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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM TILARA MORAES GUIMARÃES IMPACTO ECONÔMICO DAS PRINCIPAIS ARBOVIROSES URBANAS TRANSMITIDAS PELO Aedes aegypti EM RORAIMA NOS ANOS DE 2017 E 2018 Boa Vista, RR 2019 TILARA MORAES GUIMARÃES IMPACTO ECONÔMICO DAS PRINCIPAIS ARBOVIROSES URBANAS TRANSMITIDAS PELO Aedes aegypti NO ESTADO DE RORAIMA NOS ANOS DE 2017 E 2018 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para a conclusão do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde – CCS, da Universidade Federal de Roraima. Orientador: Prof. Me. Ramão Luciano Nogueira Hayd Boa Vista, RR 2019 AGRADECIMENTOS A realização deste trabalho só foi possível graças a bondade imerecida do meu Deus, por seu amor e suficiência que me cercam nessa vida. A Ele a glória! Agradeço aos meus pais pelo suporte e amor, pela compreensão e pela oportunidade de me dedicar exclusivamente aos meus estudos. Agradeço a minha irmã, Iamar Guimarães Cardoso, pela disponibilidade em revisar o texto, me ajudar na formatação e mesmo na edição. Agradeço ao meu orientador, Profº Me. Ramão Luciano Nogueira Hayd, por todas as exigências e pela cooperação no delineamento dessa pesquisa. Agradeço ao meu amor, João Felipe Carvalho de Souza Rocha pelo apoio e incentivo a continuar e pela paciência em me ouvir. E a todos os que fizeram parte direta e indiretamente da minha formação, o meu muito obrigada. RESUMO As arboviroses urbanas são responsáveis por grande impacto econômico nas regiões em que são endêmicas, especialmente no acometimento de um surto epidêmico. Este trabalho versa sobre o impacto econômico causado pela Dengue, Zika e Chikungunya no Estado de Roraima, nos anos de 2017 e 2018, relativo aos custos diretos com a hospitalização e aos custos indiretos, tais quais o combate e com o absenteísmo por elas causado. Tem-se como objetivo geral desta pesquisa, identificar qual foi o impacto econômico causado por essas arboviroses no estado de Roraima nos anos de 2017 e 2018, através da determinação dos custos e quantificação deles. Para isso, analisaram-se os dados fornecidos pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde-CGVS por meio do Núcleo de controle de Febre Amarela e Dengue- NCFAD relativo aos números de casos confirmados para os anos de interesse. Analisou-se os dados encontrados no Sistema de gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM-SIGTAP do Sistema Único de Saúde-SUS e ainda os dados encontrados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, quanto à população economicamente ativa no estado para os anos de interesse. Após a aplicação da metodologia proposta quanto à análise de dados, encontrou-se que os gastos referentes aos custos diretos foram os maiores para os dois anos analisados, sendo no valor de US$ 494.692,61. E os custos diretos e indiretos para o ano de 2017 foram maiores que os do ano de 2018, pois nesse ano houve uma epidemia de Chikungunya no estado de Roraima com 3.956 casos confirmados. E os custos totais com as arboviroses foram de mais de meio milhão de dólares para dois anos (US$ 553.527,18). Preferiu-se computar os resultados em Dólar estadunidense, pela maior precisão monetária dessa moeda. A pesquisa evidenciou que as arboviroses causam um impacto econômico ao estado de grandes proporções, especialmente relacionados aos custos com a hospitalização de pacientes acometidos por elas. Recomenda-se mais estudos relacionados ao combate ao vetor e à outras variáveis não abordadas nessa pesquisa. Palavras – chave: Roraima. Arbovírus. Vetor. Custos diretos. Custos indiretos. ABSTRACT Urban arbovirus infections are responsible for a large economic impact at the zones where they are endemic, especially in epidemic outbreaks. This research deals with the economic impact caused by Dengue, Zika and Chikungunya in the State of Roraima, in 2017 and 2018, concerning the direct costs with hospitalization and indirect costs, as such combating the vector and the absenteeism caused by them. It has the purpose to subsidize governmental actions related to the combat against these arboviruses and to be an aid to the population regarding the impact generated by them, aiming to awake for prevention and to spread knowledge. Therefore, the general objective of this research is to identify the economic impact caused by these arboviruses in the state of Roraima in 2017 and 2018, by determining costs and quantifying them. For this, we analyzed the data provided by the Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde – CGVS, and the Núcleo de Controle de Febre Amarela e Dengue - NCFAD, with respect to the number of confirmed cases during the years to be studied. We analyzed the data found in the Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimento, Medicamentos e OPM from SUS-SIGTAP, as well as the data found in the Instituto Brasileiro de Beografia e Estatística - IBGE, regarding the economically active population in the state for the years of interest. After applying the proposed methodology for data analysis, it was found that the expenses related to direct costs were the highest for the two years analyzed, being US$ 494,692.61. And the direct and indirect costs for 2017 were higher than those for 2018, because that year there was a Chikungunya epidemic in the state of Roraima with 3.956 confirmed cases. And the total costs with arbovirus infections were more than half a million dollars for two years ($ 553,527.18). It was preferred to compute the results in US dollars, due to the greater monetary accuracy of this currency. The research evidenced that arboviruses cause a great proportioned economic impact to the state, especially related to the costs with the hospitalization of patients affected by them. Further studies related to vector control and other variables not addressed in this research are recommended. Keywords: Roraima. Arbovirus. Vector. Direct costs. Indirect costs. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Custos totais com a Dengue, Zika e Chikungunya nos anos 2017 e 2018................................................................................................................ 38 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Custo direto com internações de pacientes com as Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima no ano de 2017....................................... 33 Tabela 2- Custo direto com internações de pacientes com Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima no ano de 2018....................................... 34 Tabela 3- Custo direto das arboviroses em Roraima nos anos de 2017 e 2018, em dólares estadunidenses (US$) ............................................ 35 Tabela 4- Custos relacionados ao controle e monitoramento do Aedes aegypti em Roraima nos anos de 2017 e 2018 com valores em dólares estadunidenses (US$) ......................................................................... 36 Tabela 5- Cálculo do absenteísmo laboral em pacientes com Dengue, Zika e Chikungunya, Roraima, 2017 e 2018a............................................... 39 Tabela 6- Custo total das arboviroses em 2017 e 2018, Roraima (Valores em dólares estadunidenses – US$) ........................................................... 40 LISTA DE SIGLAS CGVS Coordenadoria de Vigilância em Saúde NCFAD Núcleo de controlede Febre Amarela e Dengue SIGTAP Sistema de gerenciamento da Tabela de procedimentos, medicamentos e OPM SUS Sistema Único de Saúde IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística CAER Companhia de Águas e Esgotos de Roraima ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis UBV Ultrabaixo Volume PNH Primata Não Humano CIB Comissão Intergestores Bipartite LIRA’a Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti PEA População Economicamente ativa SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12 1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 14 1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................................... 14 1.1.2 Objetivos específicos.................................................................................................................... 14 1.2 PROBLEMA ................................................................................................................................... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 14 2 REFERENCIAL TEMÁTICO .............................................................................................. 16 2.1 ESTADO DE RORAIMA E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO ....................................... 16 2.2 SANEAMENTO BÁSICO E A RELAÇÃO COM ARBOVIROSES ............................................ 17 2.3 ARBOVIROSES, CARACTERÍSTICAS, MODOS DE TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO....... 17 2.3.1 Dengue ............................................................................................................................. 20 2.3.2 Zika .............................................................................................................................................. 22 2.3.3 Chikungunya ................................................................................................................................ 23 2.3.4 Arboviroses em Roraima .............................................................................................................. 24 2.4 CUSTOS DA DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA ................................................................... 