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ERGONOMIA
ERGONOMIA
Copyright © UVA 2019
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer 
meio sem a prévia autorização desta instituição.
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico 
da Língua Portuguesa.
AUTORIA DO CONTEÚDO
Antônio Carlos da Fonseca Sarquis
REVISÃO
Clarissa Penna
Theo Cavalcanti
Maria Lucia Daflon
Luiz Werneck Maia
Lydianna Lima
PROJETO GRÁFICO
UVA
DIAGRAMAÇÃO
UVA
SUMÁRIO
Apresentação
Autor
6
7
Aplicação da ergonomia 25
• Caráter interdisciplinar da ergonomia
• Aperfeiçoamento do sistema homem-máquina, organização do traba-
lho e melhoria das condições de trabalho na indústria, na agricultura e 
na mineração
• Criação de postos de trabalhos inexistentes, produtos que atendam 
novas tecnologias, bancos, escolas, centrais de abastecimento e novos 
horários de trabalho
UNIDADE 2
8
• Século XVIII: Revolução Industrial e nascimento e evolução da ergo-
nomia
• NR 17 – Ergonomia
• Análise de sistemas, análise do posto de trabalho, concepção e cons-
cientização
Introdução à ergonomia
UNIDADE 1
SUMÁRIO
Biomecânica ocupacional e antropometria 62
• Trabalhos estático e dinâmico e sistema OWAS
• Antropometria para noções de escala e proporções para elaboração 
de projetos (máquinas, móveis, salas, edifícios etc.)
• Padrões internacionais de medidas antropométricas, antropometria 
estática e antropometrias dinâmica e funcional
UNIDADE 4
42
• O organismo humano e os impactos durante a operação
• Projetos e produtos ergonomicamente corretos
• Introdução à análise ergonômica do trabalho – AET
As características humanas 
UNIDADE 3
6
A ergonomia possui diversas definições, e todas procuram focar o caráter interdisciplinar 
e o objetivo do seu estudo, que é a interação entre o ser humano e o trabalho no sistema 
humano-máquina-ambiente e, de forma mais precisa, as interfaces desse sistema e suas 
trocas, que resultarão na realização do trabalho.
A mais antiga das definições foi formulada pela Ergonomics Research Society – ERS 
(www.ergonomics.org.uk), da Inglaterra, no ano de 1950: 
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu traba-
lho, equipamento, ambiente e, particularmente, a aplicação dos conheci-
mentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas 
que surgem desse relacionamento. (ERS apud ERGONOMIA, 2012)
A Associação Brasileira de Ergonomia – Abergo (www.abergo.org.br) adota a definição 
aprovada em 2000 pela Associação Internacional de Ergonomia (International Ergonomi-
cs Association – IEA):
Ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica que estuda as 
interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema de 
trabalho, aplicando princípios teóricos, dados e métodos a fim de realizar 
projetos para otimizar o bem-estar do ser humano e o desempenho geral 
desse sistema. (DEFINITION…, 2019, tradução nossa)
Antes da Segunda Guerra Mundial, a ergonomia focava apenas o binômio homem-má-
quina, sendo oficializada como disciplina científica logo após a Segunda Guerra Mun-
dial, resultando de um trabalho interdisciplinar que envolveu engenheiros, fisiologistas 
e psicólogos. A expansão da ergonomia ocorreu de forma horizontal, uma vez que se 
aplica a quase todas as atividades humanas. Os engenheiros, arquitetos e profissionais 
que gerenciam de uma maneira geral as atividades humanas, considerando os estudos 
ergonômicos, serão capazes de projetar edificações, máquinas, produtos e processos 
de trabalho que visem melhorar a qualidade de vida no trabalho, dos produtos e serviços 
que resultarão desse trabalho e das atividades humanas de uma forma mais geral.
APRESENTAÇÃO
7
ANTÔNIO CARLOS DA FONSECA SARQUIS
É mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense – UFF 
(2002), com pós-graduação lato sensu (especialização) em Administração Universitária 
pela Universidade Veiga de Almeida – UVA (1994), e graduado em Física (bacharelado e 
licenciatura) pela Faculdade de Humanidades Pedro II – Fahupe (1994) e em Engenharia 
Civil pela UVA (1985). Atuou como engenheiro civil na EngeRio Engenharia e Consultoria 
S.A., na área de controle de qualidade de projetos de usinas hidrelétricas (1986-1998), 
professor de Física no ensino médio (1984-2018) e professor universitário visitante (Uerj, 
2001-2004). Hoje, é professor universitário (UVA, desde 1986) e consultor independente 
de qualidade, ergonomia e qualidade de vida no trabalho (desde 2005). Escreveu diversos 
artigos científicos sobre temas ligados à área de engenharia, qualidade e ergonomia.
AUTOR
C. Lattes
http://lattes.cnpq.br/7256892667978336
Introdução à ergonomia
UNIDADE 1
9
No início do século XVIII, junto com a Revolução Industrial, nascia a ergonomia, que logo 
após a Segunda Guerra Mundial se tornou uma disciplina científica e, de lá até os dias 
atuais, vem evoluindo e se expandindo por todas as áreas em que existem atividades 
humanas. Nesse contexto, e de modo a orientar as atividades laborais nos postos de 
trabalho, viu-se a necessidade de normatizar as rotinas de trabalho por meio da Norma 
Regulamentadora 17 (ou NR 17, que trata da ergonomia), do Ministério do Trabalho e 
Emprego, regulamentada pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, que aprova as 
normas regulamentadoras do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho 
– CLT relativas à segurança e medicina do trabalho. Assim, esta primeira unidade identi-
ficará as origens da ergonomia e tratará da adequação dos ambientes ergonomicamente 
deficientes, dentro de suas necessidades reais, propiciando uma condição de redução 
dos riscos ocupacionais e proporcionando melhor qualidade de vida no trabalho.
