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AV 2 - Recurso Administrativo

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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROCURADOR DA REPÚBLICA XXX – PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO DA PROCURAÇÃO DA REPÚBLICA NO ESTADO DE XXX (XX)
Ref.: Edital nº XX/XXX
PAPELARIA AZUL LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX./XXXX-XX, com sede na rua XXXXXXXXXX XXXX, vem tempestivamente, por intermédio do seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), perante Vossa Excelência, interpor o presente
RECURSO ADMINISTRATIVO
Em face da empresa PAPELARIA VERMELHA LTDA., com fulcro no artigo 109, inciso I, alínea a da Lei Federal nº 8.666/93, exercendo Direito de Petição, assegurado no art. 5º, inciso XXXIV, aliena a da Constituição Federal, com base nos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.
· DA TEMPESTIVIDADE
A Lavratura do ato da habilitação ora impugnado, ocorreu no dia xx de xxxxxx de xxxx, a presente petição está sendo enviada no dia xx de xxxxx de xxxx, o art. 109 da Lei 8.666/93, estipula como prazo o período de 5 dias, logo a presente é tempestiva.
· PRELIMINARMENTE
De início, no que diz respeito ao Direito de Petição, a Recorrente transcreve o que está descrito no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a da Constituição Federal:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
· O “direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder”
O artigo supracitado da Carta Magna, por si só já é bem claro no que diz respeito ao Direito de peticionar ao Poder Publico aquele que teve seu direito violado por um ato de ilegalidade, ainda em consonância com a norma, vem o entendimento doutrinário, conforme leciona o Mestre Marçal Justen Filho:
“A Constituição Federal assegura, de modo genérico, o direito de petição (art. 5º, XXXIV, a), como instrumento de defesa dos direitos pessoais, especialmente contra atos administrativos inválidos. Além disso, a Constituição assegura a publicidade dos atos administrativos (art. 37) e o direito ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, inc. LV).”
Partindo desses pressupostos, é possível concluir que o não recebimento da presente petição ou após o recebimento a falta de uma decisão devidamente fundamentada, acarretará desrespeito a preceitos constitucionais, podendo gerar punições administrativas, civis ou até penais.
· DO EFEITO SUSPENSIVO
Requer a Papelaria Azul Ltda., que sejam recebidas as presentes razões e encaminhadas à autoridade competente para sua apreciação e julgamento, em conformidade com o artigo 109, parágrafos 2° e 4° da Lei nº 8.666/1993, concedendo efeito suspensivo à inabilitação aqui impugnada até julgamento final na via administrativa.
“Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
§ 2o O recurso previsto nas alíneas a e b do inciso I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.
(...)
§ 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.”
Se faz necessária a concessão do efeito suspensivo, pois o prosseguimento da habilitação da continuidade a um ato ilegal que deve ser anulado. 
· DOS FATOS
No dia xx de xxxxxx de xxxx a repartição pública federal XXXX divulgou edital de licitação para aquisição de material para escritório (caneta, papel, lápis, borracha, dentre outros), na modalidade pregão, para registro de preços.
Uma única licitante apresentou a menor proposta para todos os itens: a Papelaria Vermelha Ltda., que era de propriedade do irmão do Prefeito.
Ocorre que, em razão da crise econômica, a referida sociedade empresária deixou de pagar os tributos federais, apresentando, na fase de habilitação, certidões fiscais exigidas pela legislação, mas que eram falsas.
 O pregoeiro, mesmo identificando a falsidade, declara que a empresa é vencedora, pois seria irrazoável tanta exigência da licitante.
Tal atitude é totalmente descabida e ilegal, visto que, as empresas licitantes para se habilitarem, devem respeitar os critérios estipulados pelo edital, respeitando assim os princípios da Legalidade, Moralidade e Impessoalidade.
Não restou alternativa, portanto, senão interpor o presente Recurso Administrativo que, como se verá a seguir, deverá ser integralmente provido.
