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Je an C ar lo s Pa di lh a G es tã o da s eg ur an ça , S aú de e m ei o am bi en te Jean Carlos Padilha Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente 2ª Edição Curitiba 2018 Jean Carlos Padilha Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501 P123g Padilha, Jean Carlos Gestão da segurança, saúde e meio ambiente/ Jean Carlos Padilha. – 2. ed. – Curitiba: Fael, 2018. 252 p.: il. ISBN 978-85-5337-006-1 1. Meio ambiente 2. Biossegurança I . Título CDD 363.1 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Angela Amábile Santana Projeto Gráfico Sandro Niemicz Imagem da Capa Shutterstock.com/Vanatchanan Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Apresentação A atenção profissional voltada à Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (assim como Qualidade, Responsabilidade Social e Riscos) faz parte do contexto contemporâneo dos Sistemas Gerenciais Empresariais onde, cada vez mais, os profissionais que atuam nestas áreas devem possuir conhecimento técnico em cada um destes segmentos, alinhado com as boas práticas gerenciais e visão holística sobre os processos e pessoas. Tradicionalmente, as empresas buscam agregar, em deter- minados Setores, atuação em áreas consideradas “comuns”, no sen- tido de atuação conjunta de profissionais, ou um profissional agre- gando mais do que uma área de conhecimento. Há, comumente, empresas que possuem Setores denominados SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança), QSMS (Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança) ou outras denominações, conforme a nacionalidade original do empreendimento, como EHS (Environment, Health and Safety). – 4 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente À partir da necessidade empresarial, os profissionais buscam aperfeiço- arem-se, realizando cursos Técnicos, Tecnológicos, Bacharelados, além de Pós-Graduações lato senso e strictu senso, onde partem de uma formação em uma determinada área. A isto pode ser complementando com outra formação mais abrangente e, assim, possibilitar novas oportunidades profissionais além da possibilidade de escolha para atuar na área que mais lhe propicie retorno econômico e satisfação pessoal. Tradicionalmente, os profissionais da Área de Segurança do Trabalho, tendo por base os Currículos básicos das Instituições de Ensino, possuem disciplinas relacionadas à questão Ambiental (como Gestão Ambiental ou Auditorias de Sistemas). Já para os cursos da área Ambiental, poucos possuem disciplinas que abrangem a questão de Segurança do Trabalho, o que torna muitas vezes a formação “incompleta” já que o profissional formado entra no mercado de trabalho sem ter conhecimento básico dos requisitos de segu- rança ocupacional e saúde do trabalhador. Tendo por base a visão atual das necessidades do mercado, esta Inti- tuição de Ensino, procura propiciar aos discentes a oportunidade em obter conhecimento geral sobre aspectos de segurança do trabalho, oportunizando ao aluno uma visão sistêmica sobre estas três áreas (Segurança, Saúde & Meio Ambiente) permitindo que o aluno, além de conhecer sua formação de base (meio ambiente), também conheça áreas diferenciadas e extremamente rele- vantes à formação profissional. Sumário 1 Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico | 7 2 A Segurança do Trabalho | 35 3 Organização da segurança do trabalho na empresa | 43 4 A administração da segurança do trabalho | 55 5 Prevenção e combate ao incêndio | 69 6 Saúde do Trabalhador | 81 7 Legislação Trabalhista e Previdenciária | 89 8 Legislação na área de Saúde e Segurança Ocupacional – As normas Regulamentadoras | 103 9 Meio Ambiente: Programas de Gestão Ambiental nas Empresas | 153 10 Auditoria Ambiental | 179 Anexo I | 195 Anexo II | 229 Bibliografia Básica | 247 Bibliografia Complementar | 251 1 Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico A Segurança e a Saúde, em todas as suas variações temáticas e conceituais são aspectos intrínsecos do ser humano e, como tais, nos dão suporte à vida e às relações sociais. Desde os primórdios de nosso desenvolvimento como gênero Homo, nossos ancestrais passaram por extremas provações ambien- tais e culturais o que, através da evolução e da adaptação, nos trazem à luz dos dias atuais com nossas variações, características, sanidade, doenças, parasitas, agentes simbióticos e toda a capacidade de adap- tação com o ambiente que nos cerca. Desde que o homem passou a dominar o fogo e mudou seu hábito de nômade para sedentário, houve intensa transformação do ambiente e do alimento disponível. As proteínas e gorduras de ori- gem animal e vegetal, após passarem pelo fogo, passaram a dispo- nibilizar aos humanos uma nutrição diferenciada, disponibilizando – 8 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente nutrientes até então não assimiláveis quando da ingestão de alimentos in natura, bem como no manuseio e preservação destes (alimentos após cocção ou assados passam a ter maior conservação que os crus). O domínio do fogo também passou a ser um agente de extrema importância para a ambientação do homem primitivo. O aquecimento nas noites e períodos frios propiciou a agregação, o aprimoramento da linguagem, a socialização, a troca de experi- ências e, consequentemente, a difusão de conhecimentos entre os componen- tes daquele ambiente. Ao manipular o fogo, o homem pôde transformar o local de vivência, criar novos materiais (a partir do aquecimento de minérios, transformando-os em materiais metálicos), dominar diferentes ambientes e, consequentemente ao longo de muitos anos, adaptar-se. Mas isto teve um preço: quantas mutilações por queimaduras, intoxicações e mortes houve até que o homem ancestral, efetivamente, dominasse o fogo e o percebesse, não mais como uma divindade ou algo inexplicável, mas como um agente de segurança e que possibilitaria melhoria de sua qualidade de vida? Claro que o homem desta época não tinha este conceito ou percepção. Consegue-se, hoje, através destes estudos, teorizar em como isto pode ter acontecido ao longo dos milênios. Fonte: www.sobrehistoria.com. Através do domínio do fogo, como citado anteriormente, a extração, manipulação e processamento de metais também foi um marco da evolução do homem. A obtenção de ferramentas rudimentares deu origem a outras – 9 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico mais elaboradas, a obtenção de ligas e o domínio dos metais sobre as pedras. Mais uma vez: revolução e transformação do ambiente e alimentação, aciden- tes, intoxicações por fumos metálicos, lesões e mortes. A evolução teve, sem dúvida, um grande salto com a Agricultura, há cerca de 10 mil anos atrás. A partir do momento que passou a preservar sementes e cultivar as plantas para a sua subsistência, além do aspecto nutri- cional e ambiental que o cultivo de alimentos passou a ter, o homem levou consigo o aumento da domesticação de animais, os rituais (de agradecimento aos deuses, de sacrifícios), as festas, as relações sociais, bem como os pro- cessos básicos de transformações e processamento de alimentos (fermenta- ções, destilações e defumações). Neste período a utilização de pedras, ossos, chifres, marfim e tecidos já faziam parte da rudimentar forma de socie- dade existente. A introdução de nutrientes, substâncias e materiais trouxe ao homem novas experiências e, consequentemente, riscos associados (intoxicações, lesões), além de curas de determinadas moléstias através de um uso mais inten- sivo de plantas (sementes, folhas, extratos, unguentos), o que fez com que o conhecimento empírico sobre o ambiente pudesse ser explorado e repassado durante gerações. Técnicas de manejo de solo (irrigação, plantio, colheitas)e preservação de alimentos propiciaram ao homem um melhor controle do ambiente, o que consolidou a forma de vida sedentária, criando-se espaços comuns e a sociabilidade. Com o desenvolvimento das grandes civilizações antigas e início da escrita, há aproximadamente 4.000 anos a.C., em especial Mesopotâmios, Gregos, Romanos, Egípcios, Maias, além do início de impérios orientais (Índia e China), houve desenvolvimento singular em várias áreas, como a arquitetura, a agricultura (com o aperfeiçoamento na seleção e preservação de sementes e alimentos, a melhoria das técnicas de plantio, irrigação e drena- gem), o exército, a sociologia e a filosofia, as artes, a navegação, a medicina e a manufatura. Com isto houve um salto no aumento das taxas de natalidade e expectativa de vida. A introdução da manufatura e o trabalho artesanal passa- ram a se tornar método de trabalho (em especial o escravo) trazendo à luz da sociedade daquela época mais alimentos e controle de doenças. A fabricação e utilização de papel, tecidos, tintas, especiarias, perfumes, extratos, destila- – 10 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente ção de álcool foram aprimoradas. Devido às novas atividades desenvolvidas e aperfeiçoamento de outras, como construções e metalurgia, novos riscos foram apresentados aos trabalhadores ocasionando imensuráveis números de acidentes e mortes. Sob o ponto de vista ocupacional, no início da era cristã (Século I), as atividades de mineração e extração de metais já demandavam cuidados. Têm-se os primeiros registros de utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI), com a utilização de bexigas desidratadas de animais como máscara para a retenção de poeiras. Durante a Idade Média (Séculos V a XV), mesmo