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Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável APRESENTAÇÃO O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica, mas, ao mesmo tempo, a eficiência social e ecológica — um tripé de coisas que devem caminhar juntas. O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de políticas capazes de, simultaneamente, garantir o aumento da renda nacional, o acesso a direitos sociais básicos (segurança econômica, saúde e educação) e também a redução do impacto do aumento da industrialização e do consumo sobre o meio ambiente. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre o conceito de sustentabilidade, que é baseado no conceito de preservação do meio ambiente para as gerações futuras, considerando também o aspecto social e econômico do local em que vivem. Após essa contextualização, será abordado o tema da agricultura sustentável, trazendo a discussão para o sistema de integração lavoura Pecuária Floresta e Plantio Direto. Você também aprenderá o conceito de orgânicos, comércio justo e o comportamento dos consumidores de produtos saudáveis, ou seja, aspectos ligados ao mercado, ao que acontece depois que o produto sai da propriedade rural. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o conceito de desenvolvimento sustentável.• Discutir a agricultura sustentável.• Analisar o mercado de produtos éticos, como orgânicos e comércio justo.• DESAFIO A Ecocitrus, Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí, de Montenegro, localizada na região metropolitana de Porto Alegre (RS), foi formada em 1994, reúne atualmente 110 associados que plantam em torno de 500 hectares de pomares. O seu faturamento provém da venda de suco de frutas, de óleos essenciais e de composto para adubação, todos orgânicos. Além disso, a prestação de serviços na extração de óleos essenciais para outros produtores e o recolhimento de resíduos de empresas da região são outras formas de rentabilizar a produção dos associados. A cooperativa investiu para chegar ao ponto em que está, na industrialização e na agregação de valor para incrementar a rentabilidade dos associados, e possui planos de crescimento. Imagine um cenário em que alguns empresários europeus querem exclusividade no fornecimento do suco orgânico, mas a cooperativa precisa de garantias sobre o pagamento. Se você fosse um cooperado e precisasse tomar uma decisão com os outros dirigentes da cooperativa, você daria a exclusividade a um único comprador e garantiria a comercialização de toda a safra? Ou você buscaria vender para outros compradores, comercializando a safra em partes? INFOGRÁFICO No dia 30 de março de 2014, cientistas e autoridades do mundo inteiro reuniram-se no Japão, para debater sobre as grandes mudanças que estão ocorrendo no clima no mundo inteiro. Como resultado dessa reunião, foi divulgado o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que relata que, até agora, os efeitos do aquecimento são sentidos de forma mais acentuada pela natureza, mas que haverá um impacto cada vez maior sobre a humanidade (IPCC,2014). De acordo com o relatório divulgado no Japão, as mudanças climáticas afetarão a saúde, a habitação, a alimentação e a segurança da população no planeta, e que praticamente dobrou a quantidade de provas científicas do impacto do aquecimento global, desde o último relatório que foi divulgado em 2007. Veja o infográfico a seguir e entenda um pouco mais sobre essas mudanças e seus impactos: CONTEÚDO DO LIVRO Estamos vivendo em uma época onde os recursos naturais estão cada vez mais escassos, e esses recursos não renováveis (como água e solo) são cada vez mais demandados, mas não podem ser repostos. Você aprenderá sobre a importância da agricultura sustentável, que vem sendo adotada com muito sucesso em vários lugares do Brasil, e uma das soluções encontradas foi o uso do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O ILPF é uma maneira de unir a ecoeficiência e o desenvolvimento econômico, levando a um aumento da produtividade agropecuária, sem esquecer da preservação dos recursos naturais (Embrapa, 2015). Mas, quando se fala de produção, também não podemos esquecer-nos do mercado consumidor, e que atualmente está ocorrendo um aumento do consumo saudável, onde o consumidor preocupa-se com a origem e a qualidade dos alimentos e dos produtos, além de conhecer a postura das empresas em relação à responsabilidade social e ambiental. Para saber mais sobre esses sistemas de produção, leia o capítulo Meio ambiente e desenvolvimento sustentável, do livro Introdução à gestão do agronegócio. Boa leitura. INTRODUÇÃO A GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Maria Flavia Tavares Meio ambiente e desenvolvimento sustentável Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o conceito de desenvolvimento sustentável. � Discutir sobre a agricultura sustentável. � Analisar o mercado de produtos éticos como orgânicos e comércio justo. Introdução O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica, mas, ao mesmo tempo, a eficiência social e a ecológica – elementos que devem caminhar juntos. O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de políticas capazes de, simultaneamente, garantir o au- mento da renda nacional, o acesso a direitos sociais básicos (segurança econômica, acesso à saúde e educação) e a redução do impacto do aumento da industrialização e do consumo sobre o meio ambiente. Neste texto, você vai aprender sobre o conceito de sustentabilidade, que é baseado no conceito de preservação do meio ambiente para as gerações futuras, considerando também o aspecto social e econômico do local em que vivem. Após essa contextualização, você vai ler sobre o tema da agricultura sustentável, trazendo a discussão para o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta-Plantio Direto. Você também aprenderá o conceito de orgânicos, comércio justo e o comportamento dos consumidores de produtos saudáveis, ou seja, aspectos ligados ao mercado, ao que acontece depois que o produto sai da propriedade rural. O que é desenvolvimento sustentável? Definições de desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu com o nome de ecodesen- volvimento nos anos 1970 e foi resultado de um estudo para encontrar um caminho diferente, um conceito diferente