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BARBOSA, Heloisa LIVRO Procedimentos Técnicos da Tradução _ Passei Direto

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Impresso por Nicholas, CPF 010.690.912-60 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não
pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 03/11/2020 09:21:05
BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 3 
 
(pág. 11) 
1 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho constitui uma pequena tentativa de recaracterização e de categorização dos re
 procedimentos técnicos da tradução, inicialmente descritos por Vinay e Darbelnet (1977) em 1
1958. 
 O exercício da profissão de tradutora bem como, mais tarde, do magistério ligado a esse 
 mesmo ofício, fez-me sentir a necessidade de efetuar uma reflexão sobre a tradução, assim como 
 de aprofundar meus conhecimentos a respeito do assunto, através da realização de leituras da 
literatura disponível sobre o tema. 
Como primeiro passo, através de reflexões sobre meu trabalho e dos subsídios colhidos na 
 literatura disponível, procurei estabelecer uma definição de tradução. Concluí que esta se trata de 
 uma atividade humana realizada através de estratégias mentais empregadas na tarefa de transferir 
 significados de um código linguístico para outro, concordando, portanto com Bordenave (1987:2). 
 Foi também possível identificar na literatura as principais áreas de tensão nas diversas 
 reflexões sobre a tradução. A primeira delas se estabelece em torno da possibilidade ou 
 impossibilidade da mesma A segunda ( unin, 1955, 1975, 1976a e b e 1980, por exemplo). cf. Mo
 detém-se na divergência entre a tradução livre e a literal, que é também a tensão entre conteúdo e 
 forma, e vem a ser uma discussão constante na literatura, como será visto adiante. A terceira e 
 última prende-se à posição entre a tradução técnica e a literária e se reflete tanto na literatura ( cf.
 Lefevere, 1977; Maillot, 1975; Portinho, 1984; Rocha, 1982; Tate, 1970; Wanderley, 1983, por 
 exemplo), como nas tabelas de preços cobradas por tradutores juramentados ( Associação cf. (pág. 
 12 ) dos Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais - RJ, 1988) e autônomos ( cf.
ABRATES-RJ, 1988). 
 Uma vez que é inegável o grande volume de traduções realizadas a todo instante, em todo o 
 mundo, atualmente, abandonei, de imediato, a ideia de efetuar minha reflexão no campo da 
 primeira área de tensão a possibilidade ou impossibilidade da tradução por parecer-me estéril – –
esta discussão. 
 A oposição entre tradução livre e literal, por outro lado, pareceu-me uma questão central 
 para qualquer investigação acerca dessa atividade, pois o que está em jogo aqui é o modo como a 
tradução deve ser feita ou não. Além disso, esta questão engloba também a terceira área de tensão, 
ou seja, a tensão entre a tradução literária e a técnica, pois esta oposição, tal como a tensão entre a 
 tradução livre e a literal, é também uma oposição entre dois modos de traduzir (um “ ”
 supostamente adequado ao texto literário, outro ao texto técnico) que é a questão que desejo tratar, 
através dos procedimentos técnicos da tradução. 
 Para deixar mais claro este ponto, é preciso voltar atrás um pouco, tecer algumas 
considerações de caráter geral e histórico. 
 Todos leigos, clientes, consumidores, críticos e tradutores têm uma noção instintiva, – –
uma expectativa, daquilo que uma tradução é ou deve ser: fiel ao original ( Aubert, 1983:3). Para cf.
 muitos, esta fidelidade é sinônimo de literalidade, como o cliente que deseja a tradução de um 
documento e indaga: Mas essa tradução que a Sra. faz é literal, palavra-por-palavra? Do mesmo “ ”
modo, a fórmula para a juramentação de uma tradução nos Estados Unidos inclui a garantia de que 
 a mesma foi feita palavra-por-palavra, implicando simultaneamente em literalidade e “
exaustividade” (Aubert, 1987: 17-18). 
 
 1 A primeira edição desta obra é de 1958. Para este trabalho foi utilizada a edição revista e aumentada de 1977. 
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BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 4 
 
