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Diversidade Biológica, Evolução e Conservação das Espécies Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Claudio da Cunha Revisão Textual: Profa. Ms. Fátima Furlan Diversidade Biológica: Biogeografia Global • Introdução • Biodiversidade e Biogeografia do Brasil • Teoria dos refúgios • Conservação da biodiversidade • Estratégias de conservação · Estudar os padrões de distribuição dos seres vivos em todo o mundo. · Discutir também a necessidade de conservação da biodiversidade, as estratégias e métodos, e particularmente vamos analisar as principais categorias e características das diferentes unidades de conservação existentes em nosso país. OBJETIVO DE APRENDIZADO Esta Unidade segue a história da distribuição dos seres vivos até a necessidade de conservação dos ambientes naturais e sua biodiversidade. Lentamente, a partir de observações na natureza, percebeu-se que os seres vivos não se distribuem de forma aleatória ou homogênea, existindo certos padrões associados ao passado do planeta e seus paleoclimas conjuntamente com os padrões climáticos modernos. Como a biodiversidade do planeta e do Brasil são muito grandes, é importantíssimo que você acesse os materiais complementares, posto ser impossível colocar tamanha dimensão de conhecimentos no texto básico dessa unidade. Preste muita atenção no crescimento da população humana no último século, que aumentou exponencialmente as necessidades de recursos naturais, destruindo grande parte dos ambientes naturais para formação de pastos e áreas agricultáveis. Tem se então a necessidade de conservação da biodiversidade como garantia da sobrevivência da nossa própria espécie. Aprofunde-se nas estratégias de conservação e na legislação brasileira. ORIENTAÇÕES Diversidade Biológica: Biogeografia Global UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Contextualização A distribuição dos seres vivos no planeta foi durante muito tempo, um mistério. Não sabemos de forma exata, quantas espécies de seres vivos existem no planeta, seu grau de vulnerabilidade ou os efeitos do declínio e extinção das populações. Os principais profissionais responsáveis pela coleta de dados e processamento para previsões futuras estão nas ciências biológicas. Não é possível fazer a conservação de forma adequada, sem conhecer as intrincadas interações entre os seres vivos. Conheça o que os pesquisadores brasileiros fazem no seu cotidiano de pesquisas científicas sobre biodiversidade. Acesse os resumos de 400 trabalhos acadêmicos realizados pelo projeto Biota Paulista, associados à descrição e conservação da biodiversidade do sudeste brasileiro. Não é necessário lê-los na íntegra, apenas veja seus temas e caso se interesse, se aprofunde. O programa BIOTA-FAPESP: http://www.fapesp.br/publicacoes/biota_port.pdf Ex pl or 6 7 Introdução Historicamente, a primeira sistematização de espécies foi feita por Aristóteles em 380 a.C., listando todas as espécies de animais da Grécia antiga, criando também o conceito de Reinos (Animal, Vegetal e Mineral). No mundo ocidental, a classificação das espécies floresceu na Europa, no século XV, recebendo um enorme impulso com as grandes navegações que levaram ao mundo europeu a descoberta da imensa diversidade existente nos continentes distantes. A percepção da grandiosidade do número de espécies começou a assumir um papel desafiador inusitado: como poderia tantos animais ter sobrevivido ao Dilúvio, ou por que não foram citados como resgatados na arca de Noé? A descoberta de novas terras, seus animais e plantas auxiliaram nas mudanças de paradigmas que estavam inalterados durante muitos séculos. Coleções zoológicas e botânicas começaram a ser sistematicamente montadas conforme avançavam os impérios europeus como Portugal, Espanha, Áustria, França, Inglaterra, e Rússia. Hoje, os Museus de História Natural de Londres, São Petesburgo e Kews Garden entre outros, se destacam por possuírem extensas e bem preservadas coleções das antigas colônias. Destaque para a Flora Brasilis, a maior coleção botânica do Brasil coletada por Von Marcius entre 1834 e 1846, depositada no Kews Garden, Inglaterra. Curiosamente, quando botânicos do Brasil precisam ter acesso à coleção brasileira primordial, precisam se deslocar para a Europa. Essa coleção está em processo de digitalização e disponibilização para os pesquisadores interessados. No Brasil, merecem destaque as coleções científicas do Museu de Zoologia