· DO DIREITO
Conforme já exposto, a empresa Papelaria Vermelha LTDA. se habilitou de forma irregular, não cumprindo os requisitos de apresentar certidões fiscais, juntando documentos falsos, violando assim os princípios da Legalidade, Impessoalidade e Moralidade Administrativa, princípios positivados em nossa Magna Carta, artigo 37.
Do Princípio da Legalidade
O princípio da Legalidade determina que à Administração Pública só pode fazer aquilo que é permitido por lei, sob pena de seus atos serem nulos. O pregoeiro desrespeitou o artigo 90 da Lei nº 8.666/1993, ao não desclassificar a empresa impugnada, vejamos:
“Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.”
Ademais, há entendimento consolidado das instâncias superiores, em entender que a empresa que apresenta documentos falsos deve ser imediatamente desclassificada, como podemos ver nesse julgado:
“APELAÇÃO. CRIME DA LEI DE LICITAÇÕES. ART. 90, DA LEI Nº 8.666/93. TENTATIVA. ATESTADO DE FORNECIMENTO FALSIFICADO, COM O INTUITO DE COMPROVAR A QUALIFICAÇÃO TÉCNICA DE EMPRESA LICITANTE. COMPETIÇÃO OBSTADA.
 A utilização de documento falso por sócio de empresa, na fase de habilitação, subsume-se ao tipo penal do art. 90, da Lei nº 8.666/93, na modalidade de “outro expediente”, pois visava a tolher a competitividade do procedimento licitatório e, assim, lograr-se vencedor da disputa. O delito somente não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do réu, uma vez que a Comissão de Licitações, ao efetivar diligências para reconhecimento da validade da proposta descobriu que a empresa não satisfazia todos os requisitos do edital, restando inabilitada à concorrência pública. APELAÇÕES DESPROVIDAS. POR MAIORIA. APELAÇÃO CRIME QUARTA CÂMARA CRIMINAL Nº 70057882276 (N° CNJ: 0512854- 08.2013.8.21.7000) COMARCA DE PORTO ALEGRE”
Com isso em tela, não resta dúvidas que a equipe de licitação deveria fazer aquilo que a Lei determina, ou seja, inabilitar a empresa vencedora.
 Princípio da Impessoalidade
A empresa que venceu a licitação de forma ilegal é do irmão do Prefeito da cidade, é de se suspeitar a não interferência do Prefeito, ainda que de forma indireta, pois qualquer outra empresa no lugar desta, certamente seria desclassificada. Nesse sentido, temos os ensinamentos da brilhante professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
“O princípio da Impessoalidade estaria relacionado com a finalidade pública que deve nortear toda a atividade administrativa. Significa que a Administração não pode atuar com
vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear
o seu comportamento.”
Há entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o desrespeito ao Princípio da Impessoalidade gera a desclassificação da empresa licitante, vide:
“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. ANULAÇÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTODE ÁREAS PORTUARIAS. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO. MATÉRIA PRELIMINAR AFASTADA. AGRAVO RETIDO PREJUDICADO. AGRAVOS RETIDOS NÃO CONHECIDOS. 1. Preliminar de julgamento ultra petita rejeitada, uma vez que o pedido inicial abrange a declaração de nulidade também das alterações sucessivas ao contrato originalmente firmado entre a CODESP e a FERRONORTE S/A. 2. O agravo retido da co-ré FERRONORTE restou prejudicado, em face do enfrentamento de todas as questões nele apontadas pelo MM. Juízo a quo, por ocasião da prolação da r. sentença recorrida. 3. Agravos retidos da CODESP e da FERRONORTE não conhecidos, uma vez que não foram reiterados expressamente nas contrarrazões das respectivas apelações, conforme disposto no art. 523, §1º, do Código de Processo Civil. 4. Perfeitamente cabível a via da ação popular, em que o cerne da discussão gira em torno da obrigatoriedade, ou não, da realização de licitação pública para a
