Aula10_Ecologia_historica

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Ecologia histórica
Agradecimento a Carolina Levis 
carollevis@gmail.com
Foto: Bernardo Flores
SURGIMENTO DA ECOLOGIA HISTÓRICA
Fim da dicotomia
CULTURA X NATUREZA
Determinismo ambiental à determinismo cultural à modo de subsistência (ecologia
cultural) à ecologia histórica
(Friedrich Ratzel) (Franz Boas) (Julian Steward)
OBJETIVO DA ECOLOGIA HISTÓRICA
“Compreender o papel humano na criação e manutenção da 
paisagem.” 
“Fornecer estratégias práticas para o gerenciamento de paisagens 
do presente e do futuro.”
Balée & Erickson, 2006
“Usar o conhecimento científico junto com o conhecimento local 
para construir decisões efetivas e justas de manejo.”
Crumley, 1994
Foco central na Paisagem
Ecossistemas buscam retorno ao ponto de equilíbrio
Paisagens evoluem, são dinâmicas
POSTULADOS DA ECOLOGIA HISTÓRICA
1. Praticamente todos os ambientes da Terra têm sido afetados 
por seres humanos;
2. A natureza humana não é pré-programada para diminuir nem 
aumentar a diversidade de espécies e outros parâmetros 
ambientais dos ecossistemas; 
3. As sociedades humanas são definidas por critérios 
socioeconômicos, políticos e culturais que impactam as 
paisagens de maneiras diferentes. Não podemos generalizar;
4. A interação entre pessoas e paisagens em uma ampla 
variedade de contextos históricos e ecológicos pode ser 
estudada como um fenômeno total e único. 
PAISAGEM: objeto central de análise
Produto físico da interação entre natureza e cultura, em qualquer 
lugar no planeta.
PAISAGEM: objeto central de análise
A cultura está fisicamente incorporada e inscrita na paisagem. 
História EcologiaPaleoecologiaArqueobotânica
Arqueozoologia
Antropologia
Arqueologia
Linguística
Demografia
Geografia Climatologia
Geologia
Genética
Botânica
Zoologia
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
HUMANOS SÃO PRINCIPAIS AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO
Sucessão Ecológica = Transformação da 
Paisagem (Sucessão Antropogênica)
• Escala humana de tempo
www.espacociencias.com
HUMANOS SÃO PRINCIPAIS AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO
• Transformações primárias
Transformações secundárias: corte, transplante, cultivo, 
adubação..
As ilhas de floresta
HUMANOS SÃO PRINCIPAIS AGENTES DE TRANSFORMACÃO
HUMANOS SÃO PRINCIPAIS AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO
Quebra de paradigma: Homo devastans
www.fcnoticias.com.br
FOGO: PRINCIPAL FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO TERRESTRE
Adaptado de Pausas & Keeley (2009)
FOGO PRINCIPAL FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO TERRESTRE
Adaptado de Staver et al. (2011)
A presença do fogo determina a existência de savanas.
FOGO PRINCIPAL FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO TERRESTRE
Povos indígenas brasileiros usam o fogo por várias motivos
• Importância do manejo do fogo.
Foto: Mark Cochrane Foto: Vania Pivello
Fogo antropogêncio à mecanismo de distúrbio humano mediado
�
A relevância do fogo
� Sem fogo
� Aumento dos incêndios naturais
� Perda de diversidade, especialmente humano-
induzidas
� Com fogo
� O exemplo da mandioca
INSERINDO A TRANSFORMAÇÃO HUMANA NA ECOLOGIA ECOSSISTEMAS
Adaptado de Bürgi & Gimmi (2007)
INSERINDO A TRANSFORMAÇÃO HUMANA NA ECOLOGIA COMUNIDADES
DISPERSÃO 
HUMANA
TRANSFORMAÇÃO
PRIMÁRIA
TRANSFORMAÇÃO 
SECUNDÁRIA
Adaptado de 
www.labtrop.ib.usp.br
7000 AP
8000 AP
3000 AP
3000 AP
3500 AP
800 AP
ECOLOGIA HISTÓRICA APLICADA = RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA
Qual o estado do ecossistema desejamos conservar ou alcançar?