da USP e Museu Paraense Emilio Goeldi, como referências.Ex pl or No início do século XIX, Alfred Russel Wallace, coautor da teoria da evolução das espécies por seleção natural, em suas viagens de coleta pela Ásia e Oceania percebeu um fenômeno que ninguém tinha notado antes: os animais que viviam na Oceania, na Austrália e Nova Zelândia possuíam um notável parentesco que se espalhava pelas ilhas do entorno. Porém, a partir das ilhas da polinésia, a fauna era completamente diferente e claramente aparentada com a fauna encontrada na Ásia. Ele notou que havia uma espécie de linha divisória separando grandes grupos de animais, chamada posteriormente de “linha de Wallace”. A partir desse conceito, novas linhas foram observadas separando o planeta em zonas zoogeográficas, descritas no mapa abaixo. Em destaque, a primeira linha percebida por Wallace separando a zona Australiana da Oriental 7 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Figura 1 As linhas de Wallace definiram as cinco grandes zonas biogeográficas caracterizadas por grupos faunísticos característicos: a fauna australiana, a africana ou tropical, a neotropical, a oriental (asiática), a paleártica e a neártica. A fauna africana é com certeza a mais famosa, pela abundância de animais de grande porte, típicos de savanas ao sul do deserto do Saara como leões, hienas, zebras, e elefantes, gnus, girafas, crocodilos, avestruzes, gazelas, entre outros, enquanto nas florestas ocorrem gorilas e chimpanzés, amplamente mostrados em filmes e documentários. A fauna neotropical, típica da América central e do Sul, apresenta a ordem Xenarthra, de mamíferos com origem genética local, representados por tatus, preguiças e tamanduás; a maior diversidade de macacos com cauda, papagaios, morcegos (microquirópteros) e roedores caviomorfos como as cobaias, cotias, pacas e capivaras; em botânica se destaca a família das bromeliáces (bromélias e abacaxi) e as cactáceas. No grupo de fauna gondwânica se destaca o grupo de mamíferos marsupiais, com dezenas de espécies locais como as cuícas e gambás (mucuras), aparentados com os marsupiais australianos. A fauna Australiana se destaca do resto do planeta por ter se separado da gondwana e mantido grupos de mamíferos primitivos (monotremados e marsupiais), sem a presença importante de mamíferos modernos (placentários). Os monotremados são os mamíferos que se reproduzem pondo ovos (ornitorrinco e équidnas); possuem cloaca e ausência de mamilos associados às glândulas mamárias. A maioria da fauna de mamíferos é marsupial (cangurus, coalas, diabo da Tasmânia, wonbat). Esse grupo não possui placenta desenvolvida e seus filhotes nascem ainda embriões e permanecem em bolsas (marsúpio) onde estão os mamilos, terminando seu desenvolvimento. A fauna oriental possui grupos peculiares com aves muito ornamentadas como os pavões, calaus e aves do paraíso, acompanhados por pandas (gigante e vermelho), orangotango, tigre, morcegos (macroquirópteros) e elefante asiático. 8 9 As faunas paleártica e neártica apresentam muitas similaridades, tanto pela fauna de origem laurasiana, como pelas ligações via estreito de Bering, que permitiu fluxos migratórios em passado remoto. Nas duas áreas, podem ser encontrados ursos e raposas, mas na neártica há bisões e alces, enquanto na paleártica existem renas, morsas e camelos entre outros grupos de flora e fauna exclusivas. Ecologicamente, podemos dividir o mundo em grandes biomas como desertos, pradarias,estepes, florestas temperadas, florestas tropicais e equatoriais, tundra, taiga com uma série de subdivisões que variam conforme o autor, mas todas elas possuem espécies de vegetais e animais típicos que caracterizam essas grandes formações fitogeográficas. Aprenda mais com a recomendação proposta nas atividades complementares Biodiversidade e Biogeografia do Brasil No Brasil, estudamos a biodiversidade utilizando os principais biomas como referência. Figura 2 Biomas são grandes formações fitogeográficas, com a fauna e flora peculiares, com características típicas associadas aos fatores físicos de cada local. Como os animais são dependentes da flora como base de cadeias alimentares, a biodiversidade da vegetação é a referência principal. O conceito foi modernamente ampliado e hoje é utilizado para o meio aquático, utilizando-se o termo bioma marinho. Ex pl or Entre os biomas, existem zonas de transição de fauna e flora denominadas ecótonos ou zonas de tensão ecológica ou ainda zona de contato, com biodiversidade elevada e peculiar, muitas vezes sendo difícil especificar se o local pertence a um ou outro ecossistema. São zonas de relevante interesse de preservação, pois guardam espécies que muitas vezes ocorrem apenas nesse tipo de ambiente. 