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Fundamentos Sociológicos e Antropológicos da Educação (Unicesumar)

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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS 
E ANTROPOLÓGICOS 
DA EDUCAÇÃO
PROFESSORES
Dr. Tiago Valenciano
Me. Gilson Costa de Aguiar
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2265
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. VALENCIANO, Tiago; AGUIAR, 
Gilson Costa de.
Fundamentos Sociológicos e Antropológicos da Educação. 
Tiago Valenciano; Gilson Costa de Aguiar.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
144 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Fundamentos 2. Sociológicos 3. Antropológicos. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco 
Paixão
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Juliana Duenha
Design Educacional
Amanda Peçanha dos Santos
Revisão Textual
Juliana Basichetti Martins
Cintia Prezoto Ferreira
Ilustração
Bruno Pardinho
Fotos
Shutterstock
CDD - 22 ed. 306 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-85-459-0954-5
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional 
Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria 
de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso 
Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão 
de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de 
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 
DIREÇÃO UNICESUMAR
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenasde cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Professor Dr. Tiago Valenciano
Doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (2016). Mestrado 
em Ciências Sociais pela mesma instituição (2011). Graduação em Ciências Sociais 
pela Universidade Estadual de Maringá (2008). Atua como professor universitário e 
é empresário. Possui livros publicados sobre política local e nacional.
http://lattes.cnpq.br/1936893341910908
Professor Me. Gilson Costa de Aguiar
Mestrado em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mes-
quita Filho (1999). Graduação em História pela Universidade Estadual de Marin-
gá (1991). Atualmente é professor titular do Centro Universitário de Maringá e do 
Ensino a Distância da UniCesumar. Atua nas áreas de Teoria das Ciências Sociais, 
Sociologia da Educação, Filosofia da Educação e História da Educação. Possui livros 
publicados nas Áreas de Sociologia, Antropologia, Filosofia e História da Educação. 
Atua como jornalista na rede CBN de rádio. É âncora e colunista na CBN Maringá e 
Gazeta Maringá. 
http://lattes.cnpq.br/3020130108890878
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Caro(a) aluno(a), este livro didático da disciplina “Fundamentos Sociológicos e Antropoló-
gicos da Educação” tem por objetivo geral fornecer subsídios para responder à seguinte 
questão: qual é o papel e a importância de estudarmos a Sociologia e Antropologia em 
um curso de licenciatura.
Tal pergunta surge como uma espécie de guia que irá balizar os temas e conteúdos aqui 
apresentados. Mais do que fazer uma defesa da relevância desses conhecimentos, o livro 
pretende aguçar a sua consciência crítica, dialogando com questões fundamentais para a 
compreensão do convívio do homem em sociedade e na sociedade, além das interfaces 
assumidas pelo sujeito em relação à cultura e ao comportamento em nosso meio social.
Imagine que em uma rua, ao ser visualizada pela televisão, existem várias pessoas cami-
nhando. Ao observarmos atentamente, cada uma tem uma expressão facial diferente: 
algumas estão serenas, outras preocupadas, outras sorrindo. Os pensamentos também 
são os mais diversos: o retorno do trabalho para casa, a ida até a universidade, o cuidado 
com os filhos quando chegar em casa e o encontro marcado com seu amor. 
Observe que os indivíduos possuem suas particularidades e peculiaridades. Quando essas 
características individuais são confrontadas com ideias distintas (que não são as nossas), 
normalmente há um embate de argumentos. É assim que começa a disputa pelas posições 
sociais existentes em nossa sociedade.
Neste exercício de visualização das disputas em sociedade, é possível refletir como cada 
indivíduo possui um papel diferente, uma importância distinta em nossa sociedade. De-
ve-se atentar também para o fato de que esse universo social exige que esses papéis 
sejam cumpridos. Dessa forma, na falta daquele que exerce determinada função social, 
esta ficará desprovida. 
Além das disputas individuais em sociedade, os embates pela aceitação da sociedade de 
cada indivíduo também é intensa. A partir dessa “disputa” entre a visão do homem e seu 
comportamento em sociedade é que surgiram duas áreas de conhecimento que serão 
exploradas neste livro: a Sociologia e a Antropologia.
Como pano de fundo — e com importância relevante —, a educação é o primeiro cenário 
em que aprimoramos nosso convívio social, aprendendo cotidianamente como dividir os 
espaços, respeitar os direitos e constituir nosso papel de cidadania. Na escola, desde os 
anos iniciais, compreendemos a importância e os entraves da vida em sociedade, conhe-
cendo, às vezes a duras penas, que nossas vontades nem sempre serão aceitas. Por outro 
lado, a gratificante construção de um trabalho em grupo nos faz crer que a vida em/na 
sociedade ainda é a melhor saída para somar nossos esforços, subtrair as dificuldades, 
dividir os problemas e multiplicar o sucesso do trabalho em grupo.
D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O
Neste panorama, a Unidade I abordará o processo histórico de formação da Sociologia 
enquanto disciplina, sendo as revoluções Industrial e Francesa as principais alterações 
sociais que contribuíram para a reflexão sobrea necessidade dessa área de conhecimento. 
Faremos, ainda, um exercício similar com a Antropologia, demonstrando como a análise 
do homem e da sua relação cultural constitui os aspectos de nossa sociedade. Por fim, 
faremos uma breve defesa desses saberes na formação docente.
As Unidades II e III contemplarão uma viagem pela Sociologia e sua história. Os chamados 
“autores clássicos” terão suas ideias apresentadas e analisadas, como Auguste Comte, Émi-
le Durkheim, Max Weber e Karl Marx. O balanço dessa miscelânea de propostas é a viagem 
pela Sociologia, passando pela barreira da modernidade e atingindo a pós-modernidade.
Na Unidade IV, vamos discutir se os clássicos da Sociologia ainda têm peso na atualidade, 
além de abordar um interessante autor, que é quase uma unanimidade na pauta dos 
assuntos da Sociologia e da Educação: Pierre Bourdieu. Ainda nesta unidade, articulare-
mos os conhecimentos apresentados até então, com o objetivo de responder à seguinte 
questão: qual é a relação, afinal, entre a Sociologia, a Antropologia e a Educação? Nossa 
ênfase partirá do diálogo entre o homem, a sociedade, a ciência e a educação, analisando 
como essas áreas conversam e compartilham o conhecimento.
Por fim, a Unidade V tratará da importância da crítica no universo do conhecimento, que 
perpassa, sob nosso olhar, a intervenção causada pela globalização e pela modernidade 
no novo estilo de “fazer educação”, isto é, das novas formas de transmitir o conhecimento 
e formar o senso crítico do cidadão. Essa crítica é papel fundamental da Sociologia e da 
Antropologia, que auxiliam no conhecimento de nossa sociedade e das interações sociais 
estabelecidas, o que poderá determinar a presença do homem em/na sociedade da ma-
neira que visualizamos na atualidade.
Essa viagem tem como o objetivo abrir as portas para a inserção da Sociologia e da Antro-
pologia aplicadas à Educação em sua vida acadêmica. Que este livro traga uma contribui-
ção para sua formação e que desperte o interesse pelos temas relacionados. Ele foi feito 
para ser o início de uma jornada de pesquisa da análise da vida social (e não uma resposta 
definitiva). Esperamos que ele fomente a capacidade de aprimorar a crítica social, que está 
carente de novas perspectivas. Boa leitura!
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando Ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
1
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
SOCIOLOGIA E 
ANTROPOLOGIA:
COMPREENDENDO
NOSSA SOCIEDADE
9
SOCIOLOGIA
CLÁSSICA I
36
65
SOCIOLOGIA
CLÁSSICA II
91
DOS CLÁSSICOS EM
DIANTE:
COMO PENSAR A 
SOCIOLOGIA?
115
SOCIOLOGIA E
ANTROPOLOGIA
NA MODERNIDADE
139
CONCLUSÃO GERAL
1
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA:
COMPREENDENDO
nossa sociedade
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O estudo das ciências sociais 
enquanto forma de conhecimento científico • O ambiente para a formação da Sociologia • O espaço 
de surgimento da Antropologia: o que é essa ciência?.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Conhecer o processo de formação da sociedade atual e as condições nas quais ela se desenvolveu 
• Estudar e analisar o processo histórico de constituição da Sociologia e da Antropologia enquanto 
saberes científicos • Sinalizar a importância da Sociologia e da Antropologia na formação docente.
PROFESSORES 
Dr. Tiago Valenciano
Me. Gilson Costa de Aguiar
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar sobre a quantidade de pessoas que 
vivem em sua cidade? Já refletiu, ainda, sobre a diferença de ideias, estilo de vida e 
preferências que cada uma tem? Já analisou que essas pessoas estão permanente-
mente pensando em algum assunto? Essas e outras perguntas serão debatidas nesta 
unidade, que tem como objetivo demonstrar e analisar o processo de formação de 
nossa sociedade atual a partir de uma visão muito particular: a das Ciências Sociais.
O enfoque partirá da importância de estudarmos a Sociologia e a Antropo-
logia enquanto saberes científicos, isto é, enquanto áreas de conhecimento rele-
vantes para o processo de formação e aprimoramento de cada carreira acadêmica. 
Veja: não pretendemos fazer uma simples defesa do conteúdo dessas áreas, mas 
dialogar com os demais campos do conhecimento, ressaltando a necessidade de 
nos conhecer primeiramente para, posteriormente, analisar a realidade do outro.
