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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
	
JEFFERSON DA SILVA PAIXÃO
O REGIME JURÍDICO NOS CONTRATOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: UMA ANÁLISE DA PRAXIS EM FACE A REALIDADE
TERESÓPOLIS
2020
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS – FESO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS – UNIFESO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CCHS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
JEFFERSON DA SILVA PAIXÃO
O REGIME JURÍDICO NOS CONTRATOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: uma análise da praxis em face a realidade
Artigo científico apresentado ao Curso de Graduação em Direito como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Victor Eduardo da Silva Lucena.
TERESÓPOLIS
2020
O REGIME JURÍDICO NOS CONTRATOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: UMA ANÁLISE DA PRAXIS EM FACE A REALIDADE
	
1 INTRODUÇÃO
Toda empresa, após fundada está sujeita às consequências das dificuldades administrativas e oscilações na economia do país. Também enfrentam grande competitividade no mercado para fidelizar e angariar clientes, e, o mais importante, se sujeitam às inovações tecnológicas para se adaptarem às novas demandas do mercado. 
Algumas empresas conseguem se sobressair a outras, adaptando-se melhor às demandas do mercado. Por outro lado, aquela que não se adequou acaba perdendo espaço no mercado. Como consequência, as empresas em desconformidade com as demandas do mercado enfrentam crises de rigidez, que ocorrem “quando a atividade não se adapta ao ambiente externo, demonstrando uma incapacidade de reação em face de mudanças” (GABRIELA apud TOMAZETTE, 2003, p. 9).
Essas crises diferem das chamadas de crise de eficiência, que “são aquelas causadas pela inadaptalidade da gestão empresarial para com o mercado externo, não atendendo assim sua necessidade, causando uma crise interna”. Entre as causas internas podemos citar a escassa capacidade de inovação, ou seja, a falta de adequação da produção às expectativas dos clientes (TOMAZETTE, 2018, p. 32).
Contudo, nem toda crise empresarial interessa ao ordenamento jurídico. Aquele problema que é apenas do interesse do empresário, diz respeito somente a sua gestão. De outra forma, as crises econômicas, financeiras e patrimoniais são mais preocupantes e interessam ao Direito na medida em que podem representar a inadimplência e o aumento do risco dos credores, bem como a redução de empregos.
Nesse contexto, há que se considerar a função social da empresa, que preceitua a geração de empregos, cumpre com sua obrigação quanto a sustentabilidade ao meio ambiente e prioriza o bem estar de seus funcionários, desta forma, possuindo um papel de tal importância no qual não pode ser visto apenas para atender somente seus interesses, em que interesses de terceiros são afetados quando a empresa é fundada e inicia-se no mercado, ocorrendo de forma mais delicada quando se trata dos empregados, pois são a parte mais frágil do processo da crise de uma empresa. 
Em vista desse processo, a empresa em crise deixa de oferecer para o meio social onde atua a estabilidade da geração de empregos, dificultando tanto o seu próprio crescimento como também o desenvolvimento dos acionistas. Nesse sentido, há sempre que se observar que o crescimento do empresário deve caminhar junto com o da sociedade, atendendo alguns pressupostos importantes, pois pode ser pernicioso caso não seja obedecido.
Atualmente, o crescimento econômico deve sempre estar atrelado ao desenvolvimento social, para não deixar de lado o princípio da dignidade humana. O ser humano não pode ser desvalorizado a ponto de se tornar insignificante frente aos objetivos empresariais. Então, pretende-se demonstrar que a atividade empresarial deve buscar o lucro e, de maneira harmônica, o bem comum, a fim de assegurar a todos existência digna. Destarte, o exercício da função social, legitimador da atividade econômica, vai muito além do mero exercício da empresa. (PEREIRA, 2010, p.9)
Quando empresas deste porte passam por crises econômicas, financeiras e patrimoniais, o próprio mercado tem interesse de buscar a solução sem que seja necessário a intervenção estatal. Esse interesse produz acordos diretos com os credores, ocasião na qual o Poder Judiciário é acionado para fins estritamente homologatórios.
Caso tais acordos sejam impossíveis ou se mostrem insatisfatórios, faz-se necessária a recuperação judicial da empresa em crise. Nela, os credores, instituições bancárias e fisco são tão interessados quanto os trabalhadores e a comunidade.
Assim, não havendo êxito na superação da crise de forma vista nas soluções do mercado, devem ser acionada a solução estatal possível, que é a recuperação judicial, na qual, em suma, “há a atuação do Poder Judiciário, não como sujeito responsável pela reestruturação da atividade, mas como um sujeito que vai acompanhar a aplicação dos procedimentos legalmente previstos (PIMENTA apud TOMAZETTE, 2006, p. 68.).
A recuperação judicial de forma geral busca reinserir a empresa de volta no mercado empresarial, para que ela continue com sua atividade gerando empregos, auxiliando no crescimento da sociedade e realizando o pagamento dos credores e interessados no processo.
[...] viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. (Lei n. 11.101/2005 art.47).
