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Anatomia e Fisiologia ANATOMIA • Possui 3 segmentos: duodeno, jejuno e íleo. DUODENO • Grande parte do duodeno é retroperitoneal (recoberto pelo peritônio apenas em sua face anterior). • Segue-se ao piloro e é dividido em quatro porções. Grande parte dele ▪ Primeira: corresponde ao bulbo. ▪ Segunda: vertical, circunda a cabeça do pâncreas. Recebe o ducto pancreático e o colédoco, que conduzem, respectivamente, o suco pancreático e a bile. ▪ Terceira: horizontalmente, segue paralela ao corpo do pâncreas. ▪ Quarta: forma o ângulo duodenojejunal, o qual é preso pelo ligamento de Treitz ao pilar direito do diafragma. JEJUNO E ÍLEO • Não há limites precisos entre o jejuno e o íleo. • O íleo termina na face medial da transição entre o ceco e o cólon ascendente (válvula ileocecal) na fossa ilíaca direita. • O jejuno-íleo é ligado à parede abdominal posterior pelo mesentério (um pregueado peritoneal). o No mesentério, estão a artéria e eia mesentérica superior e seus ramos, vasos linfáticos, linfonodos e nervos. • O jejuno ocupa a parte superior esquerda do abdome. • O íleo ocupa a parte inferior direita do abdome. SUPERFÍCIE LUMINAL • Composta por pregas de Kerckring, as vilosidades e as microvilosidades. • Função: ampliar a área disponível para a absorção. • Pregas de Kerckring: são pregas transversais constituídas pela mucosa e submucosa. • Vilosidades intestinais: projeções digitiformes da mucosa, em forma de folha ou de linga. Dão aspecto aveludado à superfície intestinal. São grandes e numerosas no duodeno e no íleo. • Microvilosidades: são projeções microscópicas da membrana plasmática d aparte superior do enterócito. COMPOSIÇÃO DA PAREDE DO INTESTINO DELGADO • Mucosa, submucosa, camadas musculares e serosa. • Mucosa: formada por epitélio de revestimento, lâmina própria e muscularis mucosae, que separa a mucosa da submucosa. o Epitélio de revestimento das criptas: formado por camada simples de células colunares, que recobre as vilosidades e as criptas. Possui células de Paneth: elementos de defesa, que secretam defensivas com forte poder bactericida. o Células caliciformes: ficam nas paredes laterais das criptas. Secretam muco: citoproteção e lubrificação. o Células enteroendócrinas: secreção de peptídios: agem de forma parácrina em células-alvo. Atuam na motilidade, secreção e proliferação celular. • Lâmina própria: formada por tecido conjuntivo subepitelial que compõem o core das vilosidades e envolve as criptas. Possui células de defesa imunológica. • Submucosa: composta por tecido conjuntivo com vasos sanguíneos e linfáticos que drenam a mucosa. Contém elementos do sistema nervoso entérico com gânglios e fibras (plexos de Meissner). Possui nódulos linfáticos ao longo do tubo digestório. o Glândulas de Brünner: presentes na submucosa e lâmina própria. Formadas por células secretoras de muco. Ficam no duodeno, atras do piloro. Sua secreção é lançada no lúmen intestinal no fundo das criptas. Rica em muco e bicarbonato. Protege contra a secreção cloridropéptica. o Placas de Peyer: presentes na submucosa e lâmina própria. São agregados foliculares de linfócitos do íleo. Comportam-se como linfonodos. MUSCULATURA • 2 camadas de fibras musculares lisas: o Externa: longitudinal, acompanha o grande eixo do tubo. o Interna: circular e + espessa. INERVAÇÃO • SNE: Sistema Nervoso Entérico ou Sistema Nervoso Intramural. • Grande número de células ganglionares reunidas no plexo de Auerbach (ou mioentérico), entre as duas camadas musculares, e no de Meissner, na submucosa. • Atua sobre a musculatura lisa, essa complexa rede nervosa é responsável pela coordenação dos movimentos do intestino delgado. IRRIGAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM VENOSA • Suprimento arterial: o Artérias pancreaticoduodenais. o Artéria mesentérica superior e seus ramos da face convexa (artérias intestinais). • Drenagem venosa: o Veias pancreaticoduodenais. o Veia mesentérica superior: forma a veia