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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS DISCIPLINA SOCIOLOGIA RURAL CLAUDIONES SERGIO ALVES CONRADO PEDROSA FRAGOSO CARVALHO DANIELY MARTINS SILVA PALOMA MOURA FAGUNDES RAPHAEL DO ROSARIO DE CARVALHO TAYNA POPPE BOURGUIGNON AGROECOLOGIA ALEGRE, ES 2018 INTRODUÇÃO O conceito de agroecologia surgiu a partir da década de 70 em resposta aos modelos de cultivos convencionais existentes. É um movimento relativamente novo, que cada vez mais vem ganhando espaço e atenção de pesquisadores e da população em geral. É uma ciência que estuda a agricultura, como um todo, não só sob um aspecto ecológico e prático, mas sim de maneira sustentável, sem provocar grandes impactos ao meio ambiente, e que leva em consideração todas as formas de vida existente em um determinado ciclo da agricultura. Há também um grande cuidado com as implicações da criação da pecuária em relações aos impactos ambientais. Propõe sistemas de produção com princípios e práticas agrícolas embasados na biodiversidade de plantas, na reciclagem de nutrientes e energia, na produção natural (sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes artificiais) e uma melhoria na matéria orgânica e da atividade biológica do solo. É uma nova maneira de entender a agricultura, que busca a autossuficiência e proporciona aos ambientes agrícolas o equilíbrio ecológico de um ecossistema natural e para os camponeses visam a possibilidade de terem acesso a terra, sementes crioulas, água e mercados locais por criação de políticas, de apoios de instituições governamentais e não governamentais, que irão assim ajudar no desenvolvimento dessa prática. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo discutir sobre o conceito de agroecologia, bem como seu campo de atuação atual no mundo e no Brasil em suas diferentes regiões. Visa discutir sobre os métodos, políticas e planos que as ONGs estão fazendo para a difusão da agroecologia tanto na sociedade quanto para os agricultores e como está sendo sua aceitação. CONCEITO DE AGROECOLOGIA A agricultura sustentável surge como resposta aos danos que a agricultura convencional e moderna, o monocultivo e os excessos de agroquímicos utilizados vêm causando grandes riscos aos recursos naturais, como a degradação do solo, acabando com a biodiversidade da fauna e flora e assim consequentemente causando a poluição das águas. Segundo Gliessman (2000), o enfoque agroecológico pode ser definido como “a aplicação dos princípios e conceitos da Ecologia no manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis”, num horizonte temporal, partindo do conhecimento local que, integrando ao conhecimento cientifico, dará lugar à construção e expansão de novos saberes socioambientais, alimentando assim, permanentemente, o processo de transição agroecológica. Possuindo princípios básicos como a reciclagem de nutrientes e energia, a substituição de insumos externos, a melhoria da matéria orgânica e da atividade biológica do solo, a diversificação das espécies de plantas e dos recursos genéticos dos agroecossistemas no tempo e no espaço, a integração de culturas com a pecuária, e a otimização das interações e da produtividade do sistema agrícola como um todo, ao invés de rendimento isolados obtidos com uma única espécie (Altieri, 2012). A trofobiose é um estudo que foi desenvolvido por Francis Chaboussou que analisou o equilíbrio nutricional de plantas, e diz que: quando a planta se encontra em um ambiente equilibrado, com o solo contendo umidade e nutrientes em qualidade e quantidade suficiente, não estará sugestiva a ataques de insetos, fungos e bactérias. De acordo com Chaboussou, “todo processo vital está na dependência da satisfação das necessidades dos organismos vivos, sejam eles vegetais ou animais. Ou seja, a planta, ou mais precisamente o órgão vegetal, será atacado somente quando seu estado bioquímico, determinado pela natureza e pelo teor de substâncias nutritivas solúveis, corresponder às exigências tróficas (de alimentação) da praga ou do patógeno em questão”. Quando bem adaptada, a planta consegue através do seu metabolismo e fotossíntese, substancias complexas como proteínas, açucares e vitaminas que não são digeridas por pragas e doenças. Já nos períodos climáticos desfavoráveis ou quando são empregados