dos desenvolvimentistas e dos que defendiam o crescimento zero (ROMEIRO, 2012). Para os teóricos que defendiam o crescimento zero, os limites ambientais levariam a catástrofes se o crescimento econômico não cessasse. Outra visão passou a ser divulgada com a publicação do Relatório de Meadows, preparado em 1972 por Dennis e Donella Meadows, com o apoio do Clube de Roma, sobre os limites ambientais ao crescimento econômico (MEADOWS et al., 1972). Segundo o Relatório de Meadows et al. (1972), o crescimento econômico precisava diminuir ou parar, pois, se continuasse no mesmo ritmo, causaria um esgotamento dos recursos naturais e aumentaria a poluição, ocasionando uma deterioração do nível de vida. Na primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, realizada em Estocolmo em 1972, foram reali- zadas grandes discussões sobre as maneiras de pensar o meio ambiente e o crescimento econômico. No período da publicação do Relatório de Meadows et al. (1972), alguns países, como os Estados Unidos, passavam por um grande crescimento eco- nômico, pois outros estavam se recuperando da Segunda Guerra Mundial. O Brasil também passava por um período de prosperidade devido ao Milagre Econômico. Nesse período, o mundo assistia à ascensão dos países emergentes, como os “Tigres Asiáticos”. No entanto, a maioria dos países permanecia com um alto nível de pobreza e não conseguia iniciar um processo de crescimento econômico sustentado. Havia muita desigualdade entreos eles – o que é possível notar até hoje. As primeiras reações da Organização das Nações Unidas (ONU) após a Conferência de Estocolmo, com o apoio dos ecodesenvolvimentistas, foram direcionadas para a defesa da necessidade do crescimento econômico para os países pobres. Para a ONU, a pobreza seria uma das causas fundamentais dos problemas ambientais desses países (ROMEIRO, 2012). Na Declaração de Cocoyok, em 1974, evidenciou-se que o alto cresci- mento da população era resultado de causas sociais, políticas e econômicas, e não havia um planejamento do governo acerca do controle da natalidade. A consequência dessa explosão demográfica seria a utilização dos recursos naturais acima da sua capacidade. De acordo com a declaração, os países ricos Meio ambiente e desenvolvimento sustentável2 e altamente industrializados, ao consumirem de maneira exagerada, seriam os responsáveis pelos problemas do meio ambiente, e, portanto, deveriam diminuir seu consumo e sua participação desproporcional na poluição do meio ambiente. No documento também constava que seria possível manter o crescimento econômico eficiente (sustentado) no longo prazo, o que poderia ocorrer junto com a melhoria das condições sociais (melhor distribuição da renda), respeitando-se o meio ambiente (ROMEIRO, 2012). O crescimento econômico eficiente é considerado uma condição necessá- ria, mas isso não basta para a melhoria do bem-estar da população, é preciso propor políticas públicas específicas, direcionadas a quem realmente precise. Além de melhores condições sociais e um crescimento econômico eficiente, é necessário um equilíbrio ecológico, pois as gerações futuras precisam viver em um mundo melhor (ROMEIRO, 2012). Em 1982, ocorreu a Conferência de Nairobi, promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep). No encontro, foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, cuja chefia foi exercida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland (ROMEIRO, 2012). Em 1987, os resultados do trabalho foram divulgados publicamente, em um documento chamado Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland, de 1991. Os autores do relatório conside- raram que o risco ambiental do crescimento econômico deve ser considerado e discutido intensamente (ROMEIRO, 2012). Nesse relatório, o desenvolvimento sustentável foi definido como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro a II Conferência da ONU sobre meio ambiente, momento em que foi discutida intensamente a questão do aqueci- mento global nos anos 1990 (BRUNDTLAND, 1991). Algumas definições de sustentabilidade: � Desenvolvimento sustentável significa melhorar a qualidade de vida humana limitando-se à capacidade de suporte dos ecossistemas. � A sustentabilidade requer um estoque constante de capital natural (PEARCE; TURNER, 1990). � A sustentabilidade exige que o nível total da diversidade e da produtivi- dade dos componentes dos sistemas e de suas relações sejam mantidas e aprimoradas. � O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica e, também, a eficiência social e ecológica – elementos que devem caminhar juntos. 3Meio ambiente e desenvolvimento sustentável Para que ocorra o desenvolvimento sustentável, é preciso atender aos seguintes requisitos: ■ integrar conservação e desenvolvimento; ■ satisfazer as necessidades básicas dos seres humanos; ■ alcançar a equidade e a justiça social; ■ promover a diversidade social e cultural; ■ manter a integridade ecológica. O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de políticas capazes de garantir, simultaneamente, o aumento da renda nacional, o acesso a direitos sociais básicos (segurança econômica e acesso à saúde e educação) e a redução do impacto do aumento da industrialização e do consumo sobre o meio ambiente. A partir de 1987, a expressão “desenvolvimento sustentável” substituiu a expressão “ecodesenvolvimento”, embora tenha o mesmo conceito normativo (ROMEIRO, 2012). Agricultura sustentável Vivemos uma época em que os recursos naturais estão escassos. A isso, acrescenta-se o fato de que os recursos não renováveis (p. ex., água e solo) são cada vez mais demandados e não podem ser repostos. A água potável se tornará um item raro por conta, dentre outros motivos, do desmatamento e do assoreamento dos rios. Como faremos para viver e produzir alimentos e energia se não tivermos mais água e solo fértil? É preciso repensar o modelo que vem sendo utilizado na agricultura atual, que se caracteriza principalmente por utilizar grandes extensões de área, com poucas culturas cultivadas. O modelo de monocultura e economia de escala – utilizado principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil – está sendo substituído pela agricultura sustentável, que já está sendo adotada com muito sucesso em vários lugares do Brasil. Uma das soluções encontradas