, apresenta a função de preenchimento dos tecidos, contudo, também exerce papel funcional durante os movimentos de sucção do recém‑nascido. Subjacente ao plano subcutâneo está uma camada de tecido muscular recoberta por sua fáscia. Essa camada é representada pelo músculo estriado esquelético, chamado de músculo bucinador. A ação do músculo bucinador é tracionar o ângulo da boca em sentido posterior, apertando a bochecha contra os arcos dentais. É por isso que um músculo auxilia os músculos da mastigação, pois ele ajuda na mistura dos alimentos para imediata deglutição. Igualmente, age ainda no sopro e no movimento de sucção. Por fim, a camada mais interna da bochecha é forrada por tecido mucoso. A cavidade própria da boca é a parte da cavidade oral que se localiza internamente ao arco dental da maxila e da mandíbula, abrangendo a gengiva que os compreende. O limite anterolateral da cavidade própria da boca é composto pela superfície dos dentes e a gengiva. Seu limite póstero‑superior é composto pela parte vertical do palato mole e pelo pilar anterior das fauces, chamado de arco palatoglosso. Esse arco abrange o músculo palatoglosso e a mucosa oral que a forra, e se estende do palato mole até os lados da base da língua. Por fim, seu limite superior é composto pelo palato duro, enquanto o inferior é a parte muscular da língua. 95 ANATOMIA INTEGRADA Dentes maxilares Palatino Lingual Labial Cavidade própria da boca Bucal Dentes mandibulares Figura 62 – Cavidade própria da boca A cavidade oral comunica‑se com a parte oral da faringe por meio do istmo das fauces. É limitado superiormente pelo palato mole, inferiormente pela raiz da língua e lateralmente pelos arcos palatoglosso e palatofaríngeo. Esses arcos delimitam de cada lado um espaço de formato triangular com base inferior, chamada de fossa tonsilar. Nela é encontrada uma estrutura anatômica composta de tecido linfático chamada de tonsila palatina, conforme ilustra a figura a seguir. Fauces Túber Prega pterigomandibular Arco palatofaríngeo Tonsila palatina Arco palatoglosso Papila retromolar Dorso da língua Parte oral da faringe Úvula Palato mole Palato duro Figura 63 – Cavidade oral e parte oral da faringe As tonsilas palatinas apresentam aspecto ovoide e diversas vezes podem alterar de tamanho. Sua superfície tem formato granuloso com inúmeras invaginações que correspondem às criptas da tonsila. Em companhia das tonsilas linguais, as tonsilas faríngeas e outros pequenos nódulos linfáticos que se juntam compõem o anel linfático da faringe, anteriormente relatado como anel linfático de Waldeyer. Essas estruturas anatômicas funcionam como o primeiro obstáculo de defesa do corpo humano contra os agentes patogênicos que adentram pelas cavidades nasal e oral. O palato compõe o teto da cavidade oral, separando as duas cavidades, nasal e oral. É formado pelo palato duro, ósseo e anterior e pelo palato mole, muscular e posterior. 96 Unidade II As pregas palatinas encontradas no palato são estruturas anatômicas remanescentes nos seres humanos, porém, em alguns animais inferiores desempenham papéis acessórios de mastigação e sensitivas especiais. No palato mole depara‑se com uma saliência cônica e mediana, a úvula palatina. Observação A parte posterior do palato mole é sensível ao toque e vômitos podem ser motivados por estimulação nessa área. O assoalho da boca está coberto por uma mucosa de revestimento e subjacente, a mucosa de revestimento depara‑se com relevantes estruturas anatômicas: a glândula sublingual, os ductos de excreção salivar das glândulas submandibular e sublingual, a artéria sublingual, a veia sublingual, o nervo lingual, e o nervo hipoglosso. Superficialmente no assoalho da boca vê‑se na linha mediana uma prega fina que se estende até a face inferior da língua, chamada de frênulo da língua, conforme ilustra a figura a seguir. Quando o frênulo da língua é muito curto, ou sua inserção se faz próximo ao ápice da língua, tem‑se uma condição chamada como anquiloglossia, vulgarmente conhecida como língua presa. Esse quadro clínico restringe espantosamente a movimentação da língua, trazendo muitas vezes dificuldades fonéticas. Frênulo da língua Prega sublingual Carúncula sublingual Dentes anteriores da mandíbula Figura 64 – Detalhes do assoalho da cavidade oral Lateralmente, de cada lado do frênulo da língua, existe uma pequena papila, designada de carúncula sublingual, onde se abre o ducto submandibular, ou ducto de Wharton, e o ducto sublingual. O órgão mais notável no assoalho da boca é a língua. Ela é a mais evidente das estruturas anatômicas da cavidade oral e está relacionada à fonação, à mastigação, à deglutição, à gustação à própria articulação das palavras. A língua ocupa quase todo o espaço da cavidade própria da boca, quando os dentes estão em oclusão. É composta essencialmente por tecido muscular esquelético que lhe concede extraordinária mobilidade. Possui um corpo, um ápice, uma raiz, duas margens, além de uma face superior e uma face inferior. A extremidade anterior do corpo da língua é o ápice. A parte lateral da língua representa a sua margem. A face superior da língua corresponde ao seu dorso. 97 ANATOMIA INTEGRADA Papilas folhadas Corpo da língua Raiz da língua Margem da língua Dorso da língua Lábio superior Figura 65 – Detalhes da língua em vista lateral O dorso da língua tem seus dois terços anteriores separados do posterior pelo sulco terminal, que apresenta o formato de V, de abertura anterior e vértice mediano, coincidindo com o forame cego. Todas as estruturas anatômicas anteriormente localizadas a essa linha situam‑se na cavidade oral e todas as estruturas anatômicas posteriores, na faringe. O um terço posterior, que é a raiz da língua, é vertical e volta‑se para a faringe. A sua mucosa cobre massas de tecido linfoide que constituem relevos superficiais. Ao seu conjunto dá‑se o nome de tonsila lingual. A mucosa cobre também as pequenas glândulas linguais. A base da língua une‑se à epiglote por três pregas mucosas, uma mediana e duas laterais. Cada prega glossoepiglótica lateral restringe, com a prega glossoepiglótica mediana, uma depressão chamada de valécula epiglótica. Os dois terços anteriores do dorso da língua possuem uma mucosa rugosa em virtude da presença das papilas linguais. As papilas linguais podem ser divididas em: papilas circunvaladas, filiformes, fungiformes e folhadas. Anteriormente e ao longo do sulco terminal há uma cadeia de 7 a 14 papilas circunvaladas. As circunvaladas apresentam corpúsculos gustativos e acolhem os ductos das glândulas serosas de von Ebner, um dos poucos grupos de glândulas salivares menores acessórias que tem denominação. As papilas filiformes são as mais numerosas e conferem à mucosa do dorso da língua um aspecto de veludo. São as únicas papilas linguais que não possuem receptores gustativos, porém, possuem corpúsculos do tato. As papilas fungiformes estão dispostas entre as papilas filiformes, surgindo em número muito menor do que as papilas filiformes. Devem seu nome ao aspecto de cogumelo que adquirem. São encontradas, especialmente, no ápice e nos lados dorso da língua. Nos indivíduos vivos podem ser distinguidascomo pontos vermelhos luminosos. A margem posterolateral dos dois terços anteriores da língua apresenta sulcos verticais chamados de papilas folhadas, cujos corpúsculos gustativos sofrem degeneração após alguns anos de vida. 98 Unidade II Observação A língua saburrosa pode acontecer em indivíduos fumantes e também por conta de infecções respiratórias, bucais e febre. A higienização da língua é muito importante e previne, dentre outros fatores, a halitose. O câncer de língua é o câncer mais frequente da cavidade oral. Aproximadamente 95% dos casos de cânceres situados na língua e no assoalho da boca são carcinomas de células escamosas e estão correlacionados com uma longa história de utilização de álcool e de tabaco. A figura a seguir mostra estruturas anatômicas encontradas na língua. Epiglote Tonsila palatina Forame cego Sulco terminal Papilas fungiformes Ápice da língua Papilas filiformes Papilas circunvaladas Tonsila lingual Sulco mediano da língua Figura 66 – Detalhes do corpo e raiz da língua Os dentes são órgãos mineralizados, resistentes, esbranquiçados e implantados nos arcos dentais da maxila e da mandíbula, que exercem os seguintes papéis: • Preensão das substâncias alimentares conseguida pela ação conjunta dos dentes incisivos e dos lábios. • Incisão dos alimentos, corte deles em partículas menores. • Dilaceração dos alimentos, rasgo e diminuição das substâncias alimentares em partículas menos compactas. • Trituração e moeção dos alimentos. • Articulação das palavras ou da fala. Conforme os tipos de dentes e o número de dentições, o ser humano é classificado como um mamífero heterodonte, por apresentar dentes