25 3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 28 3.1 TIPO DE ESTUDO ......................................................................................................................... 28 3.2 LOCAL DO ESTUDO .................................................................................................................... 28 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................................................... 28 3.4 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................................... 29 3.4.1 Análise dos custos diretos ............................................................................................................ 29 3.4.2 Análise dos custos indiretos ......................................................................................................... 30 3.4.2.1 Referentes ao vetor .................................................................................................................... 31 3.4.2.2 Referentes ao absenteísmo ........................................................................................................ 31 3.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ................................................................................................... 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................... 33 4.1 CUSTOS DIRETOS ........................................................................................................................ 33 4.2 CUSTOS INDIRETOS: CONTROLE E MONITORAMENTO DO VETOR .............................. 35 4.3 CUSTOS INDIRETOS RELACIONADOS AO ABSENTEÍSMO LABORAL ............................ 38 4.4 CUSTOS TOTAIS .......................................................................................................................... 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 42 6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 44 12 1 INTRODUÇÃO As arboviroses, Dengue, Zika e Chikungunya, tem se tornado causa de preocupação para a saúde pública mundial, por serem um problema crescente. Pois sendo de fácil dispersão, e tendo os vírus capacidade de mutação a novos hospedeiros e a diferentes meios, tem facilidade de causar epidemias. Por tanto, são doenças que exigem pesquisas cada vez mais aprofundadas e investimentos para aprimoramento dos setores de vigilância. Ressalta-se ainda sobre a importância de uma colaboração internacional para a vigilância dessas doenças, quanto ao reconhecimento prévio da entrada do patógeno em áreas propícias (DONALISIO, FREITAS e ZUBEN, 2017). As arboviroses não somente tem grande importância para a saúde pública devido a fatores que englobam aspectos do vetor até a manifestação da doença, mas tem elevado destaque pelo grande impacto socioeconômico às regiões afetadas. Em consequência das capacidades limitantes da doença, número de absenteísmo laboral e a outras atividades de vida diária ser elevada, causando assim, perdas na produção de uma região afetada (LOPES; LINHARES e NOZAWA, 2014). No contexto brasileiro, as arboviroses no período entre 2002 a 2014, tornaram-se um dos maiores desafios para a saúde pública no país. Devido à diversidade dos arbovírus e sorotipos presentes no território, o quadro epidemiológico do país se resume em desafio e preocupação para diferentes setores, especialmente para a assistência e vigilância (BRASIL, 2017a). A Dengue é a arbovirose urbana mais dominante nas Américas e no Brasil, devido a fatores climáticos que facilitam o desenvolvimento e a proliferação do vetor. O primeiro caso documentado no Brasil de epidemia foi em 1981-1982, em Boa Vista/RR, causada pelos sorotipos 1 e 4. No Brasil, o vetor conhecido e comprovado são as fêmeas do mosquito Aedes aegypti. A doença se configura em “doença febril aguda, sistêmica e dinâmica” e que pode apresentar um ampliado quadro clínico e que podem variar de assintomáticos a quadros de maior gravidade, provocando a morte (BRASIL, 2019). A Zika tem tido casos reportados no país a partir do final do ano de 2014, 13 principalmente na região nordeste do Brasil. Assim como a Dengue, é uma arbovirose provocada a partir da picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti, que transmite o vírus ZIKAV. Apresenta ainda outras formas de transmissibilidade, a sexual, pós-transfusional e transplacentária, causando sintomas semelhantes ao da Dengue, em formas mais leves e autolimitadas. E tem sido associado a formas graves de malformação congênita. No Brasil, o vírus também tem sido associado ao aumento das manifestações neurológicas graves, devido o tropismo do vírus pelo sistema nervoso (BRASIL, 2016, 2019). Assim como as outras arboviroses, a Chikungunya é transmitida a partir da picada do mosquito. Em outubro de 2013 houve uma epidemia nas Américas e em ilhas do Caribe, e no ano de 2014 foram confirmados casos no Nordeste (atualmente todos os estados brasileiros registram casos). É uma doença que começa com uma fase aguda, semelhante a Dengue,podendo evoluir para outras duas fases: subaguda e crônica, e em casos excepcionais, levar a óbito. A Chikungunya se mostra uma doença de caráter epidêmico e com alta taxa de morbidade e que é associada à artralgia persistente, o que acarreta redução da qualidade de vida e redução da produtividade (BRASIL, 2017a, 2017b). As arboviroses são de importância para a saúde pública no país também por fatores relacionados ao impacto econômico acarretado por elas, gerando perdas significativas nas regiões endêmicas (LOPES, LINHARES E NOZAWA, 2014). Portanto, quanto a estudos sobre custos de doenças, Oliveira, Santos e Silva (2014), afirmam sua importância, ainda que possam ter limitadores, eles permitem que se estime o custo global de doenças específicas para o Sistema Único de Saúde. No contexto brasileiro, tem como facilitador as informações serem de acesso público em sistemas de informação. E esses estudos vão permitir uma melhor utilização dos recursos financeiros destinados às doenças. Com essa pesquisa, buscou-se avaliar o impacto econômico dessas arboviroses em dois anos consecutivos para melhor comparação de gastos, o que se revelou importante, pois em 2017 tivemos um surto epidêmico de Chikungunya no estado de Roraima, logo os custos diretos relacionados a essa arbovirose foram altos afetando ainda os investimentos indiretos relacionados ao vetor. Essa pesquisa se mostra de relevância para o cidadão comum, posto que se proponha a tratar de gastos públicos, de relevância a governos e gestores financeiros, pois revelam o impacto econômico dessas arboviroses. 14 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Identificar o impacto econômico gerado pela Dengue, Zika e Chikungunya no estado de Roraima nos anos de 2017 e 2018. 1.1.2 Objetivos específicos • Determinar os custos diretos derivados da atenção hospitalar dos casos de Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima nos anos de 2017 e 2018; • Determinar os custos indiretos derivados do combate ao vetor e do absenteísmo gerado pela Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima nos anos de 2017 e 2018. 1.2 PROBLEMA Qual o custo financeiro direto e indireto da Dengue, Zika e Chikungunya ao estado de Roraima nos anos de 2017 e 2018? 1.3 JUSTIFICATIVA A escolha do tema deu-se diante da importância em se determinar os custos econômicos gerados pelas arboviroses urbanas, em especial Dengue, Zika e Chikungunya no estado de Roraima. Sejam pelos gastos gerados com campanhas de combate ao mosquito, pelos gastos diretamente ligados ao sistema de saúde e os gastos gerados pelo absenteísmo laboral dos acometidos direta ou indiretamente pelas doenças. O tema também se mostra relevante diante da falta de estudos que quantifiquem esses gastos englobando as três arboviroses urbanos encontrados até a presente pesquisa. E como recurso e modelo para que outros estados possam também aplicar e realizar tais estudos, aumentando o material sobre essas arboviroses e o impacto que tem gerado economicamente ao país. Com o intuito de ser um recurso para o benefício do crescimento econômico da sociedade e para a comunidade acadêmica. Entende-se a quantificação dos custos das doenças como de interesse para estados e municípios, e em âmbito nacional, quer para arquivo de dados, quer para uso mais consciente dos recursos aplicados. Acredita-se que esse estudo pode servir de subsídio para os anos seguintes, como material de apoio para embasar a aplicação dos recursos destinados a essas doenças, sejam eles com as campanhas de combate ao mosquito, sejam com tratamento de doenças, sejam com políticas públicas mais eficazes, servindo como aporte científico. 15 O estudo nessa área é pertinente também para melhora da qualidade de vida da população, instigando os gestores de saúde a elaborarem mais ações voltadas para prevenção primária dessas doenças, conscientizando a população das medidas básicas de prevenção das doenças com combate ao vetor. Compreendendo que o alcance global dessas arboviroses urbanas tem se tornado motivo de preocupação de diferentes países, política e economicamente, intenta-se com o estudo, produzir material para pesquisa. Gerando contribuição quanto às ações e modelos e realidades do país podendo assim contribuir e integrar publicações sobre o tema, servindo para consulta e modelo em outros tempos e ações. 