com o papel de domí- nio da igreja, houve mudança no perfil da sociedade (de agrário para a agre- gação em centros urbanos) gerando um grande salto no conhecimento. A busca intangível do Elixir da Longa Vida e da Pedra Filosofal (Lapis Phi- losophorum) pelos Alquimistas trouxe um aprimoramento da obtenção de determinadas substâncias, dando origem à base da Química Inorgânica com a obtenção de variados tipos de ácidos, bases, óxidos, além de alguns elementos da Química Orgânica, como alcoóis, acetatos, anidridos e éteres. As construções suntuosas (igrejas, mausoléus, castelos), a construção dos medievos, a fabricação de vitrais, o aprimoramento da medicina com suas técnicas cirúrgicas e anestésicas, a fabricação de medicamentos, tintas, curti- mentos, instrumentos e ferramentas, além do aprimoramento da manufatura em centros urbanos trouxeram aos trabalhadores novos riscos, lesões e causas de doenças e mortes. Aspectos de saúde pública relacionados às péssimas con- dições sanitárias (lixo, esgoto, fezes, animais) propiciaram o desenvolvimento de doenças e pestes, que levaram milhões à morte. Em 1473 Ulrich Ellenborg publicou um panfleto sobre doenças pro- fissionais e acidentes entre mineradores. Ellenborg também escreveu sobre os efeitos tóxicos do monóxido de carbono, mercúrio, ferro e ácido nítrico, apresentando recomendações específicas sobre higiene e medidas preventivas de proteção. Em 1556 Georgius Agricola publicou o Livro “De Re Metallica”, onde apresentou diversos estudos e problemas relacionados à extração, fusão e fun- dição de minerais argentíferos e auríferos, base de obtenção de prata de ouro, além de estudos relacionados à silicose e doenças respiratórias relacionadas ao – 11 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico pó oriundo do granito. Em seu trabalho também apresentou a base de métodos para a ventilação em minas e formas de proteção. Onze anos após a publicações de Agricola, Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mundialmente conhecido como Paracelso, é reconhecido como o pai da Toxico- logia e precursor da Farmacologia moderna, reali- zou a primeira monografia relacionando trabalho e doenças, em especial sobre os efeitos da mine- ração de mercúrio. É de Paracelso a célebre frase “Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente adosecorre- tadiferenciaovenenodoremédio”. Em 1700, o médico Bernardino Ramazzini publicou, na Itália, um livro de notá- vel repercussão mundial: “De morbis Artificum Diatriba” (Doenças dos Artífices ou Doenças dos Trabalhadores), descrevendo detalhada- mente várias doenças relacionadas a 50 profissões diversas. Ramazzini foi o pri- meiro a introduzir, nos processos de ana- mnese, o questionamento: “Qual é a sua ocupação (trabalho)?”. A partir da Revolução Industrial (Século XVIII) ocorrida, em especial, na Inglaterra, houve intensa modificação não somente nos métodos de produção, mas na sociedade em si (como era conduzida até a Idade Média). Houve mudança sig- nificativa nos locais de vivência (campo) e Fonte:www.kettererkunst.de/result.php. Fonte: www.library.usyd.edu.au. – 12 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente produção (base agrícola e comércio feudal) para cidades e fábricas. O apa- recimento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, com uso de força motriz oriunda, inicialmente, de energia hidráulica e posteriormente térmica fez com que houvesse avanço na fabricação e uso de máquinas a vapor. A utilização do vapor como energia-base para a movimentação de máquinas demandou de mão de obra, por isto muitas fábricas foram estabe- lecidas nos centros urbanos já constituídos, bem como a instalação destas nos ambientes disponíveis (galpões, estábulos, armazéns). As precárias instalações, em consonância com equipamentos e máquinas sem proteção, destacavam- -se por gerar condições insalubres aos trabalhadores (que nesta época eram constituídos por homens, mulheres e crianças, sem qualquer restrição quanto à saúde ou desenvolvimento físico). Devido ao grande número de filhos e à baixa remuneração existente, as crianças eram vistas como mão de obra barata, sendo então utilizados de forma indiscriminada nos mais variados segmentos fabris. Não existia limite de horas de trabalho ou condição conforme faixa etária ou sexo. Crianças eram especialmente acometidas a doenças infecto contagiosas oriundas das más condições do ambiente de trabalho e a grande concentração e promiscui- dade dos trabalhadores à época. Em 1802, o Parlamento Britânico aprovou a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, sendo esta considerada como a primeira Lei de Proteção aos Tra- balhadores. Dentre os principais pontos apresentados, estão: o limite de doze horas de trabalho por dia; a proibição do trabalho noturno; a obrigatoriedade dos empregadores em lavar as paredes das fábricas duas vezes ao ano; bem como a obrigatoriedade de ventilação em ambientes fabris. Em 1833 o Parlamento Britânico também aprovou o “Factory Act” (Ato das Fábricas), que se tornou a base para a regulamentação normativa das ati- vidades laborais não só na Inglaterra, mas em diversos países do mundo. Este Ato estabeleceu: idade mínima de 9 anos para o trabalho; crianças entre 9 e 13 anos poderiam trabalhar, no máximo, 42 horas semanais; crianças entre 13 e 16 anos poderiam trabalhar, no máximo, 69 horas semanais; proibia o trabalho noturno aos menores de 18 anos; estabelecia que as fábricas deve- riam ter escolas; estabelecia que um médico deveria atestar se o desenvolvi- mento de uma criança trabalhadora correspondia à sua idade cronológica. – 13 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico Sob os reflexos da Revolução Industrial e Social, bem como das condi- ções de trabalho existentes, surge a necessidade de os países parametrizarem e estabelecerem diretrizes básicas, através de ações de mútua cooperação, pela unificação de prerrogativas do Direito do Trabalho no âmbito internacional. Em 1919, fruto do Tratado de Versalhes após a I Guerra Mundial, conforme estabelecido na Cláusula XIII que explicita “a criação de uma organização internacional do trabalho, com sede em Genebra (Suíça)”, surgea Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo propósito básico é propor- cionar às questões trabalhistas um tratamento uniformizado, funda- mentado na justiça social. Em 1945, logo após o fim da II Guerra Mundial, surge a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial de Saúde (OMS), que passam a atuar de forma integrada, em espe- cial quando se refere a assuntos do trabalhador. Estas Instituições definem o conceito de Saúde Ocupacional, cuja finalidade é: “Incentivar e manter o mais elevado nível de bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões; prevenir todo o preju- ízo causado à saúde destes pelas condições de seu trabalho, protegê-los em seu serviço contra os riscos resultantes da presença de agentes nocivos à sua saúde; colocar e manter o trabalhador em um emprego que convenha às suas aptidões fisiológicas e psicológicas e, em resumo, adaptar o trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho”. No Brasil, a Constituição do Império de 1824, faz uma única referência relacionada ao Trabalho, no título consagrado aos Direitos Civis e Políticos dos cidadãos brasileiros, ressaltando, entre os preceitos garantidores dos direi- tos individuais: “a liberdade de trabalho, de indústria e comércio, com a abo- lição das Corporações de Ofício”. Fonte: www.oit.org. – 14 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente Na Constituição Republicana de 1891, seguindo o modelo liberalista apresentado nas Constituições da Filadélfia, Suíça e Argentina, manteve o modelo previsto na Constituição anterior e consagrou a liberdade individual através da liberdade de associação. Na Constituição de 1926, tendo em vista os reflexos da 1ª Guerra Mun- dial, as questões sociais passaram a constituir parte do Direito Constitucional refletindo-se em duas noções básicas do ponto de vista do direito social: a de trabalho e a de bem público. O Congresso Nacional poderia, a partir de então, legislar sobre “o comércio exterior e interior, sendo-lhe permitido autorizar as limitações exigidas ao bem público, como também legislar sobre o trabalho”. No período de 1930 a 1934 (primeira fase da Era Vargas), houve intensa produção da legislação social, tendo nessa fase surgido quase todos os ins- titutos do direito novo e que até hoje ainda subsistem. Considera-se este o momento de maior significado para o trabalhador, até então resumido a sim- ples fonte de força física, sem valor próprio ou lugar na sociedade que o tipi- ficava como mero fator de produção. Na Constituição Republicana de 1934 os trabalhadores, assim como os cidadãos, passaram a ter seus direitos assegurados na própria Constituição, no capítulo denominado “Da Ordem Econômica e Social”, fazendo com que o caráter político destas relações desse espaço ao caráter democrático, sob o ponto de vista econômico e social. A Constituição de 1937, além de adotar os princípios do direito social já estabelecidos na Constituição anterior, agregou outros de natureza social, tais como a estabilidade, adicional para o trabalho noturno, garantia dos direitos do empregado quando da mudança de propriedade da empresa, nova orien- tação em relação ao direito sindical, onde somente o Sindicato regularmente reconhecido pelo Estado teria o direito de representação legal de seus asso- ciados, bem como estabeleceu o sistema de Unidade Sindical. Ainda, quando da vigência da Carta Magna de 1937, concretizou-se o Direito Material e Processual do Trabalho, por meio da promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vigente até hoje. Na Constituição de 1946 foi caracterizada a hierarquia constitucional de proteção à saúde do trabalhador através dos direitos à higiene e segurança – 15 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico no ambiente de trabalho reformulados, poste- riormente, nas Cartas Magnas de 1967 e 1969. Com a Constituição Federal de 1988 vigente, temos a consagração máxima dos direitos sociais, através da garantia da dig- nidade da pessoa humana e da proteção da saúde e segurança no ambiente de trabalho. Infelizmente cabe-nos, até hoje, a reflexão sobre a injusta realidade entre o que está esta- belecido no aparato legal e a realidade laboral de grande massa de trabalhadores brasileiros. 