 
Chega a tais extremos esta valorização da fidelidade à forma que, assinala Nida (1964), 
 algumas populações preferem que seja dada ao texto bíblico uma tradução totalmente fiel à forma, 
 totalmente literal, mesmo que seu resultado seja um texto incompreensível para os falantes da 
língua da tradução (doravante LT). 
 A questão da fidelidade, portanto, remete imediatamente à tensão entre conteúdo e forma: 
 a tradução deve ser literal, palavra-por-palavra, mantendo estrita fidelidade à forma, ou deve não 
 se preocupar com a forma e se manter fiel apenas ao conteúdo, ou deve, ainda, ser (pág. 13)
alguma outra coisa? 
 Esta parece ser a indagação mais antiga acerca da tradução. Já na Roma Clássica, Cícero 
 (55 a.C), autor de uma das primeiras reflexões conhecidas a respeito do assunto, foi pioneiro em 
 defender a fidelidade ao conteúdo em detrimento da forma ( Newmark, 1981:4; Nida, 1964:13). cf.
Mais tarde, no Império Romano cristianizado, em outro dos mais antigos textos conhecidos 
 sobre a tradução ( Newmark, 1981:4; Nida, 1964:13), São Jerônimo (384 d.C), o cf. 
 tradutor-revisor dos quatro Evangelhos, a denominada , em uma carta ao papa Dâmaso, Vulgata
 preocupa-se com aqueles que porventura repudiassem sua tradução, talvez rompendo em “
 imediato protesto, gritando que eu, falsário, sou um sacrílego cuja ousadia chega ao ponto de em 
livros tradicionais fazer acréscimos, mudanças, correções!? (São Jerônimo, s/d). ”
 Ao meu ver, aí, na verdade, São Jerônimo enumera os procedimentos, ou modos de 
 traduzir, que utilizou: acréscimos, mudanças e correções, além da tradução literal, pois, 
 como aponta Newmark (1981:4), São Jerônimo advogava uma interpretação literal das pa-
 lavras, a qual, como mostrei acima, faz parte das expectativas daquele que encomenda a 
tradução, nesse caso específico, o papa Dâmaso. 
 Assim, uma vez que, novamente de acordo com Bordenave (1987), considero a tradução 
 como um fazer, um fazer intelectual que requer o domínio de operações mentais (Bordenave, “ ”
1987:2), optei por focalizar minha atenção sobre os procedimentos técnicos da tradução enquanto 
 desdobramento da questão da oposição entre tradução livre e literal. Pareceu-me que a definição 
 de procedimentos aplicáveis à prática da tradução serviria de diretriz tanto para o tradutor como 
para o aluno. 
 Nesse campo, sobressai o trabalho de Vinay e Darbelnet (1977) por terem sido estes dois 
 autores os primeiros (em 1958) a descrever os procedimentos técnicos da tradução2. Sua exposição 
 é objeto de cursos, desde os livres até aqueles no nível de pós-graduação, de artigos publicados ( cf.
 Aubert, 1978, 1981, 1983, 1987 e s/d; Campos, 1986a e b; Dutra, 1983; Paiva, 1981/82; Santos, 
 1977 e Sousa-Aguiar 1980, por exemplo), de dissertações de mestrado (Alves, 1983; (pág. 14)
 Coelho, 1988; Queirós Filho, 1976, por exemplo) e de teses de doutorado (Fregonezi, 1984, por 
 exemplo) dentro do País, sem falar na atenção que lhe devota a literatura internacional, onde sua 
 obra é presença quase constante nas listas bibliográficas de obras publicadas ou seja, se não é –
 objeto de discussão direta, é, ao menos,parte das leituras feitas pelos diversos estudiosos da 
matéria. 
 Tendo tomado conhecimento dos procedimentos técnicos da tradução através das fontes 
 mencionadas no parágrafo acima, minhas leituras em torno do assunto visaram responder a uma 
 série de indagações a respeito dos procedimentos técnicos da tradução tal como expostos por 
 Vinay e Darbelnet (1977) e tal como discutidos na literatura disponível. Em primeiro lugar, seriam 
 eles uma chave para a compreensão das operações mentais envolvidas no ato tradutório? Seriam 
estes procedimentos apenas uma série de “boas Meias , de ” “ ”achados , sem status de generalização 
 suficiente para a formulação de teorias? Ou seriam apenas uma tentativa de descrever os ad hoc
 vários problemas que encontra o tradutor no exercício de sua profissão? Até que ponto as teorias 
 linguísticas mais recentes utilizadas no trabalho de investigação do ato de traduzir 
 
 2 No dizer de Mounin (1975:20), inclusive: 'Pelo que sabemos, J. P. Vinay e J. Darbelnet foram os primeiros a se dispor a escrever um 
compêndio status de tradução que reivindicasse um científico. 
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BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 5 
 