9 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Existem diferenças de classificação dos biomas brasileiros entre o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que se pauta principalmente por fatores geográficos e físicos do meio, e o ICMbio- Instituto Chico Mendes para preservação da biodiversidade, que utiliza parâmetros ecológicos e biológicos como predominantes. Ecótono ou zona de tensão ou zona de contato: zonas de transição entre diferentes biomas Ex pl or Os principais biomas brasileiros são: a floresta amazônica, a floresta atlântica, o cerrado, a caatinga, o pantanal e os campos sulinos (pampas); é possível também acrescentar para estudos específicos o bioma marinho e os ecossistemas costeiros, representados por praias, restingas e manguezais. Cabe lembrar que os biomas não são em absoluto, homogêneos, mas servem como parâmetro didático. A mata atlântica de encosta, na serra do mar próxima do oceano, no Rio de Janeiro possui inúmeras espécies que não ocorrem na mata atlântica de planalto em Minas Gerais ou do Rio Grande do Norte sendo que o mesmo raciocínio é válido para os outros biomas, com suas variações de temperatura, altitude, pluviosidade, umidade relativa, características de solo etc. Importante! Observe que a maioria dos roedores americanos (caviomorfos) não possui cauda desenvolvida, uma característica típica dos animais terrestres; já o ouriço cacheiro possui uma cauda preênsil, típica de animais arborícolas. Você Sabia? Figura 3 Fonte: istockphoto.com 10 11 Figura 4 Fonte: acervo do professor Acima, três roedores caviomorfos brasileiros: cutia, paca e capivara, todos semelhantes às cobaias ou “porquinhos da Índia”, também nativos da América do sul. Teoria dos refúgios A diversidade biológica encontrada nas zonas tropicais classicamente é explicada pela grande produtividade dos ecossistemas, que por sua vez apresentam cadeias alimentares complexas e muitos nichos ecológicos que estimulam a evolução e a adaptação. Porém, dois pesquisadores brasileiros, Aziz Nacib Ab’Saber e Paulo Vanzolini, um geógrafo e um biólogo, perceberam padrões de distribuição de espécie que não eram típicas de certos biomas e ecossistemas. Descreveram então que os biomas atuais seguem padrões climáticos que não existiam no passado. Em tempos remotos, o clima mais seco permitiu a expansão dos domínios da caatinga e do cerrado, enquanto em outros momentos de clima mais frio, quem se expandiu foram as matas de araucária; porém quando o clima mudava, e os biomas recuavam, determinadas áreas mantinham condições para sobrevivência, formando “ilhas” de cerrado na Amazônia, manchas de caatinga em certos pontos do sudeste ou pinheiros do Paraná em Minas Gerais, conceito conhecido como “teoria dos refúgios paleoclimáticos” Paleoclimas: climas que ocorriam em passado remoto, diferente do atual. Ex pl or 11 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Conservação da biodiversidade Naturalmente, as espécies podem ser raras ou comuns, dependendo de uma série de fatores. Em uma floresta, certas espécies de árvore podem ser encontradas com certa facilidade, em alta densidade, ocorrendo muitos indivíduos por hectare, enquanto outras ocorrem em baixíssima densidade. Grandes pica-paus de cabeça vermelha são muito raros de serem observados, enquanto os pica-paus de cabeça amarela (chanchãs) são muito comuns no Brasil. Além da baixa densidade, certas espécies podem ocorrer de forma extremamente restrita, em certo local, sendo então denominadas como espécies endêmicas, o que é um dos fatores preponderantes para a instituição de unidades de conservação. Espécie endêmica: aquele que só ocorre em um local específico (microbacia hidrográfica, montanha, vale, rio, ribeirão, ecótono). Normalmente, quando se encontra uma nova espécie endêmica ela está automaticamente em risco de extinção. Por quê? Ex pl or É bastante comum ouvirmos que um determinado animal está ameaçado de extinção, mas existem muitas categorias diferentes de estados de conservação e diferentes metodologias de avaliação. O Brasil segue um padrão proposto pela união internacional para a conservação da natureza-IUCN. Tais avaliações são baseadas em dados de pesquisas científicas