1.1 As Normas Internacionais de Gestão As Normas Internacionais de Gestão (Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade) estão diretamente relacionadas a Órgãos Internacionais de Padronização ou Normalização, como a ISO Internacional. Segundo o Portal da Educação: A International Organization for Standar- dization (ISO) é uma organização não governa- mental internacional, criada em 1947 com sede em Genebra (Suíça), que reúne mais de uma centena de organismos nacionais de normatiza- ção. Representa países que respondem por cerca de 95% do PIB mundial e tem por objetivo pro- mover o desenvolvimento da padronização de atividades correlacionadas, de forma a possibi- litar o intercâmbio econômico, científico e tec- nológico em níveis mais acessíveis aos aludidos organismos (Marshall Jr., 2001, apud Portal da Educação). A origem da ISO, como instituição internacional, é oriunda a partir de uma série de instituições nacionais de normatização, criadas nos Estados Unidos e em países Europa, objetivando padronizar, inicialmente, métodos Fonte: www.ebc.com.br. – 16 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente de produção industrial. Com o passar dos anos, as normas ISO passaram a estabelecer também critérios de qualidade de serviços e tecnologia. Historicamente, o grande fator de propulsão para a criação da ISO foi o cenário existente na Europa em 1947. Recém-saída da II Guerra Mundial e com a divisão mundial entre Capitalismo (tendo os Estados Unidos como maior representante) e Socialismo (tendo a URSS como maior represen- tante), a Europa estava passando por um processo de reestruturação de seus métodos de produção, necessitando de capital, com excesso de mão de obra, necessidade de reconstrução de cidades e ganhos de mercado através da venda de produtos industriais. O problema à época era a falta de padronização nos métodos produtivos, o que impedia que determinado produto produzido em um país pudesse ser prontamente utilizado em outro, que tivesse a demanda por este produto, pois, sem métodos adequados, a variabilidade nos processos produtivos era grande, o que dificultava o comércio internacional. Alia-se a este fator de importância de padronização do processo indus- trial a questão ambiental e histórica. A Europa foi o berço da Revolução Industrial no Século XVII, onde os métodos de produção industrial estavam mais desenvolvidos neste continente que países localizados em outros (como América Central e do Sul, África, Ásia ou Oceania). Em relação à questão ambiental trata-se, entre outros aspectos, a questão agrícola tendo em vista que a agricultura, para alguns países, é fortemente influenciada pela questão climática. Isto limita os processos de produção agrícola devido às caracterís- ticas das espécies vegetais ou animais, que poderiam ser desenvolvidas uma vez que, em alguns locais, temperaturas negativas são recorrentes em determi- nadas épocas do ano, o que compromete diretamente este tipo de produção. A ISO, através da contribuição dada pelas entidades representativas de normatização dos países signatários, passou a desenvolver normas ligadas, preliminarmente, à produção (máquinas, ferramentas e equipamentos dos mais diversos usos). A partir da padronização internacional dos métodos de produção, aos países signatários da ISO, passou a existir um maior mercado de aquisição de produtos contribuindo, assim, à economia destes países. Além do aspecto econômico, a padronização dentro das indústrias con- tribuiu também, signitivamente, na educação profissional dos trabalhadores. A padronização requer método, conhecimento, controle, avaliação da quali- – 17 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico dadedesde a aquisição da matéria prima até a logística de entrega ao cliente, além de comunicação entre todas as partes envolvidas. A participação dos países à ISO Internacional se dá através dos órgãos de Normalização dos diversos países interessados em participar ou contribuir com as Normas estabelecidas por este órgão internacio- nal. A participação de cada país demanda de os mesmos serem signatá- rios da Organização ISO, pagando royalties pelo uso da marca. Dentro da ISO Internacional há vários Comitês e Subcomitês especializados em diferentes áreas (produtos, serviços, processos industriais, meio ambiente, energia, alimentos, tecnologia, entre outras), que geram diversas séries de normas conforme o tema e onde os diversos países signatários podem con- tribuir na elaboração e/ou revisão das Normas. Por tratar-se de um fórum internacional, as demandas propostas são sempre discutidas e somente passam a ser denominadas como “Norma ISO” após muitas discussões e aprovação por plenária específica. Após uma Norma ISO ser aprovada e reconhecida, cada país signatá- rio pode traduzi-la às suas línguas oficiais, podendo então comercializá-la e torná-la passível de avaliação de conformidade quando, então, as atividades utilizadoras destas Normas serem reconhecidas como utilitárias dos preceitos da ISO. A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT é o órgão respon- sável por representar o Brasil junto à ISO Internacional. Assim sendo, sempre que uma Norma ISO é traduzida para ser utilizada em nosso país, passa a ter a denominação NBR ISO, como por exemplo, a Norma para implantação de Sistema de Gestão da Qualidade, denominada de NBR ISO 9001. 1.2 As Normas de Qualidade Com o passar dos anos, a evolução natural da produção (e seus métodos) foi a questão do atendimento ao cliente. Com a padronização de produtos, o mercado consumidor passou a ter produtos equivalentes, produzidos por diferentes tipos de empresas. Se todos possuem produtos equivalentes, con- quista o cliente aqueles que possuem um diferencial. Isto poderia ser: tempo de entrega, embalagem segura, garantia de qualidade, capacidade de troca – 18 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente em casos de defeitos, atendimento aos requisitos estabelecidos pelos clientes, entre outras demandas. A padronização dos métodos de produção com Qualidade, aliado ao bom atendimento ao Cliente, deu origem, no início da década de 1990, às Normas da Série ISO 9000, voltadas à padronização de produtos e servi- ços. Esta padronização deu um grande salto às empresas de todo o mundo, aumentando a competitividade em empresas dos mesmos segmentos, bem como propensos a um grande mercado consumidor mundial. A norma ISO 9001 é passível de certificação da série de normas da família ISO 9000. As demais são Normas de apoio e referência para a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade. A base das Normas dos Sistemas de Gestão da Qualidade é oriunda dos grandes mestres que elaboraram, estudaram e implantaram métodos de produção e controle. Walter A. Shewhart, W. Edwards Deming, Joseph M. Juran, A. V. Feigenbaum, Philip B. Crosby, Kaoru Ishikawa e David Gar- vin, em especial nos Estados Unidos, Japão e países da Europa Ocidental, a partir da década de 1950, contribuiram significativamente e também nas décadas seguintes. No Brasil, atualmente, segundo informações do INMETRO, exis- tem aproximadamente 2.500 empresas certificadas na NBR ISO 9001, versão 2008. O mundo sofreu grandes transformações no meio ambiente, a partir da Revolução Industrial, com o aprimoramento da Química Inorgânica e da descoberta e estudos avançados da Química Orgânica e Bioquímica. Novos materiais, medicamentos, formas de energia (como a nuclear), combustíveis, agrotóxicos e uma infinidade de substâncias passaram a fazer parte do coti- diano da sociedade contemporânea. Estas substâncias e materiais, aliadas ao uso cada vez mais intensivo dos recursos naturais pelas necessidades humanas como habitação, energia, terras agricultáveis, criação de animais, água, combustíveis, minerais e medicamen- tos, entre outros, fizeram com que a degradação ambiental e o consumo desenfreado passassem a serem pontos de fragilidade entre o desenvolvi- mento e o desequilíbrio ambiental. – 19 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico 1.3 A Temática Ambiental A partir da década de 1960, em especial após eventos mundiais, os quais tratavam incipientemente deste assunto, bem como pelo livro da bióloga americana Rachel Carson, Silent Spring ou “Primavera Silenciosa”, o qual tratava sobre o desequilíbrio ambiental e doenças ao homem e aves causa- das pelo consumo desenfreado de agrotóxicos, como o diclorodifeniltriclo- roetano (DDT), houveram intensas discussões que trouxeram luz ao mundo sobre a importância do equilíbrio ambiental e da sanidade do meio ambiente. A Conferência de Estocolmo, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972 foi considerada como a primeira Conferência Mundial para tratar das relações homem x natureza, discutindo os efeitos do consumo desenfreado dos recursos naturais, muito considerado até então como inesgotáveis. Em 1987, através da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desen- volvimento (também da ONU), houve a elaboração do Relatório Brundtland onde se cunhou o tema “Desenvolvimento Sustentável”, ou a “capacidade de saciarmos as necessidades atuais, com perspectivas de desenvolvimento, sem comprometer as necessidades das gerações futuras”. Este tema é hoje tido como um lema, ou seja, algo a ser adotado e implantado por empresas públicas ou privadas, governos, organizações não governamentais, e sociedade civil em todas as esferas. 