INTRODUÇÃO
Nesta unidade você será capaz de:
• Adequar ambientes ergonomicamente deficientes, dentro de suas necessidades 
reais, propiciando uma condição de redução dos riscos ocupacionais.
OBJETIVO
10
Século XVIII: Revolução Industrial e nasci-
mento e evolução da ergonomia 
Como veremos mais adiante, a origem oficial da ergonomia aconteceu no ano de 1949, 
ocasião em que o engenheiro inglês Kenneth Frank Hywel Murrell oficializou a primeira 
sociedade de ergonomia do mundo, a ERS. A partir daí foram pensados e criados todos 
os preceitos que regem a ergonomia. Curiosamente, é possível que os princípios ergo-
nômicos tenham surgido nos primórdios da história da humanidade. É provável que o 
homem, na Pré-História, tenha adaptado a pedra, a madeira e outros objetos às suas 
necessidades, considerando a anatomia da mão para, de forma eficaz e segura, manu-
sear ferramentas utilizadas para caça e defesa pessoal (Figura 1). Basta observarmos o 
formato dos objetos daquela época que essa suposição se torna bastante evidente. De 
acordo com os elementos que deveriam ser trabalhados e com as características dos 
trabalhadores, era estabelecido um padrão (formato e dimensões) para as ferramentas, 
que também eram feitas utilizando madeira e ferro.
Figura 1: Martelo pré-histórico feito de pedra e madeira.
O Renascimento (século XIV até o início do século XVII) marcou o começo dos estudos 
na área da ergonomia, destacando-se Leonardo da Vinci (1452-1519), com a figura do 
Homem vitruviano, de sua autoria, que representa o ideal clássico da beleza, do equilí-
brio, da harmonia e da perfeição do corpo humano em suas proporções.
11
Figura 2: Homem vitruviano.
A chegada da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, ge-
rou uma série de avanços tecnológicos e, como consequência, o trabalho mereceu uma 
nova abordagem, notadamente nos processos de produção. Consequentemente, a con-
cepção de ergonomia foi tomando novas proporções, abrangendo o regime de trabalho, 
com jornada média de 16 horas diárias e as condições em que era executado, tais como 
higiene, níveis de ruído, indumentária apropriada e, sobretudo, segurança.
A primeira fase trata do surgimento da ergonomia como ciência, e o ano de 1949 é o mar-
co inicial da ergonomia, logo após a Segunda GuerraMundial, encerrada em 1945. No 
decorrer da guerra, tanques, aviões, armas de diversos tipos e submarinos tiveram um 
rápido desenvolvimento, assim como os radares e os sistemas de comunicação mais 
avançados. Esses equipamentos, na sua grande maioria, não eram adequados às ca-
racterísticas perceptivas daqueles que os operavam, tendo como consequências erros, 
acidentes e mortes. A morte de pilotos e soldados em combate representava sérios pro-
blemas para as Forças Armadas. Esses e outros problemas estimularam diversos estu-
dos e pesquisas realizados por engenheiros e cientistas de todas áreas, buscando novas 
concepções de projetos desenvolvidos para modificar comandos (botões, gatilhos, ala-
vancas, cabos etc.) e painéis, além da melhoria na amplitude do campo visual no maqui-
nário de guerra. Iniciava-se, assim, a adaptação de tais equipamentos aos soldados, que 
tinham que utilizá-los em condições críticas, ou seja, em combate. Logo após a Segunda 
Guerra Mundial, muitos dos profissionais envolvidos nesses projetos reuniram-se na In-
glaterra para trocar ideias sobre o assunto. Nessa mesma época, a Força Aérea e a Mari-
nha dos Estados Unidos montaram laboratórios voltados para pesquisas em ergonomia 
(human factors, ou “fatores humanos”), com esses mesmos objetivos.
12
Logo em seguida, em decorrência da “corrida espacial” e da Guerra Fria entre a URSS 
e os EUA, a Agência Aeroespacial Norte-Americana – Nasa promoveu um enorme de-
senvolvimento da ergonomia, que rapidamente se espalhou por todas as indústrias 
da América do Norte e da Europa. Nessa primeira fase da ergonomia, percebe-se uma 
maior atuação no que diz respeito às dimensões de objetos e ferramentas, visando a 
uma melhor utilização e desempenho por parte dos operadores, bem como aos painéis 
de controle dos postos de trabalho. Ainda nessa fase, o trabalho dos cientistas concen-
trava-se mais no redimensionamento dos postos de trabalho, melhorando o alcance 
motor e visual dos trabalhadores. 