realizadas por pesquisadores de universidades, centros de pesquisa, fundações e institutos voltados ao assunto. Porém, não há pesquisadores suficientes para analisar todas as espécies. Geralmente, são pesquisadas espécies de interesse econômico, de saúde ou que possuem apelo estético. O grupo mais biodiverso de animais vertebrados é a classe dos peixes; porém, é dos grupos menos conhecidos; comparativamente, a classe de vertebrados mais pesquisada: as aves, mais próximas de nós e que possuem um óbvio apelo estético que naturalmente atraem a atenção, em detrimento de outros grupos de organismos. Importante! Os biomas e ecossistemas apresentam certas áreas com altíssimo número de espécies e, portanto alta biodiversidade. Tais áreas recebem a denominação de pontos quentes ou “hotspots” de diversidade biológica, prioritários para a conservação e pontos de referência para a formação de Unidades de Conservação. Você Sabia? Se uma espécie não possui dados populacionais e de distribuição, a avaliação é impossível. Se existem pesquisas, a avaliação pode ser feita, seguindo os seguintes níveis: Pouco Preocupante Quase Ameaçada Vulnerável Em perigo Criticamente Em Perigo Extinta Na Nautreza Extinta 12 13 Nas categorias vulnerável, em perigo, criticamente em perigo e extinta na natureza estão as espécies consideradas ameaçadas de extinção. Ou seja, seres vivos em diferentes níveis de ameaça podem ser denominados como ameaçados de extinção. Quando extinta na natureza, só há indivíduos em cativeiro; quando extinta, não há sobreviventes. Quando uma espécie é extinta, a cadeia alimentar será inevitavelmente afetada, produzindo algum tipo de desequilíbrio ecológico. Essas alterações podem de alguma forma afetar os seres humanos e assim serem claramente percebidas; do contrário, modificações dos ecossistemas ocorrem sem que haja conhecimento do fenômeno, para além dos meios acadêmicos. Algumas espécies possuem inter-relações com um grande número de outras espécies e seu desaparecimento produzirá efeitos muito negativos no ecossistema, sendo denominadas como espécies-chave. Certas plantas são consumidas como alimento por diversas espécies de insetos, que por sua vez, alimentam outros invertebrados, aves, répteis e mamíferos. Em outros casos, uma espécie é responsável pela polinização e reprodução de centenas de espécies, como é o caso das abelhas Apis mellifera. A extinção de espécies esteticamente interessantescomo ursos panda chama a atenção do público para o problema, e neste caso é muito positiva a exposição para a conscientização, mas certas espécies sem nenhum apelo estético ou carismático como os tubarões são espécies-chave importantíssimas para os ecossistemas oceânicos, mas não conseguem atenção, além de uma ter uma forte torcida contrária. Quando uma floresta desaparece, centenas de espécies únicas também desaparecem, mas se não há prejuízo direto para seres humanos, passará de forma despercebida. Estratégias de conservação Estratégias para conservação da biodiversidade Existem muitas ameaças diferentes sobre a diversidade, que levam a diferentes estratégias de conservação, mas podemos iniciar basicamente com duas categorias de ações para a preservação da diversidade biológica: a) realizadas no próprio ecossistema de interesse b) realizadas fora do ecossistema Vamos analisar inicialmente e as estratégias “in loco”, feitas nos locais onde as espécies estão ameaçadas. 13 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Unidades de conservação A principal ameaça para a diversidade biológica é sem dúvida, a perda das áreas naturais. A conservação de áreas específicas para a manutenção da biodiversidade é a principal forma de ação. O conceito de unidades de conservação surgiu nos Estados Unidos em 1872 com a criação do Parque Nacional de Yellowstone, com a vocação de preservar áreas naturais ameaçadas pela exploração humana, de relevante interesse paisagístico e geológico, atraindo visitantes para uma nova categoria de turistas que buscavam contato com a natureza. Modernamente, o ecoturismo gera muitos bilhões de dólares anuais em todo mundo, auxiliando na manutenção de cadeias produtivas e na geração de riqueza que fornecem as fontes de recurso para as próprias ações de manutenção dos espaços naturais. No Brasil, a primeira unidade de conservação federal criada foi o Parque Nacional de Itatiaia em 1937, seguido de muitos outros, em diferentes biomas. Histórico das unidades de conservação no Brasil