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Aula 14 - Prof. Rodrigo Rennó Administração p/ ICMS/RJ - 2016 (Com Videoaulas) Professores: Marco Tulio Bicalho Gomes, Rodrigo Rennó, Sérgio Mendes, Vinícius Nascimento Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 91 Aula 14: Controle Interno e Externo. Olá pessoal, tudo bem? Na aula de hoje iremos cobrir os seguintes itens do edital: Controle interno e controle externo na administração pública: importância, finalidade, características; Papel da controladoria governamental (Controladoria-Geral da União, Controladorias estaduais e Tribunais de Contas); Outras esferas de controle: Ministério Público, conceito, atuação, limites. Espero que gostem da aula! 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 91 Sumário Controle do Patrimônio Público e Prestação de Contas ......................................... 3 Controle quanto ao objeto ...................................................................... 4 Controle quanto ao momento ................................................................... 5 Controle quanto ao posicionamento do órgão controlador ................................... 6 Controle Interno .............................................................................. 6 Controle Externo ........................................................................... 16 Prestação de Contas ........................................................................ 23 Controle Administrativo ...................................................................... 25 Controle Legislativo .......................................................................... 27 Controle Judicial - Revisão jurisdicional dos atos administrativos ......................... 29 Sistema de Freios e Contrapesos .......................................................... 30 Ministério Público .......................................................................... 31 Controle Social – participação social ........................................................ 33 Ouvidorias .................................................................................. 35 Resumo ........................................................................................... 39 Questões Comentadas ........................................................................... 46 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 76 Gabarito .......................................................................................... 90 Bibliografia ...................................................................................... 90 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 91 Controle do Patrimônio Público e Prestação de Contas O controle é um dos principais processos administrativos e serve para que um gestor possa avaliar se a organização está ou não atingindo seus objetivos. Entretanto, na Administração Pública temos uma preocupação ainda maior com o controle. Isto ocorre porque, quando analisamos a gestão pública, estamos nos referindo à administração dos recursos da sociedade como um todo. Desta forma, o controle no setor público, segundo Mileski1, é: “o controle é corolário do Estado Democrático de Direito, obstando o abuso de poder por parte da autoridade administrativa, fazendo com que esta paute a sua atuação em defesa do interesse coletivo, mediante uma fiscalização orientadora, corretiva e até punitiva.” Este controle é exercido sobre o Poder Executivo, mas também sobre o Poder Legislativo e Judiciário sempre que estes poderes executarem tarefas e atividades administrativas. Desta forma, o controle atinge a toda a máquina pública. Segundo a doutrina, “o poder-dever de controle é efetuado pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e alcança toda a atividade administrativa e todos os agentes públicos que a desempenham2”. Assim sendo, o controle da gestão pública é condição necessária para que o Estado não deixe de cumprir suas funções da forma como a Constituição determinou. E também deverão submeter-se aos princípios constitucionais listados no artigo 37 da CF/88: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. “Quanto à tipologia dos controles incidentes sobre a Administração Pública, pode-se classificá-la quanto ao objeto (controle de legalidade, controle de mérito e controle de gestão), quanto ao momento em que se realiza (prévio, concomitante e subsequente ou a posteriori), quanto ao modo de desencadear-se (controle de ofício e controle por provocação), quanto ao posicionamento do órgão controlador (controle interno e controle externo)”.3 1 (Mileski) apud (Lima L. H., 2009) 2 (Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014) 3 (Zymler, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 91 Controle quanto ao objeto Controle de Legalidade O controle de legalidade, também chamado por alguns autores de controle de legitimidade, pode ser realizado pelo Poder Judiciário, pelo Poder Legislativo ou pela própria administração que praticou o ato administrativo. A partir desse controle, analisa se o ato administrativo está ou não em desacordo com o ordenamento jurídico. Dessa forma, mediante o controle de legalidade há a confirmação da validade de atos administrativos praticados, podendo anular aqueles que estiverem em desconformidade com o ordenamento jurídico ou convalidar aqueles cujos defeitos sejam sanáveis. Controle de Mérito O controle de mérito visa a verificar a oportunidade e conveniência administrativas do ato controlado. Trata-se, portanto, de atuação discricionária4. A revogação do ato discricionário, que se tornou inconveniente, é o resultado do controle de mérito realizado. Dessa forma, o controle de mérito é realizado sobre um ato plenamente válido e em “atividade”, mas que tenha se tornado inoportuno e inconveniente. Controle de Gestão O controle de gestão é aquele utilizado por uma organização com a finalidade de garantir que o comportamento dos trabalhadores esteja alinhado com os seus objetivos e as suas estratégias. Dessa forma, o comportamento dos funcionários é perfilado com o objetivo da organização, buscando elevar a probabilidade de chegar aos propósitos organizacionais. 4 (Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 91 Controle quanto ao momento Como já vimos antes, o controle pode ser classificado de acordo com o momento em que ocorre. Logo, ele pode ser preventivo (ou a priori), concomitante ou posterior (a posteriori) aos atos administrativos, a fim de evitar o desperdício e o mau uso de recursos e bens públicos. Controle Preventivo O controle preventivo ocorre antes que o ato tenha acontecido. Desta forma, o controle busca assegurarque o ato seja válido, antes que ele ganhe eficácia. Quando um órgão exige uma avaliação antes de liberar a venda de um imóvel, por exemplo, está exercendo este tipo de controle. Controle Concomitante Já o controle concomitante é efetuado ao mesmo tempo em que a atividade está sendo executada. Desta forma, quando o Tribunal de Contas da União embarga uma obra pública por indícios de desvio de verbas em sua administração está exercendo o controle concomitante. Controle Posterior Finalmente, o controle posterior busca analisar o ato ou atividade após ele ter ocorrido. Este é o meio de controle mais utilizado no setor público quando serão apontados problemas, desvios ou atestar a legalidade de uma atividade. Os objetivos, neste caso, seriam: corrigir, anular ou simplesmente confirmar as atividades e os atos já executados. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 91 Controle quanto ao posicionamento do órgão controlador Esse controle, também conhecido como controle quanto à extensão, pode ser dividido em: controle interno e controle externo. Controle Interno O controle interno ocorre quando é feito pela própria instituição. A Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal determina que “a Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá- los, por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Pessoal, a Súmula transcrita no parágrafo anterior nada mais é do que um poder-dever da Administração que a usa para realizar o controle interno, pois se admite, a partir desse controle, que revogue atos considerados inconvenientes ou anule aqueles que estejam em situação de ilegalidade. Para isto, admitem-se a fiscalização hierárquica, as auditorias, as supervisões, os pareceres, dentre outros meios. A própria instituição exerce o controle sobre seus atos. Este controle é fundamental para que possa ocorrer uma boa gestão. No setor público, a instalação de um sistema de controle interno é determinada pelo artigo n° 74 da Constituição Federal: “Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 91 IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.” No caso da União, por exemplo, o controle interno é efetuado pela Controladoria - Geral da União e por órgãos de controle interno instalados nos diversos órgãos públicos. O controle interno é mais amplo, pois vai além do controle da legalidade, controlando também o mérito. Além disso, tem o caráter de ser mais preventivo5. Não esqueçam de que o controle interno resulta do poder de autotutela do Poder Público. Segundo Lima6, “os controles internos administrativos consistem em um conjunto de atividades, planos, rotinas, métodos e procedimentos interligados, estabelecidos com vistas a assegurar que os objetivos das unidades e entidades da administração pública sejam alcançados, de forma confiável e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos serviços fixados pelo Poder Público”. Vamos praticar agora? (CESPE – TJ-SE – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS– ADAPTADA) Controle interno consiste no controle exercido pela administração direta sobre os atos praticados por seus órgãos e pelas entidades da administração indireta. Vimos que a Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais; ou revogá-los, por motivos de conveniência ou oportunidade. A isso, denomina-se de controle interno. O controle finalístico é o realizado sobre os atos praticados pelas entidades da administração indireta. Gabarito, portanto, questão errada. 5 (Paludo, 2010) 6 (Lima L. H., 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 91 O controle interno, denominado como o poder-dever de fiscalização e correção, é, portanto, aquele realizado por órgãos aos quais é conferido, com a finalidade de garantir a conformidade de atuação com os princípios impostos pelo ordenamento jurídico. Vejamos abaixo um quadro com os principais princípios norteadores do controle interno, segundo Lima7: Figura 1. Princípios do controle interno Esse controle pode ser executado por autoridade superior àquela que praticou o ato ou não. Como assim, professor? Bom, já ouviram falar no recurso hierárquico próprio? Esse recurso dirige-se à autoridade ou instância superior do mesmo órgão administrativo no qual o ato foi exercido. Resumindo, o poder-dever exercido para garantir a conformidade de atuação com os princípios impostos pelo ordenamento jurídico não impõe que apenas autoridade superior hierarquicamente o exerça, ok? 7 (Lima L. H., 2009) Correção dos desvios identificados. Controle sobre as transações; Análise do custo-benefício; Princípio do acesso limitado e autorizado ao ativo; Princípio da Supervisão; Autorização Hierárquica; Segregação das Funções; 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 91 O recurso administrativo, portanto, pode ser um meio de realizar o controle interno, por permitir que a própria administração revise seus atos, com a finalidade de alcançar o interesse público e permitir a observância do princípio da legalidade. A Lei 10.180, de 06 de fevereiro de 2001, entre outras atribuições, organiza e disciplina o sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Pode-se tirar do artigo 21 desta Lei que o Sistema de Controle Interno compreende atividades de avaliação: Do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual; Da execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; Da gestão dos administradores públicos federais. Figura 2. Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal O Decreto 5.683, de 2006, que trata sobre a estrutura regimental da Controladoria Geral da União, órgão central do Sistema de Controle Interno, traz diversas competências da Secretaria Federal de Controle Interno. Citarei, agora, algumas dessas competências: Coordenar as atividades integradas dos órgãos e das unidades do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal; Controlar operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres da União; Avaliar o desempenho e supervisionar a consolidação dos planos de trabalho das unidades de auditoria interna das entidades da administração pública federal indireta; Avaliar o cumprimento das metas estabelecidas no plano plurianual e na lei de diretrizes orçamentárias; Avaliar a execução dos orçamentos da União; Controladoria Geral da União - Órgão Central Órgãos Setoriais (Min. Relações Exteriores) Órgãos Setoriais (Min. da Defesa) Órgãos Setoriais (Advocacia-geral da União) Órgãos Setoriais (Casa Civil) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 91 Fiscalizar e avaliar a execução dos programas de governo, inclusive ações descentralizadas realizadas à conta de recursos oriundos dos orçamentos da União, quanto ao nível de execução das metas e dos objetivos estabelecidos e à qualidade do gerenciamento; Dessa forma, vocês conseguem ter uma ideia de que o Sistema de Controle Interno possui muito mais competência do que as enumeradas no texto constitucional. Por fim, o Decreto 3.591, de 2000, que também trata sobre o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, retrata, no seu artigo terceiro, as atividades compreendidas no âmbito desse Sistema. Quando os órgãos do Sistema de Controle Interno avaliam o cumprimento das metas do Plano Plurianual, ele estará tentando comprovar a conformidade da sua execução. Agora, se o Sistema de Controle Interno estiver avaliando a execução dos programas de governo, ele buscará comprovar o nível de execução das metas, o alcance dos objetivos e a adequação do gerenciamento. Já a avaliação da execução dos orçamentos da União é uma atividade do Controle Interno que busca comprovar a conformidade da execução com os limites e destinações estabelecidos na legislação pertinente. Seguindo o raciocínio, o Decreto ainda dispõe que a avaliação da gestão dos administradores públicos federais tem a finalidade de comprovar a legalidade e a legitimidade dos atos e de examinar os resultados quanto à economicidade, à eficiência e à eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial, de pessoal e demais sistemas administrativos e operacionais. Finalmente, a ação de controlar as operações de crédito, avais, garantias, direitos e haveres da União busca aferir a sua consistência e a adequação dos controles internos. Prestem atenção em uma coisa: quando a legislação impõe o apoio ao Controle Externo por parte do Controle Interno, ela quer garantir que este forneça informações e resultados de suas ações a aquele. Breve histórico da CGU O controle interno do Poder Executivo brasileiro é uma atribuição da Controladoria Geral da União, através da Secretaria 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 91 Federal de Controle Interno (SFC) – órgão central do sistema de controle interno. Esse tipo de controle evoluiu bastante no Brasil nos últimos vinte anos. Sua origem se deu com o Decreto-Lei 200/67, que instituiu a criação das Cisets (secretarias de controle interno dos ministérios)8. Estes primeiros órgãos, porém, não tinham capacidade de avaliar a efetividade dos programas e políticas públicas. Deste modo, acabavam se concentrando somente no controle dos procedimentos e normas legais. Sua cultura e foco eram extremamente formalistas. Além disso, as Cisets