foi o uso do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O ILPF é uma maneira de unir a ecoeficiência e o desenvolvimento econômico, promo- Meio ambiente e desenvolvimento sustentável4 vendo o aumento da produtividade agropecuária, mas sem deixar de lado a preservação dos recursos naturais (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 1992). De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1992), as mudanças climáticas e a emissão de gases de efeito estufa são duas grandes preocupações da humanidade no quesito meio ambiente. O ILPF pode ajudar a reduzir de maneira significativa a emissão dos gases de efeito estufa, além de promover o aumento do sequestro de carbono, que contribuiria para reduzir o problema ambiental. Sistema de Plantio Direto O Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma técnica conservacionista, que come- çou a ser implantada no Brasil na década de 1990. Pode ser considerado uma das maiores revoluções da agricultura brasileira, pois trouxe grandes benefícios econômicos, agronômicos e ambientais, proporcionando grande diminuição da erosão do solo e contribuindo para reduzir o potencial de contaminação do meio ambiente (SALTON; HERNANI; FONTES, 1998). Definição do Sistema de Plantio Direto De acordo com a Embrapa, o plantio no SPD é realizado sem que ocorram as etapas de preparação do solo, como a aragem e a gradação do solo – este é coberto por plantas em desenvolvimento e restos vegetais, com o objetivo de protegê-lo do impacto direto da água da chuva, evitando o escorrimento superficial da água e a erosão (SALTON; HERNANI; FONTES, 1998). No SPD, a semente é colocada em sulcos ou covas com largura e profun- didade suficientes para a cobertura e o contato das sementes no solo. Para que o SPD tenha sucesso, a Embrapa faz algumas recomendações (SALTON; HERNANI; FONTES, 1998): � o agricultor precisa ter qualificação técnica; � a mão de obra que irá trabalhar diretamente com o SPD precisa receber treinamento técnico e ter acompanhamento diário; � o solo precisa ter boa drenagem e lençol freático elevado; 5Meio ambiente e desenvolvimento sustentável � antes da implantação do sistema, é preciso eliminar a compactação do solo; � o solo deve receber nivelamento e correção; � o solo deve ser coberto por restos vegetais em cerca de 80% da superfície; � os restos vegetais não podem ser queimados; � as plantas daninhas mais resistentes devem ser controladas ou erradicadas. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é um sistema de produção sustentável que integra, na mesma área, atividades agrícolas, pecuárias e florestais, em que podem ser utilizados diversos sistemas de integração (EM- PRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 1992). Por meio desses sistemas, é possível fazer a rotação das culturas e o consórcio entre culturas forrageiras, de grãos e árvores, com o objetivo de produzir ao longodo ano e na mesma área diversos produtos, como grãos, carne, leite e madeiras (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 1992). A adoção do sistema ILPF permite intensificar o uso da terra e integrar no mesmo local e ao mesmo tempo diversos tipos de culturas. Desse modo, é possível alcançar índices elevados de qualidade ambiental, produtividade e competitividade. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1992), o sistema ILPF traz benefícios ao meio ambiente e ao agricultor, pois melhora as condições de solo e os nutrientes são usados de maneira mais eficiente, promovendo a redução dos custos de produção das atividades agrícolas, flo- restal e pecuária. Além disso, há a diminuição da ociosidade do uso das áreas agrícolas, contribuindo para diversificar a produção rural e trazendo renda para o agricultor. O sistema ILPF também reduz as emissões de gases de efeito estufa, como já citado. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável6 Qual seria o melhor sistema ILPF? O melhor sistema é aquele que mais se adaptar à realidade da propriedade rural e que trouxer mais sustentabilidade e viabilidade econômica. No Brasil, o sistema mais adotado é o Integração-Lavoura-Pecuária, ou sistema agropastoril (sem componentes florestais), mas os outros sistemas de integração com componente florestal – IPF, ILF e ILPF – tendem a ser mais utilizados no futuro. Esses sistemas de integração são complexos e exigem capacitação técnica do agricultor e do agrônomo responsável pela propriedade rural. Degradação do meio ambiente A degradação do meio ambiente ocorre no mundo inteiro e causa grande impacto no solo, pois reduz ou elimina o teor de matéria orgânica e acaba expondo o subsolo. Desde 1980, a Embrapa Agrobiologia desenvolve uma metodologia destinada a recuperar a funcionalidade ambiental de áreas sob graus diversos de degradação, seja devido ao mau uso de terras agrícolas, à expansão urbana desordenada ou a ações de exploração dos recursos naturais. A metodologia para recuperação dessas áreas é baseada na seleção e introdu- ção de leguminosas arbóreas e arbustivas capazes de crescer sob condições adversas (SALTON; HERNANI; FONTES, 1998). 7Meio ambiente e desenvolvimento sustentável Os gases de efeito estufa são os gases que ficam acumulados na atmosfera e impedem a saída do excesso de calor produzido na Terra. O que é o sequestro de carbono? Quando conservamos as florestas, o elemento carbono (C) termina o seu ciclo de vida na natureza, pois é aproveitado na composição das folhas e frutas caídas. A captação do gás carbônico pelas árvores é conhecido como sequestro de carbono, que contribui para amenizar os efeitos dos gases de efeito estufa (OLIVEIRA JÚNIOR, 2004). De acordo com Oliveira Júnior (2004), o aumento das emissões de dióxido de carbono e outros gases, como o metano e o óxido nitroso na atmosfera, tem gerado graves problemas, sendo um deles o efeito estufa (Figura 1). O dióxido de carbono é o gás que mais contribui para o aquecimento global, sendo que suas emissões são responsáveis por cerca de 55% do total das emissões mundiais. Estima-se que o gás permanece na atmosfera por um período longo, de 50 a 200 anos. Figura 1. Sequestro de carbono. Fonte: vladwel/Shutterstock.com. Mercado de produtos éticos como orgânicos e comércio justo – Como é o comportamento dos consumidores de produtos saudáveis? Uma das grandes questões