16 2 REFERENCIAL TEMÁTICO 2.1 ESTADO DE RORAIMA E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO O estado de Roraima localiza-se aoextremo norte do país, ocupando uma área territorial de 224.273,831 Km2, possuindo 80% do seu território no hemisfério Norte. Seu nome é originário das palavras no Yanomami: roro, que significa verde e imã, que significa serra ou monte, representando um dos símbolos da região, o Monte Roraima. E em seu território encontra-se o ponto extremo do Brasil ao norte, o Monte Caburaí. É recoberto por variada fauna, constituída em sua maioria por florestas e por savanas ou campos cerrados e tem como rio principal, o Branco, que percorre praticamente todo o território (IBGE, 2009a; 2019). A ocupação do território é marcada por conflitos desde as primeiras notícias. No século XVII, devido aos projetos de colonização, ocupação do território e controle do indígena. A partir do século XVIII, começou-se o reconhecimento geográfico do território do Rio Branco, principalmente na busca por indígenas, algumas de forma clandestina, outras de forma patrocinada pelo Estado Português (VIEIRA, 2014). A partir do ano 1750, o estado português ao se deparar com a ameaça holandesa e espanhola de invasão do território, estabelece uma base militar na região, construindo o Forte São Joaquim. É a partir da construção do forte que em suas imediações se tem o estabelecimento do primeiro núcleo habitacional não-índio e ao seu redor surge os primeiros aldeamentos. Estes têm seu fracasso, ao final do século XVIII e logo em seguida, dando-se início ao projeto da pecuária. Em 1787 com a fundação das “Fazendas do Rei”, em que são introduzidos os primeiros rebanhos de gado no território. Esse projeto visava impedir definitivamente a ocupação do território por estrangeiros europeus e aproximar economicamente essa região (VIEIRA, 2014). A política de ocupação a partir das fazendas apresentou dificuldades de atrair colonos interessados a se fixar, devido ao difícil de acesso pelo rio. É apenas ao final do século XIX que a pecuária vai se fortalecer a partir de estabelecimentos particulares, e, ao longo do século, as fazendas foram se multiplicando sendo posteriormente, tomadas por posseiros, ou usurpadas por seus administradores (D’ ACAMPORA, 2012; VIEIRA, 2014). A partir da década de 1920 do séc. XX são realizados censos periódicos que atestam o crescimento da cidade, mas ainda era um crescimento baixo, quanto à população e economia. É então com criação do Território Federal do Rio Branco, posterior Território de Roraima (1962), em 1943 no governo de Vargas, que Roraima entra no plano da União para 17 integração da Amazônia ao contexto nacional. Teve também o objetivo de defesa da nação em incluir o estado no crescimento nacional (D’ ACAMPORA, 2012). Segundo Magalhães (2018), a ocupação do território se dá mais intensamente, a partir da década de 1970, com a construção da BR-174 e BR-210. Criação esta que fez parte da estratégia de ocupação do território, apadrinhada pelo Governo Federal. É a partir de então que se percebe um intenso fluxo migratório, especialmente de nordestinos para a região. Em 1858, pela Lei provincial, estabeleceu que a “freguesia de Nossa Senhora do Carmo” seria denominada de Boa Vista e sede administrativa da região. Após a Proclamação da república em 1889, Boa Vista é elevada a município em 09 de julho de 1890. Em 1943, é elevado á Território Federal do Rio Branco, por meio do Decreto- lei nº 5.812, de 13 de Setembro de1943 e posteriormente em 1962 com o decreto-lei nº4. 182, de 13 de dezembro de 1962, há uma mudança no nome para Território Federal de Roraima e finalmente em 1988, é extinto e muda para estado de Roraima, a partir da constituição de 1988, art. 14 do ato das disposições constitucionais transitórias (BRASIL, 1988; VIEIRA, 2014). 2.2 SANEAMENTO BÁSICO E A RELAÇÃO COM ARBOVIROSES Saneamento básico são um conjunto de ações, serviços, infraestrutura e instalações operacionais (abastecimento de água potável, esgoto sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas) que tem a finalidade de prevenir doenças e promover saúde a partir das mudanças no meio ambiente (BRASIL, 2015). No Brasil a partir da década de 1940, com a criação do Serviço especial de saúde pública, há a inserção do saneamento no setor saúde e a importância do saneamento básico passa a ser mais evidente. Mas somente no ano de 2007, com a Lei nacional do Saneamento – Lei n.11.445/2007, que estabelece as diretrizes para o saneamento e para a política federal de saneamento básico, ele passa a ser mais visado (BRASIL, 2015). Silva e Machado (2018) apontam sobre a correlação entre a Dengue e a coleta de resíduos urbanos, e que a melhoria dos serviços municipais de coleta contribui para controle e combate dos vetores, pois, retira-se do ambiente os reservatórios do mosquito. Aponta ainda a relação entre os indicadores de saneamento, água e esgoto e mais casos da doença, contudo, ainda se faz necessário verificar se é uso regular ou irregular da água. Logo, a relação de saneamento básico (tratamento de água e esgotos e coleta de resíduos sólidos) é importante e estão diretamente relacionadas às incidências de epidemias. No que se referem a saneamento básico, as baixas taxas da rede de esgotos no país, ainda que 18 não sejam causa diretas, podem estar relacionados às arboviroses, pois podem facilitar ambientes favoráveis a proliferação do vetor (FARIAS, FERRAZ e VIANA, 2017). Segundo a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima–CAER (2018), o abastecimento de água da capital se divide em dois sistemas, o de captação superficial das águas do rio Branco e a captação subterrânea, realizada em diversos bairros da cidade. E o processo de tratamento da água é constituído de sete etapas. A rede de abastecimento de água atinge uma área de 1.515km e tem um número de ligações domiciliares de 83.641 e atende 98% da população urbana com o serviço de abastecimento de água. O sistema de coleta de esgoto foi implantado em Boa Vista na década de 70, do séc. XX, mas somente na década de 90 do mesmo século foi inaugurada a Estação de tratamento de águas e esgotos. E em 2008 foi modernizado e ampliado o sistema de esgoto sanitário de Boa Vista, de 18% de cobertura de coleta, passa a ter 70% de cobertura de coleta. O sistema não alterou a forma de tratamento, que se dá por meio da autodepuração que utiliza luz solar e calor. A rede ainda não atende todos os bairros da capital (CAER, 2018). Segundo Souza et al. (2010), a CAER atua nos 15 municípios e em 62 localidades fornecendo abastecimento de água. A maioria das moradias residenciais urbanas do estado (96,6%) é contemplada com o abastecimento de água. Ficando acima da média dos outros estados. Entretanto, sobre a coleta do esgoto, o estado fica muito abaixo da média, possuindo apensas 17,3% de domicílios atendidos com o serviço, e mais da metade dos domicílios ainda não são beneficiados com o serviço. Souza et al. (2010) afirmam que sobre a coleta de lixo urbano, o estado apresenta bons índices, sendo quase a totalidade dos domicílios urbanos (96,8%) atendidos com a coleta direta. Superando assim não somente a região norte, mas a realidade brasileira que possui uma média de 90,2%. Ainda como Gomes Farizel e Júnior (2017) confirmam que a coleta de lixo na capital, tem depósito final o aterro sanitário, localizado na BR–174, construído em 2001. Referem ainda que o aterro já atingiu sua máxima capacidade, ocasionando a exposição do lixo a céu aberto. A coleta seletiva, não acontece como o almejado, pois todos os resíduos são coletados no mesmo caminhão, ficando relegadas à Cooperativa dos Amigos Catadores e Recicladores de Resíduos Sólidos do estado de Roraima e a Associação Terra Viva de Catadores de Materiais Recicláveis de Roraima e ainda à Associação Global de Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Boa Vista a seletividade do material. 19 2.3 ARBOVIROSES, CARACTERÍSTICAS, MODOS DE TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO As arboviroses são doenças causadas por arbovírus e tem manifestações clínicas com variações marcantes que vão desde leves, com quadros febris e em alguns casos com erupções exantemáticas, as formas mais graves com acometimentos neurológicos e hemorrágicos e principalmente encefalites. Podem ocorrer de forma esporádica, epidêmica ou endêmica (VASCONCELOS et al., 2015). Estas são transmitidas pelo Aedes aegypti que é considerado um dos maiores problemas para a saúde pública mundial. Pelos seguintes fatores: facilidade de dispersão da doença; potencial para ocasionar epidemias; pela capacidade de adaptação do vírus a diferentes hospedeiros; pela possibilidade de provocar formas mais graves da doença; pela variedade de sintomas; questões relacionadas à dificuldade de apoio laboratorial e dificuldade no tratamento das doenças, sendo somente tratadas as manifestações. E ainda soma-se a estes a dificuldade de prevenção e de educação em saúde e fatores relacionados ao vetor, reservatórios e hospedeiros (LOPES, LINHARES e NOZAWA, 2014; DONALISIO, FREITAS e ZUBEN, 2017; BRASIL, 2019). Os arbovírus recebem esse nome a partir das palavras em inglês: arthropod – borne, com a junção da palavra vírus. É um grupo de vírus que possuem características ecológicas e epidemiológicas iguais, no entanto diferem em suas características físico-químicas. São considerados os vírus transmitidos na natureza de forma prioritária por artrópodes hematófagos a hospedeiros vertebrados (VASCONCELOS et al., 2015). O Brasil tem como cenário epidemiológico a presença de três arbovírus, sendo quatro sorotipos do vírus da Dengue: DENV–1; DENV–2; DENV–3 e DENV–4; e os vírus da Zika, ZIKAV e Chikungunya, CHIKV. Os vírus da Dengue e Zika são pertencentes à família Flaviviridae e o CHIKV pertence à família Tagoviridae (BRASIL, 2019). Segundo Vasconcelos et al. (2015), a transmissão das arboviroses acorre a partir de mosquitos hematófagos, que picam vertebrados suscetíveis, que na fase de viremia, se tornam um depósito do vírus para outros vetores. Podem ainda ser transmitidas por via transovariana e venérea (supostamente) entre os artrópodes. A transmissão compreende dois ciclos: o intrínseco; no ser humano e o extrínseco; no vetor, conforme o período de cada tipo de vírus. Há ainda a transmissibilidade por via vertical, (mãe–bebê), especialmente relacionada ao ZIKAV. Sendo a do CHIKV rara e, também a transmissão via transfusional. Existem estudos sobre a transmissibilidade do ZIKAV por via sexual, ainda que meses após a infecção inicial (BRASIL, 2019). 