estavam subordinadas aos próprios ministros que deveriam controlar. Assim, estes órgãos não tinham uma maior autonomia institucional para poder avaliar com isenção o trabalho e os resultados dos ministérios. Na década de 90, ao passo de outras reformas institucionais e legais, foi identificada a necessidade de um novo tipo de controle interno – mais focado no desempenho dos órgãos em executar os programas e políticas públicas, e não somente no controle dos procedimentos legais. Além disso, outros fatores acabaram por evidenciar as falhas do controle interno naquela época. De acordo com Olivieri9, “Entre 1992 e 1993 dois fatores político- institucionais contribuíram para a criação da SFC ao produzirem o diagnóstico de que o modelo das Cisets não funcionava e precisava ser alterado. Uma auditoria do TCU sobre o sistema de controle interno, em 1992, apontou a baixa eficiência e eficácia dos controles, e em 1993/1994 a CPMI do Orçamento, decorrente do escândalo dos “anões do orçamento”, apontou falhas graves no sistema de controle interno do Poder Executivo...” Com isso, foi criada em 1994 a Secretaria Federal de Controle Interno (SFC). O objetivo principal foi o de criar as condições para que o controle interno passasse a controlar e monitorar o desempenho das políticas públicas e dos órgãos federais na aplicação dos recursos públicos. Naquele primeiro momento, a SFC estava subordinada ao Ministério da Fazenda. Em 2002, ocorreu a criação da CGU. A SFC passou a estar ligada então à CGU, sendo um de seus principais “braços”. Inicialmente esta última chamava-se Corregedoria-Geral da União. Em 2003, seu nome passou a ser Controladoria-Geral da União. De 8 (Olivieri, 2010) 9 (Olivieri, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 91 certa forma, a mudança do nome (apesar da sigla ter continuado a mesma) aponta a ampliação do raio de atuação da CGU. A atuação da CGU integra as ações de prevenção e combate à corrupção, auditoria pública, corregedoria, atividades de ouvidoria e incremento da transparência na gestão. Atualmente, a CGU engloba quatro principais “áreas” de atuação, ou órgãos, que compõem o sistema de integridade do governo federal, conforme o sítio eletrônico da instituição: Secretaria Federal de Controle Interno – exerce as atividades de órgão central do sistema de controle interno do Poder Executivo Federal. Nesta condição, fiscaliza e avalia a execução de programas de governo, inclusive ações descentralizadas a entes públicos e privados realizadas com recursos oriundos dos orçamentos da União; realiza auditorias e avalia os resultados da gestão dos administradores públicos federais; apura denúncias e representações; exerce o controle das operações de crédito; e, também, executa atividades de apoio ao controle externo; Corregedoria-Geral da União – atua no combate à impunidade na Administração Pública Federal, promovendo, coordenando e acompanhando a execução de ações disciplinares que visem à apuração de responsabilidade administrativa de servidores públicos. Atua também capacitando servidores para composição de comissões disciplinares; realizando seminários com o objetivo de discutir e disseminar as melhores práticas relativas do exercício do Direito Disciplinar; e fortalecendo as unidades componentes do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal (SisCOR), exercendo as atividades de órgão central deste sistema.; Ouvidoria-Geral da União – exerce a supervisão técnica das unidades de ouvidoria do Poder Executivo Federal. Com esse propósito orienta a atuação das unidades de ouvidoria dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal; examina manifestações referentes à prestação de serviços públicos; propõe a adoção de medidas para a correção e a prevenção de falhas e omissões dos responsáveis pelainadequada prestação do serviço público; e contribui com a disseminação das formas de participação popular no 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 91 acompanhamento e fiscalização da prestação dos serviços públicos; Secretaria de Transparência e Prevenção da Corrupção – Atua na formulação, coordenação e fomento a programas, ações e normas voltados à prevenção da corrupção na administração pública e na sua relação com o setor privado. Entre suas principais atribuições, destacam-se a promoção da transparência, do acesso à informação, do controle social, da conduta ética e da integridade nas instituições públicas e privadas. Promove também a cooperação com órgãos, entidades e organismos nacionais e internacionais que atuam no campo da prevenção da corrupção, além de fomentar a realização de estudos e pesquisas visando à produção e à disseminação do conhecimento em suas áreas de atuação. Assim, a CGU possibilita um instrumento de monitoramento da máquina pública ao Presidente da República e seus ministros, de modo que possa avaliar se os atos de gestão estão sendo executados de acordo com suas diretrizes e se os resultados das ações governamentais estão sendo satisfatórios. Portanto, a CGU possibilita ao chefe do Poder Executivo uma melhor avaliação do alinhamento da burocracia aos projetos do governo e se as políticas públicas estão atingindo os resultados desejados10. Além disso, a CGU não deixa de ser um instrumento de accountability do Estado. Ou seja, facilita e possibilita mais uma camada de controle da atuação do Estado e fornece instrumentos para a prestação de contas dos agentes públicos e de responsabilização destes. Entretanto, a CGU não tem o poder para impor suas recomendações aos órgãos fiscalizados. O que ela pode e deve fazer é sugerir alterações, além de relatar os problemas encontrados. Técnicas de Trabalho do Controle Interno O artigo 4o do Decreto 3591, de 2000, trata sobre as técnicas utilizadas no sistema de controle interno do Poder Executivo Federal, conforme podemos observar abaixo: 10 (Olivieri, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 91 “Art. 4o O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal utiliza como técnicas de trabalho, para a consecução de suas finalidades, a auditoria e a fiscalização. §1o A auditoria visa a avaliar a gestão pública, pelos processos e resultados gerenciais, e a aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado. §2o A fiscalização visa a comprovar se o objeto dos programas de governo corresponde às especificações estabelecidas, atende às necessidades para as quais foi definido, guarda coerência com as condições e características pretendidas e se os mecanismos de controle são eficientes.” Instrumental de Trabalho do Controle Interno O Controle Interno possui os seguintes instrumentais de trabalho: 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 91 Figura 3. Instrumental de trabalho Pessoal, o controle interno tem um papel relevante em processos de contas e nas tomadas de contas especiais, subsidiando o TCU com relatórios, certificados e pareceres dos órgãos de controle interno. Vale lembrar apenas que se o controle interno aprovar determinadas contas, não necessariamente o TCU irar concordar também. Normalmente, os julgamentos coincidem, mas os dois possuem absoluta independência, ok? ͻ documentos que embasam a atuação do profissional de auditoria e fiscalização, proporcionada por terneiros ou preparada por ele. Papéis de Trabalho ͻ documentos que informam os apontamentos com alta relevância encontrados durante o trabalho de auditoria. Notas ͻ tipo de documento que serve para solicitar algum outro documento no decorrer do trabalho de coleta de informações. Solicitações de auditoria ͻ documentos que apresentam o resultado daquilo que fora examinado, sendo direcionadoao superior competente. Relatórios ͻ documento que registra os fatos mais relevantes com o intuito de originar um banco de dados. Registro das Constatações ͻ documento com o registro do auditor do Sistema de Controle Interno sobre a regularidade e a exatidão do que foi examinado em processo de