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Constituinte Burguesa - RESUMO

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Ana Luiza Bittencourt 
CONSTITUINTE BURGUESA – E.J. SIEYÉS – RESUMO 
Um pouco sobre o autor 
Sieyés foi um padre que estava insatisfeito com o rápido crescimento hierárquico da 
nobreza dentro dos níveis eclesiásticos em detrimento dos plebeus. A opção de ser clero não se 
deu por qualquer tipo de vocação, mas porque era o meio mais cômodo de avançar sua carreira 
como escritor político. 
A obra foi escrita em 1789. Ela não antecede e nem sucede a Revolução Francesa. A 
dinâmica dela é a própria dinâmica da Revolução. Ela foi muito bem sucedida e, posteriormente, 
ele foi eleito deputado, integrando a Assembleia Constituinte francesa, a qual resulta na 
Constituição Francesa de 1791 e na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. 
O manifesto tem 7 capítulos. 
Contexto histórico 
A sociedade francesa era dividida em estamentos: 
1° Estado: Igreja – clero; 
2° Estado: Elite monárquica – nobreza; 
3° Estado: Trabalhadores – burguesia. 
 Nesse regime não havia uma igualdade formal, os estamentos eram tratados de 
maneiras diferentes, sendo o clero e a nobreza extremamente privilegiados. A exemplo disso, o 
único estamento que pagava impostos era o 3°, inclusive essa é uma das grandes críticas da 
obra. Em meio a isso, a França ao final do século XVIII enfrentava algumas crises causadas por 
diversos fatores. Havia a crise econômica, social, tributária. Sendo assim, o Estado, mergulhado 
em crises, precisava arrecadar cada vez mais, então haviam duas opções: ou tributariam o clero 
e a nobreza ou tributariam ainda mais o 3° Estado. 
 Nesse impasse, o rei Luís XVI convocou, em 1789, a Assembleia dos Estados Gerais do 
Reino. É importante ressaltar que esse conselho não era um parlamento, mas sim um conselho 
consultivo do rei. Tal conselho ele composto pelos Estados Gerais (1°,2° e 3° Estados). A 
Assembleia discutiria os problemas e tentariam chegar em uma solução. Para isso, os votos eram 
por estamento, e não por cabeça – o que claramente era uma estratégia, uma vez que o clero e 
a nobreza se juntariam contra a burguesia, a qual sempre perdia de 2 a 1. 
 Isso começou a gerar, num contexto de crise social e econômica, muito 
descontentamento da burguesia e é nesse cenário que Sieyés escreve “A Constituinte Burguesa” 
ou “O que é o Terceiro Estado?”. 
1° capítulo – O Terceiro Estado é uma nação completa 
Trecho: “O que é preciso para que uma nação prospere? Trabalhos particulares e funções 
públicas”. 
 Nesse capítulo ele já inicia mostrando que as ordens estão invertidas. Aqueles que 
trabalham e sustentam o Estado não têm uma posição adequada. Quem tem que ocupar as 
funções públicas são justamente aqueles que sustentam a sociedade. Para o 1° ou 2° Estado 
ocuparem o cargo de administração seria preciso que o 3° recusasse essa posição ou que eles 
fossem menos aptos para o cargo, o que não acontece. 
 O 3° Estado empenha tudo que há de difícil, então ele afirma: “quem ousaria assim dizer 
que o Terceiro Estado não tem em si tudo o que é preciso para formar uma nação completa? 
(...) Assim, o que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo entravado e oprimido. O que seria 
ele sem as ordens e privilégios? Tudo, mas um tudo livre e florescente.” 