excessos de nutrientes solúveis e agrotóxicos, são liberados na seiva das plantas radicais livres que são alimentos prontamente disponíveis para os insetos nocivos e patógenos. A IMPORTANCIA DA AGROECOLOGIA PARA OS CAMPONESES E DOS CAMPONESES PARA A AGROECOLOGIA No final de 1980 havia na América Latina cerca de 16 milhões de unidades de produção camponesa, que ocupavam cerca de 60,5 milhões de hectares, ou 34,5 por cento do total da terra cultivada. A população camponesa inclui 75 milhões de pessoas que representam quase dois terços da população rural de toda a América Latina. O tamanho médio destas unidades produtivas é de aproximadamente 1,8 hectares e mesmo assim a contribuição da agricultura camponesa ao fornecimento geral de alimentos na região é significativa. Estas pequenas unidades de produção foram responsáveis por 41 por cento da produção agrícola para o consumo doméstico e de produzir, a nível regional, 51 por cento do milho, 77 por cento do feijão e 61 por cento da batata. (E. Ortega, 1986 apud ALTIERI M.A.2010). A contribuição à segurança alimentar desde o campesinato é hoje tão crucial como há vinte e cinco anos. Pelo fato da agricultura convencional precisar de grandes investimentos, a agroecologia é mais presente entre os camponeses, por ser uma agricultura impulsionada pela utilização dos recursos da própria área. Ao fazer isso os pequenos agricultores podem obter mais ganhos por unidade de produção e desta maneira obter mais ganhos totais, inclusive se a produção de cada produto é menor. (P. Rosset, 1999 apud ALTIERI M.A.2010). Outro fato que leva os camponeses para o lado da agroecologia é o tamanho das propriedades (+/-1,8ha), pois para uma maior renda e/ou alimentação própria precisam plantar de maneira muito diversificada. Ainda que a sabedoria convencional diga que as pequenas explorações agrícolas familiares são atrasadas e improdutivas, a investigação mostra que as pequenas explorações são bem mais produtivas que as grandes explorações agrícolas se considerada a produção total em vez da produção de uma só colheita. TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA Conceito central na agroecologia, é entendida como um processo gradual e multilinear de mudança, com o decorrer do tempo, nas formas de manejo dos agroecossistemas, que, na agricultura, tem como meta a passagem de um modelo agroquímico de produção (que pode ser mais ou menos intensivo no uso de inputs industriais) a estilos de agriculturas que incorporem princípios e tecnologias de base ecológica. Essa idéia de mudança se refere a um processo de evolução contínua e crescente no tempo, porém sem ter um momento final determinado. Entretanto, por se tratar de um processo social, isto é, por depender da intervenção humana, a transição agroecológica implica não somente na busca de uma maior racionalização econômico-produtiva, com base nas especificidades biofísicas de cada agroecossistema, mas também numa mudança nas atitudes e valores dos atores sociais em relação ao manejo e conservação dos recursos naturais (CAPORAL, 2004). É preciso enfatizar que o processo de transição agroecológica adquire enorme complexidade, tanto tecnológica como metodológica e organizacional, dependendo dos objetivos e das metas que se estabeleçam, assim como do “nível” de sustentabilidade que se deseja alcançar. Neste sentido, segundo Gliessman (2000), podemos distinguir três níveis fundamentais no processo de transição ou conversão para agroecossistemas sustentáveis. O primeiro, diz a respeito ao incremento daeficiência das práticas convencionais para reduzir o uso e consumo de insumos externos caros, escassos e daninhos ao meio ambiente. Esta tem sido a principal ênfase da investigação agrícola convencional, resultando disso muitas práticas e tecnologias que ajudam a reduzir os impactos negativos da agricultura convencional. O segundo nível da transição se refere à substituição de insumos e práticas convencionais por práticas alternativas. A meta seria a substituição de insumos e práticas intensivas em capital, contaminantes e degradadoras do meio ambiente por outras mais benignas sob o ponto de vista ecológico. Neste nível, a estrutura básica do agroecossistema seria pouco alterada, podendo ocorrer, então, problemas similares aos que se verificam nos sistemas convencionais. O terceiro