Na recuperação extrajudicial, diferentemente do que ocorre com a recuperação judicial, o Poder Judiciário não é tão ativo. Parte-se da ideia de que a empresa e os seus credores são os maiores interessados na superação da crise. Nesse cenário, aparato judiciário tem função apenas homologatória.
Assim, estando todos os envolvidos de acordo, são realizadas reuniões e assinados os instrumentos de novação ou renegociação e se assumem novas obrigações por livre manifestação da vontade, obrigações essas cujo cumprimento espera-se que proporcione o reerguimento do devedor.
Há, contudo, empresas que não são recuperáveis, não sendo possível a recuperação judicial, pois tal procedimento pode acarretar mais prejuízos caso concedido, serão, assim, pernicioso o processo, assim o encerramento das suas atividades o meio menos custoso.
Nesses casos, ocorre a chamada liquidação ordinária. Nela, logo após o encerramento voluntário das atividades, os bens sociais são avaliados e vendidos para que se possa quitar suas dívidas remanescentes (BRASIL, Lei 6.404/1976).
Em contrapartida, há casos em que se faz necessário a liquidação forçada do empresário, chamada usualmente de falência. Nela, o poder Judiciário é acionado por uma execução coletiva dos credores em face do devedor, de forma que, essa ação torne mais viável o recebimento das quantias devidas. Esse procedimento busca evitar que o devedor deteriore o seu patrimônio, bem como assegurar os interesses dos credores.
Caso a empresa possa ser recuperada e caso seja aprovado o plano de recuperação judicial, em alguns casos é possível verificar o conflito de interesses entre o empresário e os fornecedores que com ele continuam contratando durante o período da recuperação. 
Nesses casos, a empresa, que antes de estar em recuperação usufrui de vantagens junto aos seus fornecedores de produtos e insumos e prestadores de serviços, como, por exemplo, o parcelamento dos valores das compras, passa a não mais gozar dessas vantagens por imposição do parceiro comercial.
As empresas fornecedoras ou parceiras da que está em recuperação judicial, sabem da situação desta, e mesmo assim alguns fornecedores dificultam a volta do parceiro ao mercado, deixando de cumprir acordos de fornecimento nos quais era acordada uma modalidade de pagamento e passando a exigir forma mais gravosa ao contratante. Em casos de crise econômica e financeira graves, tal atuação pode, inclusive, impossibilitara recuperação do empresário.
2 JUSTIFICATIVA
A pesquisa busca realizar um estudo sobre as dificuldades enfrentadas pelas empresas que enfrentam a recuperação judicial ou extrajudicial. Para tanto, se debruça sobre o Decreto lei 7.661/1945 e a Lei 11.101/2005, na qual ocorreram várias mudanças favoráveis à empresa que busca retornar a ativa.
Atualmente, o país passa por uma instabilidade que afeta diretamente as empresas, o que causa uma sensação insegurança tanto para quem já está no mercado, como para quem nele pretende ingressar, ou seja, os empresários que encontram em processo de recuperação judicial ou extrajudicial, batalhando para manter sua bem ativo.
Contudo, o ônus da recuperação não pode ser delegado totalmente ao Estado, uma vez que o próprio empresário pode ter sido negligente com o seu processo evolutivo e com o do país.
Como apontam os dados da revista (EXAME,2019, online), mais empresas estão ficando negativadas. “Ao confrontar os dados de ambas pesquisas, é possível identificar que das 21,553 milhões de empresas no Brasil, 5,4 milhões estão endividadas, ou seja, 25% do total, número que chama muito a atenção.”
Além disso, se verifica o crescimento exponencial dos requerimentos de recuperação judicial a partir do ano de 2015 em decorrência de várias incertezas e da própria crise econômica. Nesse sentido, conforme mostram os dados do G1:
Houve aumento de requerimentos de recuperação judicial em dezembro de 2015 em relação a novembro de 23% (150 em dezembro contra 122 em novembro). Já na comparação entre dezembro de 2015 e dezembro de 2014, a alta foi de 183%, de 53 para 150. (G1. 2016, online).
O empresário tem forte influência no mercado onde atua, principalmente para fomentar a economia, auxiliando na geração de empregos aumento da arrecadação, mesmo ela passando pela avaliação de recuperação judicial. Contudo, na hipotese de não ter sido aprovado seu plano de recuperação judicial, os efeitos causados pela sua atuação no mercado podem ser negativos para a sociedade e Estado, causando mais danos e insegurança econômica.
Visto o problema que possa ser causado, poderá ser acionado o aparato judicial para tentar sanar a possível falência da empresa, tentando tornar seu plano de recuperação válido e tal procedimento gerou custas e tempo, tanto dos credores quanto dos trabalhadores e demais interessados, dessa forma gerando insegurança em receber o que lhe é de direito.
 3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVOS GERAIS
Diante do quadro apresentado, se pretende verificar o deferimento do pedido de recuperação judicial gera outras dificuldades econômicas para a empresa, que não as anteriores, principalmente nos novos contratos firmados para a aquisição de bens e serviços destinados à atividade empresária.
Além disso, o trabalho também busca verificar se os novos contratos firmados após o deferimento da recuperação judicial geram maior dificuldade para o empresário em decorrência da adoção de formas de pagamento e negociações diferentes, consequência da situação de recuperação judicial que a empresa atual se encontra.