Nosso itinerário inicia na constituição das Ciências Sociais enquanto forma 
de conhecimento científico, ou seja, como essa área é subdividida e o que ela 
pretende estudar. Em seguida, vamos demonstrar o ambiente que propiciou o 
surgimento da Sociologia, a partir das transformações sociais que ocorreram 
na Europa no Século XIX. Por fim, o terceiro aspecto analisa o nascimento e a 
relevância da Antropologia no universo acadêmico, sobretudo em uma disciplina 
em que o(a) futuro(a) docente irá lidar diariamente com a humanidade. Assim, 
nosso caminho inicia na Sociologia e na Antropologia, demonstrando o papel de 
cada uma na abordagem acadêmica.
Portanto, pretende-se, nesta unidade, apresentar um panorama das Ciências 
Sociais e da formação da atual civilização ocidental, apontando soluções para a 
resposta da “grande” questão que envolve esses conhecimentos: afinal, o que foi, 
o que é e o que poderia ser nossa sociedade?
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O ESTUDO DAS
CIÊNCIAS SOCIAIS
enquanto forma de
conhecimento científico
Se utilizarmos a tática de separar o nome “Ciências Sociais”, teremos um paradoxo na 
construção desse conceito. A ciência é uma forma de organizar sistematicamente o co-
nhecimento adquirido, ou seja, de dispor algo que aprendemos ordenadamente para 
que esse “novo” conhecimento possa ser facilmente entendido. É também uma forma de 
pensar e agir, isto é, algo que pensamos e fazemos de determinada maneira.
Essa forma de analisar o que é a ciência também nos faz compreender o que ela 
aponta. Em geral, a palavra “ciência” tem relação com a pesquisa e com a descoberta de 
novos conhecimentos, que serão posteriormente utilizados em nosso cotidiano. Qual 
é, porém, a necessidade de haver uma Ciência Social, um conhecimento da sociedade e 
sobre ela? É justamente neste ponto que o paradoxo citado acontece.
A sociedade é um grande corpo em movimento. Tal qual uma máquina em que cada 
peça é responsável por efetuar determinada função, ela possui seus vícios e virtudes, suas 
vantagens e desvantagens, que estão presentes invariavelmente em qualquer uma das 
áreas. Se, por um lado, uma área pode ser muito especializada em fabricar produtos de 
madeira, a outra pode ser primaz na elaboração de material em plástico. Observe que 
as especialidades fazem com que a sociedade seja formada e moldada de acordo com o 
interesse de cada ser que a integra.
Nota-se, ainda, que a sociedade é dinâmica, que se inventa e reinventa a cada novo 
produto, nova moda, nova forma de aprendizado e de trabalho ou, ainda, a cada novo 
século. Por esse caráter — de permanente mudança social construída diariamente — é 
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que o paradoxo se estabelece: ao passo que a ciência é fixa, com sua metodologia bem 
delimitada e que busca um “padrão”de comportamento e atitude para que se obtenha 
um resultado, a sociedade se move, sendo construída diariamente por todos nós. Por-
tanto, fica o questionamento: como se podem tirar leis gerais a partir do conhecimento 
científico para a compreensão da sociedade?
Esse é o desafio das Ciências Sociais desde sua gênese: explicar, a partir de mecanis-
mos científicos, o comportamento da sociedade, que se move constantemente em busca 
de uma realidade diferente daquela que nós vivenciamos. Talvez por esse estilo peculiar 
é que o conteúdo aprendido seja tão abstrato e tão difícil de ser medido e tocado. Nosso 
esforço está em demonstrar como as ciências sociais se tornaram um importante e ne-
cessário instrumento para a análise deste “mundo de maluco” em que vivemos, que clama 
a cada nova descoberta por uma análise apurada de nossa realidade social.
Costumamos argumentar que as Ciências Sociais anseiam pelo conflito e pelo de-
bate. De fato: sem os problemas entre as relações humanas seria muito difícil imaginar 
como o cientista social teria seu objeto de estudo, isto é, a sociedade, caracterizada pelas 
disputas sociais existentes. Desta forma, reafirmamos o ponto de largada da trajetória 
de formação dessa área: o conflito entre os seres humanos. Não tratamos aqui das brigas 
entre vizinhos e familiares ou as que acontecem em um jogo de futebol, mas sim as dispu-
tas quase invisíveis na sociedade, que o cientista social tornará objeto de seu estudo. Isto 
é, os espaços de disputa política em que um grupo debate contra outro(s); a afirmação 
de práticas culturais e os conflitos ocasionados por essas políticas afirmativas com as 
demais culturas existentes; a dinâmica competitiva do mercado de trabalho e, por fim, 
as próprias relações sociais, palco de todos os primeiros conflitos.
Observe que “conflito” é a palavra-chave para compreender as Ciências Sociais. Quais 
são, porém, as origens dessa área de conhecimento? Qual a relevância de estudarmos 
esse tipo de conteúdo no Ensino Superior? Além disso, será que as Ciências Sociais 
irão colaborar com a formação acadêmica? São essas as perguntas que pretendemos 
responder neste tópico.
Nossa jornada inicia na Grécia Antiga em 500 a.C., quando a sociedade se diferen-
ciava das demais por um motivo: foi a primeira vez que se tentou organizar uma cor-
rente de pensamento sobre a vida humana em sociedade. Pelo desenvolvimento típico 
da Democracia e do contato com diferentes culturas, os gregos puderam não depender 
necessariamente da Igreja e do Estado — detentores do poder político, econômico e 
ideológico daquele período — para pensar sobre a natureza dos homens e da sociedade.
Prova desse argumento são as ideias de Platão e Aristóteles sobre a melhor forma de 
organizar a política em sociedade, que ganharam força e vigor na Grécia Antiga e até hoje 
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balizam discussões sobre a política. Cada qual à sua maneira, ambos proporcionaram o 
pioneirismo da Grécia, que recebeu o título distintivo de “berço da civilização ocidental”, 
pela forma “evoluída” que sua população se comportava.
Apesar dos avanços proporcionados pelos gregos, a primeira universidade só surgiu 
no século XII, com a consolidação dos intelectuais no mundo acadêmico após a ruptura 
do comando da Igreja sobre a educação. Neste hiato, as produções isoladas refletiam o 
comando da Igreja sobre a condição individual e social de pesquisa, o que não contribuiu 
para o progresso das Ciências Humanas. A instituição das universidades delimitou, de 
alguma forma, uma separação entre o mundo “exterior” (a sociedade em si) e o mundo 
“interior” (as instituições de ensino), o que levava novamente à reflexão sobre a impor-
tância da discussão da vida em sociedade.
Collins (2009) ratifica a relevância do surgimento das universidades para as pesqui-
sas sobre as humanidades:
 “ Com o surgimento das universidades e especialmente em virtude da criati-vidade da faculdade filosófica, os intelectuais ganharam seu próprio “lar” e conquistaram maior clareza acerca de seus próprios propósitos. A história do pensamento humano a partir de então oscilou entre uma interação 
entre a comunidade intelectual e o mundo exterior e um isolamento das 
universidades em relação a questões práticas e ortodoxias ideológicas, bem 
como entre as formas como essas questões penetravam nesse ambiente, 
oferecendo aos intelectuais novas demandas e novos problemas (COL-
LINS, 2009, p. 19).
Observamos que, apesar das universidades terem surgido como espaço para a transmis-
são do conhecimento, precisavam dialogar mais com a comunidade, uma crítica que 
permanece até os dias de hoje. O papel, portanto, das Ciências Sociais neste contexto é 
estabelecer a conexão entre o acadêmico e o popular, entre a erudição do conhecimento 
e a praticidade das pessoas, entre a teoria e a prática.
Somente após o Renascimento é que as Ciências Sociais começaram a assumir seu 
espaço de atuação. Contudo, convém ressaltar que o período conhecido como Renas-
cença (que ocorreu entre o fim do século XIV e início do XVII) teve grande relevância 
para compreender o campo de trabalho de um cientista social. Tal argumento se baseia 
nas transformações econômicas, políticas e sociais do período, com fenômenos que 
alteraram as estruturas da sociedade desde então. Além da valorização de elementos da 
Antiguidade Clássica (por isso o nome “Renascimento”), citamos a transição do modo 
de produção feudal para o capitalista como chave para o entendimento das cisões oca-
sionadas pelo turbilhão de transformações sociais.
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A ruptura cultural ocasionada a partir do Renascimento e do fim da sociedade me-
dieval na Europa oportunizou que o homem (pautado pelo antropocentrismo) passasse 
a figurar como centro das preocupações de pesquisas acadêmicas, discussões filosóficas 
e da sociedade em si. O foco direcionado para o homem enquanto “centro do universo” 
abriu espaço para o protagonismo das Ciências Sociais, que são basicamente um produto 
das transformações ocorridas no período entre e a Revolução Industrial e a Revolução 
Francesa (principalmente após esses períodos), conforme trataremos a seguir.
É nesse cenário que as Ciências Sociais começaram a ganhar forma no campo de conhe-
cimento das humanidades. A primeira a ganhar autonomia de atuação para a reprodução e 
produção do saber foi a Antropologia. A partir das descobertas de sociedades tribais na Amé-
rica, na África e no Pacífico com as grandes expedições marítimas, o homem europeu passou 
a conhecer realidades muito distintas das que já estava acostumado no velho continente.