do agronegócio brasileiro é se devemos produzir commodities ou se produziremos produtos com valor agregado, buscando nichos de mercado, como os orgânicos. Esta seção discutirá a questão do Meio ambiente e desenvolvimento sustentável8 agronegócio sustentável e da agricultura familiar, que busca uma produção em menor escala, agregando valor à sua produção. Mas, quando se fala de produção, não podemos nos esquecer do mercado consumidor. Atualmente, está ocorrendo um aumento do consumo saudável, isto é, o consumidor está se preocupando mais com a origem e a qualidade dos alimentos e dos produ- tos, além de se preocupar em conhecer a postura das empresas em relação à responsabilidade social e ambiental. Esse aumento na demanda por produtos saudáveis faz parte de uma das tendências mundiais na alimentação, sendo que também tem destaque o con- sumo de alimentos éticos, a praticidade e a busca por produtos gourmet. O consumo de produtos verdes não é apenas uma “onda” passageira, visto que representa um misto entre orientação de compra e valores sociais. Com um aumento da presença em supermercados e uma extensa base de consumidores de orgânicos e compradores regulares, o mercado de alimentos orgânicos está crescendo no mundo inteiro. Sabor, frescor, qualidade e segu- rança alimentar são os principais atrativos desses produtos. O mercado de orgânicos De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Ali- mentação (FAO), “[...] a agricultura orgânica não é mais um fenômeno apenas de países desenvolvidos, pois já é praticado comercialmente em 120 países, representando 31 milhões de hectares e um mercado de US$ 40 bilhões em 2007 [...]” (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, c2017). Nos Estados Unidos, o mercado em 2007 representou cerca de US$ 20 bilhões; o mercado europeu é estimado em US$ 15 bilhões, e a Alemanha é o principal país consumidor (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, c2017). De acordo com a Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica (IFOAM), em 2016, o maior mercado consumidor continuava sendo os Estados Unidos, país que movimenta anualmente cerca de US$ 35 bilhões – US$ 7 bilhões são movimentados na Alemanha, e US$ 4,4 bilhões no Canadá. Nos Estados Unidos, cerca de 78% das famílias consomem pelo menos um item orgânico, e a preferência é por alimentos direcionados a crianças (IFOAM ORGANIC INTERNATIONAL, 2016). De acordo com a IFOAM, entre os anos de 1999 e 2012, a área destinada ao cultivo de alimentos orgânicos cresceu 300%, totalizando 3,7 milhões de hectares. Ainda de acordo com a IFOAM, apesar da desaceleração da econo- 9Meio ambiente e desenvolvimento sustentável mia europeia – que é a maior consumidora do setor –, entre os anos de 2011 e 2012, o mercado mundial de agricultura orgânica registrou crescimento de aproximadamente 6,36% (IFOAM ORGANIC INTERNATIONAL, 2016). Em 2013, o faturamento foi de US$ 64 milhões, com um crescimento de 8% no mundo, e cerca de 69 milhões de hectares de terras foram ocupados com agricultura orgânica certificada. De acordo com a IFOAM, a demanda mundial por produtos orgânicos pode aumentar essa área, mas o maior desafio é ter eficiência com o consumo de água (IFOAM ORGANIC INTERNATIO- NAL, 2016). O mercado brasileiro de alimentos orgânicos está crescendo e apresentando taxas invejáveis, que passam de 20% ao ano, sendo que as taxas de crescimento registradas no mundo nos últimos anos são bem menores (5 e 11%). Ou seja, o mercado está crescendo no Brasil, embora o País ainda represente menos de 1% da produção e do consumo. Entre os alimentos que ampliaram o fatu- ramento dos orgânicos em 2016 estão produtos lácteos e de origem animal, com maior valor agregado. Em Nova York, o governo detectou uma forte ligação entre obesidade e pobreza, pois alimentos saudáveis são mais caros que fast foods. O governo americano vem tomando medidas para combater tais índices, que se tornaram uma grande preocupação social. Para que haja maior crescimento do setor de orgânicos no Brasil, “os governos precisam investir em recursos e em tecnologia, a fim de que a agricultura orgânica deixe de ser uma resposta ao mercado e se torne importante alternativa para os desafios mundiais” (IFOAM ORGANIC INTERNATIONAL, 2016). Os produtos orgânicos são produtos diferenciados, e a base da diferenciação está relacionada ao modo de produção. Eles são os resultados de uma forma de produção agrícola, pecuária e avícola, que adota o sistema de produção que exclui ou evita o usode fertilizantes solúveis e pesticidas químicos nas operações de cultivo (OELHAF, 1978 apud SOUZA, 2000). De acordo com Souza (2000), os movimentos da agricultura alternativa valorizam a utilização de matéria orgânica e de outras práticas culturais que favorecem os processos biológicos. Conforme a autora, tais movimentos tiveram início na década de 1920 e apresentaram quatro vertentes: � agricultura biodinâmica, que surgiu em 1924; � agricultura orgânica, cujo conceito teve início em 1925 na Inglaterra e espalhou-se pelos Estados Unidos na década de 1940; Meio ambiente e desenvolvimento sustentável10 � agricultura biológica, que teve início na década de 1930 na Suíça e, anos mais tarde, foi difundida pela França; � agricultura natural, que começou no Japão na década de 1930. Todas essas vertentes têm um objetivo em comum: desenvolver uma agri- cultura ecologicamente equilibrada e socialmente justa, mas que também precisa ser economicamente viável. De acordo com Elhers (1996 apud SOUZA, 2000), os principais princípios são a diminuição do uso de produtos químicos e a valorização de processos biológicos e vegetativos no sistema de produção. Tais princípios estão rela- cionados com a utilização de práticas agrícolas – como a adubação orgânica de origem animal ou vegetal –, a rotação de culturas e o controle biológico de pragas. Segundo Souza (2000), o termo “orgânico” deve ser utilizado quando é possível visualizar “[...] o conceito da unidade produtiva como um organismo, onde todas as partes componentes – solo, minerais, microorganismo, matéria orgânica, insetos, plantas, animais e homens – interagem para criar um todo coerente [...]”