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Aleitamento Materno O leite materno é o melhor alimento para o RN. Fornece nutrientes e proteção. O leite humano, da mãe sadia e bem nutrida, atende perfeitamente às necessidades dos lactentes (o leite se adapta as necessidades da criança). É um alimento vivo e dinâmico, por conter substâncias com atividades protetoras e imunomoduladoras. O leite materno é único e inigualável e a amamentação promove saúde e afeto para mãe e para criança. Estudos experimentais e ensaios clínicos mostram ampla evidência de que fatores nutricionais e metabólicos, em fases iniciais do desenvolvimento humano, têm efeito em longo prazo, na programação (programming) da saúde na vida adulta. -Epigenética (primeiros mil dias): fatores ambientais afeta a qualidade de vida no adulto, fecundação até os primeiros dois anos. Alimentação adequada afeta na saúde futura. O aleitamento materno tem efeito protetor e dose- dependente na redução do risco de obesidade na vida adulta. Deve-se evitar o uso de leites artificiais, pois podem prejudicar a amamentação (a não ser em casos em que o aleitamento materno é contraindicado). Pode fazer com que a criança se adapte a mamadeira ou prefira o artificial devido ao sabor. Principais pontos: • Deve ser exclusivo até 6 meses (nem mesmo água e chás); • Manter até pelo menos 2 anos, complementado por outros alimentos; • Livre demanda (inicialmente em média de 8- 12 vezes ao dia); • Tem benefícios para criança e para mãe; • Importante manter ambiente tranquilo enquanto amamenta; → Aleitamento materno exclusivo – somente leite materno (LM), direto da mama ou ordenhado; → Aleitamento materno predominante – LM + água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões) ou suco de frutas; → Aleitamento materno complementado – LM + alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo; → Aleitamento materno misto ou parcial – LM + outros tipos de leite ou fórmula láctea; O bebê deve começar a mamar logo após o nascimento, ainda na sala de parto, estando a mãe em boas condições e o recém-nascido com manifestação ativa de sucção e choro. O contato precoce da criança com a mãe e a estimulação sensorial da mama ajudam a consolidação do reflexo da sucção, com abreviação do tempo de apojadura. Libera ocitocina que reduz o risco de sangramento. O incentivo e apoio ao aleitamento materno devem ocorrer no pré-natal, sala de parto, alojamento conjunto e após a alta hospitalar, bem como nas unidades de alto risco que atendem o recém-nascido. Consulta pré-natal é essencial para apoiar e indicar sobre o aleitamento materno. Durante a gestação os seios maternos sofrem transformações para se prepararem para amamentação: • Estrogênio: ramificação dos ductos lactíferos; • Progestogênio: formação dos lóbulos mamários; • Outros: lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. O reflexo de busca (procura) auxilia o bebê a encontrar o mamilo, abocanhando o mamilo e aréola, e dando início ao reflexo de sucção. A sucção é essencial para a produção de prolactina. A prolactina é o hormônio responsável pela produção de leite e tem seus níveis regulados pelo estímulo de sucção (pega adequada e frequência das mamadas). A ocitocina é o hormônio responsável pela ejeção de leite, sendo influenciada por fatores emocionais maternos: aumenta em situações de autoconfiança e diminui em momentos de ansiedade e insegurança. Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, a prática bem-sucedida do aleitamento materno depende, em grande parte, do apoio e das orientações recebidas pelas mães. O bebê deve mamar sob livre demanda, ou seja, todas as vezes que quiser, sem horários fixos ou determinados. Depois de ele esvaziar o primeiro peito, a mãe deve oferecer-lhe o segundo; o completo esvaziamento da mama assegura a manutenção do estímulo de produção do leite. O tempo de esvaziamento da mama é variável para cada criança. Produção do leite materno: • Primeiros dias após o nascimento: a produção de leite é pequena, mas suficiente para as necessidades