A segunda fase da ergonomia é marcada pela ampliação da sua área de atuação, rela-
cionando-se com outras ciências e utilizando-as para o desenvolvimento de suas pró-
prias técnicas como ciência. Assim, passa o ergonomista a projetar postos de trabalho 
que isolam os trabalhadores do ambiente industrial agressivo, seja por agentes físicos 
(calor, frio, ruído etc.), seja pela intoxicação por agentes químicos (vapores, gases, par-
ticulado sólido etc.). O que se percebe é uma abrangência maior do ergonomista nessa 
fase, adequando o ambiente e as dimensões do trabalho ao homem.
A partir da terceira fase, já nos anos 1980 e também nos dias de hoje, atuando mais na 
região da Europa, disseminando-se a seguir pelo resto do mundo, a ergonomia passa 
a atuar em outro ramo científico, mais relacionado com o processo cognitivo do ser 
humano, estudando e elaborando sistemas de transmissão de informações mais ade-
quados às capacidades mentais do homem, muito comuns junto à informática e ao 
controle automático de processos industriais. Temos, nos dias de hoje, como exemplo 
a indústria automotiva, que inseriu nas linhas de produção processos autônomos, com 
a utilização de robôs, o que diminui em números significativos o número de acidentes 
que ocorriam na atividade quando executada exclusivamente por seres humanos.
 
A quarta fase, já com uma visão mais ampla da ergonomia, que já não se restringe ape-
nas às relações homem versus máquina e atividade versus ambiente, passa também a 
englobar o contexto organizacional, psicossocial e político de um sistema. Entre outras, 
a principal diferença das fases anteriores caracteriza-se por dar prioridade ao processo 
participativo que envolve recursos, equipe, jornada e projeto de trabalho, o que garante 
a aplicação da ergonomia com melhores resultados, diminuindo erros e gerando maior 
aceitação e colaboração por parte dos envolvidos.
13
A palavra ergonomia vem da junção das palavras gregas ergon (“trabalho”) e 
nomos (“leis”, “preceitos”), que significam “ciência do trabalho”, matéria voltada 
para abordagem sistêmica da atividade humana em todos os seus aspectos. 
Essencialmente, está orientada a analisar a adequação dos tipos de trabalho 
ao ser humano e observar o ambiente em que esse trabalho é executado. O 
conceito da palavra trabalho é bastante amplo, abrangendo todas as ações de-
senvolvidas com a utilização de equipamentos e tudo que diz respeito à relação 
ser humano versus produção. 
Saiba mais
E quando teve início a ergonomia no Brasil?
No Brasil, foi apenas a partir da década de 1970 que pesquisadores de várias universida-
des brasileiras começaram a introduzir a ergonomia como conteúdo nas diversas áreas 
do conhecimento. O primeiro trabalho acadêmico foi publicado no ano de 1973, com o 
título Ergonomia: notas de classe, escrito por ltiro lida e Henri A. J. Wierzbicki.
A Abergo surge em 1973 como entidade sem fins lucrativos que estuda a prática e a di-
vulgação das interações dos seres humanos com a tecnologia, a empresa e o ambiente, 
considerando habilidades e limitações no atendimento das necessidades laborais. 
O Brasil, nos dias de hoje, conta com uma grande quantidade de profissionais direta-
mente ligados à área e que se preocupam com a saúde ocupacional, a organização do 
trabalho e os projetos de equipamentos e produtos, destinando um uso ergonomica-
mente correto.
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado 
sobre história e evolução da ergonomia.
14
NR 17 – Ergonomia 
Uma das principais causas de doenças adquiridas no ambiente de trabalho é o risco 
ergonômico, que, além de tudo, é um dos principais responsáveis por diversos tipos de 
doenças ocupacionais. Um ambiente de trabalho inadequado para execução de uma de-
terminada atividade laboral e que seja falho em relação ao aspecto ergonômico é fator 
determinante para adquirir doenças físicas e mentais. Caso você trabalhe, já se ques-
tionou se a sua empresa considera a ergonomia e a NR 17 no ambiente de trabalho? 
Trata-se de um conceito bastante simples: a NR 17 é o referencial para as diretrizes que 
regulam a ergonomia no ambiente de trabalho. 
Considerando-se o Guia Trabalhista, a NR 17 estabelece os parâmetros necessários para 
a adequação do trabalho às características psíquicas e fisiológicas do trabalhador, pro-
porcionando conforto na atividade a ser exercida, segurança e desempenho eficiente, 
conseguindo-se um substancial aumento da produtividade, ou seja, regulamenta a ergo-
nomia nos postos de trabalho, visando ao conforto essencial, à diminuição de lesões e 
ao aumento da produtividade dentro das empresas.
A NR 17 é de importância ímpar, uma vez que grande parte das doenças laborativas se 
devem à inadequação do ambiente para o trabalhador a algum tipo de risco ergonômico 
em suas tarefas rotineiras, tais como:
• Trabalhos realizados em pé durante longos períodos sem descanso.
• Pouca atividade programada ou mal programada, o que gera monotonia e perda de 
sincronismo com as atividades.
• Grande esforço no manuseio de cargas pesadas.
• Esforços repetitivos (lesão por esforço repetitivo – LER).
A NR 17, além de proporcionar cuidado com a saúde do trabalhador, é importante para 
que os empresários tomem consciência de que o desconforto no ambiente de trabalho 
pode gerar, entre pequenos problemas, a queda de produtividade da empresa, indicador 
importante para a meta de qualquer organização.
A aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho nos traz a certeza de um ambien-
te de convívio de pessoas saudáveis e bem-dispostas, o que, obviamente, gera grande 
motivação para a execução das atividades laborais e, consequentemente, um melhor 
desempenho dos trabalhadores.
