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TCC- ENFERMAGEM UFRR (19)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
TILARA MORAES GUIMARÃES 
 
 
 
 
IMPACTO ECONÔMICO DAS PRINCIPAIS ARBOVIROSES URBANAS 
TRANSMITIDAS PELO Aedes aegypti EM RORAIMA NOS ANOS DE 2017 E 2018 
 
 
 
 
 
 
 
Boa Vista, RR 
2019 
 
 TILARA MORAES GUIMARÃES 
 
 
 
 
 
 
IMPACTO ECONÔMICO DAS PRINCIPAIS ARBOVIROSES URBANAS 
TRANSMITIDAS PELO Aedes aegypti NO ESTADO DE RORAIMA NOS ANOS DE 
2017 E 2018 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
como requisito para a conclusão do curso de 
Bacharelado em Enfermagem do Centro de 
Ciências da Saúde – CCS, da Universidade 
Federal de Roraima. 
 
Orientador: Prof. Me. Ramão Luciano 
Nogueira Hayd 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boa Vista, RR 
2019 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A realização deste trabalho só foi possível graças a bondade imerecida do meu Deus, 
por seu amor e suficiência que me cercam nessa vida. A Ele a glória! 
Agradeço aos meus pais pelo suporte e amor, pela compreensão e pela oportunidade 
de me dedicar exclusivamente aos meus estudos. 
Agradeço a minha irmã, Iamar Guimarães Cardoso, pela disponibilidade em revisar o 
texto, me ajudar na formatação e mesmo na edição. 
Agradeço ao meu orientador, Profº Me. Ramão Luciano Nogueira Hayd, por todas as 
exigências e pela cooperação no delineamento dessa pesquisa. 
Agradeço ao meu amor, João Felipe Carvalho de Souza Rocha pelo apoio e incentivo 
a continuar e pela paciência em me ouvir. 
E a todos os que fizeram parte direta e indiretamente da minha formação, o meu 
muito obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
As arboviroses urbanas são responsáveis por grande impacto econômico nas regiões em que 
são endêmicas, especialmente no acometimento de um surto epidêmico. Este trabalho versa 
sobre o impacto econômico causado pela Dengue, Zika e Chikungunya no Estado de Roraima, 
nos anos de 2017 e 2018, relativo aos custos diretos com a hospitalização e aos custos 
indiretos, tais quais o combate e com o absenteísmo por elas causado. Tem-se como objetivo 
geral desta pesquisa, identificar qual foi o impacto econômico causado por essas arboviroses 
no estado de Roraima nos anos de 2017 e 2018, através da determinação dos custos e 
quantificação deles. Para isso, analisaram-se os dados fornecidos pela Coordenadoria de 
Vigilância em Saúde-CGVS por meio do Núcleo de controle de Febre Amarela e Dengue-
NCFAD relativo aos números de casos confirmados para os anos de interesse. Analisou-se os 
dados encontrados no Sistema de gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos 
e OPM-SIGTAP do Sistema Único de Saúde-SUS e ainda os dados encontrados no Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, quanto à população economicamente ativa no 
estado para os anos de interesse. Após a aplicação da metodologia proposta quanto à análise 
de dados, encontrou-se que os gastos referentes aos custos diretos foram os maiores para os 
dois anos analisados, sendo no valor de US$ 494.692,61. E os custos diretos e indiretos para o 
ano de 2017 foram maiores que os do ano de 2018, pois nesse ano houve uma epidemia de 
Chikungunya no estado de Roraima com 3.956 casos confirmados. E os custos totais com as 
arboviroses foram de mais de meio milhão de dólares para dois anos (US$ 553.527,18). 
Preferiu-se computar os resultados em Dólar estadunidense, pela maior precisão monetária 
dessa moeda. A pesquisa evidenciou que as arboviroses causam um impacto econômico ao 
estado de grandes proporções, especialmente relacionados aos custos com a hospitalização de 
pacientes acometidos por elas. Recomenda-se mais estudos relacionados ao combate ao vetor 
e à outras variáveis não abordadas nessa pesquisa. 
 
 
Palavras – chave: Roraima. Arbovírus. Vetor. Custos diretos. Custos indiretos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Urban arbovirus infections are responsible for a large economic impact at the zones where 
they are endemic, especially in epidemic outbreaks. This research deals with the economic 
impact caused by Dengue, Zika and Chikungunya in the State of Roraima, in 2017 and 2018, 
concerning the direct costs with hospitalization and indirect costs, as such combating the 
vector and the absenteeism caused by them. It has the purpose to subsidize governmental 
actions related to the combat against these arboviruses and to be an aid to the population 
regarding the impact generated by them, aiming to awake for prevention and to spread 
knowledge. Therefore, the general objective of this research is to identify the economic 
impact caused by these arboviruses in the state of Roraima in 2017 and 2018, by determining 
costs and quantifying them. For this, we analyzed the data provided by the Coordenadoria 
Geral de Vigilância em Saúde – CGVS, and the Núcleo de Controle de Febre Amarela e 
Dengue - NCFAD, with respect to the number of confirmed cases during the years to be 
studied. We analyzed the data found in the Sistema de Gerenciamento da Tabela de 
Procedimento, Medicamentos e OPM from SUS-SIGTAP, as well as the data found in the 
Instituto Brasileiro de Beografia e Estatística - IBGE, regarding the economically active 
population in the state for the years of interest. After applying the proposed methodology for 
data analysis, it was found that the expenses related to direct costs were the highest for the 
two years analyzed, being US$ 494,692.61. And the direct and indirect costs for 2017 were 
higher than those for 2018, because that year there was a Chikungunya epidemic in the state 
of Roraima with 3.956 confirmed cases. And the total costs with arbovirus infections were 
more than half a million dollars for two years ($ 553,527.18). It was preferred to compute the 
results in US dollars, due to the greater monetary accuracy of this currency. The research 
evidenced that arboviruses cause a great proportioned economic impact to the state, especially 
related to the costs with the hospitalization of patients affected by them. Further studies 
related to vector control and other variables not addressed in this research are recommended. 
 
 
Keywords: Roraima. Arbovirus. Vector. Direct costs. Indirect costs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Custos totais com a Dengue, Zika e Chikungunya nos anos 2017 e 
2018................................................................................................................ 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1- Custo direto com internações de pacientes com as Dengue, Zika e 
Chikungunya em Roraima no ano de 2017....................................... 
 
33 
 
Tabela 2- Custo direto com internações de pacientes com Dengue, Zika e 
Chikungunya em Roraima no ano de 2018....................................... 
 
34 
 
Tabela 3- Custo direto das arboviroses em Roraima nos anos de 2017 e 2018, 
em dólares estadunidenses (US$) ............................................ 
 
35 
 
Tabela 4- Custos relacionados ao controle e monitoramento do Aedes aegypti 
em Roraima nos anos de 2017 e 2018 com valores em dólares 
estadunidenses (US$) ......................................................................... 
 
36 
 
Tabela 5- Cálculo do absenteísmo laboral em pacientes com Dengue, Zika e 
Chikungunya, Roraima, 2017 e 2018a............................................... 
 
39 
 
Tabela 6- Custo total das arboviroses em 2017 e 2018, Roraima (Valores em 
dólares estadunidenses – US$) ........................................................... 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
CGVS Coordenadoria de Vigilância em Saúde 
NCFAD Núcleo de controlede Febre Amarela e Dengue 
SIGTAP Sistema de gerenciamento da Tabela de procedimentos, medicamentos e OPM 
SUS Sistema Único de Saúde 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
CAER Companhia de Águas e Esgotos de Roraima 
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 
UBV Ultrabaixo Volume 
PNH Primata Não Humano 
CIB Comissão Intergestores Bipartite 
LIRA’a Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti 
PEA População Economicamente ativa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12 
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 14 
1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................................... 14 
1.1.2 Objetivos específicos.................................................................................................................... 14 
1.2 PROBLEMA ................................................................................................................................... 14 
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 14 
2 REFERENCIAL TEMÁTICO .............................................................................................. 16 
2.1 ESTADO DE RORAIMA E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO ....................................... 16 
2.2 SANEAMENTO BÁSICO E A RELAÇÃO COM ARBOVIROSES ............................................ 17 
2.3 ARBOVIROSES, CARACTERÍSTICAS, MODOS DE TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO....... 17 
2.3.1 Dengue ............................................................................................................................. 20 
2.3.2 Zika .............................................................................................................................................. 22 
2.3.3 Chikungunya ................................................................................................................................ 23 
2.3.4 Arboviroses em Roraima .............................................................................................................. 24 
2.4 CUSTOS DA DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA ................................................................... 25 
3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 28 
3.1 TIPO DE ESTUDO ......................................................................................................................... 28 
3.2 LOCAL DO ESTUDO .................................................................................................................... 28 
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................................................... 28 
3.4 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................................... 29 
3.4.1 Análise dos custos diretos ............................................................................................................ 29 
3.4.2 Análise dos custos indiretos ......................................................................................................... 30 
3.4.2.1 Referentes ao vetor .................................................................................................................... 31 
3.4.2.2 Referentes ao absenteísmo ........................................................................................................ 31 
3.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ................................................................................................... 32 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................... 33 
4.1 CUSTOS DIRETOS ........................................................................................................................ 33 
4.2 CUSTOS INDIRETOS: CONTROLE E MONITORAMENTO DO VETOR .............................. 35 
4.3 CUSTOS INDIRETOS RELACIONADOS AO ABSENTEÍSMO LABORAL ............................ 38 
4.4 CUSTOS TOTAIS .......................................................................................................................... 40 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 42 
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 44 
 
 
 