iniciais; • 3º a 5º dia: apojadura (“descida do leite”) – mamas ficam maiores e aumenta a produção do leite. Podem ficar doloridas; • A maior parte do leite é produzida enquanto o bebê mama; • Há variações na composição do leite de acordo com dias de nascimento, tempo de mamada e em determinadas situações (ex.: prematuridade); • O leite materno pode variar também de sabor de acordo com a alimentação da mãe – influência nos sabores quando iniciar alimentação complementar. Quando a criança começa a alimentação complementar ela vai se lembrar do gosto do leite e, por isso, é bom que a mãe tenha uma alimentação saudável. Diferentes tipos de leite materno: Colostro x Leite de transição x Leite maduro. • Colostro: primeiros dias (em média 3 a 5 dias), rico em imunoglobulinas (IgA) e proteínas, pobre em lipídeos, menor teor calórico que o leite maduro. Confere imunidade aos RNs. • Leite de transição: intermediário entre colostro e leite maduro, com modificação gradual na composição. • Leite maduro: produzido por volta de 15 dias de vida, com maior teor de lipídeos e carboidratos, e menor concentração de proteínas que o colostro. Leite anterior x Leite posterior. Durante a mamada o leite vai mudando a composição, reduzindo a concentração de água e aumentando o teor de gordura. • Leite anterior: mais ralo, pois tem mais água (hidratar) e anticorpos; • Leite posterior: tem mais gordura (saciedade). Tem que esvaziar uma mama e depois passa para o outro, se não o bebê não vai ter a saciedade e não vai receber leite posterior. Todo leite materno é adequado, possuindo calorias, gorduras, proteínas, vitaminas, água e outros nutrientes essenciais na dose certa para o crescimento e o desenvolvimento adequado das crianças. Não existe leite fraco! Principais práticas clínicas: 1. Discutir a importância e o manejo da amamentação com mulheres grávidas e suas famílias. 2. Facilitar contato pele a pele imediato e ininterrupto e apoiar as mães a iniciarem a amamentação o mais rápido possível após o nascimento (ainda em sala de parto). 3. Apoiar as mães para iniciar e manter a amamentação e superar as dificuldades mais comuns. 4. Não fornecer aos recém-nascidos amamentados outros alimentos ou líquidos além do leite materno, a menos que seja por indicação médica. 5. Possibilitar que as mães e seus filhos permaneçam juntos e pratiquem alojamento conjunto 24 horas por dia. 6. Ajudar as mães a reconhecer e responder aos sinais dos bebês para a amamentação. Ensinar a mãe a interpretar as demandas do bebê em relação a fome. 7. Aconselhar as mães sobre o uso e os riscos de mamadeiras, bicos e chupetas. Os bicos diferentes podem confundir a criança. 8. Coordenar a alta para que os pais e seus filhos tenham acesso adequado à assistência e cuidados contínuos. Não há tempo máximo estabelecido para o fim da amamentação. Ela pode durar enquanto for desejada pela mulher e pela criança desde que não haja nenhum tipo de prejuízo para ambas. Benefícios do aleitamento materno: • Maior contato/vínculo mãe-filho; • Melhor custo-benefício e facilidade; • Benefícios para saúde da criança: o Melhora a digestão e minimiza as cólicas; o Reduz o risco de doenças alérgicas; o Protege contra infecções como diarreia, pneumonia, otites (ou reduz gravidade); o Diminui as chances de desenvolver no futuro doença como HAS, DM, obesidade, dislipidemia; o Favorece desenvolvimento físico, emocional e inteligência; o Movimento para sucção benéfico para maxilar, boca e músculos do rosto; • Benefícios para a saúde da mãe: o Auxilia na prevenção de algumas doençascomo câncer de mama, de ovário e de útero, e diabetes mellitus tipo 2; o Proteção anticoncepcional enquanto AME (aleitamento materno exclusivo); o Faz bem para saúde mental, aumentando a autoestima e auto confiança; o Ajuda mãe a reduzir peso adquirido durante gestação; • Benefícios para a sociedade e o planeta: o Menos dias de trabalho dos pais perdidos pois crianças adoecem menos e atingem maior nível de inteligência; o Maior sustentabilidade ambiental e segurança alimentar; o Menor poluição (não industrializado). Contraindicações da amamentação: • Permanentes: HIV e HTLV 1 e 2; • Temporárias: o Alguns medicamentos (ex.: drogas sedativas, psicoterápicas, antiepilépticas, opiáceos e suas combinações, antineoplásicos); o Usuárias regulares de álcool ou drogas ilícitas – enquanto estiverem consumindo; o Algumas infecções (ex.: vírus do Herpes simples tipo 1 com lesões em mama); o Ter tomado a vacina febre amarela não pode amamentar criança < 6 meses; o Exames com radio fármacos; • A criança não deve ser amamentada por outra mulher que não seja a mãe. Pode passar infecções. Orientações de técnica adequada: • Existem diversas posições para amamentar: pode ser sentada, recostada, deitada ou em qualquer outra posição que seja agradável. • Mãe e bebê devem se sentir confortáveis. • É importante apoiar bem o bebê, colocando o rosto da criança perto e de frente para a mama. • Independentemente da posição o importante é que a pega esteja adequado. Posição “tradicional”: • Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz em oposição ao mamilo. • Corpo do bebê próximo ao da mãe; Bebê bem apoiado. • Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); • Barriga com barriga. Bebê com cabeça reta em relação ao corpo. Outras posições: • Mulher sentada, com o bebê posicionado na sua lateral (posição de jogador de futebol americano). • Mulher deitada, junto ao bebê. • Mulher sentada, apoiando a criança com o braço oposto ao da mama que está sendo oferecida (posição tradicional invertida). • Mulher sentada com bebê apoiado ao seu corpo verticalmente (posição do cavalinho). • Amamentação de gemelar (um em cada posição ou mesma posição). • Para retirar o bebê do peito, recomenda-se introduzir gentilmente o dedo mínimo no canto da sua boca; • Após a mamada, colocá-lo de pé no colo, quando ele poderá ou não arrotar. Deixa o bebê em posição ereta por cerca de 30 min. O que fazer para prevenir algum problema na amamentação? • Cuidar para que a posição e a pega sejam adequadas. • Amamentar não deve doer. • Iniciar o mais cedo possível de preferência na primeira hora de vida. • Ter atenção ao período de apojadura (3º a 5º dia) – as vezes as mamas ficam mais cheias do que o RN consegue mamar, podendo dificultar a pega. • Dar tempo suficiente para o bebê sugar em uma mama antes de passar para outra. Iniciar pela mama contraria na próxima mamada. • Amamentar sobre livre demanda. Práticas que podem facilitar a amamentação: • Cuidar da saúde da mulher: o Saúde física e mental; o Orientações nutricionais, ingesta hídrica (3 a 4 L por dia); • Ter uma rede de apoio: o Apoio nos cuidados com as crianças e tarefas cotidianas; o Tempo e tranquilidade para cuidar de si própria. Práticas que podem dificultar a amamentação: • Dar outros leites ou fórmulas infantis para “complementar” o LM sem indicação médica; • Começar com alimentos sólidos ou pastosos antes dos 6 meses de idade; • Oferecer mamadeira e chupetas – pode fazer confusão de bico; • Fumar durante a amamentação; • Usar medicamentos por conta própria; • Ingerir qualquer bebida alcoólica. Principais dificuldades na amamentação: • Alteração de humor no pós-parto: o Baby blues pós parto ou tristeza materna: passageiro; alteração hormonal e adaptação emocional; ▪ Apoio à mãe o Depressão pós parto – sintomas intensos e duradouros; ▪ Tratamento e acompanhamento especializado • Demora na descida do leite: o Avaliação médica para acompanhar criança, vigiar peso. Evitar suplementação desnecessária. • Criança com dificuldade inicial para sugar: o Examinar criança e mama; auxiliar a pega; ordenhar se necessário; • Mamilo plano ou invertido: o Ajudar o bebê a abocanhar a aréola; diferentes posições; massagem se a mama estiver cheia; • Mamilos doloridos ou machucados/fissura do mamilo: o Comum nos primeiros dias, mas se persistência é sinal de alerta; o Pode ser causado por pega ou posições inadequadas; ▪ Orientar a pega. Deve-se retirar o bebê da mama após parar de mamar; • Ingurgitamento mamária (“leite empedrado”), comum após a apojadura: o Fazer massagens