contas. Certificado ͻ documento indispensável, nos casos de tomada e prestação de contas, com a conclusão dos trabalhos, que será remetido ao TCU. Parecer 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 91 Segundo Lima11, “os pareceres do Controle Interno não têm o condão de vincular ou afastar a competência exclusiva deste Tribunal (TCU), outorgada pela Constituição Federal (art. 70 e 71) e pela Lei Orgânica no 8.443/1992, para julgar a regular aplicação dos recursos federais”. Por último, o que devemos saber é a forma de como será apresentada a avaliação do controle interno. A opinião se dará por meio dos seguintes instrumentos de trabalho: Relatório; Nota; Certificado; Parecer. Controle Externo Já o controle externo é efetuado por outra entidade, ou seja, existe o controle de um poder sobre o outro. No caso do governo federal, o controle externo é realizado pelo Congresso Nacional, com o devido auxílio do Tribunal de Contas da União. Mas professor, o TCU é então subordinado ao Legislativo? Não podemos entender assim, pois o TCU tem suas prerrogativas estipuladas na CF/88 e, portanto, tem autonomia para exercer suas funções. O que podemos dizer, e o que vem sendo considerado como correto nas provas de concurso, é que o TCU é um órgão auxiliar, mas não é subordinado ao Legislativo. Desta forma, é um órgão independente. O controle externo é uma ferramenta importante no “balanço de poder” entre os três poderes da União, ou seja, da busca de um equilíbrio harmônico entre estes poderes. Desta maneira, busca-se evitar que um poder da república fique “forte” demais perante os outros. Assim, uma das maneiras de se fazer isso seria através do controle externo, em que um poder “fiscalizaria” as ações dos outros. Da mesma forma do controle interno, o controle externo é detalhado na Constituição Federal, em seu artigo n° 71: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio 11 (Lima L. H., 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 91 do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos deadmissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 91 VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.” Primeiramente, observem que os incisos II, VI e VIII demonstram que o TCU é responsável pela fiscalização e controle da atuação de agentes que devem gerir os recursos públicos de forma que torne viável as atividades públicas. Para isso, isto é, para aplicar a responsabilização desses agentes públicos na administração do erário público, o Tribunal de Contas deve fiscalizar e julgar as contas dos responsáveis pelos gastos. E, ainda, caso haja ilegalidade ou irregularidade de contas, deve-se aplicar as sanções previstas em lei. Em frente à omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, da existência de desvio de erário público, a autoridade administrativa competente deverá instaurar a Tomada de Contas Especial. A Tomada de Contas Especial (TCE) nada mais é do que a apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano pela autoridade competente, sob pena de responsabilidade solidária, conforme artigo oitavo da Lei 8.443, de 1992. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 91 Ao julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros e valores públicos, o Tribunal informará que elas terão os seguintes status: regulares, regulares com ressalva ou irregulares, conforme quadro abaixo: Figura 4. Resultado do julgamento das contas dos gestores Ao responsabilizar o gestor público em casos de irregularidades, o TCU irá impor sanções aos responsáveis, como aplicações de multas e dever de ressarcimento em casos de desfalques, desvios ou qualquer outro débito apurado nas contas. O TCU apurará a responsabilização do gestor público, civil e administrativamente. Já vimos, em nossa aula, essas duas formas. Quando falamos da responsabilização prevista constitucionalmente, isto é, aquelas relacionadas nos incisos II, VI e VIII do artigo 71 da CF/88, estamos considerando a responsabilidade civil do gestor público. Agora, quando nos referimos, há pouco, sobre os resultados dos julgamentos das contas dos gestores em regulares, regulares com ressalva ou irregulares, estávamos falando da competência do TCU em responsabilizar administrativamente o gestor público. Regulares ͻQuando houver exatidão das demonstrações contábeis; ͻQuando os atos de gestão dos responsáveis forem considerados legais, legítimos e econômicos. Regulares com Ressalva ͻEm casos de apresentarem qualquer falta ou impropriedade, mas sem resultar em dano ao erário. Irregulares ͻQuando o responsável se omitir no dever de prestar contas; ͻQuando detectados atos ilegais, ilegítimos, antieconômico; ͻQuando o ato ilegítimo ou antieconômico resultar em dano ao erário; ͻQuado houver desfalque ou desvio de bens, valores ou dinheiro público. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 91 Pessoal, vale lembrar de que, ao responsabilizar o gestor civilmente ou administrativamente, o gestor não escapará de ser responsabilizado na esfera penal ou de, simplesmente, receber sanções disciplinares, ok? Outro tipo de responsabilização que recai sobre aqueles que administram o erário público é a que decorre da natureza objetiva ou subjetiva. Na responsabilidade objetiva, haverá o dever de corrigir o dano ocorrido se e somente se os seguintes elementos estiverem presentes: Ação do agente: que poderá ser tanto omissiva, quanto comissiva; Ocorrência de dano; Nexo de causalidade entre a ação do agente e a ocorrência do dano. Já na responsabilidade subjetiva, além dos requisitos apresentados acima, deve-se provar que o agente agiu com culpa ou dolo. O TCU também poderá imputar Responsabilidade a Terceiros, desde que comprove que houve conluio entre o terceiro e o gestor público nos casos de dano ao erário decorrente de atos ilegítimos ou nos casos de desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou valores públicos. Para que a responsabilidade seja imputada a terceiros, este deve ser contratante ou parte interessada do ato, e deve concorrer para o cometimento do dano apurado, conforme dispõe dispositivo da Lei n0 8.443, de 1992. Bom, pessoal, depois de analisarmos a responsabilidade no âmbito do controle das contas públicas, veremos agora outras formas de controle externo. De acordo com Paulo e Alexandrino12, podemos citar como exemplos de: 12 (Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 91 O controle externo tem várias facetas. O Congresso Nacional exerce o controle externo nas dimensões de fiscalização (para facilitar a memorização – COFOP): contábil, orçamentária, financeira, operacionale patrimonial. Em cima disto, a nossa CF/1988 tratou de impor o seguinte: “Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder”. O controle contábil busca assegurar que a movimentação e a aplicação dos recursos públicos estão sendo feitas de acordo com os princípios contábeis e que todas as mutações econômicas e financeiras foram contabilizadas de modo correto. O controle financeiro se preocupa com os fluxos financeiros, ou seja, com a entrada e saída de recursos dos caixas do Estado. Já o controle orçamentário busca assegurar que o orçamento esteja sendo seguido de acordo com as leis aprovadas no Legislativo, controlando as receitas e despesas previstas e realizadas. A fiscalização operacional está relacionada à gestão da máquina pública, ou seja, entra nos aspectos do mérito das decisões do gestor, e não somente da legalidade. Assim sendo, busca assegurar os aspectos de eficiência, eficácia e efetividade da gestão pública. Desta forma, os projetos e programas governamentais são analisados para se assegurar que as decisões tomadas foram não só ͻ A sustação, pelo Congresso Nacional, de atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar; ͻ A anulação de um ato do Poder Executivo por decisão judicial; ͻ O julgamento anual, pelo Congresso Nacional, das contas prestadas pelo Presidente da República