. Organic 3.0 A feira Biofach, ocorrida em Nuremberg em 2014, foi o local onde houve a proposta de uma nova fase do setor de orgânicos – a Organic 3.0. Segundo a IFOAM, essa é a terceira onda do setor, concentrada e focada na indústria agrí- cola e alimentar sustentável e saudável, representando o desafio de “[...] focar as atenções na agricultura ecológica, prover o desenvolvimento da agricultura familiar, cuidar dos recursos naturais e estabelecer padrões alimentares para uma agricultura sustentável [...]” (IFOAM ORGANIC INTERNATIONAL, 2016). De acordo com a IFOAM, “[...] a partir das ideias dos pioneiros (Organic 1.0) e as conquistas coletivas do setor (Organic 2.0), agora precisamos de alianças para avançar para o nosso sonho de uma agricultura sustentável [...]” (IFOAM ORGANIC INTERNATIONAL, 2016). Os conceitos do Organic 3.0 são, resumidamente, os seguintes: � quanto mais claro o perfil de qualidade de produtos orgânicos, maior será o impacto simbólico; 11Meio ambiente e desenvolvimento sustentável � o produto orgânico deve se concentrar mais na orientação para as ne- cessidades dos clientes; � é preciso apresentar um design adequado do produto e simplificar os suportes técnicos por meio de informações de modo de preparo no rótulo; � a filosofia holística da agricultura orgânica deve continuar por todo o ciclo do produto no futuro; � o conceito de partilha traz dinâmica para as cooperações regionais; � o desenvolvimento promove o uso de sinergias entre os espaços rurais e urbanos; � os consumidores estão mais estreitamente ligados à produção, e é pre- ciso incentivá-los a ser “prosumers” (consumidores que se tornam produtores, ao mesmo tempo); � “o produto orgânico deve contar com uma estratégia de saúde, em vez de usar a absurda competição da ‘alimentação saudável’ com o ‘melhor valor nutricional’ contra os produtos convencionais ou mesmo adaptados (alimentos funcionais)”; � é preciso se afastar das promessas de saúde monocausais e caminhar em direção a contextos sistêmicos de estilo de vida, alimentação e saúde; � um retorno às variedades antigas e seu cultivo na agricultura orgânica deve ocorrer de mãos dadas com uma intensa pesquisa, a fim de marcar e provar o suposto potencial de saúde, não apenas com as alternativas culinárias; � os consumidores não veem produtos orgânicos apenas como produtos, por isso, devem ser geradas oportunidades e locais para percebê-los de uma forma abrangente, cognitiva e multissensorial e em troca co- municativa com os outros. O consumidor de produtos saudáveis De acordo com o professor americano Michael Conroy (apud FRANÇA, 2008), existe uma disposição dos consumidores em pagar por novas dimensões de qualidade dos produtos. Conforme o autor, 80% dos consumidores da União Europeia estão dispostos a pagar 5% a mais pelo produto (CONROY apud FRANÇA, 2008). Essa disposição dos consumidores está promovendo mu- danças no comportamento das redes de varejo de alimentos, que passaram a aumentar o volume de compra desses produtos. As motivações para o consumo variam em função do país, da cultura e dos produtos analisados, mas observando países como Alemanha, Inglaterra, Meio ambiente e desenvolvimento sustentável12 Austrália, Estados Unidos, França e Dinamarca, identifica-se a tendência de o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saudabilidade; em segundo lugar, aspectos relacionados ao meio ambiente e, depois, a questão do sabor dos alimentos orgânicos (DAROLT, 2001). O mesmo autor aponta que, no Brasil, parece existir uma tendência seme- lhante – segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) e que analisou de maneira geral a questão ambiental. O estudo mostrou que o consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro por um produto que não causa danos ambientais, e que uma faixa de 68% do público pesquisado fez essa afirmativa, enquanto outra de 24% se mostrou contrária à ideia. Essa tendência pode ser verificada mesmo na população com baixa renda familiar (DARLOT, 2001). O Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis) realizou em 2017 uma pesquisa que entrevistou 905 pessoas, em nove capitais de quatro regiões brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste). Os entrevistados tinham idade de 18 a 69 anos, sendo 46% do sexo masculino e 54% do sexo feminino. O resultado foi: classe A, 5%; classe B, 27%; classe C, 18%; classe D-E, 50%. De acordo com a pesquisa, 15% da população urbana brasileira consumiu algum tipo de alimento ou bebida orgânica no último mês, sendo que os principais produtos em cada região foram os le- gumes (região Sul), as frutas (região Nordeste) e os cereais (região Sudeste) (ORGANICSNET, 2017). Segundo Giordano (2000), o consumo de produtos verdes não é “moda”, pois representa a orientação de compra dos indivíduos, seus valores sociais e outras características, como a busca pela qualidade e por produtos com baixo impacto ambiental, a preferência por produtos com denominação de origem e selos verdes e a aceitação em pagar mais por um produto ambientalmente mais seguro. Assimetria de informações Uma das questões relacionadas ao consumo de alimentos orgânicos refere- -se à assimetria de informações nesse mercado, pois os produtos apresentam atributos que não são facilmente observáveis no momento da compra, como a maneira como foram produzidos (SOUZA, 2000). Você pode estar se perguntando: como os consumidores percebem as externalidades positivas ao meio ambiente presente no produto? Por que o consumidor pagaria mais pelo produto orgânico? Segundo Souza (2000), a 13Meio ambiente e desenvolvimento sustentável disposição do consumidor em pagar mais por produtos orgânicos – que trazem associados atributos sociais, ambientais e de saúde – depende bastante da sua condição econômica, pois os produtos geralmente são mais caros do que os produzidos pelo método convencional. De acordo com a United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD, 2009?), quando a renda aumenta, o consumo de certos produtos é influenciado por outros fatores que não são necessariamente os econômicos. É possível analisar o produto orgânico como um bem de crença, isto é, bens em que os principaisatributos do produto não são perfeitamente avaliados pelo consumidor, mesmo após a compra. Na decisão de compra, considera-se a credibilidade da marca e do fornecedor, a imagem pública e a reputação da empresa ou da entidade certi- ficadora. Podem ser classificados