12 
1 INTRODUÇÃO 
 
As arboviroses, Dengue, Zika e Chikungunya, tem se tornado causa de preocupação 
para a saúde pública mundial, por serem um problema crescente. Pois sendo de fácil 
dispersão, e tendo os vírus capacidade de mutação a novos hospedeiros e a diferentes meios, 
tem facilidade de causar epidemias. Por tanto, são doenças que exigem pesquisas cada vez 
mais aprofundadas e investimentos para aprimoramento dos setores de vigilância. Ressalta-se 
ainda sobre a importância de uma colaboração internacional para a vigilância dessas doenças, 
quanto ao reconhecimento prévio da entrada do patógeno em áreas propícias (DONALISIO, 
FREITAS e ZUBEN, 2017). 
As arboviroses não somente tem grande importância para a saúde pública devido a 
fatores que englobam aspectos do vetor até a manifestação da doença, mas tem elevado 
destaque pelo grande impacto socioeconômico às regiões afetadas. Em consequência das 
capacidades limitantes da doença, número de absenteísmo laboral e a outras atividades de 
vida diária ser elevada, causando assim, perdas na produção de uma região afetada (LOPES; 
LINHARES e NOZAWA, 2014). 
No contexto brasileiro, as arboviroses no período entre 2002 a 2014, tornaram-se um 
dos maiores desafios para a saúde pública no país. Devido à diversidade dos arbovírus e 
sorotipos presentes no território, o quadro epidemiológico do país se resume em desafio e 
preocupação para diferentes setores, especialmente para a assistência e vigilância (BRASIL, 
2017a). 
A Dengue é a arbovirose urbana mais dominante nas Américas e no Brasil, devido a 
fatores climáticos que facilitam o desenvolvimento e a proliferação do vetor. O primeiro caso 
documentado no Brasil de epidemia foi em 1981-1982, em Boa Vista/RR, causada pelos 
sorotipos 1 e 4. No Brasil, o vetor conhecido e comprovado são as fêmeas do mosquito Aedes 
aegypti. A doença se configura em “doença febril aguda, sistêmica e dinâmica” e que pode 
apresentar um ampliado quadro clínico e que podem variar de assintomáticos a quadros de 
maior gravidade, provocando a morte (BRASIL, 2019). 
A Zika tem tido casos reportados no país a partir do final do ano de 2014,
13 
 
principalmente na região nordeste do Brasil. Assim como a Dengue, é uma arbovirose 
provocada a partir da picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti, que transmite o vírus 
ZIKAV. Apresenta ainda outras formas de transmissibilidade, a sexual, pós-transfusional e 
transplacentária, causando sintomas semelhantes ao da Dengue, em formas mais leves e 
autolimitadas. E tem sido associado a formas graves de malformação congênita. No Brasil, o 
vírus também tem sido associado ao aumento das manifestações neurológicas graves, devido 
o tropismo do vírus pelo sistema nervoso (BRASIL, 2016, 2019). 
Assim como as outras arboviroses, a Chikungunya é transmitida a partir da picada do 
mosquito. Em outubro de 2013 houve uma epidemia nas Américas e em ilhas do Caribe, e no 
ano de 2014 foram confirmados casos no Nordeste (atualmente todos os estados brasileiros 
registram casos). É uma doença que começa com uma fase aguda, semelhante a Dengue,podendo evoluir para outras duas fases: subaguda e crônica, e em casos excepcionais, levar a 
óbito. A Chikungunya se mostra uma doença de caráter epidêmico e com alta taxa de 
morbidade e que é associada à artralgia persistente, o que acarreta redução da qualidade de 
vida e redução da produtividade (BRASIL, 2017a, 2017b). 
As arboviroses são de importância para a saúde pública no país também por fatores 
relacionados ao impacto econômico acarretado por elas, gerando perdas significativas nas 
regiões endêmicas (LOPES, LINHARES E NOZAWA, 2014). 
Portanto, quanto a estudos sobre custos de doenças, Oliveira, Santos e Silva (2014), 
afirmam sua importância, ainda que possam ter limitadores, eles permitem que se estime o 
custo global de doenças específicas para o Sistema Único de Saúde. No contexto brasileiro, 
tem como facilitador as informações serem de acesso público em sistemas de informação. E 
esses estudos vão permitir uma melhor utilização dos recursos financeiros destinados às 
doenças. 
Com essa pesquisa, buscou-se avaliar o impacto econômico dessas arboviroses em 
dois anos consecutivos para melhor comparação de gastos, o que se revelou importante, pois 
em 2017 tivemos um surto epidêmico de Chikungunya no estado de Roraima, logo os custos 
diretos relacionados a essa arbovirose foram altos afetando ainda os investimentos indiretos 
relacionados ao vetor. Essa pesquisa se mostra de relevância para o cidadão comum, posto 
que se proponha a tratar de gastos públicos, de relevância a governos e gestores financeiros, 
pois revelam o impacto econômico dessas arboviroses. 
 
 
 
 
14 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
1.1.1 Objetivo geral 
Identificar o impacto econômico gerado pela Dengue, Zika e Chikungunya no estado 
de Roraima nos anos de 2017 e 2018. 
1.1.2 Objetivos específicos 
• Determinar os custos diretos derivados da atenção hospitalar dos casos de 
Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima nos anos de 2017 e 2018; 
• Determinar os custos indiretos derivados do combate ao vetor e do absenteísmo 
gerado pela Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima nos anos de 2017 e 2018. 
 
1.2 PROBLEMA 
Qual o custo financeiro direto e indireto da Dengue, Zika e Chikungunya ao estado 
de Roraima nos anos de 2017 e 2018? 
 
1.3 JUSTIFICATIVA 
A escolha do tema deu-se diante da importância em se determinar os custos 
econômicos gerados pelas arboviroses urbanas, em especial Dengue, Zika e Chikungunya no 
estado de Roraima. Sejam pelos gastos gerados com campanhas de combate ao mosquito, 
pelos gastos diretamente ligados ao sistema de saúde e os gastos gerados pelo absenteísmo 
laboral dos acometidos direta ou indiretamente pelas doenças. 
O tema também se mostra relevante diante da falta de estudos que quantifiquem 
esses gastos englobando as três arboviroses urbanos encontrados até a presente pesquisa. E 
como recurso e modelo para que outros estados possam também aplicar e realizar tais estudos, 
aumentando o material sobre essas arboviroses e o impacto que tem gerado economicamente 
ao país. Com o intuito de ser um recurso para o benefício do crescimento econômico da 
sociedade e para a comunidade acadêmica. 
Entende-se a quantificação dos custos das doenças como de interesse para estados e 
municípios, e em âmbito nacional, quer para arquivo de dados, quer para uso mais consciente 
dos recursos aplicados. Acredita-se que esse estudo pode servir de subsídio para os anos 
seguintes, como material de apoio para embasar a aplicação dos recursos destinados a essas 
doenças, sejam eles com as campanhas de combate ao mosquito, sejam com tratamento de 
doenças, sejam com políticas públicas mais eficazes, servindo como aporte científico. 
15 
 
O estudo nessa área é pertinente também para melhora da qualidade de vida da população, 
instigando os gestores de saúde a elaborarem mais ações voltadas para prevenção primária 
dessas doenças, conscientizando a população das medidas básicas de prevenção das doenças 
com combate ao vetor. 
Compreendendo que o alcance global dessas arboviroses urbanas tem se tornado 
motivo de preocupação de diferentes países, política e economicamente, intenta-se com o 
estudo, produzir material para pesquisa. Gerando contribuição quanto às ações e modelos e 
realidades do país podendo assim contribuir e integrar publicações sobre o tema, servindo 
para consulta e modelo em outros tempos e ações. 
16 
 
2 REFERENCIAL TEMÁTICO 
 
2.1 ESTADO DE RORAIMA E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO 
 
O estado de Roraima localiza-se aoextremo norte do país, ocupando uma área 
territorial de 224.273,831 Km2, possuindo 80% do seu território no hemisfério Norte. Seu 
nome é originário das palavras no Yanomami: roro, que significa verde e imã, que significa 
serra ou monte, representando um dos símbolos da região, o Monte Roraima. E em seu 
território encontra-se o ponto extremo do Brasil ao norte, o Monte Caburaí. É recoberto por 
variada fauna, constituída em sua maioria por florestas e por savanas ou campos cerrados e 
tem como rio principal, o Branco, que percorre praticamente todo o território (IBGE, 2009a; 
2019). 
A ocupação do território é marcada por conflitos desde as primeiras notícias. No 
século XVII, devido aos projetos de colonização, ocupação do território e controle do 
indígena. A partir do século XVIII, começou-se o reconhecimento geográfico do território do 
Rio Branco, principalmente na busca por indígenas, algumas de forma clandestina, outras de 
forma patrocinada pelo Estado Português (VIEIRA, 2014). 
A partir do ano 1750, o estado português ao se deparar com a ameaça holandesa e 
espanhola de invasão do território, estabelece uma base militar na região, construindo o Forte 
São Joaquim. É a partir da construção do forte que em suas imediações se tem o 
estabelecimento do primeiro núcleo habitacional não-índio e ao seu redor surge os primeiros 
aldeamentos. Estes têm seu fracasso, ao final do século XVIII e logo em seguida, dando-se 
início ao projeto da pecuária. Em 1787 com a fundação das “Fazendas do Rei”, em que são 
introduzidos os primeiros rebanhos de gado no território. Esse projeto visava impedir 
definitivamente a ocupação do território por estrangeiros europeus e aproximar 
economicamente essa região (VIEIRA, 2014). 
 A política de ocupação a partir das fazendas apresentou dificuldades de atrair 
colonos interessados a se fixar, devido ao difícil de acesso pelo rio. É apenas ao final do 
século XIX que a pecuária vai se fortalecer a partir de estabelecimentos particulares, e, ao 
longo do século, as fazendas foram se multiplicando sendo posteriormente, tomadas por 
posseiros, ou usurpadas por seus administradores (D’ ACAMPORA, 2012; VIEIRA, 2014). 
A partir da década de 1920 do séc. XX são realizados censos periódicos que atestam 
o crescimento da cidade, mas ainda era um crescimento baixo, quanto à população e 
economia. É então com criação do Território Federal do Rio Branco, posterior Território de 
Roraima (1962), em 1943 no governo de Vargas, que Roraima entra no plano da União para 
17 
integração da Amazônia ao contexto nacional. Teve também o objetivo de defesa da 
nação em incluir o estado no crescimento nacional (D’ ACAMPORA, 2012). 
Segundo Magalhães (2018), a ocupação do território se dá mais intensamente, a 
partir da década de 1970, com a construção da BR-174 e BR-210. Criação esta que fez parte 
da estratégia de ocupação do território, apadrinhada pelo Governo Federal. É a partir de então 
que se percebe um intenso fluxo migratório, especialmente de nordestinos para a região. 
Em 1858, pela Lei provincial, estabeleceu que a “freguesia de Nossa Senhora do 
Carmo” seria denominada de Boa Vista e sede administrativa da região. Após a Proclamação 
da república em 1889, Boa Vista é elevada a município em 09 de julho de 1890. Em 1943, é 
elevado á Território Federal do Rio Branco, por meio do Decreto- lei nº 5.812, de 13 de 
Setembro de1943 e posteriormente em 1962 com o decreto-lei nº4. 182, de 13 de dezembro 
de 1962, há uma mudança no nome para Território Federal de Roraima e finalmente em 1988, 
é extinto e muda para estado de Roraima, a partir da constituição de 1988, art. 14 do ato das 
disposições constitucionais transitórias (BRASIL, 1988; VIEIRA, 2014). 
 