porta com a esplênica e a mesentérica inferior. FISIOLOGIA • O intestino delgado é o único segmento do tubo digestivo que é essencial à vida, pois tem a função de absorção. • Atividade motora: proporciona condições favoráveis à absorção e encaminha materiais não aproveitados ao intestino grosso, o qual se encarregará de excretá-los junto às fezes. • Também possui função endócrina, com secreção de substâncias que participam da regulação do esvaziamento gástrico, da secreção pancreática, da contração da vesícula biliar e do seu próprio funcionamento motor. • Secreta enzimas, muco, eletrólitos e imunoglobulinas. FUNÇÃO MOTORA • Objetivos: o 1: misturar, amolecer e homogeneizar o quimo, facilitando a ação das enzimas digestivas e dos sais biliares. o 2: facilitar a exposição do quimo à superfície de absorção e propiciar tempo para a captação das substâncias absorvíveis. o 3: transportar o quimo e possibilitar que seus nutrientes sejam assimilados na zona de absorção eletiva. Em seguida, proporcionar a passagem das substâncias não absorvidas para o ceco. o 4: manter baixos níveis de proliferação bacteriana em seu lúmen. • A ação motora da fibra muscular lisa do intestino delgado é regida por sua atividade elétrica intrínseca. • Os fatores que determinam a ocorrência de potenciais de ação, portanto das contrações, são respostas neurogênicas à estimulação de quimio, termo ou mecanorreceptores da parede intestinal. Esses potenciais de ação podem determinar movimentos de segmentação ou de caráter propulsivo. o Movimento de segmentação (atividade motora básica do intestino delgado): controlado pelas ondas lentas, tem maior frequência no duodeno e vai diminuindo em direção ao intestino delgado. Consiste em contrações alternadas de segmentos vizinhos. o Movimento de propulsão e retenção: são fluxos de vaivém, que ocorrem após os movimentos de segmentação. Ocorrem contrações estacionarias. Prevalece durante o período pós-brandial. FUNÇÃO SECRETORA • O intestino delgado secreta hormônios, enzimas, imunoglobulinas, muco, água e eletrólitos. • Células produtoras de peptídios reguladores ou hormônios intestinais são encontradas na mucosa do intestino delgado. • Nas terminações nervosas do sistema nervoso entérico são liberadas substâncias com as características dos hormônios intestinais. • Intestino delgado proximal secreta: colecistocinina, secretina, polipeptídio inibidor gástrico, motilina e gastrina. • Intestino delgado distal secreta: enteroglucacon e neurotensina. FLORA BACTERIANA E PH • A flora bacteriana do intestino delgado é muito menos densa do que a do cólon. • A manutenção de baixa densidade bacteriana no delgado é essencial para a digestão normal de certos nutrientes. • pH do conteúdo intraluminal: 6,0 a 7,5. • Ambiente paucibacilar devido: o Barreira acidopéptica do estomago. o Válvula ileocecal. o Manutenção constante do movimento propulsivo em direção caudal. o Atividade proteolítica dos sucos digestivos. o Sais biliares. o Secreção de imunoglobulinas pela mucosa entérica. Exame Clínico ANAMNESE • Doenças predominantes em crianças: doença celíaca e linfangiectasia intestinal primária. • Deficiência seletiva da lactase intestinal: atinge maioria dos orientais, negros e mais da metade dos indivíduos de origem árabe. • Intervenções cirúrgicas ou encontro de incisões abdominais no exame físico: indagar sobre o tipo de operação, as manifestações clinicas que a motivaram e os achados cirúrgicos. • Uso de medicamentos: efeitos colaterais, como diarreia provocada por antiácidos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), metaformina e cólicas por sais de ferro. • Considerar aspectos emocionais: síndrome do intestino irritável. • Perguntar sobre a existência de casos semelhantes na família: doenças de base genética, como a doença celíaca e poliposes familiais.SINAIS E SINTOMAS • Principais: diarreia, esteatorreia, dor abdominal, distensão abdominal, flatulência e dispepsia, hemorragia digestiva, febre, perda de peso, anemia, edema, manifestações