como bem de crença os produtos ou serviços com conteúdo religioso, como os alimentos judeus Kosher, ou os preparados com base nos preceitos islâmicos (Halal). A comercialização de bens de crença deve ser feita segundo estratégias de diferencia- ção, mas para que seja efetiva, é primordial que o produto tenha uma ótima qualidade, pois os consumidores precisam acreditar que existe uma diferença entre o produto oferecido pela empresa e os produtos de empresas concorrentes (SOUZA, 2000). Perfil do consumidor de produtos orgânicos Para Darolt (2001), existem basicamente duas categorias de consumidores orgânicos: � os consumidores mais antigos, que estão motivados e bem informados, que são exigentes em termos de qualidade biológica do produto e fre- quentadores das feiras verdes de produtos orgânicos; � os consumidores das grandes redes de supermercados. Conforme o autor, o consumidor que frequenta feiras orgânicas costuma ser profissional liberal, a maioria (66%) é do sexo feminino e tem idade va- riando entre 31 e 50 anos (62% dos casos). Apresentam nível de instrução elevada (a maioria cursou o ensino superior), têm hábito de praticar esportes Meio ambiente e desenvolvimento sustentável14 com frequência (54,9%) e, mesmo morando na cidade, procuram um estilo de vida saudável, sendo que 62,9% frequentam parques e bosques regularmente (Darolt, 2001). Moreno et al. (c2016) desenvolveram uma pesquisa que analisa o con- sumo de açúcar orgânico. Os autores concluíram que o consumidor de feiras orgânicas tem necessidades e comportamentos diferentes do consumidor do mesmo produto que realiza suas compras no supermercado. O consumidor de feiras orgânicas se dirige ao ponto de venda para comprar produtos orgânicos e também para conversar e interagir com os produtores e com outros com- pradores. Segundo os autores, “[...] trata-se de um público fiel, tradicional e mais crítico com relação aos produtos que seguem o conceito orgânico, que expressa nos seus hábitos de alimentação uma forma de prazer e preocupação, principalmente com a saúde e meio ambiente. O mais interessante é que o preço pago por isso não é relevante para a maioria desses consumidores.” (MORENO et al., c2016). Para o consumidor que compra açúcar orgânico no supermercado, o preço é um fator importante, pois, apesar de ele conhecer os atributos relacionados a esse tipo de produto, há maior preocupação relativa ao valor gasto pelo produto do que para o consumidor que frequenta feiras orgânicas. Os autores também constataram que, nos supermercados, uma parcela significativa de pessoas não consome açúcar orgânico por falta de informações sobre o produto (MORENO et al., c2016). De acordo com as pesquisas de Lohr e Semali (2000), de maneira geral, os consumidores de orgânicos de diversos países apresentam características diferentes: � Estados Unidos: os consumidores (homens e mulheres) estão na faixa etária de 18 a 29 anos e de 40 a 49 anos. � Japão: o consumidor típico é mulher com idade na faixa dos 30 a 40 anos. � Holanda: homens e mulheres na faixa de 25 a 50 anos, que moram sozinhos ou com crianças. Sistema de distribuição dos alimentos orgânicos Nos Estados Unidos (maior consumidor de alimentos orgânicos), a maioria das vendas é feita em mercados menores, pois o consumidor desse tipo de produto prefere um alimento fresco, que seja produzido próximo à região onde ele mora. A preferência por produtos regionais vem aumentando também em 15Meio ambiente e desenvolvimento sustentável países da União Europeia, pois, além do frescor no produto, as despesas com o transporte do produto são menores e há um estímulo da economia regional. A Ásia é o terceiro maior mercado do mundo, com um volume de vendas de cerca de US$ 3,5 bilhões. No Brasil, cerca de 70% dos produtos são vendidos em supermercados que trabalham com marcas específicas para tais itens. Nas grandes redes de supermercados existem áreas exclusivas para produtos orgânicos. Os outros pontos de distribuição são lojas e restaurantes naturais, distribuidoras, hotéis, centrais atacadistas, feira livres e vendas em mercados menores com entrega em domicílio. De acordo com a pesquisa da Organis, realizada em 2017, os produtos orgânicos são comprados no varejo convencional (supermercados), em feiras e lojas especializadas e direto com o produtor. Os principais locais de compra dos consumidores brasileiros são (ORGANICSNET, 2017): � supermercados (68%); � feiras (28%); � lojas de produtos naturais (3%); � grupos de compras coletivas (1%). De acordo com Lohr e Semali (2000), o consumidor de orgânicos se pre- ocupa bastante com a origem do produto, com o fato de a produção ocorrer na região e com aspectos éticos e ambientais. Certificação Fair Trade Um novo mercado para as pequenas empresas e para os produtores de agricul- tura familiar está surgindo. É um mercado exigente, com demanda crescente e não sofre concorrência das grandes empresas do setor, as quais produzem um produto homogêneo e trabalham com grandes escalas de produção. As pequenas empresas operam em uma escala menor de produção, trabalham com agricultura familiar e terceirizam a sua produção (TAVARES; D’ÁVILA, 2014). A revolução na tecnologia de transmissão de informações está tornando o consumidor mais consciente e exigente em relação aos produtos alimentícios; está fazendo também com que esse consumidor se torne um influenciador sobre as ações da indústria. A defesa do meio ambiente e a busca por alimentos Meio ambiente e desenvolvimento sustentável16 saudáveis e equilibrados tem levado à criação de novos produtos embasados em tal conceito e feito com que alguns produtos que não seguem esse caminho deixem de ser consumidos. Essa mudança nos hábitos de consumo aumenta os cuidados que as empresas precisam ter com a qualidade dos seus produtos, pois só assim poderão oferecer produtos adequados aos novos nichos de consumo, que estão cada vez mais exigentes (FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1991). Você sabe o que é comércio solidário? A proposta do comércio solidário é baseada em princípios básicos, como justiça social, transparência, preço justo, solidariedade, desenvolvimento sustentável, respeito ao meio ambiente, transferência de tecnologia e aumento da renda dos produtores. Nesse comércio, há uma sensibilização dos consumidores