2.2 SANEAMENTO BÁSICO E A RELAÇÃO COM ARBOVIROSES 
 
Saneamento básico são um conjunto de ações, serviços, infraestrutura e instalações 
operacionais (abastecimento de água potável, esgoto sanitário, limpeza urbana e manejo de 
resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas) que tem a finalidade de 
prevenir doenças e promover saúde a partir das mudanças no meio ambiente (BRASIL, 2015). 
No Brasil a partir da década de 1940, com a criação do Serviço especial de saúde 
pública, há a inserção do saneamento no setor saúde e a importância do saneamento básico 
passa a ser mais evidente. Mas somente no ano de 2007, com a Lei nacional do Saneamento – 
Lei n.11.445/2007, que estabelece as diretrizes para o saneamento e para a política federal de 
saneamento básico, ele passa a ser mais visado (BRASIL, 2015). 
Silva e Machado (2018) apontam sobre a correlação entre a Dengue e a coleta de resíduos 
urbanos, e que a melhoria dos serviços municipais de coleta contribui para controle e combate 
dos vetores, pois, retira-se do ambiente os reservatórios do mosquito. Aponta ainda a relação 
entre os indicadores de saneamento, água e esgoto e mais casos da doença, contudo, ainda se 
faz necessário verificar se é uso regular ou irregular da água. 
Logo, a relação de saneamento básico (tratamento de água e esgotos e coleta de 
resíduos sólidos) é importante e estão diretamente relacionadas às incidências de epidemias. 
No que se referem a saneamento básico, as baixas taxas da rede de esgotos no país, ainda que 
18 
 
não sejam causa diretas, podem estar relacionados às arboviroses, pois podem facilitar 
ambientes favoráveis a proliferação do vetor (FARIAS, FERRAZ e VIANA, 2017). 
Segundo a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima–CAER (2018), o 
abastecimento de água da capital se divide em dois sistemas, o de captação superficial das 
águas do rio Branco e a captação subterrânea, realizada em diversos bairros da cidade. E o 
processo de tratamento da água é constituído de sete etapas. A rede de abastecimento de água 
atinge uma área de 1.515km e tem um número de ligações domiciliares de 83.641 e atende 
98% da população urbana com o serviço de abastecimento de água. 
O sistema de coleta de esgoto foi implantado em Boa Vista na década de 70, do séc. 
XX, mas somente na década de 90 do mesmo século foi inaugurada a Estação de tratamento 
de águas e esgotos. E em 2008 foi modernizado e ampliado o sistema de esgoto sanitário de 
Boa Vista, de 18% de cobertura de coleta, passa a ter 70% de cobertura de coleta. O sistema 
não alterou a forma de tratamento, que se dá por meio da autodepuração que utiliza luz solar e 
calor. A rede ainda não atende todos os bairros da capital (CAER, 2018). 
Segundo Souza et al. (2010), a CAER atua nos 15 municípios e em 62 localidades 
fornecendo abastecimento de água. A maioria das moradias residenciais urbanas do estado 
(96,6%) é contemplada com o abastecimento de água. Ficando acima da média dos outros 
estados. Entretanto, sobre a coleta do esgoto, o estado fica muito abaixo da média, possuindo 
apensas 17,3% de domicílios atendidos com o serviço, e mais da metade dos domicílios ainda 
não são beneficiados com o serviço. 
Souza et al. (2010) afirmam que sobre a coleta de lixo urbano, o estado apresenta 
bons índices, sendo quase a totalidade dos domicílios urbanos (96,8%) atendidos com a coleta 
direta. Superando assim não somente a região norte, mas a realidade brasileira que possui uma 
média de 90,2%. 
Ainda como Gomes Farizel e Júnior (2017) confirmam que a coleta de lixo na 
capital, tem depósito final o aterro sanitário, localizado na BR–174, construído em 2001. 
Referem ainda que o aterro já atingiu sua máxima capacidade, ocasionando a exposição do 
lixo a céu aberto. 
A coleta seletiva, não acontece como o almejado, pois todos os resíduos são 
coletados no mesmo caminhão, ficando relegadas à Cooperativa dos Amigos Catadores e 
Recicladores de Resíduos Sólidos do estado de Roraima e a Associação Terra Viva de 
Catadores de Materiais Recicláveis de Roraima e ainda à Associação Global de Catadores de 
Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Boa Vista a seletividade do material. 
 
19 
2.3 ARBOVIROSES, CARACTERÍSTICAS, MODOS DE TRANSMISSÃO E 
PREVENÇÃO 
 
As arboviroses são doenças causadas por arbovírus e tem manifestações clínicas com 
variações marcantes que vão desde leves, com quadros febris e em alguns casos com erupções 
exantemáticas, as formas mais graves com acometimentos neurológicos e hemorrágicos e 
principalmente encefalites. Podem ocorrer de forma esporádica, epidêmica ou endêmica 
(VASCONCELOS et al., 2015). 
Estas são transmitidas pelo Aedes aegypti que é considerado um dos maiores 
problemas para a saúde pública mundial. Pelos seguintes fatores: facilidade de dispersão da 
doença; potencial para ocasionar epidemias; pela capacidade de adaptação do vírus a 
diferentes hospedeiros; pela possibilidade de provocar formas mais graves da doença; pela 
variedade de sintomas; questões relacionadas à dificuldade de apoio laboratorial e dificuldade 
no tratamento das doenças, sendo somente tratadas as manifestações. E ainda soma-se a estes 
a dificuldade de prevenção e de educação em saúde e fatores relacionados ao vetor, 
reservatórios e hospedeiros (LOPES, LINHARES e NOZAWA, 2014; DONALISIO, 
FREITAS e ZUBEN, 2017; BRASIL, 2019). 
Os arbovírus recebem esse nome a partir das palavras em inglês: arthropod – borne, 
com a junção da palavra vírus. É um grupo de vírus que possuem características ecológicas e 
epidemiológicas iguais, no entanto diferem em suas características físico-químicas. São 
considerados os vírus transmitidos na natureza de forma prioritária por artrópodes 
hematófagos a hospedeiros vertebrados (VASCONCELOS et al., 2015). 
O Brasil tem como cenário epidemiológico a presença de três arbovírus, sendo quatro 
sorotipos do vírus da Dengue: DENV–1; DENV–2; DENV–3 e DENV–4; e os vírus da Zika, 
ZIKAV e Chikungunya, CHIKV. Os vírus da Dengue e Zika são pertencentes à família 
Flaviviridae e o CHIKV pertence à família Tagoviridae (BRASIL, 2019). 
Segundo Vasconcelos et al. (2015), a transmissão das arboviroses acorre a partir de 
mosquitos hematófagos, que picam vertebrados suscetíveis, que na fase de viremia, se tornam 
um depósito do vírus para outros vetores. Podem ainda ser transmitidas por via transovariana 
e venérea (supostamente) entre os artrópodes. 
A transmissão compreende dois ciclos: o intrínseco; no ser humano e o extrínseco; 
no vetor, conforme o período de cada tipo de vírus. Há ainda a transmissibilidade por via 
vertical, (mãe–bebê), especialmente relacionada ao ZIKAV. Sendo a do CHIKV rara e, 
também a transmissão via transfusional. Existem estudos sobre a transmissibilidade do 
ZIKAV por via sexual, ainda que meses após a infecção inicial (BRASIL, 2019). 
20 
 