de formas distintas, possibilitando a realização de papéis distintos para cada dente ou grupo de dentes. Sob esse aspecto, os dentes são divididos em: 99 ANATOMIA INTEGRADA • Incisivos: do latim, incidire, cortar, são os que seccionam o alimento. • Caninos: têm por finalidade dilacerar os alimentos. • Pré‑molares: esmagam os alimentos como se fossem prensas. • Molares: trituram as substâncias mastigadas. Os dentes do ser humano são decíduos e permanentes e, ainda, é considerado um animal difiodonte, ou seja, habitualmente apresenta dois conjuntos de dentes que se desenvolvem ao longo da vida de um indivíduo. Os dentes decíduos são pouco calcificados em relação aos dentes permanentes e, como tais, são brancos como o leite. Os dentes permanentes, com maior índice de sais calcários, são brancos puxados para o amarelo. É a dentina que atribui a cor ao dente, já que o esmalte é praticamente incolor e transparente. Do ponto de vista puramente descritivo, o dente apresenta uma parte visível e funcional na mastigação, a coroa do dente. O dente não é um órgão compacto, em seu interior há uma cavidade que reproduz sua morfologia exterior. Essa é a cavidade pulpar, a qual possui duas partes: a cavidade da coroa e o canal da raiz do dente. Nenhum dente está presente funcionalmente na cavidade oral no nascimento. A primeira série de dentes compõe a dentição decídua. Esses dentes surgem nos primeiros dois anos e aproximadamente na seguinte ordem: incisivos inferiores (6 a 7 meses de idade); incisivos superiores (7 a 9 meses de idade); caninos (16 a 18 meses de idade); molares, primeiro (12 a 24 meses de idade) e segundo (20 a 24 meses de idade). Dessa forma, os dentes decíduos são em número de 20. A segunda série de dentes compõe a dentição permanente. Os dentes permanentes fazem a sua erupção entre os 6 e 13 anos de idade, com exceção do terceiro molar. Os dentes permanentes realizam a sua erupção aproximadamente na seguinte ordem: incisivos (6 a 9 anos de idade); caninos (9 a 12 anos de idade); pré‑molares, primeiro (10 a 12 anos de idade) e segundo (11 a 12 anos de idade); molares, primeiro (6 a 7 anos de idade), segundo (11 a 13 anos de idade) e terceiro (18 a 21 anos de idade). Popularmente é reconhecido que a partir dos 18 anos os indivíduos tornam‑se mais ajuizados, daí o nome popular para os terceiros molares “dente do juízo”. Os dentes permanentes são em número de 32. O termo dentição mista é utilizado para se referir ao período no qual, ao mesmo tempo, permanecem os dentes decíduos e permanentes na cavidade oral. O verme do dente como demônio do inferno é uma escultura do século XVIII, com pouco mais de 10 centímetros e esculpida em marfim. Ela retrata o tormento infernal de uma dor de dente, provocada pela batalha entre o homem e o verme. 100 Unidade II Figura 67 – Verme dos dentes As glândulas da boca liberam uma secreção chamada saliva na cavidade oral. Comumente, é secretada apenas uma quantidade satisfatória de saliva para manter as túnicas mucosas da boca e da faringe umedecidas e para limpar a boca e os dentes. Quando o alimento adentra na boca, conquanto, a secreção de saliva eleva e o lubrifica, dissolvendo‑o e começando a decomposição química do alimento. A glândula parótida, conforme ilustra a figura a seguir, é a mais volumosa dentre as glândulas salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual). Ela está localizada na região lateral da face, no leito parotídeo. Como a glândula é acomodada no interior de um espaço irregular, ela também possui uma forma irregular. A parte superficial da glândula estende‑se superiormente sobre o principal músculo da mastigação, em que uma parte acessória da glândula pode ser independente da estrutura principal. Glândula salivar parótida M. masseter Glândula salivar submandibular M. bucinador Ducto parotídeo Figura 68 – Glândula parótida e sua relação anatômica Emergindo da parte anterior da parte mais superficial da glândula está localizado o ducto parotídeo ou ducto de Stenon, que prossegue anteriormente passando superficialmente ao músculo masseter em seu percurso em direção ao vestíbulo da boca. Ele libera a secreção salivar na papila do ducto parotídeo ao nível do segundo dente molar maxilar. 101 ANATOMIA INTEGRADA Observação A caxumba, uma infecção viral que causa inflamação aguda e aumento do volume da glândula parótida, comprime a inervação local e produz muita dor à medida que a glândula é pressionada durante a mastigação. Em algumas condições, pode acontecer otite, inflamação dos testículos, pancreatite e encefalite. Felizmente, essa situação foi quase completamente erradicada como resultado da vacinação. As glândulas submandibulares estão situadas no assoalho da boca. Seus ductos, os submandibulares, passam sob a túnica mucosa em ambos os lados da linha média do assoalho da boca e adentram na cavidade própria da boca lateralmente ao frênulo da língua. As glândulas sublinguais estão abaixo da língua e superiormente às glândulas submandibulares. Seus ductos, os sublinguais menores, se abrem no assoalho da boca na cavidade própria da boca. 3.1.2 Faringe A faringe é uma víscera composta de um tubo fibromuscular, situado atrás das cavidades oral, nasal e laríngea. Representa o extremo superior dos tubos respiratório e digestório, e se comunica inferiormente com o esôfago. Ela transporta os alimentos ao esôfago e o ar à laringe. Como visto no sistema respiratório, anatomicamente a faringe é dividida em três partes: nasal da faringe, oral da faringe e laríngea da faringe. A figura a seguir mostra estruturas anatômicas da região da cabeça e do pescoço. Canal medular Parte oral da faringe Epiglote Disco intervertebral Corpo da vértebra cervical Esôfago Laringe Parte laríngea da faringe Mandíbula Língua Cavidade oral Parte nasal da faringe Cavidade nasal Seio esfenoidal Seio frontal Figura 69 – Vista medial da cabeça e do pescoço com plano de secção sagital 102 Unidade II 3.1.3 O esôfago O esôfago é, funcionalmente, o segmento mais simples do canal alimentar. Sua única finalidade é o transporte de materiais líquidos ou sólidos da faringe para o estômago. Seu comprimento alcança no ser humano adulto aproximadamente 25 centímetros e, se considerada a distância entre os dentes incisivos e o estômago,há, aproximadamente, 40 centímetros antes do alimento adentrar nessa víscera do sistema digestório. O esôfago é dividido em três partes: parte cervical, no adulto tem cerca de 8 centímetros de comprimento; parte torácica, no adulto com cerca de 16 centímetros; e parte abdominal, no adulto com cerca de 1 a 3 centímetros. No ser humano, um terço do esôfago é constituído de músculo estriado esquelético e dois terços inferiores são constituídos por músculos lisos. Lembrete Uma parte do sistema digestório está localizada acima do diafragma. É a parte supradiafragmática, que compreende a boca e os anexos, a faringe e a maior parte do esôfago. Os estreitamentos esofágicos são causados por suas relações sintópicas. O primeiro estreitamento é observado na transição entre a faringe e o esôfago, ao nível da margem inferior da cartilagem cricoide, o estreitamento cricoide, e compõe o esfíncter esofágico superior. O segundo e o terceiro são observados quando o esôfago é cruzado pela aorta, o estreitamento aórtico, e pelo brônquio principal esquerdo, o estreitamento brônquico, sendo que sua esqueletopia corresponde a T5. Seu quarto estreitamento é observado próximo a 3 centímetros de sua terminação na cárdia do estômago, o estreitamento cárdico. Esse estreitamento é dado pela contração das fibras musculares lisas do órgão, não sendo originado de sua relação com o diafragma, ainda que alguns autores o denominem estreitamento diafragmático. A deglutição, ou ato de engolir, é o complexo ato mecânico e fisiológico de mover o alimento ou o líquido da cavidade oral para o estômago. A primeira fase da deglutição é voluntária e vem após a mastigação, se existir alimento envolvido. Durante essa primeira fase, a boca está fechada e a respiração é cessada provisoriamente. O bolo alimentar é formado quando a língua é erguida contra as pregas palatinas transversas, ou as pregas rugosas do palato duro. A segunda fase da deglutição é a passagem do bolo alimentar para a faringe. Os episódios dessa segunda fase são involuntários e ocorrem por estimulação dos receptores sensitivos situados na abertura da parte oral da faringe. A pressão da língua contra as pregas palatinas transversas fecha a parte nasal da faringe em relação à cavidade oral, gera uma pressão e força o bolo alimentar para o interior da parte oral da faringe. O palato mole e a úvula palatina são erguidos para fechar a parte nasal da faringe, quando o bolo alimentar passa. O osso hioide e a laringe também são erguidos. A elevação da laringe contra a epiglote fecha a glote de maneira que seja menos provável que o alimento ou o líquido possam adentrar na traqueia. A imediata contração dos músculos constritores da faringe desloca o bolo alimentar da faringe para o esôfago. A segunda fase é terminada em menos de um segundo ou menos. A terceira fase da deglutição, a entrada e a passagem do alimento pelo esôfago também é involuntária. O bolo alimentar é movido pelo esôfago por meio de ondas peristálticas. No caso de líquidos, o processo inteiro da deglutição se executa em pouco mais do que um segundo. Para um bolo alimentar típico, o tempo varia de 5 a 8 segundos. 