celebração do Contrato de Arrendamento nº 01/97 e de seus Aditivos, firmados entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP) e a FERRONORTE S/A - Ferrovias Norte Brasil, para averiguação da existência de ofensa aos princípios constitucionais da legalidade, da moralidade e da impessoalidade (CF, ad. 37, caput) e aos princípios e preceitos relativos à exigência de licitação (CF, art. 37, inciso XXI e art. 175; Lei de Modernização dos Portos, Lei 8.630/93, art. 4º, I; e Lei Geral de Licitações, Lei nº 8.666/93, art. 2º), com o objetivo para efeito de ser eventualmente declarada a nulidade de referido contrato e respectivos aditivos. 5. Desnecessária a existência de dano ao erário para viabilizar a ação popular, que confronta, de um lado, interesses político-econômicos de grande monta amparados por legislação anterior à vigente ordem jurídico-constitucional, com vistas à manutenção do status quo; e, de outro lado, os interesses da coletividade, parte vulnerável face os interesses hegemônicos aludidos, a qual pretende a salutar mudança de postura da Administração Pública no trato da coisa pública, amparada nos princípios e valores prestigiados pelo atual sistema constitucional e pela legislação dele decorrente. 6. Cabível o controle judicial dos atos supostamente praticados no exercício do poder discricionário, sendo certo que o exercício deste poder insere-se no âmbito da legalidade, consistente na possibilidade de escolha do administrador público entre opções legítimas. Precedente jurisprudencial do C. STJ. 7. Inocorrência da prescrição quinquenal (art. 21 da Lei nº 4.717/65); não devendo ser considerado isoladamente o Contrato de Arrendamento celebrado em 08/08/1997, mas, sim, devidamente integrado com o Primeiro e o Segundo Aditivos, denominados, cada qual, 'Instrumento Particular de Aditivo de Retificação e Ratificação do Contrato Original', que ensejaram verdadeira novação objetiva ao contrato original. 8. Legitimidade passiva ad causam dos co-réus Frederico Victor Moreira Bussinger e Marcelo Azeredo, que ocupavam, à época dos fatos, respectivamente, os cargos de Diretor de Gestão Portuária e de Diretor Presidente da CODESP, sendo estes os signatários do Contrato de Arrendamento nº 01/97. 09. O Contrato de Arrendamento estipula, em sua Cláusula 44ª, ser regido pelas Leis nº 8.630/92 e 8.666/93, como é de rigor, e o contrato de concessão não contém qualquer disposição que fundamente a dispensa e a desnecessidade do procedimento licitatório no arrendamento, tendo por objet o a concessão à FERRONORTE de sistema de transporte ferroviário de carga, abrangendo a construção, operação, exploração e conservação de estrada de ferro entre Cuiabá (MT) e: a) Uberaba/Uberlândia (MG); b) Santa Fé do Sul (SP), na margem direita do Rio Paraná; c) Porto Velho (RO) e d) Santarém (PA), sistema denominado entre as partes como 'FERROVIAS'. 10. Tais prescrições legais encontram fundamento de validade na ordem constitucional inaugurada em 1988 que, de forma muito evidente, não recepcionou a legislação pretérita que se pretende fazer prevalecer, como bem se observa da leitura do art. 37, XXI, que prevê a exigência de licitação pública como princípio geral, com a ressalva de casos especificados em lei, e do art. 175, aplicável especificamente à hipótese dos autos, que exige sempre o processo licitatório, sem qualquer ressalva, em caso de concessão/permissão de prestação de serviços públicos. 11. A concessão à FERRONORTE não incluía acesso ao Porto de Santos, cuja linha mais próxima distava 700 km dess e local, portanto a cessão das áreas em questão não poderia estar prevista no objeto do contrato de concessão de 1989. Somente em agosto de 1991 a FERRONORTE assinou com a FEPASA acordo para uso mútuo das linhas, passando a ter vínculo operacional com a Baixada Santista e o Porto de Santos. 12. Descabido, face à exigência do art. 45, inciso I, do então vigente Decreto-Lei nº 2.300/86, pretender-se invocar cláusulas genéricas do Contrato de Concessão de 1989 (Cláusulas Primeira e Segunda) que não trazem qualquer identificação das áreas do Porto de Santos, como sendo as disposições assecuratórias do suposto direito da FERRONORTE ao arrendamento, sem certame licitatório. Não se pode perder de vista que o objeto da concessão são os serviços ferroviários, portanto em tomo desses serviços gravitam e devem ser interpretadas as disposições dos Parágrafos Terceiro e Quarto da Cláusula Primeira, no sentido do acesso da FERRONORTE a áreas públicas circunvizinhas às linhas férreas no que for necessário ao exercício da co ncessão. 