e mais complexo nível da transição é representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para que estes funcionem com base em novos conjuntos de processos ecológicos. Nesse caso, se buscaria eliminar as causas daqueles problemas que não foram resolvidos nos dois níveis anteriores. Em termos de investigação já foram feitos bons trabalhos em relação à transição do primeiro para o segundo nível, porém estão recém começando os trabalhos para a transição ao terceiro nível, quando se estaria mais próximo de estilos de agriculturas sustentáveis (Gliessman, 2000). AGRICULTURA AGROECOLÓGICA VESUS AGRICULTURA ORGÂNICA A distinção entre agriculturas de base ecológica, baseadas nos princípios da Agroecologia, daqueles estilos de agricultura alternativa, é dificultada devido a apresentação de denominações que dão a conotação da aplicação de práticas, técnicas e/ou procedimentos que visam atender certos requisitos sociais ou ambientais, não necessariamente terão que lançar ou lançarão mão das orientações mais amplas emanadas do enfoque agroecológico. Não se deve entender como agricultura baseada nos princípios da agroecologia aquela agricultura que, simplesmente, não utiliza agrotóxicos ou fertilizantes químicos de síntese em seu processo produtivo. No limite, uma agricultura com esta característica pode corresponder a uma agricultura pobre, desprotegida, cujos agricultores não têm ou não tiveram acesso aos insumos modernos por impossibilidade econômica, por falta de informação ou por ausência de políticas públicas adequadas para este fim. Ademais, algumas opções desta natureza podem estar justificadas por uma visão tática ou estratégica, visando conquistar mercados cativos ou nichos de mercado que, dado o grau de informação que possuem alguns segmentos de consumidores a respeito dos riscos embutidos nos produtos da agricultura convencional, super- valorizam economicamente os produtos ditos “ecológicos”, “orgânicos”, ou “limpos”, o que não necessariamente assegura a sustentabilidade dos sistemas agrícolas através do tempo. Neste sentido, temos hoje, tanto algumas agriculturas familiares “ecologizadas”, como a presença de grandes grupos transnacionais que estão abocanhando o mercado orgânico em busca de lucro imediato, como vem ocorrendo com os chamados “alimentos corporgânicos”. No Espírito Santo, 300 produtores rurais já possuem a certificação orgânica. Em torno de 1.300 não utilizam produtos químicos nas lavouras, e outros 300 estão em fase de transição (saindo do cultivo tradicional e adotando as práticas de agroecologia). Juntos, estes produtores (certificados e em transição) colhem cerca de 12.800 toneladas por mês. Os produtos mais cultivados são frutas e olerícolas. Além do entendimento entre orgânico/agroecológico, a diferenciação das demais agriculturas que estão surgindo a partir das orientações emanadas das correntes da “Intensificação Verde”, da “Revolução Verde” ou “Dupla Revolução Verde”, cuja tendência, marcadamente ecotecnocrática, tem sido a incorporação parcial de elementos de caráter ambientalista ou conservacionista nas práticas agrícolas convencionais (greening process), tem sua importância, pois essas agriculturas se constitui de uma vã tentativa de recauchutagem do modelo da Revolução Verde, sem qualquer propósito ou intenção de alterar fundamentalmente as frágeis bases que até agora lhe deram sustentação. AGROECOLOGIA NO MUNDO Atualmente a agroecologia está sendo cada vez mais percebida e valorizada pelas diversas organizações internacionais, por exemplo, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que é um fórum neutro, onde todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento (cerca de 191, mais a Comunidade Europeia) se reúnem em igualdade para negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas, liderando os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar, José Graziano da Silva, na abertura do segundo simpósio internacional sobre agroecologia em Roma, declarou "O sistema de produção alimentar baseado nos sistemas agrícolas utilizando muitos inputs e recursos teve um preço alto para o meio ambiente. O resultado foi que os solos, as florestas, a água, a qualidade do ar e a biodiversidade continuam a se degradar, enquanto o aumento da produção a qualquer preço não erradicou a fome”. Já o presidente