20 A prevenção das arboviroses se torna assunto relevante, neste sentido, evidenciam-se as campanhas de educação sanitária e da vigilância como meios valiosos para combate das arboviroses. Faz-se importante que as campanhas de combate sejam constantes e eficazes no controle das doenças em humanos, animais e bem como no combate ao vetor. Sendo de competência da Vigilância Epidemiológica, o acompanhamento dos índices de infestação vetorial, pois, entende-se hoje que a melhor forma de prevenção é o combate ao vetor (LOPES, LINHARES e NOZAWA, 2017). Destaca-se ainda o acompanhamento da evolução da Dengue, Zika e Chikungunya, assim como prestar assistência a todas as instâncias de prevenção e adotar medidasque diminuam os casos e a gravidade da doença (BRASIL, 2017a; LOPES, LINHARES e NOZAWA, 2017). Desta forma, a necessidade de se investir em ações das diferentes vigilâncias no combate às arboviroses, especialmente de investigação epidemiológica de outros arbovírus, é de suma importância para a saúde pública mundial segundo afirmam Donalisio, Freitas e Zubem (2017). Os autores propõem como necessária, uma ação internacional conjunta para se constatar de forma precoce a entrada de novos vírus em áreas mais propícias a manifestação e disseminação das doenças apresentadas na pesquisa. É neste sentido que Maniero et al. (2016) chamam atenção para a importância de prevenção da Dengue, Zika e Chikungunya no país, por meio de medidas governamentais que priorizem o controle vetorial. Demonstrando assim um desafio aos programas existentes devido a sua capacidade de adaptação e reprodução. 2.3.1 Dengue No que se refere à saúde pública mundial, a Dengue tem se apresentado como uma das principais problemáticas de doenças típicas de áreas tropicais e intertropicais. Nos últimos anos têm apresentado uma incidência de aumento regular, mesmo diante de campanhas voltadas para seu controle e/ou eliminação. De acordo com dados disponibilizados pelas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, mais de trinta países informam casos de ocorrência da doença, e essa tem se apresentado de maneira regular em picos epidêmicos que parecem se perpetuar a cada período, entre 3 a 5 anos (BRASIL, 2009). É uma doença de distribuição mundial em uma área preponderantemente intertropical que corresponde a uma faixa entre os paralelos 35º Norte e Sul. Se mostrando endêmico na maioria dos países tropicais em seus diferentes sorotipos. Relata-se casos na 21 Ásia, especialmente nas regiões sul e sudeste, na Austrália (Oceania) desde 1981, em regiões da África e nas Américas, tendo sua perpetuação a partir dos anos de 1977 (CHIN et al., 2002; SALOMÃO e PIGNATARI, 2004). No Brasil, a primeira epidemia documentada se deu no ano de 1981-1982, no Estado de Roraima, causada pelos sorotipos DENV–1 e DENV–4. No ano de 1986, há casos no Rio de Janeiro e estados do nordeste e nos anos seguintes a Dengue passa a ser registrada como endêmica no país. Nos anos entre 2002-2014, a doença ganha maior importância, especialmente, devido ao aumento do número de hospitalizações (englobando adultos e crianças) e a circulação dos quatro sorotipos e pelo aumento do número de óbitos. O recorde de notificação de casos deu-se entre os anos de 2015-2016, já no ano seguinte, em 2017, houve uma redução significativa nos casos documentados (BRASIL, 2019). O vírus causador da dengue (DENV) é um arbovírus da família Flaviviridae, que mede de 40-60 mm de diâmetro, e seu genoma é formado por RNA de fita simples e de polaridade positiva. Ele é representado por quatro sorotipos, também responsáveis pela dengue hemorrágica (CHIN et al., 2002; ROMANOS e CAVALCANTI, 2015). A Dengue é uma doença infecciosa aguda ou ainda uma doença febril aguda, que é sistêmica e dinâmica e que pode se manifestar de um quadro assintomático até manifestações mais graves, podendo levar a óbito. É de curso debilitante e autolimitado e a maioria evolui benignamente e se recupera (CHIN et al., 2002; BRASIL, 2019). Podem ocorrer três fases no curso da doença, a fase febril, fase crítica e fase de recuperação. São fases comuns a todos os arbovírus ainda que alguns apresentem suas particularidades (VASCONCELOS et al., 2015; BRASIL, 2019). A fase febril é a primeira manifestação clínica. O paciente normalmente apresenta sintoma de febre alta com duração de dois a sete dias. Tem início abrupto, com dores de cabeça e dores no corpo e articulações. Podendo ainda ter outras manifestações, como náusea, perda de apetite e erupções cutâneas (BRASIL, 2016). A segunda fase, a crítica, instala-se quando não há melhora da primeira fase. A febre pode diminuir ou acabar e alguns sinais de alarme como, dor abdominal, vômitos constantes, sangramento das mucosas entre outros, podem aparecer, chamada então de: Dengue com sinais de alarme (BRASIL, 2016, 2019). E ela ainda pode evoluir para uma forma mais grave da doença, com o choque que se instala rapidamente. Pode acontecer acúmulo de líquido causando dificuldade respiratória, ou 22 ainda hemorragias graves e algumas alterações orgânicas graves em alguns órgãos. A última fase, a de recuperação, é a fase de melhora gradual (BRASIL, 2016). Segundo Romanos e Cavalcanti (2015), os casos de Dengue hemorrágica e síndrome do choque da Dengue, ainda não tem sua origem completamente compreendida, mas alguns fatores podem influenciar, como uma nova infecção por um sorotipo diferente do vírus, ou infecção pelos sorotipos 2 e 3 e também fatores genéticos que podem estar associados a piora do quadro. Em crianças, a doença de manifesta de forma assintomática ou como uma síndrome febril clássica viral, que pode ter seu início despercebido dado suas manifestações clínicas mais amenas. Se evoluírem para casos mais graves, vão ocorrer de maneira repentina e terão sinais de alarme mais facilmente detectados (BRASIL, 2016). 2.3.2 Zika A doença é causada pelo vírus Zika (ZIKV) que assim como a dengue é um arbovírus, pertencente ao gênero flavivirus e a família Flaviviridae. O ZIKV é um vírus emergente, que foi isolado pela primeira vez no ano de 1947, na Floresta de Zika, Uganda. E desde então tem se espalhado pelo mundo. No Brasil e Colômbia os casos reportados datam de 2015 (FALCÃO, BANDEIRA e LUZ, 2016). O vírus ZIKV, se espalhou rapidamente pelo país em menos de um ano de seu aparecimento, tendo maior número de casos na região nordeste e sudeste. A associação com casos de microcefalia em neonatos e Síndrome de Guillain Barré deram-se a partir de suspeitas do sistema de vigilância brasileiro. Logo após, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a situação como emergência em saúde pública internacional (IPEA, 2018). Essa arbovirose tem como vetor comprovadamente o mosquito Aedes aegypti, mas existem outras formas de transmissão estudadas, a transplacentária, transfusional e sexual. A doença é caracterizada normalmente por sinais e sintomas clínicos amenos e autolimitados, sendo o prurido exantemático o principal sintoma que leva a busca de cuidados (BRASIL, 2019). Como os demais arbovírus, ele tem afinidade pelo sistema nervoso central, neurotrópico, estando, portanto, associado a casos de Síndrome de Guillain Barré e por isso é altamente teratogênico, estando associada a casos graves de malformação congênita, microcefalia (BRASIL, 2019). A infecção pelo ZIKAV pode ser sintomática ou assintomática, sendo a assintomática mais frequente. O quadro clínico é variável de manifestações leves e 23 autolimitadas às mais graves. Apresentando tipicamente exantema com prurido, febre baixa, cefaleia, dor nas articulações, dor muscular, conjuntivite não purulenta. Os sintomas tendem a melhorar em 2-7 dias. Dentre as manifestações, as mais relevantes são o prurido, que pode ser intenso e a dor nas articulações. (FALCÃO, BANDEIRA e LUZ et al., 2016; BRASIL, 2019). Silva e Spalding (2018) afirmam que os sintomas da doença por serem inespecíficos, podem ser confundidos com outras arboviroses: a Dengue e a Chikungunya. E alegam ainda que a importância da doença está relacionada ao potencial de causar danos neurológicos e, portanto, a vigilância em saúde precisa estar atenta. 