13. O Termo de Compromisso nº 01/91 pactuado entre as partes em 1991, de modo semelhante, não pode ser invocado como ato jurídico perfeito garantidor do direito ao arrendamento sem a exigência de licitação introduzida pela legislação de 1993. 14. Não acolhida a tese de que referido instrumento teria sido firmado sob a égide do Decreto-Lei nº 2.300/86, que não previa a exigência de licitação para as concessões e locações. A determinação constitucional já era vigente à época e o contrato ora em análise foi celebrado no ano de 1997. 15. O Termo de Compromisso não tem o condão de ampliar os termos do Contrato de Concessão decorrente da Concorrência nº 02/89, tampouco de sobrepujar as claras determinações legais que regiam a matéria em questão. Ademais, as partes que firmaram o Termo de Compromisso não são as mesmas que celebraram posteriormente o Contrato de Arrendamento questionado e seus aditivos. 16. Foi, portanto, indevidamente dispensada a licitação para a concessão de bem público à FERRONORTE, consistente em arrendamento de área específica do Porto de Santos, objetivando a construção e a manutenção de instalações portuárias. 17. É imprescindível a realização de prévia licitação, em obediência ao princípio da legalidade, assegurando- se, além da proposta mais vantajosa a Administração Publica, a observância dos princípios da impessoalidade e da isonomia, de forma a possibilitar a participação de todos os interessados no certame, em igualdade de condições. 18. Por derradeiro, não mais subsiste na Constituição e na legislação pertinente o cogitado tratamento diferenciado em relação às concessionárias, de modo a caracterizar hipótese de inexigibilidade de licitação. Precedente do C. STJ. 19. Não está caracterizada a singularidade e a exclusividade do serviço intermodal em favor da FERRONORTE a justificar a inexigibilidade do certame licitatório, como se a apelada fosse a única potencial prestadora desse serviço, dela dependendo a garantia da integração intermodal na região do Porto de Santos. Tanto não é verdadeiro tal pressuposto que os Quarto e Quinto Aditivos do Contrato de Arrendamento retiraram da FERRONORTE a condição de arrendatária da área, transferindo-a a duas outras empresas (Terminal de Granéis Guarujá S/A - TGG e Terminal Marítimo Guarujá S/A -TERMAG, empresas controladas pelas empresas produtoras de soja -BUNGE ALIMENTOS, AMAGOI EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA . E PERTIMPORT, do grupo BRUNGE - as quais, por sua vez, são controladoras da FERRONORTE (cf. memorial do Ministério Público).20. Neste embate entre prevalência da ordem jurídico-constitucional e prevalência de interesses político- econômicos hegemônicos, reconhece-se a necessidade de realização de licitação para o arrendamento das áreas portuárias, ficando declarada a nulidade do Contrato de Arrendamento nº 01/97, bem como dos aditivos subsequentes, celebrados entre a CODESP e a FERRONORTE S/A. 21. Agravos de instrumento da CODESP e FERRONORTE, convertidos em retidos, não conhecidos, Agravo Retido da FERRONORTE, de fls. 1.992/2.010, prejudicado, matéria preliminar arguida pelo MPF rejeitada e apelações providas.”
Vemos no caso concreto que houve benefício de uma pessoa determinada, sendo ela o irmão do Prefeito e por esse motivo a empresa deve ser desclassificada.
Princípio da Moralidade administrativa
O ato de o pregoeiro aceitar os documentos falsos da empresa licitante, afronta diretamente o Princípio da Moralidade Administrativa, para melhor interpretação, passamos a transcrever os ensinamentos do Professor Hely Lopes Meireles:
“... o agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.”