carenciais e insuficiência endócrina. DIARREIA • Aumento do teor líquido das fezes, frequentemente associado ao aumento do número das evacuações e do volume fecal (maior que 200 g em 24 horas). • Diarreia paradoxal: pequenas porções de fezes liquidas extravasam ao redor de um fecaloma. • Incontinência fecal: incapacidade de controlar a eliminação de fezes. • Classificação da diarreia quanto ao tempo: o Diarreia aguda: dura menos de 14 dias. o Diarreia subaguda: dura entre 15 e 30 dias. o Diarreia crônica: dura mais que 1 mês. • Observar a alimentação do paciente. ESTEATORREIA • Aumento da quantidade de gordura excretada nas fezes (mais de 7 g de gordura ou 9% do consumo, em 24 horas). • Diarreia associada à esteatorreia: ocorre devido ao aumento da pressão osmótica intraluminal. Costuma cessar ou diminuir após um período de jejum completo. DOR ABDOMINAL • Considerar: localização, irradiação, intensidade, modo de início, variações cronológicas, fatores de melhora e de piora e manifestações associadas. • Origens da dor: o Exclusiva no intestino, sem participação peritoneal: localização imprecisa, sendo indicada pelos pacientes em um ponto próximo da região umbilical. o Comprometimento dos segmentos distais do intestino: abaixo da cicatriz umbilical, entre o mesogástrio e hipogástrio. o Íleo terminal: percebida no quadrante inferior direito. o Peritonite restrita: local corresponde à sede do processo inflamatório. o Peritonite difusa: sentida difusamente por todo o local de inflamação. • Indicadores de intensidade da dor: mudanças importantes na vida do paciente, diminuição da capacidade de exercer atividades usuais, interesse em procurar tratamento sintomático ou atendimento médico e necessidade de uso de analgésicos injetáveis. • Dor abdominal intensa: náuseas, vomito, sudorese, palidez cutânea e inquietude. • Dor visceral: originada da distensão ou contração das paredes do intestino. Caráter de distensão ou torção. • Modo de início da dor: o Abrupto. o Vagaroso. DISTENSÃO ABDOMINAL, FLATULÊNCIA E DISPEPSIA • Associadas à má absorção. • Em geral, apresentam-se junto com diarreia, esteatorreia ou dor abdominal. HEMORRAGIA DIGESTIVA • Tem importância no diagnóstico etiológico e no prognóstico do paciente. • Depende do sangramento de intestino delgado e sua relevância. • O sangramento exterioriza-se como melena (eliminação de sangue junto com as fezes). • Fezes enegrecidas, mais viscosas e aderentes, podendo ou não adquirir uma tonalidade avermelhada. • Causa aumento do teor líquido das fezes. • Possui odor pútrido. ENTERORRAGIA • Eliminação de sangue vivo pelo ânus. • Condições: o Local de sangramento próximo à válvula ileocecal. o Perda sanguínea rápida e volumosa. o Existência de fatores que acelerem a velocidade do trânsito intestinal. HEMATÊMESE • Vômito com sangue de origem gastrointestinal. FEBRE • Apresenta-se junto com diarreia ou dor abdominal. • Febre alta e de início súbito: pode acompanhar a diarreia aguda, de curso benigno e autolimitado, cuja causa são as infecções bacterianas ou virais. • Febre alta, com dor abdominal e intensa: inflamação peritoneal própria da diverticulite ou dos períodos de reagudização da doença de Crohn. • Febre baixa e episódica: doenças celíaca, de Whipple, de Crohn e linfomas. PERDA DE PESO • Relacionada com alimentação deficiente, má absorção ou aumento do consumo metabólico. • Anamnese: perguntar sobre apetite, disposição para comer, características da alimentação (quantidade e qualidade dos alimentos), número, tipo e horário das refeições. • Redução da ingestão: verificar alterações de estado emocional, sintomas que se agravem pela alimentação, uso concomitante de medicamento e falta de alimentos. ANEMIA • Manifestações: palidez, astenia, fraqueza muscular, fadiga ou cansaço, sonolência, irritabilidade, vertigens, zumbidos e percepção de “moscas volantes”. • Queixas frequentes: palpitações, dispneia de esforço e lipotimia (perda brusca de consciência). • Causas: deficiência de