2.3.3 Chikungunya A Chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que diferente das duas outras arboviroses, pertence à família Tagoviridae e ao gênero Alphavírus. O vírus da CHIKV foi primeiramente isolado na Tanzânia por volta de 1952 (o nome é derivado da língua falada no local). A partir de então houve casos em vários países.E no Brasil foi confirmada a transmissão em 2014 (BRASIL, 2017b). Segundo Romanos e Cavalcanti (2015) os surtos de CHIKV se dão quando começam as estações chuvosas, assim como acontece com outros arbovírus. É um vírus que pode ser endêmico, especialmente em áreas rurais, pois há muitos vetores e reservatórios, como acontece na África. E pode ser epidêmico, como acontece em áreas urbanas na Ásia, sendo transmitidos por dois vetores; o Aedes aegypti e o Aedes albopictus. No Brasil o único vetor que se tem comprovação é o Aedes aegypti, por meio da picada das fêmeas hematófagas. Além da picada pelo mosquito outras formas de transmissibilidade são por via transfusional e por via vertical. Por via transfusional, as ocorrências são facilmente evitáveis. Quando a transmissão é por via vertical, praticamente só acontece no período do trabalho de parto propriamente dito, provocando muitas vezes, infecções graves (BRASIL 2017b, 2019). A Chikungunya é uma arbovirose ainda pouco estudada. Sua fisiopatologia envolve mecanismos relacionados aos estímulos percebidos de dor e, mecanismos neuropáticos relacionados à dor causada por disfunção ou lesão do sistema nervoso. Suas manifestações clínicas se assemelham a da Dengue; com febre, que pode ser contínua ou não, ou bifásica, a poliartralgia (relatada na maioria dos casos) mialgia, cefaleia, exantema entre outros. Mas eles são diferentes e avançam de acordo com cada fase da doença (CASTRO, LIMA e NASCIMENTO, 2016; BRASIL, 2017a). 24 Quanto às manifestações clínicas, a Chikungunya pode evoluir em três fases: febril ou aguda; pós-aguda e crônica. Esta última, se os sintomas persistirem por mais de três meses após a instalação da doença. E em mais da metade dos casos o sintoma de dor nas articulações pode persistir por anos (BRASIL, 2019). A fase febril pode durar de dias a algumas semanas tendo como principal característica a febre alta e de início súbito e, intensa dor nas articulações. É comum que o paciente também apresente dores de cabeça, mialgia e cansaço. A fase seguinte é conhecida como pós-aguda, e neste estágio, o sintoma da febre desaparece normalmente, a artalgia pode persistir com a piora do quadro ou evoluir pra uma melhora. Outras complicações podem ainda ocorrer (BRASIL, 2017a). Com a persistência dos sintomas por mais de três meses, instala-se a fase crônica. Os sintomas mais comuns são a dor nas articulações, dores músculo-esqueléticas e as neuropáticas. Há ainda formas atípicas da doença, com sintomas menos frequentes e mais graves em diferentes órgãos do corpo (BRASIL, 2019). 2.3.4 Arboviroses em Roraima A primeira epidemia de Dengue que se tem registros foi no estado de Roraima, nos anos de 1981–1982. No município de Boa Vista, os sorotipos encontrados foram o 1 e 4. As ocorrências dessa arbovirose se dão tipicamente em condições climáticas quentes e chuvosas (BRASIL, 2019). Entre os anos de 2014 e 2017, o número de casos notificados de Dengue no estado foi de 11.681 casos. Sendo os maiores polos notificadores os municípios de Boa Vista, Rorainópolis e Mucajaí. Somente no ano de 2017, foram notificados 4.897 casos de Dengue no estado e no ano de 2018, até a semana epidemiológica 50, 1.391 casos foram notificados. (DVE, 2018, 2019). No ano de 2014 tem-se no país casos confirmados de Chikungunya, atualmente todas as unidades da Federação apresentam casos dessa arbovirose. Os maiores polos notificadores de casos, entre os anos de 2014 e 2017, foram Boa Vista, Rorainópolis e Mucajaí. Em Roraima o maior número de casos confirmados registrados foi no ano de 2017, em que houve uma epidemia dessas arbovirose, registrando-se 3.956 casos (DVE, 2018; BRASIL, 2019). Em decorrência disso, intensificaram-se ações de notificação que correspondeu a 87,7% de todas as notificações do estado, no que tange investigação e análise do perfil epidemiológico dos casos da vigilância em saúde. Em 2018, houve uma redução importante 25 dos casos dessas arbovirose no país, sendo apenas 456 casos notificados e 32 confirmados até a semana epidemiológica 50 (DVE, 2019). Quanto à Zika, têm-se casos confirmados datados do ano de 2015 no país, avançando-se para todos os estados da Federação. Entre os anos de 2015 e 2017, os principais polos notificadores, de casos de Zika, foram: Boa Vista; Mucajaí; São Luiz e Rorainópolis. Em 2018, foram notificados 129 casos com 9 confirmações até a semana epidemiológica 50, sendo no município de Boa Vista os maiores números de notificação. Nesse ano houve uma redução importante no número de notificações quando comparado ao ano anterior (BRASIL, 2019). 2.4 CUSTOS DA DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA O financiamento em saúde, se dá a partir da Lei complementar nº141, de 13 de janeiro de 2012, que dispões sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relacionados a ações e serviços públicos de saúde, destinados a promoção, proteção e recuperação da saúde. Quanto à União, ela aplicará, anualmente o valor referente ao exercício financeiro do ano anterior, somado, no mínimo, ao percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao da lei orçamentária anual. Quanto aos Estados e Distrito Federal, aplicarão anualmente, no mínimo 12% da arrecadação dos impostos referentes aos artigos da lei, bem como os municípios, aplicarão 15% da arrecadação dos impostos referentes aos artigos da lei (BRASIL, 2012). Segundo o Ipea (2017), a atual alocação por blocos de financiamento dos recursos transferidos pelo Ministério da Saúde aos estados e municípios, se dá em seis grandes blocos: atenção básica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, vigilância em saúde, assistência farmacêutica, gestão e investimentos. Oliveira, Santos e Silva (2017) afirmam sobre a importância de se quantificar custos para o sistema de saúde. Para que haja uma melhor utilização dos recursos investidos em promoção de saúde e não especificamente no tratamento de doenças evitáveis. Pereira e Barata (2014) sustentam que na tentativa de se expressar os custos de doenças, deve-se levar em consideração o princípio da indeterminação. Pois, os dados encontrados nas pesquisas somente mostram uma realidade estimada aceitável dos custos reais. Contudo, estudos nesse sentido se mostram relevantes pelo resultado obtido ser aproximado, tornando-se assim um instrumento para melhoria da gestão em saúde, e ainda de interesse para o público geral. 26 Em concordância a isso, Oliveira, Santos e Silva (2017) afirmam que embora ao se estimar o peso econômico de uma doença haja limitações, essa estimativa permite que se avalie o custo de uma doença para o Sistema Único de Saúde. O peso econômico trazido por doenças transmitidas por arbovírus é preocupante e é real, visto que, essas arboviroses causam grande impacto econômico e social ao país, devido à atenção à saúde e por gerarem incapacidade física por um período indeterminado, afetando diretamente a produção econômica. Embora, na maioria dos casos os pacientes não apresentem risco de vida, essas doenças podem desencadear dores crônicas, a exemplo a Chikungunya (BRASIL, 2017a). Lopes, Linhares e Nozawa (2014) reiteram que as arboviroses causam um impacto socioeconômico importante às regiões afetadas. Estando relacionadas ao alto número de absenteísmo referente às atividades essenciais, em razão do elevado grau de debilidade ao acometido e ainda, perdas na manutenção da cadeia produtiva da sociedade. Em seus estudos, Salinas-López, Soto-Rojas e Ocampo (2018) sobre os custos de um programa local de combate ao vetor Aedes aegypti, afirmam que sobre a importância de determinar os custos como um meio para se discutir e avaliar as estratégias de controle do vetor. No que se refere à administração dos recursos referentes aprevenção e controle das doenças ocasionadas e ainda como um subsídio para estudos futuros em diferentes localidades. Por este modo, Hayd et al. (2013), afirmam que quanto aos custos com Dengue em Roraima, há que se levar em conta a subnotificação de casos. Pois há casos de pacientes que não recorrem aos centros de saúde, o que por sua vez, impedem a quantificação de supostos novos casos da doença. Elevando ainda mais a importância de se combater este tipo de doença por meio de ações conjuntas de conscientização da população e governamentais. Em virtude disto, Añez et al. (2006) ratifica que os custos gerados ao estado são considerados um problema de saúde pública que reflete principalmente no absenteísmo laboral, afetando diretamente a economia do país. Esta mesma percepção é assegurada por Teich, Arinelli e Fahhan (2017) quando afirmam que estes impactos econômicos sociais são reais. Uma vez que existe um alto custo de investimentos em combate ao vetor, os custos médicos e ao manejo da própria doença. Neste sentido, Santos et al. (2015), afirmam sobre o Programa de Controle de Dengue em Goiânia, que um estudo sobre o custo financeiro e controle vetorial, viabilizam melhor investimento dos recursos, especialmente entre anos endêmicos e epidêmicos, visando 27 a diminuição do comportamento cíclico da doença, incentivam campanhas relacionadas ao Aedes aegypt e incentivam quanto a coleta de lixo nas cidades. 28 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de um estudo descritivo, que segundo Gil (2017) é um tipo de classificação segundo os objetivos ou propósitos mais gerais da pesquisa e tem por finalidade descrever os aspectos característicos de uma específica população ou fenômeno. Servindo também para identificar relações possíveis entre as variáveis que serão apresentadas. A pesquisa terá uma abordagem quantitativa, de acordo com Gil (2017), quanto aos métodos empregados para obtenção análise e interpretação dos dados, ou seja, quanto à natureza dos dados. E nesse tipo de pesquisa os dados obtidos são representados em conteúdo numérico. 