 contribuiriam para um entendimento mais esclarecedor da concepção inicial de Vinay e 
Darbelnet (1977) sobre os procedimentos técnicos da tradução? Até que ponto a categorização 
dos procedimentos técnicos da tradução, proposta por Vinay e Darbelnet (1977) e reproduzida nas 
obras que os seguem, é útil para o ato de traduzir e, assim, para o ensino da tradução? 
 Visando responder a estas perguntas, iniciei um exame da literatura disponível sobre 
 tradução, o que logo me deixou claro qual deveria ser o enfoque a dar à minha reflexão: realizar 
 uma pequena tentativa de recaracterizar e recategorizar os procedimentos técnicos da tradução 
 descritos por Vinay e Darbelnet (1977) à luz tanto da revisão da literatura disponível, como de 
minha experiência como tradutora e professora de tradução. 
 A prática da tradução e do ensino da matéria já me haviam permitido constatar que a 
descrição dos procedimentos tradutórios efetuada por Vinay e Darbelnet (1977) era insatisfatória e 
 incompleta, embora fosse de relativa simplicidade pois enumera apenas sete procedimentos, –
 hierarquizados segundo a dificuldade de realização do tradutor ( Vinay e Darbelnet, cf.
1977:46-55). 
 (pág. 15) A experiência de tradutora e professora de tradução e a consequente visão da 
 tradução como uma atividade humana permitem a atribuição de uma grande importância aos 
 procedimentos tradutórios, que vejo como uma tentativa de responder à pergunta “como traduzir? ”
e de estabelecer o que de fato acontece no ato da tradução. 
 A fim de responder à pergunta “como traduzir? , a literatura disponível busca subsídios em ”
 várias áreas do conhecimento análise do discurso, antropologia ou linguística antropológica, –
 estética, estilística, filosofia (especificamente a filosofia da linguagem), informática, inteligência 
 artificial, lexicografia, linguística, lógica, neurofisiologia, psicolinguística, psicologia cognitiva, 
 semiótica, sociolinguística, teoria da comunicação e teoria literária, por exemplo ( Arrojo, 1988; cf.
 Bassnett-McGuire, 1978; Bordenave, 1988). Efetua também o exame de traduções existentes, e de 
 trabalhos de alunos, como método de trabalho para encontrar soluções para o problema que se 
 propõe resolver. Considero esta metodologia compatível com os métodos da linguística aplicada, 
conforme o exposto em Cavalcanti (1986). 
Assim sendo, em vista da importância que atribuí aos procedimentos técnicos da tradução, 
 e havendo detectado falhas na descrição de Vinay e Darbelnet (1977), procurei, em uma primeira 
 etapa, subsídios teóricos na literatura disponível na área da tradução que abordassem 
 especificamente este assunto, a fim de encontrar soluções para a questão que me propus, ou seja, 
 responder à pergunta como traduzir? através da formulação de procedimentos técnicos da “ ”
tradução. 
Esta primeira etapa de meu trabalho é apresentada no Capítulo 2 do presente trabalho, onde 
 faço uma revisão comentada da literatura. Em primeiro lugar, apresento uma breve descrição 
 desses procedimentos segundo Vinay e Darbelnet (1977), os pioneiros em efetuá-la, 
 categorizando-os como procedimentos da tradução direta , ou da tradução indireta ( “ ” “ ” cf.
 Vinay e Darbelnet, 1977:46-55). Em seguida, procurando manter uma ordem cronológica, 
 apresento o modelo de Nida (1964), que se recorta em vista da tensão entre a equivalência “
 formal” e a “equivalência dinâmica ” (cf. Nida, 1964: 165-175, 225); os quatro modelos de Catford 
 (1965); o modelo de Vázquez-Ayora (1977), que revê os procedimentos técnicos da tradução 
 segundo a tensão entre a tradução literal e a tradução oblíqua ( Vázquez-Ayora, “ ” “ ” cf. 
 1977:257-266); finalizando com o delo de Newmark (1981), que estabelece a (pág. 16) mo
tensão entre tradução semântica tradução comunicativa ( Newmark, 1981:38-40). “ ” e “ ” cf.
 Em uma outra etapa, utilizei estes procedimentos nas traduções que realizei (como fizeram 
 Sousa-Aguiar, 1980 e Cubric, 1984) bem como nas traduções efetuadas por meus alunos, com 
 minha orientação, além de detectá-los em traduções existentes (como fizeram Paiva, 1981/82; 
 Alves, 1983; Fregonezi, 1984 e Coelho, 1988). Assim, não parti de um corpus delimitado para 
efetuar minha reflexão. 
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BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 6 
 