Já no império, a natureza era vista como um recurso natural, ou que seja capaz de produzir benefícios financeiros. O conceito de “ madeira de lei” é na realidade, uma reserva de madeiras de interesse naval, por parte do império português. Mas foi durante o segundo império que a importância dos ecossistemas tornou-se claro, em uma história épica que foi infelizmente esquecida. No início do século XIX, o ciclo do café gerou grande riqueza e as matas dos morros do Rio de Janeiro, a antiga capital do Brasil, foram derrubadas para o plantio do café. Porém, como consequência, o ciclo hidrológico foi quebrado, e sem as matas, foi interrompida a absorção de água pelo solo e as principais nascentes que serviam a cidade simplesmente secaram. Em 1862, a mando de Dom Pedro II, foi iniciado o primeiro viveiro de mudas para reflorestamento do Brasil, dando origem a maior floresta artificial urbana do mundo, hoje conhecida como Parque Nacional da Floresta da Tijuca. As nascentes começaram a se tornar contínuas novamente, cerca de 8 anos após o início do reflorestamento. Após a proclamação da república, as questões que envolviam a natureza sempre giraram em torno do conceito de recursos naturais, que parte do pressuposto que os seres vivos e o ambiente físico são “feitos” para uso humano, como um direito divino de exploração, e assim, os recursos naturais eram geridos pelo ministério da agricultura, e por secretarias e institutos, como o do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal-IBDF, criado em1967. Uma mudança mais importante só veio a ocorrer com o final do regime militar, em 1985 quando foi criado o Ministério do Desenvolvimento Urbano de e Meio Ambiente. Posteriormente, ocorreu a substituição do IBDF, pelo IBAMA-Instituto 14 15 Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, criado em 1989, como responsável pelas unidades de conservação e fiscalização ambiental no território nacional. Em 1999, o Ministério passa a se chamar definitivamente Ministério do Meio Ambiente. No ano de 2007, o IBAMA foi dividido em dois diferentes institutos: o próprio IBAMA que ficou encarregado da fiscalização contra desmatamentos, tráfico de animais e demais crimes ambientais e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade-ICMbio, responsável pelo gerenciamento, manutenção e fiscalização das unidades de conservação em todo território nacional, seguindo a lei 9985 de 2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação-SNUC. Sistema Nacional de Unidades de Conservação: SNUC Até a criação do SNUC, muitas unidades de conservação federais, estaduais e municipais haviam sido criadas utilizando variadas denominações, sem, no entanto existir um marco legal que determinasse as atividades e vocações, além da preservação ambiental. O SNUC definiu dois tipos básicos de unidades de conservação: as de uso indireto e as de desenvolvimento sustentável. Unidades de uso indireto: aquelas em que seus recursos e podem ser utilizados apenas de forma indireta. Não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. Estão separadas em cinco tipos: I Estação Ecológica (EE): tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. II Reserva Biológica (RESBIO): tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. III Parque Nacional (PARNA): tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. IV Monumento Natural (MONA): tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. V Refúgio de Vida Silvestre (RVS): tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. 15 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Em nível de importância para a conservação, se destacam os Parques Nacionais, as Reservas Biológicas e as Estações Ecológicas. Unidades de Desenvolvimento Sustentável: aquelas que permitem o uso direto de seus recursos na forma de uso direto. Envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável sete categorias de unidade de conservação: I Área de Proteção Ambiental (APA):é constituída por terras públicas ou privadas, em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais II Área de Relevante Interesse Ecológico (RDS):área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza III Floresta Nacional (FLONA):uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável deflorestas nativas IV Reserva Extrativista (RESEX): área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. V Reserva de Fauna (REFAU): uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. VI Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS): uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais. VII A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. 