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Nathália Machado – Tut 01 Autoimunidade Hipótese da higiene: Ausência de infecções helmínticas na infância predispõe desenvolvimento de doenças auto- imunes. Como a infecção por helmintos ou produtos destes modulam doenças auto-imunes? Existem duas hipóteses: 1 – A indução da produção de células e citocinas regulatórias, a exemplo da IL-10 em resposta a antígenos parasitários modularia a resposta do tipo Th1 e Th2. 2 – Modulação da resposta Th1 por citocinas do padrão Th2. O S. mansoni previne a DM1, a esclerose múltipla, a colite ulcerativa e a psoríase. Tolerância imunológica: Mecanismo pelo qual o sistema imune não responde a determinados antígenos aos quais foi exposto anteriormente. Tolerância a antígenos próprios (auto-antígenos) – discriminação self/non self. A célula T é mais tolerogênica que a célula B. A tolerância não é o não reconhecimento e sim a falta de resposta efetora pois o reconhecimento ocorre. Repertório amplamente variado de receptores de antígenos (anticorpos e TCRs) -> rearranjos genéticos aleatórios -> possibilidade de receptores com afinidade para moléculas normais do próprio indivíduo. Em meio a tanto rearranjo aleatório, podem surgir receptores com afinidade para o próprio. Com a falha dos mecanismos de tolerância a auto-imunidade se desenvolve, perdendo o poder de discriminação self-non self. Autoimunidade x doença autoimune Autoimunidade: resposta imune específica contra um antígeno ou uma série de antígenos próprios. Doença autoimune: síndrome provocada por lesão tissular ou alteração funcional desencadeadas por uma resposta autoimune. Autoimunidade O sistema imune tem a capacidade de distinguir o próprio do não- próprio, ou seja, de tolerar os antígenos do hospedeiro e Nathália Machado – Tut 01 responder a antígenos estranhos. Para isso, existem vários processos adquiridos ativamente, em que linfócitos auto-reativos são excluídos do plantel ou inativados após encontrar antígenos próprios. Esses processos podem ser induzidos nos órgãos linfoides centrais ou nos tecidos periféricos. Pode ser sistêmica ou órgão específica e resulta de uma falha nos mecanismos gerais que mantém a tolerância ao próprio somados a fatores que contribuem para o desenvolvimento de autoimunidade (APCs e linfócitos anormais, fundo genético que predispõe, processos inflamatórios e infecções). Mecanismos de seleção para células T no timo: os timócitos duplo positivos (imaturos que expressam tanto CD4 quanto CD8) entram em contato com peptídeos próprios ligados às moléculas de MHC sobre células epiteliais do córtex tímico e sobre macrófagos e DC na medula do timo. Os timócitos cujo TCR é incapaz de reconhecer o MHC e peptídeo próprios, morrem por apoptose (seleção positiva). Os que reconhecem MHC próprio e peptídeo com alta afinidade, são removidos por apoptose (seleção negativa). Mecanismos de tolerância central e periférica de linfócitos B Linfócitos imaturos que reconhecem os antígenos próprios com alta afinidade na medula óssea são eliminados por apoptose ou mudam sua especificidade antigênica. Linfócitos são específicos para antígenos próprios e que sofreram o mecanismo de recombinação migram para a periferia. As células que encontram autoantígenos na periferia e são ativados são eliminadas por apoptose ou se tornam anérgicas (sem função). Já as que não possuem especificidade para antígenos próprios ao encontrarem antígenos exógenos são capazes de gerar uma resposta imune. Tolerância periférica e mecanismos de indução: Células T que estão fisicamente separadas de seus antígenos específicos, por exemplo, pelo sangue-barreira hematoencefálica, não podem ser ativadas, uma circunstância referida como ignorância imunológica. Células T que expressam a molécula CD95 (FAS) em sua superfície podem receber sinais de indução de apoptose por células que expressam o FAS-1, processo referido como deleção. Um exemplo de inibição pode ser observado pela ligação do CD152 ao Nathália Machado – Tut 01 CD80 expresso nas APCs inibindo a ativação das células T. Células T reguladoras podem inibir ou suprimir outras células T, provavelmente pela produção de citocinas inibitórias como IL-10 e TGF-b. A célula dendrítica também possui um papel importante na autoimunidade, pois é ela que vai apresentar o próprio para a célula T auxiliar, caso ele não apresente, essa célula T não teria como se tornar uma célula autoreativa. Esquema das diferentes vias de diferenciação das células Th0 com destaque para as citocinas indutoras da diferenciação Th1, Th2, Th17 e Treg e as principais citocinas secretadas. As DCs podem tornar-se ativadas pelo reconhecimendo dos PAMPs na presença de agentes infecciosos ou por outros fatores desencadeantes como um processo inflamatório. Após ativação, as DCs podem processar e apresentar Nathália Machado – Tut 01 autoantígenos ativando clones de células T autorreativas