15
Entre os inúmeros benefícios, podemos verificar a diminuição do absenteísmo devi-
do a problemas de saúde tais como lesões, disfunções por movimentos repetitivos e 
problemas posturais, mostrando que o uso da ergonomia no ambiente de trabalho é 
benéfico para os empresários,uma vez que funcionários saudáveis, motivados e pro-
dutivos impactam diretamente o faturamento e crescimento da empresa no cenário 
mercadológico atual.
Quais são as consequências do descumprimento da NR 17? 
O não cumprimento da NR 17 pelos empregados e empregadores pode acarre-
tar inúmeras consequências tanto para a empresa quanto para o funcionário. 
Vejamos abaixo quais são:
Descumprimento da norma pelo empregador:
Se houver alguma irregularidade durante a fiscalização, as empresas sofrerão 
notificação específica, e será estipulado um prazo de um a 60 dias para que as 
correções sejam realizadas. Decorrido o prazo da notificação, outra inspeção 
acontecerá; se houver a continuidade da irregularidade, inicia-se o procedimen-
to para a aplicação de multa à empresa, que poderá responder processo peran-
te a Justiça do Trabalho.
Descumprimento da norma pelo empregado:
No caso de recusa injustificada do empregado ao cumprimento da NR 17, é 
caracterizado o ato faltoso, e ele estará suscetível às penalidades previstas na 
legislação, podendo chegar a ser demitido por justa causa.
Portanto é extremamente importante que as empresas deem a devida atenção 
à aplicação da ergonomia dentro do ambiente de trabalho, a fim de se evitarem 
futuros problemas trabalhistas.
Saiba mais
Fonte: NR 17 (BRASIL, 1978).
16
Elaboração de um 
programa de ergonomia 
adequado às atividades 
laborais desenvolvidas 
na empresa.
Convidar os colabora-
dores a participar desse 
programa, realizando 
aperfeiçoamentos no 
programa, sempre que 
se fizerem necessários.
Conscientizar os 
colaboradores 
importância de seguirem 
à risca todas as 
normas estabelecidas e 
embasadas na NR 17.
Capacitações e 
palestras sobre os riscos 
ergonômicos e sua 
prevenção.
Levantamento de todos 
os riscos ergonômicos.
Evidenciar a importância 
do tema, utilizando car-
tazes e outros meios.
Sempre analise as questões que podem ser melhoradas e aperfeiçoadas de 
modo a promover um ambiente em que a qualidade de vida dos colaboradores 
seja a principal motivação para o trabalho, mas sempre observando a impor-
tância de otimizar a produtividade, que ocorrerá de forma natural.
Importante
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo completo da NR 17 e o Guia 
Trabalhista.
Para aplicar a NR 17 nos postos de trabalho é necessário criar um planejamento adequa-
do e preciso. Para tanto, sugerem-se os seguintes passos:
17
Análise de sistemas, análise do posto de 
trabalho, concepção e conscientização 
Neste tópico focaremos o projeto de um posto de trabalho, de modo a permitir que o 
trabalhador execute as suas atividades com conforto e eficiência. Para que o chão de 
fábrica ou escritório funcione bem, é de suma importância que cada posto de trabalho 
funcione bem.
Uma visão mais tradicional dos postos de trabalho está embasada no modelo taylorista, 
que é uma concepção de produção baseada em um método científico de organização 
do trabalho desenvolvido pelo engenheiro americano Frederick Winslow Taylor (1856-
1915), que se baseia no estudo dos movimentos do corpo humano na realização de uma 
determinada tarefa e o correspondente tempo médio gasto para executá-las. Essa vi-
são preocupava-se exclusivamente com a economia de movimentos, que tinha como 
consequência um aumento considerável da produtividade, sem considerar as questões 
ergonômicas. Resumidamente, esse modelo era chamado de “estudo de tempos e movi-
mentos”. Esse enfoque difundiu-se durante a primeira metade do século XX, sendo ainda 
adotado por muitas empresas.
Na visão da ergonomia, um posto de trabalho, fisicamente falando, é a configuração fí-
sica do sistema homem-máquina-ambiente. Constitui a unidade (célula) física produtiva 
formada por um ser humano, o(s) equipamento(s) que ele utiliza para execução de um 
determinado trabalho e o ambiente (espaço físico) que o envolve. Fica fácil entender que 
uma fábrica ou escritório se constituem de conjuntos de postos de trabalho, sendo o ser 
humano o “órgão” central dessa célula.
Nos dias de hoje, devido às novas demandas e às novas formas de trabalho, tais como o 
home office, entre outras, a ideia de posto de trabalho tem apresentado diferentes aspec-
tos, quando a comparamos com tempos passados, o que não faz com que a adequação 
da ergonomia seja deixada em segundo plano.
Nos projetos dos postos de trabalho temos que considerar as aplicações da biomecâ-
nica ocupacional, que é uma parte da biomecânica geral que estuda os movimentos do 
corpo e das forças aplicadas durante uma determinada atividade que deve ser feita em 
um determinado tipo de trabalho. Analisa a postura, as forças aplicadas e suas conse-
quências, preocupando-se com a atuação do trabalhador nesse posto de trabalho e sua 
interação com ferramentas, máquinas e materiais, com o objetivo de minimizar os riscos 
osteomusculares provenientes da atividade desenvolvida. 