16 17 Em relação ao grau de importância para a conservação, se destacam as APAS, que atingem grandes áreas, sem necessidade de desocupação pelas populações locais, mas que em grande parte não atinge seus objetivos, pois a orientação de ocupação envolvendo áreas particulares e nos três níveis de governo, é tarefa bastante difícil. Existem muitas APAS, mas poucas acabam cumprindo seu papel. Ao contrário, as RPPNs, são áreas particulares, em que os proprietários buscam a criação e se comprometem a realizar a conservação de forma conjunta com o poder público. É a categoria de Unidade de Conservação que mais cresce no Brasil e que tem elevado de forma muito significativa o número de áreas protegidas, em que o proprietário recebe certas garantias e incentivos fiscais por parte do poder público para fazer a manutenção da biodiversidade e recuperar áreas degradadas. As RPPNs são a forma mais moderna de aumentar o número de Unidades de Conservação. Para os profissionais interessados, estão disponíveis os livros e materiais básicos. Procure na página do ICMbio em “Crie sua Reserva”. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/servicos/crie-sua-reserva.html Ex pl or Segundo o SNUC, todas as unidades de conservação precisam de um plano de manejo, documento feito por uma grande rede de profissionais responsáveis por diferentes áreas do conhecimento, como biólogos, geólogos, geógrafos, sociólogos, antropólogos, ecólogos, entre outros. Plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. A página do ICMbio disponibiliza os planos de manejo cadastrados. Visite a página e tenha acesso aos planos de manejo de diferentes Unidades de Conservação. Disponível em: http://goo.gl/O6ILpG Ex pl or Embora as unidades de conservação sejam muito importantes, é possível ampliar suas potencialidades, e utilizando diversas estratégias. 17 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Corredores ecológicos Uma das grandes ameaças aos ecossistemas é a sua fragmentação. Certas espécies necessitam de grandes áreas para sobreviver, particularmente os animais carnívoros. Uma mata isolada pode ser exaurida de seus recursos por exploração excessiva: herbívoros podem se alimentar de plântulas jovens de sementes de tal forma que impedem a regeneração e a substituição das matrizes mortas através do tempo. Quando indivíduos de uma espécie ficam isolados, não conseguem procriar ou sua reprodução fica restrita a si mesmo no caso das plantas superiores ou a reprodução entre parentes próximos, no caso de plantas em geral e animais, produzindo um fenômeno chamado endogamia ou cruzamento consanguíneo, o que leva a depressão genética, com manifestação de genes deletérios, fenômeno em que indivíduos apresentam malformações decorrentes de herança genética, reduzindo a taxa de sobrevivência das populações. Quando um projeto de recuperação e de áreas degradadas é feito, deve-se ter como prioridade a formação de corredores ecológicos capazes de ligar os fragmentos florestais e assim reduzindo as pressões sobre as cadeias alimentares e sobre a genética das populações. Zonas de amortecimento É bastante comum que unidades de conservação fiquem isoladas pela agricultura, pecuária ou zonas urbanas. É importante a manutenção de zonas tampão ou zonas amortecimento que impeçam contato direto entre os limites das unidades de conservação e seu entorno, com faixas onde os animais e possam circular livremente, sem monoculturas ou barreiras físicas como cercas e muros contínuos como ocorre em loteamentos de zonas urbanizadas. Pode ocupar até 10 km no entorno das unidades de conservação. Terras indígenas Embora não façam parte do sistema nacional de unidades de conservação, as terras indígenas acabam cumprindo o papel de mantenedoras da biodiversidade, conservando ecossistemas de forma sustentável, muitas vezes completamente cercadas pelo agronegócio. 