A prevenção das arboviroses se torna assunto relevante, neste sentido, evidenciam-se 
as campanhas de educação sanitária e da vigilância como meios valiosos para combate das 
arboviroses. Faz-se importante que as campanhas de combate sejam constantes e eficazes no 
controle das doenças em humanos, animais e bem como no combate ao vetor. Sendo de 
competência da Vigilância Epidemiológica, o acompanhamento dos índices de infestação 
vetorial, pois, entende-se hoje que a melhor forma de prevenção é o combate ao vetor 
(LOPES, LINHARES e NOZAWA, 2017). 
Destaca-se ainda o acompanhamento da evolução da Dengue, Zika e Chikungunya, 
assim como prestar assistência a todas as instâncias de prevenção e adotar medidasque 
diminuam os casos e a gravidade da doença (BRASIL, 2017a; LOPES, LINHARES e 
NOZAWA, 2017). 
Desta forma, a necessidade de se investir em ações das diferentes vigilâncias no 
combate às arboviroses, especialmente de investigação epidemiológica de outros arbovírus, é 
de suma importância para a saúde pública mundial segundo afirmam Donalisio, Freitas e 
Zubem (2017). Os autores propõem como necessária, uma ação internacional conjunta para se 
constatar de forma precoce a entrada de novos vírus em áreas mais propícias a manifestação e 
disseminação das doenças apresentadas na pesquisa. 
 É neste sentido que Maniero et al. (2016) chamam atenção para a importância de 
prevenção da Dengue, Zika e Chikungunya no país, por meio de medidas governamentais que 
priorizem o controle vetorial. Demonstrando assim um desafio aos programas existentes 
devido a sua capacidade de adaptação e reprodução. 
2.3.1 Dengue 
No que se refere à saúde pública mundial, a Dengue tem se apresentado como 
uma das principais problemáticas de doenças típicas de áreas tropicais e intertropicais. 
Nos últimos anos têm apresentado uma incidência de aumento regular, mesmo diante de 
campanhas voltadas para seu controle e/ou eliminação. 
De acordo com dados disponibilizados pelas Diretrizes Nacionais para a 
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, mais de trinta países informam casos de 
ocorrência da doença, e essa tem se apresentado de maneira regular em picos epidêmicos 
que parecem se perpetuar a cada período, entre 3 a 5 anos (BRASIL, 2009). 
É uma doença de distribuição mundial em uma área preponderantemente 
intertropical que corresponde a uma faixa entre os paralelos 35º Norte e Sul. Se mostrando 
endêmico na maioria dos países tropicais em seus diferentes sorotipos. Relata-se casos na 
21 
Ásia, especialmente nas regiões sul e sudeste, na Austrália (Oceania) desde 1981, em 
regiões da África e nas Américas, tendo sua perpetuação a partir dos anos de 1977 (CHIN 
et al., 2002; SALOMÃO e PIGNATARI, 2004). 
No Brasil, a primeira epidemia documentada se deu no ano de 1981-1982, no 
Estado de Roraima, causada pelos sorotipos DENV–1 e DENV–4. No ano de 1986, há 
casos no Rio de Janeiro e estados do nordeste e nos anos seguintes a Dengue passa a ser 
registrada como endêmica no país. Nos anos entre 2002-2014, a doença ganha maior 
importância, especialmente, devido ao aumento do número de hospitalizações 
(englobando adultos e crianças) e a circulação dos quatro sorotipos e pelo aumento do 
número de óbitos. O recorde de notificação de casos deu-se entre os anos de 2015-2016, já 
no ano seguinte, em 2017, houve uma redução significativa nos casos documentados 
(BRASIL, 2019). 
O vírus causador da dengue (DENV) é um arbovírus da família Flaviviridae, que 
mede de 40-60 mm de diâmetro, e seu genoma é formado por RNA de fita simples e de 
polaridade positiva. Ele é representado por quatro sorotipos, também responsáveis pela 
dengue hemorrágica (CHIN et al., 2002; ROMANOS e CAVALCANTI, 2015). 
A Dengue é uma doença infecciosa aguda ou ainda uma doença febril aguda, que 
é sistêmica e dinâmica e que pode se manifestar de um quadro assintomático até 
manifestações mais graves, podendo levar a óbito. É de curso debilitante e autolimitado e 
a maioria evolui benignamente e se recupera (CHIN et al., 2002; BRASIL, 2019). 
Podem ocorrer três fases no curso da doença, a fase febril, fase crítica e fase de 
recuperação. São fases comuns a todos os arbovírus ainda que alguns apresentem suas 
particularidades (VASCONCELOS et al., 2015; BRASIL, 2019). 
A fase febril é a primeira manifestação clínica. O paciente normalmente apresenta 
sintoma de febre alta com duração de dois a sete dias. Tem início abrupto, com dores de 
cabeça e dores no corpo e articulações. Podendo ainda ter outras manifestações, como náusea, 
perda de apetite e erupções cutâneas (BRASIL, 2016). 
A segunda fase, a crítica, instala-se quando não há melhora da primeira fase. A febre 
pode diminuir ou acabar e alguns sinais de alarme como, dor abdominal, vômitos constantes, 
sangramento das mucosas entre outros, podem aparecer, chamada então de: Dengue com 
sinais de alarme (BRASIL, 2016, 2019). 
E ela ainda pode evoluir para uma forma mais grave da doença, com o choque que se 
instala rapidamente. Pode acontecer acúmulo de líquido causando dificuldade respiratória, ou 
22 
 
ainda hemorragias graves e algumas alterações orgânicas graves em alguns órgãos. A última 
fase, a de recuperação, é a fase de melhora gradual (BRASIL, 2016). 
Segundo Romanos e Cavalcanti (2015), os casos de Dengue hemorrágica e síndrome 
do choque da Dengue, ainda não tem sua origem completamente compreendida, mas alguns 
fatores podem influenciar, como uma nova infecção por um sorotipo diferente do vírus, ou 
infecção pelos sorotipos 2 e 3 e também fatores genéticos que podem estar associados a piora 
do quadro. 
Em crianças, a doença de manifesta de forma assintomática ou como uma síndrome 
febril clássica viral, que pode ter seu início despercebido dado suas manifestações clínicas 
mais amenas. Se evoluírem para casos mais graves, vão ocorrer de maneira repentina e terão 
sinais de alarme mais facilmente detectados (BRASIL, 2016). 
 
2.3.2 Zika 
 
A doença é causada pelo vírus Zika (ZIKV) que assim como a dengue é um 
arbovírus, pertencente ao gênero flavivirus e a família Flaviviridae. O ZIKV é um vírus 
emergente, que foi isolado pela primeira vez no ano de 1947, na Floresta de Zika, Uganda. E 
desde então tem se espalhado pelo mundo. No Brasil e Colômbia os casos reportados datam 
de 2015 (FALCÃO, BANDEIRA e LUZ, 2016). 
O vírus ZIKV, se espalhou rapidamente pelo país em menos de um ano de seu 
aparecimento, tendo maior número de casos na região nordeste e sudeste. A associação com 
casos de microcefalia em neonatos e Síndrome de Guillain Barré deram-se a partir de 
suspeitas do sistema de vigilância brasileiro. Logo após, a Organização Mundial de Saúde 
(OMS) declarou a situação como emergência em saúde pública internacional (IPEA, 2018). 
Essa arbovirose tem como vetor comprovadamente o mosquito Aedes aegypti, mas 
existem outras formas de transmissão estudadas, a transplacentária, transfusional e sexual. A 
doença é caracterizada normalmente por sinais e sintomas clínicos amenos e autolimitados, 
sendo o prurido exantemático o principal sintoma que leva a busca de cuidados (BRASIL, 
2019). 
Como os demais arbovírus, ele tem afinidade pelo sistema nervoso central, 
neurotrópico, estando, portanto, associado a casos de Síndrome de Guillain Barré e por isso é 
altamente teratogênico, estando associada a casos graves de malformação congênita, 
microcefalia (BRASIL, 2019). 
A infecção pelo ZIKAV pode ser sintomática ou assintomática, sendo a 
assintomática mais frequente. O quadro clínico é variável de manifestações leves e 
23 
 
autolimitadas às mais graves. Apresentando tipicamente exantema com prurido, febre 
baixa, cefaleia, dor nas articulações, dor muscular, conjuntivite não purulenta. Os sintomas 
tendem a melhorar em 2-7 dias. Dentre as manifestações, as mais relevantes são o prurido, 
que pode ser intenso e a dor nas articulações. (FALCÃO, BANDEIRA e LUZ et al., 2016; 
BRASIL, 2019). 
Silva e Spalding (2018) afirmam que os sintomas da doença por serem inespecíficos, 
podem ser confundidos com outras arboviroses: a Dengue e a Chikungunya. E alegam ainda 
que a importância da doença está relacionada ao potencial de causar danos neurológicos e, 
portanto, a vigilância em saúde precisa estar atenta. 
 
2.3.3 Chikungunya 
 
A Chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que 
diferente das duas outras arboviroses, pertence à família Tagoviridae e ao gênero Alphavírus. 
O vírus da CHIKV foi primeiramente isolado na Tanzânia por volta de 1952 (o nome é 
derivado da língua falada no local). A partir de então houve casos em vários países.E no 
Brasil foi confirmada a transmissão em 2014 (BRASIL, 2017b). 
Segundo Romanos e Cavalcanti (2015) os surtos de CHIKV se dão quando começam as 
estações chuvosas, assim como acontece com outros arbovírus. É um vírus que pode ser 
endêmico, especialmente em áreas rurais, pois há muitos vetores e reservatórios, como 
acontece na África. E pode ser epidêmico, como acontece em áreas urbanas na Ásia, sendo 
transmitidos por dois vetores; o Aedes aegypti e o Aedes albopictus. 
No Brasil o único vetor que se tem comprovação é o Aedes aegypti, por meio da 
picada das fêmeas hematófagas. Além da picada pelo mosquito outras formas de 
transmissibilidade são por via transfusional e por via vertical. Por via transfusional, as 
ocorrências são facilmente evitáveis. Quando a transmissão é por via vertical, praticamente só 
acontece no período do trabalho de parto propriamente dito, provocando muitas vezes, 
infecções graves (BRASIL 2017b, 2019). 
A Chikungunya é uma arbovirose ainda pouco estudada. Sua fisiopatologia envolve 
mecanismos relacionados aos estímulos percebidos de dor e, mecanismos neuropáticos 
relacionados à dor causada por disfunção ou lesão do sistema nervoso. Suas manifestações 
clínicas se assemelham a da Dengue; com febre, que pode ser contínua ou não, ou bifásica, a 
poliartralgia (relatada na maioria dos casos) mialgia, cefaleia, exantema entre outros. Mas eles 
são diferentes e avançam de acordo com cada fase da doença (CASTRO, LIMA e 
NASCIMENTO, 2016; BRASIL, 2017a). 
24 
 
Quanto às manifestações clínicas, a Chikungunya pode evoluir em três fases: febril 
ou aguda; pós-aguda e crônica. Esta última, se os sintomas persistirem por mais de três meses 
após a instalação da doença. E em mais da metade dos casos o sintoma de dor nas articulações 
pode persistir por anos (BRASIL, 2019). 
A fase febril pode durar de dias a algumas semanas tendo como principal 
característica a febre alta e de início súbito e, intensa dor nas articulações. É comum que o 
paciente também apresente dores de cabeça, mialgia e cansaço. A fase seguinte é conhecida 
como pós-aguda, e neste estágio, o sintoma da febre desaparece normalmente, a artalgia pode 
persistir com a piora do quadro ou evoluir pra uma melhora. Outras complicações podem 
ainda ocorrer (BRASIL, 2017a). 
Com a persistência dos sintomas por mais de três meses, instala-se a fase crônica. Os 
sintomas mais comuns são a dor nas articulações, dores músculo-esqueléticas e as 
neuropáticas. Há ainda formas atípicas da doença, com sintomas menos frequentes e mais 
graves em diferentes órgãos do corpo (BRASIL, 2019). 
2.3.4 Arboviroses em Roraima 
 