18
Existem produtos e postos de trabalhos totalmente inadequados sob o ponto de vista 
da ergonomia e que causam problemas à saúde dos trabalhadores, causando desde es-
tresse muscular a incômodos diversos e dores intermitentes, reduzindo sua eficiência 
e levando à consequente perda de produtividade. Providências simples, como a regu-
lagem da altura de uma cadeira, sua inclinação, mesa apropriada, melhoria do layout, a 
concessão de horários para interrupção da tarefa, para que o trabalhador possa fazer 
uma pequena caminhada, relaxar e alongar a musculatura, ajudariam a diminuir tais 
incômodos e os riscos a eles inerentes. A ergonomia contribui para o planejamento, 
o projeto e a avaliação das atividades realizadas nos postos de trabalho, de produtos, 
sistemas e ambientes para torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e 
limitações dos indivíduos que, segundo a legislação relativa à inclusão no ambiente de 
trabalho, devemos levar em consideração.
Regulagem da altura de uma cadeira, sua inclinação.
Mesa apropriada.
Melhoria do layout.
Concessão de horários para interrupção da tarefa para que o 
trabalhador possa fazer uma pequena caminhada, relaxar e 
alongar a musculatura.
19
A ergonomia contribui para o planejamento, o projeto e a avaliação das ativida-
des realizadas nos postos de trabalho, de produtos, sistemas e ambientes para 
torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações dos indi-
víduos que, segundo a legislação relativa à inclusão no ambiente de trabalho, 
devemos levar em consideração.
Importante
Os sistemas e projetos dos postos de trabalho podem variar segundo a área de atuação. 
No entanto as atividades são sempre focadas em garantir que um sistema ou produto 
esteja de acordo com as necessidades dos usuários e, geralmente, incluem a investiga-
ção das habilidades psicofisiológicas do corpo humano, bem como suas limitações. No 
mesmo contexto, prescreve-se analisar e avaliar os seguintes fatores, ligados aos postos 
de trabalho de uma maneira geral:
Riscos gerados pela própria natureza do ambiente de trabalho.
Maneira pela qual as pessoas manuseiam máquinas e equipamentos.
Com base nos dados levantados da análise anterior, elaborar projetos, visando 
às melhorias necessárias, de modo a atender o que determina a NR 17 no que 
tange à adequação dos sistemas e postos de trabalho e à criação de manuais 
que sirvam de orientação e capacitação dos trabalhadores, garantindo que os 
novos sistemas e produtos sejam utilizados de forma correta.
Para realizar todas essas e outras análises, os ergonomistas devem ter um conheci-
mento avançado em diversos campos do conhecimento, como antropometria e biome-
cânica, anatomia e fisiologia humanas, psicologia, engenharia e qualquer outro campo 
20
que seja necessário à sua prática. Sendo assim, podemos inferir que a ergonomia se 
trata de uma disciplina transdisciplinar. Essa transdisciplinaridade será estudada na 
próxima unidade.
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo completo da NR 17 e o Guia 
Trabalhista.
Antropometriae biomecânica nos postos de trabalho
Os principais fatores que interferem na saúde física dos trabalhadores em um 
posto de trabalho são exatamente a postura e o movimento realizado nas ativi-
dades laborais desenvolvidas no posto.
As demandas físicas na execução dessas tarefas utilizam músculos e articula-
ções que, quando exigidos sob grande estresse e de forma constante, podem 
apresentar lesões, dores, podendo comprometer os movimentos normais do 
trabalhador.
Para adequar os movimentos e a postura do trabalhador às tarefas executadas 
nos postos de trabalho, torna-se necessária uma análise biomecânica e postu-
ral que oriente de forma racional os movimentos adequados, para que a saúde 
do trabalhador não fique comprometida. Sendo assim, o profissional, normal-
mente da área de saúde, deverá ter conhecimento dos princípios básicos que 
compõem a biomecânica e a antropometria.
Segundo Rasch et al., a biomecânica é definida como o estudo da aplicação 
dos “princípios de engenharia a sistemas biológicos, ou o estudo das forças 
internas e externas geradas por, e atuantes sobre, sistemas biológicos e dos 
efeitos dessas forças” (RASCH et al., 1991, p. 175 apud FATORES…, 2014).
Saiba mais
21
A biomecânica analisa o movimento humano, considerando sua anatomia e fi-
siologia, embasando-se nos princípios da mecânica clássica de Isaac Newton.
Segundo Zilio, a antropometria (do grego anthropos, “homem”, e metron, “medi-
da”) “é o conjunto de processos ou técnicas de mensuração do corpo humano 
e de suas várias partes” (ZILIO, 2005, p. 25 apud FATORES…, 2014).
Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 10 apud FATORES…, 2014), a antropo-
metria “ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano”.
Visando sempre à saúde do trabalhador, a antropometria adequará as dimen-
sões das ferramentas e dos objetos destinados ao trabalho, considerando as 
características físicas de cada trabalhador, sendo respeitados seu peso, sua 
altura e suas demais habilidades, englobando tanto os profissionais da saúde 
como das demais áreas do conhecimento, a saber: engenheiros, administrado-
res, assistentes sociais etc.