Por fim, a pesquisa se debruçará sobre a legislação para verificar se as leis pátrias versam sobre questões especificas em relação à dificuldade enfrentada pelos empresários após a aprovação do plano e também sobre as decisões dos tribunais, para elucidar como eles vêm se posicionado quanto a essas demandas.
3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Como objetivo específico, se busca, com o estudo proposto, realizar uma pesquisa minuciosa através da análise de casos em concreto, observando não só os processos, mas também a evolução da situação econômica das empresas, bem como o comportamento dos seus fornecedores antes e depois do processo de recuperação judicial. O objetivo, é, então, analisar se se ocorrem alterações na forma que são estabelecidos os contratos de fornecimento de insumos e produtos para os empresários em recuperação judicial.
Desta forma, se faz necessário analisar casos específicos para aclarar a questão e verificar como os contratos mercantis são firmados entre empresários em recuperação judicial e fornecedores de produtos e/ou serviços. 
Outro objetivo específico é o de analisar as consequências que eventuais formas diferenciadas e menos benéficas de contratação podem gerar para o empresário em recuperação judicial, pois como a empresa está passando por uma restruturação, toda mudança que prejudique o cumprimento do seu plano é danoso, como a forma de pagamento uma vez firmada antes da recuperação e após recuperação passa a ser diferente.
4 REFERENCIAL TEÓRICO
A recuperação judicial busca ajudar a empresa retomar suas atividades de forma plena, tal como já foi um dia, auxiliando de diversas formas na forma judicial ou na extrajudicial, conforme dispõe os artigos. 47 a 69 da Lei 11.101, fazendo isso de forma ordinária, no qual é um processo mais longo e que demanda muito esforço da empresa interessada em apresentar seu plano para reerguer a empresa e retomar a confiança de seus credores para que aceitem o plano.
Caso algum credor em assembleia- geral, não aceite o plano, não é possível dar seguimento ao processo de recuperação judicial, acarretando na falência, sendo a empresa obrigada a fechar suas portas, avaliar a situação atual e iniciar o processo de encerramento de suas atividades, sendo necessário demitir os funcionários e pagar os seus direitos, logo após isso o pagamento dos credores.
A forma menos burocrática de conseguir a recuperação judicial é a extrajudicial, no qual a empresa que está solicitando, é interessada em negociar de forma direta com os credores, sem a intervenção direta do poder judiciário, tornando seu papel totalmente homologatório, pois dessa forma é tratado de forma individualizada e é possível analisar de forma mais detalhada as proposições, conforme disposto no artigo 162 da Lei 11.101/2005.
Após tudo aprovado e passado o tempo de dois anos de observação, que é quando a empresa ainda está sendo avaliada pelo administrador fiscal ou pelo comitê de credores, ela já é considerada confiável sendo apta para contrair e cumprir com novos negócios.
 Entretanto, na recuperação judicial e na extrajudicial, ambas tem dificuldades de aceitação no mercado, tanto para fechar novos negócios ou contratos de compra para fornecimento de matéria prima, no qual é visto que muitas empresas enfrentam tal dificuldade para sua retomada ao mercado, visto que sua situação atual não lhe favorece e a maioria das empresas somente aceitam pagamento antecipado, tornando difícil dessa forma a retomada de suas atividades e cumprir o acordo.
Essa limitação também é vista por seus antigos ou talvez únicos fornecedores, no qual trocaram a forma de pagamento, que outrora foi acordado de forma parcelada ou a prazo, ferindo dessa forma o princípio da boa-fé objetiva, uma vez não sendo ético com o que foi acordado.
Tal princípio vem sendo adotado em outras áreas do direito, não mais privativo ao direito do consumidor como dispõe o ministro do STJ Tarso Sanseverino:
“o ministro do STJ Paulo de Tarso Sanseverino, presidente da Terceira Turma, explica que a boa-fé objetiva constitui um modelo de conduta social ou um padrão ético de comportamento, que impõe, concretamente, a todo cidadão que, nas suas relações, atue com honestidade, lealdade e probidade.”(SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2013, online)
Desta forma, pode-se entender que a empresa tem sua boa-fé de cumprir o contrato e o fornecedor de manter de forma que era acordado anteriormente a recuperação judicial, até porque ela não deseja contrair nova dívida para que todo o esforço seja em vão.
 Além dos problemas já citados, também ocorre a empresa em continuar pagando os impostos de igual forma a uma empresa que não se encontra em momentos dificultosos, deste modo somando ainda mais as dificuldades encontradas.
Existe o princípio da força obrigatória que quando assumidos, tanto os direitos como deveres se tornam lei entre as partes, “trata-se da aplicação do princípio da força obrigatória dos contratos, representado pela conhecida cláusulapacta sunt servanda, implícita em qualquer relação contratual.” (CRUZ. 2018, p.638)
No entanto, vale ressaltar que existe o princípio exceptio non adimplenti contractus, que de acordo com o artigo 476 do Código Civil, não se pode exigir algo da outra parte se a sua não foi cumprida e caso a parte contratante sobrevier a ter seu patrimônio comprometido, a outra parte pode se recusar a fazer, conforme disposto no art. 477 do Código Civil.