103 ANATOMIA INTEGRADA No contexto de uma incompetência do esfíncter inferior do esôfago, acontece refluxo de suco gástrico para o esôfago. Isso pode gerar a inflamação do esôfago em virtude da presença nociva de ácido clorídrico no suco gástrico. Tal esofagite de refluxo pode gerar dores, azia ou queimação que, comumente, depende da postura do paciente, ocorrendo, especialmente, quando o paciente está deitado. Sob o ponto de vista terapêutico, em casos leves de refluxos, são tomadas as medidas gerais, por exemplo, a eliminação de alimentos desencadeadores e a redução de peso. Na esofagite de refluxo os medicamentos antiácidos são imprescindíveis. Saiba mais Se o esfíncter do esôfago inferior não se fecha satisfatoriamente após o alimento ter adentrado no estômago, o conteúdo do estômago pode voltar para a parte inferior do esôfago, causando refluxo. Saiba mais sobre o assunto em: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. São Paulo: Guanabara‑Koogan, 2016, p. 908. 3.2 Parte infradiafragmática 3.2.1 Estômago O estômago está localizado no abdome, logo abaixo do diafragma, anteriormente ao pâncreas, superiormente ao duodeno e à esquerda do fígado. É moderadamente coberto pelas costelas e está situado no quadrante superior esquerdo do abdome, na região do hipocôndrio esquerdo. Ele apresenta o formato de J, sendo o segmento mais dilatado do canal alimentar, em virtude de o alimento ficar nele por algum tempo, por isso trata‑se de um reservatório entre o esôfago e o intestino delgado. Esôfago – parte cervical Esôfago – parte torácica Esôfago – parte abdominal Estômago – cárdia Estômago – canal pilórico Estômago – antro pilórico Estômago – corpo gástrico Estômago – fundo gástrico Figura 70 – Vista anterior do estômago e do esôfago 104 Unidade II O estômago é dividido anatomicamente em quatro regiões principais: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica do estômago. A cárdia recebe a parte final do esôfago e contorna o óstio cárdico do estômago, o qual tem como papel controlar a passagem do alimento e impedir o refluxo. Apesar do nome, o fundo gástrico localiza‑se no alto, acima do ponto onde se realiza a união do esôfago com o estômago. Essa parte está comumente dilatada por ar, tornando‑se responsável pelo som timpânico na realização de exames clínicos e complementares, por exemplo, a percussão dessa região, e também visível em radiografias, como uma área escura acima da sombra clara da substância de contraste ingerida. Observação As úlceras e os tumores modificam a morfologia normal da mucosa do estômago, o que pode ser observado em radiografias e endoscopias. O corpo gástrico representa aproximadamente dois terços do volume total, localizando‑se entre o fundo gástrico e o antro pilórico, que contém as glândulas gástricas propriamente ditas. É constituído da parte pilórica e da região afunilada de saída do estômago; e uma parte larga, o antro pilórico, que leva ao canal pilórico, sua parte estreita terminal. Para evitar que o quimo alimentar passe ao intestino delgado inoportunamente, o estômago é beneficiado de uma poderosa válvula muscular, um esfíncter chamado piloro, sendo o seu orifício de saída do estômago, o óstio pilórico. O piloro é um adensamento proeminente da lâmina circular de músculo liso. O estômago possui ainda duas curvaturas: a curvatura maior do estômago (convexa) e a curvatura menor do estômago (côncava). A incisura angular é uma depressão na parte inferior da curvatura menor que sugere a união do corpo do estômago e a parte pilórica do estômago. Estômago Intestino delgado Intestino grosso colo descendente Intestino grosso colo ascendente Intestino grosso colo transverso Vesícula biliar Fígado Figura 71 – Vista anterior do esôfago e do estômago 105 ANATOMIA INTEGRADA As relações do estômago são variáveis porque a posição do órgão se altera com a fase fisiológica, com a postura do indivíduo e com os fatores gerais de variação anatômica. As relações anteriores incluem as que se observam com o diafragma, o fígado, a parede anterior do abdome, o colo transverso e a cavidade peritoneal. As relações posteriores se fazem com o diafragma, a glândula adrenal esquerda, o pâncreas, parte do rim esquerdo e o mesocolo transverso. Do ponto de vista fisiológico, o estômago está dividido em parte digestória e parte egestória, a primeira para a digestão e a segunda representada, especialmente, pela região do antro piloro, para a propulsão do conteúdo para o intestino delgado. 3.2.2 Intestino delgado A principal parte da digestão acontece no intestino delgado, que se estende da união gastroduodenal, ou seja, do piloro até a união ileocecal, que se liga com o intestino grosso, conforme ilustra a figura a seguir. O intestino delgadoé um órgão imprescindível à vida. Os essenciais episódios da digestão e da absorção acontecem no intestino delgado, desse modo, sua estrutura é harmonizada de maneira especial para esse papel. Sua extensão proporciona uma grande área de superfície para a digestão e a absorção, sendo ainda muito elevada por suas pregas circulares, vilosidades e microvilosidades. Jejuno Colo descendente Colo sigmoide RetoCeco Íleo Colo ascendente Colo transverso Figura 72 – Vista anterior dos intestinos O intestino delgado extraído possui aproximadamente 7 metros, podendo variar entre 5 e 8 metros. Ele apresenta três partes: duodeno, jejuno e íleo. O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, a mais curta (25 centímetros) e a mais larga. É a única parte do intestino delgado que é fixa, pois é quase completamente retroperitoneal. A parte pilórica despeja‑se no duodeno, sendo a aceitação duodenal controlada pelo piloro. No duodeno não se apresenta o mesentério, com exceção nos 2 centímetros iniciais. Ele forma uma letra C em torno da cabeça do pâncreas, inicia‑se no piloro e acaba na junção duodenojejunal, que adquire a forma de um ângulo agudo, a flexura duodenojejunal. 106 Unidade II A mucosa duodenal tem pregas circulares de mucosa, as válvulas de Kerckring, com exceção no bulbo duodenal, cuja mucosa é lisa. O duodeno é dividido em quatro partes: a superior (primeira parte, com aproximadamente 5 centímetros); a descendente (segunda parte, que varia de 7 a 10 centímetros); a horizontal (terceira parte, que varia de 6 a 8 centímetros); a ascendente (quarta parte, com aproximadamente 5 centímetros). A parte superior do duodeno origina‑se no piloro e estende‑se até a vesícula biliar. Seus primeiros 2 centímetros, chamado de bulbo ou ampola do duodeno, são móveis porque estão fixados por mesentério; o remanente é fixo, pois é retroperitoneal. As principais relações da parte superior do duodeno são: anterior (vesícula biliar e lobo quadrado do fígado) e posterior (ducto colédoco, pâncreas e veia porta). A parte descendente do duodeno curva‑se em torno da cabeça do pâncreas. Os ductos, colédoco e pancreático principal, se juntam para compor a ampola hepatopancreática, ou ampola de Vater, que se abre na parede posteromedial da segunda parte do duodeno, no alto de uma eminência, chamada papila maior do duodeno. A ampola hepatopancreática regula a entrada de bile e de suco pancreático por meio de um dispositivo muscular esfinctérico que circunda a ampola na sua parte final, chamado esfíncter da ampola hepatopancreática, ou esfíncter de Oddi. O ducto pancreático acessório, quando há, desemboca na papila menor do duodeno, localizada superiormente (cerca de 2 centímetros) à papila maior do duodeno. Essa parte é totalmente retroperitoneal. As principais relações da parte descendente do duodeno são: anterior (colo transverso e alças do intestino delgado) e posterior (rim direito, ureter direito e músculo psoas maior). A parte inferior ou horizontal do duodeno passa sobre a veia cava inferior e a parte abdominal da aorta. As principais relações da parte horizontal do duodeno são: anterior (vasos mesentéricos superiores e alças intestinais), posterior (músculo psoas maior direito, veia cava inferior, parte abdominal da aorta e ureter direito) e superior pâncreas e vasos mesentéricos superiores. A parte ascendente do duodeno atinge a margem inferior do pâncreas e ali se curva anteriormente para se conectar ao jejuno na junção duodenojejunal, sustentada pela fixação do músculo suspensor do duodeno ou ligamento de Treitz, o qual alarga o ângulo da flexura duodenojejunal, promovendo a movimentação do conteúdo intestinal. As principais relações da parte horizontal do duodeno são: anterior (alças do duodeno), posterior (músculo psoas maior esquerdo e margem esquerda da parede abdominal da aorta), medial e superior (pâncreas). O jejuno e o íleo são as duas últimas partes do intestino delgado. Elas compõem um tubo longo e torcido, constituindo as alças intestinais, que são excessivamente móveis, pois estão envolvidas por pregas de peritônio, chamada de mesentério. É difícil distinguir o jejuno do íleo no ponto de transição, todavia, existem algumas características particulares a cada um. Juntos, o jejuno e o íleo medem de 6 a 7 metros de comprimento, sendo o jejuno os dois quintos proximais e o íleo os três quintos distais. A maior parte do jejuno localiza‑se no quadrante superior esquerdo, enquanto a maior parte no quadrante inferior direito. 