 
Esta etapa de meu trabalho aparece neste livro sob a forma dos exemplos que apresento. 
Uma parte deles foi retirada da literatura e inclui exemplos em inglês, francês, espanhol, alemão e hindi. Ao 
 apresentar minhas formulações, entretanto, procurei apresentar sempre exemplos retirados diretamente de 
 meu trabalho, a tradução entre o português e o inglês, acrescentando exemplos em francês, espanhol, 
italiano, alemão e russo onde se fizeram necessários. 
Após percorrer as etapas descritas acima, cheguei à conclusão de que os procedimentos técnicos da 
tradução acrescentados por outros autores aos descritos por Vinay e Darbelnet (1977), bem como diversas 
 modificações que fizeram dessa primeira descrição, pareciam ser úteis no sentido de ampliar o alcance da 
descrição e de esclarecer melhor o que é de fato realizado no ato da passagem de uma língua para outra. 
 Verifiquei, no entanto, que havia discrepâncias entre as categorizações efetuadas pelos autores 
 examinados, englobando divergências terminológicas e modos diversos de recortar os procedimentos 
descritos. 
Por acreditar que uma recaracterização destes procedimentos, que aglutinasse de modo coerente às
 descrições dos autores examinados, ao mesmo tempo em que eliminasse as discrepâncias encontradas, 
 poderia ser útil para o tradutor que encontraria nesses procedimentos caracterizados um amplo elenco – re
de modos de traduzir a seu dispor – para o professor e o aluno de tradução – cuja tarefa seria facilitadapela 
 disponibilidade desses procedimentos e para futuras pesquisas na área que contariam com um novo – –
ponto de partida – é que me propus a tarefa de efetuar uma recaracterização dos procedimentos técnicos da 
tradução, cujo resultado apresento no Capítulo 3 deste livro. 
(pág. 17) O trabalho que desenvolvi até este ponto permitiu-me também concluir que as 
 categorizações dos procedimentos técnicos da tradução propostas pelos autores examinados não 
refletem o que de fato ocorre no ato da tradução, nem contribuem para um melhor esclarecimento 
dos fatores com que se defronta o tradutor em sua tarefa. Isto porque todos os modelos examinados 
 categorizam os procedimentos técnicos da tradução dispondo-os ao longo de dois eixos 
 diametralmente opostos: o da tradução literal e o da tradução não literal, reproduzindo a tensão 
entre estes dois modos de traduzir, que é a mais antiga controvérsia em torno da tradução, como foi 
visto acima. 
Diante desta constatação, propus-me também a tarefa de tentar oferecer uma nova proposta 
 de categorização dos procedimentos técnicos da tradução. Assim sendo, no Capítulo 4 deste livro, 
discuto duas propostas de recategorização dos procedimentos tradutórios. 
 Na primeira delas, efetuei uma tentativa de categorizar os procedimentos técnicos da 
 tradução de acordo com a frequência com que ocorrem na tradução, verificada a partir de 
 traduções existentes. Fui, todavia, obrigada a abandonar esta proposta, pois não encontrei, na 
literatura disponível, subsídios para viabilizá-la. 
Na segunda, em lugar de se distribuírem ao longo do eixo divisório entre uma tradução que é literal 
e outra que não é literal, os procedimentos tradutórios se categorizam de acordo com o grau de divergência 
entre as duas línguas que entram em contato através do ato tradutório. A tradução literal é vista como uma 
 instância de elevada identidade formal e cultural entre as duas línguas que se confrontam na tradução. As 
 instâncias de maior divergência entre as línguas são analisadas como sendo de divergência linguística, ou 
 estilística, ou da realidade extralinguística, dispondo-se os demais procedimentos tradutórios ao longo 
desses eixos. 
Ao meu ver, esta é a categorização mais adequada dos procedimentos técnicos da tradução. 
 Como será visto adiante, no corpo do presente trabalho, não encontrei na literatura disponível 
 qualquer abordagem que caracterizasse ou categorizasse os procedimentos tradutórios nos modos 
 que expus acima. 
No Capítulo 5 apresento uma breve conclusão deste trabalho. 
 
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BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 7 
 