1.3.1 Diferença entre Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade Durante muitos anos os termos “Desenvolvimento Sustentável” e “Sus- tentabilidade” foram considerados como sinônimos, inclusive por parte de professores e profissionais das áreas de Ciências Ambientais. Com uma avaliação mais crítica sobre estes conceitos, identificaram-se diferenças significativas entre os termos: 2 Desenvolvimento Sustentável: Tratado preliminarmente na década de 1970, mas muito mais utilizado a partir das década seguinte, trata da questão do desenvolvimento, porém limitando este à ques- – 20 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente tão ambiental, ou seja, deveria existir o desenvolvimento para saciar a necessidade atual, mas sem comprometer o futuro das gerações vindouras. O conceito de desenvolvimento, avaliado sob a ótica do capitalismo, leva diretamente à questão econômica, que poderia ser limitado se a questão ambiental fosse intensificada, então dever-se- ia encontrar um ponto de equilíbrio. 2 Sustentabilidade: Neste sentido, poderia ser considerado como uma “evolução” do conceito anterior uma vez que a Sustentabilidade não exclui o desenvolvimento, mas incorpora conceitos econômicos e sociais, assim enxerga o “ser humano”. Neste caso considera-se o trinômio: ambiente – economia – sociedade. Neste conceito, que é o mais aplicado hoje em dia em corporações de todo o mundo, busca-se respeitar o homem, o ambiente, as questões sociais, os con- tratos, condições e relações de trabalho, a qualidade de vida, moradia e socie- dade, além da obtenção do lucro, em caso de empreendimentos empresariais. 1.4 As Normas Ambientais nas Empresas A base das Normas Ambientais que conhecemos hoje, como as Normas da série ISO 14.000 originaram-se de um conjunto de normativas e práticas empresariais, além de bases legais de diversos países. Na União Europeia, as Diretivas, ou normas gerais de caráter legal a todos os países signatários, que devem ser incorporadas ao ordenamento jurí- dico de cada país, trazem objetivos gerais que todos os países membros devem alcançar, porém cada um utilizando seus métodos e formas específicos con- forme a característica de cada nação. Estas diretivas trouxeram base para a legislação dos países signatáriosem vários temas, sendo que atualmente a União Europeia possui aproximada- mente 6.300 diretivas. Dentro dos principais, podemos citar: Diretivas relacionadas à Saúde e Segurança do Trabalho: 2 Locais de trabalho, equipamentos, sinalizações, equipamentos de proteção individual; – 21 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico 2 Exposição a agentes químicos e segurança química; 2 Exposição a perigos físicos; 2 Exposição a agentes biológicos; 2 Disposições relativas aos riscos inerentes à carga de trabalho, aos riscos ergonômicos e aos riscos psicossociais; 2 Disposições específicas do setor e relacionadas com os trabalha- dores. Diretivas relacionadas à questão Ambiental: 2 Recursos hídricos e qualidade das águas; 2 Solos e passivos ambientais; 2 Energia e métodos de obtenção; 2 Indicadores e Balanços Ambientais; 2 Resíduos Sólidos; 2 Gerenciamento de produtos perigosos; 2 Alimentos e Segurança Alimentar; 2 Qualidade do ar e emissões atmosféricas. Várias instituições e organizações também atuam na padronização de méto- dos e práticas relacionadas às questões ambientais. Dentre estas podemos citar: National Organization Safety Asso- ciation – organização fundada em 1951 na África do Sul, originalmente elabo- rando normas e certificando empre- endimentos da área de mineração. Esta organização está presente hoje em países dos cinco continentes, inclusive na América do Sul. No Brasil possui escritório regional em São Paulo, atuando, entre outras áreas, em implantação de Sistemas e Certificação Integrada (Saúde, Segurança e Meio Ambiente) NOSA R A MICROmega Group Company Fonte: www.nosa.co.za. – 22 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente A demonstração de conformidade pela NOSA dá-se através da pontuação por “estrelas” – que variam de um a cinco – onde o padrão cinco estrelas é considerado como excelência. A implantação e a Certificação do Sistema é feita pela própria instituição NOSA. 1.5 ISO 14.001 Como já tratado anteriormente, as Normas ISO possuem uma vasta área de atuação e, dentro destas, as relacionadas à questão ambiental ganharam grande valor a partir do início da década de 1990. Influenciada pela maior percepção do homem frente à natureza e a perda da qualidade ambiental, ocorrida no planeta nas últimas décadas, a produção, comércio, serviços e consumo com uma visão ambiental passou a nortear as práticas em todos os setores da sociedade. O pensamento lógico para que fossem desenvolvidas normas ambien- tais dá-se pelo fato de que é impraticável produzir os melhores produtos, com os melhores serviços (ambos padrões ISO), se isto incorrer em perda da qualidade ambiental, incorrendo também, no surgimento de doen- ças pelo lançamento de efluentes, resíduos perigosos, extração de minerais e degradação do ambiente, além de lançamento de contaminantes no ar, água ou solo. A produção é uma necessidade, então isto somente é válido se esta produção não causar impactos ambientais negativos ou, ao menos, que estes impactos sejam minimizados, mitigados ou controlados por parte das organizações. Dentro das Normas da ISO Internacional, as Normas da série 14.000 tratam da questão ambiental onde a Norma de maior importância (e por ser a única certificável) é a Norma ISO 14.001, adotada no Brasil através da ABNT e denominada NBR ISO 14.001 - Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso. A origem da Norma ISO 14.001 se deu a partir dos resultados da Conferência de Estocolmo (1972), a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio, 1992) e o padrão estabelecido pelo Bristish Standard Institution, a BS 7750. Trata-se de uma norma que traz os princípios norteadores para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Dividida em – 23 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico cinco partes e 17 itens específicos, considera a ferramenta do PDCA como fonte de aplicabilidade. Figura 1 – Ciclo de implantação de um Sistema de Gestão, conforme preceitos do PDCA. O PDCA é um método de gerenciamento de ações, onde: Plan–Do– Check–Act (PDCA)/(Planejar–Executar– Verificar–Agir). 2 Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atin- gir os resultados em concordância com a política ambiental da organização. 2 Executar: Implementar os processos. 2 Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados. 2 Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão ambiental. Como toda Norma, a ISO 14.001 é orientativa, ou seja, para que um empreendimento possa utilizá-la, as vezes necessita contratar consultoria específica, treinar pessoas quanto à aplicabilidade da Norma, além de utilizar-se de normas auxiliares para que haja um melhor entendimento e utilização adequada. Pode-se, assim, implantar um Sistema de Gestão que possa ser certificável. – 24 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente A família de Normas da série 14.000 envolve os seguintes temas: a. Sistema de Gerenciamento Ambiental; b. Auditoria Ambiental; c. Avaliação do Desempenho Ambiental; d. Rotulagem Ambiental; e. Análise do Ciclo de Vida; f. Aspectos Ambientais em Normas de Produtos. A primeira versão da Norma ISO 14.001 foi em 1996, a qual passou por revisão e atualização em 2004, sendo válida sua aplicabilidade a partir de 31/01/2005. Esta é a versão atual certificável. A ISO Internacional está em processo de revisão desta Norma, com previsão de atualização para 2016. 