107 ANATOMIA INTEGRADA O jejuno começa na flexura duodenojejunal e o íleo acaba na papila ileal. Os dois se prendem à parede posterior do abdome pelo mesentério. Nessa região se deparam com muitas vilosidades intestinais, daí deduz‑se que em tal localidade ocorrerá a maior quantidade de absorção dos nutrientes. As massas de tecido linfoide são numerosas no íleo. Portanto, há absorção de água dos detritos indigeríveis do quimo líquido, transformando‑o em fezes semissólidas que são transitoriamente contidas até que aconteça a defecação. O quadro a seguir mostra algumas características peculiares ao jejuno e ao íleo. Quadro 3 – Características distintivas entre o jejuno e o íleo no corpo vivo Característica Jejuno Íleo Cor Vermelho‑vivo Rosa‑claro Calibre 2‑4 centímetros 2‑3 centímetros Parede Espessa e pesada Fina e leve Vascularização Maior Menor Gordura do mesentério Menor Maior Pregas circulares Grandes, altas e bem próximas Baixas e esparsas, ausentes na parte distal Tecido linfoide Poucas Muitas Adaptado de: Moore (2007, p. 455). 3.2.3 Intestino grosso O intestino grosso absorve água com tanta agilidade que, aproximadamente em 14 horas, o conteúdo alimentar assume a firmeza característica do bolo fecal. Mede aproximadamente 6,5 centímetros de diâmetro e 1,5 metro de comprimento. Se expande do íleo até o reto e está preso à parede posterior do abdome por meio do mesocolo. O intestino grosso possui algumas características próprias em relação ao intestino delgado, por exemplo, o calibre (maior), o comprimento (menor), as tênias do colo, as saculações do colo, os sulcos paracólicos, as pregas semilunares e os apêndices omentais do colo. As tênias do colo consistem no resultado de um condensamento da musculatura longitudinal da parede do intestino grosso em três faixas. Elas começam no ponto de implantação do apêndice vermiforme, no ceco, e percorrem todo o colo até a parte proximal do reto, momento em que deixam de existir. São três os tipos de tênias do colo: a tênia livre, a tênia omental e a tênia mesocólica. As saculações do colo são encurvaturas ampulares separadas por sulcos transversais. Os apêndices omentais do colo são pequenos pêndulos de cor amarela formados por tecido conjuntivo farto em gordura. Surgem especialmente no colo sigmoide. Anatomicamente, o intestino grosso é dividido em: ceco e o apêndice vermiforme, colo ascendente, colo transverso, colo descendente e colo sigmoide, conforme ilustra a figura a seguir. 108 Unidade II Colo transverso Mesentério Colo descendente Apêndice vermiformeCeco Colo ascendente Intestino delgado Figura 73 – Vista anterior do intestino grosso O ceco é a primeira parte do intestino grosso, localizado inferiormente à sua junção com o íleo. Ele está quase completamente envolvido pelo peritônio, proporcionando‑lhe a autonomia de movimentação, no entanto, não apresenta mesentério. Comumente, o ceco está fixo à parede lateral do abdome por uma ou mais pregas cecais do peritônio. A entrada do íleo no ceco produz os lábios ileocólico (superior) e ileocecal (inferior) no óstio ileal, que compõem a papila ileal. As pregas deparam‑se lateralmente, constituindo o frênulo do óstio ileal. Assim, os dois lábios formam a válvula íleo‑cólico‑cecal, que impossibilita e/ou restringe o refluxo do material oriundo do intestino delgado (mecanismo de um esfíncter ineficiente). Mesentério Íleo Apêndice vermiforme Ceco Colo ascendente Figura 74 – Vistaanterior dos intestinos 109 ANATOMIA INTEGRADA No fundo do ceco, encontra‑se o apêndice vermiforme, que consiste em um divertículo intestinal cego, que mede aproximadamente 6 a 10 centímetros de comprimento. Ele apresenta massas de tecido linfoide. O apêndice vermiforme origina‑se na parede posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal. Apresenta um mesentério triangular curto, o mesoapêndice, que se alarga entre o apêndice e o ceco. A posição do apêndice vermiforme é inconstante, contudo, em geral, é retrocecal. A melhor forma de encontrá‑lo é seguir uma das tênias do colo, uma vez que está fixado no ceco em um ponto de convergências das tênias. O colo ascendente é a segunda parte do intestino grosso, sendo a continuação do ceco. Expande‑se desde a junção ileocecal até a flexura direita do colo, anteriormente ao rim direito e em contato com o lobo direito do fígado. Está revestido por peritônio anteriormente e nas suas laterais, ficando, assim, praticamente imóvel. Está localizado posteriormente ao omento maior, portanto, é uma parte retroperitoneal. Entre o contorno lateral do colo ascendente e a parede abdominal, situa‑se um sulco vertical profundo coberto por peritônio parietal, o sulco paracólico direito. O colo transverso é a terceira do intestino grosso, mais longa (cerca de 45 centímetros) e com maior mobilidade das partes encontradas no intestino grosso. Ele cruza o abdome a partir da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde se curva inferiormente para tornar‑se colo descendente. A flexura esquerda do colo, habitualmente mais superior, é mais aguda e com menor mobilidade do que a flexura do colo direita. Assim, possui relações excessivamente alteráveis. Uma ampla prega peritoneal, o mesocolo transverso, concede ao colo transverso extraordinária movimentação. Sua parte superior está livre ou fundida com o omento maior. O colo descendente passa retroperitonealmente a partir da flexura do colo esquerda para a fossa ilíaca esquerda, onde é sucessiva com o colo sigmoide. O sulco paracólico esquerdo localiza‑se entre o seu contorno lateral e a parede abdominal. Passa anteriormente à margem lateral do rim esquerdo. O colo sigmoide é a quarta parte do intestino grosso, distinto por sua alça longa em forma de S, de comprimento variável (em média 40 centímetros). O colo sigmoide é conduzido ao plano sagital mediano, de tal forma que junta o colo descendente ao reto. A terminação das tênias do colo, aproximadamente a 15 centímetros do ânus, sugere a junção retossigmoide. Ele é muito móvel, em razão de um messosigmoide. Seus apêndices omentais são longos. 3.2.4 Reto e o ânus O reto recebe esse nome por ser quase retilíneo. Ao perfurar o diafragma pélvico (músculos levantadores do ânus) passa a ser chamado de canal anal. A parte mais dilatada do reto, a ampola do reto, é prontamente superior ao diafragma pélvico. 110 Unidade II As principais relações do reto são: • anterior, no sexo feminino (alças intestinais, útero e vagina); • anterior, no sexo masculino (alças intestinais, bexiga urinária, glândulas seminais, próstata, ureteres e ductos deferentes); • posterior, ambos os sexos (artérias glúteas: superior e inferior, plexo sacral, músculos: piriforme e coccígeo); • laterais, ambos os sexos (tecido adiposo). Observação Na região do reto, o peritônio compõe as escavações retovesical, no sexo masculino; e retouterina ou fundo de saco de Douglas, no feminino. O canal anal se expande do diafragma pélvico até o ânus (limite real: linha pectínea, internamente) e possui pregas cutâneas. A mucosa na parte superior é idêntica à do reto, enquanto na parte inferior é revestido por pele, pois elas têm origens embriológicas distintas. Na junção desses dois tipos de revestimento vê‑se a base de cinco a dez pregas verticais da mucosa, as colunas anais ou de Morgagni, que abrange ramos terminais dos vasos retais superiores. As extremidades inferiores das colunas agrupam‑se por uma prega da mucosa em formato de pente, chamadas de válvulas anais. Entre as bases das colunas ligadas pelas válvulas estão pequenas bolsas, os chamados seios anais, nos quais se ascendem os ductos de glândulas rudimentares, que liberam um muco que auxilia na defecação. O limite inferior das válvulas, idênticos a um pente, forma a linha pectínea, que sugere a junção da parte superior com a parte inferior do canal anal. Embora bastante curto, cerca de 3 centímetros de comprimento, é relevante por ter algumas formações eficazes para o funcionamento intestinal, das quais mencionam‑se os esfíncteres anais. O esfíncter anal interno é o mais profundo e deriva de um adensamento de fibras musculares lisas circulares, sendo, por conseguinte, involuntário. O esfíncter anal externo é formado por fibras musculares estriadas que se dispõem circularmente em torno do esfíncter anal interno, sendo esse voluntário. Apresenta duas partes: a subcutânea, superficial e a profunda, todavia elas são indistinguíveis. A alça do músculo puborretal também desempenha alguma atividade esfinctérica sobre o canal anal. Ambos os esfíncteres devem relaxar antes que a evacuação possa acontecer. A figura a seguir mostra as imagens do reto e ânus. 111 ANATOMIA INTEGRADA Colunas anais Seio anal Válvulas anais Músculo esfíncter interno do ânus Músculo esfíncter externo do ânus Figura 75 – Reto e ânus Os principais papéis do intestino grosso são: • absorção de água e de determinados eletrólitos; • produção de certas vitaminas pelas bactérias intestinais; • armazenamento provisório dos detritos (fezes); • eliminação de detritos do corpo. 