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 1, clicando no link da Abergo, e acompanhe a 
evolução de grupos de pesquisa em ergonomia no Brasil e que se encontram 
cadastrados no CNPQ.
NA PRÁTICA
Na engenharia de produção e na maioria das profissões, a ergonomia sempre 
se apresentará com relevante importância em qualquer ambiente de produção, 
devido às vertentes dentro de um ambiente produtivo, que vai desde um 
simples escritório até sistemas mais complexos, como a linha de produção de 
22
uma montadora de veículos ou até mesmo uma fábrica de aviões comerciais. 
Nota-se de forma cada vez mais evidenciada que as inovações nos ambientes 
de trabalho e seus respectivos postos de trabalho vêm apresentando novos 
paradigmas em relação ao trabalho, o que tem levado as organizações a rever 
a relação homem-máquina-ambiente, projetando novos postos de trabalho 
ergonomicamente adequados e adaptando, quando possível, os postos de 
trabalhos já existentes, de modo a proporcionar um local mais adequado e 
confortável para os trabalhadores que nele atuam. No decorrer desta unidade 
procuramos expor de forma bastante objetiva os benefícios da ergonomia, 
que contribui para a análise de postos de trabalho, evitando a utilização de 
métodos inadequados na execução das tarefas, diminuindo os acidentes de 
trabalho, que geram grandes preocupações no ambiente industrial, melhorando 
assim a produtividade, a qualidade do produto e/ou serviço e o bem-estar dos 
trabalhadores.
23
Resumo da Unidade 1
Nesta unidade você iniciou o estudo da ergonomia com uma visão panorâmica da 
disciplina e dos conceitos a ela relacionados e sua localização no tempo e no espaço, 
bem como sua evolução no mundo e, principalmente, no Brasil. Em seguida, foi possível 
verificarmos que a ergonomia passou a ser estudada como ciência a partir da Segunda 
Guerra Mundial, expandindo-se de forma horizontal e englobando quase todos os tipos 
de atividades humanas, preocupando-se inicialmente com a aplicação da ergonomia, 
principalmente na indústria, estudando as relações homem-máquina. De modo a 
entendermos melhor a evolução da ergonomia, passamos a fundamentar as bases 
desse estudo, tendo como base a regulamentação do trabalho no Brasil no que diz 
respeito à ergonomia e que é regido pela NR 17, que estabelece os parâmetros que 
norteiam a adequação das condições de trabalho às características psicofisiológicas 
dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e 
desempenho eficiente, melhorando a produtividade da empresa. Terminamos a unidade 
caracterizando as necessidades que os postos de trabalho devem atender para se 
adequarem ao que é preconizado pela NR 17 e a criação de manuais que sirvam de 
instrumento na orientação e capacitação dos trabalhadores, garantindo que os novos 
sistemas e produtos sejam utilizados de forma correta, destacando que os ergonomistas 
devem ter um conhecimento avançado em diversos campos do conhecimento, como 
antropometria e biomecânica, anatomia e fisiologia humanas, psicologia, engenharia e 
qualquer outro campo que seja necessário à sua prática, conferindo à ergonomia um 
caráter transdisciplinar, que será estudado na Unidade 2.
Até a próxima unidade!
Nesta unidade destacaram-se três conceitos fundamentais para a compreen-
são da introdução ao estudo da ergonomia: Revolução Industrial, norma regula-
mentadora sistemas e postos de trabalho.
CONCEITO
24
Referências 
BRASIL. Norma Regulamentadora 17 – NR 17: ergonomia. Aprovada pela Portaria nº 
3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 6 set. 1978, Disponível 
em: http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm. Acesso em: 1º maio 2019.
CORRÊA, V. M.; BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: 
Bookman, 2015.
DEFINITION and domains of ergonomics. International Ergonomics Association. 
Thônex, c2019. Disponível em: https://www.iea.cc/whats/. Acesso em: 3 mar. 2019. 
ERGONOMIA. Portal Educação. São Paulo, 19 jan. 2012. Disponível em: https://www.
portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/ergonomia/10546. Acesso em: 3 
mar. 2019.
FATORES biomecânicos e fatores antropométricos no ambiente de trabalho. Portal Edu-
cação. São Paulo, 11 mar. 2014. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/con-
teudo/artigos/medicina/fatores-biomecanicos-e-fatores-antropometricos-no-ambiente-
-de-trabalho/54954. Acesso em: 3 mar. 2019.
IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2016.
KROEMER, K.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 
5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm
https://www.iea.cc/whats/
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/ergonomia/10546
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/ergonomia/10546
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/fatores-biomecanicos-e-fatores-antropometricos-no-ambiente-de-trabalho/54954
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/fatores-biomecanicos-e-fatores-antropometricos-no-ambiente-de-trabalho/54954
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/fatores-biomecanicos-e-fatores-antropometricos-no-ambiente-de-trabalho/54954
Aplicação da ergonomia
UNIDADE 2
26
No capítulo anterior foi possível compreender que a ergonomia remete a várias melhorias 
no ambiente de trabalho, já que, além de melhorar a relação homem-máquina, torna o 
ambiente mais adaptável às características físicas e psicológicas dos trabalhadores. 