do Fonds International Développement Agricole (FIDA) o chamado “banco” das Nações Unidas para a agricultura, Gilbert Houngb afirma: “Temos de nos livrar do sistema de monocultura, que dominou o último século”. Pelos dados da própria FAO, há alimento suficiente para que cada pessoa do planeta consuma todos os dias uma dieta diversificada e nutritiva composta por 1,134 quilos de cereais, feijões e nozes (ou castanhas, ou avelãs etc); 454 gramas de frutas e verduras e 400 gramas de carnes, leite e ovos (Lappé e outros, 1998). Em outras palavras, a situação no mundo de hoje é de abundância e não de carência de oferta de alimentos. Cerca de 30 países, entre eles a maioria dos países da América Latina, junto com Coreia do Sul, China, Costa do Marfim assim como Áustria, Alemanha, Dinamarca, França, Suíça e Itália, já adotaram um marco legislativo ou uma série de regulamentos para facilitar o desenvolvimento da agroecologia. Porém, mesmo com essas grandes organizações apoiando a causa da agroecologia, encontramos alguns impasses. Olivier De Schutter, ex-relator especial da ONU pelo direito humano à alimentação, comenta sobre eles da seguinte forma: -O primeiro grande obstáculo vem do fato de que para muitos gestores públicos(não só os gestores, mas para grande parte sociedade também) a modernização é vista necessariamente com uma grande industrialização da mesma. Eles veem o futuro da agricultura como mais mecanização, com um uso maior de insumos externos e a substituição da diversidade de culturas pelas monoculturas, a fim de suprir a demanda dos grandes mercados. Um obstáculo cultural na cabeça dos governantes. -O Segundo obstáculo está relacionado à forma como medimos a produtividade de diferentes técnicas agronômicas. Em muitos casos alega-se que a agricultura industrial é mais produtiva porque os volumes produzidos por hectare de uma certa commmodity, como soja milho ou cana de açúcar, são de fato impressionantes quando se produz em monocultura mecanizada. Porém quando analisamos a produção agroecológica, vemos uma gama de produtos no mesmo pedaço de terra e integrando diversas formas de cultivo que, se considerada a produção total desses distintos produtos da agroecologia os resultados podem ser igualmente ou até mais impressionantes, sendo assim continuamos presos a uma forma de medição de produtividade muito limitada, que deixa de olhar para os custos de produção -O último impasse é que os incentivos para a adoção da agroecologia não estão presentes em quantidade suficiente, os países deixam a desejar quanto a leis, incentivo, fomento para uma produção mais sustentável, ao invés disso recompensam grandes produtores que atendem as demandas do mercado. AGROECOLOGIA NA AMÉRICALATINA E NO BRASIL Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) atualmente a agroecologia na América Latina ganha força nas políticas públicas, como modelo de produção. A Rede de Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural na América Latina realizou uma pesquisa, na qual revela que o crescimento da prática agroecológica na região está consolidando esse modelo como “disciplina científica” e um movimento social. De acordo com a FAO, o incentivo dessas práticas contribui de uma maneira nova e complexa, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que é a sustentabilidade econômica, social e ambiental. A Argentina destaca-se por possuir uma produção orgânica certificada para exportação e trabalhos de pesquisa e extensão na área, por seus programas com componentes agroecológicos. Em contrapartida, no México não há uma política dedicada especificamente a agroecologia, sobretudo é possível observar grupos que já defendem tal prática. No Brasil foi criado o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) pela presidenta Dilma Rousseff, que envolveu diferentes órgãos de governos e representantes civis, o qual é o principal meio de execução da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. O PLANAPO faz parte da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), o qual foi um importante passo para efetivação de ações de desenvolvimento rural sustentável, que foi estimulado por uma crescente preocupação de organizações sociais do campo e da floresta, e da sociedade em geral, com a necessidade de produzir alimentos saudáveis. O plano ficou conhecido