ferro, vitamina B12 e/ou folatos, desnutrição proteica, depressão “tóxica” da eritropoiese e hemorragia digestiva. • Hemorragia digestiva: anemia + melena. EDEMA • Expressão clínica da redução da pressão coloidosmótica do plasma acarretada por hipoalbuminemia. • Causas: redução da ingestão proteica, alteração da síntese de albumina pelo fígado ou sua perda excessiva. • Manifesta associado à diarreia, à esteatorreia, à dor abdominal ou aos sintomas indicativos de hemorragia digestiva. • Perda gastrintestinal de proteínas: o edema é a única manifestação. MANIFESTAÇÕES DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS ESPECÍFICAS • Doenças do intestino delgado podem provocar má absorção de um ou mais nutrientes, acarretando carências, que são agravadas pela insuficiente ingestão alimentar. • Deficiência de hidratos de carbono, lipídios e proteínas: perda de peso, edema e alterações da pele e dos anexos. • Carência das vitaminas D e B: indicativo de duração prolongada do processo patológico, já que o fígado tem um amplo depósito delas. • Deficiência de cálcio pode ser acentuada por: o Defeito de absorção. o Defeito de absorção da vitamina D com retenção renal desse cátion. o Perda fecal aumentada do cálcio. INSUFICIÊNCIA ENDÓCRINA • O comprometimento da absorção dos nutrientes, que acarreta na insuficiência de glândulas endócrinas. • Associada à desnutrição proteica, anemia crônica e carência de vitaminas e oligoelementos. • Doença celíaca: o Mulheres: pode cursar com alterações menstruais e infertilidade. o Homens: disfunção sexual, perda da libido ou da potência. o Casos graves: estado de hipogonadismo, com perda das características secundárias, amenorreia ou atrofia testicular nos homens. EXAME FÍSICO GERAL • Determinar estatura e peso corporal. • Desnutrição grave: paciente emagrecido, com redução do tecido subcutâneo e da massa muscular. o Pele fina, seca, áspera e descamativa. o Pelos escasso, finos, quebradiços e facilmente destacáveis. • Inversão da curvatura das unhas: desnutrição proteica crônico ou anemia intens. • Edema: observado na inspeção d face ou os membros inferiores. • Exame de pele: o Lesões hemorrágicas tipo petéquias ou equimoses: deficiência de K ou hiperqueratose folicular. o Lesões eczematoides: causadas por carência de ácidos graxos essenciais. • Anemia: mucosas descoradas e seu grau de umidade pode refletir a perda de água provocada por diarreia. • Linfomas com comprometimento intestinal: linfonodos grandes, endurecidos, indolores e sem sinais inflamatórios. • Exame neurológico: detecta alterações da consciência e das funções intelectuais em pacientes com desnutrição grave, em geral associada à deficiência de vitaminas do complexo B ou anemia importante. • Exame da região perineal e do ânus: o Importante nos pacientes com doença de Crohn: fissuras, fistulas e abscessos perirretais. o Fissuras e escoriações anais e vaginais: deficiência de vitaminas do complexo B ou anemia ferropriva. EXAME DO ABDOME • Abdome escavado: doença celíaca, linfomas e doença de Crohn. • Abdome volumoso e com forma globosa: o Maior conteúdo líquido e gasoso das alças intestinais. o Pacientes com má absorção. o Globosidade acentuada: ascite ou neoplasia. • Massas abdominais: o Pode haver assimetria notável, causada por abaulamentos localizados. • Retrações: consequências tardias de intervenções cirúrgica ou de traumas abdominais. PALPAÇÃO DO ABDOME • Palpação superficial: o Permite a constatação de hipotrofia da parede nos casos de desnutrição ou o aumento da tensão nas distensões hidroaéreas das alças intestinaise nas ascites de grande volume. o Palpação superficial bimanual: detecta regiões de maior resistência (defesa abdominal) e contribui para a identificação do local mais comprometido. • Palpação profunda: o Os segmentos do intestino delgado não são acessíveis em condições normais. o Massas abdominais: doença de Crohn, de Whipple, tuberculosa, paracoccidioidomicose e neoplasias. Há dor à palpação e à descompressão dos planos