 (pág. 19) 
2 
MODELOS DE TRADUÇÃO 
 
 
 Há milênios a tradução está entre nós, chegando alguns até mesmo a recorrer ao mito da 
 Torre de Babel para explicar a sua origem ( Campos, 1986a e b). Há muitas centenas de anos cf.
 também que se escreve sobre a tradução, podendo-se citar, entre os que o fizeram, Cícero ( cf.
Newmark, 1981:4; Mounin, 1965:31-32), na Antiguidade, ou São Jerônimo (s/d), o santo patrono 
 dos tradutores, tradutor-revisor dos quatro Evangelhos (a ). No entanto, o falar sobre a Vulgata
 tradução viesse este de Dryden, Pope, Arnold, Proust ou Gide ( Newmark, 1981; Mounin, – cf.
 1965; Nida, 1964; Vázquez-Ayora, 1977) – era um falar impressionista, em que autores-tradutores 
 beletristas discorriam sobre suas experiências e impressões ao traduzir e recriar o belo, mas se 
mantinham isolados, muitas vezes ignorando o trabalho uns dos outros, sem que pudessem formar 
um corpo teórico. 
 Mas a tradução não se restringe à da palavra divina, da poesia ou da grande obra 
literária. No mundo de hoje, na aldeia global forjada pelos meios de comunicação de massa, 
 ela se torna corriqueira, cotidiana e fundamental nos mais variados campos do conhe-
cimento e das atividades do homem. 
 Assim é que, em 1915, durante as Conferências para a Paz, em Paris, que geraram a Liga 
 das Nações, ficou evidente a necessidade de que fossem treinados intérpretes para atuar nas 
 assembleias dessa entidade, bem como profissionais que se ocupassem da tradução das enormes 
 quantidades de documentos por ela elaborados. Para que se treinassem esses profissionais, era 
 necessário um estudo objetivo daquilo que constitui a tradução e de como esta se realiza ( Her-cf.
bert, 1968). 
 (pág 20) Os estudos acerca da tradução tomaram maior impulso a partir dos anos 
 cinquenta, findo o conflito da Segunda Guerra Mundial e parcialmente superados seus 
 efeitos, através dos esforços pela paz entre os povos, consubstanciados na formação de 
 organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas, nos quais o francês se 
 viu deslocado como a língua-franca da diplomacia, e nos quais foi dado peso igual aos 
 idiomas das nações fundadoras, originando, assim, a necessidade de grande volume de 
traduções ( Herbert, 1968). cf.
 O impacto dessa quantidade de traduções de aplicação prática imediata fez com que a 
tradução deixasse de ser uma preocupação essencialmente de autores-escritores diletantes na área, 
 para inscrever-se na pauta de estudiosos informados por teorias linguísticas e, mais 
 especificamente, na pauta de linguistas aplicados, já que a tradução é uma instância de uso da 
 linguagem, um caso de interação à distância mediada pelo texto (cf. Cavalcanti, 1986:8), 
envolvendo duas línguas. 
 Dentre os linguistas que primeiro se ocuparam da tradução está Mounin (1955, 1975, 
 1976a e b e 1980), cuja obra se volta consistentemente para o tema e que se tornou clássica e 
 fundamental para o estudo da matéria. Mounin (1975) apoia-se em vários aspectos da linguística 
 de seu tempo, funcional e estrutural, inclusive a linguística antropológica, e aborda vários aspectos 
 da tradução, até mesmo sua possibilidade ou impossibilidade, mas logo se rende à evidência da 
 produção nesta atividade, e afirma: ... tradutores existem, eles produzem, recorremos com “
proveito às suas produções (Mounin, 1975:19). ”
 Assim, validada pela sua própria existência, e definida por Mounin (1975:22) como uma 
 operação linguística, 
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BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 8 
 
 
 “pois comporta, basicamente, uma série de análises e de operações 
 especificamente dependentes da língua e susceptíveis de serem mais e melhor 
 esclarecidas pela ciência linguística aplicada corretamente do que por qualquer 
empirismo artesanal, ”
 a tradução conquista definitivamente seu espaço como área de reflexão e passa a ser objeto de 
 estudo de vários outros linguistas após Mounin, muitos deles ativos também como tradutores e 
professores de tradução. 
 (pág 21) Sendo, portanto, a tradução vista como uma atividade humana, uma 
 operação linguística, aqueles que se ocupam dela têm procurado fornecer uma resposta à 
 pergunta como traduzir . No pensamento tradicional sobre a tradução, esta resposta era “ ”
 simples: literalmente,fielmente, sendo esta literalidade e esta fidelidade vistas como sendo 
primordialmente à forma do original, relegando seu conteúdo ao segundo plano. 
 Desde os primórdios das reflexões sobre a tradução, no entanto, houve aqueles que 
advogavam um modo de traduzir que privilegiasse o conteúdo e se afastasse da literalidade pura e 
simples. 
 Não sendo literal, entretanto, como deveria ser a tradução? É como resposta a esta 
 pergunta, como um modo de justificar a tradução não literal, que, ao meu ver, surgem, no estudo da 
 tradução, descrições de procedimentos técnicos. Isto porque a necessidade premente, em todo o 
 mundo, de traduções para aplicação imediata impede que sejam tão literais que se tornem 
 incompreensíveis para o usuário, ou tão livres que percam seu valor legal ou se efetivem como um 
 outro texto original (doravante TO), uma recriação ou paráfrase. Assim, torna-se preciso que haja 
 parâmetros de execução que validem um determinado tipo de tradução como sendo funcional, 
operacional, e que sirva de base para o ensino da tradução. 
 É da descrição de tais procedimentos técnicos da tradução que vão ocupar-se muitos 
 autores, buscando subsídios na teoria da natureza da linguagem que goza de maior prestígio 
 em seu tempo, decorrendo dela a visão que têm sobre como deve ser uma tradução. 
 A esta visão de como deve ser uma tradução denominei (ou paradigma, “mo delo” cf.
 Kuhn, 1970), pois é esta concepção que vai determinar o modo como são categorizados os 
 procedimentos técnicos da tradução, e também os critérios que são apontados para que 
sejam selecionados como válidos em um determinado ato tradutório. 
 Um trabalho que pretende analisar os procedimentos técnicos da tradução a partir da 
 descrição pioneira de Vinay e Darbelnet (1977) precisa confrontá-los com o tratamento dado a eles 
 na literatura, por alguns outros autores. Para fazê-lo, é preciso examinar primeiro os modelos de 
 tradução dos autores selecionados, bem como ( 22) examinar os subsídios teóricos que pág. 
utilizam para defini-lo, o que passo a fazer em seguida. 
 