suaves; retira leite manualmente; manter livre demanda. • Mastite: o Inflamação da mama, podendo evoluir para infecção; o Mama fica inchada, vermelha e dolorida; o Pode causar dores no corpo, febre e mal estar; ▪ Deve-se procurar serviço de saúde para tratamento; ▪ Não precisa interromper a amamentação durante o tratamento de mastite. • Candidíase na mama: o Avaliação e tratamento; • Bloqueio de ductos lactíferos: o Caroços localizados, sensíveis e dolorosos, com hiperemia e calor; o Predisposição: esvaziamento inadequado, sutiã apertado e cremes: ▪ Corrigir pega e posição; ▪ Iniciar mamada por mama afetada para desobstruir; • Queixa de “pouco leite”: o Razão comum para introdução de outros leites e alimentos; o Maioria das mulheres produz uma quantidade suficientes de leite, desde criança mame com frequência, tempo, pega e posição adequada; ▪ Vigiar curvas de crescimento. Se normal: tranquilize a mãe. • Hiperlactação: o Pode dificultar a amamentação por dificuldade de pega; o Pode causar engasgos, gases e cólicas; ▪ Evitar retirada manual de leite antes das mamadas, já que estimula mais a produção; ▪ Posições que diminuam o fluxo, como cavalinho; ▪ Mamar em apenas uma das mamas, e retirar leite da outra após mamada apenas suficiente para conforto; ▪ Sugerir doação de leite. Como retirar, armazenar e oferecer o leite materno: Recomenda-se que o leite seja retirado com as mãos. Cuidado com as bombas (manuais ou elétricas) pois podem causar contaminação, rachaduras e outros traumas no peito. • Como prepara o frasco para guardar o leite: o Escolher um frasco de vidro com tampa plástica; o Ferver por 15 minutos; o Deixar secar naturalmente; • Como se preparar para retirar o leite do peito: o Retirar após criança mamar (antes apenas se mamas muito cheias); o Lugar limpo, tranquilo, longe de animais; o Cobrir cabeça, boca e nariz (touca e máscara); o Mãos limpas, secas e sem objetos (ex.: anel); • Como fazer a retirada manual do leite do peito: o Massagear a mama; o Com os dedos da mão em forma de “C”, colocar o polegar perto da aréola na parte de cima do peito e os outros dedos deve sustentar a mama pela parte de baixo. Apertar suavemente um dedo contra o outro; o Desprezar o primeiro jato, maior risco de contaminação; o Posicionar o recipiente em que será coletado o leite materno próximo a mama e iniciar a coleta; o Repetir na outra mama quando o fluxo reduzir; • Como guardar o leite retirado: o Tampar bem o frasco e anotar data da retirada; o No congelador ou freezer (até 15 dias) ou na prateleira mais próxima do congelador na geladeira (até 12h); • Como oferecer o leite retirado à criança: o Se o leite estiver congelado, descongelar no próprio frasco em banho Maria com fogo apagado. Não deve ferver nem usar micro-ondas; o Agitar suavemente o frasco para misturar bem leite; o Colocar parte do conteúdo em copo ou xicara. Oferecer de preferência em copo ou colher, encostandono lábio inferior e deixando a criança lamber o conteúdo; o O que sobrar do leite descongelado no frasco pode ser guardado em geladeira por até 12h; o O que sobrar no copo deve ser descartado. E quando a mãe não puder amamentar? • Leite doado em bancos de leite (crianças prematuras ou doentes); • Fórmula infantil: o Fórmula de partida (0 a 6 meses) ou de seguimento (6-12 meses); o São fórmulas lácteas compostas por leite de vaca modificado para se adequar às necessidade do lactente (Ex. Nestogeno, Nan, Aptamil, Milupa); o Todas as fórmulas infantis para lactentes disponíveis no Brasil são consideradas seguras; • Para as crianças que utilizam fórmulas infantis, a introdução de alimentos não- lácteos deverá seguir o mesmo preconizado para aquelas em aleitamento materno exclusivo. • Obs.: Crianças menores que 1 ano não devem consumir leite de vaca integral! A criança perde 10% do peso após o nascimento, mas isso deve ser recuperado até 15 dias. É o período da apojadura e não houve a sucção de forma eficaz e gerou ingurgitamento. Ocorreu por não esvaziar de forma suficiente.
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