1.6 As Normas de Saúde e Segurança do Trabalho Sob o ponto de vista de saúde do trabalhador, no Brasil, a grande fonte de tratativa e referencial são as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, instituídas a partir da Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978 que aprova as Normas Regulamentadoras – NR´s – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. As Normas Regulamentadoras foram uma necessidade de se regulamentar e aprimorar o arcabouço legal correlato às questões de segurança do trabalho, tendo em vista que o processo de industrialização no Brasil intensificou-se a partir da década de 1950 e que, na década de 1970, o Brasil possuia o título de “Campeão Mundial de Acidentes de Trabalho”. As Normas Regulamentadoras são hoje a grande fonte de informações por parte de empregadores e empregados, bem como de fiscalizações por parte dos agentes públicos e base legal aos magistrados quando da temática de proteção à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, o Brasil possui 36 Normas Regulamentadoras. – 25 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico 1.7 OHSAS 18.001 Quando se trata de Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Traba- lho em padrões internacionais, a referência básica é a norma inglesa OHSAS 18.001. A sigla OHSAS vem de Occupational Health and Safety Assessment Series, cuja primeira Norma entrou em vigor em 1999. Esta Norma tem como fonte originária o padrão BS 8800, elaborado também na Inglaterra pela Bristish Standard Institution (BSI). A Norma OHSAS 18.001 foi criada pela Bristish Standard Institution em conjunto com organismos nacionais de normalização (da Irlanda, Aus- trália e África do Sul), além da contribuição técnica de algumas empresas certificadoras (como SGS, BSI, BVQI, DNV, Lloyds), uma vez que a ISO Internacional decidiu por não fazer, naquele momento, uma norma de saúde e segurança seguindo o modelo ISO 9.001, como havia feito a ISO 14.001 para a gestão ambiental. A OHSAS 18.001 se baseia no conceito de que as empresas devem periodicamente analisar e avaliar seu sistema de gestão da Saúde e Segurança do Trabalho (SST), de maneira a sempre identificar melhoras e implementar as ações necessárias. Assim como a ISO 14.001, esta Norma não estabelece requisitos absolutos para odesempenho da Segurança e Saúde no Traba- lho, mas exige que a empresa atenda integralmente à legislação e regula- mentos aplicáveis, comprometendo-se com o aperfeiçoamento contínuo dos processos. A OHSAS 18.001 possui a mesma estrutura da ISO 14.001, o que faci- lita a implantação de processos integrados (inclusive com auditoria comum), bem como há pontos comuns com a ISO 9.001. O sistema proposto pela OHSAS envolve: 2 O compromisso de seguir uma Política de gestão dos riscos; 2 A identificação e a avaliação dos fatores geradores de perigos e ris- cos, bem como a identificação das áreas de riscos; 2 A identificação de objetivos e programas; 2 A formação do pessoal; – 26 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente 2 A implantação de processos de controle; 2 A preparação a situações de emergência; 2 O estabelecimento de procedimentos de medida de vigilância; 2 A implantação de medidas de prevenção dos acidentes; 2 A instauração de um procedimento regular de verificação. As normas OHSAS 18.001 e NBR ISO 14.001 possuem muitos pontos comuns. Abaixo segue uma visão geral desta consonância: 1. Política Ambiental / Política de Saúde & Segurança do Trabalho; 2. Aspectos e impactos ambientais / perigos, avaliação de riscos e determinação de controles; 3. Requisitos legais e outros requisitos; 4. Programa de gestão ambiental / Objetivos e Programas; 5. Estrutura e responsabilidade; 6. Treinamento, conscientização e competência; 7. Comunicação; 8. Documentação do Sistema de Gestão Ambiental; 9. Controle de documentos; 10. Controle operacional; 11. Preparação e respostas a emergências; 12. Monitoramento e medição; 13. Avaliação do Atendimento a Requisitos Legais; 14. Ações para a não conformidade, corretivas e preventivas/ Investiga- ção de Acidentes; 15. Registros; 16. Auditoria Interna; 17. Análise Crítica pela Administração. – 27 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico Estes pontos em comum mostram que, para os empreendimentos que desejarem a implantação de um Sistema de Gestão Integrado, há atividades que são desenvolvidas para atender a um requisito de uma norma, atenderá também diretamente à outra. 1.8 NBR 18.801 - Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho Em 2010 a ABNT criou e disponibilizou a NBR 18.801, cuja base foi a norma internacional sobre o assunto, a OHSAS 18001. Esta Norma passaria a vigorar a partir de 01/12/2011 porém, por solicitação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foi solicitada uma ampliação de prazo para início de vigência da norma, tendo em vista uma proposta de criação de Norma Regulamentadora que trataria da questão da Gestão de Segurança e Saúde do Trabalhador. Devido a esta solicitação a ABNT, através de seu Conselho Deliberativo, alterou o prazo de início de vigência para 01/12/2014. Em 14/10/2014 a ABNT cancelou esta norma e não há outra semelhante, dentro da ABNT, em discussão no momento. Esta Norma especificava os requisitos de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) permitindo que uma organização controlasse os respectivos riscos da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) e melhorasse o seu respectivo desempenho. Esta Norma não indicava os cri- térios específicos de desempenho de SST, nem das especificações detalhadas para o projeto de um sistema de gestão. 1.9 ISO 45.001 A ISO Internacional, através de sua Coordenação e grupos de trabalho, elaborou no primeiro trimestre de 2013 um projeto, o qual está em discussão com a British Standards Institution (BSI), autora da OHSAS 18.001, para a elaboração de uma norma ISO específica para tratar de assuntos correlatos à Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (a qual atualmente é uma lacuna no Sistema ISO). – 28 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente O período de desenvolvimento desta nova norma é de 3 anos. Há previ- são de que em 2016 seja editada a norma específica para atuar no segmento de Saúde e Segurança do Trabalho. Há previsibilidade de que esta norma seja elaborada nos padrões da ISO Internacional e possivelmente no formato da ISO 14.001 (o que possibilitará integração de sistemas). 1.10 Outras normas de gestão 1.10.1 Responsabilidade Social A questão da Responsabilidade Social, cada vez mais difundida e discu- tida através da mídia, das organizações não governamentais, das empresas e do poder público já que é um tema extremamente importante, pois permeia diretamente aspectos de Saúde & Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Economia, Política, Educação (formal e informal), Cultura, entre outros. Mais que assistencialismo, caridade ou marketing (como doação de brinquedos no Dia das Crianças ou alimentos no Natal), a Responsabilidade Social é um comprometimento empresarial, cujo Sistema pode ser implan- tado e certificado. Algumas Normas importantes neste tema são: 2 AA1000: O AA1000 foi criado em 1996 pelo Institute of Social and Ethical Accountability. Esta certificação de cunho social envolve principalmente a relação da empresa com seus stakeholders (par- ceiros ou partes interessadas, como os vizinhos, por exemplo). O AA1000 exige uma avaliação anual do sistema e esta regularidade faz com que o empreendimento, periodicamente, revise suas ações, estabeleça metas e possa crescer frente ao tema. 2 AS 8000: A Social Accountability 8000 é uma das normas interna- cionais mais conhecidas. Criada nos Estados Unidos em 1997 pelo Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA) e considerando os preceitos estabelecidos pela Organização Interna- cional do Trabalho (OIT), a SA 8000 envolve, primordialmente, relações trabalhistas e visa assegurar que não existam ações antisso- – 29 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico ciais ao longo da cadeia produtiva, como trabalho infantil, trabalho escravo ou discriminação quanto à idade, religião, sexo ou orienta- ção afetivo sexual. 2 NBR 16001: Publicada no Brasil em 2004 pela ABNT, sendo sua última revisão no ano de 2012, esta Norma estabelece os requi- sitos mínimos relativos a implantação de um sistema da gestão da responsabilidade social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e outros, seus compromissos éticos e sua preocu- pação com a promoção da cidadania, a promoção do desenvolvi- mento sustentável e a transparência das suas atividades. Dentre os compromissos a serem assumidos quando da implantação de um Sistema de Gestão de Responsabilidade Social como o proposto pela NBR 16.001, estão: a) A responsabilização; b) A transparência; c) O comportamento ético; d) O respeito pelos interesses das partes interessadas; e) O atendimento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização; f ) O respeito às normas internacionais de comportamento; g) O respeito aos direitos humanos; h) A promoção do desenvolvimento sustentável. Segundo dados do INMETRO, até o ano de 2015 somente 17 empresas brasileiras são certificadas nos critérios estabelecidos pela NBR ISO 16.001. 2 NBR ISO 26000: Lançada no Brasil no dia 8 de dezembro de 2010, a versão em Língua Portuguesa da norma internacional ISO 26000 é de grande utilidade a empresas interessadas em adotar programas de Responsabilidade Social Empresarial, uma vez que oferece orientações relacionadas a sete princípios norteadores de responsabilidade social: – 30 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente 2 Accountability: Ato de responsabilizar-se pelas consequências de suas ações e decisões, respondendo pelos seus impactos na socie- dade, na economia e no meio ambiente, prestando contas aos órgãos de governança e demais partes interessadas, declarando os seus erros e as medidas cabíveis para remediá-los. 2 Transparência: Fornecer às partes interessadas de forma acessível, clara, compreensívele em prazos adequados todas as informações sobre os fatos que possam afetá-las. 2 Comportamento ético: Agir de modo aceito como correto pela sociedade – com base nos valores da honestidade, equidade e inte- gridade, perante as pessoas e a natureza – e de forma consistente com as normas internacionais de comportamento. 