que as recobrem. o Abcessos. o Linfonodos hipertrofiados: tuberculose, paracoccidioidomicose, linfomas e doença de Whipple. Massas duras, fixas, indolores, de tamanho e localização variáveis. AUSCULTA DO ABDOME • O aumento da frequência e da intensidade dos borborigmos, que chegam a ser audíveis a distância, indica movimentação anormal do conteúdo hidroaéreo intraluminal. o Doenças associadas à má absorção, nos transtornos da motilidade e, em particular, se houver oclusão intestinal. • Ruídos hidroaéreos podem estar diminuídos, ou mesmo abolidos, quando a motilidade gastrintestinal cessa, em resposta reflexa à inflamação peritoneal ou à isquemia da parede intestinal. Doenças do Intestino Delgado • São subdivididas em 7 grupos: anormalidades do desenvolvimento, obstrução intestinal, enterites, síndrome de má absorção, anormalidades de origem vascular, neoplasias e outras afecções. ANORMALIDADES DO DESENVOLVIMENTO • Maioria revela-se no recém-nascido ou nos primeiros meses de vida. ATRESIA E ESTENOSE • Apresentam-se com o quadro de obstrução intestinal no período neonatal. • O diagnóstico diferencial deve ser feito com o íleo meconial. ÍLEO MECONIAL • O intestino do recém-nascido contém detritos epiteliais, secreções digestivas e líquido amniótico deglutido, incluindo o vérnix caseoso. • Essa mistura, conhecida como mecônio, normalmente é eliminada com as fezes. • O mecônio espesso adere à parede intestinal, resistindo à ação motora propulsiva, e é a causa da obstrução intestinal neonatal em cerca de 15% dos casos. • Outra causa é a mucoviscidose: doença que acomete glândulas de secreção exócrina, incluindo pâncreas e glândulas intestinais. DIVERTÍCULO DE MECKEL • Remanescente do ducto onfalomesentérico, localizado na borda antimesentérica do íleo. • Os tecidos do divertículo são suscetíveis à transformação neoplásica. HAMARTOMAS • Pólipos da síndrome de Peutz-Jeghers (polipose intestinal e pigmentação melânica cutaneomucosa com transmissão mendeliana dominante) e outros pólipos intestinais. OBSTRUÇÃO INTESTINAL • Principais causas: o Crianças: íleo meconial, intussuscepção, divertículo de Meckel, “bolo” de Ascaris e corpos estranhos. o Adultos: aderências por cirurgias prévias, hérnias encarceradas, doenças inflamatórias crônicas, neoplasias benignas e malignas. INTRUSSUSCEPÇÃO • Invaginação de uma alça intestinal no interior da alça imediatamente seguinte. • Sem causa aparente. • Costuma ocorrer em crianças de 3 meses a 2 anos. ENTERITES • Afecções de natureza inflamatória compõem um amplo espectro de doenças causadas por agentes biológicos (vírus, bactérias, parasitos e fungos), agentes físicos (radiações) e de causa não conhecida (doença de Crohn). ENTERITES POR BACTÉRIAS E VIRUS • V. cholerae (agente etiológico do cólera) ou E. coli (ETEC: Escherichia coli enterotoxigênica) provocam diarreia. • Intoxicação alimentar: náuseas, vômito, do abdominal, diarreia intensa e desidratação. Surge em surtos. • Bactérias do gêneros Salmonella, Shigella, Campylobacter e Yersinia agridem a mucosa, causando diarreia e outros sintomas gastrintestinais. • Diarreias de aparecimento isolado ou epidêmico são causadas por rotavírus ou outros vírus enteropatogênicos atingindo, preferencialmente, crianças. ENTERITES PARASITÁRIAS • Casos + graves: imunodeficiência congênita (hipogamaglobulinemia), adquirida (AIDS) ou iatrogênica (imunossupressores). • Quadro clínico: sintomas dispépticos, dor abdominal, diarreia e repercussão sistêmica de acordo com a intensidade do comprometimento do intestino delgado. TUBERCULOSE ENTÉRICA • É consequência do processo pulmonar, por deglutição de escarro contaminado. • Ocorre lesos ulcerativas, hipertróficas ou úlcero-hipertróficas. PARACOCCIDIOIDOMICOSE OU BLASTOMICOSE SUL -AMERICANA (BSA) • Consequência da disseminação da doença localizada no sistema linfático mesentérico. • A enterite específica ocorre pela presença do P. brasiliensis, levado por macrófagos dos linfáticos dilatados para a parede intestinal. DOENÇA DE