Com tais descobertas, a explicação medieval de que a sociedade europeia era uma 
“operação divina” deixou de imperar, surgindo, assim, diversas teorias para explicar a 
evolução da sociedade e do seu relacionamento com o outro. Um processo de estra-
nhamento, isto é, de olhar o outro de forma diferente para conhecer melhor a si mesmo, 
obteve sucesso na relação da Antropologia com as demais ciências. Paralelo a isso, a An-
tropologia dialogou com a Medicina, buscando explicações biológicas para a existência 
de um outro não europeu.
Outra vertente de atuação da Antropologia é a chamada Antropologia Cultural ou 
Histórica, que tem por objetivo estudar os padrões de cultura de determinados grupos 
sociais ou de sociedades específicas, a fim de compreender como essas comunidades 
estão organizadas, quais são seus costumes, sua organização interna, seu relacionamento 
com outras sociedades, entre outros aspectos.
Após essa divisão de áreas de atuação entre o antropólogo de campo (que trabalhava 
em conjunto com pesquisas na seara da Biologia e da Medicina) e o antropólogo his-
tórico-cultural, a Antropologia passou a ter de forma evidente seu objeto de pesquisa, 
consolidado na segunda metade do século XIX: o homem e seu duplo relacionamento, 
com seu eu interior e com o mundo exterior, ou seja, a sociedade propriamente dita.
Em segundo lugar, destacamos a Sociologia comociência que se estabeleceu no 
campo das Ciências Sociais. Por seu caráter mais generalista, as raízes para seu estabe-
lecimento são as mais diversas: inspirou-se na História, na Filosofia, na Política, na Eco-
nomia, na Antropologia, na Psicologia, entre outras. Abrangente em relação aos objetos 
de pesquisa, a Sociologia pode ser considerada como a mãe de todas as Ciências Sociais.
Produto indireto das Revoluções Burguesas, a Sociologia tem como foco o estudo 
da sociedade e das diversas implicações que essa relação pode estabelecer. Ela nasce “da 
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constatação de que a ordem social moderna desorganizou as formas de convívio social, 
gerando problemas novos que reclamavam interpretações e soluções inovadoras” (SELL, 
2012, p. 18). Em suma: a Sociologia está destinada a analisar as relações sociais e tentar 
fixar leis gerais do comportamento da sociedade. Como exposto, essa paradoxal tarefa 
motiva os sociólogos a continuar atuando na área, tentando decifrar uma encantadora 
personalidade: o homem atuando em sociedade, seja ativa ou passivamente.
A preocupação em estabelecer a Sociologia como ciência foi um dos objetivos de 
Auguste Comte, considerado por alguns como o “pai da Sociologia”. Ele foi responsável 
por popularizar a expressão “Física Social”, que posteriormente seria conhecida como 
a Sociologia propriamente dita. A Física Social de Comte reflete, assim, dois conceitos 
distintos em união para um mesmo ambiente: a sociedade. Ao passo que a Física estuda 
o movimento dos corpos em sociedade, a Física Social nada mais é do que o estudo da 
dinâmica da ação das pessoas socialmente, as quais são influenciadas pela sociedade, 
ditando suas normas, as normas do trabalho e do seu campo próprio de atuação.
Foi neste contexto que a Sociologia passou a intervir nas discussões políticas da 
sociedade. Daí nasce a terceira e mais recente das Ciências Sociais: a Ciência Política. 
Dialogando com a política permanentemente — e, por que não, praticando a política 
desde seu nascimento —, a Sociologia estabeleceu uma relação de proximidade com 
a política, até mesmo conversando com a Filosofia, que em sua origem se destinou a 
estudar os comportamentos políticos.
A Ciência Política teve origem no final do Século XIX nos Estados Unidos e buscava se 
estabelecer, desde então, como uma ciência “autônoma”, isto é, uma área de atuação própria, sem 
ser confundida com a Filosofia, a Sociologia ou encarada como uma subárea do Direito, por 
exemplo. Por esse caráter recente e multifacetado, tem quebrado barreiras quanto ao pensa-
mento político, na busca de estabelecer o seu principal objeto de pesquisa: as relações de poder.
Além de estudar as relações de poder, a Ciência Política tem o desafio de explicar 
como o Estado é constituído, seja enquanto ente governamental ou como espaço em que 
os políticos irão expor suas ideias, conduzir os rumos de uma determinada população, 
enfim, fazer política. A última vertente de estudo da Ciência Política são os Sistemas 
Políticos, que têm por finalidade estruturar um Estado específico, além de incorporar 
as regras de disputas eleitorais, por exemplo. Observamos, assim, que há um ingrediente 
específico para que haja um cientista político analisando algum fenômeno em geral: o 
poder e o local onde esse poder é aplicado, normalmente um Estado, um partido político 
ou um conjunto de forças políticas.
As três áreas das Ciências Sociais (Antropologia, Sociologia e Ciência Política) ten-
tam explicar, ora em conjunto, ora separado, a complexa sociedade em que vivemos. 
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Cultura, relações sociais e relações de poder são as palavras-chaves que estruturam o 
grande leque do aprendizado que essas áreas podem nos proporcionar, variando de 
acordo com o interesse de cada pesquisador.
Você se lembra de que, no início deste tópico, foi visto que a ciência busca um padrão de 
comportamento que a sociedade, às vezes, não pode oferecer por seu dinamismo próprio? 
Após nossos últimos apontamentos, esse paradoxo ficou mais fácil de ser enxergado. Isso 
porque as Ciências Sociais não são exatas, mas são múltiplas e dependem de diversos ingre-
dientes para que haja um produto final, uma conclusão de determinado fenômeno social.
É assim, caro(a) aluno(a), que as Ciências Sociais justificam sua presença neste livro 
sobre os fundamentos sociológicos e antropológicos da Educação: não é possível educar 
sem conhecer a diversidade de aspectos que formam a sociedade em que vivemos. É mui-
to difícil educar e transmitir o conhecimento somente a partir da sua própria realidade, 
sem considerar que o processo de formação educacional está em constante movimento 
e em constante mudança.
Quer uma prova desse argumento? Basta olharmos para a trajetória da educação 
brasileira nos últimos anos. Saímos de uma educação rígida, em que as carteiras da sala 
de aula eram enfileiradas; em que os alunos, na maioria das vezes, não tinham a palavra 
durante as aulas; em que o professor era a autoridade absoluta e em que o giz e o apagador 
faziam sucesso. Hoje, a educação mudou. Os alunos aprendem, muitas vezes, em grupos, 
nos quais o diálogo e a troca de conhecimento vale muito mais do que diversas aulas. O 
professor, ao mesmo tempo que transmite o conhecimento, recebe-o dos alunos. Além 
disso, o ensino a distância se tornou uma realidade possível e praticável para quem não 
pode estar fisicamente presente em uma carteira escolar.
Note que a educação se transforma a partir das mudanças que a sociedade impõe. Da 
mesma forma, a sociedade impõe novos desafios à educação e está também em processo 
diário de aprimoramento, devendo aderir aos anseios das pessoas. Essa via firmada entre 
a sociedade e a educação jamais pode ser interrompida, uma vez que elas estão interli-
gadas e são interdependentes entre si, o que justifica a necessidade das Ciências Sociais 
durante a formação educacional no Ensino Superior.
A trajetória percorrida até aqui procurou oportunizar a você, aluno(a), a possibili-
dade de conhecer e avaliar a importância das Ciências Sociais diante dos fundamentos 
da educação, analisando como e porque a Antropologia, a Sociologia e a Ciência Política 
são sua base principal.
Dessas três áreas, vamos nos concentrar, neste livro, somente em duas: a Antropo-
logia e a Sociologia, analisando a relevância de ambas para a educação. Obviamente, as 
duas dialogam entre si quando o assunto é educação e suas bases, contribuindo para a 
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O AMBIENTE PARA A
FORMAÇÃO
da sociologia
Em um curto período de tempo, a produção no modo de vida rural da Europa terminou, e as 
pessoas passaram a conviver na sociedade urbana. Nesse cenário, a tendência para o “caos” é 
grande, concorda? Se uma localidade tem capacidade de receber certo número de moradores, 
com a expansão sem planejamento ela tende a entrar em colapso. Foi isso que ocorreu com 
as transformações sociais derivadas do modo de produção capitalista na Europa. 
Com o desenvolvimento da indústria e a capacidade produtiva integrada a uma ca-
deia mundial de produção, há uma mudança nas condições de vida dos seres humanos. 
Essa mudança se fez sentir, primeiramente, na Europa, após a Revolução Industrial, e 
depois se propagou para diversas regiões do Planeta.
A indústria sediada na Europa necessitou cada vez mais de matéria-prima vinda de 
diversas partes do mundo, assim como o mundo passou a consumir, em uma escala cres-
formação do cidadão atuante, que irá compreender e transmitir os ensinamentos aqui 
adquiridos durante sua atuação profissional.
Nosso próximo objetivo é avaliar, de forma pontual, o panorama em que a Antro-
pologia e a Sociologia foram constituídas. A apresentação deste cenário é importante 
para verificarmos como e porque essas duas áreas importam para fundamentar as bases 
da educação. Vamos lá!
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cente, os produtos industriais. Nesta cadeia produtiva nas áreas industriais e nos centros 
econômicos, nesta fasedo capitalismo, ocorre um crescimento da população urbana. Uma 
realidade que trará impasses e incertezas no decorrer dos séculos XIX e XX. Isso levará um 
número crescente de pensadores sociais a buscar entender qual será o futuro da sociedade 
diante de uma concentração populacional nunca vista na história humana. A cidade se 
tornou um ambiente de tensão, que exigiu preocupação por parte dos cientistas europeus.