Porém, isso não ajuda na recuperação da empresa no plano de recuperação judicial, a empresa que antes era favorecida de acordos de compra e venda mais flexíveis, agora é obrigada a compra de forma antecipada seus insumos ou estabelecer vínculo com outra empresa, tornando mais dificultoso a conclusão do plano.
Com tal situação, a empresa irá encontrar dificuldades para conseguir sair do período de observação que dura dois anos, para que possa novamente não ter o nome recuperação judicial ao lado do seu nome, que apenas com isso complicam as novas negociações.
 É utilizado pelas pequenas e médias empresas, o sistema de faturização ou factoring, onde uma instituição que não precisa ser necessariamente bancária, oferece crédito para empresa em curto prazo e com acesso facilitado para essas empresas.
É muito comum, no mercado, que os empresários concedam crédito aos seus clientes, como forma de alavancar suas vendas. Num cenário de economia estável e inflação baixa, o crédito assume uma função importantíssima para o desenvolvimento das atividades negocias. (CRUZ, 2018, p. 703).
O sistema de factoring é um recurso que auxilia muito quem está em recuperação judicial, isso quando for aprovado, mesmo sendo ele uma forma mais fácil de conseguir que pelos bancos.
O contrato de Factoring, pois, serve ao empresário justamente para lhe permitir uma melhor organização do seu negócio, atendendo principalmente aos interesses do pequenos e médios empreendedores, que têm mais dificuldade de acesso ao crédito pelas vias normais do sistema financeiro nacional. Trata-se enfim, de um contrato por meio do qual o empresário transfere a uma instituição financeira (que não precisa ser, necessariamente, um banco) as atribuições atinentes à administração do seu crédito. Algumas vezes, esse contrato envolve a antecipação desse crédito ao empresário. (CRUZ, 2018, p. 703).
Esse modo de empréstimo é bastante vantajoso para as empresas que buscam se reerguer, pois é menos burocrático e é rápido conseguir o crédito para retomar seus negócios, no entanto, é de igual forma dificultosa conseguir o factoring na recuperação judicial, contudo relata da relatora Nancy Andrighi dizendo “ os contratos de fomento mercantil, na medida em que propiciam sensível reforço na obtenção de capital de giro (auxiliando como fator de liquidez), podem servir como importante aliado das empresas que buscam superar a situação de crise econômico-financeira.” (MIGALHAS.2019,online).
5 METODOLOGIA
Será realizado um estudo com base em obras clássicas do direito empresarial e societário, bem como falimentar, a exemplo dos autores Sérgio Campinho, André Santa Cruz Ramos, Fábio Ulhoa Coelho, Ricardo Negrão, Marlon Tomazette e Rubens Requião.
 Além disso, também será utilizado a teoria geral dos contratos para a interpretação e análise dos contratos mercantis. Esse estudo será realizado utilizando obras clássicas de Direito Civil dos autores Caio Mario, Carlos Roberto Gonçalves, Flávio Tartuce, Maria Helena Diniz e Pablo Stolze.
Também utilizará artigos específicos da área de Direito Empresarial, principalmente os relacionados com o os contratos de fornecimento de insumos e serviços no curso da recuperação judicial. 
De igual forma, será analisado posições dos tribunais e artigos científicos versando sobre a dificuldade encontrada pela empresa para adquirir o fornecimento de insumos de forma que não prejudique o plano de recuperação judicial.
Será realizado um estudo caso com o método dedutivo, baseado no plano de recuperação judicial da empresa (divulgação do nome após autorização assinada), tratando-se também de pesquisa bibliográfica documental, pois documentará as dificuldades encontradas em diversas áreas.
6 SUMÁRIO PROVISÓRIO
1. INTRODUÇÃO; 2. O REGIME JURIDICO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL; 2.1. O EMPRESÁRIO EM SITUAÇÃO DE RISCO E AS ALTERNATIVAS LEGAIS PARA A SUA RECUPERAÇÃO; 2.2. REQUISITOS E CONSEQÊNCIAS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL; 2.3. O NÃO CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E A CONVOLAÇÃO DO PROCEDIMENTO EM FALÊNCIA; 3. CONTRATOS NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL; 3.1. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO E O SEUS IMPACTOS SOBRE O DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL; 3.2. DIÁLOGO DAS FONTES: COMO AS REGRAIS DO DIREITO CIVIL INFLUENCIAM A INTERPRETAÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL; 3.3 A “NOVA INTERPRETAÇÃO DO DIREITO CIVIL E DAS RELAÇÕES COMERCIAIS” COMO CONSEQUÊNCIA DA LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019; 4. CONTRATOS MERCANTIS DE FORNECIMENTO DE INSUMOS E PRODUTOS NO CURSO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL; 4.1. CONTRATOS MERCANTIS E RISCO DE INADIMPLEMENTO; 4.2. ANÁLISE DO CASO (DIVULGAÇÃO DO NOME APÓS AUTORIZAÇÃO ASSINADA; 4.3. BREVES APONTAMENTOS SOBRE O POSICIONAMENTO ADOTADO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA; 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS;
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem em seu bojo explorar e demonstrar a recuperação judicial, de forma que o princípio da preservação da empresa, onde buscar garantir sua atividade econômico-financeira de acordo com o direito humano ao desenvolvimento.