Podemos observar que, em algumas empresas, as aplicações das técnicas ergonômicas 
são mais abrangentes do que em outras, levando ao envolvimento e participação das 
hierarquias administrativas e profissionais dessas empresas. Devido à interdisciplinaridade, 
um dos conceitos principais aserem abordados nesta unidade, iremos verificar a ampla 
aplicabilidade da ergonomia em diversas profissões, uma vez que, ao projetarmos 
postos de trabalho e equipamentos, aplicaremos a ergonomia desde a concepção 
desses projetos (ergonomia de concepção). Caso os postos de trabalho e equipamentos 
já existam e busquem melhorias das condições de trabalho, promoveremos adequações 
dos equipamentos e do ambiente, aplicando as ações corretivas necessárias para que 
fiquem em conformidade com as prescrições ergonômicas relativas a tais equipamentos 
e ambientes, considerando-se a forma como serão utilizados (ergonomia de correção). 
Para que a melhoria das condições de trabalho seja contínua, torna-se primordial a 
criação de uma cultura organizacional voltada para as questões ergonômicas, em que 
caberá à empresa informar e capacitar seus colaboradores, visando à conscientização 
ampla (ergonomia de conscientização) e envolvendo assim a alta administração da 
empresa e seus empregados — o que levará à participação de todos os envolvidos, 
independentemente de níveis hierárquicos (ergonomia de participação).
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
Nesta unidade, você será capaz de:
• Aplicar os conceitos de ergonomia no contexto organizacional, a fim de contribuir 
para melhorar a eficiência, a confiabilidade e a qualidade das operações industriais.
27
Caráter interdisciplinar da ergonomia 
Este tópico pretende deixar claro que a ergonomia não é uma ciência específica, mas 
se faz presente em várias ciências e profissões, adquirindo, assim, um caráter de multi-
disciplinaridade e, na maioria das vezes, de interdisciplinaridade. A ergonomia não existe 
como uma ciência pura, pois o especialista em ergonomia deve ao mesmo tempo, mes-
mo que de forma não muito profunda, ter conhecimentos de engenharia, medicina, psi-
cologia, antropometria, desenho etc. Da mesma forma que existem engenheiros que se 
especializam em ergonomia, há também médicos, psicólogos, desenhistas e vários ou-
tros profissionais ligados a diversas outras áreas do conhecimento que se especializam 
em ergonomia. O campo de aplicação é vasto, devido às inúmeras atividades laborais 
desenvolvidas pelo ser humano, o que obviamente leva a esse caráter multidisciplinar
A solução para a adaptação do ser humano ao trabalho não é trivial e muito menos pode 
ser resolvida nas primeiras tentativas, pois devemos considerar o universo que abrange 
todo o trabalho que um ser humano pode realizar, considerando-se o caráter interdiscipli-
nar da ergonomia como ciência. O acervo do conhecimento retido na área da ergonomia, 
obtido em diversas pesquisas, aponta princípios gerais e medidas da capacidade do ser 
humano para permitir projetos de máquinas, ferramentas, sistemas e ambientes de tra-
balho que preservem a integridade física e psicológica do ser humano no desempenho 
das suas funções laborais.
Totalmente baseada e fundamentada nos conhecimentos das ciências humanas, a ergo-
nomia adquire um caráter interdisciplinar por se relacionar direta ou indiretamente com 
diversas áreas de investigação e profissões, entre as quais podemos destacar:
- Medicina: médicos especializados em medicina do trabalho são capazes de ajudar na 
identificação de locais que podem originar acidentes ou doenças advindas do trabalho, 
além de poder acompanhar a saúde dos trabalhadores.
- Segurança do trabalho: analistas do trabalho ajudam no estudo de métodos, tempos, 
movimentos e ajustes nos postos de trabalho.
- Psicologia: psicólogos, normalmente envolvidos em processos de seleção, treinamen-
to e capacitação dos trabalhadores, podem ajudar na implantação e implementação de 
novos métodos.
28
- Engenharia: talvez um dos maiores usuários da ergonomia, os engenheiros podem aju-
dar nos aspectos técnicos, projetando e modificando máquinas e ambientes de trabalho, 
implantando, em seus projetos, conceitos que visem à plena aplicação da ergonomia.
- Desenho industrial: desenhistas industriais poderão trabalhar de forma conjunta com 
engenheiros, principalmente em engenharia de produção, civil e mecânica, adaptando 
máquinas, equipamentos diversos, projetos de postos de trabalho e sistemas de comuni-
cação, visando à utilização correta sob o ponto de vista ergonômico.
- Educação física e fisioterapia: educadores físicos e fisioterapeutas podem desenvol-
ver em conjunto técnicas e exercícios para fortalecer a musculatura, bem como para 
desenvolver uma postura correta, visando ao tipo de atividades que o trabalhador desen-
volve em seu posto de trabalho. Estabelecer programas de aptidão física e implementar 
a ginástica laboral, como já ocorre em muitas empresas, são exemplos de como esses 
profissionais podem atuar.
Cabe ainda ressaltar, para ficarmos mais de acordo com as atuais aplicações da ergo-
nomia, questões relacionadas tanto aos serviços de um modo mais geral como também 
a vida diária, tais como: ergonomia nas atividades domésticas (acidentes domésticos); 
no ensino (carteira escolar, cor da sala de aula, iluminação etc.); no transporte (urbano e 
rodoviário); no projeto de escritórios (aberto e fechado); no projeto de edifícios e espaços 
públicos (acessibilidade e segurança); ergonomia social.
Figura 1: Postura errada e postura correta no trabalho doméstico.
