Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Química Farmacêutica e Farmacodinâmica ESTUDO DIRIGIDO: PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE DROGAS Estratégias para o desenvolvimento de fármacos As técnicas tradicionais de modificação molecular e REA são, ainda, importantes na descoberta de novos fármacos, no entanto, são dispendiosas e requerem extenso período de investigação, eventualmente bem sucedido. A disponibilidade de programas computacionais de química e os bancos de dados em rede são, atualmente, ferramentas fundamentais para a descoberta e planejamento de fármacos (CARVALHO et al., 2003). Segundo Carvalho e colaboradores (2003) o planejamento de fármacos auxiliado por computador (CADD “Computer-Assisted Drug Design”) possibilita explorar as bases químicas e moleculares envolvidas na interação fármaco-receptor mais especificamente: • proporcionar a visualização tridimensional e realizar a análise conformacional de fármacos; • analisar o tamanho e formato do grupo farmacofórico; • verificar a importância da natureza e grau de substituição de grupos funcionais; • observar os aspectos estereoquímicos dos fármacos e sua relação com a atividade biológica; • relacionar a estrutura e as propriedades físicas de uma mesma série de fármacos; • predizer os mecanismos moleculares envolvidos na ação dos fármacos. Para desenho e visualização tridimensional pode-se utilizar os programas Chemdraw e Chem3D e a utilização da barra de ferramentas e “templates” para desenhar estruturas químicas. Há ainda um manual prático do Chemsketch qualquer duvida (SANTOS; REGIANI, 2016). Os aspectos estereoquímicos são particularmente explorados e, com exercícios, os alunos são capazes de representar a estereoquímica correta dos carbonos assimétricos dos fármacos, como benzilpenicilina e estramustina (Figura 01). Figura 01. Desenho de fármacos (benzilpenicilina e estramustina) com aspectos estereoquímicos relevantes (ChemDraw). Questão 1) Desenhe os fármacos benzilpenicilina e estramustina (Figura 01). A partir do menu principal do programa ChemDraw, usando o comando “Tools” > “Generate” > “Name of Structure”,observe a nomenclatura IUPAC. Realiza o comando de “Tools” > “Calculate” > “All properties”, observe os dados calculados. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Questão 2) Estudar isomeria espacial a partir da visualização tridimensional de estruturas montadas no ChemSketch. Monta as estruturas da Figura 2 observe a estereoquímica da Talidomida e do Ibuprofeno. Talidomida Ibuprofeno Figura 02. Desenho da estrutura química da Talidomida e do Ibuprofeno. Identifique a formula molecular, massa molecular, numero de carbonos quirais, grupos da química orgânica, grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. Obs.: (Tools > Generate > Stereo Descriptons) ou (Tools > Generate > Stereo Descriptons Options...). ChemSketch, ao gerar os nomes para as estruturas, identifica se os isômeros são E ou Z (em caso de isomeria geométrica) ou, R ou S (em caso de isomeria óptica). A presença de carbonos quirais serão indicadas com um asterisco em azul (*). LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Questão 3) Para a visualização tridimensional dos fármacos é feita primeiramente com o uso de ferramentas de desenho, no ChemDraw a estrutura do sulfametoxazol (Figura 03) utilizando a ferramenta “Clean Structure” seguido da “3D Optimization”. Em seguida converter para o modelo tridimensional em Chem3D no item “3D Viewer”. Identifique a formula molecular, massa molecular, numero de carbonos quirais, grupos da química orgânica, grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. Figura 03. Conversão da estrutura de sulfametoxazol em 3D, na forma de ligações cilíndricas (Chemdraw – Chem3D) LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Q u e stão 4) Desenhar a estrutura partindo do SMILES (do inglês Simplified Molecular Input Line Entry Specification)ou do Identificador Químico Internacional da IUPAC (InChI). a) Por exemplo: pesquise no Google os termos “acetilcolina pubchem", encontra-se: • InChI - “InChI=1S/C7H16NO2/c1-7(9)10-6-5-8(2,3)4/h5-6H2,1-4H3/q+1” • SMILES - “CC(=O)OCC[N+](C)(C)C” Realize o comando para o código do InChI (Tools > Generate > Structure from InChI) ou SMILE (Tools > Generate > Structure from SMILES) Identifique a formula molecular, massa molecular, numero de carbonos quirais, grupos da química orgânica, grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. b) Pesquise no Google os termos “morfina