Sabe-se que o processo buscar proteger a dignidade da pessoa humana para todos que dependem da fonte produtora de seu sustento e a lei de recuperação judicial não visa englobar dessa forma mais minuciosa o bem estar social, pois a pontos que não são citados para garantir o bem estar social e um ambiente favoravel voltando a proteção dos direitos humanos.
2. O REGIME JURIDICO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
O regime jurídico da recuperação judicial visa resguardar a vida da empresa, antes de decretar a falência e gerar a partir disso inúmeros prejuízos, tanto para a comunidade que cerca e dela que é dependente, sendo o elo o frágil da relação os trabalhadores.
De igual forma, os credores também são partes que tem interesse nos negócios com a empresa que encontra em dificuldades, por isso veio sendo muito estudado e debatido a utilização da recuperação judicial da lei 11.101/2005 que antes o Decreto Lei 7.661 de 1945, no qual somente regulava a falência, não sendo uma lei multidisciplinar e buscava visar um bem maior, que a nova lei visa.
Após a introdução da Lei 11.101/2005, tornou-se mais fácil verificar o impacto que tem de analisar e dar a chance da empresa se recuperar, pois os funcionários, credores e o Estado também têm grande interesse que uma empresa continue gerando renda.
Não é de interesse de nenhumas das partes apenas receber o que lhe é devido em uma única parcela e partir daí perder seu rendimento rotineiro com a empresa, visto que a melhor conclusão foi a de fornecer recursos estatais e particulares para essa empresa se manter de pé.
Olhando todas essas vertentes, a empresa continua a exercer sua função social, conforme previsto no art. 170 da Constituição Federal, salientando que mesmo que seja um acordo entre empresa e credores, existe os requisitos mínimos para isso ser feito, que está no art. 48 em seus incisos e parágrafos subsequentes da lei 11.101/2005.
2.1. O EMPRESÁRIO EM SITUAÇÃO DE RISCO E AS ALTERNATIVAS LEGAIS PARA A SUA RECUPERAÇÃO;
No ordenamento jurídico existem dois modos para solicitar a recuperação judicial e uma que o mercado utiliza entre si para manter a empresa funcionando.
Uma das alternativas que a lei dispõe é o meio judicial, que deve obedecer às regras do art.48 da lei 11.101/2005, que diz os requisitos para poder solicitar por vias judiciais, onde deve ter no mínimo dois anos de atividade, não ser falido, não já ter participado de outro processo de recuperação judicial no período de cinco anos e não ter seu administrador ou sócio controlado condenado por crimes previstos na nessa lei.
Essa alternativa tem uma maior participaçãodo meio judicial, pois é ele quem vai fiscalizar e parametrizar a forma que será cumprido o plano.
Por outro lado, a recuperação extrajudicial não depende exclusivamente do meio judicial. Apesar de ter o mesmo objetivo, aqui a justiça tem somente a função homologatória, pois os acordos e as formas que serão contornadas as crises foram anteriormente acordados entre empresa e credores. 
Cabe somente o judiciário verificar se não há nenhuma irregularidade com a lei, se estão seguindo os princípios da boa-fé e não contém vícios, após essa verificação é homologado o acordo.
Existe também a forma que o mercado tem de superar a crise entre si, que é buscando investimento de outros grupos, credores e até mesmo filiação. Pois como diz Tomazette em sua obra.
Além disso, é bem frequente que, diante de uma dessas crises, empreendedores ou investidores enxerguem na empresa em crise uma alternativa de investimento atraente. Tal investimento pode se dar de diversas formas, como a aquisição de ativos, o trespasse de estabelecimento, a incorporação de sociedade, a aquisição de controle, dentre outros mecanismos. (Tomazette,2017,p.39)
Como aponta Carlos Alberto Farracha, “a Constituição Federal elenca como princípios a livre iniciativa e a valorização do trabalho humano, sem distinguir atividades empresárias e não empresárias, logo, não há motivo para tal distinção de tratamento da insolvência.” (Farracha,2006,p.72) No entanto o legislador manteve em diferenciar o Regime de recuperação judicial.
Deve-se observar que na recuperação judicial em qualquer meio utilizado, o objetivo não é salvar o empresário, mas sim a empresa, pois o que está sendo levando em conta é o impacto que a empresa em funcionamento gera na comunidade, local, regional ou nacional.
Desta forma, entende-se que o acordo para manter a empresa em funcionamento não depende do titular da empresa, pois ele pode ser mudado, caso veja que o mesmo tem influência negativa para a recuperação econômico-financeira da empresa. 
O regime de recuperação judicial também deve ser visto como preventivo. Dessa forma, caso esteja em eminência a crise da empresa, poderá também ser acionada a recuperação judicial, sempre atendendo suas regras. 