e a apreciação dos relatórios, por ele apresentados, sobre a execução dos planos de governo; ͻ A auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União sobre despesas realizadas pelo Poder Executivo federal. Exemplos de Controle Externo: 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 91 legais, mas eficientes e eficazes. Como exemplo deste tipo de controle, temos as análises de custo benefício dos programas governamentais onde os programas são avaliados de acordo com o investimento efetuado e o impacto gerado na sociedade. Por fim, temos o controle patrimonial, que se refere à gestão dos bens públicos. Aqui temos os bens como conceito amplo, incluindo os bens de uso da população. Como exemplos de controle patrimonial, temos as alienações: como privatizações de empresas e de imóveis públicos. De acordo com Meirelles13, o controle externo: “É o que se realiza por órgão estranho à Administração responsável pelo ato controlado e visa a comprovar a probidade da Administração e a regularidade da guarda e do emprego de bens, valores e dinheiros públicos, bem como a fiel execução do orçamento. Para finalizar, vamos apenas citar mais algumas competências do TCU no exercício como órgão de controle externo, de acordo com a Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, que trata sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União. Sabemos que cabe ao TCU apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio. Ao TCU também é dever emitir parecer prévio sobre as contas do Governo de Território Federal, no prazo de sessenta dias, a contar de seu recebimento, na forma estabelecida no seu Regimento Interno. Quanto ao seu regulamento, o próprio TCU deve elaborar e alterar seu Regimento Interno, e seguindo este ordenamento, deverá eleger seu Presidente e seu Vice-Presidente, além de dar-lhes posse, posteriormente. Os ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal gozarão de licença, férias e outros afastamentos após serem concedidas pelo TCU. No caso de licença para tratamento de saúde por um período superior a seis meses, deverá haver inspeção por junta médica, ok? O próprio TCU pode propor fixação de vencimentos ao Congresso Nacional de seus ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, assim como a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções de quadro de pessoal de sua secretaria, bem como a fixação da respectiva remuneração. 13 (Meirelles, 1997) apud (Lima L. H., 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 91 Por fim, quando uma autoridade competente formular consulta ao TCU sobre dúvidas quanto aos dispositivos legais e regulamentares concernentes a matéria de sua competência, o Tribunal deverá decidir sobre tal. O TCU tem jurisdição própria e privativa sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência dentro do território brasileiro. Prestação de Contas Todas as pessoas que venham a utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar recursos públicos devem prestar contas, isto é, devem mostrar que os recursos, que estão sob sua tutela, estão sendo aplicados corretamente. A finalidade dos processos de contas é a de possibilitar a verificação da regular aplicação dos recursos, à luz dos princípios da legalidade, legitimidade e economicidade14. Portanto, tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas devem prestar contas, independentemente de serem públicas ou privadas. Ou seja, se uma empresa privada tiver algum contato com os recursos públicos, deve prestar contas dos mesmos. Veja como a Constituição Federal, de 1988, definiu este tema: “Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária” Desta forma, o que podemos entender do texto constitucional acima é que não importa quem esteja do “outro lado”. Se tiver recurso público envolvido em uma situação, as pessoas relacionadas deverão prestar contas. No caso do Presidente da República, as contas de sua administração também devem ser encaminhadas ao Congresso Nacional. De acordo com o Decreto n° 3.591/2000, esta prestação de contas será feita pela Secretaria Federal de Controle Interno do Ministério da Fazenda, com a seguinte composição: I. Relatório de Atividades do Poder Executivo; II. Execução do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social; 14 (Lima L. H., 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 91 III. Balanços da Administração Indireta e Fundos; IV. Execução do Orçamento de Investimento das Empresas Estatais. Outro ponto importante no tocante aos Tribunais de Contas é a decisão do STF de que eles podem realizar o controle de constitucionalidade15. De acordo com a súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.” Vamos praticar agora? (CESPE – DPU – DEFENSOR) De acordo com o STF, o TCU não tem competência para julgar contas das sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica, ou de seus administradores, já que os bens dessas entidades não são públicos, mas, sim privados. De acordo com o STF, as empresas públicas ou as sociedades de economia mista estão sujeitas ao controle e fiscalização perante o Tribunal de Contas. Isto ocorre porque, apesar do seu regime de direito privado e da exploração econômica, seu capital é composto por recursos públicos (100 por centono caso das empresas públicas e a maioria das ações ordinárias com direito a voto no caso das SEMs). Desta maneira, o gabarito é questão incorreta. Pois bem, guardem a seguinte informação: nem todos são obrigados a prestar contas ao TCU, ou porque este pode simplesmente dispensar esta responsabilidade; ou pelo fato de que o dever de prestar contas se dê a outro órgão, como no caso de repasses federais a órgãos e entidades, cuja prestação se dará aquele que repassou o recurso. Pessoal, nós já discorremos durante a aula sobre alguns assuntos, mas gostaria aqui de fazer um quadro-resumo entre três conceitos que podem estar confusos na cabeça de alguns. Veremos de forma simplificada a diferença entre Prestação de Contas, Tomada de Contas e Tomada de Contas Especial. 15 (Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 91 Figura 5. Diferença entre Tomada de Contas, Prestação de Contas e TCE. Controle Administrativo O controle administrativo é, de certa forma, um tipo de controle interno. Ele é efetuado através da capacidade que a Administração Pública tem de autotutela16. Assim, sempre que a Administração buscar corrigir ou alterar seus próprios atos administrativos estará exercendo este tipo de controle. De acordo com Alexandrino & Paulo17, o controle administrativo “é sempre um controle interno, porque é realizado por órgãos integrantes de um mesmo Poder que praticou o ato”. Os autores também confirmam que esse controle deriva do poder de autotutela que a administração pública exerce sobre seus próprios agentes. Não confundir, portanto, autotutela com tutela administrativa (ou tutela ministerial). Tutela tem relação com o controle finalístico realizado pela Administração Direta sobre as entidades da Administração Indireta, ok? 16 (Mazza, 2011) 17 (Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014) Tomada de Contas ͻPrestação de contas a órgãos de controle pelo gestor do erário público da Administração DIRETA, no findo do exercício financeiro. Prestação de Contas ͻPrestação de contas a órgãos de Controle pelo gestor do erário público da Administração INDIRETA, no findo do exercício financeiro. Abrange também as pessoas físicas que recebem valores públicos para finalidades sociais. Tomada de Contas Especial ͻQuando houver omissão no dever de prestar contas, ou prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário, os responsáveis devem ser identificados e o dano, quantificado. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 91 Os meios de controle administrativo podem ser classificados em: supervisão ministerial e o controle hierárquico. No controle não hierárquico, o controle administrativo pode-se dar de duas formas18: supervisão ministerial ou entre órgãos que, embora integrem uma só pessoa jurídica, não estão na mesma linha de escalonamento vertical. A supervisão ministerial, também conhecida como controle finalístico, é efetuada pela administração direta em relação à administração indireta. Ou seja, o controle é efetuado sobre os órgãos descentralizados, de modo que buscam seus objetivos finalísticos19. Portanto, não se trata de subordinação de um órgão ao outro, mas de controle do enquadramento ou não da instituição ao programa de governo e as finalidades do seu próprio estatuto. Já o controle hierárquico é próprio de qualquer organização que tenha uma divisão de trabalho em níveis hierárquicos diferentes. Assim, o presidente de uma estatal tem o controle hierárquico sobre seus diretores, por exemplo. Este controle é sempre um tipo de controle interno, pois somente ocorre dentro da mesma estrutura organizacional. Ele é mais comum no Poder Executivo, mas ocorre em todos os poderes sempre que existir um superior que comande um subordinado. De acordo com Hely Lopes Meirelles20: “Controle administrativo é todo aquele que o Executivo e os órgãos da administração dos demais poderes exercem sobre suas próprias atividades, visando mantê-las dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas de sua realização, pelo que é um controle de legalidade, de conveniência e de eficiência.” Dessa forma, podemos concluir que o controle administrativo pode ser feito de ofício ou por provocação de terceiros, como ocorre nos casos de: reclamação administrativa, pedidos de reconsideração, recursos administrativos e direito de petição. Nestes casos, alguma pessoa ou entidade se dirige à administração pública e busca a correção de algum ato ou postura do Estado. 18 Idem 19 (Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009) 20 (Meirelles) apud (Lima C. A., 2005) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 91 Controle Legislativo Este controle é efetuado pelo próprio parlamento e por seus órgãos auxiliares (como o TCU, no caso da União). De acordo com Carvalho Filho21, este controle pode ser dividido em dois tipos: o controle político e o controle financeiro. O controle político ocorre quando o Congresso decide sobre tratados internacionais, abre comissões parlamentares de inquérito ou convoca autoridades para que prestem informações. De acordo do Di Pietro22: “abrange aspectos ora de legalidade, ora de mérito, apresentando-se, por isso mesmo, como de natureza política, já que vai apreciar as decisões administrativas sob o aspecto inclusive da discricionariedade, ou seja, da oportunidade e conveniência diante do interesse público.” O controle financeiro é de competência exclusiva do Poder Legislativo e é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas. Dentre os instrumentos que o Poder Legislativo tem para efetuar estes tipos de controle, podemos citar23: A competência de sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa; A instituição de Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs; A sustação de contratos administrativos que forem objeto de impugnação pelo tribunal de contas; Convocação de Ministros de Estado para prestar informações dobre assuntos determinados; Julgar o chefe do Poder Executivo por crime de responsabilidade; Autorizar operações externas de crédito financeiro de interesse da União, de estados, do DF e municípios; Legislar sobre a criação e extinção de ministérios. 21 (Carvalho Filho) apud (Mazza, 2011) 22 (Di Prieto) apud (Paludo, 2010) 23 (Mazza, 2011) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 91 Além destes instrumentos, o Poder Legislativo conta, é claro, com o auxílio dos tribunais de contas no controle externo da Administração Pública. No momento, temos no Brasil: o Tribunal de Contas da União – TCU, que fiscaliza a utilização de recursos públicos federais, os Tribunais de Contas dos Estados – TCEs (que auxiliam as respectivas Assembléias Legislativas), o Tribunal de Contas do Distrito Federal – TCDF (que auxilia a Câmara Distrital doDF) e os Tribunais de Contas dos Municípios – TCMs (que auxiliam as Câmaras Municipais). Ainda sobre o controle político, a nossa Carta Magna dispõe que Ministro de Estado ou qualquer titular de órgão subordinado diretamente à Presidência da República pode ser convocado a prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado. E quem tem o poder de convocar? Tanto a Câmara dos Deputados, quanto o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões possuem esse poder. Caso a pessoa convocada não compareça, sem se justificar adequadamente, decairá em crime de responsabilidade. Além da convocação, as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer daquelas pessoas. A recusa ou o não atendimento no prazo de trinta dias importa em crime de responsabilidade. Da mesma forma, caso prestem informações falsas será considerado crime de responsabilidade. Vamos praticar agora? (CESPE – ABIN – OFICIAL) Devido a sua natureza singular, a ABIN não se submete ao controle externo por parte do Tribunal de Contas da União, mas apenas ao controle interno da própria Presidência da República. Como vimos acima, todas as pessoas físicas e jurídicas que utilizem, guardem, arrecadem, gerenciem ou administrem recursos públicos federais terão de prestar contas ao Tribunal de Contas da União. Desta maneira, a ABIN, apesar de sua natureza singular, não está fora do alcance do controle externo efetuado pelo TCU. O nosso gabarito é questão incorreta. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 91 Controle Judicial - Revisão jurisdicional dos atos administrativos O controle judicial das atividades da Administração Pública pode ser do tipo prévio ou posterior, mas só será feito através de alguma provocação ao Poder Judiciário24. Desta forma, o controle judiciário, ou judicial, é o controle efetuado pelo Poder Judiciário no exercício de sua função principal – a jurisdicional25. Entretanto, uma “pegadinha” comum em provas é perguntar sobre a veracidade da seguinte afirmativa: o Poder Judiciário não efetua o controle administrativo. Pessoal, quando o Poder Judiciário está exercendo a função administrativa (quando contrata um serviço, por exemplo) pode sim efetuar um controle administrativo, ou seja, exerce o controle interno de suas próprias atividades e atos. O Brasil não adota o modelo francês, de contencioso administrativo. Desta maneira, o Judiciário é o “ponto final” das causas, ou seja, não cabe ao Executivo julgar de forma definitiva. Entretanto, quando o Poder Judiciário está exercendo a função administrativa (quando contrata um serviço, por exemplo) pode sim efetuar um controle administrativo, ou seja, controle interno das suas próprias atividades e atos. De acordo com Carvalho Filho26, o Poder Judiciário tem certos limites de atuação, pois não cabe atuar nos atos políticos ou nos atos interna corporis. Além disso, deve sempre analisar a legalidade e a legitimidade dos atos, nunca o seu mérito. Pode, entretanto, investigar a legalidade e legitimidade dos atos discricionários27. Os principais instrumentos de controle judicial da Administração Pública são: Mandado de segurança–tem a função de proteger direito líquido e certo, que não seja amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder seja uma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de uma atribuição de Poder Público28; 24 (Mazza, 2011) 25 (Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009) 26 (Carvalho Filho) apud (Mazza, 2011) 27 (Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009) 28 (Mazza, 2011) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 91 Ação Popular – Pode ser proposta por qualquer cidadão que busque anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa e ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural; Habeas Data – Visa assegurar o conhecimento, retificação e contestação de informações relativas à pessoa impetrante, que sejam constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Ação Civil Pública– Serve para a proteção de direitos difusos ou coletivos; Ação de Improbidade – busca coibir práticas de improbidade e podem acarretar ao agente público: a devolução de bens, a suspensão de direitos políticos, a multa civil, a perda da função pública, a indisponibilidade de bens, a proibição de contratar com o Estado e o ressarcimento do dano causado. O Poder Judiciário conta com o Conselho Nacional de Justiça que tem, como função, o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes29. O CNJ também visa, mediante ações de planejamento, à coordenação, ao controle administrativo e ao aperfeiçoamento do serviço público na prestação da Justiça30. Assim, de certa forma, o CNJ efetua um controle interno31 do Poder Judiciário. Sistema de Freios e Contrapesos A nossa Carta Magna, no seu artigo 2º dispõe o seguinte: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Percebam que no artigo podem-se retirar duas coisas: a primeira é quais são os Poderes da União, e a segunda é afirmar que ao mesmo tempo em que são independentes entre si, devam guardar harmonia. 