3.2.5 Fígado O fígado é a maior glândula do corpo humano e também a mais vultosa víscera abdominal. Está localizado na região superior do abdome, logo abaixo do diafragma, sendo que a maior parte ocupa o hipocôndrio direito e o epigástrio. Pesa aproximadamente 1,5 quilo e responde por aproximadamente 2,5% da massa corporal do adulto. É uma víscera friável (por ter pouco tecido conjuntivo) e regenerativa. Um terço do fígado é autossuficiente para manter o papel hepático normal, portanto, ele tem elevada margem de confiabilidade. Todos os nutrientes, com exceção aos lipídeos absorvidos pelo canal alimentar, são primeiramente conduzidos para o fígado pelo sistema porta‑hepático. O fígado armazena o glicogênio e secreta a bile ininterruptamente, que é armazenada na vesícula biliar. Portanto, as vias bilíferas extra‑hepáticas são compostas pelos ductos hepáticos, pela vesícula biliar, pelo ducto cístico e pelo ducto colédoco. O fígado possui duas faces: a diafragmática e a visceral, separadas pela margem inferior do fígado, conforme ilustra a figura a seguir. A face diafragmática é convexa e lisa, relacionando‑se com a cúpula diafragmática. 112 Unidade II O fígado é dividido em lobos. A face diafragmática contém um lobo direito do fígado e um lobo esquerdo do fígado, sendo o direito pelo menos duas vezes maior que o esquerdo. A divisão dos lobos é organizada pelo ligamento falciforme do fígado. Na margem livre desse ligamento há um cordão fibroso resquício da obliteração da veia umbilical, chamado de ligamento redondo do fígado. Lobo esquerdo do fígado Estômago Ligamento redondo do fígado Lobo direito do fígado Diafragma Figura 76 – Vista anterior do fígado Os lobos hepáticos estão unidos superiormente ao diafragma pelos ligamentos coronário e triangulares, direito e esquerdo. Os dois últimos são compostos lateralmente pela fusão das duas lâminas do ligamento coronário. A área entre as reflexões das lâminas anterior e posterior do ligamento coronário é chamada de área nua do fígado, deposta de peritônio. A face visceral é desigualmente côncava pela vista de impressões viscerais, conforme ilustra a figura a seguir. Ela é subdividida em quatro lobos: o lobo direito, lobo esquerdo, lobo quadrado e o lobo caudado pela presença de depressões em sua área central, que no conjunto formam um H, chamado dehilo do fígado. Entre o lobo quadrado e o lobo direito do fígado há uma depressão, chamada de fossa da vesícula biliar, que aloja a vesícula biliar. Veia cava inferior Lobo direito do fígado Vesícula biliar Lobo hepático quadrado Lobo esquerdo do fígado Lobo hepático caudado Figura 77 – Vista visceral do fígado Pelo hilo do fígado adentram ou saem estruturas anatômicas vasculares, como, por exemplo, a veia porta, a artéria própria do fígado e os vasos linfáticos; estruturas anatômicas nervosas, como o plexo nervoso do fígado e os ductos hepáticos. 113 ANATOMIA INTEGRADA Observação Entre a lobo caudado e o lobo direito do fígado há um sulco que aloja a veia cava inferior. De tal forma, recomenda‑se que a aferição da pressão arterial em gestantes, especialmente no último trimestre, seja realizada em decúbito lateral esquerdo. As principais relações anatômicas do fígado são: • Face visceral do fígado em contato com diversos órgãos: — Lobo esquerdo do fígado: parte abdominal do esôfago, estômago e omento menor. — Lobo quadrado: parte superior do duodeno. — Lobo direito do fígado: rim direito e a flexura do colo direita. • Relações peritoneais com o omento menor por meio dos: — Ligamentos: hapatoduodenal e o ligamento hepatogástrico. As principais funções do fígado são: • Secreção da bile que ajuda na digestão e absorção dos lipídios; por conseguinte, a bile quebra moléculas de gordura. • Produção de proteínas. • Metabolismo intermediário dos carboidratos, lipídios e proteínas. • Desintoxicação de fármacos e hormônios, por exemplo. • Armazenagem de micronutrientes como ferro, cobre e vitaminas. • Ativação da vitamina D. • Hematocitopoiese em fetos. 3.2.6 Vesícula biliar O papel digestivo do fígado é produzir a bile que atuará no duodeno. Entretanto, a bile é armazenada na vesícula biliar, que a concentra por meio da absorção de água e sais minerais. 114 Unidade II A vesícula biliar secreta a bile quando os lipídios adentram no duodeno, pois os lipídios incentivam o duodeno a liberar a enzima colecistoquinina, a qual incita a contração da vesícula biliar. A vesícula biliar possui aproximadamente 7 a 10 centímetros de comprimento. Sua relação com o duodeno é tão forte que a parte superior do duodeno comumente é marcada por bile no cadáver. Anatomicamente, a vesícula biliar é dividida em três partes: fundo, corpo e colo. Ela apresenta a capacidade para até 50 mililitros de bile. 3.2.7 Ductos extra‑hepáticos Os ductos extra‑hepáticos levam a bile do fígado para o duodeno. O ducto cístico, com aproximadamente 4 centímetros de comprimento, liga a vesícula biliar ao ducto hepático comum, constituindo o ducto colédoco, com aproximadamente 5 a 15 centímetros, que transporta a bile para o duodeno. O ducto colédoco encontra e se junta ao ducto pancreático principal para constituir a ampola hepatopancreática ou de Vater. A extremidade distal dessa ampola ascende‑se na parte descendente do duodeno por meio da papila maior do duodeno. 3.2.8 Pâncreas O pâncreas produz por meio de uma secreção exócrina o suco pancreático que adentra no duodeno por meio dos ductos pancreáticos principal e acessório. Em média, o pâncreas forma diariamente 1200 a 1500 mililitros deste suco. A secreção endócrina produz o glucagon e a insulina. Esses hormônios chegam à corrente sanguínea e atingem determinados tecidos‑alvo. O comprimento do pâncreas varia de 12 a 15 centímetros e o seu peso na mulher é de 15 gramas, já no homem é de 16 gramas. Anatomicamente, é dividido em três partes: cabeça, corpo e cauda. Lembrete O pâncreas é uma glândula mista, pois é exócrina e endócrina. Os principais papéis do pâncreas são: • Dissolver carboidrato por meio da enzima amilase pancreática. • Dissolver proteínas por meio das enzimas tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase. • Dissolver triglicerídeos nos adultos por meio da enzima lipase pancreática. • Dissolver ácidos nucleicos por meio das enzimas ribonuclease e desoxirribonuclease. 115 ANATOMIA INTEGRADA 3.2.9 Baço O baço, embora seja um órgão linfoide, é descrito com o sistema digestório por algumas razões: • Se desenvolve no mesogástrico dorsal. • Seu sangue venoso é drenado para a veia porta. • É um órgão visceral abdominal, topograficamente relacionado com diversos órgãos digestórios. Baço Pâncreas Figura 78 – Pâncreas e baço O baço não é palpável pelo exame físico e está localizado na região do hipocôndrio esquerdo, entre o fundo do estômago e o diafragma, onde recebe a proteção das costelas falsas propriamente ditas (9º e 10º pares) e da costela flutuante (11º par). Ele é macio, de consistência muito friável, altamente vascularizado e de uma coloração púrpura escura. O tamanho e peso do baço alteram muito, no adulto possui aproximadamente 12 centímetros de comprimento, 7 centímetros de largura e 3 centímetros de espessura. Pesa cerca de 150 gramas. 3.2.10 Peritônio O peritônio é uma dupla membrana serosa e transparente (parietal e visceral). A cavidade peritoneal é um espaço virtual com espessura capilar, localizado entre as duas membranas do peritônio. Os mesos são pregas de peritônio que ligam o órgão à parede abdominal. Já os omentos são pregas de peritônio que ligam os órgãos a outros órgãos. 