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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA Instituto de Ciências Humanas Teoria Psicanalítica: Narcisismo e a abertura ao desenvolvimento humano. São Paulo 2021 Fellipe de Almeida Menezes Leandra da Silva Carmo Lilian de Oliveira Nunes Maria Cristina de Souza RA: T9643F-4 RA: N803HD-9 RA: D6128H-2 RA: C548DA-9 Teoria Psicanalítica: Narcisismo e a abertura ao desenvolvimento humano. Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Psicanalítica, da Universidade Paulista – UNIP, Campus Tatuapé. Orientação: Prof.ª Dr.ª Rosélia Paparelli São Paulo 2021 SUMÁRIO Introdução 4 Objetivo 5 Desenvolvimento 6 Teoria geral do narcisismo e teoria geral da libido 6 Narcisismo e a abertura para o desenvolvimento 7 Conclusão 10 Referências Bibliográficas 11 Introdução Neste trabalho será apresentado o processo narcísico e sua a teoria psicanalítica. Foi realizado estudos e pesquisas, utilizando como base a bibliografia de seu principal autor, (Sigmund Freud) destacando seu posicionamento sobre o tema e suas principais características. Por certo é válido ressaltar a temática, tentando de forma objetiva descrever e apresentar teóricos que levantaram grandes questionamentos, e até mesmo se opondo ao pai da psicanálise. Sigmund Freud enfatiza em suas teorias a extrema importância da fase narcísica na vida de um homem. Desde as suas origens, a Psicanálise é acusada de psicopatologizar a existência humana. Entre os múltiplos fenômenos que compõem essa existência, talvez nenhum outro tenha adquirido um caráter tão negativo, tão patológico e indesejável quanto o narcisismo. Ser narcisista significa estar no outro extremo do ideal cristão de amor ao próximo, do desprendimento e da humildade, em favor do amor a si mesmo. Daí porque o narcisismo gera tanta repulsa. Ninguém quer ser qualificado como narcisista. Narcisistas são os outros. A sociedade é narcisista, perversa. Mas, afinal, se o narcisismo está em toda parte, qual a sua origem e o que significa? O emprego do termo narcisismo vem da cultura grega e significa o amor do indivíduo por si mesmo. No final do século XIX, de acordo com Roudinesco e Plom (1998), o seu uso foi incorporado ao discurso científico, mais precisamente à sexologia nascente, para designar "uma perversão sexual caracterizada pelo amor do sujeito por si mesmo" (p.530). Em 1914, o termo entra definitivamente para o discurso psicanalítico, quando Freud (1914) abre caminho para o entendimento do narcisismo como elemento constitutivo do amor-próprio e da autoestima e, portanto, destinado à autopreservação do sujeito e formação dos laços sociais. Esse aspecto intrínseco à personalidade e, inclusive, o seu caráter positivo, tem sido pouco explorado pela literatura especializada. Em consonância com uma tradição psicanalítica fiel ao estudo dos quadros psicopatológicos, narcisismo tornou-se bastante conhecido em seu caráter patológico a partir dos estudos das estruturas psicológicas: neurose, perversão e psicose. No entanto, chamar a atenção para o narcisismo como fenômeno comum e indispensável a todos os sujeitos é algo que deve ser buscado, na medida em que as adaptações e realizações humanas só por meio dele podem ser alcançadas. Segundo Níceas em “Introdução ao Narcisismo” Freud reconhece o narcisismo como um etapa fundamental, do processo de constituição de eu. O narcisismo não leva apenas á patologia, mas também é um protetor positivo do psiquismo. Um narcisismo “que promove a constituição de uma imagem de si unificada, perfeita cumprida e inteira” (Houser, 2006, pág.33), ultrapassa o autoerotismo para fornecer a integração de uma figura positiva e diferenciada do outro. Situa-se entre o autoerotismo e o amor objetal, precisamos atravessar essa fase, para que possamos assim estabelecer laços com os outros, o narcisismo freudiano se revela como um dado estrutural. Freud distingue dois tipos de narcisismo ; O Narcisismo Primário e o Narcisismo Secundário. No narcisismo primário, é a primeira forma de satisfação da libido, já no secundário, há dois momentos. Primeiro há o investimento nos objetos, e depois esse investimento reforma para o si (ego). Portanto, no decorrer do trabalho foram abordados diversos pontos sobre a teoria e conceitos elaborados de autores que abordaram o assunto. Objetivo Discorrer através de um levantamento bibliográfico de obras psicanalíticas acerca da definição conceitual de narcisismo, e mostrar como este conceito foi articulado ao longo do desenvolvimento da psicanálise com as teorias do desenvolvimento humano. Desenvolvimento Teoria geral do narcisismo e teoria geral da libido Os primeiros escritos que apresentavam alguma pretensão de introduzir o conceito de narcisismo em dentro da teoria psicanalítica foram realizados por Sigmund Freud (1905), introduziam timidamente o conceito dentro da teoria psicanalítica sem de fato cita-lo diretamente, em uma leitura ainda muito rasa e secundária, visando justificar fenômenos pontuais que eram interpretados como desvios no tocante ao objeto sexual, porém no decorrer do processo de desenvolvimento do conceito dentro da teoria psicanalítica, o próprio autor percebeu que o conceito poderia ser abordado de forma mais ampla, essa nova visão de como se manifestam os comportamentos narcísicos pode ser verificada em um de seus mais relevantes e indispensáveis ensaios sobre o tema, concebido como “Introdução ao narcisismo” (1914), onde Freud começa a articular a teoria geral acerca do assunto, articulando entre outras coisas como uma característica dada, e comum ao desenvolvimento psicossexual humano. Miguelez (2015) aponta o conceito de narcisismo na atualidade como uma espécie de “dobradiça”, pois ao contrário do papel secundário que assumia anteriormente aos textos introdutórios propostos por Freud em 1914, o narcisismo dentro da psicanálise atualmente assume um papel fundamental para a articulação de muitas questões conceituais dentro da