2 Respeito pelos interesses das partes interessadas (stakeholders): Ouvir, considerar e responder aos interesses das pessoas ou grupos que tenham interesses nas atividades da organização ou por ela pos- sam ser afetados. 2 Respeito pelo Estado de Direito: O ponto de partida mínimo da responsabilidade social é cumprir integralmente as leis do local onde está operando. 2 Respeito pelas Normas Internacionais de Comportamento: Ado- tar prescrições de tratados e acordos internacionais favoráveis à res- ponsabilidade social, mesmo que não que não haja obrigação legal. 2 Direitos Humanos: Reconhecer a importância e a universalidade dos direitos humanos, cuidando para que as atividades da organiza- ção não os agridam direta ou indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural que requerem. A estrutura da NBR ISO 26000 é semelhante às da ISO 14.001 e OHSAS 18.001, o que permite a integração de sistemas para implantação e certificação integrada. Atualmente a NBR ISO 26.000 é a norma, que trata da questão da Responsabilidade Social, mais difundida no Brasil. A NBR ISO 26000 é uma norma de diretrizes e de uso voluntário, ou seja, não visa nem é apropriada a fins de certificação. – 31 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico 1.11 Gerenciamento de Riscos Toda e qualquer atividade humana, além da condição ambiental de onde se encontra o ser humano, pode, em maior ou menor grau, conter Riscos. Desde os primórdios da exploração humana sobre o planeta o homem é passí- vel em gerar conhecimentos, avanços, sequelas e até mortes por não conhecer as consequências de suas ações, do ambiente explorado, do uso inadequado de uma substância, da presença de um agente nocivo, e muitas outras. Como fins referenciais, o risco pode ser definido como referência aos eventos potenciais e às consequências, ou uma combinação destes. Pode ser expresso, também, em termos de uma combinação de consequências de um evento (incluindo mudanças nas circunstâncias) e a probabilidade de ocor- rência associada. Segundo a NBR 18.801 (2010), Risco é considerado como a probabili- dade de ocorrer um evento não desejado, que pode se transformar em dano à saúde, à integridade das pessoas, materiais e ambiente do trabalho. Os riscos podem estar em todas as partes e o seu estudo (ou análise) passou a ter grande importância no meio acadêmico e empresarial principal- mente a partir dos acidentes ambientais ou de segurança do trabalho, ocor- ridos a partir da década de 1970, como, por exemplo, os de Seveso (Itália, por dioxinas), Chernobyl (Ucrânia, por radiação nuclear), Bhopal (Índia, por isocianato de metila), Vila Socó (Cubatão, por explosão de oleoduto), entre outros de notória repercussão mundial que deixou milhares de mortos e por- tadores de sequelas. Devido a heterogeneidade de ambientes e atividades, todos e, em especial os que se encontram na condição de trabalhadores, estão expostos a uma infi- nidade de condições que podem ser adversas à presença do homem. Para isto medidas de controle (sejam administrativas, técnicas ou estruturais) devem ser adotadas para que os riscos existentes nos ambientes sejam reduzidos a níveis tão baixos que permitam a permanência do homem, animais e plantas de interesse, sem comprometimento da condição ambiental, mantendo con- dições saudáveis em um ambiente equilibrado. As Análises de Risco buscam sempre responder a alguns questionamen- tos básicos: – 32 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente 1. Em determinada atividade ou situação, o que pode acontecer de errado? 2. Quais as possíveis causas dos erros? 3. Qual a probabilidade e frequência de ocorrência de eventos adversos? 4. Quais os efeitos negativos ou deletérios destes erros? 5. O que pode ser feito para minimizar a probabilidade de ocorrência destes eventos? 6. Há medidas mitigadoras ou compensatórias que possam ser utiliza- das para compensar os erros existentes? 7. Os recursos administrativos, humanos, materiais e financeiros estão disponíveis para a resolução dos erros? 8. O que se pode aprender com os erros? Onde pode-se chegar? A resposta a estes questionamentos fará com que a equipe que atua no Gerenciamento de Riscos possa adotar práticas adequadas e possa minimizar o efeito deletério dos erros capazes de causar riscos. A ISO Internacional estabeleceu, em 2009, a Norma 31.000 para auxi- liar empreendimentos da área industrial e comércio, de origem públicas e pri- vadas, para que as mesmas possam reconhecer, administrar e sair de situações de crise. O conceito crise é muito amplo (como crise financeira, ambiental, econômica, institucional, de imagem, entre outras), estão o foco da norma as questões ambientais, de saúde e segurança do trabalho. A ISO 31.000 estabelece princípios, estrutura e um processo para geren- ciar riscos, de forma transparente, sistemática e credível em qualquer âmbito ou contexto. A ISO 31.000 fornece, ainda, os parâmetros para a gestão de risco, com os princípios e as diretrizes para ajudar as organizações de todos os tipos e tamanhos para gerir o risco de forma eficaz. No Brasil a ABNT ratificou esta norma, disponibilizando a ABNT NBR ISO 31.000, que passou a ser válida a partir de 30/12/2009. Atualmente grandes empresas possuem departamentos especializados no Gerenciamento de Riscos, sendo que nesta área trabalham, de forma conjunta, diretores, gerentes, advogados, administradores, engenheiros, técnicos e outros profis- sionais em uma equipe multidisciplinar, com o intuito de avaliar, desde con- – 33 – Gestão da segurança, saúde e meio ambiente: um breve histórico tratos, métodos de comunicação (interna ou externa), procedimentos, práti- cas, métodos operacionais e tudo o que possa influenciar de forma positiva ou negativa as atividades do empreendimento. 1.12 ISO TS 16.949 A ISO Internacional, através da Norma ISO/TS buscou integrar as Nor- mas de Qualidade já existente dentro de seu escopo de atuação a um padrão de produção específico para a área automotiva tendo em vista as diferentes aplicabilidades de métodos existentes em diferentes países, entre eles, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, França e Itália. A ISO/TS 16949 especifica os requisitos do sistema da qualidade para projeto, desenvolvimento, produção, instalação e assistência técnica de pro- dutos relacionados à indústria automotiva em todo o mundo, inclusive para os fornecedores de materiais às fábricas. Como praticamente todas as fabri- cantes de veículos são atualmente multinacionais, torna-se necessário que as mesmas sigam níveis de classe mundial para a qualidade de produto, tor- nando-as mais competitivas e ampliando seu mercado consumidor. Há Normas ISO também correlatas a outros temas, como Tecnologia da Informação (ISO 20.000), Segurança Alimentar (ISO 22.000), Eficiência Energética (ISO 51.000), entre outras. Atualmente, está em processo de discussão no Brasil, por parte do INMETRO, a estruturação de uma norma única para a implantação de um Sistema de Gestão Integrado, incorporando, entre outras, a norma ABNT NBR 16001 (Responsabilidade Social – Sistema de Gestão), a ABNT NBR ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental) e a ABNT NBR 18801 (Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho). Em suma, percebe-se que as Normas de Gestão estão em franca evolução e passa da questão em que o produto era o foco, para uma visão mais ampla, onde o homem, a sociedade e o ambiente estão inseridos. Assim sendo, os profissionais, devem sempre avaliar, estudar, aperfeiçoar, especializar e, prin- cipalmente, conhecer e aplicando estes temas extremamente relevantes, não somente à profissão, mas à sociedadee ao ambiente como um todo. – 34 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente Figura 2– Fluxograma Histórico dos Sistemas de Gestão. Qualidade de Produtos NBR ISO 9001 Qualidade de Serviços NBR ISO 9001 Qualidade Ambiental NBR ISO 14001 Saúde e Segurança OHSAS 18001, BS 8800, NOSA Responsabilidade Social NBR 16001 Sistema de Gestão Integrado (SIG) ???? 2 A Segurança do Trabalho À medida que aumentam as preocupações com a manuten- ção e a melhoria da qualidade do meio ambiente e com a prote- ção da segurança e saúde humana, organizações de diversos setores (público, privado e terceiro setor) vêm crescentemente voltando suas atenções para os impactos ambientais de atividades conside- radas potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais, bem como os reflexos originados por esses impactos na segurança e saúde das pessoas. Essas preocupações são reflexos, não só de uma sociedade mais preocupada com a temática de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, mas também de uma legislação cada vez mais exigente e preocupada, tal como a inclusão de um artigo específico em nossa Constituição, o artigo 225 que trata do Meio Ambiente e a Lei Fede- ral n° 9.605/1.998, que dispõe sobre as sanções penais e administra- tivas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente ou – 36 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente da Portaria Federal nº 3.214/1978, com todas as Normas Regulamentadoras e demais dispositivos legais, que tratam da Segurança e Saúde do Trabalhador. O cenário atual no Brasil mostra que ao mesmo tempo em que tem-se uma legislação ambiental e trabalhista exigente, há também escassez de recursos públicos para gerenciar o cumprimento do arcabouço de leis existentes, com falta de técnicos e agentes de fiscalização para avaliar o efetivo cumprimento da legislação existente. Há também o desafio e necessidade do desenvolvimento pautado