e polarizando a resposta imune para diferentes vias (Th1, Th2 ou Th17). Uma vez iniciado o processo de quebra de tolerância, a resposta inflamatória, estimulada pela ação dos INFs tipo I e outras citocinas pró-inflamatórias, será perpetuada e os clones autorreativos serão mantidos. Comparando a tolerância nas células B e nas células T: Como a ausência de coestimulação é um mecanismo de tolerância: Tolerance to self: O reconhecimento pelo BCR gera uma sinalização intracelular, ocorre a endocitose e processamento do antígeno para depois apresentar via MHC II para o linfócito T auxiliar diferenciado. Se a célula T não coestimula, ela não se ativa, então tem-se a tolerância ao próprio. Autoimmunity: antígeno estranho foi reconhecido, processado e apresentado via MHC II para o linfócito T auxiliar, e a célula T ajuda a B a se ativar. Essa resposta ocorrerá contra o epítopo que foi reconhecido inicialmente. Porém, se esse epítopo for muito semelhante a uma proteína do organismo, os anticorpos podem atacar tanto o antígeno quanto a proteína do organismo que não tinha relação nenhuma com a história, a coitada só deu azar de se assemelhar muito com o antígeno e a auto reatividade acontece. Fatores que determinam o desenvolvimento de uma doença autoimune Genética: o indivíduo é suscetível a uma determinada doença. Fatores ambientais: funciona como um gatilho para doença autoimune. Regulação imune: através dos mecanismos de tolerância que podem falhar. A tolerância periférica possui mais chance de falhar e desencadear uma resposta autoimune que a tolerância central. Nathália Machado – Tut 01 Fatores genéticos: Certos genes HLA estão associados com doenças autoimunes e certos haplótipos HLA com o risco de estas se desenvolverem. O polimorfismo genético e/ou as mutações também tem um papel preponderante nesta relação. Fatores ambientais: Hormônios, drogas, radiação UV e patógenos são algumas formas de contribuição do ambiente para provocar a autoimunidade. EBV, micoplasmas, malária, doença de Lyme estão ligadas com doença autoimune particulares devido a semelhança de algumas estruturas antigênicas microbianas a antígenos próprios. O mimetismo molecular ocorre através de uma infecção. A infecção pode contribuir para uma doença autoimune através do mimetismo ou durante o curso da doença através de um dano tecidual. Fatores hormonais/endócrinos É um fator ambiental. O sexo feminino é muito mais propenso a desenvolver doenças autoimunes. Potenciais mecanismos de autoimunidade É comum que as células T recebam doses pequenas de autoantígeno, que não geram ativação,apenas aumentam o tempo de vida da célula. Se ocorrer algum evento que altera a homeostasia, pode desencadear um desenvolvimento de doenças linfoproliferativas. E então teremos células T autoreativas que ajudarão as células B a se ativar, e as células B produzindo auto- Nathália Machado – Tut 01 anticorpos. Nessa situação, a autoimunidade é sistêmica. Em outro cenário, se uma DC imatura migra para um órgão linfoide para apresentar um autoantígeno para a célula T, como o DC imaturo não expressa MHC e sim PRR pois ainda não amadureceu, o linfócito T não será ativado e teremos a tolerância. Se esse mecanismo de tolerância falhar, a autoimunidade se desenvolve. Mas, se for uma DC madura, expressando MHC, ela causará uma coestimulação intensa e a célula T se ativará e teremos uma célula autoreativa. No terceiro cenário, pensando em um antígeno estranho apresentado pela DC, se houver semelhança antigênica, temos duas opções de autoimunidade: ou o individuo terá células autoreativas com afinidade fraca com o antígeno, nesse caso a autoimunidade será transitória, mas se a reatividade cruzada for forte, teremos uma autoimunidade definitiva. Sítios imunologicamente privilegiados: Os antígenos próprios do olho estão preservados atrás da mucosa ocular. Um trauma em um dos olhos resulta na liberação de antígenos proteicos e eles serão sequestrados para o linfonodo drenante. O antígeno intra-ocular ativa as células T, e as células T efetoras retornas através da corrente sanguínea e encontram antígenos em ambos os olhos. Fatores da regulação imunológica Um defeito em qualquer dos ramos do sistema imunológico pode desencadear auto-imunidade. A resposta Th17 tem um maior potencial de desenvolver doença autoimune quando comparada a resposta Th1 pois a Th17 é ainda mais inflamatória que a Th1. Patogênese da autoimunidade Os mecanismos de destruição tecidual por autoanticorpos são os mesmos que acontecem na resposta imune protetora. As células T e B estão envolvidas neste processo assim como citocinas inflamatórias, complexos imunes, fagócitos e fatores de complemento. A principal diferença entre respostas antimicrobianas e respostas autoimunes é que nestas últimas autoantígenos estão sempre presentes e não podem ser removidos do corpo.
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