 2.2. REQUISITOS E CONSEQUÊNCIAS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL; 
A recuperação judicial tem inúmeras etapas para verificar se a empresa de fato cumpre os requisitos necessários, como a verificação dos débitos, impacto que ela gera em sua comunidade.
Cada credor deverá apresentar ao administrador judicial documentos que comprovem os débitos do devedor para com ele das formas fiscais cabíveis, devendo preencher alguns requisitos elencados no art. 9º da lei 11.101/2005.
Para ser nomeado administrador, deverá cumprir os requisitos do art. 21 da Lei 11.101/2005, que além de ser um profissional especializado, deverá ser idôneo.
Deve-se observar também, se a empresa exerce a atividade a mais de dois anos, sendo comprovado tal ato por via da junta comercial, a partir da certidão da empresa, como observado por pelo Desembargador Romeu Rícupero.
A recuperação judicial visa a preservar a empresa que está em funcionamento e não a reativar empresários inativos. Aqueles que não estão mais em funcionamento não justificam a intervenção estatal por meio da recuperação judicial. Sem o exercício da atividade não há empresa, se não há empresa não há que preservar. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, 2008)
Um ponto a ser destacado, no que tange a atividade da empresa a mais de dois anos, é que, independente do ramo que siga, o que vale é a atividade do empresário, conforme fala Sérgio Campinho 
“Eventual alteração do ramo de atividade há menos de dois anos não prejudica o preenchimento da condição. Como regra restritiva de direito, não se pode lhe emprestar visão ampliativa. A exigência é o exercício regular da atividade própria de empresá- rio há mais de dois anos, independentemente, pois, do ramo explorado” (Campinho, 2017,p,135).
Apesar do requisito de exercer a atividade a mais de dois anos, o legislador quis efetivar de tal forma essa regra que, dispondo no artigo 102 da lei 11.101/2005 que a empresa falida não tem direito de requerer o processo de recuperação.
Tal medida tomada foi observada para prevenir que uma empresa em falência emitente suspenda os efeitos desta, tendo assim uma sobrevida que seria desnecessária, causando somente prejuízos ao judiciário e auxiliando na morosidade dos processos já existentes.
Para que a recuperação judicial seja deferida, deverá ter a aprovação dos credores. Entretanto, não é necessário que todos aprovem, mas a maioria que representa a maior parte do credito, conforme prevê o art. 45 e 58 da Lei 11.101/2005.
Campinho, em sua obra, melhor fala os pontos nos quais devem ser observadas tais medidas para que sejam válidas.
“Caso tenha o devedor desfrutado, anteriormente, do estado de falido, o fato, por si só́, não impede possa ele, voltando a exercer a atividade empresarial, postular recuperação judicial. O evento não lhe resulta em vitalício impedimento à obtenção da medida. Mas reclama encontrem-se extintas, de forma definitiva, as responsabilidades decorrentes daquele estado.” (Campinho, 2017, p,137)
O próximo ponto a ser destacado é o de ter menos de cinco anos a solicitação da recuperação judicial, não sendo válido à empresa que já se fez valer do plano e concluiu ou da empresa que já está em um plano, fazendo analogia à concordata preventiva antes utilizada no Decreto – Lei 7.661/1945.
Anteriormente, tal benefício era vedado às micro e pequenas empresas pelo prazo de 8 anos, mas isso tornava mais dificultosa a recuperação para elas e ia de encontro ao art. 179 da Constituição Federal diz que deverá ter tratamento diferenciado e de forma a ajudá-las.
A empresa de igual forma, não deverá ter sua vida pregressa afetada por crimes elencados na Lei 11.101/2005, mas só serão validos os crimes que forem transitados em julgado. Caso esteja respondendo por algum não será computado. O atual ordenamento jurídico também estende isso ao administrador ou sócio controlador.
Após cumpridos todos os requisitos e dado início ao processo, o juiz ordenará a suspensão de todas as ações e execuções em face do devedor, uma vez essas abrangidas pelo plano de recuperação judicial, conforme prevê o art. 52 da Lei 11.101/2005.
Apesar de estar homologado o plano, as dívidas continuam no cadastro de inadimplentes, “Registre-se, porém, que tal suspensão não afasta as inscrições em cadastros de inadimplentes, pois a dívida ainda existe, ainda é exigível, mas apenas tem sua execução suspensa” (Tomazette,2017,p,151).
Outro ponto importante, são os das ações de quantias ilíquidas, que não fazem parte do processo de recuperação judicial, pois pode-se tratar tanto dos trabalhadores que têm o prazo menor de pagamento, que deve ser no máximo de dois anos.
Apesar de não fazer parte do processo, poderá o mesmo ser avaliado para quantia que receberá futuramente. Nesse sentido, Superior Tribunal Justiça julgou que.
“Tratando-se, portanto, de demanda cujos pedidos são ilíquidos, a ação de conhecimento deverá prosseguir perante o juízo na qual foi proposta, após o qual, sendo determinado o valor do crédito, deverá ser habilitado no quadro geral de credores da sociedade em recuperação judicial”. (SUPERIOR TRIBUNAL JUSTIÇA, 2016, online)
Existe o processo de execução fiscal, que por sua vez tem sua forma de tratamento diferente das demais, pois igual as quantias ilíquidas os créditos fiscais também afetam no planejamento e recuperação da empresa, sendo eles tratados de forma diferente no Código Tributário Nacional em seu artigo 187.