3.2 LOCAL DO ESTUDO O estado de Roraima é localizado no extremo norte do país e tem uma área de 224.300,805 km². Segundo o último censo de 2010, possui uma população de 450.479 pessoas e uma densidade demográfica de 2,01 hab/km². Possui aproximadamente 350.00 pessoas residindo em área urbana e pouco mais de 100.000 em área rural (IBGE, 2019). Faz fronteira, ao norte com Venezuela e República da Guiana, ao sul com o estado do Amazonas, a leste com a Guiana e o estado do Pará e a oeste com a Venezuela e o estado do Amazonas. É formado por quinze municípios: Boa Vista; Caracaraí; Mucajaí; Alto Alegre; Bonfim; Normandia; São João da Baliza; São Luiz; Caroebe; Iracema; Amajarí; Cantá; Pacaraima; Rorainópolis e Uiramutã (IBGE, 2009). 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Utilizou-se como fonte de dados diretos: dados obtidos da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde-CGVS, referentes aos números de casos confirmados das principais arboviroses urbanas nos dois anos pesquisados e dados de valor econômico do leito/dia das doenças ao Sistema de Saúde, que foram colhidos do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS-SIGTAP. O SIGTAP é um instrumento utilizado pela gestão que relaciona em detalhes de cada competência e procedimento realizados, informando o valor por tratamento de cada doença, 29 agravo ou procedimento que é repassado pelo SUS. Nela há a identificação do tipo de procedimento, da complexidade, da média de permanência, dos exames, dos serviços hospitalares e profissionais, da idade mínima e sexo e outros atributos complementares conforme a necessidade do agravo ou procedimento. No delineamento dessa pesquisa, utilizou-se essa tabela por ser a única ferramenta encontrada no estado que valorasse os custos com a atenção das arboviroses abordadas. Como fonte de dados indiretos, utilizou-se: dados obtidos no Núcleo de Controle de Febre Amarela e Dengue-NCFAD referentes aos gastos relacionados ao vetor nos anos de 2017 e 2018. E utilizou-se também como aporte à pesquisa o dado do Banco Central do Brasil, de dezembro de 2017 e 2018, para se determinar o valor do Dólar para cada ano. E dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-ANP para se determinar a média do preço dos combustíveis para cada ano em Roraima. Utilizaram-se os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística-IBGE para se determinar a População Economicamente Ativa-PEA em Roraima para os anos estudados, para se determinar os custos indiretos referentes ao absenteísmo laboral. Os dados foram obtidos NCFAD-CGVS por meio de ofícios e cartas de anuências enviadas a Secretaria de Estado da Saúde de Roraima–SESAU, referentes à permissão para pesquisa. Os dados obtidos da SIGTAP são dados públicos, que podem ser acessados via online. 3.4 ANÁLISE DE DADOS Os dados foram analisados a partir da metodologia proposta por Añez et al. (2006) para custos diretos e indiretos e para as três arboviroses estudadas. Os valores obtidos em real, de igual forma, foram transformados para dólares estadunidenses devido a maior precisão monetária. Utilizaram-se os valores da moeda referentes a cada ano. Empregou-se, para o ano de 2017 o valor de US$ 3,30, referente ao preço de compra do dólar em 29/12/2017. E para o ano de 2018, o valor de US$ 3,87, referente ao preço de compra em 31/12/2018. 3.4.1 Análise dos custos diretos Segundo Añez et al. (2006), os custos diretos são os advindos da assistência aos pacientes e estão relacionados aos insumos e aos serviços utilizados na atenção de pacientes e que nesta pesquisa foram retirados do SIGTAP. Através do SIGTAP se obteve o valor do tratamento e o tempo médio de permanência de cada agravo. Incluem-se nesses valores, os serviços hospitalares: diárias; 30 taxas de salas; alimentação; higiene; pessoal de apoio ao paciente no leito; materiais; medicamentos e serviços auxiliares de diagnose e terapia. E ainda um componente que explicita a fração dos atos profissionais e inclui a taxa de permanência ambulatorial: serviços profissionais; materiais e medicamento. Os dados colhidos no SIGTAP são os únicos dados de mensuração de custos com essas doenças. Pois os hospitais não têm um valor exato nem como estimar o custo por paciente dessas doenças. Quanto ao tempo de permanência, utilizou-se o mesmo proposto por Añez et al. (2006), de sete dias para os casos de Dengue em adultos e crianças. Para Zika e Chikungunya, nessa pesquisa, utilizou-se cinco dias, por ser a média de permanência proposta pelo SIGTAP para adultos e crianças. O total de número de casos para os dois anos estudados foram obtidos no NCFAD, por meio do Sinan - Net e Sinan - Online. São os dados mais atuais coletados no ano dessa pesquisa. E foram considerados como casos de hospitalização, todos os casos confirmados das arboviroses nos dois anos. Quanto a Dengue, considerou-se somente a Dengue clássica, uma vez que os dados coletados tratavam somente como Dengue. E para Zika e Chikungunya se considerou o valor do tratamento de febre por arbovírus. Sendo: Tratamento de Dengue Clássica: valor de leito/dia de US$ 29,06 em 2017 e US$ 24,78 em 2018; Tratamento de Febre por arbovírus e febres, com o valor de leito/dia de US$ 10,57 em 2017 e US$ 9,01 em 2018. Os valores só diferem nos dois anos estudados devido à cotação em dólar. Em real, os valores propostos pela tabela (SIGTAP) são os mesmos. O cálculo se deu a partir de • Valor do leito/dia x o tempo de permanência para cada arbovirose (Sete dias para Dengue e Cinco para as demais); • Ao valor obtido, se multiplicou o número de casos de cadaarbovirose, obtendo-se assim o valor total do custo direto; • Por fim, ajustou-se o valor ao Dólar estadunidense, por melhor precisão monetária desta moeda. 3.4.2 Análise dos custos indiretos Os custos indiretos são representados, conforme sugere Añez et al. (2006), pelas perdas relacionadas à ausência ao trabalho dos pacientes com essas doenças no seu período de 31 hospitalização e da ausência das mães acompanhantes de crianças em seu período de hospitalização, e, ainda os custos relacionados ao vetor. 3.4.2.1 Referentes ao vetor Nessa pesquisa, os custos indiretos com o vetor incluem custos com combustível (gasolina e diesel) utilizados nas ações do NCFAD e custos com diárias. Os dados relacionados com despesas de combustível foram determinados a partir da quantidade em litros. Multiplicou-se essa quantidade à média de seus valores para cada ano estudado em Roraima, segundo a ANP. Em 2017 a média do preço da gasolina foi de US$ 1,21 o litro, e do preço do diesel, US$ 1,06 o litro. Em 2018, para a gasolina a média anual foi de US$ 1,03 o litro e do diesel, US$ 0,92 o litro. O valor total dos custos indiretos referentes ao vetor se obteve a partir da soma dos custos com diárias com os custos com combustível, e posteriormente aplicou-se o valor em dólar estadunidense com a cotação de cada ano. 3.4.2.2 Referentes ao absenteísmo Foram computados o quantitativo de homens e mulheres maiores de quinze (15) anos e mulheres responsáveis pelos menores de quinze anos que se ausentaram do trabalho. Consideraram-se mulheres como acompanhantes por serem a maioria dos casos. Utilizou-se a idade de quinze anos, por ser considerada a população economicamente ativa do país desde 2011. Quanto à população economicamente ativa em Roraima, os homens corresponderam a 34,64% e as mulheres a 24,86%. Foram usados os mesmos dados para os dois anos, por serem os mais atuais encontrados, que datam de 2015. Foi utilizado nessa pesquisa dados sobre o salário mínimo diário para os respectivos anos. Sendo encontrado em 2017 o valor de US$ 9,46 e em 2018 o valor de US$ 8,21. Foi considerado que todos os casos confirmados, trabalhavam nos dois anos referidos. Os custos com absenteísmos foram analisados pela seguinte fórmula, proposta por Añez et al. (2006): • Obteve-se o número de acometidos com as arboviroses de adultos e crianças; • O Da1: se refere aos dias de absenteísmo laboral das mães acompanhantes dos pacientes menores de quinze anos e se obteve a partir de: número de casos x porcentagem da População Economicamente Ativa-PEA feminina de Roraima x dias de absenteísmo; 32 • O Da2: são os dias de absenteísmo dos pacientes maiores de quinze anos, se dá pelo cálculo: número de casos x porcentagem da PEA masculina e feminina x dias de absenteísmo; • Por fim se calculou o custo total pelas ausências ao trabalho, que corresponde a: Da1 + Da2 x salário mínimo diário para os anos de 2017 e 2018. Após o cálculo o valor final encontrado foi transformado em dólares estadunidenses. 3.5 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS Não se aplicam, pois, não envolve pesquisa com seres humanos. 