2.1. ÁLISE DOS MODELOS AN
 Apresento abaixo uma revisão sucinta dos modelos de alguns autores que selecionei na 
 literatura disponível para cotejar com o trabalho de Vinay e Darbelnet (1977), com cujos 
 procedimentos técnicos da tradução inicio minha revisão da literatura, passando, em seguida, a 
 uma análise dos modelos de Nida (1964; Nida e Taber, 1982), de Catford (1965), de 
Vázquez-Ayora (1977), finalizando com Newmark (1981, 1988). 
 
2.1.1. Tradução Direta vs Tradução Obliqua: O Modelo de Vinay e Darbelnet
 Em 1958, Vinay e Darbelnet publicaram a obra Stylistique comparée du français et de 
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BARBOSA, Heloísa Gonçalves - Procedimentos Técnicos da Tradução 9 
 
 l'anglais: méthode de traduction Bibliothèque de Stylistique Comparée, como parte da série “ ” – 
 que inclui a , que é também o Stylistique comparée du français et de l'allemand, de Malblanc
coordenador da série, e Chemins de la traduction: domaine anglais, de Bonnerot sendo as obras –
 dessa coleção norteadas pelo trabalho de Bally que, segundo Malblanc (1977:2), ao explicitar a “
teoria linguística de F. de Saussure, criou o estudo da estilística francesa. ”
 Foi, portanto, na linguística estrutural, saussuriana, e na estilística que Vinay e Darbelnet 
 (1977) buscaram subsídios teóricos para seu exame da tradução, além de já mencionarem que a 
gramática de base gerativa-transformacional poderia ser útil para o tradutor. 
 Vinay e Darbelnet (1977) trabalham com conceitos saussurianos tais como signo “
 linguístico significante valor significação”, “significado” e “ ”, “ ” e “ ” (cf. Saussure, 1972). Estes 
conceitos, além da noção de arbitrariedade do signo linguístico ( Saussure, 1972), dão-lhes uma cf.
sólida base teórica para justificar sua proposta de afastamento da tradução literal. 
 No contexto da obra de Vinay e Darbelnet (1977:32), deve-se entender estilística segundo 
 a visão de Bally, ou seja, como ( 23) tálogo das formas elegantes e convincentes ( pág.  ca ” apud
 Dubois et al, 1978:243). Vinay e Darbelnet (1977:15) consideram como estilística comparada 
 aquela que observa as características de uma língua tais quais se revelam por comparação com “
 uma outra língua e relacionam a tradução a um caso particular, a uma aplicação prática da ” “
estilística comparada (Vinay e Darbelnet, 1977:20). ”
 Isto fica claro já no prefácio da obra, com o exemplo de traduções encontradas em placas 
 de sinalização em estradas canadenses, oferecido pelos autores: a placa SLIPPERY WHEN WET, 
 em língua inglesa, foi traduzida para o francês como GLISSANT SI HUMIDE. Esta tradução, no 
 entanto, como a de outras placas de sinalização encontradas nessas estradas, consideram Vinay e 
 Darbelnet (1977:17), são muito claras, muito correias, mas não é assim que seriam redigidas em “
 francês”. A forma usada na França para a placa citada é CHAUSSÊE GLISSANTE (cf. Vinay e 
 Darbelnet, 1977: 17-22), correspondendo-lhe, em português, a forma PISTA ESCORREGADIA, 
como se vê nas estradas, no Brasil. 
 É visando a, na tradução, produzir um texto idêntico ao que “sairia espontaneamente de um 
cérebro monolíngue, em resposta a uma situação comparável sob todos os pontos de vista , o que ”
implicaria em um afastamento da tradução apenas literal que nem sempre teria como resultado a –
 forma mais natural, tal como definida acima – , que Vinay e Darbelnet (1977:46-55) enumeram os 
procedimentos técnicos da tradução. 
 Para Vinay e Darbelnet (1977:46-55), os procedimentos técnicos da tradução 
 distribuem-se ao longo de dois eixos, o da tradução direta e o da tradução oblíqua como se vê no 
quadro abaixo: 
 
 TRADUÇÃO DIRETA 
 EMPRÉSTIMO 
 DECALQUE 
 TRADUÇÃO LITERAL 
 TRADUÇÃO OBLÍQUA 
 TRANSPOSIÇÃO 
 MODULAÇÃO 
 EQUIVALÊNCIA 
 ADAPTAÇÃO 
 
(pág. 24) A tradução direta, para Vinay e Darbelnet (1977:46) é o mesmo que tradução 
 literal palavra-por-palavra, ou , tanto mais possível quanto maior for a semelhança entre as duas 
 línguas em questão, como no caso de línguas de mesma família, ou seja (Vinay e Darbelnet, 
1917:46): 
 quando a mensagem da LO (língua original) se deixa passar perfeitamente para a 
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 mensagem da LT (língua da tradução), pois repousa seja em categorias paralelas 
(paralelismo estrutural), seja sobre concepções paralelas (paralelismo extralinguístico). 
 