29 (Costin, 2010) 30 Fonte: www.cnj.jus.br 31 (Paludo, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 91 Para a doutrina, a separação dos poderes é denominada de Sistema de Freios e Contrapesos. Com o princípio da separação dos poderes, cada um dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) possuem funções fixadas. Entretanto, essas funções não são exclusivas. E o que isso significa, professor? Significa que cada Poder possui uma função típica da sua natureza, no entanto, exercem funções atípicas também. Vejamos agora um quadro com exemplos de funções dos Poderes, típicas e atípicas: Figura 6. Exemplo de funções típicas e atípicas dos Poderes. Ministério Público O Ministério Público é uma instituição dinâmica de garantia e efetivação de direitos, pois não precisa ser provocado para atual em prol de sua concretização32. Esta atuação é ainda mais percebida pela sociedade no caso dos direitos que necessitam da atuação do Estado, por meio de políticas públicas, para sua efetivação. No caso brasileiro, o Ministério Público ascendeu a uma posição de destaque, pois a Constituição Federal posicionou o MP fora da estrutura 32 (Costin, 2010) Poder Legislativo ͻ Função Típica: Legislar. ͻ Função Atípica: Organizar seus serviços internos ou Processar e julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade. Poder Executivo ͻ Função Típica: Administrar. ͻ Função Atípica: Legislar (edição de medida provisória) ou produção de normas gerais e abstratas (Poder Regulamentar) ou julgar (seus membros). Poder Judiciário ͻ Função Típica: Julgar. ͻ Função Atípica: Organizar seus serviços ou Elaborar os regimentos internos dos Tribunais. 37903993372 Administraçãop/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 91 de qualquer dos poderes. Assim, não está subordinado a nenhum dos Poderes. Dessa forma, o Ministério Público tem autonomia funcional e administrativa asseguradas pela CF/88, e não está subordinado ao Executivo Legislativo ou Judiciário33. Entretanto, a CF destinou ao MP diversas garantias semelhantes aos do Poder Judiciário. Dentre os direitos e interesses que o MP defende, entre outros, estão34: Os direitos humanos; A democracia, os direitos políticos, a nacionalidade e o devido processo eleitoral; O respeito às diferenças de etnia, sexo, crença e de condição psicofísica; A correta aplicação das verbas em educação saúde e segurança; O respeito à ordem econômica e aos direitos do consumidor; O acesso a serviços públicos de qualidade; Além disso, o Ministério Público exerce, de certa forma, um controle externo da Administração Pública, pois ele atua em denúncias de improbidade administrativa (conduta antiética que fere ou se distancia dos padrões morais admitidos35) de seus agentes, nas denúncias de crimes cometidos por autoridades e na defesa de direitos difusos e coletivos36. Dentre seus instrumentos, podemos citar: o inquérito civil, a ação de improbidade administrativa e a ação civil pública. O Ministério Público brasileiro é formado pelos ministérios públicos estaduais, pelo Ministério Público da União (MPU). No Ministério Público da União, a chefia é exercida pelo Procurador- Geral da República. Este é indicado pelo Presidente da República dentre os integrantes da carreira de Procurador da República e deve ser aprovado pelo Senado Federal para um mandato de dois anos, sendo a recondução permitida37. Continuando, a intervenção do MP também ocorre em todas as instâncias do Judiciário, em qualquer época (havendo ou não 33 Fonte: www.pgr.mpf.gov.br 34 Fonte: www.pgr.mpf.gov.br 35 (Matias-Pereira, 2009) 36 (Paludo, 2010) 37 (Costin, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 91 eleição), e pode ser como parte (propondo ações) ou fiscal da lei (oferecendo parecer)38. São funções institucionais do Ministério Público39: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Controle Social – participação social O controle social, ou popular, refere-se à participação da sociedade, como um todo, na elaboração, acompanhamento e monitoramento do poder público. Desta forma, a própria sociedade exerceria, então, o controle sobre o Estado. 38 Fonte: http://www.eleitoral.mpf.mp.br/eleitoral_new/institucional/sobre-o-mpe/ 39 Fonte: Constituição Federal, art. n°129 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 91 Neste caso, não estamos nos referindo apenas ao direito de ter informações sobre os atos do poder público, mas, além disso, da participação da sociedade na gestão pública. Claro que, em uma democracia, as próprias eleições seriam um tipo de controle da sociedade, pois pelo voto podemos aprovar ou não um representante do povo no Legislativo ou no Executivo. Entretanto, devem existir outras formas de controle e participação da sociedade na condução da gestão governamental. De acordo com Lima40: “Numa democracia, o controle social é exercido desde o processo de elaboração das políticas públicas, por exemplo, mediante consultas e audiências públicas, até o acompanhamento e monitoramento de sua execução. Transparência e participação na gestão pública são fatores determinantes para o controle efetivo da sociedade sobre a gestão pública.” Desta forma, o controle externo busca aproximar o controle da gestão pública para o nível em que esta ação pública efetivamente ocorra. Assim, não só se fortalece o controle da gestão pública, mas também se amplia a cidadania, com o envolvimento dos cidadãos e das instituições no controle das atividades do Estado41. Portanto, a modernização da máquina estatal deve ampliar o espaço em que a sociedade possa participar e controlar as ações governamentais, ou seja, novas “arenas” e mecanismos devem ser criados para que esta participação popular seja efetiva e que possamos ter o envolvimento da sociedade na definição, execução e avaliação dos programas governamentais e das políticas públicas. Dentre as formas de controle social, temos: A possibilidade de qualquer cidadão denunciar irregularidades ao TCU (ou outros tribunais de contas); A possibilidade de qualquer cidadão entrar com uma ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público. Desta forma, um cidadão qualquer pode entrar com uma denúncia se considerar que algum agente público está gerindo mal os recursos públicos, se avaliar que uma obra pública está superfaturada, etc.; 40 (Lima L. H., 2009) 41 (Paludo, 2010) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 91 Obrigação dos entes governamentais de disponibilizar ao contribuinte as contas públicas; O orçamento participativo; As audiências públicas; Conselhos gestores de políticas públicas; Os conselhos municipais. De acordo com Paludo42, as novas tecnologias de informação e comunicação estão facilitando o controle social pela sociedade, pois permitem