pubchem", encontre o código do InChI ou SMILES: Identifique a formula molecular, massa molecular, numero de carbonos quirais, grupos da química orgânica, grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Questão 5) Artigo TAVARES, M. T. et al., 2015 O Protein Data Bank (PDB) consiste em um repositorio mundial de livre acesso para arquivos sobre a disposição tridimensional (3D) de macromoléculas, como proteínas, enzimas e cadeias de ácidos nucleicos. Estas macromoléculas podem estar isoladas ou complexadas a micromoleculas, como substratos, cofatores enzimaticos e/ou fármacos. A partir do PDB (http://www.rcsb.org), é possível pesquisas de estruturas proteicas, observando o modo de registro de cada estrutura depositada no banco de dados, denominado código PDB, geralmente composto por quatro algarismos alfanuméricos. No caso, tomando como exemplo os inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA), uma classe terapêutica para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Amplamente estudada e com Relação estrutura-atividade (REA) estabelecida, a classe dos iECA envolve serie de fármacos utilizados na terapêutica, a exemplo tem-se o captopril (1), o enalapril (2) e o ramipril (3) (Figura 04). Figura 04. Captopril, enalapril e ramipril, iECAs utilizados na terapêutica com seus respectivos valores de concentração efetiva 50% (EC50). Fonte: (TAVARES et al., 2015) a) Identifique da figura 04 (captopril, enalapril e ramipril) a formula molecular, massa molecular, numero de carbonos quirais, grupos da química orgânica, grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. O mecanismo de ação associado a esta classe de fármacos reside na habilidade destas moléculas em se ligar ao sitio catalítico da enzima, impedindo, assim, a conversão de angiotensina I em angiotensina II. A enzima conversora de angiotensina (ECA) e uma metaloproteinase responsável por hidrolisar a angiotensina I (um decapeptídeo inativo), convertendo-a em angiotensina II (um octopeptídeo ativo), LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. gerando como principais respostas fisiológicas o aumento da resistência vascular periférica, a secreção renal de aldosterona e a redução dos níveis séricos de bradicinina, que culminam no aumento da pressão arterial do individuo. A atividade catalítica da ECA e dependente de zinco II (Zn2+) e as bases químicas necessárias ao reconhecimento molecular de seu substrato estão associadas a uma sequencia tripeptidica especifica presente na angiotensina I. Esta sequencia tripeptidica e capaz de realizar coordenação com o íon Zn2+ e sofrer um ataque nucleofilico, que resulta na clivagem do substrato decapeptídeo (Figura 04A). O desenvolvimento dos iECAs, como enalapril (2) e ramipril (3), cada um a sua época, ilustra a otimização estrutural efetuada na estrutura do captopril (1) e a capacidade de exploração dos bolsões acessórios de interação, o que se reflete nas EC50 reduzidas de ambos, bem como na redução dos efeitos adversos associados ao captopril (1).10,11,15 A Figura 2B apresenta a evolução estrutural obtida no planejamento destes fármacos, do ponto de vista molecular. Figura 05. (A) Reconhecimentomolecular da tríade peptídica Phe-His-Leu pela ECA. As linhas tracejadas indicam regiões onde há interação entre o substrato e a enzima. (B) Interação dos fármacos captopril, enalaprilato (forma ativa do enalapril) e ramiprilato (forma ativa do ramipril), respectivamente, com o sítio ativo da ECA. Observa-se o aumento do número de interações em um dos bolsões da enzima, exploradas em cada um dos fármacos. Fonte: (TAVARES et al., 2015). b) Desenhe com base na figura 04 os peptídeos da angionstensina I e angiostensina II. Identifique ainda a formula molecular, massa molecular, numero de carbonos quirais, grupos da química orgânica, grupos hidrossolúveis e lipossolúveis. Utilizando os seguintes código no PDB: 1UZF (ECA complexada com o captopril, Figura 3); 1UZE (ECA complexada com o enalaprilato); e 2X92 (ECA complexada com o ramiprilato). Clique no icone “Download Files” e, em seguida, sobre “PDB File (Text)”. Geralmente o arquivo e salvo com o nome CODIGO.pdb, no caso dos arquivos utilizados neste estudo: 1UZF.pdb, 1UZE.pdb e 2X92.pdb. A analise dos complexos inicia-se na propria pagina principal dos co-cristais no PDB. No campo “Ligand Chemical Component”, em que identificam o subcodigo atribuido a cada micromolecula presente no co-cristal, momento em que devem anotar a identificação referente ao fármaco presente no complexo. Os fármacos