33 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 CUSTOS DIRETOS Nos anos estudados foram totalizadas 14.680 notificações para as três arboviroses, sendo confirmados 4.510 casos. Sendo a maior incidência no ano de 2017 quando o estado de Roraima enfrentou sua primeira epidemia de Chikungunya. Na tabela 1, são apresentados os custos para o ano de 2017 das principais arboviroses em Roraima referentes às hospitalizações. Foram 203 casos confirmados de Dengue, 197 casos confirmados de Zika e 3.956 casos de Chikungunya. Sendo o número de casos de Chikungunya o maior entre as três arboviroses, evidenciando assim, um ano epidêmico para essa doença. Os custos diretos da Chikungunya no ano de 2017 foram os mais altos em comparação com as outras arboviroses no período dessa pesquisa, com valor de US$ 209.128,54. Dengue foi a segunda arbovirose mais incidente nesse ano e seu número de casos foi o terceiro maior dos últimos seis anos até a presente data, somando um valor de US$ 41.303,73, com assistência direta. Teich, Arinelli e Fahhan (2017), em sua pesquisa que refere sobre o impacto econômico das arboviroses no Brasil, estimam que os custos médicos diretos para a Zika e Chikunngunya no ano de 2016, no estado de Roraima, foram de US$ 22.095,07. Nesta pesquisa, para o ano de 2017, obtivemos o valor de custos diretos para essas arboviroses de US$ 219.542,67. Podemos evidenciar o impacto econômico de Chikungunya no ano de 2017, onde foram confirmados através de exames laboratoriais 3.956 casos, sendo um ano epidêmico para esta doença. Tabela 1 - Custo direto com internações de pacientes com a Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima no ano de 2017. Arboviroses Nº de casos confirmados Custo leito/dia em US$ Total em US$ Dengue 203 29,06 41.303,73 Zika 197 10,57 10.414,13 Chikungunya 3.956 10,57 209.128,54 Total 4.356 50,20 260.846,40 Fonte: Autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS e SIGTA 34 Na tabela 2, identificamos os custos totais relacionados às hospitalizações para o ano de 2018. Percebeu-se drástica redução nos casos de Zika e Chikungunya, e uma leve redução nos casos confirmados de Dengue. O ano de 2018 foi de menores casos confirmados de arboviroses no estado. Consequentemente os custos com hospitalizações foram menores. O maior número de casos foi da Dengue, com 106. Seguido de Zika e Chikungunya com 39 casos e 9 casos confirmados respectivamente. Os gastos com a Dengue totalizam, nesse ano, US$ 18.390,86. E os custos com a Zika que foram os menores, contabilizam US$ 405,69. O valor do leito/dia foi um pouco abaixo do encontrado em 2017, sendo de US$ 24,78 para a Dengue e o valor para sete dias de internação foi de US$ 173,46. Abaixo também dos encontrados por Hayd et al. (2013), que para os anos de 2011 e 2012 obtiveram o valor de US$ 186,12, para três dias de internação, da Dengue clássica. Essa diminuição encontrada está relacionada ao valor do tratamento encontrado na SIGTAP. Tabela 2: Custo direto com internações de pacientes com Dengue, Zika e Chikungunya em Roraima no ano de 2018. Arboviroses Nº de casos confirmados Custo leito/dia em US$ Total em US$ Dengue 106 24,78 18.390,86 Zika 9 9,01 405,69 Chikungunya 39 9,01 1.758,02 Total 154 42,80 20.554,57 Fonte: Autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS e SIGTAP. A tabela 3 mostra o total de casos de cada arbovirose para os anos 2017 e 2018, os custos hospitalares referentes a cada ano, e os custos totais dos dois anos estudados para o estado de Roraima. Os custos hospitalares totais para as arboviroses nos anos pesquisados somam um valor de US$ 281.400,98. Se convertermos esse valor para nossa moeda no Brasil temos um total de R$ 940.339,51. O custo de hospitalização com a Dengue por paciente, para sete dias de internação, encontrado nessa pesquisa para o ano de 2017 foi de US$ 203,42 e em 2018 foi de US$ 173,46. Contrastando com Añez et al. (2006), em Zulia, Venezuela, que encontrou o valor de US$ 94,90 por paciente, por sete dias de internação. As diferenças entre os valores podem estar relacionadas às variáveis utilizadas para se quantificar esses custos em cada país. 35 Quantificar o custo da Dengue se mostra relevante, pois os valores com a hospitalização dos casos são maiores que os das outras arboviroses. Assim, a Dengue tem o custo de leito/dia para o ano de 2017 de US$ 29,06 enquanto Zika e Chikungunya US$ 10,57. E no ano de 2018, o custo é de US$ 24,78 para Dengue e US$ 9,01 para as outras arboviroses (tabela 3). O número total de casos confirmados de Dengue para os dois anos, foi de 309 e o valor dos custos com hospitalização foram de US$ 59.694,59. Corroborando com essa pesquisa, Hayd et al. (2013),encontrou para anos anteriores, 2011 e 2012, o valor de US$ 121.952,61, para 7.625 casos de Dengue notificados à SESAU em Roraima. Evidenciando a importância dessas arbovirose, pois os maiores investimentos com hospitalização são relativos a ela. Os custos diretos encontrados para o ano de 2017, para a atenção da Dengue, Zika e Chikungunya, foram de US$ 260.846,41 e em 2018 foram de US$ 20.554,57. A pesquisa de Teich, Arinelli e Fahham (2017), nos permite traçar uma antecedência de dados, pois encontraram que para o ano de 2016, os custos médicos diretos foram de US$ 38.603,69. Esses dados se aproximam mais dos encontrados para o ano de 2018 e acredita-se que se deva ao fato de serem anos não epidêmicos para nenhuma das três arboviroses. Ressalta-se a diferença de custos entre o que é observado na prática e o que é estabelecido pelo SIGTAP. É possível que na prática os custos com essas arboviroses sejam ainda maiores que os estabelecidos como padrão pelo SUS. Tabela 3 – Custo direto das arboviroses em Roraima nos anos de 2017 e 2018, em dólares estadunidenses (US$) Ano Nº de casos de Dengue Nº de casos de Zika Nº de casos de Chikungunya Custos hospitalares 2017 203 197 3956 260.846,41 2018 106 9 39 20.554,57 Total 309 206 3995 281.400,98 Fonte: autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS e SIGTAP. 4.2 CUSTOS INDIRETOS: CONTROLE E MONITORAMENTO DO VETOR Os custos indiretos relacionados ao vetor diferem em suas aplicações para os dois anos pesquisados, conforme a necessidade apresentada em cada ano. 36 Para o ano de 2017 e 2018 os investimentos foram relacionados às diárias e combustível, no entanto os gastos relativos ao ano de 2018 foram acentuadamente menores quanto às diárias e menores também quanto ao uso dos combustíveis. A tabela 4 relaciona todos os custos referentes ao vetor nos dois anos dessa pesquisa e reflete o valor total de cada ano e o valor total geral. Salinas-López, Soto-Rojas e Ocampo (2018) investigaram um programa de controle do Aedes aegypti em dois municípios na Colômbia, e foi verificado um investimento de US$ 244.587. Com gastos que compreendem a aplicação de: larvicidas; inseticidas; controle dos criadouros; atividades relacionadas à conscientização da população; capacitação de pessoal; as ações da vigilância entomológica e ações de mudança do meio ambiente. Percebe-se que é comum aos dois países relacionados, Colômbia, na pesquisa de Salinas-López, Soto-Rojas e Ocampo (2018) e Brasil, nessa pesquisa, devido aos altos investimentos, que o controle do vetor é medida importante no controle e combate das arboviroses urbanas. Os resultados obtidos corroboram com a presente pesquisa, pois, verifica-se um valor financeiro na estratégia de controle da doença no caso de Roraima, no valor de US$ 88.965,10 (2017) e US$ 34.529,27 (2018). Consoante a Santos et al. (2015), estima-se que os custos de um programa municipal de controle da Dengue em Goiânia, no transcorrer de outubro de 2009 a setembro de 2010, ligadas ao incentivo a campanhas de coleta de lixo, conscientização o vetor em diversos campos da sociedade, o custo estimado foi de US$ 9.054.361. Verificou-se que essas despesas no período de um ano dessa pesquisa foram mais elevadas que os custos totais para os dois anos no estado de Roraima, estimado em US$ 123.494,37. Tabela 4 – Custos relacionados ao controle e monitoramento do Aedes aegypti em Roraima nos anos de 2017 e 2018 com valores em dólares estadunidenses (US$). Ano Combustível Diárias Total 2017 50.529,65 38.435,45 88.965,10 2018 14.514,03 20.015,24 34.529,27 Total 65.043,68 58.450,69 123.494,37 Fonte: autoria própria com base em dados fornecidos pela CGVS. Percebeu-se que entre os anos estudados, houve uma queda de mais de 50% nos investimentos de um ano para outro, sendo o de 2018, o ano com os menores investimentos, acredita-se que isso pode estar relacionado a diferença de número de casos, enquanto em 2017 37 houve um surto epidêmico de Chikungunya, em 2018 o número de casos dessa arbovirose foi menor. Acredita-se ainda que esse fator possa ser referente a investimentos que não precisam ser feitos anualmente. Conforme Añez et al. (2006) os custos relacionados ao vetor, as medidas de controle e contenção são importantes para a determinação dos custos finais das doenças, podendo ser a maior parcela dos investimentos estaduais relacionado à Dengue. Nessa pesquisa foi observado que grande parte dos investimentos está relacionado aos custos indiretos referentes ao vetor. Deste modo, percebe-se que o impacto econômico está intimamente ligado às diversas formas de combate ao vetor, principalmente ao que tange a prevenção do vetor. Isso se evidencia pelo que afirma Laserna et al. (2018) sobre a importância de controle dos vetores bem como ações de conscientização da população são fundamentais na prevenção da Dengue e das outras arboviroses causadas pelo mesmo vetor. No gráfico 1, temos a relação dos custos totais com as principais arboviroses urbanas em Roraima nos anos de 2017 e 2018 e total de custos de cada arbovirose nos dois anos. É possível perceber que os custos relativos a Dengue foram maiores em 2017 que em 2018, assim como os custos da Chikungunya, sendo essa arbovirose o principal achado do ano de 2017. Quanto a Zika temos os maiores custos também no ano de 2017, em que o número de casos foi maior que em 2018. O Total geral dos custos em 2018 foram relativamente mais baixos que em 2017. 38 Figura 1: Fonte: Autoria própria. 