Se a ciência foi um instrumento de dominação para a conquista de novos territórios, 
para a expansão do capitalismo ocidental fundado na empresa mercantil e, posteriormente, 
industrial, agora deveria atender à ordem social instituída na própria Europa. Entender as 
relações sociais constituídas no Ocidente se tornou uma prioridade. Buscar uma ação para 
sua transformação será o objeto de preocupação das forças políticas e também dos cientistas.
O crescimento urbano desse período pode ser medido pela vida em Londres, a 
primeira grande cidade industrial do mundo, no centro de uma economia que já foi 
por quatro séculos a maior do mundo, a inglesa. Londres praticamente triplicou a sua 
população entre os séculos XVIII e XIX. A massa populacional que passou a migrar para 
a cidade, com o chamado êxodo rural, fez crescer uma cidade desconexa e desordenada.
Os operários se concentraram em torno das fábricas ou em cortiços. Sem vias planejadas, 
as cidades estavam com problemas de ocupação. As moradias eram mal ventiladas, muitas 
delas tinham apenas um cômodo, onde ficava toda família, faltava saneamento e todos estavam 
expostos a um ambiente úmido e insalubre que provocava doenças, como tifo, cólera, varíola e 
escarlatina. Essas epidemias passaram a preocupar o Estado. A busca de um saneamento básico 
levará, entre outras atitudes, a promover o zoneamento urbano e as políticas de saúde pública.
A desigualdade de condições ficou expressa também na vida das classes mais abasta-
das, que tinham acesso aos benefícios dos produtos que a economia mundial permitia. A 
elite londrina, por exemplo, consumia produtos de luxo vindos das mais diversas partes 
e, também, aqueles que eram produzidos na indústria do seu país. As classes populares, 
em sua grande maioria formada de operários, não tinham acesso a esses bens.
Outros problemas também surgiram com a formação dos núcleos urbanos industriais, 
com a concentração populacional. O alcoolismo, o crescimento dos homicídios, os latrocí-
nios e a prostituição são alguns deles. Até mesmo os manicômios começaram a se propagar 
como uma alternativa para o tratamento de pessoas que demonstravam desequilíbrio de 
comportamento. Essas situações se justificam diante da condição de vida do operariado, 
que trabalhava em torno de 15 horas por dia, sem descanso. Até mesmo crianças de 10 anos 
eram encontradas nas fábricas sujeitas às mesmas jornadas dos adultos.
A massa humana que veio do campo, onde trabalhava subordinada ao regime feudal 
fundado na subsistência, agora se via em uma condição oposta. Inserido em um regime 
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frenético de trabalho, que nada lembrava as relações no mundo rural, o operariado viu 
se desfazerem os vínculos sociais que foram a base de sua identificação. A economia 
capitalista fez emergir as relações centradas na racionalidade e na busca de orientar 
a convivência social pela produtividade. A vida passou a valer na proporção em que 
gerava a riqueza e na lógica de mercado.
Dentro dessa lógica do mercado de trabalho, a quantidade de seres humanos disponí-
veis para trabalhar nas fábricas apresentava uma qualificação básica. A empresa capitalista 
estava, ainda, dando os seus primeiros passos nos séculos XVIII e XIX, estando longe de uma 
complexa rede de produção com setores específicos em um alto grau de qualificação como 
temos hoje. A sobrevivência passa a custar a sujeição a uma condição desumana de trabalho.
As condições de trabalho da classe operária durante a Revolução Industrial e sua 
propagação pela Europa foi tema de análise de Eric Hobsbawm em sua obra Era das 
Revoluções. O historiador inglês estabelece uma relação direta entre a quantidade de 
mão de obra ofertada para a produção, o nível de qualificação e as condições de trabalho:
 “ Conseguir um número suficiente de trabalhadores era uma coisa; ou-tra coisa era conseguir um número suficiente de trabalhadores com as necessárias qualificações e habilidades. A experiência do século XX tem demonstrado que este problema é tão crucial e mais difícil de resolver do 
que o outro. Em primeiro lugar, todo operário tinha que aprender a tra-
balhar de uma maneira adequada à indústria, ou seja, num ritmo regular 
de trabalho diário ininterrupto, o que é inteiramente diferente dos altos e 
baixos provocados pelas diferentes estações no trabalho agrícola ou da in-
termitência autocontrolada do artesão independente. A mão de obra tinha 
que aprender a responder aos incentivos monetários. Os empregadores 
britânicos daquela época, como os sul-africanos de hoje em dia, constan-
temente reclamavam da “preguiça” do operário ou de sua tendência para 
trabalhar até que tivesse ganhado um salário tradicional de subsistência 
semanal, e então parar. A resposta foi encontrada numa draconiana disci-
plina da mão de obra (multas, um código de “senhor e escravo” que mobi-
lizava as leis em favor do empregador etc.), mas acima de tudo, na prática, 
sempre que possível, de se pagar tão pouco ao operário que ele tivesse que 
trabalhar incansavelmente durante toda a semana para obter uma renda 
mínima [...]. Nas fábricas onde a disciplina do operário era mais urgente, 
descobriu-se que era mais conveniente empregar as dóceis (e mais baratas) 
mulheres e crianças: de todos os trabalhadores nos engenhos de algodão 
ingleses em 1834-47, cerca de um quarto eram homens adultos, mais da 
metade eram mulheres e meninas, e o restante de rapazes abaixo dos 18 
anos. Outra maneira comum de assegurar a disciplina da mão de obra, que 
refletia o processo fragmentário e em pequena escala da industrialização 
nesta fase inicial, era o subcontrato ou a prática de fazer dos trabalhadores 
qualificados os verdadeiros empregadores de auxiliares sem experiência 
(HOBSBAWM, 1982, p. 66-7).
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Em certa maneira, até nossos dias, a qualificação de mão de obra é um elemento determi-
nante para a forma como se estabelece a relação de trabalho e sua remuneração. Como 
Hobsbawm aponta, nos primeiros momentos da Revolução Industrial, essa condição já 
se apresentava. Ela se agravou com a massa de pessoas disponíveis para serem utilizadas 
pela produção capitalista, mas o grau de qualificação se ampliou e se aprofundou. Com 
isso, a maioria dos seres humanos disponíveis hoje para o trabalho não não utilizados.
Nos primeiros tempos da Revolução Industrial, os trabalhadores eram recém-che-
gados da zona rural, tinham uma padronização de qualificação, mas eram utilizados em 
funções que exigiam um grau baixo de especialidade. As operações de trabalho pode-
riam ser ensinadas sem dificuldade pelos empregadores, partindo de capacidades que 
os trabalhadores já tinham adquirido em sua vida rural. Como afirma Hobsbawm, os 
menos qualificados eram, muitas vezes, entregue ao comando de um trabalhador mais 
qualificado, por meio da terceirização das relações de produção.
As relações de trabalho são marcadas pela violência sem nenhuma garantia. Não 
há, nos primeiros tempos da indústria, uma legislação favorável aos operários. A vio-
lência das relações no ambiente industrial se estende pela vida urbana e se expressa no 
cotidiano das cidades europeias durante o nascimento da indústria. Uma violência que 
terá formas distintas de ser compreendida e de gerar reação.
Para o poder público, buscando atender ao interesse da empresa nascente, foi fun-
damental estabelecer mecanismos de controle social para garantir a ordem nos espaços 
urbanos. Policiamento ostensivo nas ruas e instituições para o aprisionamento e trata-
mento daqueles que não se adaptavam à vida urbana era umexemplo. 
As escolas voltadas às classes populares e mantidas pelo poder público teriam como 
característica retirar os ociosos do mundo urbano e preparar os cidadãos para o trabalho. 
A educação, que sempre existiu como forma de organização da vida social e preparação 
das futuras gerações para a necessidade coletiva, agora deveria exercer essa função vi-
sando ao mundo da empresa capitalista, que se generalizava. Entre os movimentos ope-
rários que surgiram na Europa, alfabetizar os filhos era uma garantia de não reproduzir 
a relação que os pais estavam sujeitos para os filhos.
Para enfrentar a violência que o mundo urbano apresentava, a classe operária se orga-
nizou em associações e sindicatos. Assim, enfrentou o ambiente de trabalho imposto pelas 
empresas e os empresários capitalistas, dando início aos confrontos em forma de “quebra de 
máquinas” e paralisação de trabalhadores. Aconteceram greves ocasionadas pela luta por 
melhores condições de trabalho, como o Movimento Cartista na Inglaterra do século XIX.