de cada complexo utilizado nesta metodologia são identificados pelos subcodigos: MCO (captopril), EAL (enalaprilato) e X92 (ramiprilato). Esta identificação e importante para a analise do bolsão de interação do fármaco no PDBsum. O PDBsum (http://www.ebi.ac.uk/pdbsum/) e um banco de dados ilustrado, que compila informações de estruturas 3D depositadas no PDB, tornando mais intuitiva a visualização e a interpretação das mesmas. http://www.ebi.ac.uk/pdbsum/) LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Neste e possível visualize de forma bidimensional (2D) quais aminoácidos da macromolécula compõem o bolsão de ligação do fármaco (ou macromolécula), bem como os aminoácidos deste bolsão, que efetivamente estabelecem as interações F-R com o ligante. Por meio do PDBsum pode-se observar a natureza dos aminoácidos existentes, por exemplo, no bolsão catalítico da ECA e avaliar a complementaridade existente entre macro e micromolecula. Na pagina inicial do PDBsum, os estudantes são orientados a inserir o código PDB do co-cristal que desejam analisar, neste caso os códigos: 1UZF (Figura 4A), 1UZE e 2X92, e então clicar em “Find”. Com a abertura da nova pagina, contendo as informações gráficas do complexo, clicar sobre o subcodigo referente ao fármaco em questão, neste caso, MCO (captopril), EAL (enalaprilato) e X92 (ramiprilato). A próxima janela apresenta um diagrama 2D LIGPLOT,21 gerado automaticamente a partir das informações coletadas do complexo proteina-ligante. No diagrama LIGPLOT são indicados os pontos de interação entre a micromolecula e todos os aminoácidos do seu sitio de ligação, a distancia interatomica de cada interação (apenas para ligações de hidrogênio) e o tipo de interação realizada, sendo representadas principalmente por: • Ligações de hidrogênio: representadas por uma linha verde tracejada entre os átomos envolvidos na interação; • Ligações covalentes, interações iônicas, interações ion-dipolo e coordenação com íons metálicos: todas representadas por uma linha lilás continua entre os átomos envolvidos na interação; • Interações hidrofóbicas: representadas por arcos com raios de coloração vermelha, voltados para o grupo que participa da interação. Com a visualização dos diagramas LIGPLOT de cada fármaco complexado a ECA, observar e anotar o numero de cada aminoácido presente no diagrama, que juntos constituem o bolsão de interação. 1UZF (ECA complexada com o captopril) LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. 1UZE (ECA complexada com o enalaprilato) 2X92 (ECA complexada com o ramiprilato) LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. Questão 6) Agora utilizando os seguintes código no PDB: 2HA4 (acetilcolinesterase complexada com acetilcolina); 2HA6 (acetilcolinesterase complexada com succinilcolina); Sendo os subcodigos: ACH (acetilcolina) e SCK (succinilcolina). Esta identificação e importante para a analise do bolsão de interação do fármaco no PDBsum. Com a visualização dos diagramas LIGPLOT de cada fármaco complexado a ECA, observar e anotar o numero de cada aminoácido presente no diagrama, que juntos constituem o bolsão de interação. Notas: As fórmulas das substâncias não se encontram de forma exatamente plana no espaço e, por isso, para dar uma ideia mais espacial, as ligações podem indicar: * se o átomo está no plano (traço normal); . * atrás do plano (cunha pontilhada); *ou à frente do plano (cunha cheia). Figura 06. Símbolos de ligação. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. 2HA4 (acetilcolinesterase complexada com acetilcolina) FÁRMACO (acetilcolinesterase complexada com acetilcolina) AMINOACIDOS 2HA4 TYR72; TRP286; TYR124; TYR341; PHE297; PHE338. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. 2HA6 (acetilcolinesterase complexada com succinilcolina) FÁRMACO (2HA6 acetilcolinesterase complexada com succinilcolina). AMINOACIDOS 2HA6 TYR72; TRP286; TYR124; TYR341; PHE297; PHE338; ACY903; GLU202; TYR337; TRP86. LIMA, R. Q. Química Farmacêutica. 2021. REFERÊNCIAS CARVALHO, Ivone; et al. Introdução a modelagem molecular de fármacos no curso experimental de química farmacêutica. Quim. Nova, v. 26, n. 3, p. 428-438, 2003. SANTOS, Alcides L.; REGIANI, Anelise.Guia prático de utilização do chemsketch. Produto educacional do mestrado profissional, 2016. 93 f TAVARES, M. T. et al. Interações fármaco-receptor: aplicações de técnicas computacionais em aula prática sobre a evolução dos inibidores da enzima conversora de angiotensina. Quim. Nova, Vol. 38, No. 8, 1117-1124, 2015.
Compartilhar