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10. Regências nominal e verbal. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras. João prefere assistir ao jogo em casa. REGÊNCIA VERBAL Termo Regente: VERBO A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também nominal). As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está sendo dito. Para estudar a regência verbal, facilita agrupar os verbos de acordo com sua transitividade. Predicação ou Transitividade Verbal verbo ligação ação transitivo direto indireto intransitivo Verbos Intransitivos a) Chegar, Ir Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino ou direção são: a, para. Fui ao teatro. Chegamos à escola. Verbos Transitivos Diretos Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos diretos. abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar Verbos Transitivos Indiretos Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. a) Consistir Tem complemento introduzido pela preposição "em". A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para todos. b) Obedecer e Desobedecer: Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "a". Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Eles desobedeceram às leis do trânsito. c) Responder Tem complemento introduzido pela preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a quem" ou "ao que" se responde. Respondi ao meu patrão. Respondemos às perguntas. Respondeu-lhe à altura. d) Simpatizar e Antipatizar Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "com". Antipatizo com aquela apresentadora. Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada. Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Agradecer, Perdoar e Pagar São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Agradeço aos ouvintes a audiência. Paguei o débito ao cobrador. Saiba que: Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer como objeto indireto, mesmo que na frase não haja objeto direto. A empresa não paga aos funcionários desde setembro. Já perdoei aos que me acusaram. Informar Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Informe os novos preços aos clientes. Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços) Comparar Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento indireto. Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. Pedir Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa. Pedi-lhe favores. Preferir Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição "a". Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. Prefiro trem a ônibus. Na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre). Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de significado. AGRADAR 1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar. Sempre agrada o filho quando o revê. Sempre o agrada quando o revê. Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. AGRADAR 2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela preposição "a". O cantor não agradou aos presentes. O cantor não lhes agradou. ASPIRAR 1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar. Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o.) ASPIRAR 2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição. Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a elas.) ASSISTIR 1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. Assistimos numa conturbada cidade. ASSISTIR . 2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer. Assistimos ao documentário. Não assisti às últimas sessões. Essa lei assiste ao inquilino. ASSISTIR . No sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido pela preposição "em". Assistimos numa conturbada cidade. CHAMAR 1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de. Por gentileza, vá chamar sua prima. Chamei você várias vezes. CHAMAR 2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado ou não. A torcida chamou o jogador mercenário. A torcida chamou ao jogador mercenário. CUSTAR 1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial. Frutas e verduras não deveriam custar muito. CUSTAR 2) No sentido de ser difícil, penoso pode ser intransitivo ou transitivo indireto. Muito custa viver tão longe da família. IMPLICAR 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: a) Dar a entender, fazer supor, pressupor Suas atitudes implicavam um firme propósito. IMPLICAR b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um povo. IMPLICAR 2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. IMPLICAR No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição "com". Implicava com quem não trabalhasse arduamente. PROCEDER 1) Proceder é intransitivo no sentido de ter fundamento ou agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo. As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las. PROCEDER 2) Nos sentidos de ter origem ou dar início é transitivo indireto. O avião procede de Maceió. Procedeu-se aos exames.O delegado procederá ao inquérito. QUERER 1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar. Querem melhor atendimento. Queremos um país melhor. QUERER 2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar. Quero muito aos meus amigos. Ele quer bem à linda menina. Despede-se o filho que muito lhe quer. VISAR 1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. O homem visou o alvo. O gerente não quis visar o cheque. VISAR 2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a". O ensino deve sempre visar ao progresso social. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público. REGÊNCIA NOMINAL Regência Nominal é o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. 