A primeira epidemia de Dengue que se tem registros foi no estado de Roraima, nos 
anos de 1981–1982. No município de Boa Vista, os sorotipos encontrados foram o 1 e 4. As 
ocorrências dessa arbovirose se dão tipicamente em condições climáticas quentes e chuvosas 
(BRASIL, 2019). 
Entre os anos de 2014 e 2017, o número de casos notificados de Dengue no estado 
foi de 11.681 casos. Sendo os maiores polos notificadores os municípios de Boa Vista, 
Rorainópolis e Mucajaí. Somente no ano de 2017, foram notificados 4.897 casos de Dengue 
no estado e no ano de 2018, até a semana epidemiológica 50, 1.391 casos foram notificados. 
(DVE, 2018, 2019). 
No ano de 2014 tem-se no país casos confirmados de Chikungunya, atualmente todas 
as unidades da Federação apresentam casos dessa arbovirose. Os maiores polos notificadores 
de casos, entre os anos de 2014 e 2017, foram Boa Vista, Rorainópolis e Mucajaí. Em 
Roraima o maior número de casos confirmados registrados foi no ano de 2017, em que houve 
uma epidemia dessas arbovirose, registrando-se 3.956 casos (DVE, 2018; BRASIL, 2019). 
Em decorrência disso, intensificaram-se ações de notificação que correspondeu a 
87,7% de todas as notificações do estado, no que tange investigação e análise do perfil 
epidemiológico dos casos da vigilância em saúde. Em 2018, houve uma redução importante 
25 
 
dos casos dessas arbovirose no país, sendo apenas 456 casos notificados e 32 confirmados até 
a semana epidemiológica 50 (DVE, 2019). 
Quanto à Zika, têm-se casos confirmados datados do ano de 2015 no país, 
avançando-se para todos os estados da Federação. Entre os anos de 2015 e 2017, os principais 
polos notificadores, de casos de Zika, foram: Boa Vista; Mucajaí; São Luiz e Rorainópolis. 
Em 2018, foram notificados 129 casos com 9 confirmações até a semana 
epidemiológica 50, sendo no município de Boa Vista os maiores números de notificação. 
Nesse ano houve uma redução importante no número de notificações quando comparado ao 
ano anterior (BRASIL, 2019). 
 
2.4 CUSTOS DA DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA 
 
O financiamento em saúde, se dá a partir da Lei complementar nº141, de 13 de 
janeiro de 2012, que dispões sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente, pela 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relacionados a ações e serviços públicos de 
saúde, destinados a promoção, proteção e recuperação da saúde. Quanto à União, ela aplicará, 
anualmente o valor referente ao exercício financeiro do ano anterior, somado, no mínimo, ao 
percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior 
ao da lei orçamentária anual. Quanto aos Estados e Distrito Federal, aplicarão anualmente, no 
mínimo 12% da arrecadação dos impostos referentes aos artigos da lei, bem como os 
municípios, aplicarão 15% da arrecadação dos impostos referentes aos artigos da lei 
(BRASIL, 2012). 
Segundo o Ipea (2017), a atual alocação por blocos de financiamento dos recursos 
transferidos pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios, se dá em seis grandes blocos: 
atenção básica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, vigilância em saúde, 
assistência farmacêutica, gestão e investimentos. 
Oliveira, Santos e Silva (2017) afirmam sobre a importância de se quantificar custos 
para o sistema de saúde. Para que haja uma melhor utilização dos recursos investidos em 
promoção de saúde e não especificamente no tratamento de doenças evitáveis. 
Pereira e Barata (2014) sustentam que na tentativa de se expressar os custos de 
doenças, deve-se levar em consideração o princípio da indeterminação. Pois, os dados 
encontrados nas pesquisas somente mostram uma realidade estimada aceitável dos custos 
reais. Contudo, estudos nesse sentido se mostram relevantes pelo resultado obtido ser 
aproximado, tornando-se assim um instrumento para melhoria da gestão em saúde, e ainda de 
interesse para o público geral. 
26 
 
Em concordância a isso, Oliveira, Santos e Silva (2017) afirmam que embora ao se 
estimar o peso econômico de uma doença haja limitações, essa estimativa permite que se 
avalie o custo de uma doença para o Sistema Único de Saúde. 
O peso econômico trazido por doenças transmitidas por arbovírus é preocupante e é 
real, visto que, essas arboviroses causam grande impacto econômico e social ao país, devido à 
atenção à saúde e por gerarem incapacidade física por um período indeterminado, afetando 
diretamente a produção econômica. Embora, na maioria dos casos os pacientes não 
apresentem risco de vida, essas doenças podem desencadear dores crônicas, a exemplo a 
Chikungunya (BRASIL, 2017a). 
Lopes, Linhares e Nozawa (2014) reiteram que as arboviroses causam um impacto 
socioeconômico importante às regiões afetadas. Estando relacionadas ao alto número de 
absenteísmo referente às atividades essenciais, em razão do elevado grau de debilidade ao 
acometido e ainda, perdas na manutenção da cadeia produtiva da sociedade. 
Em seus estudos, Salinas-López, Soto-Rojas e Ocampo (2018) sobre os custos de um 
programa local de combate ao vetor Aedes aegypti, afirmam que sobre a importância de 
determinar os custos como um meio para se discutir e avaliar as estratégias de controle do 
vetor. No que se refere à administração dos recursos referentes aprevenção e controle das 
doenças ocasionadas e ainda como um subsídio para estudos futuros em diferentes 
localidades. 
Por este modo, Hayd et al. (2013), afirmam que quanto aos custos com Dengue em 
Roraima, há que se levar em conta a subnotificação de casos. Pois há casos de pacientes que 
não recorrem aos centros de saúde, o que por sua vez, impedem a quantificação de supostos 
novos casos da doença. Elevando ainda mais a importância de se combater este tipo de doença 
por meio de ações conjuntas de conscientização da população e governamentais. 
Em virtude disto, Añez et al. (2006) ratifica que os custos gerados ao estado são 
considerados um problema de saúde pública que reflete principalmente no absenteísmo 
laboral, afetando diretamente a economia do país. 
Esta mesma percepção é assegurada por Teich, Arinelli e Fahhan (2017) quando 
afirmam que estes impactos econômicos sociais são reais. Uma vez que existe um alto custo 
de investimentos em combate ao vetor, os custos médicos e ao manejo da própria doença. 
Neste sentido, Santos et al. (2015), afirmam sobre o Programa de Controle de 
Dengue em Goiânia, que um estudo sobre o custo financeiro e controle vetorial, viabilizam 
melhor investimento dos recursos, especialmente entre anos endêmicos e epidêmicos, visando 
27 
 
a diminuição do comportamento cíclico da doença, incentivam campanhas relacionadas ao 
Aedes aegypt e incentivam quanto a coleta de lixo nas cidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
3 METODOLOGIA 
3.1 TIPO DE ESTUDO 
 
Trata-se de um estudo descritivo, que segundo Gil (2017) é um tipo de classificação 
segundo os objetivos ou propósitos mais gerais da pesquisa e tem por finalidade descrever os 
aspectos característicos de uma específica população ou fenômeno. Servindo também para 
identificar relações possíveis entre as variáveis que serão apresentadas. 
A pesquisa terá uma abordagem quantitativa, de acordo com Gil (2017), quanto aos 
métodos empregados para obtenção análise e interpretação dos dados, ou seja, quanto à 
natureza dos dados. E nesse tipo de pesquisa os dados obtidos são representados em conteúdo 
numérico. 
 
3.2 LOCAL DO ESTUDO 
 
 O estado de Roraima é localizado no extremo norte do país e tem uma área de 
224.300,805 km². Segundo o último censo de 2010, possui uma população de 450.479 
pessoas e uma densidade demográfica de 2,01 hab/km². Possui aproximadamente 350.00 
pessoas residindo em área urbana e pouco mais de 100.000 em área rural (IBGE, 2019). 
Faz fronteira, ao norte com Venezuela e República da Guiana, ao sul com o estado do 
Amazonas, a leste com a Guiana e o estado do Pará e a oeste com a Venezuela e o estado do 
Amazonas. É formado por quinze municípios: Boa Vista; Caracaraí; Mucajaí; Alto Alegre; 
Bonfim; Normandia; São João da Baliza; São Luiz; Caroebe; Iracema; Amajarí; Cantá; 
Pacaraima; Rorainópolis e Uiramutã (IBGE, 2009). 
 
3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 
 
Utilizou-se como fonte de dados diretos: dados obtidos da Coordenadoria Geral de 
Vigilância em Saúde-CGVS, referentes aos números de casos confirmados das principais 
arboviroses urbanas nos dois anos pesquisados e dados de valor econômico do leito/dia das 
doenças ao Sistema de Saúde, que foram colhidos do Sistema de Gerenciamento da Tabela de 
Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS-SIGTAP. 
O SIGTAP é um instrumento utilizado pela gestão que relaciona em detalhes de cada 
competência e procedimento realizados, informando o valor por tratamento de cada doença, 
29 
 
agravo ou procedimento que é repassado pelo SUS. Nela há a identificação do tipo de 
procedimento, da complexidade, da média de permanência, dos exames, dos serviços 
hospitalares e profissionais, da idade mínima e sexo e outros atributos complementares 
conforme a necessidade do agravo ou procedimento. No delineamento dessa pesquisa, 
utilizou-se essa tabela por ser a única ferramenta encontrada no estado que valorasse os custos 
com a atenção das arboviroses abordadas. 
Como fonte de dados indiretos, utilizou-se: dados obtidos no Núcleo de Controle de 
Febre Amarela e Dengue-NCFAD referentes aos gastos relacionados ao vetor nos anos de 
2017 e 2018. E utilizou-se também como aporte à pesquisa o dado do Banco Central do 
Brasil, de dezembro de 2017 e 2018, para se determinar o valor do Dólar para cada ano. E 
dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-ANP para se 
determinar a média do preço dos combustíveis para cada ano em Roraima. 
Utilizaram-se os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística-IBGE para se 
determinar a População Economicamente Ativa-PEA em Roraima para os anos estudados, 
para se determinar os custos indiretos referentes ao absenteísmo laboral. 
Os dados foram obtidos NCFAD-CGVS por meio de ofícios e cartas de anuências 
enviadas a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima–SESAU, referentes à permissão para 
pesquisa. Os dados obtidos da SIGTAP são dados públicos, que podem ser acessados via 
online. 
 