a adquirirem um produto que tenha compromisso com o desenvolvimento da comunidade e de grupos de pequenos produtores. Geralmente, o preço determinado para o produto está acima do valor de mercado – o que é conhecido como “preço prêmio”. Essa diferença retorna à comunidade, que irá discutir a sua melhor utilização (DINIZ, 2006). Em 2001, na Europa, o mercado para produtos do comércio solidário movimentou US$ 230 milhões, incluindo os produtos artesanais vendidos em lojas no mundo inteiro e também os produtos alimentícios vendidos com o selo “comércio justo”. Aproximadamente 80% desse valor (US$ 185 milhões) corresponde a produtos certificados pela Fairtrade Labelling Organizations (FLO). Os maiores compradores de produtos certificados são Alemanha, Reino Unido e Holanda (DINIZ, 2006). O mercado aumentou quase 10 vezes desde o ano 2000 e superou os US$ 3 bilhões de 2007, segundo a associação sem fins lucrativos Fair Trade Labelling Organization International, que fixa critérios de comércio justo (AVRIL, 2008). Em 2009, de acordo com o Sebrae, cerca de 1 milhão de agricultores de 50 países receberam o benefício direto do comércio justo, sendo que as vendas no varejo superaram U€ 2 bilhões (R$ 4,42 bilhões). O montante foi 22% superior ao negociado em 2008. 17Meio ambiente e desenvolvimento sustentável Perfil do consumidor do comércio justoO perfil do típico consumidor do comércio justo mudou de forma drástica e deixou de ser o religioso de boa vontade – característico da época em que as colônias europeias ficavam independentes de suas metrópoles. A compra de bens que garantissem um preço decente aos agricultores pobres das nações em desenvolvimento se tornou um ato político. Atualmente, as vendas desses produtos vêm crescendo, sendo que na França as vendas aumentaram cerca de 30% ao ano (TAVARES; D’ÁVILA, 2014). De acordo com Avril (2008), o comércio justo moderno começou com o café da América Latina, um produto básico que continua sendo o mais vendido, mas há novos produtos que são responsáveis pelo crescimento. Os últimos avanços na variedade de mercadorias justas contribuíram para a expansão do setor. Um exemplo é o lançamento de roupas para jovens por uma cadeia parisiense de lojas dedicadas a esse tipo de produto, que tomou a decisão de comercializar a linha após vários escândalos gerados pela exploração de trabalhadores em fábricas de grandes corporações do setor da moda. As pessoas ficaram mais sensíveis à questão das condições de trabalho dos trabalhadores que elaboram as roupas e querem continuar comprando tênis e camisetas da moda criadas por jovens modelistas conscientes (AVRIL, 2008). Segundo a autora, a maior consciência social que existe no mundo da moda é a responsável pelo aumento do comércio do algodão “justo” procedente da África ocidental, região historicamente atrasada em relação à América La- tina e à Ásia. Verificou-se um aumento do comércio justo de produtos como artesanato e café africanos nos últimos anos, além do aumento da venda de cosméticos “verdes” e justos (AVRIL, 2008). O comércio justo amplia a variedade de produtos oferecidos e muda a própria essência do negócio. Assim, o que se verifica atualmente é que os principais supermercados e cadeias de venda direta vêm aumentando a sua linha de produtos qualificados como “éticos”. A certificação fair trade assegura aos consumidores o pagamento de um preço justo, além de ser um prêmio social que contribui para o desenvolvimento da região de produção do item. O mercado de produtos certificados vem crescendo no Brasil e no mundo e é importante conhecer o tipo de mercado e o perfil dos consumidores, pois assim é possível orientar o trabalho de produção e direcionar o processo de marketing e comercialização, além de ter uma ideia da importância desse segmento de consumo no mercado regional (TAVARES; DÁVILA, 2014). Meio ambiente e desenvolvimento sustentável18 Segundo Avril (2008), no Brasil, o mercado para produtos com o selo de “comércio justo” desenvolveu-se por meio de iniciativas como o “Suco Justo”, que foi um projeto piloto da FLO e que envolveu produtores de laranja da região de Paranavaí, no Paraná. O projeto viabiliza a comercialização do suco de laranja produzido pela Paraná Citrus na Alemanha, Suíça e Áustria e é supervisionado pelo Conselho Municipal de Direito da Criança e do Adolescente em associação com a prefeitura local. Desse modo, o projeto possibilitou melhorias sociais e a regularização do trabalho dos produtores, que é uma das condições obrigatórias para se obter o selo. A Cooperativa dos Agropecuaristas Solidários de Itápolis (COAGROSOL), localizada em Itápolis (SP), foi criada em 2000 a partir de uma pequena comercialização para a Europa. A cooperativa reunia 35 produtores com propriedades pequenas (cerca de 30 hectares). Os produtores adaptaram-se às exigências dos consumidores solidários, que buscavam produtos ecologicamente corretos e com um cunho social. Os produtores tiveram que seguir normas ambientais nas suas plantações, rejeitar o trabalho infantil e pagar bons salários aos funcionários (TAVARES, 2006). Os cooperados se uniram, adquiriram a certificação em grupo e conquistaram selos do Instituto Biodinâmico (IBD) e da Fairtrade Labelling Organization International (FLO). O valor recebido pelos produtores é aplicado em projetos sociais, como o projeto “Suco Justo” – iniciativa de combate à desnutrição, desenvolvida em parceria com a Pastoral da Criança –, além do projeto da escola de artesanato e do curso de computação, que atende cerca de 250 trabalhadores rurais e familiares. A Coagrosol diversificou a sua produção e está produzindo limão tahiti, manga Palmer, goiabas e hortaliças, exportando 400 toneladas de manga por ano (metade com o selo orgânico), além de produzir 1.000 toneladas de suco de laranja. Em 2015, a cooperativa completou 15 anos com um faturamento de R$ 25 milhões. O cooperado participa dos resultados da cooperativa, recebe assistência técnica integral e participa da compra conjunta de insumos, financiada pela cooperativa (COOPERATIVA DOS AGROPECUARISTAS SOLIDÁRIOS DE ITÁPOLIS, 2017). AVRIL, H. Desenvolvimento: comércio justo, uma idéia bastante antiga. [S.l.]: IPS, 2008. Disponível em: <http://www.ipsnoticias.net/portuguese/2008/09/mundo/desen- volvimento-comercio-justo-uma-ideia-bastante-antiga/>. Acesso em: 17 maio 2017. BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum: comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. 