sob a denominação de Brasil Agroecológico e abrangeu ações públicas, além de incorporar a agroecologia em processos de planejamento e implementação de políticas públicas, tanto em nível federal, quanto subnacional promove sistemas justos e sustentáveis de produção, além de valorizar o manejo sustentável dos recursos naturais e ampliar a participação da juventude rural na produção e consumo de produtos orgânicos e de base ecológica. O plano busca beneficiar especialmente agricultores e agricultoras, familiares e não familiares, além de outras categorias sociais. A estratégia o PLANAPO é o uso e conservação de recursos naturais e a comercialização e o consumo da produção. De acordo com Abreu e Bellon (2014) a organização protagonista da agroecologia no Brasil foi a Assessoria a Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA) tal organização visava os seguintes objetivos: 1) Controlar a expansão dos latifundiários e do êxodo rural e apoiar os agricultores familiares; 2) Estimular o processo de organização e conscientização dos agricultores familiares; 3) Promover a adoção de um novo modelo de desenvolvimento com as três seguintes estratégias de ação: local, global e política. As instituições públicas do Brasil vêm integrando a ideia da agroecologia em suas estratégias de desenvolvimento rural, essa estratégia, em sentido amplo, abre espaços para ONGs e grupos independentes, alguns pertencentes ao movimento original da agricultura alternativa. A agroecologia tem forte relação com o movimento social, além de colocar em debate os diferentes modelos tecnológicos utilizados na agricultura destacando a natureza e a relação com a sociedade, sendo assim é um modelo produtivista que visa concretizar práticas agrícolas ecológicas como, por exemplo, o manejo ecológico do solo. AGROECOLÓGIA NO CAPARAÓ O Território do Caparaó Localizado a sudoeste do Estado do Espírito Santo abrange os municípios de Alegre, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Iúna, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire e São José do Calçado, alcançando área de aproximadamente 3.900 km² (MDA, 2006), os municípios que constituem o Território do Caparaó possuem 179.590 habitantes, A produção agropecuária ocupa 42.568 pessoas entre homens e mulheres, e está presente em 12.062 estabelecimentos que abrangem 255.177 ha, divididos principalmente entre o cultivo do café e a produção de leite, representando 9.656 e 2.668 estabelecimentos, respectivamente (IBGE, 2006). A agroecologia se encontra em pleno desenvolvimento neste território visto que diversos agricultores convencionais estão migrando para este modelo de produção. Que tem como enfoques restringir o uso de insumos externos, caros, e impactantes ambientalmente, potencializando a competência do paradigma ecológico. No entanto e de grande importância ressaltar a importância de formação de técnicos que vão submeter a metodologia a campo visto que o mesmo impõe influencia na decisão do produtor outro aspecto que incentiva nesta mudança são o apoio de organizações governamentais e não governamentais dando assim suporte financeiro e propiciando cursos de qualificação para os produtores. Além disso, inclui a substituição de insumos químicos pelo orgânico, práticas alternativas e diversidade dos produtos cultivados. No entanto a maioria dos produtores da Associação Capixaba de Agricultores Orgânicos Familiares de Iúna (ACAOFI) está restringida na etapa de substituir insumos sintéticos por insumo orgânico devido à dificuldade para produção do mesmo. Além disso, o autor (SIQUEIRA et al., 2008) dirigiu uma pesquisa com os produtores da ACAOFI com intuito de coletar dados para compreender melhor o processo de transição agroecológica dos produtores familiares, estes resultados foram obtidos através de um questionário onde foi submetido 22 produtores em sua maior parte familiar. Obtendo que uma das maiores dificuldades dos produtores e a produção de composto orgânico, no entanto para solucionar o problema fui proposto uma focalização maior na mão de obra e obtenção da matéria prima, pois os mesmos se mostraram mais relevantes. O autor destacou que ninguém tem máquina/trator para reviramento e 41% têm veículos para transporte. Ele ainda delineou um gráfico com as principais dificuldades para produzir o composto orgânico conforme