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Interpretação conforme a Constituição - com redução do texto e sem redução do texto

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Interpretação conforme a Constituição: com redução do texto e sem redução do texto 
 
 
Interpretação conforme a Constituição é uma técnica que reconhece que a norma é 
constitucional desde que seja interpretada de uma determinada forma, ou seja, existe uma 
interpretação conforme a Constituição e essa interpretação em especial afasta a necessidade 
de que a norma seja declarada inconstitucional. Ela é uma técnica de interpretação de 
normas. 
 Há uma semelhança entre a interpretação conforme a constituição e a técnica da 
declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto. Aquela é a técnica que 
reconhece que a norma é constitucional desde que seja interpretada de uma determinada 
forma, por outro lado esta é a técnica em que se declara uma inconstitucionalidade de uma 
interpretação que estava sendo extraída incorretamente da norma. Nas duas técnicas o texto 
da norma é mantido sem alterações e ambas são métodos de hermenêutica, ou seja, 
interpretação das normas, porém, entre elas há diferenças quanto ao resultado dessa 
hermenêutica. A interpretação conforme identifica a interpretação que condiz com as 
normas constitucionais e, por outro lado, a declaração parcial de inconstitucionalidade sem 
redução do texto identifica que uma interpretação não condiz com as normas 
constitucionais. 
A supremacia das normas constitucionais no ordenamento jurídico e a presunção de 
constitucionalidade das leis e atos normativos editados pelo poder público competente exigem 
que, na função hermenêutica de interpretação do ordenamento jurídico, seja sempre concedida 
preferência ao sentido da norma que seja adequado à Constituição Federal. Assim sendo, no 
caso de normas com várias significações possíveis, deverá ser encontrada a significação que 
apresente conformidade com as normas constitucionais, evitando sua declaração de 
inconstitucionalidade e conseqüente retirada do ordenamento jurídico. 
Extremamente importante ressaltar que a interpretação conforme a constituição somente 
será possível quando a norma apresentar vários significados, uns compatíveis com as normas 
constitucionais e outros não, ou seja, só é possível quando existe um espaço de decisões ( = 
espaço de interpretação) umas em conformidade com a constituição e que devem ser 
escolhidas, e outras em desconformidade com ela. 
Portanto, não terá cabimento a interpretação conforme a constituição quando contrariar 
texto expresso da lei, que não permita qualquer interpretação em conformidade com a 
constituição, pois o Poder Judiciário não poderá, substituindo-se ao Poder Legislativo (leis) 
ou Executivo (medidas provisórias), atuar como legislador positivo, de forma a criar um novo 
texto legal. Nessas hipóteses, o Judiciário deverá declarar a inconstitucionalidade da lei ou do 
ato normativo incompatível com a constituição. 
A finalidade, portanto, dessa regra interpretativa é possibilitar a manutenção no 
ordenamento jurídico das leis e atos normativos editados pelo poder competente que guardem 
valor interpretativo compatível com o texto constitucional. 
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a técnica da denominada 
interpretação conforme "só é utilizável quando a norma impugnada admite, dentre as várias 
interpretações possíveis, uma que a compatibilize com a Carta Magna, e não quando o sentido 
da norma é unívoco”. 
Para que se obtenha uma interpretação conforme a Constituição, o intérprete poderá 
declarar a inconstitucionalidade parcial do texto impugnado, no que se denomina 
interpretação conforme com redução do texto, ou, ainda, conceder ou excluir da norma 
impugnada determinada interpretação, a fim de compatibilizá-la com o texto constitucional. 
Essa hipótese é denominada interpretação conforme sem redução do texto. Vislumbram-se, 
portanto, três hipóteses: 
 
 • interpretação conforme com redução do texto: essa primeira hipótese ocorrerá quando 
for possível, em virtude da redação do texto impugnado, declarar a inconstitucionalidade de 
determinada expressão, possibilitando, à partir dessa exclusão de texto, uma interpretação 
compatível com a Constituição Federal. Assim, na Adin n.° 1.127-8, o STF, liminarmente, 
suspendeu a eficácia da expressão ou desacato contida no art. 7.°, § 2.°, do Estatuto da OAB 
(Lei n.° 8.906/94), concedendo à imunidade material dos advogados uma interpretação 
conforme o art. 133 da Constituição Federal; 
 
• interpretação conforme sem redução do texto, conferindo à norma impugnada uma 
determinada interpretação que lhe preserve a constitucionalidade: nessas hipóteses, salienta 
o Pretório Excelso, "quando, pela redação do texto no qual se inclui a parte da norma que é 
atacada como inconstitucional, não é possível suprimir dele qualquer expressão para alcançar 
essa parte, impõe-se a utilização da técnica de concessão da liminar para a suspensão da 
eficácia parcial do texto impugnado sem a redução de sua expressão literal, técnica essa que 
se inspira na razão de ser da declaração de inconstitucionalidade sem redução do texto em 
decorrência de este permitir interpretação conforme a Constituição”. O STF julgou 
parcialmente procedente ação direta de inconstitucionalidade "para declarar-se 
inconstitucional a expressão contida no art. 276, § 2.°, da Lei n.° 10.098 do Estado do RS, 
bem como declarar-se que os §§ 3.° e 4.°desse mesmo artigo só são constitucionais com a 
interpretação que exclua da aplicação deles as funções ou empregos relativos a servidores 
celetistas que não se submeteram ao concurso aludido no art. 37, II, da parte permanente da 
CF, ou referido no § 1.°, art. 19 da ADCT"; 
 
 interpretação conforme sem redução do texto, excluindo da norma impugnada uma 
interpretação que lhe acarretaria a inconstitucionalidade: é a técnica em que se declara a 
inconstitucionalidade não da norma, mas sim de uma interpretação que estava sendo extraída 
incorretamente dessa norma. Nesse caso a norma é constitucional, entretanto, será declarada a 
inconstitucionalidade de uma interpretação que estava sendo extraída dela. 
Consequentemente, o texto normativo continuará inteiro, sem qualquer redução. Ela é uma 
técnica de hermenêutica, ou seja, uma técnica de interpretação de normas, para que se permita 
eliminar a interpretação que não condiz com as normas constitucionais. 
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, "por votação unânime, deferiu, em parte, o 
pedido de medida cautelar, para, sem redução de texto e dando interpretação conforme à 
Constituição, excluir com eficácia ex tunc, da norma constante do art. 90 da Lei n.° 9.099/95, 
o sentido que impeça a aplicação de normas de direito penal, com conteúdo mais favorável ao 
réu, aos processos penais com instrução iniciada à época da vigência desse diploma 
legislativo".

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