4 SISTEMA ENDÓCRINO Ao entrar na puberdade, meninos e meninas começam a desenvolver diferenças evidentes no aspecto físico e na conduta. Talvez em nenhuma outra etapa da vida seja tão clara o impacto do sistema endócrino na condução do desenvolvimento e regulação dos papéis corporais. Nas meninas, os estrogênios provocam o acúmulo de tecido adiposo nas mamas e nos quadris, modelando a forma feminina. Do mesmo modo ou um pouco depois, níveis cada vez mais altos 116 Unidade II de testosterona nos meninos começam a produzir massa muscular e a aumentar as pregas vocais, resultando em uma voz mais grave. Essas modificações são apenas alguns exemplos da forte relevância das secreções endócrinas. De maneira menos drástica, inúmeros hormônios auxiliam a manter a homeostasia diariamente. Eles ajustam a atividade dos músculos lisos, do músculo estriado cardíaco e de algumas glândulas; modificam o metabolismo; estimulam o crescimento e o desenvolvimento; influenciam os processos reprodutivos e participam dos ritmos circadianos estabelecidos pelo núcleo supraquiasmático do hipotálamo. O sistema endócrino é formado pelas glândulas endócrinas ou glândulas sem ducto. Uma glândula é um grupo organizado de células que funciona como um órgão secretando substâncias químicas. Cada hormônio liberado por uma glândula é direcionado especificamente a um receptor em um tipo específico de célula ou grupo de tipos de células. Desse modo, o termo receptor‑alvo está relacionado com um conjunto específico de destinos celulares do hormônio para o sinal enviado pela glândula. Um hormônio pode afetar muitas células diferentes, porém, apenas aquelas que apresentam seu receptor. Lembrete Os hormônios são substâncias químicas secretadas pelas glândulas endócrinas, consideradas moléculas endógenas responsáveis pela comunicação celular ou extracelular. Eles viajam a partir de sua fonte secretora pela corrente sanguínea a locais específicos chamados tecidos‑alvo, ou efetores, onde produzem uma resposta coordenada desses tecidos. As glândulas endócrinas não devem ser confundidas com glândulas exócrinas. As glândulas exócrinas apresentam ductos que transportam suas secreções para o lado de fora do corpo, ou para um órgão vazio como o estômago e os intestinos. São exemplos de secreções exócrinas: a saliva, o suor, o leite materno e as enzimas digestivas. As glândulas endócrinas são as que não apresentam ducto secretor e que liberam os produtos por elas sintetizados diretamente no sangue. Embora existam diversos hormônios secretados por um ou outro tipo celular, neste livro serão abordadas apenas as principais estruturas classificadas como glândulas endócrinas, conforme o quadro a seguir:117 ANATOMIA INTEGRADA Quadro 4 Glândula pineal Órgão subcomissural Glândula hipófise Glândula hipófise faríngea Glândula tireoide Glândulas paratireoides Timo Coração Glândulas suprarrenais Placenta Pâncreas (ilhotas pancreáticas) Gônadas (ovários e testículos) Estômago Intestino Rim Glândula pineal Glândula hipófise Glândula tireoide Timo PâncreasSuprarrenal Ovário Testículo Figura 79 – Principais glândulas endócrinas do corpo 118 Unidade II O coração, o estômago, o intestino delgado, o pâncreas, os rins e as gônadas (os ovários e os testículos) serão tratados depois, conforme sua morfologia. A classificação topográfica das glândulas endócrinas é a que se segue no quadro a seguir: Quadro 5 Cefálicas Glândula pineal, órgão subcomissural, hipófise Cervicais Hipófise laríngea, glândula tireoide, glândulas paratireoides Cervicotorácica Timo Torácica Coração Abdominais Glândulas suprarrenais, pâncreas (ilhotas pancreáticas), estômago, intestino delgado, rim Abdominopélvica Placenta Pélvicas Ovários Escrotais Testículos 4.1 Glândulas cefálicas 4.1.1 Glândula pineal A glândula pineal era antes chamada canarium, epífise cerebral, ou corpo pineal. Está localizada na parte superior do III ventrículo do encéfalo na linha mediana. É parte do epitálamo, está posicionada entre os dois colículos superiores, apresenta massa de 0,1 a 0,2 grama e está coberta por uma cápsula formada pela pia‑máter. A glândula é composta de massas de neuróglia e células secretoras chamadas de pinealócitos. Nos seres humanos não são completamente compreendidas, porém, parecem estar relacionadas à modulação do ciclo sono‑vigília e outros ritmos biológicos. Saiba mais Para saber mais sobre a glândula pineal: PACHECO, M. B. et al. Propriedades da melatonina como fator de neuroproteção em doenças neurodegenerativas. In: XIII SAFETY, HEALTH AND ENVIRONMENT WORLD CONGRESS. 13, 2013, Porto. Anais... Santos: Copec, 2013. Disponível em: http://copec.eu/congresses/shewc2013/proc/ works/19.pdf. Acesso em: 22 maio 2019. A glândula pineal secreta hormônios que agem sobre o hipotálamo e as gônadas para inibir funções reprodutivas, inibindo a secreção de certos hormônios da reprodução. Duas substâncias têm sido propostas como produtos da secreção: melatonina e arginina vasotocina. A melatonina da glândula pineal também está fortemente ligada à ciclagem claro‑escuro: a melatonina é, por vezes, chamada de hormônio do escuro, pois sua secreção aumenta à noite. O núcleo 119 ANATOMIA INTEGRADA supraquiasmático tem receptores de melatonina, apoiando a hipótese de que a melatonina pode modular a ciclagem do relógio. A arginina vasotocina, cujo tecido‑alvo é possivelmente o hipotálamo, provavelmente atua na inibição da secreção do hormônio liberador de gonadotrofinas. Saiba mais Para saber mais sobre a regulação da secreção de melatonina pela glândula pineal: VANPUTTE, C. L. et al. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. 4.1.2 Órgão subcomissural O órgão ou glândula subcomissural é assim chamado porque está situado abaixo da comissura posterior do cérebro. Ele é um dos órgãos circunventriculares, para os quais falta a barreira hemo‑cerebral e, assim, pode servir para a interação neuroendócrina. O órgão subcomissural interfere na homeostase hídrica e no equilíbrio salino, tendo sido regulador da sede. 4.1.3 Hipófise A hipófise é uma glândula intracranial, relativamente pequena, cujo tamanho aproximado é de uma ervilha grande, situada na sela túrcica do osso esfenoide. Ela está ligada ao hipotálamo por meio de uma haste, o infundíbulo, que atravessa uma pequena abertura no diafragma da sela, uma lâmina da dura‑máter que forma o teto da sela túrcica. Ela é revestida pela dura‑máter, mas não pela aracnoide ou pia‑máter. A hipófise está dividida em adeno‑hipófise (lobo anterior) e neuro‑hipófise (lobo posterior). A neuro‑hipófise está ligada diretamente ao hipotálamo por meio do infundíbulo. No caso da hipófise anterior, a liberação hormonal é regulada, especialmente, por agentes químicos, nesse caso, hormônios ou fatores liberadores que apresentam origem em neurônios situados no hipotálamo. Esses hormônios liberadores estimulam ou inibem a liberação de hormônios específicos da hipófise anterior. A hipófise posterior recebe seus hormônios de neurônios especiais originados no hipotálamo. Os hormônios da hipófise anterior são: hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio folículo‑estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), hormônio estimulante de melanócitos (MSH), hormônio estimulador da tireoide (TSH), hormônio do crescimento (GH) e prolactina. Ainda que a prolactina estimule diretamente a mama para produzir leite, a maioria dos hormônios secretados pela hipófise anterior controla a liberação de outros hormônios. O TSH controla a velocidade de formação dos hormônios tireoidianos e a secreção de cortisol no córtex suprarrenal; o LH estimula a produção de testosterona nos testículos e de estrogênio nos ovários; e o GH estimula a liberação de fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF) pelo fígado e por outros tecidos. Todavia, os IGF podem ser 120 Unidade II produzidos por vários outros meios. Com efeito, o IGF‑1 sintetizado no músculo em decorrência da contração muscular está associado à hipertrofia muscular. É sabido que o GH desempenha papéis relevantes no metabolismo das proteínas, gorduras e carboidratos. A hipófise posterior propicia um local de armazenamento para dois hormônios, a ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH, também chamado vasopressina), que são produzidos no hipotálamo, ao qual está conectada a hipófise posterior. A ocitocina é um estimulante poderoso da musculatura lisa, principalmente no momento do parto, estando também relacionada na resposta da descida do leite, fenômeno imprescindível para a liberação do leite da mama. [...] durante muitos anos, o tratamento clínico para o nanismo hipofisário consistia na administração do hormônio do crescimento humano (hGH), hormônio secretado pela glândula hipófise anterior. Antes de 1985, esse hormônio era obtido a partir de extratos da hipófise de cadáveres, e seus estoques eram limitados. Desde a