3.4 ANÁLISE DE DADOS 
 
Os dados foram analisados a partir da metodologia proposta por Añez et al. (2006) 
para custos diretos e indiretos e para as três arboviroses estudadas. Os valores obtidos em real, 
de igual forma, foram transformados para dólares estadunidenses devido a maior precisão 
monetária. Utilizaram-se os valores da moeda referentes a cada ano. Empregou-se, para o ano 
de 2017 o valor de US$ 3,30, referente ao preço de compra do dólar em 29/12/2017. E para o 
ano de 2018, o valor de US$ 3,87, referente ao preço de compra em 31/12/2018. 
 
3.4.1 Análise dos custos diretos 
 
Segundo Añez et al. (2006), os custos diretos são os advindos da assistência aos 
pacientes e estão relacionados aos insumos e aos serviços utilizados na atenção de pacientes e 
que nesta pesquisa foram retirados do SIGTAP. 
Através do SIGTAP se obteve o valor do tratamento e o tempo médio de 
permanência de cada agravo. Incluem-se nesses valores, os serviços hospitalares: diárias; 
30 
 
taxas de salas; alimentação; higiene; pessoal de apoio ao paciente no leito; materiais; 
medicamentos e serviços auxiliares de diagnose e terapia. E ainda um componente que 
explicita a fração dos atos profissionais e inclui a taxa de permanência ambulatorial: serviços 
profissionais; materiais e medicamento. 
Os dados colhidos no SIGTAP são os únicos dados de mensuração de custos com 
essas doenças. Pois os hospitais não têm um valor exato nem como estimar o custo por 
paciente dessas doenças. 
Quanto ao tempo de permanência, utilizou-se o mesmo proposto por Añez et al. 
(2006), de sete dias para os casos de Dengue em adultos e crianças. Para Zika e Chikungunya, 
nessa pesquisa, utilizou-se cinco dias, por ser a média de permanência proposta pelo SIGTAP 
para adultos e crianças. 
O total de número de casos para os dois anos estudados foram obtidos no NCFAD, 
por meio do Sinan - Net e Sinan - Online. São os dados mais atuais coletados no ano dessa 
pesquisa. E foram considerados como casos de hospitalização, todos os casos confirmados das 
arboviroses nos dois anos. 
Quanto a Dengue, considerou-se somente a Dengue clássica, uma vez que os dados 
coletados tratavam somente como Dengue. E para Zika e Chikungunya se considerou o valor 
do tratamento de febre por arbovírus. Sendo: Tratamento de Dengue Clássica: valor de 
leito/dia de US$ 29,06 em 2017 e US$ 24,78 em 2018; Tratamento de Febre por arbovírus e 
febres, com o valor de leito/dia de US$ 10,57 em 2017 e US$ 9,01 em 2018. Os valores só 
diferem nos dois anos estudados devido à cotação em dólar. Em real, os valores propostos 
pela tabela (SIGTAP) são os mesmos. 
O cálculo se deu a partir de 
• Valor do leito/dia x o tempo de permanência para cada arbovirose (Sete dias 
para Dengue e Cinco para as demais); 
• Ao valor obtido, se multiplicou o número de casos de cadaarbovirose, 
obtendo-se assim o valor total do custo direto; 
• Por fim, ajustou-se o valor ao Dólar estadunidense, por melhor precisão 
monetária desta moeda. 
3.4.2 Análise dos custos indiretos 
 
Os custos indiretos são representados, conforme sugere Añez et al. (2006), pelas 
perdas relacionadas à ausência ao trabalho dos pacientes com essas doenças no seu período de 
31 
hospitalização e da ausência das mães acompanhantes de crianças em seu período de 
hospitalização, e, ainda os custos relacionados ao vetor. 
 
3.4.2.1 Referentes ao vetor 
Nessa pesquisa, os custos indiretos com o vetor incluem custos com combustível 
(gasolina e diesel) utilizados nas ações do NCFAD e custos com diárias. 
Os dados relacionados com despesas de combustível foram determinados a partir da 
quantidade em litros. Multiplicou-se essa quantidade à média de seus valores para cada ano 
estudado em Roraima, segundo a ANP. Em 2017 a média do preço da gasolina foi de US$ 
1,21 o litro, e do preço do diesel, US$ 1,06 o litro. Em 2018, para a gasolina a média anual foi 
de US$ 1,03 o litro e do diesel, US$ 0,92 o litro. 
O valor total dos custos indiretos referentes ao vetor se obteve a partir da soma dos 
custos com diárias com os custos com combustível, e posteriormente aplicou-se o valor em 
dólar estadunidense com a cotação de cada ano. 
 
3.4.2.2 Referentes ao absenteísmo 
 
Foram computados o quantitativo de homens e mulheres maiores de quinze (15) anos 
e mulheres responsáveis pelos menores de quinze anos que se ausentaram do trabalho. 
Consideraram-se mulheres como acompanhantes por serem a maioria dos casos. Utilizou-se a 
idade de quinze anos, por ser considerada a população economicamente ativa do país desde 
2011. 
Quanto à população economicamente ativa em Roraima, os homens corresponderam 
a 34,64% e as mulheres a 24,86%. Foram usados os mesmos dados para os dois anos, por 
serem os mais atuais encontrados, que datam de 2015. Foi utilizado nessa pesquisa dados 
sobre o salário mínimo diário para os respectivos anos. Sendo encontrado em 2017 o valor de 
US$ 9,46 e em 2018 o valor de US$ 8,21. Foi considerado que todos os casos confirmados, 
trabalhavam nos dois anos referidos. 
Os custos com absenteísmos foram analisados pela seguinte fórmula, proposta por 
Añez et al. (2006): 
• Obteve-se o número de acometidos com as arboviroses de adultos e crianças; 
• O Da1: se refere aos dias de absenteísmo laboral das mães acompanhantes dos 
pacientes menores de quinze anos e se obteve a partir de: número de casos x porcentagem da 
População Economicamente Ativa-PEA feminina de Roraima x dias de absenteísmo; 
32 
 
• O Da2: são os dias de absenteísmo dos pacientes maiores de quinze anos, se dá 
pelo cálculo: número de casos x porcentagem da PEA masculina e feminina x dias de 
absenteísmo; 
• Por fim se calculou o custo total pelas ausências ao trabalho, que corresponde 
a: Da1 + Da2 x salário mínimo diário para os anos de 2017 e 2018. Após o cálculo o valor 
final encontrado foi transformado em dólares estadunidenses. 
 
3.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS 
 
Não se aplicam, pois, não envolve pesquisa com seres humanos. 
33 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
4.1 CUSTOS DIRETOS 
 
Nos anos estudados foram totalizadas 14.680 notificações para as três arboviroses, 
sendo confirmados 4.510 casos. Sendo a maior incidência no ano de 2017 quando o estado de 
Roraima enfrentou sua primeira epidemia de Chikungunya. 
Na tabela 1, são apresentados os custos para o ano de 2017 das principais arboviroses 
em Roraima referentes às hospitalizações. Foram 203 casos confirmados de Dengue, 197 
casos confirmados de Zika e 3.956 casos de Chikungunya. Sendo o número de casos de 
Chikungunya o maior entre as três arboviroses, evidenciando assim, um ano epidêmico para 
essa doença. 
Os custos diretos da Chikungunya no ano de 2017 foram os mais altos em 
comparação com as outras arboviroses no período dessa pesquisa, com valor de US$ 
209.128,54. Dengue foi a segunda arbovirose mais incidente nesse ano e seu número de casos 
foi o terceiro maior dos últimos seis anos até a presente data, somando um valor de US$ 
41.303,73, com assistência direta. 
Teich, Arinelli e Fahhan (2017), em sua pesquisa que refere sobre o impacto 
econômico das arboviroses no Brasil, estimam que os custos médicos diretos para a Zika e 
Chikunngunya no ano de 2016, no estado de Roraima, foram de US$ 22.095,07. Nesta 
pesquisa, para o ano de 2017, obtivemos o valor de custos diretos para essas arboviroses de 
US$ 219.542,67. Podemos evidenciar o impacto econômico de Chikungunya no ano de 2017, 
onde foram confirmados através de exames laboratoriais 3.956 casos, sendo um ano 
epidêmico para esta doença. 
 
Tabela 1 - Custo direto com internações de pacientes com a Dengue, Zika e Chikungunya em 
Roraima no ano de 2017. 
Arboviroses 
Nº de casos 
confirmados 
Custo leito/dia em US$ Total em US$ 
Dengue 203 29,06 41.303,73 
Zika 197 10,57 10.414,13 
Chikungunya 3.956 10,57 209.128,54 
Total 4.356 50,20 260.846,40 
Fonte: Autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS e SIGTA
34 
 
Na tabela 2, identificamos os custos totais relacionados às hospitalizações para o ano 
de 2018. Percebeu-se drástica redução nos casos de Zika e Chikungunya, e uma leve redução 
nos casos confirmados de Dengue. 
O ano de 2018 foi de menores casos confirmados de arboviroses no estado. 
Consequentemente os custos com hospitalizações foram menores. O maior número de casos 
foi da Dengue, com 106. Seguido de Zika e Chikungunya com 39 casos e 9 casos confirmados 
respectivamente. Os gastos com a Dengue totalizam, nesse ano, US$ 18.390,86. E os custos 
com a Zika que foram os menores, contabilizam US$ 405,69. 
O valor do leito/dia foi um pouco abaixo do encontrado em 2017, sendo de US$ 
24,78 para a Dengue e o valor para sete dias de internação foi de US$ 173,46. Abaixo também 
dos encontrados por Hayd et al. (2013), que para os anos de 2011 e 2012 obtiveram o valor de 
US$ 186,12, para três dias de internação, da Dengue clássica. Essa diminuição encontrada 
está relacionada ao valor do tratamento encontrado na SIGTAP. 
 