Os problemas sociais urbanos chegaram a um determinado grau em que até mesmo 
as forças sociais e políticas opostas de trabalhadores e patrões passaram a lutar contra 
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problemas comuns e se associar em campanhas para romper comportamentos que se 
mostravam nocivos à sociedade. Um desses “inimigos comuns” foi o consumo de bebidas 
alcoólicas. Como afirma Hobsbawm:
 “ Por outro lado, havia muito mais pobres que, diante da catástrofe social que não conseguiam compreender, empobrecidos, explorados, jogados em cor-tiços onde se misturavam o frio e a imundice, ou nos extensos complexos de aldeias industriais de pequena escola, mergulhavam em total desmoraliza-
ção. Destituídos das tradicionais instituições e padrões de comportamento, 
como poderiam muitos deles deixar de cair no abismo dos recursos de sobre-
vivência, em que as famílias penhoravam a cada semana seus cobertores até 
o dia do pagamento, e em que o álcool era “a maneira mais rápida para se sair 
de Manchester” (ou de Lille ou de Borinage). O alcoolismo em massa, com-
panheiro quase invariável de uma industrialização e de uma urbanização 
brusca e incontroláveis, disseminou “uma peste de embriaguez” em toda a 
Europa. Talvez os inúmeros contemporâneos que deploravam o crescimento 
da embriaguez, como da prostituição e de outras formas de promiscuidade 
sexual, estivessem exagerando. Contudo, repentina aparição, até 1840, de 
sistemáticas campanhas de agitação em prol da moderação, entre as classes 
médias e trabalhadoras, na Inglaterra, Irlanda e Alemanha, mostra que a 
preocupação com a desmoralização não era nem acadêmica nem tampouco 
limitada a uma única classe. Seu sucesso imediato teve pouca duração, mas 
durante o restante do século a hostilidade à embriaguez permaneceu como 
algo que tanto patrões quanto movimentos trabalhistas tinham em comum 
(HOBSBAWM, 1982, p. 223-4).
Podemos considerar que diante desse ambiente, que trazia condições de degradação para 
parte considerável dos trabalhadores (às vezes até para a classe média e para o patronato), 
a ação pública deveria ser pontual e estar dentro de uma política geral de governabilidade 
da vida social urbana. Isto é, era preciso uma ação dos governos municipais das cidades 
industrializadas. Eles necessitavam ter a capacidade de colocar, diante dos conflitos que se 
intensificam e de práticas que denegriam as forças sociais, mecanismos eficientes de ação.
Se a necessidade de racionalizar a vida social era uma emergência para o 
poder público, ela estaria na pauta de discussão do mundo científico. As corren-
tes de pensadores que se debruçaram sobre os problemas da vida urbana e das 
condições humanas na sociedade industrial são sensíveis a partir do século XVIII. 
Contudo, foi no século seguinte que essa preocupação se intensificou.
Das correntes liberais ao Socialismo, as teses políticas emergiram à procura 
de dar resposta ao contexto tenso que o mundo industrial urbano apresentava. 
Os valores que orientavam o homem europeu tinham se alterado e seriam um 
modelo para as demais formas de compreensão que surgiram em diversas partes 
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Virgindade Sociológica
Quem passou pelo lento processo de formação acadêmica nas Ciências Sociais – ou ainda 
o cumpre — vai saber muito bem daquilo que falo. Quem um dia se arriscará nessa seara 
das humanidades poderá perceber aquilo que digo. Quem já vivencia isso sabe muito 
bem o que escrevo. Talvez uma dessas profecias um dia se tornará realidade. Talvez são 
meros pensamentos, lançados à luz de uma tela de notebook, que nada remetem aqueles 
grandes sociólogos em quem nos inspiramos.
A profissão do sociólogo é algo que se vivencia. Não dá pra separar seu dia a dia do seu 
exercício profissional. Afinal, a todo momento estamos em contato com as pessoas, com a 
sociedade e, no fim das contas, só se faz Sociologia com a sociedade, relacionando-se com 
ela. Se vamos à uma festa, pronto! Logo queremos compreender porque aquelas pessoas 
estão ali, o que se passa na cabeça delas e qual é a noção de festa que elas possuem. Se 
lecionamos em sala de aula, a pergunta é sempre a mesma: o que será que eles farão com 
as informações e o conteúdo aqui ministrados?
Fonte: os autores.
explorando Ideias
do mundo. Se o movimento liberal e socialista surgiu na Europa, sua propagação 
pela América, Ásia e África foi corrente. A influência da intelectualidade europeia 
se demonstrou com o surgimento dos Estados nacionais em áreas antes coloni-
zadas pelos europeus.
Paralelo a essas correntes, e muitas vezes sendo um contraponto a elas, os 
movimentos herdados das correntes naturais também emergiram. É o caso do 
Positivismo inaugurado por Comte na França. As teses do pensador francês vi-
riam a inspirar aqueles que consideravam que a análise da vida social deveria 
estar fundada nos mesmos critérios dos fenômenos biológicos.
Os pensadores que denominamos clássicos das ciências sociais irão produzir seus argu-
mentos neste ambiente de confronto direto entre a massa de trabalhadores, as empresas, 
os empresários capitalistas e o poder público. Os problemas emergentes da vida urbana 
alimentaram as análises de pensadores, como Durkheim, Marx e Weber. Eles darão as di-
retrizes para a compreensão da vida social, dos meios para a organização das instituições 
e do seu papel na construção da ordem coletiva. O que podemos destacar a princípio, e 
que será amplamente discutido na próxima unidade, é a importância do trabalho como 
condição para a orientação do homem em sociedade.
Esse foi o ambiente que propiciou a formação da Sociologia, uma ciência da socie-
dade, que procura compreender a relação do homem com seu espaço e seu tempo. Para 
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Seja bem-vindo(a) à nossa sociedade. Se perguntas sem respostas sobre ela já passaram 
por seu pensamento, você, caro(a) aluno(a), deve estar pensando: afinal, qual é o seu 
destino?
pensando juntos
Quando falamos sobre o surgimento de uma nova ciência, logo vem à mente algo inédito, 
fascinante e voltado para um “conhecimento superior”. Porém, a inserção de novos co-
nhecimentos nas humanidades é um fato que ocorre “naturalmente”, com a necessidade 
de especificar as subáreas do pensamento humano. 
Demonstramos que a Sociologia é produto das ideias de sua época, um período 
de grande transformação social baseado nas mudanças sociais da Europa dos sé-
isso, faz uso do passado histórico, para o entendimento de determinados contextos; do 
presente, para explicação de fenômenos “atuais”; e, por fim, da correlação de fatos para 
possíveis cenários futuros. Resta-nos, então, responder: qual é a relação do homem con-
sigo e quais são suas ações que estão presentes na sociedade? É isso que vamos debater 
agora, diante do ambiente de formação da Antropologia.
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O ESPAÇO DE SURGIMENTO DA
ANTROPOLOGIA:
o que é esta ciência?
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culos XIX e XX. O itinerário de formação da Antropologia não foi diferente,já que 
também é fruto da busca por conhecer o “novo”, por descobrir algo que encantava: o 
contato com novos povos e novas culturas por intermédio das grandes navegações.
Antes de falarmos de uma metodologia para explicar o que é e como estudar 
a Antropologia, podemos afirmar que já existia uma espécie de “pensamento 
antropológico”, isto é, já havia um número considerável de pensadores refletindo 
sobre os desdobramentos do estudo do homem e de sua relação consigo e com a 
sociedade. A questão fundamental da Antropologia é, portanto, entender como 
nós, seres humanos, tão parecidos em aspectos biológicos, podemos ser tão di-
ferentes em aspectos culturais.
Essa questão começou a ser respondida a partir da cultura europeia, domi-
nante nos primórdios da Antropologia. Diante do expansionismo europeu com 
as grandes navegações - iniciadas em Portugal e na Espanha e, posteriormente, 
na Inglaterra, na França e nos demais países -, podemos verificar que a relação 
entre dominante e dominado passou a pautar as principais questões voltadas 
à Antropologia. Afinal, a força do homem branco europeu era suficiente para 
dominar culturalmente um “novo homem descoberto”? Quem detinha, então, o 
domínio das relações culturais: o dominante (aqui visto como o Europeu) ou o 
dominado de qualquer localidade outrora “descoberta”?
Estabeleceu-se, assim, um paradoxo para a Antropologia: como agir diante 
dessa situação? Em Aprender Antropologia, François Laplantine faz um resgate 
histórico dessa ciência, trazendo à luz uma importante contribuição acerca da 
fundamentação deste “novo” conhecimento.
 “ O projeto de fundar uma ciência do homem — uma antropologia — é, ao contrário, muito recente. De fato, apenas no final do século XVIII é que começa a se constituir um saber científico (ou pretensamente científico) que toma o homem como objeto de conhecimento, e não mais a natureza; 
apenas nessa época é que o espírito científico pensa, pela primeira vez, em 
aplicar ao próprio homem os métodos até então utilizados na área física 
ou da biologia (LAPLANTINE, 1987, p. 7).
Nota-se que a Antropologia é uma ciência racional, direcionada ao conhecimento do 
homem por meio de seu contato com a sociedade, analisando as influências que um 
tem sobre o outro. Diante dessa face de troca do saber entre o individual e o social, ela 
se constitui, formando a cultura, um dos seus principais objetos de análise.
Como a Antropologia está dividida? Quais são suas áreas e o que ela pesquisa, afinal? 
Mais que isso: qual a função de conhecermos a Antropologia para os fundamentos da 
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educação? É esse o caminho que pretendemos demonstrar a você, caro(a) acadêmico(a), 
a fim de articular o conhecimento da Antropologia com as ações de sua vida cotidiana 
enquanto estudante das humanidades.
Segundo Marconi e Presotto (2007), existem dois grandes grupos que estruturam a 
Antropologia: a Antropologia Física ou Biológica e a Antropologia Cultural, que, 
com suas peculiaridades, auxiliam no entendimento do seu campo de atuação.
A Antropologia Física ou Biológica é destinada a estudar a posição do homem en-
quanto “herdeiro biológico”, ou seja, o homem e a evolução dele desde o surgimento da 
espécie até a atualidade. Surge, então, o primeiro trabalho do antropólogo físico, que 
é estudar a Paleontologia, destinada a buscar o entendimento do homem a partir da 
interface com a Biologia, a Genética, a Arqueologia e outras áreas.