CROHN • É uma doença granulomatosa crônica, de etiologia desconhecida. • Inflamação transmural com granuloma não caseoso. • Fístulas vão da mucosa ulcerada até a serosa e órgãos vizinhos. • Manifestações: diarreia, dor abdominal e emagrecimento. DOENÇA DE WHIPPLE • Doença rara causada pela bactéria Tropheryma whipplei, que afeta homens de meia-idade. • Quadro clínico: artralgias, edema, poliadenopatia, esteatorreia e perda intestinal de proteínas. • Na lâmina própria da mucosa, observam-se depósitos lipídicos (linfangiectasias) e infiltração de macrófagos repletos de corpúsculos PAS-positivos. ENTERITE POR IRRADIAÇÃO IONIZANTE (ENTERITE ACTÍNICA) • O tratamento radioterápico de neoplasias malignas abdominais, pélvicas ou retroperitoneais pode provocar lesões intestinais que vão de edema e inflamação até necrose. • Pode haver formação de aderências, estenoses, perfurações e fístulas. SÍNDROME DE MÁ ABSORÇÃO • Modelos de má absorção: o Doença celíaca. o Sobrecrescimento bacteriano do intestino delgado (SBID). o Linfangiectasias intestinais. DOENÇA CELÍACA • Afecção difusa e crônica da mucosa do intestino delgado proximal. • Alterações histopatológicas: o A trofia difusa e intensa das vilosidades intestinais. o Hiperplasia das criptas. o Invasão da lâmina própria por infiltrado inflamatório. SOBRECRESCIMENTO BACTERIANO DO INTESTINO DELGADO (SBID) • A síndrome de proliferação bacteriana excessiva decorre do aumento do número de bactérias presentes no intestino delgado, resultado da estagnação do conteúdo intestinal. • Mecanismo: as bactérias em excesso promovem desconjugação dos sais biliares e sua precipitação intraluminal. Prejudica a solubilização das gorduras ⇾ esteatorreia. • Resultado: deficiência global da absorção intestinal. LINFANGIECTASIAS INTESTINAIS • Conjunto de afecções que provocam a dilatação dos linfáticos intestinais, secundária à estagnação da linfa. • Exemplos: linfomas, tuberculose, paracoccidioidomicose, doenças fibrosantes do mediastino e insuficiência cardíaca congestiva crônica. ANORMALIDADES DE ORIGEM VASCULAR • Malformações congênitas, neoplasias originárias dos vasos sanguíneos, vasculites e isquemia provocada por oclusão ou por queda do débito sanguíneo no território da artéria mesentérica superior. NEOPLASIAS • São raras. • Mais da metade é benigna. BENIGNAS • Compreende: adenomas, papilomas, fibromas, lipomas, miomas e angiomas. • São, em sua maioria, assintomáticas. • Principais: leiomiomas e fibromas ⇾ podem crescer no sentido do lúmen do intestino delgado e ser pedunculados ⇾ quadro de oclusão intestinal. MALIGNAS • Carcinomas, liomiossarcomas, linfomas e os tumores carcinoides. • Os linfomas e tumores carcinoides comportam medidas terapêuticas capazes de prolongar a vida por tempo considerável. • Linfomas são divididos em 3 tipos, conforme a sua origem e expressão anatomopatológica: o Linfoma primário intestinal focal: fica em um pequeno segmento do intestino. Possui múltiplos focos de tecido neoplásico. Acomete pessoas jovens e, em particular, crianças. o Linfoma primário intestinal difuso: compromete extensos grandes do jejuno, íleo e intestino. Afeta adultos jovens. Seus sinais e sintomas são de má absorção e associados à dor abdominal. o Linfoma secundário: comprometimento do intestino pela doença linfomatosa disseminada.Manifestações clinicas são associadas à adenomegalias, febre, anemia e hepatoesplenomegalia. TUMORES CARCIONOIDES • Neoplasias originárias das células argentafins, responsáveis pela produção de uma grande variedade de substâncias. • Conjunto de alterações provocadas pelo excesso de peptídios ativos em circulação, liberados pelas extensas metástases hepáticas. • Episódios de palpitações, rubor facial intenso, tosse, dispneia com sibilos, diarreia com cólicas, meteorismo (acúmulo de gases) e flatulência. • Sintomas podem aparecer após ingestão de bebida alcoólica, exercício físico ou períodos de tensão emocional. Linfoma de cólon
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