4.3 CUSTOS INDIRETOS RELACIONADOS AO ABSENTEÍSMO LABORAL A tabela 5 reflete os custos indiretos das arboviroses relacionados ao absenteísmo provocados por elas nos anos de 2017 e 2018 respectivamente, para os casos de adultos e das mães acompanhantes de crianças menores de quinze anos. Conforme a média de dias para cada enfermidade. Ao comparar os valores para os dois anos pesquisados, percebe-se uma maior perda laboral e consequente um impacto econômico no ano de 2017, devido ao maior número dos casos de arboviroses, concernente aos casos de Chikungunya. O ano de 2017 foi o responsável pelo maior impacto econômico nos dois anos, de US$ 110.351,73 enquanto em 2018, os custos foram de US$ 3.750,73. A pesquisa de Añez et al. (2006), revela que os maiores gastos relativos a Dengue em Zulia, Venezuela, encontram-se ligados ao absenteísmo laboral, sendo de US$ 873.825,84. Esses dados diferem dos encontrados nessa pesquisa, pois os custos relacionados ao absenteísmo, em 2017 e 2018 foram de US$ 114.102,46, para as três doenças. Ressalta-se que os valores de Zulia, são equivalentes ao tempo da pesquisa, sete anos, e os aqui apresentados, 39 somente de dois anos. O dado comparado se revela importante, no que tange a proporcionalidade, enquanto em Zulia o maior impacto se refere ao absenteísmo laboral, a presente pesquisa aponta que o impacto econômico do absenteísmo é o menor entre os pesquisados. Hayd et al. (2013) relatam que para os anos de 2011 e 2012, os custos indiretos relacionados ao absenteísmo foram de US$ 356.859,65 somente para a Dengue. Nessa pesquisa, os custos da Dengue para os anos de 2017 e 2018, refletem uma acentuada diminuição, totalizando US$ 8.133,82, que se entende estar relacionados ao menor número de casos confirmados. Tabela 5 – Cálculo do absenteísmo laboral em pacientes com Dengue, Zika e Chikungunya, Roraima, 2017 e 2018a Ano Doença N° de casos <15ano s Da1b N° de casos >15an os Da2b Total de dias de absenteís mo Custo total por absenteísmo Dengue 114 198,38 89 370,74 569,12 5.383,87 2017 Zika 115 142,94 82 243,99 386,93 3.660,35 Chikungun ya 613 761,95 3.343 9.947,09 10.709,04 101.307,51 Total 842 1.103,27 3.514 10.561,82 11.665,09 110.351,73 Dengue 44 76,56 62 258,27 334,832.748,95 2018 Zika 5 6,21 4 11,90 18,11 148,68 Chikungun ya 7 8,70 32 95,21 103,91 853,10 Total 56 91,47 98 365,38 456,86 3.750,73 Total geral 898 1.194,74 3.612 10.927,20 12.121,95 114.102,46 Fonte: Adaptado de Añez et al. (2006) e Hayd et al. (2013). aSe considerou 7 dias para os casos de Dengue e 5 dias para as demais arboviroses; bDa1: dias de absenteísmo laboral das mães acompanhantes dos pacientes menores de 15 anos (nº de casos x porcentagem feminina da população economicamente ativa no estado x dias de absenteísmo); cDa2: dias de absenteísmo laboral dos pacientes maiores de 15 anos ( nº de casos x porcentagem da população feminina e masculina economicamente ativa no estado x dias de absenteísmo); dCusto total por ausências ao trabalho: (Da1 + Da2) x salário mínimo diário para cada ano, em dólares estadunidenses. 40 Assim como os valores apresentados por de Añez et. al (2006), os valores utilizados para se estimar o impacto das perdas com o absenteísmo se relaciona com os salários mínimos anuais. Logo, entende-se que essa estimativa é ainda inferior à realidade, posto que muitos possam ganhar acima de um salário mínimo ou até abaixo dele. 4.4 CUSTOS TOTAIS A tabela 6 é referente aos custos totais com as arboviroses para os anos de 2017 e 2018. Ela relaciona os dois tipos de custos pesquisados: os diretos e os indiretos. Os custos totais com as arboviroses diferem entre os anos estudados, sendo em 2017 os maiores gastos. Os custos totais para as três arboviroses, nos dois anos estudados foram de US$ 553.527,18. Os custos diretos representam 50,84% dos custos totais. Enquanto em Zulia, esses custos representam 25,4% dos custos totais, segundo Añez et al. (2006). Entende-se que essa diferença está relacionada às diferenças nos valores para hospitalização e ao tipo de arbovirose. Uma vez que, em Zulia estudou-se somente a Dengue, e, para o presente estudo foram utilizados dados do estado de Roraima concernentes a Dengue, Zika e Chikungunya. A importância da comparação se dá por serem arboviroses transmitidas pelo mesmo vetor. Conforme as pesquisas realizadas por Teich, Arinelli e Fahhan (2018), referente ao ano de 2016, no estado de Roraima, sobre as principais arboviroses urbanas transmitidas pelo Aedes aegypri, estimaram o valor de US$ 55.067,07 quanto aos custos indiretos totais. Nesta pesquisa, quanto aos custos indiretos, obteve-se o valor estimado US$ 233.846,10 no transcorrer do ano de 2017. E no ano de 2018, o valor obtido foi de US$ 38.280. Ao se comparar essas pesquisas, os custos de 2017 superam o ano de 2016 e o ano de 2018 tem um valor inferior. Acredita-se que as diferenças possam estar relacionadas às metodologias utilizadas e aos investimentos e gastos específicos de cada ano, entendendo-se que no ano de 2017 houve uma epidemia de Chikungunya e nos anos de 2016 e 2018 não houve epidemias. Tabela 6 – Custo total das arboviroses em 2017 e 2018, Roraima (Valores em dólares estadunidenses – US$) Ano Custos diretos Custos indiretos Total 2017 260.846,41 233.846,10 494.692,61 2018 20.554,57 38.280 58.834,57 Total geral 281.400,98 272.126,10 553.527,18 Fonte: autoria própria 41 No estado de Roraima os custos indiretos para os anos de 2017 e 2018 representaram 49,16% dos custos totais com as arboviroses. Percebe-se assim, uma diminuição das despesas relacionadas à prevenção das arboviroses. Leva-se em consideração os dados obtidos na pesquisa de Hayd et al. (2013) nos anos de 2001 e 2002, que correspondiam a 68 ,51% dos custos totais.Conforme Añez et al. (2006) em Zulia, Venezuela, os custos indiretos relacionados à Dengue, também foram a maior porcentagem encontrada, os custos com o absenteísmo laboral foram de 64,8% dos custos totais. Acredita-se que as maiores porcentagens encontradas se devem ao fato de estarem relacionadas somente a uma arbovirose, enquanto os dados encontrados nessa pesquisa fazem referência as três arboviroses, Dengue, Zika e Chikungunya e por alguns dos dados analisados diferirem em cada estudo. Os custos para os dois anos pesquisados superam o valor de meio milhão de dólares, indicando que o impacto econômico acarretado por arboviroses são uma parcela importante dos gastos da sociedade destinados à saúde pública. Pereira e Barata (2014) validam esses dados ao afirmarem a importância de estudos sobre custo das doenças e que a análise desses custos é uma descoberta valioso para a melhoria das ações de gestão em saúde. 42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As arboviroses, Dengue, Zika e Chikungunya são causa de preocupação para a saúde pública mundial, em especial, no Brasil. Uma vez que, o Brasil possui condições climáticas e ambientais propícias para proliferação de arboviroses típicas de climas tropicais e intertropicais. Observando este aspecto peculiar o estado de Roraima é considerado uma zona endêmica dos vírus Dengue, Zika e Chikungunya. A preocupação com essas doenças dá-se pelo fato delas terem alta capacidade de causar epidemias e por serem comprovadamente, doenças que provocam impacto econômico às regiões afetadas. Outro ponto de atenção se refere aos custos envolvidos com pesquisas sobre os efeitos provocados por estes vírus e os investimentos relativos à prevenção e conscientização da população com os cuidados a saúde. Com este pano de fundo, procurou-se entender os impactos econômicos decorrentes dos custos médicos diretos, custos de absenteísmo laboral e custos relacionados ao vetor, além de outros custos não abordados no momento da pesquisa. Percebeu-se que os custos diretos, relacionados à hospitalização dos casos em 2017, foram maiores que os mesmos custos em 2018. E que os custos diretos e indiretos no ano de 2017, sofreram pouca variação entre si, no entanto os diretos superaram os dois tipos de custos indiretos, os relacionados ao vetor e os relacionados ao absenteísmo laboral. Quanto ao ano de 2018, os dois tipos de custos foram os menores em relação à 2017. E os custos diretos foram os menores custos desse ano. No total geral, encontrou-se que os custos referentes às hospitalizações dos casos confirmados das principais arboviroses urbanas em Roraima, para os dois anos pesquisados, foram maiores que os custos indiretos relacionados ao vetor e ao absenteísmo. No entanto ressalta-se que a diferença de despesas entre esses tipos de custos é pequena, sendo inferior à US$ 10.000. Conforme os dados alcançados na presente referentes às despesas com a atenção direta e indireta dessas arboviroses, pode-se observar que existe um impacto econômico quando se trata da prevenção, controle do vetor, absenteísmo e hospitalizações. Nestes dois anos de estudo, foram investidos mais de US$ 500.00 (meio milhão de dólares) no que tange a prevenção e cuidados relacionados as arboviroses. É importante ressaltar que o presente estudo se propõe a ser apenas uma estimativa do impacto econômico que essas doenças acarretam. Posto que há ainda subnotificações de casos, tornando a validação total de dados imprecisa, uma vez que muitos não ficam 43 internados ou necessitam de mais dias de internação, é importante destacar que o valor mencionado não contabiliza os custos com campanhas, panfletos e outros materiais distribuídos pelo Ministério da Saúde. Observaram-se dificuldades em se coletar dados precisos quanto aos dias de internação e aos custos em cada unidade de saúde por paciente e por tratamento, por não se terem dados no estado que especifiquem o valor do tratamento e os insumos em cada caso específico. O que tornaria a pesquisa mais precisa quanto aos custos reais com o tratamento dessas ocorrências. Porquanto, trata-se de um estudo importante para Roraima e evidencia o custo das principais arboviroses. Até a conclusão deste trabalho acadêmico foram encontrados poucos estudos que contemplem as três arboviroses
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