introdução do hGH obtido por engenharia genética, em meados dos anos 1980, sua disponibilidade não é mais um problema, embora seu custo ainda seja alto. Na década de 1980, percebendo as variadas funções desse hormônio, os atletas começaram a experimentar o hGH como um possível substituto ou complemento ao uso de esteroides anabólicos. Na época, diante da maior sofisticação dos testes farmacológicos para a detecção de esteroides anabólicos, os atletas procuravam uma alternativa para a qual ainda não houvesse teste. O hormônio do crescimento parecia, então, a droga perfeita para atletas que desejavam aumentar a força e a massa muscular (KENNEY, 2013, p. 40). Os quadros a seguir resumem os principais papéis dos hormônios produzidos pela hipófise: Quadro 6 – Hormônios da adeno‑hipófise Glândula endócrina Hormônio Órgão‑alvo Principais papéis Hipófise anterior GH Todas as células do corpo Facilita o desenvolvimento e o crescimento de todos os tecidos do corpo até a maturação; eleva a velocidade da síntese proteica; eleva a mobilização de lipídeos bem como a sua utilização como fonte de energia; reduz a velocidade de uso dos carboidratos Hipófise anterior TSH Tireoide Controla a quantidade de tiroxina e T3 produzidas e liberadas pela tireoide Hipófise anterior ACTH Córtex suprarrenal Controla a secreção de hormônios do córtex suprarrenal Hipófise anterior Prolactina Mamas Estimula a produção de leite pelas mamas Hipófise anterior FSH Ovários, testículos Inicia o crescimento de folículos nos ovários e promove a secreção de estrogênio pelos ovários; promove o desenvolvimento dos espermatozoides nos testículos Hipófise anterior LH Ovários, testículos Promove a secreção de estrogênio e progesterona e faz que haja ruptura dofolículo, com liberação do ovócito; faz que os testículos secretem testosterona 121 ANATOMIA INTEGRADA Quadro 7 – Hormônios da neuro‑hipófise Glândula endócrina Hormônio Órgão‑alvo Principais papéis Hipófise posterior ADH ou vasopressina Rins Auxilia no controle da excreção de água pelos rins; eleva a pressão arterial, ao promover constrição dos vasos de sangue Hipófise posterior Ocitocina Útero, mamas Controla a contração do útero; secreção do leite Saiba mais Para saber mais sobre o hGH, o hormônio do crescimento humano: KENNEY, W. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 5. ed. Barueri: Manole, 2013. p. 410‑411. 4.2 Glândulas cervicais 4.2.1 Glândula hipófise faríngea A glândula hipófise faríngea é representada por uma pequena estrutura mediana localizada no teto da parte nasal da faringe. Essa estrutura anatômica é uma coletânea de tecido glandular da adeno‑hipófise residual, no mucoperióstio. Após 28 semanas de vida intrauterina, a glândula hipófise faríngea é bem vascularizada, irrigada por vasos de circulação sistêmica da parede posterior da parte nasal da faringe e apta a secretar. Ela poderia ser uma reserva de tecido adenohipofisário, capaz de ser estimulado, especialmente no sexo feminino, cujo intuito é sintetizar e secretar hormônios. Essa capacidade poderia ser aproveitada quando a adeno‑hipófise começa a reduzir a quantidade de secreção. 4.2.2 Glândula tireoide A glândula tireoide é uma estrutura anatômica com formato de U, ímpar, quase simétrica, que se localiza em ambos os lados da laringe e da traqueia. Ela consiste em dois lobos, unidos por um istmo que cruza o segundo, terceiro e quarto anéis traqueais, conforme ilustra a figura a seguir. 122 Unidade II Lobo direito Istmo Lobo esquerdo Figura 80 – Vista anterior da glândula tireoide Ela evolui com a idade, sendo relativamente maior na criança. Na mulher, aumenta durante as menstruações e a gestação. O istmo às vezes pode estar ausente ou ser muito pequeno ou, ainda, hipertrofiar‑se em um verdadeiro lobo médio. A glândula tireoide mantém as seguintes relações anatômicas: • Anteriormente: pele, fáscia de revestimento, músculos esternocleidomastóideo, esterno hióideo, esterno tireóideo e omo‑hióideo com as suas fáscias e a fáscia pré‑traqueal. • Póstero‑medialmente: laringe, traqueia, esôfago, nervo laríngeo recorrente e glândulas paratireoides. • Póstero‑lateralmente: bainha da carótida, seu conteúdo e a cadeia simpática. [...] a glândula tireoide, muito vascularizada, é irrigada pelas artérias tireoides superior, inferior e ima. As veias da tireoide compõem um plexo na superfície da glândula e na frente da traqueia. A drenagem venosa é realizada pelas veias tireoides superior, média e inferior que se originam dos plexos venosos, as duas primeiras são afluentes da veia jugular interna, enquanto a veia tireoide inferior acaba na veia braquiocefálica esquerda [...] os vasos linfáticos deparam‑se no tecido conjuntivo interlobular, afluem para uma rede capsular e os vasos coletores resultantes desembocam nos linfonodos paratraqueais (em ambos os lados da traqueia) que drenam a glândula tireoide. Os linfonodos cervicais profundos estão localizados inferiormente ao músculo omo‑hióideo e ao longo da veia jugular interna. Os vasos eferentes terminam nos ductos torácico e linfático direito [...] a glândula tireoide é inervada por ramos dos gânglios cervicais superior, médio e inferior da cadeia simpática, como também por ramos do nervo vago, cuja função é vasomotora (DI DIO, 1998, p. 593‑594). 123 ANATOMIA INTEGRADA A glândula tireoide produz dois hormônios: a tiroxina, também chamada de tetraiodotironina (T4) e a triiodotironina (T3). O T3 e T4 juntos também são chamados de hormônios da tireoide. Outro hormônio produzido pela glândula tireoide é a calcitonina. O papel primordial do hormônio tireoidiano (T3 produzida a partir da T4) é elevar o consumo de oxigênio e a produção de calor nas células (termogênese). A calcitonina reduz o nível sanguíneo de cálcio por meio da inibição da ação dos osteoclastos, células que degradam a matriz celular óssea. 4.2.3 Glândulas paratireoides As glândulas paratireoides são dois pares de pequenas estruturas castanho‑camurça, ovoides, com 5 milímetros de comprimento por 3 milímetros de largura e 2 milímetros de espessura, pesando 50 microgramas. Elas se encontram nas margens laterais da face profunda dos lobos da glândula tireoide e de sua cápsula. É difícil a sua visualização em cadáver, pois podem se localizar em qualquer lugar desde a faringe até o mediastino superior. As artérias são volumosas se comparadas às pequenas dimensões dessas glândulas. Cada uma delas recebe o ramo arterial próprio: oriundos das artérias tireoides superior e inferior. As veias são afluentes das veias tireoides correspondentes e os vasos linfáticos as acompanham. Os nervos acompanham as artérias. Microscopicamente, as glândulas paratireoides abrangem dois tipos de células epiteliais. As células mais numerosas, chamadas de células principais, produzem o paratormônio (PTH). A função do outro tipo de célula, chamado de célula oxifílica, não é conhecida na glândula paratireoide normal. Contudo, sua presença auxilia a identificar com nitidez a glândula paratireoide do ponto de vista histológico em virtude de suas características exclusivas de coloração. Além disso, no câncer de glândulas paratireoides as células oxifílicas secretam PTH em excesso. Uma das ações do PTH é ativar a enzima 1‑α‑hidroxilase nos rins. Dessa maneira, é produzido mais calcitriol e, assim, eleva a absorção intestinal de cálcio e fósforo. O PTH também age no osso, ampliando muito a atividade dos osteoclastos. Com isso, o cálcio e o fósforo caem na corrente sanguínea. 4.3 Glândula cervicotorácica 4.3.1 Timo O timo é um órgão cervicotorácico, ímpar, mediano, localizado no pescoço e superiormente ao coração no mediastino superior, encontra‑se bem desenvolvido até a adolescência. Nos recém‑nascidos, pesa cerca de 13 gramas e possui dimensões aproximadas de 5 centímetros de comprimento, 3 centímetros de largura e 1 centímetro de espessura. No período dos 11 aos 15 anos de idade, seu peso alcança o valor absoluto máximo de 35 gramas. Entretanto, a partir da adolescência o timo começa a regredir para ser representado, no adulto, por vestígios fibroadiposos. Seu formato alongado de cima para baixo e achatado em sentido anteroposterior descreve‑se como: um corpo, que representa a maior parte do órgão, com dois lobos, direito e esquerdo, unidos, entre os 124 Unidade II quais existe um plano conjuntivo de obliquidade posterolateral esquerda; uma extremidade superior, com dois cornos que ascendem até as proximidades da face anterior dos polos inferiores da glândula tireoide, sendo recoberta pelas fáscias cervicais superficial e profunda e os músculos esterno hióideo e esterno tireóideo; uma extremidade inferior, ou base, bastante grande e às vezes bífidas, que está relacionada posteriormente com a traqueia, o pericárdio fibroso e os grandes vasos da base do coração, entre as lâminas mediastinais anteriores da pleura. Corresponde anteriormente ao manúbrio e à parte superior do corpo do esterno. Figura 81 – Timo, face anterior in situ A irrigação do timo é realizada por meios dos ramos tímicos das artérias tireoides inferiores, torácicas internas e intercostais anteriores, enquanto a drenagem venosa é efetuada por veias tímicas, afluentes das veias braquiocefálica esquerda, torácica interna e tireoide inferior. A drenagem linfática é feita para os capilares trabeculares que conduzem para os vasos coletores. Esses acabam nos linfonodos mediastinais anteriores, esternais e peritraqueais. A inervação é realizada por fibras amielínicas que compõem os plexos peritrabeculares e perivascular. O timo recebe ramos do X par de nervos cranianos, o nervo vago, de nervos cardíacos e da alça cervical. 