Se aferi no caso concreto que a empresa vencedora da licitação agiu de forma desonesta e o pregoeiro como agente administrativo deveria inabilitá-la de primeiro plano, não a beneficiando pela sua fraude.
O artigo 29 da Lei de Licitações nº 8.666/93, no seu inciso III, diz que a documentação relativa à regularidade fiscal consistirá em prova para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal.
“Art.29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso consistirá em:
Inciso III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei.”
Também há respaldo doutrinário diante deste entendimento: 
Marçal Justen Filho, em sua obra “Comentário a Lei de Licitações”, entende que para participar de licitação “o sujeito deve encontrar-se em situação de regularidade, o que significa prova de quitação dos tributos”.
Nossa jurisprudência, como se pode conferir abaixo, tem entendimento dominante quanto à regularidade da habilitação, como se confere abaixo:
“ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EXIGÊNCIA DE REGULARIDADE FISCAL. CONSTITUCIONALIDADE. COMPROVAÇÃO NO MOMENTO DA HABILITAÇÃO PARA O CERTAME. 1. Ação ordinária proposta por empresa contra a CEF, objetivando a desconsideração da ausência de certidão negativa de débito e da inscrição no CADIN para contratação com a instituição financeira, em decorrência de licitação na qual alcançou a primeira colocação. 2. A sentença julgou improcedente o pedido. Inconformada, a autora apelou a fim de ver reformada a sentença, para desconsiderar as exigências de documentos comprobatórios da sua regularidade perante a seguridade social, ou considerar satisfeitas tais exigências devido à apresentação posterior da CND. 3. Não assiste razão à parte apelante, uma vez que tais exigências têm amplo respaldo legal e constitucional. A Constituição Federal prevê em seu art. 37, inciso XXI, exigências de qualificação econômica indispensáveis. A lei que cuida da matéria é a nº 8.666/93, que no art. 29, inciso IV, exige para a habilitação no processo de licitação a prova de regularidade junto ao INSS. Ao estabelecer a exigência de apresentação de CND do INSS, a Lei observou a determinação do art. 195, § 3º da Constituição Federal. 4. Uma vez não preenchidos os requisitos estabelecidos pela Lei, a parte apelante não poderia contratar com a empresa pública. 5. Nesse sentido, preleciona Marçal Justen Filho, em seu "Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos", 5ª Ed., Ed. Dialética, p. 290: "A exigência de regularidade fiscal representa forma indireta de reprovar a infração às leis fiscais. Rigorosamente, poderia tratar-se de meio indireto de cobrança de dívidas, o que poria em questão a constitucionalidade das exigências. Observe-se que o STF tem jurisprudência firme, no sentido de que a irregularidade fiscal não pode acarretar a inviabilização do exercício de atividades empresariais. Deve-se admitir-se, porém, a possibilidade de o ente público recusar contratação com sujeito que se encontre em situação de dívida perante ele. Mas a exigência da Lei, no caso de licitação, não é inconstitucional. A própria Constituição alude a uma modalidade de regularidade fiscal para fins de contratação com a Administração pública (art. 195, § 3º). E o próprio STF reconheceu a inconstitucionalidade apenas quando houvesse impedimento absoluto ao exercício da atividade empresarial. A simples limitação, tal como a proibição de contratar com instituições financeiras governamentais, foi reconhecida como válida. “Sob essa óptica, a proibição de contratar com a Administração Pública não configura impedimento absoluto ao exercício da atividade empresarial.” 6. A Lei nº 8.666/93 determina, em seu art. 27, que no momento da HABILITAÇÃO para a licitação devem ser apresentados os documentos relativos à sua regularidade fiscal, portanto em fase anterior à efetiva contratação. Não faz sentido algum que uma empresa em débito com o Poder Público participe do processo de licitação, eis que não poderá efetuar a contratação em fase posterior devido a sua irregularidade. 7. Na data da abertura da licitação, a empresa licitante já deveria possuir Certidão Negativa de Débitos, perfeitamente apta a colocá-la nas mesmas condições de igualdade com os demais licitantes. A posterior regularização da situação da empresa perante os órgãos arrecadadores e fiscalizadores não retroage para habilitá-la em procedimento do qual fora desclassificada. 8. A apresentação posterior da certidão negativa de débito não enseja a aplicação do art. 462 do Código de Processo Civil, pois este não permite a alteração da causa de pedir. Sobre o tema, leciona Theotonio Negrão: "o acolhimento do fato novo somente é admissível quando não altera a 'causa petendi'. O princípio do art. 462 do CPC de 1973 deve ser entendido considerando-se o que dispões os arts. 302 e 303 do mesmo diploma legal. (RT 488/209)" (NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 33ª edição. Ed. Saraiva. Pág. 477). 9. Apelação da parte autora desprovida.”