 A tradução oblíqua, por outro lado, é aquela que não é literal. Isto porque há casos em que 
 a tradução literal não é possível pois, gundo Vinay e Darbelnet (1977:49), o texto que produziria se
na LT poderia: 
a) ter significado diverso do original, 
b) não ter significado, 
c) ser estruturalmente impossível, 
d) não ter correspondência no contexto cultural da LT, 
e) ter correspondência, mas não no mesmo registro. 
 Considero possível afirmar que os itens expostos acima constituem um teste de viabilidade 
 da tradução literal a qual, desta maneira, constituiria um procedimento pré-tradutório: o tradutorfaria a tradução literalmente, aplicaria o teste e, resultando impossível a tradução literal, passaria a 
empregar procedimentos mais complexos. 
 Um exemplo poderá esclarecer melhor. A frase em inglês Paul kicked the ball permite “ ”
tradução literal, palavra-por-palavra, em português, como se vê abaixo: 
 
 Paul kicked the ball. 
     
 Paulo chutou a bola. 
 
 No entanto, a frase inglesa não permite tradução literal, “Paul kicked the bucket”
palavra-por-palavra, pois esta, Paulo chutou “ o balde” não corresponde ao significado da LO, que 
 é “Paulo mor 25) ou, para manter o mesmo registro, como recomendam Vinay e reu” (pág. 
Darbelnet (1977:33-34), Paulo bateu as botas, ou Paulo abotoou o paletó. “ ” “ ”
Assim, sendo impossível a tradução literal, será necessário recorrer à tradução 
 oblíqua, ou seja, àquela que utiliza recursos lexicais ou sintéticos diversos daqueles 
 empregados no texto da LO (doravante TLO), quer dizer, que altera a forma, mas sem 
alterar o conteúdo, ou a mensagem. 
 E dentro desse contexto, portanto, que Vinay e Darbelnet (1977:46-55) categorizam os 
 procedimentos técnicos da tradução, ordenando-os segundo a dificuldade de execução pelo 
tradutor: quanto mais próximos da LO, mais fácil sua realização, estando, assim, os primeiros o –
 empréstimo, o decalque e a tradução literal no âmbito da tradução direta, e os demais – – a 
 transposição, a modulação, a equivalência e a adaptação – , no âmbito da tradução oblíqua, que é a 
 que, em busca do sentido, mais se afasta da forma do TLO e, portanto, seria mais difícil para o 
tradutor. 
 O primeiro procedimento da tradução direta, o empréstimo, é o mais fácil de todos, 
 segundo Vinay e Darbelnet (1977), pois consiste em copiar, ou utilizar a própria palavra da LO no 
 texto da LT (doravante TLT). Vinay e Darbelnet (1977) afirmam que este procedimento deve ser 
 usado quando não houver, na LT, um significante que tenha o mesmo significado expresso pelo 
 significante empregado no TLO, como no exemplo abaixo onde, não tendo a língua francesa um 
 posto equivalente ao do anglo-saxônico entre seus magistrados, foi realizada a tradução coroner3
através de um empréstimo ( Vinay e Darbelnet, 1977:47): cf.
 
3 “Magistrado encarregado de investigar casos de morte suspeita” (cf. Houaiss e Avery, 1981:159). 
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The coroner spoke. 
  
Le coroner prit la parole. 
 
 Vinay (1968:737), em um artigo que retoma a discussão sobre os procedimentos técnicos 
da tradução, assim define este procedimento: 
 
 O texto na LO pode conter um termo novo, para o qual a LT ainda não possui equivalente. De 
 preferência a recorrer a uma ( 26) definição ou explicação, o tradutor pode utilizar pura e pág.
simplesmente o termo da LO, que se torna, daí por diante, um empréstimo. 
 
 Deste modo, o , segundo a definição de Vinay e Darbelnet (1977) e de Vinay empréstimo
 (1968), não poderia ser classificado entre os procedimentos da tradução direta (q.v. página 24 
 acima), pois expressa não um paralelismo, mas uma divergência extralinguística entre a LO e a 
LT. 
 
 Vinay (1968:737) vai mais longe, ao afirmar que “este procedimento é evidentemente a 
negação da traduç ão.”
 