11. Significação das palavras. Semântica O estudo das significações das palavras é um assunto na língua portuguesa exclusivo da Semântica. Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante. A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. A menina recusou energeticamente ao pedido para que comesse. A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse. Se por um lado sinonímia é o estudo das palavras dos significados semelhantes na língua, antonímia é o contrário dessa definição. A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse. A senhora aceitou passivamente ao pedido para que comesse. A polissemia diz respeito à possibilidade que tem o item léxico de variar de sentido, dependendo dos diferentes contextos em que ele venha ocorrer. Homônimos são palavras que apresentam formas iguais e significações diferentes. Parônimos são palavras que apresentam significados diferentes, embora sejam parecidas na grafia ou na pronúncia. Flagrante (evidente) / fragrante (perfumado) Mandado (ordem judicial) / mandato (procuração) Inflação (alta dos preços) / infração (violação) Eminente (elevado) / iminente (prestes a ocorrer) Arrear (pôr arreios) / arriar (descer, cair) Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente. Quando é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada conotativamente. Campo semântico é o conjunto dos significados, dos conceitos, que uma palavra possui. Um mesmo termo tem ou pode ter vários sentidos, os quais são escolhidos de acordo com o contexto abordado. Assim, são exemplos de campos semânticos: a) levar: transportar, carregar, retirar, guiar, transmitir, passar, receber. b) natureza: seres que constituem o universo, temperamento, espécie, qualidade. c) nota: anotação, breve comunicação escrita, comunicação escrita e oficial do governo, cédula, som musical, atenção. 12. Vícios de linguagem. Chama-se vício de linguagem ao modo de falar ou escrever que contraria as normas de uma língua. A infração à norma só recebe o nome de vício quando se torna frequente e habitual na expressão de um indivíduo ou de um grupo. Arcaísmo Consiste no emprego de palavras ou construções que já caíram em desuso, que pertencem ao passado da língua e não entram mais em seu uso normal. Exemplos: Mui = muito Fumo = fumaça Nojo = luto Ambiguidade Ocorre quando uma mensagem apresenta mais de um sentido. Deixei-o contrariado. (quem estava contrariado: eu ou ele?) Ambiguidade Ocorre quando uma mensagem apresenta mais de um sentido. Rio de Janeiro muda até a Olimpíada. (Rio de Janeiro sofrerá mudanças ou Rio de Janeiro alterará a própria Olimpíada?) A função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. Embora funcione como recurso estilístico, também pode ser um vício de linguagem, que decorre da má colocação da palavra na frase. Os corpos do casal serão exumados pela segunda vez nesta semana. (Os corpos serão exumados pela segunda vez desde que foi iniciado o inquérito ou pela segunda vez nesta semana?) Flamengo venceu o Vasco jogando em casa. (Quem jogou em casa?) Barbarismo É todo erro que diz respeito à forma da palavra. A) Cacoépia: erro de pronúncia. Esteje (incorreto) - esteja (correto) Barbarismo É todo erro que diz respeito à forma da palavra. B) Silabada: quando o erro se deve ao deslocamento do acento tônico. Rúbrica (incorreto) - rubrica (correto) Barbarismo É todo erro que diz respeito à forma da palavra. C) Cacografia: Qualquer erro de grafia. Hontem (errado) - ontem (correto) OBS: Erros de separação de sílabas também se incluem na Cacografia. Barbarismo D) Estrangeirismo: é o emprego de palavras ou expressões estrangeiras ainda não adaptadas ao idioma nacional. antidoping Barbarismo Quando o vocábulo estrangeiro revela-se muito útil ou necessário, tende a se adaptar à pronúncia e grafia do português. É o que chamamos de “aportuguesamento”. Club - clube Beef - bife Cacófato É a palavra inconveniente, descabida, ridícula ou obscena que resulta da união de duas outras ou de partes de outras palavras vizinhas. Ela tinha muito dinheiro. (é latinha) É preciso ter fé demais! (fede mais) 13. Coesão e coerência. Critérios de textualidade: coesão e coerência Quando se fala de COESÃO, o que se deve entender é que mecanismos linguísticos permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam palavras, frases ou parágrafos. Estes recursos podem ser classificados como: Referências e reiterações: acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica. Substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra). Conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos. São conjunções, preposições e advérbios (conectivos). Correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): correta utilização dos tempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, o que permite a compreensão da sequência. Não se pode esquecer da coesão sequencial, marcada pelo uso das palavras de transição. Estes termos garantem a continuidade do texto e o entendimento por parte de quem o lê. Já quando se fala em COERÊNCIA, deve-se entender a significação do texto. Entenderemos melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos: Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste na repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando há repetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmiti-la. Princípio daRelevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. A coerência é o sentido de cada uma das frases, textos e/ou parágrafos e a coesão é o entrelaçamento desses sentidos.
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