figura 1. FIGURA 1 (SIQUEIRA et al., 2006) Contudo a agroecologia vem colaborando para formação de uma agricultura mais sustentável, essencialmente nos fatores ambientais, saúde e bem estar de trabalho. Porem a grande demora nos ganhos ambientais se deve, em parte, ao fato de tais ganhos demorarem mais a ocorrer, pois dependem dos processos ecológicos envolvidos na recuperação e conservação das áreas agrícolas, os quais possuem um tempo próprio para surtir os efeitos, tal processo fica claro em uma trabalho realizado pela UFES que visa avaliar Produtividade e qualidade de pastagem de capim-marandu recuperada por diferentes modelos de sistemas silvipastoris, para proceder as avaliações e necessários aguarda o crescimento das leucenas para que possa ser possível uma mudança no ecossistema do solo que reflete positivamente no crescimento da pastagem e recuperação das áreas degradas figura 2. FIGURA 2: Retirada em Jerônimo Monteiro, Fazenda Lavrinha, 20 de Abril 2018. O estado também conta com a participação dos movimentos sem terra que de certa forma vem entrelaçando as praticas agroecológicas em seu dia a dia, contando com um importante fator para o desenvolvimento que e assistência técnica que esta inteiramente vinculada com o movimento sem terra. Além disso, os produtores contam com a política de reforma agrária que injeta recursos públicos para financiar essa assistência para aquele grupo social específico, sendo que os produtores que não fazem parte desse movimento não contam com este beneficio. Um diferencial dos assentamentos e a presença das escolas família agrícola que são fundamentais para formação do conhecimento relacionado a agroecologia neste movimento, além de forma os filhos dos assentados em diversos níveis escolarização proporcionado assim oportunidade de conseguir ingressa em uma instituição de nível técnico ou nível superior. E necessário ressalvara importância do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPE) que traz consigo praticas sustentáveis e agroecológica melhorando assim a viabilidade do setor. Dentre os trabalhos se destaca a pesquisa relacionada a o sequestro de carbono mostrando o potencial da agricultura orgânica que em parte carrega grandes traços da agroecologia, os pesquisadores afirmaram que e possível sequestra 5,6 toneladas de CO2 por hectare ano, impedindo assim a emissão de gás de efeito estufa que ultimamente vem causando grades agravantes para o meio ambiente. Outro trabalho bastante expressivo para agroecologia e a pesquisa envolvendo leguminosa em consorcio com hortaliças aumentando a produção e mantendo o solo em níveis estáveis de estrutura além de ter pouca demanda de adubos sintéticos melhorando assim índices socioeconômicos. Contudo foi de extrema dificuldade obter os resultados do sistema agroecológicos consolidados. Pois o os agricultores da região se encontra em processo de transição do modelo convencional para agroecológicos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A agroecologia é uma ciência que propõe formas de produção baseadas na sustentabilidade e oferece parâmetros básicos para o desenvolvimento de agrossistemas que se privilegiam dos efeitos da adaptação proporcionada pela biodiversidade de plantas e animais. Alem de garantir a conservação do local, destacam a participação de agricultores e seus conhecimentos tradicionais e a adaptação da tecnologia agrícola nesses locais. A agroecologia ainda possui grandes barreiras, principalmente econômicos, de modo que os grandes produtores, centro de pesquisas e desenvolvimento agroindustrial não invistam nesse ramo, pois ainda acham que é um meio que não oferece lucro. Devido a isso, essa pratica é pouco semeado. A fim de proteger os sustentos, os empregos, o meio ambiente, a segurança alimentar e a saúde da população, a produção de alimentos tem que permanecer nas mãos dos agricultores de pequena escala e não pode ser deixado sob o controle das grandes companhias agroindustriais ou das cadeias de supermercados. Somente mudando o modelo industrial agrícola dirigido à exportação e baseado no livre comércio das grandes explorações agrícolas será possível frear a espiral descendente da pobreza, os salários baixos, a migração rural e urbana, a fome e a degradação ambiental. Os movimentos sociais rurais abraçam o conceito de soberania