18 19 Conservação fora do local A conservação da biodiversidade pode ser feita fora dos locais de ocorrência das espécies, visando à conservação de indivíduos, e a reprodução, garantindo a manutenção de bancos genéticos. Essa atividade é garantida por zoológicos, jardins botânicos, aquários, institutos ou fundações que trabalham com a reprodução em cativeiro e reintrodução na natureza, o congelamento de embriões e tecidos, bancos de sementes (germoplasma), entre outros. Símbolo das espécies ameaçadas, o mico leão dourado (Leontopithecus rosalia) passou por um processo de retirada contínuo da natureza para tráfico e redução de habitat. Os poucos indivíduos que sobraram na natureza eram parentes entre si e não tinham condições de manter a variabilidade genética mínima. Nos zoológicos brasileiros, os indivíduos também eram aparentados e a reprodução em cativeiro produziu indivíduos com problemas renais hereditários, por endogamia. A partir do zoológico de Nova York, foram localizados e analisados geneticamente, centenas de animais espalhados por zoológicos de todo mundo. Foram assim encontradas as famílias que podiam ser cruzadas entre si para gerar descendentes viáveis, sendo então reintroduzidos na natureza e restituindo uma variabilidade genética mínima capaz de sustentar a perpetuação da espécie. Comunidades tradicionais Quando se tenta dar algum tipo de valoração para comunidades tradicionais como quilombolas ou indígenas, normalmente se dá destaque para os conhecimentos tradicionais da flora, na forma de remédios. Para muitas pessoas, tais comunidades só tem valor se pudermos tirar deles algum tipo de vantagem econômica. Imaginá-los como povos que possuem outra cultura e língua e possuem simplesmente o direito de viver, geralmente não soa bem para o mundo ocidental, que trabalha com os conceitos típicos de produção e produtividade além da produção de subsistência e troca. Mas para ter os benefícios da biodiversidade, é preciso manter essas populações tradicionais vivas em seu próprio sistema cultural, A lei de biodiversidade brasileira tenta garantir que parte dos recursos financeiros oriundos dos produtos silvestres e seus derivados, bem como dos conhecimentos tradicionais sejam revertidos para essas mesmas comunidades. Ao manter essas comunidades com exploração sustentável, mantêm-se a biodiversidade. 19 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Biopirataria O uso indevido de recursos naturais ou o registro de patentes que impeçam a utilização ou benefício dos povos ou países de onde tais recursos foram retirados é popularmente denominado como biopirataria. Segundo o ministério do meio ambiente, “historicamente, o uso dos recursos e conhecimentos genéticos e dosconhecimentos tradicionais associados tem ocorrido de forma injusta. Os países de origem dos recursos genéticos e as comunidades indígenas e locais, detentoras de conhecimentos tradicionais associados, sequer têm sido consultados pelos que se utilizam desses recursos para obter ganhos econômicos com produtos comerciais, quanto mais recebido qualquer tipo de benefício. Esta apropriação injusta, muitas vezes agravada pelo uso das patentes, corresponde a biopirataria, e tem ocorrido ao longo de toda a história do Brasil” Sim, existem indústrias farmacêuticas interessadas em ter acesso às comunidades tradicionais e seus produtos para desenvolvimento de novos produtos, assim como diferentes ramos industriais esperam novas invenções ou descobertas para efetuar patentes, antes que seus proprietários o façam. Tenta-se evitar esse tipo de processo com legislações específicas e alterações nas leis de patentes. Cabe ressaltar, entretanto, que os traficantes de produtos possuem métodos próprios e eficazes de coleta e transporte, não cumprindo os padrões burocráticos esperados. Mas o “estado de alerta” criado para impedir que “estrangeiros inescrupulosos roubem nossas riquezas naturais”, acabou criando uma enorme quantidade de procedimentos burocráticos que desestimulam a própria pesquisa nacional. Se um pesquisador cometer qualquer tipo de erro burocrático, ou o fiscal envolvido não conhecer o objeto de estudo, o pesquisador pode ser preso de modo inafiançável. Em um caso real, um ornitólogo tinha licença para porte de arma para coletar a espécie de ave de sua pesquisa. Acidentalmente, o biólogo abateu indivíduos juvenis de outra espécie, que possuíam coloração de penas semelhante aos adultos da espécie estudada. Foi preso e multado, com todas as licenças exigidas, virando destaque na imprensa nacional, fenômeno que os pesquisadores brasileiros chamam de “bioparanóia”, um furor fiscalizatório que penaliza a ciência nacional. Entrevista com Rodney Ramiro Cavichioli, presidente da Sociedade Brasileira de Zoologia (SBZ). Disponível em: http://goo.gl/O36C4QEx pl or 20 21 Tráfico de animais Uma das principais ameaças sobre a biodiversidade é o tráfico de animais