um acesso maior e mais rápido a toda uma gama de informações relativas às ações do Poder Público. A própria prática continuada da democracia no Brasil, de acordo com Matias-Pereira43, está levando a uma cobrança cada vez maior por transparência e participação por parte da sociedade. Ouvidorias Com a evolução do relacionamento entre o Estado e os cidadãos, as ouvidorias destacaram-se como mais um passo em direção ao aumento do controle social. Essas ouvidorias são “canais de comunicação” entre os simples cidadãos e as instituições públicas. Um ouvidor deve estar sempre disponível para tirar dúvidas, receber sugestões e propor melhorias e correções dentro do órgãoou setor público. As ouvidorias públicas, de acordo com Perez44, “configuram-se como “instrumentos jurídicos” que ensejam aos cidadãos a possibilidade de participarem, “diretamente ou através de representantes, dos processos decisórios, das execuções ou controles das tarefas, desempenhadas pela Administração Pública.” Assim sendo, as ouvidorias funcionam como intermediários entre os cidadãos e a máquina estatal. Possibilitam, também, uma maior conscientização da população em relação aos seus direitos e deveres. Quando somos ouvidos e notamos que nossas dúvidas e demandas estão sendo levadas em consideração, nos sentimos mais atuantes e 42 (Paludo, 2010) 43 (Matias-Pereira, 2009) 44 (Perez, 2004) apud (Barreto, 2009) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 91 valorizados, não é mesmo? Portanto, essas ouvidorias servem também como um instrumento de valorização da democracia participativa, pois incentivam a participação direta da população na resolução dos problemas e na melhoria do atendimento público. De acordo com Barreto45, “A ouvidoria se caracteriza como um mecanismo de controle social. É um instrumento de controle social, porquanto visa precipuamente, através de sua atuação, garantir a satisfação do interesse público, dando abertura ao cidadão para que este se manifeste sobre a atuação do Estado.” Outro aspecto importante do funcionamento das ouvidorias é como agente de mudanças dentro da máquina estatal. Quando uma ouvidoria funciona bem, esta passa a cobrar respostas mais rápidas e com um nível maior de qualidade aos cidadãos/usuários. Um ouvidor deve, também, fazer um estudo estatístico das demandas e problemas detectados pelos cidadãos. Este estudo pode proporcionar um “mapeamento” das áreas críticas do órgão e subsidiar propostas de mudanças. Isto nem sempre é bem visto por servidores acomodados e refratários ao contato com a população. Muitas vezes, a criação de uma ouvidoria deve vir acompanhada de uma mudança na cultura organizacional da instituição. Desse modo, um fator crítico para o sucesso dessas ouvidorias é o apoio político dos chefes e superiores hierárquicos. Sem este apoio, uma ouvidoria não tem muita chance de obter sucesso. Além disso, o profissional que venha a ocupar este posto deve ter autonomia para defender o cidadão usuário dentro da instituição e cobrar informações e melhores resultados das diversas áreas envolvidas. Para Lyra46, entende-se por ouvidoria um instrumento que visa à concretização dos preceitos constitucionais que regem a administração pública, a fim de que tais preceitos – legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – se tornem, na prática, “eixos norteadores da prestação de serviços públicos”. Ainda segundo o mesmo autor, são atribuições principais de uma ouvidoria pública, além da observância dos preceitos constitucionais que regem a administração pública: 45 (Barreto, 2009) 46 (LYRA, 2004) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 91 indução de mudança, reparação do dano, acesso à administração e promoção da democracia. Vimos que as ouvidorias aumentam o controle social, pois são “canais de comunicação” entre os simples cidadãos e as instituições públicas, não é verdade? Para Teixeira47, as ouvidorias se traduzem num canal em que o cidadão se comunica diretamente com o poder público e, por meio dele, pode fazer sugestões, reclamações ou avaliar a prestação de tal ou qual serviço público. Para sermos ouvidos pelas ouvidorias, temos algumas formas de acioná-los, dentre elas: Por telefone; Por disque-ouvidoria; Por carta; Por fax ou e-mail; Por carta-resposta, etc. A adoção de qualquer um desses meios deve viabilizar o contato do cidadão ao ouvidor que terá o papel essencial em dar andamento ao processo de busca pela melhoria no atendimento ao cidadão. Vale ressaltar que qualquer um dos meios de acionamento da ouvidoria, o reclamante terá o direito de acompanhar o andamento de sua reclamação por meio de senha, além de ser informado de um prazo no qual deverá ter resposta para seu problema. O papel do ouvidor é receber a demanda do cidadão e fixar um prazo para lhe dar uma resposta. No caso de denúncia de irregularidades, o ouvidor pode encaminhá-la ao órgão competente para que este inicie algum tipo de investigação e possa, posteriormente, retornar ao cidadão informando sobre o que foi encontrado e qual o procedimento foi adotado48. Normalmente, as reclamações a uma ouvidoria relacionam-se com atos de gestão pública que deixaram os cidadãos insatisfeitos ou relativos a solicitações de orientações técnicas. As denúncias sobre os atos de gestão trazem algumas consequências aos infratores, pois a partir delas, poderá se instalar um 47 (Teixeira, 2012) 48 (Teixeira, 2012) 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 14 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 91 inquérito, resultando em diversas punições aqueles que infringiram regras utilizando o erário público. Dentre as principais irregularidades detectadas por meio de denúncias em ouvidorias, têm-se as relativas às prestações de contas, aos processos licitatórios, à falta de atenção à LRF e até às concessões indevidas de aposentadorias. Dessa forma, é claro que os agentes públicos não veem com bons olhos as atividades da ouvidoria, causando um grande desafio a continuidade de suas atividades dentro da organização. A cultura organizacional das instituições públicas deve se voltar para a valorização do trabalho das ouvidorias, para assim, elas deixarem de ser vistas com um “sistema repressor”. Outro desafio que as ouvidorias devem ultrapassar é a barreira política, isto é, muitos superiores, principalmente as chefias decorrentes apenas de funções comissionadas não gostam de ser questionados, nem que a sua equipe o seja, pela ouvidoria do órgão. É necessária a obtenção de apoio político para que se alcance de sucesso na solução de reclamações pelo cidadão. Por fim, as ouvidorias têm outro importante papel. Está sendo implantada uma cultura de que não se deve apenas esperar que o cidadão procure a ouvidoria para fazer reclamações ou tirar algumas dúvidas. Agora, a ouvidoria poderá ir ao encontro “da prestação de serviço público”. Dessa forma, servidores que trabalham nas ouvidorias visitam os locais públicos para monitorar a qualidade de serviços, distribuir material sobre a importância do trabalho da ouvidoria, e buscar qualquer indício de desvio de conduta. A visita de um agente a cargo de uma ouvidoria também busca informar aos cidadãos como deverão agir em caso de se depararem com atividades irregulares. Vamos praticar agora? (IADES - METRÔ-DF – ADMINISTRADOR - ADAPTADA) No atual cenário da sociedade, o objetivo do Estado é prestar um serviço cada vez melhor ao cidadão. Para isso, novos canais de atendimento foram criados e surgiram as ouvidorias que são canal de comunicação direto, de pós-atendimento ao usuário/cidadão, por meio do qual ele pode manifestar uma reclamação, uma denúncia ou um elogio. Questão está de acordo com a finalidade de uma ouvidoria. Gabarito, portanto, questão correta. 37903993372 Administração p/ ICMS-RJ - 2016 Teoria e exercícios comentados Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio
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