A Paleontologia é um subcampo do conhecimento antropológico, uma vez que se 
articula com as demais áreas relacionadas a conhecer os fósseis humanos, realizar esca-
vações em sítios arqueológicos, entre outros. Por meio do estudo do aspecto biológico 
humano, a Paleontologia articula as ciências naturais com a História, compreendo como 
o homem estava situado na terra dos primórdios até a atualidade.
Por outro lado, a Antropologia Cultural tem como missão o estudo dos aspectos que irão 
formar a sociedade a partir daquilo que nós, humanos, consideramos como cultura, ou seja, 
algo que será perpetuado de geração em geração, constituindo o conjunto de várias áreas do 
conhecimento. A palavra “cultura” expressa o cultivo de elementos, como o conhecimento, a arte, 
as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e as aptidões adquiridos pelo ser humano.
Neste sentido, a Antropologia Cultural tem por objetivo o estudo das diferentes 
culturas para cada sociedade, por meio de alguns questionamentos: existe um padrão de 
cultura? É possível mensurar semelhanças e diferenças entre diferentes culturas? O que 
faz com que a cultura de um povo seja formada? Ela é sempre imutável ou ela pode ser 
transformada de acordo com a evolução da sociedade? São essas as questões que per-
meiam há anos a Antropologia Cultural, um campo dessa ciência que estuda o homem 
e, sobretudo, recentemente, os possíveis “padrões de cultura” identificados na sociedade.
Laplantine (1987) salienta que a Antropologia Social e Cultural (ou Etnologia) é, 
hoje, o principal campo de atuação da Antropologia, uma vez que corresponde a pra-
ticamente tudo o que há na sociedade: “seus modos de produção econômica, suas téc-
nicas, sua organização política e jurídica, seus sistemas de parentesco, seus sistemas de 
conhecimento, suas crenças religiosas” (LAPLANTINE, 1987, p. 19). 
Portanto, a Etnologia é a área destinada a compreender a sociedade a partir do ponto 
de vista do homem. Conforme você, aluno(a), viu durante a formação das ciências so-
ciais, a Antropologia pretende estudar a relação do homem em/na sociedade, enquanto 
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o sociólogo estuda o funcionamento da sociedade, seja a partir das suas instituições ou 
a partir dos mecanismos desenvolvidos pelos humanos para que a sociedade progrida.
Será que a Antropologia sempre estudou os aspectos culturais para entender a ação 
do homem? Um dos pioneiros da área é Bronislaw Malinowski (1884-1942), que atri-
buiu a ela um caráter científico. Com a utilização da Etnografia, o autor ia até o campo 
de estudo para compreender melhor o dia a dia das comunidades do pacífico ocidental. 
A ideia de Malinowski para o trabalho do antropólogo é simples: nada como se tor-
nar um deles para conhecê-los melhor. Seguindo essa máxima, o autor se mudou para 
as Ilhas Trobriand, defendendo, durante sua pesquisa, aquilo que acreditava: é preciso 
fazer Antropologia no momento onde observamos determinado acontecimento. Com 
isso, afastava-se a possibilidade de atuar antropologicamente a partir de informações 
alheias, isto é, sem ter a fidelidade dos conhecimentos adquiridos no campo (na área de 
pesquisa) pelo próprio antropólogo. 
Seu método conhecido como “observação participante” até hoje pauta os trabalhos 
na Antropologia. Portanto, segundo Malinowski, não há melhor maneira de se fazer 
Antropologia senão participar cotidiana e rotineiramente com o nativo, ou seja, com o 
estranho que se tentará entender, para posteriormente estabelecer um padrão de cultura 
delimitado acerca de seu comportamento. Em Os Argonautas do Pacífico Ocidental, o 
autor se depara com essa realidade, traduzindo em seus diários as ações cotidianas do 
“nativo estranho” com o qual se deparou.
O nascimento da Antropologia, como exposto, teve como objeto de estudo o homem 
não europeu. Ela se debruçou sobre o comportamento de civilizações encontradas pela 
expansão europeia e sua dominação nas mais diferentes partes do mundo. Considerou, 
dessa forma, comparações, classificações e escalonamento mediante valores que o ho-
mem ocidental impunha aos demais povos. 
Essa escala serviu para estabelecer a “linha evolutiva” que tinha a “Europa civilizada”, 
como afirma Augusto Comte, no topo. O pensador francês, fundador das teses positivis-
tas, estabelecia, no princípio da evolução civilizadora, as sociedades que tinham com-
portamentos próximos ao dos primatas. Mais tarde, Morgan e mesmo Hegel seguiram 
por caminhos diferentes o mesmo critério de colocar os ocidentais na cadeia evolutiva.Charles Darwin é o autor de maior lembrança quando falamos de evolução, por mais 
que suas colocações sejam interpretadas de forma equivocada como uma justificativa de 
superioridade natural do homem europeu. O antropólogo francês considera que a lei do 
melhor adaptado reside mais na capacidade de assimilação do ser vivo ao meio do que 
de sua competência mental para garantir a permanência. Isto é, formas mais complexas 
de espécies podem ser eliminadas se não assimilarem determinadas mudanças no meio.
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A literatura também foi uma expressão da superioridade ocidental. Romances e 
aventuras fortaleceram o ideal do vitorioso homem branco. Nas páginas dos livros que 
se transformaram em clássicos durante os séculos XIX e XX, os personagens vitoriosos 
eram os exemplares fiéis do corpo social do ocidente. Talvez, nenhum romance de aven-
tura expressou com maior intensidade esta ideia do que a Lenda de Tarzan.
O homem branco está fadado, segundo a produção científica e literária produzida pelo 
ocidente, à conquista, à superioridade e à responsabilidade de civilizar o mundo e, como um 
deus, recriá-lo a sua imagem e semelhança. Na conquista estabelecida sobre diversos povos, 
o homem ocidental julgou, absolveu e condenou. Sua sentença sempre está calcada na bus-
ca por si mesmo, segundo François Laplantine. Por isso, os que lhe pareciam conhecidos 
eram absolvidos e os que lhe causavam estranheza e o negavam deviam ser exterminados.
Esse panorama da Antropologia, conforme anunciamos anteriormente, mudou: o 
que está em voga na modernidade é a busca pelo conhecimento dos padrões de cultura 
e comportamento de cada sociedade, além da valorização da peculiaridade das culturas. 
Antes vistas como estranhas e desvalorizadas, as culturas não europeias passaram a ter 
a devida importância na discussão antropológica. O que vale hoje para a Antropologia 
é a igualdade de análise das culturas, reforçando as particularidades e não a supremacia 
cultural de um em relação a outrem.
Entretanto, para compreendermos essa abordagem, Laplantine esclarece ser necessário 
conhecer os conceitos de “social” e de “cultura”, uma vez que tanto a Antropologia quanto a 
Sociologia têm como finalidade o homem como objeto de estudo:
 “ O social é a totalidade das relações (relações de produção, de exploração, de dominação…) que os grupos mantêm entre si dentro de um mesmo conjunto (etnia, região, nação…) e para com outros conjuntos, também hierarquizados. A cultura por sua vez não é nada mais que o próprio so-
cial, mas considerado dessa vez sob o ângulo dos caracteres distintivos 
que apresentam os comportamentos individuais dos membros desse gru-
po, bem como suas produções originais (artesanais, artísticas, religiosas) 
(LAPLANTINE, 1987, p. 120).
Nota-se, dessa forma, que a cultura reflete em sociedade os comportamentos individuais 
de cada grupo, que posteriormente irá formar a sociedade. A cultura, como já adianta-
mos, é a transmissão e o cultivo dos saberes e costumes de um grupo humano de forma 
coletiva, ou seja, com o convívio em/na sociedade. Logo, a cultura passa a integrar um 
objeto antropológico de conhecimento, na tentativa de responder quais são os padrões 
de cultura assumidos por cada grupo na humanidade.
Observe que no itinerário que propusemos, da formação da Antropologia até a in-
vestigação da cultura para essa ciência, tentamos demonstrar a peculiaridade e a multi-
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plicidade de culturas que você irá lidar ao longo da carreira docente. Veja que o processo 
de considerar as diferentes culturas (cada qual com sua importância) é algo próprio da 
Antropologia. Roberto DaMatta define esse conceito como a “relativização” das culturas:
 “ O “relativizando” que nomeia este livro, portanto, nada tem a ver com uma ideologia substantiva do universo social humano, segundo a qual tudo é variável e tudo é válido. Muito ao contrário, trata-se de uma atitude positiva e valorativa, expressa no meu “relativizando”, a cobrir o abraço destemido 
que damos quando pretendemos entender honestamente o exótico, o dis-
tante e o diferente, o “outro” (DAMATTA, 1981, p. 10).
Relativizar, segundo DaMatta, é valorizar as diferenças culturais existentes, sabendo 
tolerá-las e, sobretudo, integrá-las na vida social. Portanto, a Antropologia aplicada à 
educação demonstra que, durante a carreira docente, é preciso saber relativizar as cul-
turas, os modos de comportamento e o estilo de vida de cada aluno(a), na tentativa de 
facilitar o relacionamento estabelecido no ambiente escolar.