Tal dívida pode ser mais extensa que as demais e, assim, prejudicar na recuperação da empresa, sendo previsto pelo artigo 68 da lei 11.101/2005 um parcelamento especial para empresa.
Os credores com garantia fiduciária, arrendadores mercantis e proprietários ou promitentes vendedores de imóveis com contrato com cláusula de irrevogabilidade não são sujeitos à recuperação, não têm suas ações suspensas e podemcontinuar pleiteando dessa forma, conforme elenca Tomazette 
“proprietários fiduciários de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel, cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio.” (Tomazette, 2017, p.155)
Porém, observa-se que tais empresas não podem requerer a retirada de itens que estejam ligados a recuperação judicial, pois dessa forma se fere o princípio da preservação da empresa, inviabilizando desta forma sua recuperação. 
2.3. O NÃO CUMPRIMENTO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E A CONVOLAÇÃO DO PROCEDIMENTO EM FALÊNCIA;
A empresa, após plano aprovado, tem o prazo determinado que foi aprovado pelos credores, que pode variar de um ano até mais de vinte anos, para o pagamento da sua dívida, ressalvados os que sofrem de tratamento especial.
Existe o período de observação que se confunde no art. 61 da Lei 11.101/2005, que passado o período de dois anos cessam as obrigações, mas na verdade é, 
“[...] não eternizar o processo de recuperação, que acarreta ônus tanto para o poder judiciário, quanto para o devedor com o pagamento da remuneração do administrador judicial, não se impedindo, porém, um prazo superior para as medidas de recuperação” (Tomazette, 2017, p. 317).
Após passado o período de observação, e a empresa cumprindo com todas as obrigações firmadas no acordo com os credores, entende-se que é de confiança e manterá com o pagamento de suas obrigações, obtendo alguns benefícios, que são eles encerrar as atividades do administrador judicial e esporádico comitê de credores. Também poderá retirar do nome da empresa o termo “em recuperação judicial”.
Se, dentro do período de dois anos, não for cumprido o acordo com os credores, ou o plano não foi aceito pelos credores ou a empresa não apresentar um plano para recuperação, o juiz decretará falência.
Os efeitos anteriormente obtidos pela recuperação judicial também cessam, como exemplo o da novação, pois não há mais motivo para confiar na empresa que não conseguiu cumprir com o prazo de observação. 
Uma vez decretada a falência, os credores podem reaver seus processos, assim tendo seus direitos e garantias que uma vez foi contratada inicialmente.
Devendo observar a quantia a ser cobrado subtraindo com o que já foi pago até o descumprimento.
3. CONTRATOS NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Diversos tipos de contratos permeiam em uma recuperação judicial, cada qual com sua função e sua especificidade para com as partes, havendo responsabilidades para as partes que firmaram, independente de qual tipo foi acordado.
Após deferida a recuperação judicial, os contratos sofrerão efeitos e podem ser modificados para melhor se adequar a nova realidade da empresa, uma vez que certos pontos dos contratos não podem mais ser cumpridos devido a recuperação judicial.
O administrador judicial poderá dar continuidade aos contratos já existentes, como exemplo, os contratos de fornecimento ou prestação de serviços, que são, de fato, mais importantes agora do que antes, pois mantê-los é também manter que o plano de recuperação judicial seja cumprido.
Tais contratos têm um impacto muito grande nas empresas, pois cessar o fornecimento de matéria prima ou outros insumos acarretará o não cumprimento das obrigações antes firmadas, o que pode acarretar na falência do empresário.
3.1. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO E O SEUS IMPACTOS SOBRE O DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL
O direito civil contratual é baseado em pilares estabelecidos na Constituição Federal, que norteiam os direitos e deveres de um contrato, como a dignidade da pessoa humana, no art. 1º, inciso III, a solidariedade social, no art. 3º, inciso I, e igualdade ou isonomia, que está disposto, no art. 5º, caput.
O autor Christiano Casserati cita que “No Estado Social as constituições sociais tratam de questões privadas, obrigando as leis infraconstitucionais a serem interpretadas de acordo com os seus princípios e regras.” (Casserati, 2018, p. 27).
Duas funções importantes para se firmar contratos, são a função social da propriedade e dos contratos, desta forma, tais princípios norteiam as bases que se deve negociar, conforme disposto no art. 2.035 do Código Civil “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”.
É necessário observar o impacto da empresa para com a sociedade e seus contratos firmados, desta forma, Gonçalves ressalta.
É possível afirmar que o atendimento à função social pode ser enfocado sob dois aspectos: um, individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer seus interesses próprios, e outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato. Nessa medida, a função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade distribuição de riquezas –for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social (Gonçalves, 2017, p.24)
A empresa busca esse equilíbrio quando fornece empregos, firmando contratos de trabalho com essas pessoas, causando um impacto social benéfico, assim fomentando a economia local e até melhorando a qualidade de vida, alcançando, assim, a função social da empresa.