Quanto precisamos voltar no passado para alcançar um estado 
pré-humanos?
Willis et al. (2004)
COMO OS PROCESSOS CULTURAIS E NATURAIS INTERAGEM NO TEMPO E 
ESPAÇO?
Estudos de casos particulares em múltiplas escalas de análise.
EXEMPLOS :
1) Bacia Amazônia – Indígenas antes da colonização européia
2) América Central – Indígenas antes da colonização européia
3) Sul do Brasil - Indígenas antes da colonização européia
4) Brasil Central – História oral dos Krahô
5) Sudeste Brasileiro – Antigos caiçaras e quilombolas
6) França – Império Romano
7) Índia – Tradição ancestral
8) Austrália – História recente
9) Pesca mundo afora
10) Nordeste brasileiro – recifes de corais pelos pescadores
Clark Erickson (2000)
Beni 
Bolivia
525 km2
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Sistemas de produção
Heckenberger et al. (2003 e 2007)
Alto Xingu
400 km2
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Grandes obras públicas
McKey et al. (2010)
Guiana 
Francesa
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Campos de cultivo
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA : Solos antrópicos férteis
Amazônia 
Central
Smith (1980), Neves et al. (2003), Clement et al. (2003)
Fotos: Arquivo
Arqueotrop
Reservatórios da agro-biodiversidade
à Enchendo a paisagem de alimento e utilidade – Clement (1999).
Clement 1999
Centros de diversidade genética de cultivos
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Domesticação das plantas
138 spp. de plantas com algum grau de domesticação, 68% são arbóreas
Fotos: Nigel Smith
biribá, 
Rollinia mucosa
cupuaçu, 
Theobroma grandiflora
pupunha, 
Bactris gasepaes
uva-da-amazônia ou mapati
Pourouma cecropifolia
Mapa: Charles Clement
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Domesticação das plantas
Castanhal, Bertholletia excelsa – dispersão humana passada pela Amazônia 
Shepard et al. (2010)
Nigel SmithGlenn Shepard
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Florestas antropogênicas
pequiázal, 
Caryocar villosum
Floresta de bambú (Acre)Floresta de cipó (Xingú) babaçual, Attalea speciosa
tucumazal,
Astrocaryum
açaízal,
Euterpe oleracea
caiauézal,
Elaeis oleifera
Fotos: 
Nigel Smith
EXEMPLOS DA AMAZÔNIA: Florestas antropogênicas
Os ameríndios identificaram espécies na comunidade florestal de
grande utilidade e passaram a construir florestas oligárquicas,
ampliando a abundância dessas espécies - Campbell et al. (2006 e 2008)
Porcentagem de utilização pelos Maias
Sítios Arqueológicos El Pilar Terra Nova IX Chel
% de utilização das 
spp oligárquicas 90 90 80 
35*** 40*** 42*** 
% de utilização das 
spp não 
oligárquicas 
***p<0,001 (teste Qui-quadrado)
Tabela adaptada Campbell et al. (2006) 
EXEMPLOS DA AMÉRICA CENTRAL: Florestas antropogênicas
ECOLOGIA HISTÓRICA NOS NEOTRÓPICOS
“Confrontados a um problema ecológico, os índios o trataram. 
Em vez de se adaptar à natureza, eles a criaram...” (Mann, 2005)
EXEMPLOS DO SUL DO BRASIL: Dispersão da Araucária
Possível contribuição dos grupos indígenas na expansão das 
Florestas de Araucária para os campos do Sul do Brasil.