 De fato, de acordo com a definição de Vinay. e Darbelnet (1977), o empréstimo não 
 constitui uma tradução. Não corresponde à definição de tradução oferecida por Catford (1965:20, 
q.v. 2.1.3, p. 35), que é: “substituição de material textual em uma língua (LO) por material textual 
 equivalente em outra língua (LT). Na verdade, o empréstimo é a manutenção de material textual ”
da LO na LT. 
 Aparentemente, para Sousa-Aguiar (1980:50),: a colocação do empréstimo como 
 procedimento anterior à tradução eral também receu inadequada, pois inicia seu comentário lit pa
 do modelo de Vinay e Darbelnet (1977) pela descrição da tradução p avra-por-palavra. al
Vázquez-Ayora (1977) vai ainda mais longe, eliminando de seu modelo tanto o empréstimo como 
o decalque. 
 Vinay e Darbelnet (1977) consideram o segundo procedimento da tradução direta, o 
 decalque, como um caso particular do empréstimo. Isto porque o empréstimo refere-se a 
palavras isoladas, enquanto o decalque estende-se aos sintagmas. 
 Para Vinay e Darbelnet (1977), há dois tipos de decalque. O primeiro, chamado decalque 
 de expressão, utiliza palavras já existentes na língua da tradução, respeitando também sua 
 estrutura sintética, o que é exemplificado por Vinay e Darbelnet (1977:47) como aparece abaixo: 
 Season's Greetings. 
 Compliments de la Saison. 
 
 (pág. 27) decalque de estrutura,  Já o segundo tipo, chamado de utiliza as palavras da 
 LT, embora em construções sintéticas estranhas a ela, como no exemplo abaixo, fornecido por 
Vinay e Darbelnet (1977:47): 
science-fiction 
   
 NOTA DA PROFESSORA: 
Show-room, ...-futebol-clube (SPFC, 
SFC) t b k k d
SFC) notebook, weekend. 
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science-fiction 
 
 onde a tradução do sintagma inglês em francês é um decalque em que foi desrespeitada a estrutura 
 sintática da língua francesa que, nesse caso, exigiria a pós-posição de um adjetivo flexionado, ao 
passo que, em inglês, o adjetivo é anteposto ao substantivo e invariável. 
 Existe algum conflito, na literatura disponível» em tomo da definição de decalque por 
 Vinay e Darbelnet (1977). Em Vinay (1968: 739) e Dutra (1983a: 88), o é definido decalque
 como o procedimento através do qual a palavra ou expressão é adaptada à ortografia da “
 LT: futebol, líder, buque, uísque, fim- Os quatro primeiros exemplos citados de-semana.”
 são, na realidade, casos de aclimatação (q.v. 3.10.3), sendo o último (fim- -semana) um caso de
de decalque tal como definido por Vinay e Darbelnet, mas não um caso de aclimatação. Esta 
controvérsia será abordada novamente em 4.1. 
 Considero também inadequada a colocação do decalque como procedimento da tradução 
 direta, pois este é usado em consequência de divergências entre as duas línguas em confronto no 
 ato da tradução. Segundo Vinay e Darbelnet (1977), este procedimento troduz na LT novos in “
 modos de expressão, o que está em desacordo com sua definição de tradução direta (q.v. página ”
24 acima), onde, na verdade, tal procedimento nunca seria necessário. 
 O terceiro e último procedimento da tradução direta é a tradução literal, ou 
 palavra-por-palavra. Segundo Vinay e Darbelnet (1977:49), este procedimento deve ser 
 usado sempre que seu resultado for um texto correto e que respeite as características 
formais, estruturais e estilísticas da LT. 
 Para Vinay e Darbelnet (1977), a tradução literal é, em princípio, uma solução 
 completa em si mesma, única e reversível, pois a retradução teria como resultado 
 precisamente o texto original . Oferecem o seguinte exemplo ( Vinay e Darbelnet, 8 cf.
1977:48): 
 
(pág. 28) I left my spectacles on the table downstairs. 
        
J’ai laissé mes lunettes sur la table en bas. 
 
 O primeiro procedimento da tradução obliqua, transposição, a consiste em um 
 afastamento, no plano sintático, da forma do TLO. Assim, um significado que era expresso 
 no TLO por um significante de uma determinada categoria gramatical (parte do discurso), 
 passa a ser expresso, no TLT, por um significante de outra categoria gramatical, sem que, 
com isso, fique alterado o conteúdo, ou a mensagem, do TLO. 
 Vinay e Darbelnet (1977) oferecem vários exemplos de já que este transposição, 
 procedimento pode envolver vários pares de categorias gramaticais, dentre estes o que se vê 
abaixo Vinay e Darbelnet, 1977:97), tirado de uma manchete de jornal: (cf. 
Situation still critical (still - advérbio) 
La situation reste critique (reste - verbo) 
 Observe-se que, no exemplo acima, a foi uma escolha do tradutor, já que transposição 
 haveria outras possibilidades de tradução (por exemplo, fato La situation est toujours critique), 
 que não é levado em consideração por Vinay e Darbelnet (1977), podendo-se supor que a opção foi 
 feita em vista de a primeira versão, mais curta, ser mais adequada a uma manchete de jornal. 
 Há casos, porém, em que a obrigatória, como no exemplo da tradução do transposição 6

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