teoria, sendo possível discorrer sobre os mais variados temas de uma perspectiva psicanalítica, fazendo uma análise da origem narcísica que permeia o fenômeno. Freud (1905) apresenta uma definição conceitual da libido como uma força quantitativa, que permite mensurar os processos de transformação e excitação sexual, portanto, representa uma das formas de energia psíquica geradas pelo indivíduo. Descreve em seu segundo ensaio o estágio inicial da libido definido como autoerotismo, colocando o ato de sucção do bebê como modelo prototípico da sexualidade infantil, porém ainda sem mencionar diretamente o conceito de narcisismo. Em seu ensaio introdutório, Freud (1914) Freud começa a articular a teoria geral da libido com o narcisismo, dividindo-o em partes de acordo com a forma que o indivíduo direciona a libido ao ambiente e a si mesmo, compreende-se em sua obra a existência não apenas de um narcisismo, mas de narcisismos, podendo o narcisismo ser classificado como primário e o secundário. Freud discorre em sua obra (1914) sobre o narcisismo primário como uma fase intermediária ao autoerotismo e o amor objetal, ele começa a aparecer dentro do desenvolvimento psicossexual quando o indivíduo começa o processo de diferenciação entre de si mesmo para os objetos que lhe cercam, e tenta lidar com as frustrações relacionadas a descoberta da existência de objetos que não fazem parte dele próprio, portanto, não estão em seu controle. Freud (1914) fala sobre o narcisismo secundário como uma etapa do desenvolvimento narcísico onde o indivíduo não apenas já está familiarizado com a existência com o objeto, como aprendeu a lidar com as frustrações com relacionadas a sua existência através do direcionamento da energia psíquica para este objeto, esperando que essa energia retorne ao ego como forma de prazer. Essa forma de se relacionar com o objeto esperando algum tipo de retorno que satisfaça o ego é o que caracteriza o estágio mais avançado do narcisismo, e que permeia grande parte das relações humanas. Narcisismo e a abertura para o desenvolvimento Garcia-Roza(1936) Classifica a libido como pulsão sexual, ou seja, uma energia psíquica que tem como principal objetivo o prazer, e constata em sua obra que esta move o ser humano e motiva o estabelecimento de ligações entre os indivíduos. A libido nessa perspectiva não se satisfaz através de um objeto específico definido teoricamente, qualquer objeto ao qual o indivíduo direcione a sua energia psíquica pode potencialmente retornar essa energia ao indivíduo, satisfazendo-o dessa forma. Freud (1914) comenta sobre a atenção em excesso que as pesquisas psicanalíticas da época investiam apenas em características pontuais de atitudes narcísicas que eram observáveis com clareza em indivíduos considerados desviados, que era a forma como grande parte dos autores da psicanálise tratavam comportamentos como a homossexualidade na época, Freud revela nesse texto introdutório ao narcisismo o interesse em reivindicar um lugar para o narcisismo no desenvolvimento humano de forma regular, ou seja, como uma característica da qual todos os indivíduos carregam durante o seu amadurecimento, não mais uma perversão como era vista na época, mas sim um instinto de autoconservação que auxiliaria o indivíduo em sua sobrevivência. Quando Freud (1914) discorre sobre essa questão, ele aponta então a necessidade da construção do conceito de um narcisismo primário, pois partindo de um pressuposto já consolidado dentro da teoria psicanalítica em obras passadas, como é descrito em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), de que o indivíduo nasce autoerótico, ou seja, incapaz de fazer qualquer diferenciação entre o Eu ainda em processo de formação e os objetos que o rodeiam, conclui-se que esse indivíduo não é capaz de direcionar sua libido, ou seja, sua energia psíquica a nenhum objeto que não seja a si mesmo, buscando assim, o prazer em si próprio. Passado algum tempo mediante ao amadurecimento do Eu, conforme também é constatado por Freud (1914) conforme o indivíduo começa a perceber o Objeto como algo separado do Eu e não mais como uma extensão de seu corpo, começa a surgir a necessidade de algo que complemente o autoerotismo, a formação dessa nova ação psíquica é o que podemos classificar como narcisismo primário, uma tentativa de lidar com as frustrações com o Objeto que não corresponde as expectativas do Eu, mas ainda não totalmente amadurecida. Freud (1914) após discorrer sobre a passagem do autoerotismo para o narcisismo primário abre caminho para o que permeia o desenvolvimento humano de forma geral, que é o narcisismo secundário. O indivíduo começa a ter suas primeiras atitudes pautadas por um narcisismo secundário após superar suas frustrações iniciais com o Objeto, portanto, superadas essas frustrações o indivíduo começa a entender que por mais que o Objeto nem sempre corresponda as expectativas do Eu, é possível obter prazer investindo a própria energia libidinal neste Objeto, esperando um retorno. O ato de investir a libido em um Objeto específico, esperando que este retorne a energia investida em forma de prazer é o que Freud (1914) caracteriza como uma atitude narcísica secundária, e é onde começa o processo de abertura para o desenvolvimento humano, uma vez que grande parte das relações humanas é pautada sob relações narcísicas entre eles. Conclusão Referências Bibliográficas FREUD, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas. 1. ed. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas.1. ed. Trad. Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1972. GARCIA-ROZA, L.A. (1936). Narcisismo: Introdução à metapsicologia freudiana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. MIGUELEZ, OSCAR M. (2015). Narcisismos Editora Escuta; 2ª edição ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Trad. Vera Ribeiro e Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar: 1998.
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