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Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP Incontinência Urinária: Revisão Sistemática · IDENTIFICAÇÃO DOS (AS) ALUNOS (AS): Beatriz Rithiely Henrique Ramos da Silva, Ellen Raquel Lopes Rodrigues, Maria Eduarda Siqueira Veras, Patrícia Lopes Ferreira de Lima. · INTRODUÇÃO: A Sociedade Internacional de Incontinência define Incontinência Urinária (IU) como a condição na qual a perda involuntária de urina, podendo ser classificada em incontinência urinária de esforço (IUE), urge-incontinência ou IU mista. Essa disfunção pode ser responsável por prejuízos físicos, psicológicos e sociais, como: fazer viagens longas, ir a festas e participar de atividades físicas. Além disso, acomete aproximadamente 50% da população feminina ao longo de suas vidas (HONÓRIO e SANTOS, 2009). Em qualquer faixa etária, a continência urinária não depende somente da integridade do trato urinário inferior. Diversos fatores podem contribuir para o aumento da prevalência da IU. Sendo eles: a existência de doenças associadas (diabetes mellitus e insuficiência cardíaca, entre outras); o aumento da idade que será responsável pelo envelhecimento natural das fibras musculares; a diminuição do estrógeno na pós-menopausa que prejudica a coaptação da mucosa uretral; sobrecarga no assoalho pélvico podendo desencadear alterações anatômicas; histórico familiar pois algumas características genéticas podem alterar a proporção entre fibras musculares tipo I e II e/ou de tecido conjuntivo; IU gestacional provavelmente devido a neuropatia resultante do estiramento e pressão sobre o nervo pudendo, que pode iniciar durante a gestação, piorar no pós-parto e progredir lentamente com o avançar da idade; partos vaginais devido à maior chance de lesões de fibras musculares e nervosas no assoalho pélvico e sobrepeso (OLIVEIRA et al, 2007). A incontinência urinária (IU) pode ser classificada em: IU de esforço, perda involuntária de urina pela uretra, ocasionada por um aumento da pressão abdominal enquanto o detrusor está relaxado. Ocorrendo após esforço ou qualquer ação que promova uma contração abdominal (OLIVEIRA et al, 2007); IU de urgência, onde a bexiga irá contrair involuntariamente, com uma súbita vontade de urinar causando o escape urinário; IU mista, associação da IU de esforço e IU de urgência (ROCHA et al, 2017) Na maioria das vezes, para que incontinência urinária não aconteça, é necessário que haja um funcionamento adequado do aparelho urinário inferior, que implica integridade anatômica e dos centros e vias nervosas (LOPES; HIGA, 2007). A prevalência da IU varia dependendo sexo, idade e outros fatores como menopausa, exercícios físicos, tipo de parto. A taxa geral em mulheres idosas com algum tipo de perda urinária varia de 17% a 55% e aquelas com perdas diárias varia de 3% a 17%. Mulheres de meia idade e jovens possuem uma prevalência de 12% a 42%. A IU de esforço, urgência e mista são os tipos mais comuns, sendo que a IU de esforço é a mais prevalente. Em mulheres jovens (idade <65 anos) a IU de esforço isolada é mais frequente, cerca de 50% a 66% e em mulheres acima de 65 anos, a IU de esforço diminui para aproximadamente 25% a 33%, onde os outros tipos começam aumentar sua frequência. Em um estudo foi avaliado 132 idosas na faixa etária de 60 a 91 anos, com média de esforço isolada é mais frequente, cerca de 50% a 66% e em mulheres acima de 65 anos, a IU de esforço diminui para de idade de 68,58 anos onde foi encontrado que a prevalência de perda de urina era de 40,91%. (FEREIRA e SANTOS, 2012; PADILHA et al 2018) Milson e cols. avaliaram 2.168 mulheres entre 36 e 46 anos de idade e perceberam uma prevalência de 7,7% e 5,5 % de perda urinaria entre nulíparas de 36 e 46 anos. Quando observaram as mulheres com três ou mais partos (normais), essas taxas se elevaram com o terceiro parto. Van Geelen et al verificaram, pelo questionário enviado a 2.157 mulheres com idade entre 50 e 74 anos, que as mulheres histerectomizadas relatavam queixas urogenitais moderadas e severas mais frequentemente do que as não histerectomizadas. (CARVALHO et al, 2014; OLIVEIRA et al 2007;) · OBJETIVO GERAL: Este estudo tem como objetivo geral analisar os aspectos relacionados à incontinência urinária na fisioterapia. · MATERIAIS E MÉTODOS: Este estudo é uma revisão sistemática em que é um tipo de investigação científica que tem por objetivo reunir, avaliar e conduzir uma síntese dos resultados de múltiplos estudos primários sobre o tema proposto neste estudo. Foi realizada uma pesquisa eletrônica utilizando a base de dados da MEDLINE, PUBMED, SCIELO e GOOGLE ACADÊMICO, utilizando como temo de procura a palavra Incontinência Urinária e Fisioterapia. Os critérios de inclusão foram artigos com populações adultas (< 18 anos), publicados entre 2006 e 2019, publicados em língua portuguesa. Os critérios de exclusão foram artigos publicados antes do ano 2006 ou artigos sobre incontinência urinária não relacionada na fisioterapia. · RESULTADOS: As técnicas fisioterapêuticas encontradas para o tratamento de incontinência urinaria foram: cinesioterapia, cones vaginais, perineômetro, biofeedback, reeducação comportamental, eletroestimulação e estimulação magnética perianal. · Cinesioterapia: O objetivo da cinesioterapia é reforçar a resistência uretral e melhora do elemento de sustentação dos órgãos pélvicos, hipertrofiar principalmente as fibras musculares estriadas tipo II, dos diafragmas urogenitais e pélvicos. O exercício através de contrações rápidas induzidas pelo autor obteve 70% de cura ou melhora das perdas urinárias, contudo verifica-se uma dificuldade de compreensão dos pacientes em distinguir corretamente os músculos do assoalho pélvico, isto é contrai outros músculos não relacionados como, por exemplo, reto abdominal, glúteo máximo e adutor da coxa. · Cones Vaginais: É considerado método complementar de escolha para consolidação dos resultados para exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica por ter uma maior facilidade de execução e baixo custo, após estudos com 30 mulheres que possuem incontinência, aproximadamente 50 mulheres aceitaram os cones vaginais. É tratamento padrão possuindo resultados objetivos e uma capacidade de segurar os cones mais pesados e consequentemente reduzir a perda urinária. · Perineômetro: Trata- se de um dispositivo pneumático que é usado para medir a pressão do assoalho pélvico. A mulher contrai a musculatura do assoalho pélvico e nota-se a maior leitura no mostrador e o período de tempo que ela deveria manter a contração. · Biofeedback: O método é empregado para que os pacientes reconheçam a musculatura envolvida no relaxamento e na contração uretral, e da musculatura indiretamente envolvida no ato da micção (abdômen, nádegas e coxa). Após os exercícios com biofeedback para a reabilitação do assoalho pélvico observa-se redução de 82% nos episódios de incontinência. · Reedução comportamental: É uma técnica de restabelecimento do ritmo miccional mais frequente, tendo como base a instrução do comportamento da musculatura do assoalho pélvico. A intervenção mostrou que os pacientes conscientes em relação a esse aspecto, apresentaram melhores resultados quando comparada a terapia de esforço da musculatura do assoalho pélvico. · Eletroestimulação: A estimulação transvaginal será capaz de inibir o músculo detrusor, diminuindo o número de micções com consequente aumento da capacidade vesical, aumento da força de contração do músculo elevador do ânus e do comprimento funcional da uretra, melhorando a transmissão da pressão abdominal. Mais de 20 mulheres foram submetidas à eletroestimulação e aproximadamente 80% apresentaram redução significativa no número de perdas urinárias. · Estimulação elétrica perianal: É uma técnica que induz uma despolarização dos nervos do assoalho pélvico causando uma contração da musculatura envolvida. A estimulação através dos pulsos magnéticos tem finalidade na abordagem no trato urinário alcançando estruturas mais profundas. A utilização da EMP é um tratamento recente e não possui muitosestudos, portanto podendo não ser um método eficaz. · CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pode- se observar no presente estudo uma notável evolução do quadro da incontinência urinária com a utilização do biofeedback tendo como resposta a redução de 82%, já com a utilização dos cones vaginais houve 70% de aceitação e da cinesioterapia observou-se 70% de cura ou melhora das perdas urinárias. Portanto pode-se concluir que a fisioterapia tem um grande valor para a diminuição do quadro de incontinência urinaria e consequentemente melhora na qualidade de vida. · REFERÊNCIAS: CARVALHO, Maitê Perres de et al. O impacto da incontinência urinária e seus fatores associados em idosas. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2014; 17(4):721-730. HIGA, Rosângela; LOPES, Maria Helena Baena de Moraes; REIS, Maria José. Fatores de risco para incontinência urinária na mulher. São Paulo, Rev. Esc. Enferm USP, v. 42, n. 1, p. 182-192, 20 abril 2006. EM, Figueiredo et al. Perfil sociodemográfico e clínico de usuárias de Serviço de Fisioterapia Uroginecológica da rede pública. Belo Horizonte, Rev. Bras Fisioterapia, v. 12, n. 2, p. 136-142, 12 fev. 2008. FERREIRA, M.; SANTOS, P. C. Impacto dos programas de treino na qualidade de vida da mulher com incontinência urinária de esforço. Rev. Port. Saúde Pública, v. 30, n. 1, p. 3-10, 2012. OLIVEIRA, Jaqueline Ramos; GARCIA, Rosamaria Rodrigues. Cinesioterapia no tratamento da Incontinência Urinária em mulheres idosas. Rio de Janeiro, Rev. Bras. Geriat. Gerontol., v. 14, n. 2, p. 343-351, 14 fev. 2011. OLIVEIRA, Jéssica de Moura Sousa et al. Correlação entre sintomas urinários e qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária. São Paulo, Rev. Fisioterapia e pesquisa, v. 14, n. 3, p. 12-17, 14 mar. 2007. OLIVEIRA, Kátia Adriana Cardoso et al. Técnicas fisioterapêuticas no tratamento e prevenção da incontinência urinária de esforço na mulher. Revista Eletrônica F@pciência, Apucarana-PR, v.1, n.1, 31-40, 2007 PADILHA, J. F.; SILVA, A. C. da; MAZO, G. Z.; MARQRUES, C. M. de G. Investigação da qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 22, n. 1, p. 43-48, jan./abr. 2018. Van Geelen J.M, Van de Weijer P.H, Arnolds H.T. Urogenital symptons and resulting discomfort in noninstitutionalized Dutch women aged 50-75 years. Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct 2000;11:9-14.
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