na sustentabilidade, que requer a conciliação do desenvolvimento com a conservação da qualidade do meio ambiente (natural ou do trabalho onde aí inclui-se a Segurança Ocupacional) para as presentes e futuras gerações. Hoje, e cada vez mais, é impossível dissociar aspectos do trabalho com a questão ambiental, por isto tratar da questão de Segurança Ocupacional dentro do universo das Ciências Ambientais não é mais uma escolha por parte dos empreendimentos, mas uma questão imperativa quando os empresários pen- sam em criar e manter suas atividades, com visão a longo prazo. Figura 3 – Fluxo de Entradas e Saídas em um Empreendimento. Tecnologia Serviços Infraestrutura Impactos Ambientais Impactos Sociais Recursos Humanos $$$$ Matérias-primas Insumos Capital Mão-de-obra Energia Energia Produtos Passivos Ambientais e Trabalhistas Há de se ter em mente que, muitas vezes antes de um determinado poluente extrapolar os limites da empresa e causar um dano ambiental (seja por ruído, odor, sustância química, efluentes contaminados por substân- – 37 – A Segurança do Trabalho cia perigosa, ou outros) já pode der deixado um funcionário com níveis de surdez, intoxicação, problemas respiratórios ou agravamento de um quadro de doença preexistente, o que passa a ser um problema de passivo não só ambiental, mas também trabalhista. Quando se trata do tema Segurança Ocupacional, a legislação brasi- leira é muito abrangente e extremamente dedicada à proteção do trabalha- dor. Há legislação sobre os mais variados temas dentro da questão de Saúde e Segurança Ocupacional, mas, infelizmente percebe-se milhares de vítimas que, anualmente, acidentam-se ou perdem suas vidas durante a realização do trabalho. Pode-se, resumidamente, definir o Trabalho como o somatório de Força + Capacidade Intelectual + Condição Adequada. A junção destes três fatores possibilita a realização de atividades, porém há variáveis que devem ser obser- vadas, como o tempo, a relação interpessoal, a garantia de recursos necessários pela execução da tarefa, entre outros. Devido a estes pontos, a Organização Mundial do Trabalho (OIT) tam- bém procurou uma definição própria para o Trabalho, ou melhor, “Trabalho Decente” como foi preconizado por esta Organização em 1999, pode ser entendido como: “Ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho) e seu segui- mento adotada em 1998: liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; i. eliminação de todas as formas de trabalho forçado; ii. abolição efetiva do trabalho infantil; iii. eliminação de todas as formas de discriminação em maté- ria de emprego e ocupação, com a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social.” Esta definição, quando trata do “trabalho com qualidade”, uma vez que remete diretamente às condições com que este trabalho pode e deve ser rea- – 38 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente lizado, uma vez que a “qualidade” só pode ser conquistada quando todas as condições necessárias: homem x atividade, possam estar devidamente alinha- das. O homem, ao executar suas atividades, tem o direito de garantir sua integridade física, saúde e satisfação de suas necessidades pessoais oriundas dos recursos que este trabalho possa propiciar. Este é o grande desafio que o legislador e entidades atuantes sobre o tema de Segurança e Saúde do Trabalhador, devem conciliar, tendo em vista a realidade, em especial no Brasil, devido a sua grande extensão territorial e dificuldade de fiscalização das condições de trabalho. Em relação à Segurança do Trabalho, segundo o Portal da Educação, pode-se defini-la como “Conjunto de ciências e tecnologias que tem por objetivo proteger o trabalhador em seu ambiente de trabalho, buscando mini- mizar e/ou evitar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Assim, dentre as principais atividades da segurança do trabalho, podemos citar: prevenção de acidentes, promoção da saúde e prevenção de incêndios”. Esta definição de Segurança do Trabalho condiz com o arcabouço legal brasileiro que trata sobre o tema, em especial as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, oriundas da Portaria Federal nº 3.214/1978. Tem-se ainda, mais uma definição importante, a de Saúde que, rela- cionada ao trabalho, assim foi preconizada pela OIT: “Saúde abrange não só a ausência de afecções ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a higiene no trabalho”. Em 1995, através de convenção entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de “Saúde Ocupacional” ou “Saúde no Trabalho” foi revisto e ampliado, tendo sido então considerado como: “O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcio- nado para três objetivos: a) A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade de trabalho; b) O melhoramento das condições de trabalho, para que elas sejam compatíveis com a saúde e a segurança; – 39 – A Segurança do Trabalho c) O desenvolvimento de culturas empresariais e de orga- nizações de trabalho que contribuam com a saúde e segurança e promovam um clima social positivo, favo- recendo a melhoria da produtividade das empresas. O conceito de cultura empresarial, neste contexto, refere- se a sistemas de valores adotados por uma empresa espe- cífica. Na prática, ele se reflete pelos sistemas e métodos de gestão, nas políticas de pessoal, nas políticas de par- ticipação, nas políticas de capacitação e treinamento e na gestão da qualidade.” Outra definição importante é a que trata do Acidente de Trabalho já que todos osprofissionais da área de Saúde e Segurança Ocupacional devem conhecê-la e, em essência, todos os trabalhadores. Segundo a Lei Federal nº 6367, de 19 de outubro de 1976, em seu artigo 2º, temos: “Acidente do Trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. § 1º Equiparam-se ao acidente do trabalho, para os fins des- ta lei: I. a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade e constante de relação organizada pelo Ministério da Previ- dência e Assistência Social (MPAS); II. o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte, ou a perda, ou redução da capacidade para o tra- balho; III. o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por ter- ceiros, inclusive companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro inclusive companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; – 40 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente e) desabamento, inundação ou incêndio; f ) outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. IV. a doença proveniente de contaminação acidental de pes- soal de área médica, no exercício de sua atividade; V. o acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de proprie- dade do empregado; d) no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela. § 2º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado será conside- rado a serviço da empresa. § 3º Em casos excepcionais, constatando que doença não incluída na relação prevista no item I do § 1º resultou de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, o Ministério da Previdência e Assis- tência Social deverá considerá-la como acidente do trabalho. § 4º Não poderão ser consideradas, para os fins do disposto no § 3º, a doença degenerativa, a inerente a grupo etário e a que não acarreta incapacidade para o trabalho. § 5º Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data da comunicação desta à empresa ou, na sua falta, a da entrada do pedido de benefício do INPS, a partir de quando serão devidas as prestações cabíveis.”. Dentro da Área de Saúde e Segurança Ocupacional há ainda uma série de termos e conceitos que devem ser observados por todos os profissionais da área, bem como por todos os funcionários de um empreendimento. Ocorre que, muitas vezes, ocorre a utilização inadequada dos termos, o que pode confundir o trabalhador. Abaixo alguns exemplos: – 41 – A Segurança do Trabalho Figura 4 – Exemplos de termos utilizados na área de Saúde e Segurança Ocupacional. Também na área ambiental, há termos e definições onde, para o profis- sional que atua na área de Gestão, o conhecimento é imprescindível: Figura 5 – Exemplos de termos utilizados na área Ambiental. – 42 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente O profissional deve buscar conhecer os termos e definições corretas de sua área de atuação uma vez que, para a implantação de sistemas, dois itens básicos são necessários: Conhecimento Técnico e Bom Senso na aplicabili- dade dos conceitos. 3 Organização da segurança do trabalho na empresa A organização da Segurança do Trabalho nas empresas está seguindo a tendência de integração com demais sistemas empre- sariais, como a questão ambiental e de saúde ocupacional. Atual- mente é comum termos setores que agregam Saúde, Segurança e Meio Ambiente, onde há equipes multiprofissionais ou técnicos assumindo áreas como Segurança & Meio Ambiente. O trabalho destas equipes é sempre vantajoso pela troca de experiências em diferentes áreas de conhecimento, além do desen- volvimento profissional para todos os envolvidos. Especificamente em relação à Organização da Segurança do Trabalho na empresa, a mesma está condicionada ao estabelecido na Norma Regulamentadora (NR) nº 04, embasada legalmente a partir do artigo 162 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como na Lei Federal nº 7.410, de 27 de novembro de 1985, – 44 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente que trata da Engenharia de Segurança do Trabalho e da profissão de Técnico de Segurança do Trabalho. O item 4.1 da referida NR cita que: “As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Con- solidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão, obriga- toriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. ” Esta afirmação deixa claro que, independente da forma administrativa ou legalmente construída (se pública ou privada), os empreendimentos que con- tratam funcionários pelo regime da CLT devem constituir seu Serviço Espe- cializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Abre-se, porém precedentes para os empreendimentos públicos que contratam seus funcionários pelo regime estatutário (através de concurso público) não compuserem de forma direta a constituição de SESMT necessitando, nesses casos de abertura de processos licitatórios para contratação de empresas terceiri- zadas externas para suprir a necessidade de profissionais do SESMT. 