Não obstante os demais contratos também devem seguir esses preceitos, mesmo após a recuperação judicial da empresa, observando os princípios norteadores dos contratos para que não se gere insegurança jurídica e prejuízo no cumprimento da recuperação judicial.
É nesse sentido que Gonçalves (2017, p 27), ao falar sobre os contratos, afirma que “embora tenham, num primeiro momento, gerado certa insegurança, convivem, no entanto, harmonicamente no sistema jurídico, respeitados os princípios constitucionais concernentes à organização jurídica e econômica da sociedade.”
Cada contrato tem sua particularidade, devendo cada uma ser tratada de forma específica e adequada. Assim, vemos na literatura jurídica que:
Cabe à doutrina e à jurisprudência identificá-las e definir o seu sentido e alcance, aplicando-as ao caso concreto, de acordo com as suas circunstâncias, como novos princípios do direito contratual e não simplesmente como meros conselhos, destituídos de força vinculante, malgrado isso possa significar uma multiplicidade de soluções para uma mesma situação basicamente semelhante, mas cada uma com particularidades que impõem solução apropriada, embora diferente da outra (Gonçalves, 2017, p.27)
Os contratos de fornecimento que são prejudicados pelo fato de a empresa estar em recuperação judicial ferem o comércio jurídico e a própria ordem jurídica. Podemos afirmar isso tendo por base o pensamento de que “toda vez que o contrato inibe o movimento natural do comércio jurídico, prejudicando os demais integrantes da coletividade na obtenção dos bens da vida, descumpre sua função social.” (Gonçalves apud Destarte, 2017, p.29)
3.2. DIÁLOGO DAS FONTES: COMO AS REGRAS DO DIREITO CIVIL INFLUENCIAM A INTERPRETAÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL;
As negociações contratuais ou cotidianas do empresário se baseiam nos princípios constitucionais e do direito civil, tanto para contratos quanto para relações comuns, observando sempre a legalidade das negociações.
Os princípios que que norteiam o direito civil também se aplicam ao direito empresarial, como o princípio da autonomia da vontade que deve seguir as normas gerais e observar as mudanças e necessidade advindas com o tempo.
Desta forma, tais princípios foram se adequando a evolução da sociedade, observando que a autonomia da vontade o agente tem a possibilidade de forma ato jurídico, firmando sua forma e efeitos.
Desta forma, surgindo o Dirigismo contratual, onde o Estado tem interferido nas relações privadas, visto que poderá as negociações afetar o coletivo, mas essa intervenção não faz com que o interesse particular desapareça, mas somente sofra limitações.
É comumentre empresas que suas negociações sejam feitas por telefone, e-mail ou outro meio eletrônico, seguindo, dessa forma, o princípio do consensualismo, que irá nortear tal negociação. 
O princípio do consensualismo, é derivado da vontade das partes que estão pactuando, desta forma, sendo respeitada a vontade das partes, por ser um negócio jurídico bilateral, podendo ser acordado a forma que for conveniente, desde que tal relação não tenha regimento próprio, como contrato de compra e venda eu tem sua forma definida.
 3.3 A “NOVA INTERPRETAÇÃO DO DIREITO CIVIL E DAS RELAÇÕES COMERCIAIS” COMO CONSEQUÊNCIA DA LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019
A nova de liberdade econômica 13.874 de 20 de setembro de 2019, surgiu com a intenção de dar maior autonomia nas relações contratuais e civis paritárias, desta forma, aumentando a segurança jurídica para o cumprimento de seus contratos.
É nesse sentido que a Lei dispõe que um dos seus princípios é “a liberdade como uma garantia no exercício de atividades econômicas”, que “interpretam-se em favor da liberdade econômica, da boa-fé e do respeito aos contratos, aos investimentos e à propriedade todas as normas de ordenação pública sobre atividades econômicas privadas” e que a Lei será utilizada como parâmetro “na aplicação e na interpretação do direito civil, empresarial, econômico” (BRASIL, 2019).
Tal lei, prevê também menor interferência do Estado para com os particulares e, dessa forma, que seja reconhecida a diferença entre eles devido a vulnerabilidade destes frente àqueles, conforme dispõe o art. 2º, IV da lei 13.874/2019.
Contudo, existe a possibilidade de haver a instabilidade em casos que já tinham contratos, como exemplo contratos de fornecimento, uma vez tratado anteriormente a forma de pagamento a prazo e agora podendo ser mudada, porém isso fere o princípio da boa-fé, onde não pode ser mudada.
Tais mudanças trazem maiores impactos para empresas que estão em recuperação judicial, nas quais qualquer mudança financeira impactar no andamento e cumprimento das obrigações pela recuperação judicial, gerando um conflito entre a vontade que dispõe a lei 13.874/2019 e o princípio da boa-fé.
REFERÊNCIAS
_____. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – REsp 1447918/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 7/4/2016, DJe 16/5/2016.
_____. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO – Câmara Especial de Falências e Recuperações Judiciais, AG 5767934900, Relator Desembargador Romeu Rícupero, DJ de 11/9/2008.
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