Casas indígenas subterrâneas
Bitencourt & Krauspenhar (2006)
EXEMPLOS DO BRASIL CENTRAL: Manejo do fogo
“Eu conheço um lugar aqui que tinha muitos veados, e eu me sinto muito triste 
porque ele não deveria ter acontecido. Ouça, passou quatro anos de seca, 
secando folhas, grama seca, secando tudo. E quando era o tempo seco, as 
chuvas foram embora, e veio o fogo, veio de não sei onde para esta área, entrou 
na floresta, pegou uma mancha de enormes buritis. Entrou no 
pântano! Queimado tudo! É por causa disso eu não quero deixar um lugar por 
muito tempo sem queimar, porque um dia que o fogo chega, você não pode 
colocá-lo para fora. Ninguém pode colocar para fora. Ele acaba com tudo. Ele 
pode entrar na floresta, no pântano, e o fogo acaba.”, Feliciano Tephot, mais 
velho Krahô.
Foto ilustrativa: http://ppgas.cienciassociais.ufg.br/
EXEMPLOS DO SUDESTE BRASILEIRO: Tabu cultural 
Figueira em uma floresta secundária no Parque Nacional da Bocaina/RJ
As figueiras ocupam o lugar da espécie 
africana para representar um deus-árvore 
(iroko) nos ritos de Candomblé
40 referências no Antigo Testamento 
16 citações no Novo Testamento 
Marcos culturais simbólicos da paisagem da Mata Atlântica
EXEMPLOS DA FRANÇA: Agricultura do Império Romano 
Número de espécies
Assentamento do Império Romano 
2000 AP
Riqueza de plantas aumenta fortemente em direção ao centro dos 
assentamentos.
Dambrine et al. (2007)
EXEMPLOS DA ÍNDIA: Bosques sagrados
Bosque sagrado dedicado ao Deus Aiyappa na vila Biligunda, Kodagu, na Índia. 
Bhagwat & Rutte (2006)
São manchas de floresta dedicadas aoculto ancestral ou de alguma divindade:
• longa história de proteção
• abrigam a vegetação natural
• estima-se entre 100.000-150.000
EXEMPLOS DA AUSTRÁLIA: distúrbios humanos são necessários
Queima ou capina são necessárias para manter a vegetação
(a) Uma longa linha de mimosa dourada 
mostrando recrutamento da espécies ao 
longo de uma linha de drenagem.
(b) Setas indicam o recrutamento em 
sucessivas eventos de perturbação por 
maquinaria pesada.
Fotos: P. Spooner Lunt & Spooner (2005)
�
� Amazônia: 16000 espécies lenhosas
� 227 espécies dominantes
� 85 espécies lenhosas domesticadas
� Destas 85, 20 são híper dominantes
� Proporção de espécies domesticadas maior nas
proximidades de sítios arqueológicos
� Levis et al. 2017. Science 355 (6328): 925-931
Quanto mais perto de sítios arqueológicos, maior diversidade
Levis et al. 2017. Science 355 (6328): 925-931
Levis et al. 2018. H
ow
 people dom
esticated A
m
azonian forests
Citações pelos entrevistados das práticas que eles fazem (várias bacias amazônicas)
Levis et al. 2018. How people domesticated Amazonian forests
Hymenaea parvifolia
(jutaí mirim) no baixo
Tapajós - madeira
Neoxythece elegans
(abiurana) no Baixo
Madeira
Duguetia stenantha (pé
de jaboti) no alto 
Solimões
Humiria balsamifera
(meirim) no alto Rio 
Negro
Maioria ocorre em
mais de uma sub-
bacia
Algumas exclusivas:
Levis et al. 2018. How people 
domesticated Amazonian 
forests
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de
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lo
gi
a
Hi
st
ór
ic
a
Tesfamichael et al. 2014. Red Sea
Quirino et al., 2020. Reconstrução histórica e convergências entre atores ativos em
ambientes recifais brasileiros. Dissertação de mestrado. Ecologia, UFRN.
Quirino et al., 2020. Reconstrução histórica e convergências entre atores ativos em
ambientes recifais brasileiros. Dissertação de mestrado. Ecologia, UFRN.
Quando se deu
cada evento
Quirino et al., 2020. 
Reconstrução histórica e 
convergências entre atores
ativos em ambientes recifais
brasileiros. Dissertação de 
mestrado. Ecologia, UFRN.
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