 Ainda nesse capítulo, ele define o que é uma nação: “Um corpo de associados que vivem 
sob uma lei comum e representados pela mesma legislatura.” Sieyés é influenciado por outros 
filósofos, como Hobbes e Rousseau e trazem suas ideias à tona. Existem dois tipos de 
conformidades: 
 Existe um tipo de sociedade que existia antes da formação do Estado que é chamado 
pelos contratualistas de Estado de natureza, sem limitações, em que havia a guerra de todos 
contra todos. Por outro lado, existia a sociedade que vivia já com o Estado implantado e havia 
um contrato social entre o soberano e os indivíduos, o Estado civil. Para Sieyés, a nação e, 
portanto, a vontade da nação, estava no estado de natureza, o que significa que a nação pode 
tudo, não existindo limitações. A nação é o fundamento do próprio poder político. É o mestre 
supremo do direito positivo. “Tudo o que não é do Terceiro Estado não pode ser olhado como 
pertencente à nação.” 
2° capítulo – O que o Terceiro Estado tem sido até agora? Nada 
 Nesse capítulo Sieyés mostra o quão sem sentido e injusto é manter os privilegiados no 
poder e deixar o Terceiro Estado fora disso. “A partir do instante em que um cidadão adquire 
privilégios contrários ao direito comum, já não faz mais parte da ordem comum. Seu novo 
interesse se opõe ao interesse geral.” Ele faz uma crítica ao status quo dos Estados Gerais, isto 
é, a situação é grave, de abuso e privilégios, e as coisas continuam as mesmas. “Resumindo, o 
Terceiro Estado não teve, até agora, verdadeiros representantes nos Estados Gerais. Desse 
modo, seus direitos políticos são nulos.” 
3° capítulo – O que pede o Terceiro Estado? Ser alguma coisa 
 Sieyés faz algumas reivindicações para que o Terceiro Estado seja, de fato, alguma coisa. 
“(o povo) Quer ter verdadeiros representantes nos Estados Gerais, ou seja, deputados oriundos 
de sua ordem, hábeis em interpretar sua vontade e defender seus interesses.” Ele faz 3 petições: 
1 - Os representantes do terceiro estado devem ser escolhidos somente entre os representantes 
do terceiro estado; 
2 – Os deputados do Terceiro Estado têm que ser no mínimo em igual número aos deputados 
do clero e da nobreza; 
3 – Na reunião dos Estados Gerais, o voto deve ser por cabeça e não por ordem; 
4° capítulo – O que tentaram fazer pelo Terceiro Estado. As propostas do Governo e 
os privilegiados 
I – Assembleias Provinciais 
Iniciativa do governo que propôs a formação de Assembleis Provinciais, as quais seriam 
baseadas num critério real, ou seja, de acordo com a propriedade de cada cidadão. Contudo, 
por fim, vingou a típica divisão por ordens pessoais, ao que, como contraponto, aprovou-se o 
mesmo número de representantes entre clero e nobreza juntos contra o do Terceiro Estado, o 
que foi simples enganação, nomeando-se deputados para este entre os privilegiados. 
II – Os notáveis 
Houve a possibilidade do rei fazer a convocação de um grupo de consultores, os 
notáveis, para que lhe falassem sobre os interesses da nação e do trono. Quanto à sua seleção... 
“homens muito bem colocados e com possibilidade de ditar a uma grande nação o que é justo, 
belo e bom, preferem prostituir esta ocasião única por um mísero interesse pessoal.” 
III – Os Escritores Patriotas das Ordens Privilegiadas 
 Sieyés é ambíguo/incerto ao falar do tema. Depois de colocar que o silêncio do Terceiro 
Estado é fruto amargo de sua verdadeira repressão, diz que não lhe impressiona o fato de que 
os primeiros defensores de demandas sociais venham das duas primeiras ordens. 
IV – A Promessa da Igualdade de Impostos 
 Tradicionalmente, o Terceiro Estado sempre suportou uma carga tributária mais pesada 
que das outras ordens, mas a nobreza vai passar a pagar o mesmo. Não por generosidade, mas 
por dever. E é possível abstrair dessa mudança uma grande ilusão que os privilegiados 
sustentam nas palavras de que, uma vez abolidas as isenções pecuniárias, tudo estaria igual 
entre as ordens. Pelo contrário, tal ato demonstra uma tentativa de distrair o Terceiro Estado 
do que precisa, em verdade, ser feito: a reforma contra sua nulidade política nos Estados Gerais. 