(TRF-1 - AC: 48858 PA 2001.01.00.048858-2, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL SELENE MARIA DE ALMEIDA, Data de Julgamento: 09/05/2007, QUINTA TURMA, Data de Publicação: 31/05/2007 DJ p.72).
Ademais, antes de adotar tal entendimento, deve-se, necessariamente, atentar, sob o risco de equívocos, para os princípios administrativos, conforme prevê, Ab initio, cumpre verificar que o artigo 3º, caput, da Lei nº 8.666/1993 preleciona que tanto a Administração Pública como os interessados ficam obrigados à observância dos termos e condições previstos no Edital.
 
 “Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. ”
No caso aqui in concreto, a inabilitação da RECORRENTE de forma ilegal, impede a realização da licitação, pois haverá somente um licitante. Portanto, a competição é a “alma da licitação”, devendo-se evitar qualquer exigência irrelevante e destituída de interesse público, que restrinja a competição.
O princípio da competitividade,diga-se que é a essência da licitação, porque só se pode promover o certame, esta disputa, onde houve competição. Com efeito, onde há competição, a licitação não só é possível, como em tese, é obrigatória. Se ela não existe, a licitação é impossível de ocorrer.
A Lei nº 8.666/1993 aduz no seu art. 41º A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. Neste sentido deverão ser observados, entre outros, os critérios de: 
· Atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; 
· Observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; 
· Impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; 
· Expor os fatos conforme a verdade; 
· Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé.
· DO PEDIDO
Diante dos fatos expostos, requer-se, portanto, que Vossa Excelência:
· Conceda efeito suspensivo ao presente recurso;
· Julgue procedente o referido recurso, pelo fato da empresa Papelaria Vermelha LTDA, apresentar documentos irregulares os quais ferem, diretamente, o princípio da Legalidade e Impessoalidade – cuja fundamentação encontra-se nos artigos 5º, II, e art. 37°, Caput, da Constituição Federal;
· Inabilite a empresa Papelaria Vermelha LTDA, ora habilitada, tendo em vista que descumpre o que estabelece o edital e em lei sendo para tanto considerada ilegal a habilitação dela.
· Reabilite a empresa Papelaria Azul LTDA no processo licitatório, tendo em vista as irregularidades cometidas durante o certame de contratação de materiais para escritório na repartição pública Federal.
Com isso, REQUER a essa respeitável Comissão Especial de Licitação que se digne de rever e reformar a decisão exarada, mais precisamente que julgou como inabilitada no presente certame a PAPELARIA AZUL LTDA, visto que a HABILITAÇÃO da mesma é imprescindível para a validade do presente procedimento público concorrencial, vez que, conforme fartamente demonstrado, cumpriu dita licitante absolutamente todas as exigências reguladas no referido instrumento convocatório. 
Outrossim, lastrada nas razões recusais, requer-se que a Comissão de Licitações reconsidere sua decisão e, não sendo este o entendimento, faça este recurso subir, devidamente informado, à autoridade superior, em conformidade com o parágrafo 4º, do artigo 109, da Lei nº 8.666/1993, observando-se ainda o disposto no parágrafo 3º do mesmo artigo.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, data
ADVOGADO-OAB/UF

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