Diante desse cenário, demonstramos que a Antropologia cumpre seu papel quanto 
aos fundamentos da educação: ela auxilia na compreensão e comparação entre os dois 
objetos fundamentais e em constante mudança no processo de formação educacional, ou 
seja, a sociedade e a cultura. Ainda que ambas tenham boa linearidade de pensamento, 
são peças em aperfeiçoamento permanente, em uma engrenagem complexa que é a 
história e a evolução do pensamento humano.
O educador, nesta seara, deve estar preparado para utilizar o que a Antropologia me-
lhor oferece, que é a “relativização” das culturas, além de se colocar no lugar do outro para 
melhor compreendê-lo, em um processo interminável de observação participante, confor-
me Malinowski, que poderá facilitar o entendimento das mudanças que a sociedade sofre. 
Assim, esperamos que a Antropologia possa fundamentar as bases do conhecimento das 
humanidades e, em conjunto com a Sociologia, ser parte da produção do saber.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, pudemos trabalhar com a formação das Ciências Sociais ao longo dos 
anos, isto é, apresentamos a você, caro(a) aluno(a), como e porque existem três ciências 
que se dedicam a estudar a sociedade sob três pontos de vista: a Sociologia, a Antropo-
logia e a Ciência Política.
Quanto à Sociologia, que tem a sociedade como grande laboratório, pudemos cons-
tatar seu ambiente de formação, tendo como plano de fundo a Revolução Industrial e a 
Revolução Francesa, dois marcos importantes para a compreensão de que a vida citadina 
possui maior complexidade do que a campesina, o que reflete nas novas relações sociais, 
trabalhistas, políticas e comportamentais.
Tal alteração do modo de vida do homem fez com que ele passasse a explorar novos 
espaços, ainda não descobertos (ou não explorados), o que demonstra a necessidade de 
compreendermos a cultura do outro para melhor nos entendermos. Surgia aí a Antro-
pologia, destinada a estudar o homem e sua trajetória em/na sociedade.
A jornada até aqui estabelecida conduz para iniciar o propósito deste livro, indicado 
nesta Unidade I: aguçar o senso crítico da vida que estabelecemos socialmente. Isto é, olhar 
para além do já fixado, do que é dado pela sociedade para nós e do que ofertamos em troca 
para a sociedade. Em suma: a proposta é melhor compreender o meio em que vivemos, 
dialogando, criticando e debatendo os caminhos para melhorar o convívio social.
Dessa forma, ainda fica a questão motriz do livro, porém já pautada de antemão: 
quais são os fundamentos sociológicos e antropológicos e a respectiva contribuição de 
ambos para a educação? É o que pretendemos demonstrar nesta trajetória, iniciando 
pelos chamados autores clássicos da sociologia, que expuseram com propostas centrais 
um a um os estilos de vida na sociedade urbana em seus primórdios.
30
na prática
1. O conflito, típico das Ciências Sociais, é um dos destaques da problematização de con-
ceitos existentes nessa área. A respeito dessa predisposição, é correto afirmar que:
a) Os conflitos, típicos das Ciências Sociais, são direcionados na tentativa de não 
contrapor, mas igualar os problemas.
b) O conflito é necessário, uma vez que a partir dele se pode compreender como 
as relevantes questões sociais afetam os debates acerca das Ciências Sociais.
c) A problematização, típica das Ciências Sociais, deixa de existir nas sociedades 
urbanizadas.
d) A urbanização e seuestudo só existem para as Ciências Sociais a partir do século 
XXI.
e) O conflito, típico das Ciências Sociais, deveria ser estudado exclusivamente por 
essa ciência.
2. Acerca das áreas de conhecimento das Ciências Sociais, é correto afirmar que o 
estudo das relações sociais e da dinâmica da sociedade corresponde a qual espe-
cificação?
a) À Sociologia, que compreende a movimentação dos corpos em/na sociedade.
b) À Antropologia, que se destinou ao estudo da cultura dos povos contemporâ-
neos.
c) À Ciência Política, destinada a compreender o Estado e as relações de poder.
d) À Sociologia, destinada a entender como a política, sobretudo, influencia o dia 
a dia dos indivíduos.
e) À Antropologia, voltada para o estudo dos primórdios da sociedade.
3. A aglomeração das pessoas em grandes centros urbanos e a maior concentração 
populacional fizeram com que as cidades recém-urbanizadas enfrentassem proble-
mas estruturais. Considerando essas informações, leia as assertivas que seguem 
e assinale a alternativa correta.
I - O alcoolismo é uma das questões sociais enfrentadas no início da urbanização.
II - A crescente urbanização levou a população às grandes jornadas de trabalho, 
que tinham em torno de 15 horas diárias.
31
na prática
III - A alternativa criada para o tratamento de uma “sociedade doente” foram os 
manicômios, que surgiram como espaços para cuidar daqueles que não apre-
sentavam um satisfatório comportamento social.
IV - As classes populares, formadas em sua maioria por grandes empresários, fize-
ram com que o ritmo da Revolução Industrial fosse acelerado.
a) Estão corretas apenas I e II.
b) Estão corretas apenas II e III
c) Estão corretas apenas I e III.
d) Estão corretas apenas I, II e III.
e) Está correta apenas II.
4. A classe operária é uma das formas existentes para o enfrentamento da violência do 
mundo urbano. Até hoje, os sindicatos - típicas organizações da classe trabalhadora 
- influenciam as decisões da legislação trabalhista, buscam as conquistas dos trabalha-
dores e intermediam as relações entre empregador e empregado. Diante do papel 
da classe operária nas origens do mundo urbano, podemos afirmar que:
a) A organização sindical foi uma das formas em que a classe operária se constituiu 
(e se constitui) em sociedade. Paralisações e quebra de máquinas foram as ações 
tomadas, por exemplo. 
b) Os sindicatos pouco representavam as classes operárias da época, pois mais 
atrapalhavam do que ajudavam na intermediação de crises entre os empresários 
e os trabalhadores.
c) A ausência de greves na Inglaterra do século XIX demonstra a fragilidade sindical.
d) A classe operária sempre aceitou com tranquilidade as medidas tomadas pelos 
proprietários das indústrias nas origens da sociedade urbana.
e) Os sindicatos, exemplos de resistência do empresariado, ainda não resultaram 
em medidas positivas para a classe trabalhadora.
5. Na formação da sociedade urbana, diversos problemas surgiram na consolidação 
dos núcleos habitacionais. Cite e comente quais foram esses problemas, ana-
lisando quais seus impactos na origem da sociedade urbana.
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aprimore-se
A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA — WRIGHT MILLS
A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário histórico 
mais amplo, em termos de seu significado para a vida íntima e para a carreira ex-
terior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na 
agitação de sua experiência diária, adquirem frequentemente uma consciência falsa 
de suas posições sociais. Dentro dessa agitação, busca-se a estrutura da socieda-
de moderna, e dentro dessa estrutura são formuladas as psicologias de diferentes 
homens e mulheres. Através disso, a ansiedade pessoal dos indivíduos é focalizada 
sobre fatos explícitos e a indiferença pelo público se transforma em participação 
nas questões públicas.
O primeiro fruto dessa imaginação — e a primeira lição da ciência social que a in-
corpora — é a ideia de que o indivíduo só pode compreender sua própria experiência 
e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período; só pode conhe-
cer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das possibilidades de todas as 
pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele. Sob muitos aspectos, é uma lição 
terrível; sob muitos outros, magnífica. Não conhecemos os limites da capacidade que 
tem o homem de realizar esforços supremos ou degradar-se voluntariamente, de 
agonia ou exultação, de brutalidade que traz prazer ou de deleite da razão. Mas em 
nossa época chegamos a saber que os limites da “natureza humana” são assustado-
ramente amplos. Chegamos a saber que todo indivíduo vive, de uma geração até a 
seguinte, numa determinada sociedade; que vive uma biografia, e que vive dentro de 
uma sequência histórica. E pelo fato de viver, contribui, por menos que seja, para o 
condicionamento dessa sociedade e para o curso de sua história, ao mesmo tempo 
em que é condicionado pela sociedade e pelo seu processo histórico. 
33
aprimore-se
A imaginação sociológica nos permite compreender a história e a biografia e as 
relações entre ambas, dentro da sociedade. Essa é a sua tarefa e a sua promessa. A 
marca da análise social clássica é o reconhecimento delas [...]. É a marca do que há 
de melhor nos estudos contemporâneos do homem e da sociedade.
Nenhum estudo social que não volte ao problema da biografia, da história e de 
suas interligações dentro de uma sociedade completou a sua jornada intelectual. 
Quaisquer que sejam os problemas específicos dos analistas sociais clássicos, por 
mais limitadas ou amplas as características da realidade social que examinaram, os 
que tiveram consciência imaginativa das possibilidades de seu trabalho formularam 
repetida e coerentemente três séries de perguntas:
1) Qual a estrutura dessa sociedade como um todo? Quais seus componentes 
essenciais e como se correlacionam? Como difere de outras variedades de ordem 
social? Dentro dela, qual o sentido de qualquer característica particular para a sua 
continuação e para a sua transformação?
2) Qual a posição dessa sociedade na história humana? Qual a mecânica que a 
faz modificar-se? Qual é seu lugar no desenvolvimento da humanidade como um 
todo e que sentido tem para esse desenvolvimento? [...]
3) Que variedades de homens predominam nessa sociedade e nesse período? E 
que variedades irão predominar? De que formas são selecionadas, formadas, libe-
radas e reprimidas, tornadas sensíveis ou impermeáveis? Que tipos de “natureza 
humana”, se revelam na conduta e caráter que observamos nessa sociedade, nesse 
período? [...]