3.1 O dimensionamento do SESMT A NR 04, em seu item 4.2 estabelece que “o dimensionamento dos Ser- viços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Traba- lho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento, constantes dos Quadros I e II” da refe- rida NR. Ou seja, o tipo e a quantidade de profissionais que irão compor o SESMT está diretamente vinculado ao Grau de Risco (estabelecido no Qua- dro I da NR) e ao número de funcionários (estabelecido no Quadro II). Este enquadramento estabelecido na NR somente refere-se aos profissionais da área de Saúde e Segurança do Trabalho, não havendo referência aos profissio- nais da área ambiental, segurança patrimonial ou outras. Segundo o item 4.4 da NR 04, “Os Serviços Especializados em Enge- nharia de Segurança e em Medicina do Trabalho devem ser compostos por – 45 – Organização da segurança do trabalho na empresa Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segu- rança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enferma- gem do Trabalho, obedecido o Quadro II desta NR”. O enquadramento do Grau de Risco no Quadro I da referida NR deve se dar a partir da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) principal do empreendimento. Esta informação consta no Cartão do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa, emitido pela Receita Federal – Ministério da Fazenda. Um exemplo da composição e necessidade de profissionais do SESMT em uma empresa segue abaixo: Empresa especializada na Instalação de máquinas e equipamentos indus- triais, com 135 funcionários, CNAE Principal: 33.21-0 Consultando o Quadro I da NR 04, através do CNAE apresentado (33.21-0), percebemos que o Grau de Risco é 3. Com esta informação, consulta-se o Quadro I da NR 04, atravésdo CNAE abaixo : – 46 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente Com a informação repassada e, avaliando-se o Quadro apresentado, percebemos que este empreendimento necessita de apenas um Técnico de Segurança do Trabalho como profissional do seu SESMT já que, para este tipo de empresa (Grau de Risco 3 e entre 101 a 250 funcionários), apenas este profissional é necessário para responder às questões estabelecidas na referida NR. Tomando-se outro exemplo: Indústria de Fabricação de cimento, com 120 funcionários, CNAE Prin- cipal: 23.20-6 Verificando o Quadro I da NR 04, utilizando o CNAE apresentado (23.20-6), identificamos que o Grau de Risco da atividade é 4. Com esta informação avaliamos o Quadro II da NR 04, conforme demonstrado acima, e identificamos que, para este Grau de Risco e para o número de funcionários apresentados, o número de profissionais que deverão compor o SESMT são: 02 Técnicos de Segurança do Trabalho, 01 Enge- nheiro de Segurança do Trabalho e 01 Médico do Trabalho sendo que os Técnicos deverão cumprir carga horária em período integral e o Engenheiro e Médico do Trabalho poderão cumprir carga horária em tempo parcial de, no mínimo, 03 horas diárias. A NR 04 estabelece também alguns critérios específicos: 2 As empresas que possuam mais de 50% (cinquenta por cento) de seus empregados em estabelecimentos ou setor com atividade, cuja gradação de risco seja de grau superior ao da atividade principal ,deverão dimensionar os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, em função do maior grau de risco (item aplicado, por exemplo, em casos de terceirizações ou prestação de serviços); 2 A empresa poderá constituir SESMT centralizado para atender a um conjunto de estabelecimentos pertencentes a ela (por exemplo, matriz e filiais de uma mesma empresa), desde que a distância a ser percorrida entre aquele em que se situa o serviço e cada um dos demais não ultrapasse a 5.000 (cinco mil metros), dimensionando-o em função do total de empregados e do risco; – 47 – Organização da segurança do trabalho na empresa 2 Havendo, na empresa, estabelecimento(s) que se enquadre(m) no Quadro II, da NR 04, e outro(s) que não se enquadre(m), a assis- tência a este(s) será feita pelos serviços especializados daquele(s), dimensionados da seguinte forma: 2 Para as empresas enquadradas no Grau de Risco 1 o dimensiona- mento do SESMT obedecerá ao Quadro II da NR 04, conside- rando-se como número de empregados o somatório dos empre- gados existentes no estabelecimento que possua o maior número e a média aritmética do número de empregados dos demais estabelecimentos, devendo todos os profissionais integrantes do SESMT, cumprirem carga horária em tempo integral; 2 Para as empresas enquadradas nos Graus de Risco 2, 3 e 4, o dimensionamento dos serviços obedecerá ao Quadro II da NR 04, considerando-se como número de empregados o somatório dos empregados de todos os estabelecimentos; 2 Havendo, na mesma empresa, apenas estabelecimentos que, isolada- mente, não se enquadrem no Quadro II da NR 04, o cumprimento da NR será feito através de SESMT Centralizados em cada estado, território ou Distrito Federal, desde que o total de empregados dos estabelecimentos no estado, território ou Distrito Federal alcance os limites previstos no Quadro II; 2 Os profissionais integrantes do SESMT devem possuir formação e registro profissional em conformidade com o disposto na regula- mentação da profissão e nos instrumentos normativos emitidos pelo respectivo Conselho Profissional; 2 Uma empresa que contratar outra para prestar serviços em suas dependências deverá estender a assistência de seu SESMT aos empregados da contratada; 2 Quando uma empresa contratante necessitar ter várias contratadas e, individualmente estas não se enquadrarem no Quadro II da NR 04, estas poderão estabelecer SESMT comum; 2 Para o caso de empresas que operem em regime sazonal, como empreendimentos agrícolas em períodos de plantio ou colheita, o – 48 – Gestão da Segurança, Saúde e Meio Ambiente SESMT deverá ser dimensionado, tomando-se por base a média aritmética do número de trabalhadores do ano civil anterior; 2 O Técnico de Segurança do Trabalho e o Auxiliar de Enfermagem do Trabalho deverão dedicar 8 (oito) horas por dia para as atividades do SESMT; 2 O Engenheiro de Segurança do Trabalho, o Médico do Trabalho e o Enfermeiro do Trabalho deverão dedicar, no mínimo, 3 (três) horas (tempo parcial) ou 6 (seis) horas (tempo integral) por dia para as ati- vidades do SESMT. Especificamente para o Médico do Trabalho o empreendimento poderá contratar mais que um profissional, desde que o somatório das horas diárias trabalhadas por todos seja de, no mínimo, 6 (seis) horas; 2 Aos profissionais especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho é vedado o exercício de outras atividades na empresa, durante o horário de sua atuação no SESMT; 2 É de responsabilidade exclusiva do Empregador todo o ônus decorrente da instalação e manutenção do SESMT; 2 Os serviços do SESMT deverão manter entrosamento permanente com os componentes da CIPA; 2 O SESMT das empresas deverão ser registrados junto ao órgão regional do Ministério do Trabalho (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego – SRTE). A NR 04 estabelece, também, no item 4.12, quais são as atividades pre- conizadas aos profissionais do SESMT: a) aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equi- pamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo redu- zido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, de acordo com o que deter- mina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim o exija; – 49 – Organização da segurança do trabalho na empresa c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implanta- ção de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta na alínea “a”; d) responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR´s aplicáveis às ativida- des executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos; e) manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR 5; f ) promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a preven- ção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente; g) esclarecer e conscientizar os empregadores sobre aciden- tes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção; h) analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacio- nal, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s); i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalu- bridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI, devendo o empregador manter a documentação à disposição da inspeção do trabalho; j) manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou facilmente alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas condições de acesso aos
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