2. ed. 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Com um aumento da presença em supermercados e uma extensa base de consumidores de orgânicos e compradores regulares, o mercado de alimentos orgânicos está crescendo no mundo inteiro. O crescimento do mercado, impulsionado pelos consumidores que buscam alimentos mais sustentáveis, vem sendo limitado pelo processo que exige organização da cadeia produtiva e do sistema de certificação. Entre os alimentos que devem ampliar o faturamento dos orgânicos em 2016, estão os produtos lácteos e de origem animal, com maior valor agregado. Porém, mesmo o consumo global ainda é pequeno diante do faturamento geral do setor de alimentos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Em relação ao conceito de desenvolvimento sustentável, é correto afirmar: A) O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de políticas, relacionadas ao meio ambiente. B) É preciso manter a integridade ecológica, sem se preocupar em satisfazer as necessidades básicas dos seres humanos. C) O desenvolvimento sustentável busca a eficiência econômica, mas, ao mesmo tempo, a eficiência social e ecológica. D) Alcançar equidade e justiça social, sem se preocupar com o meio ambiente e com as gerações futuras. E) Preocupa-se apenas em promover a diversidade social e cultural. 2) A agricultura sustentável já vem sendo adotada com muito sucesso em vários lugares do Brasil. Sendo assim, é correto afirmar: A) No modelo de agricultura sustentável, deve ser produzido apenas um tipo de cultura, como, por exemplo, a soja. B) Nesse modelo, o resultado é apenas no meio ambiente, não se consegue o desenvolvimento econômico. C) Uma das soluções encontradas para a agricultura sustentável foi o uso do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). D) Com a ILPF, é possível preservar os recursos naturais, mas, por outro lado, a produtividade será muito baixa. E) O modelo de monocultura e economia de escala, utilizado principalmente nas regiões norte e centro-oeste do Brasil, deve ser adotado em todo o Brasil. 3) Em relação à agricultura sustentável, é correto afirmar: A) As mudanças climáticas e a emissão de gases deefeito estufa não são uma das grandes preocupações da humanidade, quando se pensa no meio ambiente. B) O sistema de plantio direto é uma técnica conservacionista, que começou a ser implantada no Brasil na década de 1930. C) A agricultura sustentável já vem sendo adotada com muito sucesso em vários lugares do Brasil, e uma das soluções encontradas foi o uso do Sistema de Integração Lavoura- Pecuária-Floresta (ILPF). D) Os sistemas ILPF trazem benefícios ao meio ambiente, mas não ao agricultor, pois aumentam os custos de produção das atividades agrícola, florestal e pecuária. E) No sistema plantio direto, o agricultor não precisa ter qualificação técnica, pois é muito fácil produzir. 4) Em relação ao consumo de produtos fair trade, ou comércio justo, é correto afirmar: A) O preço determinado para esse tipo de produto é o mesmo preço dos outros produtos do mercado. B) Esses produtos são iguais aos outros, não mudam nada, mas destacam-se porque têm uma boa ação de Marketing. C) Nesse tipo de comércio, não há uma sensibilização dos consumidores ao adquirirem um produto que tenha compromisso com o desenvolvimento da comunidade e os grupos de pequenos produtores pobres. D) No comércio justo, as empresas que utilizam o selo não precisam dar garantias que não utilizam trabalho escravo e também mão de obra infantil. E) A proposta do comércio solidário é baseada em princípios básicos como: justiça social, transparência, preço justo, solidariedade, desenvolvimento sustentável, respeito ao meio- ambiente, transferência de tecnologia e aumento da renda dos produtores. 5) O consumidor de produtos sustentáveis tem algumas preocupações. Entre elas pode- se afirmar: A) Quando a renda aumenta, o consumo de certos produtos é influenciado por outros fatores que não são necessariamente os econômicos. B) Os principais princípios da agricultura orgânica são a rotação de culturas, a manutenção do uso de produtos químicos e o controle biológico de pragas. C) Não são consideradas na decisão de compra: a credibilidade da marca e do fornecedor. D) Quando a renda diminui, o consumo de orgânicos continua o mesmo. E) A imagem pública, a reputação da empresa ou da entidade certificadora não são importantes, pois o que importa é se o preço está bom. NA PRÁTICA A certificação fair trade é concedida pela Organização Fair Trade Labelling Organization International (FLO), sediada na Alemanha a fabricantes de 14 países europeus e também do Japão, Canadá e dos Estados Unidos. A certificação identifica produtos de empresas que pagam mais que a média do mercado aos fornecedores, geralmente agricultores do terceiro mundo, e as empresas que possuem a certificação garantem que não usam de trabalho escravo e mão de obra infantil. No Brasil, a primeira iniciativa de empresa certificada pela organização é uma entidade de pequenos proprietários rurais do norte da Bahia, que exporta sucos de frutas. Veja, a seguir, a definição do fair trade e seus princípios: SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A certificação fair trade na fruticultura brasileira. Artigo que relata a exportação de frutas brasileiras com a certificação do fair trade e os resultados obtidos na exportação. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O embaixador do café fair trade. Artigo sobre cafeicultor mineiro que comanda uma cooperativa de 25 associados e 15 mil produtores. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Agropecuária brasileira: como reverter as emissões de gases de efeito estufa? Artigo do site oficial do SEEG, com instruções de prevenção aos gases de efeito estufa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Site Oficial do Projeto Brasil Food Trends 2020 - O projeto tem como objetivo a apresentação das principais tendências da alimentação, e a análise de seus impactos para as diferentes atividades e setores de alimentos no Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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