Tabela 2: Custo direto com internações de pacientes com Dengue, Zika e Chikungunya em 
Roraima no ano de 2018. 
Arboviroses 
Nº de casos 
confirmados 
Custo leito/dia em 
US$ 
Total em US$ 
Dengue 106 24,78 18.390,86 
Zika 9 9,01 405,69 
Chikungunya 39 9,01 1.758,02 
Total 154 42,80 20.554,57 
Fonte: Autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS e SIGTAP. 
A tabela 3 mostra o total de casos de cada arbovirose para os anos 2017 e 2018, os 
custos hospitalares referentes a cada ano, e os custos totais dos dois anos estudados para o 
estado de Roraima. Os custos hospitalares totais para as arboviroses nos anos pesquisados 
somam um valor de US$ 281.400,98. Se convertermos esse valor para nossa moeda no Brasil 
temos um total de R$ 940.339,51. 
O custo de hospitalização com a Dengue por paciente, para sete dias de internação, 
encontrado nessa pesquisa para o ano de 2017 foi de US$ 203,42 e em 2018 foi de US$ 
173,46. Contrastando com Añez et al. (2006), em Zulia, Venezuela, que encontrou o valor de 
US$ 94,90 por paciente, por sete dias de internação. As diferenças entre os valores podem 
estar relacionadas às variáveis utilizadas para se quantificar esses custos em cada país.
35 
 
Quantificar o custo da Dengue se mostra relevante, pois os valores com a 
hospitalização dos casos são maiores que os das outras arboviroses. Assim, a Dengue tem o 
custo de leito/dia para o ano de 2017 de US$ 29,06 enquanto Zika e Chikungunya US$ 10,57. 
E no ano de 2018, o custo é de US$ 24,78 para Dengue e US$ 9,01 para as outras arboviroses 
(tabela 3). 
O número total de casos confirmados de Dengue para os dois anos, foi de 309 e o 
valor dos custos com hospitalização foram de US$ 59.694,59. Corroborando com essa 
pesquisa, Hayd et al. (2013),encontrou para anos anteriores, 2011 e 2012, o valor de US$ 
121.952,61, para 7.625 casos de Dengue notificados à SESAU em Roraima. Evidenciando a 
importância dessas arbovirose, pois os maiores investimentos com hospitalização são 
relativos a ela. 
Os custos diretos encontrados para o ano de 2017, para a atenção da Dengue, Zika e 
Chikungunya, foram de US$ 260.846,41 e em 2018 foram de US$ 20.554,57. A pesquisa de 
Teich, Arinelli e Fahham (2017), nos permite traçar uma antecedência de dados, pois 
encontraram que para o ano de 2016, os custos médicos diretos foram de US$ 38.603,69. 
Esses dados se aproximam mais dos encontrados para o ano de 2018 e acredita-se 
que se deva ao fato de serem anos não epidêmicos para nenhuma das três arboviroses. 
Ressalta-se a diferença de custos entre o que é observado na prática e o que é estabelecido 
pelo SIGTAP. É possível que na prática os custos com essas arboviroses sejam ainda maiores 
que os estabelecidos como padrão pelo SUS. 
 
Tabela 3 – Custo direto das arboviroses em Roraima nos anos de 2017 e 2018, em dólares 
estadunidenses (US$) 
Ano 
Nº de casos de 
Dengue 
Nº de casos de 
Zika 
Nº de casos de 
Chikungunya 
Custos 
hospitalares 
2017 203 197 3956 260.846,41 
2018 106 9 39 20.554,57 
Total 309 206 3995 281.400,98 
Fonte: autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS e SIGTAP. 
 
 
4.2 CUSTOS INDIRETOS: CONTROLE E MONITORAMENTO DO VETOR 
 
Os custos indiretos relacionados ao vetor diferem em suas aplicações para os dois 
anos pesquisados, conforme a necessidade apresentada em cada ano. 
36 
 
Para o ano de 2017 e 2018 os investimentos foram relacionados às diárias e 
combustível, no entanto os gastos relativos ao ano de 2018 foram acentuadamente menores 
quanto às diárias e menores também quanto ao uso dos combustíveis. 
A tabela 4 relaciona todos os custos referentes ao vetor nos dois anos dessa pesquisa 
e reflete o valor total de cada ano e o valor total geral. Salinas-López, Soto-Rojas e Ocampo 
(2018) investigaram um programa de controle do Aedes aegypti em dois municípios na 
Colômbia, e foi verificado um investimento de US$ 244.587. Com gastos que compreendem a 
aplicação de: larvicidas; inseticidas; controle dos criadouros; atividades relacionadas à 
conscientização da população; capacitação de pessoal; as ações da vigilância entomológica e 
ações de mudança do meio ambiente. 
Percebe-se que é comum aos dois países relacionados, Colômbia, na pesquisa de 
Salinas-López, Soto-Rojas e Ocampo (2018) e Brasil, nessa pesquisa, devido aos altos 
investimentos, que o controle do vetor é medida importante no controle e combate das 
arboviroses urbanas. Os resultados obtidos corroboram com a presente pesquisa, pois, 
verifica-se um valor financeiro na estratégia de controle da doença no caso de Roraima, no 
valor de US$ 88.965,10 (2017) e US$ 34.529,27 (2018). 
Consoante a Santos et al. (2015), estima-se que os custos de um programa municipal 
de controle da Dengue em Goiânia, no transcorrer de outubro de 2009 a setembro de 2010, 
ligadas ao incentivo a campanhas de coleta de lixo, conscientização o vetor em diversos 
campos da sociedade, o custo estimado foi de US$ 9.054.361. Verificou-se que essas despesas 
no período de um ano dessa pesquisa foram mais elevadas que os custos totais para os dois 
anos no estado de Roraima, estimado em US$ 123.494,37. 
 
Tabela 4 – Custos relacionados ao controle e monitoramento do Aedes aegypti em Roraima 
nos anos de 2017 e 2018 com valores em dólares estadunidenses (US$). 
Ano Combustível Diárias Total 
2017 50.529,65 38.435,45 88.965,10 
2018 14.514,03 20.015,24 34.529,27 
Total 65.043,68 58.450,69 123.494,37 
Fonte: autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS. 
 
Percebeu-se que entre os anos estudados, houve uma queda de mais de 50% nos 
investimentos de um ano para outro, sendo o de 2018, o ano com os menores investimentos, 
acredita-se que isso pode estar relacionado a diferença de número de casos, enquanto em 2017 
37 
 
houve um surto epidêmico de Chikungunya, em 2018 o número de casos dessa arbovirose foi 
menor. Acredita-se ainda que esse fator possa ser referente a investimentos que não precisam 
ser feitos anualmente. 
Conforme Añez et al. (2006) os custos relacionados ao vetor, as medidas de controle 
e contenção são importantes para a determinação dos custos finais das doenças, podendo ser a 
maior parcela dos investimentos estaduais relacionado à Dengue. Nessa pesquisa foi 
observado que grande parte dos investimentos está relacionado aos custos indiretos referentes 
ao vetor. 
Deste modo, percebe-se que o impacto econômico está intimamente ligado às 
diversas formas de combate ao vetor, principalmente ao que tange a prevenção do vetor. Isso 
se evidencia pelo que afirma Laserna et al. (2018) sobre a importância de controle dos vetores 
bem como ações de conscientização da população são fundamentais na prevenção da Dengue 
e das outras arboviroses causadas pelo mesmo vetor. 
No gráfico 1, temos a relação dos custos totais com as principais arboviroses urbanas 
em Roraima nos anos de 2017 e 2018 e total de custos de cada arbovirose nos dois anos. É 
possível perceber que os custos relativos a Dengue foram maiores em 2017 que em 2018, 
assim como os custos da Chikungunya, sendo essa arbovirose o principal achado do ano de 
2017. Quanto a Zika temos os maiores custos também no ano de 2017, em que o número de 
casos foi maior que em 2018. O Total geral dos custos em 2018 foram relativamente mais 
baixos que em 2017. 
 
 
38 
 
 
Figura 1: 
Fonte: Autoria própria. 
 
4.3 CUSTOS INDIRETOS RELACIONADOS AO ABSENTEÍSMO LABORAL 
 
A tabela 5 reflete os custos indiretos das arboviroses relacionados ao absenteísmo 
provocados por elas nos anos de 2017 e 2018 respectivamente, para os casos de adultos e das 
mães acompanhantes de crianças menores de quinze anos. Conforme a média de dias para 
cada enfermidade. 
Ao comparar os valores para os dois anos pesquisados, percebe-se uma maior perda 
laboral e consequente um impacto econômico no ano de 2017, devido ao maior número dos 
casos de arboviroses, concernente aos casos de Chikungunya. O ano de 2017 foi o 
responsável pelo maior impacto econômico nos dois anos, de US$ 110.351,73 enquanto em 
2018, os custos foram de US$ 3.750,73. 
A pesquisa de Añez et al. (2006), revela que os maiores gastos relativos a Dengue em 
Zulia, Venezuela, encontram-se ligados ao absenteísmo laboral, sendo de US$ 873.825,84. 
Esses dados diferem dos encontrados nessa pesquisa, pois os custos relacionados ao 
absenteísmo, em 2017 e 2018 foram de US$ 114.102,46, para as três doenças. Ressalta-se que 
os valores de Zulia, são equivalentes ao tempo da pesquisa, sete anos, e os aqui apresentados, 
39 
 
somente de dois anos. O dado comparado se revela importante, no que tange a 
proporcionalidade, enquanto em Zulia o maior impacto se refere ao absenteísmo laboral, a 
presente pesquisa aponta que o impacto econômico do absenteísmo é o menor entre os 
pesquisados. 
Hayd et al. (2013) relatam que para os anos de 2011 e 2012, os custos indiretos 
relacionados ao absenteísmo foram de US$ 356.859,65 somente para a Dengue. Nessa 
pesquisa, os custos da Dengue para os anos de 2017 e 2018, refletem uma acentuada 
diminuição, totalizando US$ 8.133,82, que se entende estar relacionados ao menor número de 
casos confirmados. 
 