125 ANATOMIA INTEGRADA Os papéis do timo são complexos,assim como os dos linfócitos T, cuja formação depende desse órgão. Também age sobre o funcionamento neuromuscular e, por isso, a timectomia pode melhorar a miastenia. Sabe‑se que o timo secreta hormônios chamados timosina e timopoietina. Tanto o timo como a timosina possuem papel relevante no desenvolvimento e maturação do sistema imune. Ele possui grande importância na infância e é sede de produção de linfócitos T, cuja maturação é regulada pelos hormônios produzidos pelas células epiteliais tímicas. 4.4 Glândula abdominal 4.4.1 Glândulas suprarrenais As glândulas suprarrenais, antes chamadas de glândulas adrenais, são um par de corpos marrom‑amarelados relativamente pequenos, retroperitoneais e que se localizam na extremidade superior de cada rim. A glândula suprarrenal direita tem formato triangular, sendo achatada no sentido anteroposterior; enquanto a suprarrenal esquerda é mais espessa, cujo formato é semilunar. Ambas possuem uma superfície côncava aplicada ao rim. Cada glândula suprarrenal mede, aproximadamente, 30 milímetros de altura, 25 milímetros de largura e 7 a 8 milímetros de espessura. Seu peso varia de 12 gramas no estado normal. A irrigação desses órgãos se dá por três grupos de artérias principais, chamadas de artérias suprarrenais: superiores, médias e inferiores, além dessas, são irrigadas por artérias acessórias. As veias originam‑se dos vasos corticais e dos seios corticomedulares. Há linfáticos superficiais e profundos, entretanto, todos convergem para a margem medial da glândula para dirigirem‑se aos linfonodos do pedículo renal, ou da região aorto‑cava (à direita), justa‑aórtica (à esquerda) ou até mediastinais. As glândulas suprarrenais são vastamente inervadas por filetes finos e muito numerosos, cuja origem é dupla, por meio dos ramos oriundos do nervo esplânico maior e dos ramos oriundos do plexo celíaco. Morfofuncionalmente, cada glândula suprarrenal está dividida em duas partes distintas: um córtex externo, correspondente a 10% e uma medula interna, correspondente a 90%. O córtex secreta hormônios esteroides derivados do colesterol, por exemplo, o cortisol, a córtico‑esterona e a aldosterona. O cortisol e a córtico‑esterona regulam o metabolismo dos glicídios. A córtico‑esterona é ativa na resposta inflamatória, na reação imunitária e no crescimento do corpo. A aldosterona regula o equilíbrio eletrolítico e hídrico do corpo. A medula secreta as catecolaminas, norepinefrina e epinefrina. 4.5 Glândula abdominopélvica 4.5.1 Placenta Embora os hormônios ováricos e hipofisários sejam relevantes na manutenção da gestação, deve ser observado que, nos seres humanos, a placenta libera também hormônios que ajudam nessa importante missão, como a gonadotrofina coriônica humana, o estrogênio e a progesterona. 126 Unidade II Resumo O sistema digestório consiste em um canal alimentar e órgãos digestórios anexos. A boca á a primeira parte do canal alimentar, a cavidade oral é composta de bochechas, lábios, palato duro e palato mole. O palato duro e o palato mole formam o teto da cavidade oral. A língua e os dentes estão contidos na cavidade oral. A língua ajuda no processamento mecânico e na movimentação do alimento, sendo responsável também pela análise sensitiva do alimento. O dorso e o corpo da língua são recobertos com papilas. Existem quatro tipos de dentes, cada um com papéis específicos, sendo eles os incisivos, os caninos, os pré‑molares e os molares. As glândulas da boca são divididas em glândulas salivares maiores, por exemplo, as glândulas parótidas, as glândulas submandibulares e as glândulas sublinguais; e glândulas salivares menores, como as glândulas labiais. A faringe é uma estrutura anatômica que pertence aos sistemas respiratório e digestório. O esôfago é um tubo muscular oco que conduz alimentos sólidos e líquidos para o estômago. A deglutição acontece em três fases e envolve estruturas da cavidade oral, da faringe e do esôfago. O estômago consiste em: cárdia, fundo, corpo e região pilórica. Possui as curvaturas maior e menor e apresenta o esfíncter pilórico na sua união com o duodeno. O intestino delgado inclui as seguintes partes: duodeno, jejuno e íleo. O intestino grosso é dividido em ceco e colos. O ceco recebe e armazena materiais oriundos do íleo. O apêndice vermiforme é um divertículo do ceco. O colo possui diâmetro maior e paredes mais delgadas em relação ao intestino delgado. Tem bolsas chamadas de saculações do colo, as tênias do colo e os apêndices omentais. O colo é subdividido em quatro regiões: o colo ascendente, transverso, descendente e sigmoide. A parte final do canal alimentar é o reto, que continua‑se com o canal anal, que termina no ânus. O músculo esfíncter interno do ânus e o músculo esfíncter externo do ânus controlam a passagem das fezes através do ânus. O fígado desempenha papéis de regulação metabólica e hematológica, além de produzir a bile. Ele é dividido em lobos direito, esquerdo, quadrado e caudado. A artéria hepática própria e a veia porta do fígado realizam o suprimento sanguíneo ao fígado. As veias hepáticas drenam sangue do fígado e realizam o retorno do sangue à circulação sistêmica por meio da veia cava inferior. A vesícula biliar armazena e concentra bile, mas a libera por meio do duodeno, pelos ductos cístico e colédoco. 127 ANATOMIA INTEGRADA O pâncreas é uma glândula mista, ou seja, exócrina e endócrina. Ele é dividido em três partes: cabeça, corpo e cauda do pâncreas. O ducto pancreático acessório (se presente) e o ducto pancreático atravessam a parede do duodeno e liberam suco pancreático na papila menor do duodeno e na papila maior do duodeno, concomitantemente. Os principais papéis regulatórios do sistema endócrino são: metabolismo, controle da ingestão de alimento e digestão, maturação dos tecidos, regulação de íons, balanço de água, controle da função reprodutiva, da contração uterina e da ejeção de leite, além da regulação do sistema imune. A hipófise, localizada na sela túrcica do osso esfenoide, secreta pelo menos nove hormônios que regulam numerosos papéis do corpo, bem como de outras glândulas endócrinas. A tireoide está situada inferiormente à laringe e produz T3, T4 e calcitonina. As glândulas paratireoides estão embutidas na tireoide e secretam o paratormônio. As glândulas suprarrenais estão localizadas nos polos superiores dos rins e produzem hormônios como, por exemplo, o cortisol, catecolaminas, a norepinefrina e a epinefrina. A placenta, a glândula pineal, o timo, a glândula hipófise faríngea e o órgão subcomissural também são exemplos de glândulas endócrinas. Exercícios Questão 1. (Vunesp 2008, adaptada) Os esportes radicais são atividades muito difundidas entre os jovens e têm recebido crescente atenção da mídia, inclusive com veiculação pela televisão. Uma característica deles, utilizada na sua propaganda, é a capacidade de induzir um aumento na produção de adrenalina nos participantes. Indique a alternativa que descreve corretamente o local de produção e a ação da adrenalina. A) Pâncreas: vasoconstrição, sudorese e elevação do nível de açúcar no sangue. B) Hipófise: vasodilatação, aumento na frequência dos batimentos cardíacos e dilatação de pupilas e brônquios. C) Suprarrenais: vasodilatação, sudorese e dilatação das pupilas. D) Hipófise: redução no volume sanguíneo, redução na pressão sanguínea sistêmica e elevação do nível de açúcar no sangue. E) Suprarrenais: vasoconstrição, aumento na frequência dos batimentos cardíacos e elevação do nível de açúcar no sangue. Resposta correta: alternativa E. 128 Unidade II Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: o pâncreas é uma glândula mista que, além de produzir substâncias que serão lançadas na cavidade intestinal (duodeno), também produz insulina e glucagon. A insulina diminui a quantidade de glicose no sangue, enquanto o glucagon aumenta. O pâncreas não está ligado à produção de adrenalina. B) Alternativa
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