silvestres para colecionadores nacionais e internacionais, bem como animais de interesse para a indústria farmacêutica, particularmente os animais peçonhentos. O tráfico de animais é o 3º maior em volume financeiro, perdendo apenas para drogas e armas e os dados são realmente impressionantes. No Brasil, a Organização Não Governamental Renctas- Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres possui o mais extenso e completo relatório sobre o assunto. Estima-se que são retirados no mundo, por ano, entre 2 e 5 milhões de aves, 25 a 40 mil primatas, entre outros milhões de animais. Em relação ao Brasil, segundo o relatório RENCTAS, no receptor final do tráfico de animais, uma aranha marrom (Loxosceles sp.) pode valer 800 dólares, uma cascavel (Crotalus sp.), U$1.500,00, uma arara azul (Anodorrhyncus leari), U$60.000.00 entre outros valores que mostram a força desse ramo de atividade ilícita que corrói a biodiversidade. Tabela: Valores dos venenos da fauna brasileira Espécie Valor por grama, em dólares (US$) Jararaca: Bothrops jararaca 433,00 Sururcucu: Lachesis muta 3.200,00 Aranha marrom: Loxosceles sp. 24.570,00 Escorpião amarelo: Tityus serrulatus 14.890,00 Fonte: SIGMA, 1998, modificado de relatório RENCTAS A estratégia padrão adotada pelo Brasil é a de proibição total. No mundo, existem duas políticas distintas para o controle do tráfico: o proibicionismo e a redução de danos, utilizados também para o tráfico de drogas. A estratégia brasileira é basicamente proibicionista, vertente principal do IBAMA, Renctas e outras instituições que trabalham com a causa. Outra vertente de pensamento é de reduzir os danos, criando os animais peçonhentos para extração de venenos de forma legal por empreendedores (empresários), reduzindo os valores internacionais e fornecendo legalmente para as empresas que necessitam do produto e assumem riscos ao utilizar as vias ilegais. Da mesma forma, a criação de animais legalizados para suprir a demanda e reduzir o tráfico é visto por muitos como a melhor alternativa para reduzir o problema. 21 UNIDADE Diversidade Biológica: Biogeografia Global Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Conheça os biomas brasileiros Conheça as principais características dos biomas brasileiros na página http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2009/10/biomas-brasileiros Lei de Patentes é porta da biopirataria, aponta tese Veja casos e conclusões na reportagem sobre um estudo de biopirataria e economia em: http://www.unicamp.br/unicamp/ju/619/lei-de-patentes-e-porta-da-biopirataria-aponta-tese Herbário virtual do Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN) Visite o herbário virtual do Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com mais de 5 milhões de registros de plantas e fungos brasileiros, disponíveis para consulta em: http://inct.florabrasil.net/ Vídeos Biomas Brasileiros Assista ao vídeo sobre os biomas brasileiros em: https://www.youtube.com/watch?v=0dlXce3s4mo Leitura Grandes biomas do mundo Aprenda mais sobre os grandes biomas globais, acessando: http://www.educacional.com.br/up/4380001/10524722/GRANDES%20BIOMAS%20DO%20MUNDO.pdf 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre Veja o relatório RENCTAS sobre o tráfico de animais silvestres no Brasil, disponível em: http://www.renctas.org.br/wp-content/uploads/2014/02/REL_RENCTAS_pt_final.pdf SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação Acesse na íntegra a lei 9.985, De 18 de julho de 2000, que define o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação. http://www.icmbio.gov.br/sisbio/images/stories/instrucoes_normativas/SNUC.pdf Conhecimento e uso sustentável da biodiversidade brasileira: o programa biota-fapesp Conheça o que os pesquisadores brasileiros fazem no seu cotidiano de pesquisas científicas sobre biodiversidade. Acesse os resumos de 400 trabalhos acadêmicos realizados pelo projeto Biota Paulista, associados à descrição e conservação da biodiversidade do sudeste brasileiro. http://www.fapesp.br/publicacoes/biota_port.pdf 22 23 Referências PIRATELLI, Augusto João e FRANCISCO, Mercival Roberto (org), Conservação da biodiversidade: dos conceitos às ações. Rio de Janeiro: Technical Books, 2013. FUTUYMA, Douglas. Biologia Evolutiva, 3.ed. Editora Funpec, 2009 POUGH, F.Harvey, Heiser, J.B., McFarland, W.N. A vida dos vertebrados. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 1999. 23
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