V – A Proposta Intermediária dos Interesses Comuns dos Privilegiados e do Ministério 
Há uma proposta de tornar a votação dos subsídios e de qualquer matéria referente a 
impostos realizada pelo procedimento por cabeça. Isso não é suficiente. 
VI – A Proposta de Imitação da Constituição Inglesa e VII – O Espírito de Imitação não é adequado 
para Bem nos Conduzir 
Não é de se surpreender que a França, que recém abriu os olhos ‘’para a luz’’, volte-se 
para adular uma Constituição vizinha. No entanto, a forma constitucional na Inglaterra é mais 
uma preocupação contra a desordemque a busca de uma ordem, é incompleta e não deve ser 
adaptada à França. “Mas, finalmente, por que invejamos a Constituição Inglesa? Porque 
aparentemente, ela se aproxima dos bons princípios do estado social. Ela é um modelo do belo 
e do bom para julgar os progressos em qualquer gênero”. 
5° capítulo – O que deveria ter sido feito – Os Princípios Fundamentais 
 “Em toda nação livre – e toda nação deve ser livre – só há uma forma de acabar com 
as diferenças, que se produzem com respeito à Constituição. Se precisamos de Constituição, 
devemos fazê-la. Só a nação tem direito de fazê-la.” O poder pertence ao público e faz fala à 
comunidade uma vontade comum. “É impossível criar um corpo para um determinado fim sem 
dar-lhe uma organização, formas e leis próprias para que preencha as funções às quais 
quisemos destiná-lo.” É necessário que o governo se submeta à algumas coisas como meio de 
alcançar os objetivos – a vontade da nação. 
 Nesse capítulo ele diferencia o poder constituinte do poder constituído: 
- Poder Constituinte: pertence à nação, é ilimitado, incondicionado e pertence ao Estado de 
natureza. 
- Poder Constituído: é o poder dos representantes, eles devem cumprir a ordem constitucional 
de modo que não podem fazer o que quiserem, pertence ao Estado civil. 
 Leis constitucionais são leis fundamentais, pois jamais derivam ou se alteram do e pelo 
poder constituído, somente do e pelo poder constituinte. 
6° capítulo – O que falta fazer – a execução dos princípios 
 “É o Terceiro Estado que deve fazer os maiores esforços e dar os primeiros passos para 
a restauração nacional. Porém é preciso preveni-lo de que não se trata para ele – se não 
conseguir melhorar – de permanecer como está.” 
 “Vão dizer que o Terceiro Estado sozinho não pode formar os Estados Gerais. Ainda 
bem! Ele comporá uma Assembleia Nacional.” Nesse capítulo Sieyés falou de muitas coisas que 
já foram entendidas antes, sobre o Terceiro Estado ser tudo, ser a nação e ser responsável pelas 
decisões gerais. 
7° capítulo – A Assembleia Nacional 
 O objetivo/fim da Assembleia representativa de uma nação: “não poderia ser diferente 
do que a própria nação se proporia se pudesse se reunir e deliberar no mesmo lugar.” A vontade 
de uma nação é o resultado das vontades individuais, como a nação é a reunião dos indivíduos. 
Essa assembleia, independente do que acontecer, deve ser constituída de forma que os 
interesses particulares NUNCA se sobressaiam sobre os interesses públicos (da nação). A 
influência do interesse pessoal deve ser nula.” Essa assembleia não pode se degenerar em uma 
aristocracia. “As desigualdades de propriedade e de indústria são como as desigualdades de 
idade, sexo e tamanho. Não desnaturam a igualdade cívica.” 
 “A lei não concede nada; protege o que existe até o momento em que o que existe 
começa a prejudicar o interesse comum.” 
 Privilegiados não podem ser nem eleitores e nem elegíveis, constatando-se “que o 
direito de fazer-se representar só pertence aos cidadãos por causa das qualidades que lhes são 
comuns e não devido àquelas que os diferenciam.” Além disso, o corpo de representantes deve 
ser renovado em um terço todo ano.

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