alimentar como uma alternativa ao método neoliberal que acredita num comércio internacional injusto para solucionar o problema da comida do mundo. A soberania alimentar se enfoca na autonomia local, nos mercados locais, nos ciclos locais de produção- consumo, na soberania energética e tecnológica, e nas redes de agricultor a agricultor (A Vía Campesina). É de suma importância ver que a agricultura moderna vem causando grandes impactos ao mundo e que a agricultura sustentável, na visão agroecologica, é a que pode amenizar esses resultados. Logo, é de grande relevância que as ONGs, a sociedade e o governo fiquem cientes disso e que abracem essa causa e disseminem a importância da agricultura sustentável tanto para o meio ambiente quanto para as pessoas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1992. AGÊNCIA DE NOTÍCIAS INTERNACIONAL ESPANHOLA - EFE. Agroecologia ganha força na América Latina e no Caribe mostra estudo da FAO. Disponível em:<http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-12/agroecologia- ganha-forca-na-america-latina-e-no-caribe-mostra-estudo>. Acesso em: 26 de maio de 2018. ALTIERI, M. Agroecologia: Bases científicas para uma agricultura sustentável. 3. Ed. São Paulo: expressão popular, 2012. ALTIERI, M. Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar. REVISTA NERA – ANO 13 Nº. 16, 2010. BERGAMASCO, S; NORDER, L. O que são assentamentos rurais? São Paulo: Brasiliense, 1996. CAPORAL, F. Desenvolvimento rural sustentável: uma perspectiva agroecológica. In: Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. CAPORAL, F.R; COSTABEBER, J.A Agroecologia: alguns conceitos e princípios. 24p Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004 DE ASSIS, R; ROMEIRO, A. Agroecologia e agricultura orgânica: controvérsias e tendências. Desenvolvimento e meio ambiente, v. 6, 2002. DE ABREU, L; BELLON, S. A dinâmica do desenvolvimento da agroecologia no Brasil e na América Latina. In: Embrapa Meio Ambiente- Artigo em anais de congresso (ALICE). In: ENCONTRO DA REDE DE ESTUDOS RURAIS, 6., 2014, Campinas. Desigualdade, exclusão e conflitos nos espaços rurais: anais... Campinas: Unicamp, 2014. 14 p. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 2000 KIYOTA, N.; GOMES, M. A. O. Agricultura familiar e suas estratégias de comercialização: um estudo de caso no município de Capanema – Região Sudoeste do Paraná. Revista de Organização da UFLA, Lavras, v. 1, n.2, p. 43-54. 1999. LAPPÉ, F.M.; COLLINS, J.; ROSSET, P. World Hunger: twelve myths. New York: Food First, 1998. -Portal uol economista: ONU deixa 'revolução verde' para trás e adere à agroecologia. Disponível em <https://economia.uol.com.br/noticias/afp/2018/04/03/onu-deixa-revolucao- verde-para-tras-e-adere-a-agroecologia.htm> acesso em 19 de maio de 2018. https://economia.uol.com.br/noticias/afp/2018/04/03/onu-deixa-revolucao-verde-para-tras-e-adere-a-agroecologia.htm https://economia.uol.com.br/noticias/afp/2018/04/03/onu-deixa-revolucao-verde-para-tras-e-adere-a-agroecologia.htm Portal Istoé: ONU deixa revolução verde para tras e adere a agroecologia. Disponível em <https://istoe.com.br/onu-deixa-revolucao-verde-para-tras-e- adere-a-agroecologia/> acesso em 19 de maio de 2018. -Portal FAO: Agroecologia. Disponível em <http://www.fao.org/family- farming/detail/en/c/444895/> acesso em 19 de maio de 2018 -Portal AS. PTA: III ENA debate panorama da agroecologia no mundo RODRIGUES, H. et al. Agroecologia no território norte do Espírito Santo: uma análise à luz do desenvolvimento territorial sustentável. 2017. SIQUEIRA, Haloysio M. de et al. Aspectos socioeconômicos numa perspectiva de transição agroecológica dos agricultores da ACAOFI. Pesquisa Agroecológica Capixaba. Vitória: INCAPER, p. 65-70, 2008. https://istoe.com.br/onu-deixa-revolucao-verde-para-tras-e-adere-a-agroecologia/ https://istoe.com.br/onu-deixa-revolucao-verde-para-tras-e-adere-a-agroecologia/ http://www.fao.org/family-farming/detail/en/c/444895/ http://www.fao.org/family-farming/detail/en/c/444895/ AGÊNCIA DE NOTÍCIAS INTERNACIONAL ESPANHOLA - EFE. Agroecologia ganha força na América Latina e no Caribe mostra estudo da FAO. Disponível em:<http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-12/agroecologia-ganha-forca-na-america-latina-e-n...
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