Tabela 5 – Cálculo do absenteísmo laboral em pacientes com Dengue, Zika e Chikungunya, 
Roraima, 2017 e 2018a 
Ano Doença 
N° de 
casos 
<15ano
s 
Da1b 
N° de 
casos 
>15an
os 
Da2b 
Total de 
dias de 
absenteís
mo 
Custo total 
por 
absenteísmo 
 Dengue 114 198,38 89 370,74 569,12 5.383,87 
2017 Zika 115 142,94 82 243,99 386,93 3.660,35 
 
Chikungun
ya 
613 761,95 3.343 9.947,09 10.709,04 101.307,51 
Total 842 1.103,27 3.514 10.561,82 11.665,09 110.351,73 
 Dengue 44 76,56 62 258,27 334,832.748,95 
2018 Zika 5 6,21 4 11,90 18,11 148,68 
 
Chikungun
ya 
7 8,70 32 95,21 103,91 853,10 
Total 56 91,47 98 365,38 456,86 3.750,73 
Total 
geral 
 
898 1.194,74 3.612 10.927,20 12.121,95 114.102,46 
Fonte: Adaptado de Añez et al. (2006) e Hayd et al. (2013). 
aSe considerou 7 dias para os casos de Dengue e 5 dias para as demais arboviroses; 
bDa1: dias de absenteísmo laboral das mães acompanhantes dos pacientes menores de 15 anos (nº de casos x 
porcentagem feminina da população economicamente ativa no estado x dias de absenteísmo); 
cDa2: dias de absenteísmo laboral dos pacientes maiores de 15 anos ( nº de casos x porcentagem da população 
feminina e masculina economicamente ativa no estado x dias de absenteísmo); 
dCusto total por ausências ao trabalho: (Da1 + Da2) x salário mínimo diário para cada ano, em dólares 
estadunidenses. 
 
 
40 
Assim como os valores apresentados por de Añez et. al (2006), os valores utilizados 
para se estimar o impacto das perdas com o absenteísmo se relaciona com os salários mínimos 
anuais. Logo, entende-se que essa estimativa é ainda inferior à realidade, posto que muitos 
possam ganhar acima de um salário mínimo ou até abaixo dele. 
 
4.4 CUSTOS TOTAIS 
 
A tabela 6 é referente aos custos totais com as arboviroses para os anos de 2017 e 
2018. Ela relaciona os dois tipos de custos pesquisados: os diretos e os indiretos. Os custos 
totais com as arboviroses diferem entre os anos estudados, sendo em 2017 os maiores gastos. 
Os custos totais para as três arboviroses, nos dois anos estudados foram de US$ 553.527,18. 
Os custos diretos representam 50,84% dos custos totais. Enquanto em Zulia, esses 
custos representam 25,4% dos custos totais, segundo Añez et al. (2006). Entende-se que essa 
diferença está relacionada às diferenças nos valores para hospitalização e ao tipo de 
arbovirose. Uma vez que, em Zulia estudou-se somente a Dengue, e, para o presente estudo 
foram utilizados dados do estado de Roraima concernentes a Dengue, Zika e Chikungunya. A 
importância da comparação se dá por serem arboviroses transmitidas pelo mesmo vetor. 
Conforme as pesquisas realizadas por Teich, Arinelli e Fahhan (2018), referente ao 
ano de 2016, no estado de Roraima, sobre as principais arboviroses urbanas transmitidas pelo 
Aedes aegypri, estimaram o valor de US$ 55.067,07 quanto aos custos indiretos totais. Nesta 
pesquisa, quanto aos custos indiretos, obteve-se o valor estimado US$ 233.846,10 no 
transcorrer do ano de 2017. E no ano de 2018, o valor obtido foi de US$ 38.280. 
Ao se comparar essas pesquisas, os custos de 2017 superam o ano de 2016 e o ano de 
2018 tem um valor inferior. Acredita-se que as diferenças possam estar relacionadas às 
metodologias utilizadas e aos investimentos e gastos específicos de cada ano, entendendo-se 
que no ano de 2017 houve uma epidemia de Chikungunya e nos anos de 2016 e 2018 não 
houve epidemias. 
 
Tabela 6 – Custo total das arboviroses em 2017 e 2018, Roraima (Valores em dólares 
estadunidenses – US$) 
Ano Custos diretos Custos indiretos Total 
2017 260.846,41 233.846,10 494.692,61 
2018 20.554,57 38.280 58.834,57 
Total geral 281.400,98 272.126,10 553.527,18 
Fonte: autoria própria 
41 
 
No estado de Roraima os custos indiretos para os anos de 2017 e 2018 representaram 
49,16% dos custos totais com as arboviroses. Percebe-se assim, uma diminuição das despesas 
relacionadas à prevenção das arboviroses. Leva-se em consideração os dados obtidos na 
pesquisa de Hayd et al. (2013) nos anos de 2001 e 2002, que correspondiam a 68 ,51% dos 
custos totais.Conforme Añez et al. (2006) em Zulia, Venezuela, os custos indiretos 
relacionados à Dengue, também foram a maior porcentagem encontrada, os custos com o 
absenteísmo laboral foram de 64,8% dos custos totais. Acredita-se que as maiores 
porcentagens encontradas se devem ao fato de estarem relacionadas somente a uma 
arbovirose, enquanto os dados encontrados nessa pesquisa fazem referência as três 
arboviroses, Dengue, Zika e Chikungunya e por alguns dos dados analisados diferirem em 
cada estudo. 
Os custos para os dois anos pesquisados superam o valor de meio milhão de dólares, 
indicando que o impacto econômico acarretado por arboviroses são uma parcela importante 
dos gastos da sociedade destinados à saúde pública. Pereira e Barata (2014) validam esses 
dados ao afirmarem a importância de estudos sobre custo das doenças e que a análise desses 
custos é uma descoberta valioso para a melhoria das ações de gestão em saúde. 
 
 
 
42 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As arboviroses, Dengue, Zika e Chikungunya são causa de preocupação para a saúde 
pública mundial, em especial, no Brasil. Uma vez que, o Brasil possui condições climáticas e 
ambientais propícias para proliferação de arboviroses típicas de climas tropicais e 
intertropicais. Observando este aspecto peculiar o estado de Roraima é considerado uma zona 
endêmica dos vírus Dengue, Zika e Chikungunya. 
A preocupação com essas doenças dá-se pelo fato delas terem alta capacidade de 
causar epidemias e por serem comprovadamente, doenças que provocam impacto econômico 
às regiões afetadas. Outro ponto de atenção se refere aos custos envolvidos com pesquisas 
sobre os efeitos provocados por estes vírus e os investimentos relativos à prevenção e 
conscientização da população com os cuidados a saúde. 
Com este pano de fundo, procurou-se entender os impactos econômicos decorrentes 
dos custos médicos diretos, custos de absenteísmo laboral e custos relacionados ao vetor, 
além de outros custos não abordados no momento da pesquisa. 
Percebeu-se que os custos diretos, relacionados à hospitalização dos casos em 2017, 
foram maiores que os mesmos custos em 2018. E que os custos diretos e indiretos no ano de 
2017, sofreram pouca variação entre si, no entanto os diretos superaram os dois tipos de 
custos indiretos, os relacionados ao vetor e os relacionados ao absenteísmo laboral. 
Quanto ao ano de 2018, os dois tipos de custos foram os menores em relação à 2017. 
E os custos diretos foram os menores custos desse ano. 
No total geral, encontrou-se que os custos referentes às hospitalizações dos casos 
confirmados das principais arboviroses urbanas em Roraima, para os dois anos pesquisados, 
foram maiores que os custos indiretos relacionados ao vetor e ao absenteísmo. No entanto 
ressalta-se que a diferença de despesas entre esses tipos de custos é pequena, sendo inferior à 
US$ 10.000. 
Conforme os dados alcançados na presente referentes às despesas com a atenção 
direta e indireta dessas arboviroses, pode-se observar que existe um impacto econômico 
quando se trata da prevenção, controle do vetor, absenteísmo e hospitalizações. Nestes dois 
anos de estudo, foram investidos mais de US$ 500.00 (meio milhão de dólares) no que tange a 
prevenção e cuidados relacionados as arboviroses. 
É importante ressaltar que o presente estudo se propõe a ser apenas uma estimativa 
do impacto econômico que essas doenças acarretam. Posto que há ainda subnotificações de 
casos, tornando a validação total de dados imprecisa, uma vez que muitos não ficam 
43 
 
internados ou necessitam de mais dias de internação, é importante destacar que o valor 
mencionado não contabiliza os custos com campanhas, panfletos e outros materiais 
distribuídos pelo Ministério da Saúde. 
Observaram-se dificuldades em se coletar dados precisos quanto aos dias de 
internação e aos custos em cada unidade de saúde por paciente e por tratamento, por não se 
terem dados no estado que especifiquem o valor do tratamento e os insumos em cada caso 
específico. O que tornaria a pesquisa mais precisa quanto aos custos reais com o tratamento 
dessas ocorrências. 
Porquanto, trata-se de um estudo importante para Roraima e evidencia o custo das 
principais arboviroses. Até a conclusão deste trabalho acadêmico foram encontrados poucos 
estudos que contemplem as três arboviroses

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