Fonte: Mills (1965, p. 11-8).
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eu recomendo!
Teoria social
Autor: Ana Christina Vanali (Organizadora)
Editora: Núcleo de Estudos Paranaenses
Sinopse: o presente trabalho articula em coletânea um resumo 
dos principais teóricos da Sociologia, possibilitando que o(a) aca-
dêmico(a) possa “viajar” pela matriz de conhecimento dessa área. 
Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Polanyi, Karl Man-
nheim, Norbert Elias, Howard Becker e Pierre Bourdieu são retratados nesta obra, 
de fácil leitura e de conteúdo didático.
livro
Sociologia Clássica — Marx, Durkheim e Weber
Autor: Carlos Eduardo Sell
Editora: Vozes
Sinopse: a partir da importância de Marx, Durkheim e Weber 
para a matriz sociológica, Carlos Eduardo Sell retoma a teoria so-
ciológica demonstrando os modelos básicos de pensamento dos 
autores, as características de cada um e os desafios propostos 
para a análise da modernidade.
livro
Aprender antropologia
Autor: François Laplantine
Editora: Brasiliense
Sinopse: leitura clássica acerca da Antropologia. François Laplanti-
ne faz uma trajetória em três partes sobre a história do pensamen-
to antropológico: a história, as tendências e as especificidades. 
livro
35
eu recomendo!
Tempos Modernos
Sinopse: Clássico que retrata a frenética vida de um operário em 
uma linha de produção. Esse filme de Charles Chaplin demonstra 
as dificuldadesenfrentadas pelos trabalhadores depois da Revo-
lução Industrial. É ótimo para retratar as mudanças da Europa, 
em sua transição de rural para urbana.
filme
Ofício do Sociólogo 
Neste texto-resumo, é possível observar os comentários de Pierre Bourdieu e de 
outros autores acerca da prática da sociologia no dia a dia.
Link disponível em: <http://sociodialy.blogspot.com.br/2007/06/o-ofcio-de-sociol-
go.html>. 
conecte-se
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PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A sociedade, um “objeto estra-
nho” • Auguste Comte • A herança positiva no estruturalismo de Émile Durkheim.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Reconhecer o contexto do nascimento da Antropologia e da Sociologia como Ciência • Dominar a 
formação das teses positivistas e suas críticas ao liberalismo e socialismo • Estudar a formação do es-
truturalismo como método de análise social.
SOCIOLOGIA
CLÁSSICA I
PROFESSORES 
Dr. Tiago Valenciano
Me. Gilson Costa de Aguiar
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), o desenvolvimento da Sociologia e da Antropologia está 
ligado diretamente ao desenvolvimento da sociedade ocidental capitalista. Nela 
surgiu a necessidade de compreender as transformações que passou a Europa. A 
formação de uma vida urbana tensa gerou novos fatos sociais ainda desconheci-
dos para o mundo europeu.
As tensões sociais se agravaram com o desenvolvimento industrial. Ho-
micídio, alcoolismo e suicídio são alguns dos fatos que geraram preocupação 
para o destino da vida social na cidade. O crescimento urbano acarretou 
desordens e fez surgir as revoltas operárias e as primeiras manifestações con-
trárias à sociedade industrial nascente. A cidade foi o palco da crise social, 
por meio dos movimentos quebra-máquinas e da formação do Partido Social 
Democrata alemão, tendo como um de seus fundadores Karl Marx.
Na crise, os pensadores europeus passaram a se dedicar em entender os 
comportamentos sociais urbanos e suas razões. Quais fatores promoviam a 
violência, o alcoolismo, o suicídio e os homicídios? Por que em tão grande 
escala a vida social se degenerava?
Nesta unidade, vamos sempre associar os métodos aos fenômenos sociais. 
Não podemos abrir mão de uma análise dos clássicos sem entender os fenô-
menos que estimularam os pensadores europeus que fundaram a Sociologia.
Em uma sociedade considerada perdida pelo caos instalado e expresso 
no conflito entre os grupos humanos, alguns acreditavam que a crise pas-
saria e que era necessário acomodar a ordem social ao desenvolvimento. 
Auguste Comte e Émile Durkheim são os teóricos a serem analisados, já 
que buscaram respostas para a sociedade de seu tempo e estabeleceram 
as bases de uma Ciência que se desenvolveu e prosperou até nossos dias. 
Se ainda continuamos a estudar os clássicos e considerar suas análises 
válidas, é porque muitos dos problemas sobre os quais eles se debruçaram 
ainda continuam se apresentando, talvez com uma nova roupagem.
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A SOCIEDADE, UM
“OBJETO 
ESTRANHO”
A análise da vida social foi preocupação para vários cientistas sociais. A maio-
ria buscava estabelecer princípios de moralidade e uma idealização de conduta 
necessária, orientando a ação na vida social com elementos de ética e moral que 
pudessem superar os atritos da vida coletiva. As instituições religiosas se dedi-
caram a compreender os males sociais como algo orientado pelas tendências 
malignas que atentavam a vida humana. 
Os homens da racionalidade, por sua vez, valorizavam a razão como forma de com-
preensão e ação, mas sem o entendimento do fenômeno social. Partia-se do princípio 
de que o homem deveria se orientar diante dos outros, os quais eram desconhecidos da 
compreensão da Ciência.
Dois acontecimentos de grande tensão social, que emergiram da necessidade de 
uma compreensão científica da sociedade, foram a industrialização e o crescimento das 
cidades de forma desordenada. A vida urbana produziu fenômenos de instabilidade 
social em uma proporção nunca vista. São exemplos o desenvolvimento do alcoolis-
mo, da prostituição, do homicídio, do suicídio e do latrocínio; Sem contar os distúrbios 
provocados por manifestações coletivas, que eram encarados por muitos intelectuais e 
homens de Estado como um “problema”.
Nos séculos XVIII e XIX emergiram grandes cidades e bairros formados sem pla-
nejamento, em muitos casos havia uma concentração desordenada de indivíduos. Nes-
ses ambientes periféricos e urbanos, eram confrontadas as regras estabelecidas na vida 
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rural, a qual não se podia mais reproduzir na cidade. Ao mesmo tempo, as condições de 
sobrevivência no mundo urbano se mostravam violentas. 
Revoltas populares contra as máquinas no século XVIII, na Inglaterra, foram uma 
expressão dessa contradição. Os operários consideravam que os maus-tratos impostos 
a eles eram consequência da existência das máquinas. Dessa forma, se elas fossem des-
truídas, a relação com a classe patronal seria mais humana. Ao longo da história, a luta 
contra o desenvolvimento tecnológico se mostrou em vão.
Outras tendências se colocavam em oposição ao caos social, resgatando as “tradições” e 
considerando que a perda de um comportamento moral seria responsabilidade das trans-
formações econômicas que a sociedade estava vivendo. O regime de liberdade era questio-
nado e colocado como o fator de permissividade para o que se chamava de “imoralidade”. 
Em alguns países, como a França, logo após a derrota de Napoleão Bonaparte, em 
1815, quando se viveu a restauração do “antigo regime”, aconteceu o retorno ilusório de 
uma sociedade de ordens, que prometeu resgatar o caos, mas apenas aprofundou a crise 
social. Uma lição que se tirou da Europa no século XIX é que não há retorno quando se 
tem mudança, principalmente uma revolução.
A sociedade europeia não foi a mesma após a Revolução Industrial (1750) e Revolução 
Francesa (1789). As correntes liberais ascenderam na vida pública e passaram a dominar 
o cenário político no Continente. Fora da Europa, e como um desdobramento dos seus 
movimentos liberais, os Estados Unidos foi a primeira colônia a se tornar independente e 
iniciar a ruptura das colônias europeias na América. A implantação dos regimes liberais, 
porém, não foi compreendida como a superação dos problemas sociais. As críticas às teses 
liberais e aos governos que ela respaldou, sejam monarquias ou repúblicas, acentuaram-se.
Duas tendências cresceram no contexto de crítica aos problemas urbanos nas cidades 
industrializadas da Europa. O primeiro foi o socialismo, inicialmente utópico, que se propa-
gou na França e Inglaterra. A tendência de crítica estabelecida por essa corrente não refutava 
efetivamente a economia industrial, mas considerava que a desigualdade deveria ser comba-
tida pelo Estado. O governo deveria se comprometer a intervir na vida social e econômica, 
visando garantir as condições mínimas para os indivíduos que se encontravam ameaçados 
pela exploração econômica e pela miséria que a constituição do proletário estabeleceu.
Mais tarde, o socialismo enriqueceu suas teses e gerou uma crítica mais contundente 
ao capitalismo em desenvolvimento. Com Karl Marx, teórico alemão, foi estudado cri-
teriosamente. Seus estudos iniciaram pela mercadoria, pela produção da vida material 
e pelas relações entre as classes formadas pela economia, pelos proprietários dos meios 
de produção (a burguesia) e pela força de trabalho (o proletário). 
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A tese do materialismo histórico e dialético será entendida ainda nesta unidade. 
Aqui, porém, é importante pontuar que no nascimento da Sociologia há um posiciona-
mento da sociedade capitalista em formação, seja na crítica, como as teses de Marx, ou na 
defesa de uma reorganização da vida em sociedade, como propôs Comte ou Durkheim, 
os quais passaremos a analisar a partir de agora.
A preocupação com a organização da vida social foi cultuada por muitos pensadores. 
Podemos considerar que mesmo entre os liberais

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