 Fonte: Grandjean (1973).
Más posturas
Boas posturas
29
Você sabia...
– Que acidentes domésticos são responsáveis por mais de 60% das mortes de 
crianças no Brasil? (IBGE, 2015).
– Que as quedas (tropeços, escorregamentos, escadas) representam 67% das 
causas de acidentes domésticos? (IIDA; BUARQUE, 2016).
– Que o índice de acidentes com motoristas de caminhão está bastante rela-
cionado com a hora do dia? É relativamente baixo na parte da manhã, entre 4h 
e 10h, tende a crescer quando se aproxima a hora do almoço (por volta de 11h 
e 12h), cai novamente após o horário de almoço (provavelmente devido a um 
período de descanso), mas começa a aumentar novamente à noite, atingindo o 
“pico” por volta da meia-noite. O risco de acidente nesse horário é 400% maior, 
se comparado àquele entre 6h e 8h da manhã (IIDA; BUARQUE, 2016).
– Que os “escritórios abertos”, chamados também de escritórios planejados ou 
landscape offices e conhecidos ainda como estações de trabalho, não costu-
mam ter paredes fixas até o teto para subdividir os ambientes? Os postos de 
trabalho são separados por divisórias baixas e sem portas. Esses escritórios, 
em comparação com os tradicionais, segundo os ergonomistas, melhoram a 
comunicação, quebram a monotonia e diminuem o absenteísmo (IIDA; BUAR-
QUE, 2016).
Curiosidade
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado sobre a 
ergonomia no trabalho. 
30
Aperfeiçoamento do sistema homem- 
-máquina, organização do trabalho e 
melhoria das condições de trabalho na 
indústria, na agricultura e na mineração 
O que é um sistema homem-máquina?
O sistema homem-máquina representa uma relação de reciprocidade entre o ser huma-
no e a máquina, conforme ilustra a figura abaixo:
Figura 2: Processamento das informações no sistema humano-máquina.
Fonte: Kroemer e Grandjean (2007).
A informação é processada como parte do sistema homem-máquina, o que leva o ser 
humano a perceber, interpretar e processar a informação recebida pelos órgãos dos sen-
tidos. Em seguida, ele/ela parte para o momento de decisão, tomando como base o co-
nhecimento adquirido para a operação da máquina (capacitação).
Considere um motorista trafegando em uma via pública em que a velocidade per-
mitida é de 80 km/h. Ao perceber, pelo velocímetro do veículo (informação), que 
está a 110 km/h (informação) — portanto, acima do limite permitido para o local —, 
ele desacelera o veículo (decisão) até que o velocímetro indique uma velocidade 
Exemplo
Interpretação / 
Decisão
Percepção Mostrador
Produção
Instrumento 
de controle
Manuseio 
dos 
controles
MÁQUINAOPERADOR
31
menor ou igual aos 80 km/h permitidos para o local (conhecimento). Veja que 
existeuma grande relação entre o cognitivo, a reação e a informação. A cognição 
também pode ser descrita em termos de tipos específicos de processos, como 
atenção, percepção, memória, aprendizado, leitura, fala e audição, resolução de 
problemas, planejamento, raciocínio e poder de decisão. É importante notar que 
muitos desses processos cognitivos são interdependentes: vários podem estar 
envolvidos em uma determinada atividade. É raro que ocorram de forma isolada. 
Pelo exemplo anterior fica fácil concluirmos a importância da “interface” entre o homem 
e a máquina, já que por intermédio dessa interface o humano interpretará e processa-
rá as informações transmitidas pela máquina para, em seguida, continuar interagindo 
com ela, tomando as decisões necessárias em função das informações transmitidas 
por meio da interface. A máquina registra mensagens acessíveis aos usuários (verbais, 
sonoras ou pictóricas e icônicas) e compreendidas pelo programa (gráficas, verbais e de 
sinais elétricos). Contém dispositivos de entrada e saída de dados disponibilizados para 
o intercâmbio de mensagens (mouse, teclado, microfone, tela do monitor) e conta com 
o auxílio das zonas de comunicação capacitadas em cada dispositivo (barras de tarefas, 
teclas do teclado, áreas de trabalho e menus no monitor). 
A adequação ao usuário, ou seja, a usabilidade, e a coerência são atribuições da interface 
amigável, que deve primar pela facilidade de comunicação, de uso e de aprendizagem. 
Com toda certeza, a melhoria das interfaces melhora efetivamente a comunicação ho-
mem-máquina, tornando a execução do trabalho mais produtiva, segura e confiável. A 
figura abaixo ilustra a interface de um smartphone da Apple, que nos dias atuais é uma 
excelente ferramenta de trabalho e comunicação, tanto no dia a dia dos cidadãos como 
nos ambientes profissionais.
Figura 3: Interface amigável do Iphone 6 da Apple.
 Fonte: Apple (2019).
32
Um dos grandes objetivos deste tópico é a aplicação dos conhecimentos da er-
gonomia na organização do trabalho, de modo a diminuir a fadiga, a monotonia, 
os erros e as doenças ocupacionais, e para que se criem ambientes menos es-
tressantes, mais cooperativos e motivadores.
Desde o surgimento dos ambientes de trabalho, ficar sentado durante um lon-
go período de tempo tornou-se normal. A maioria dos escritórios tem estruturas 
com cadeiras e mesas, e o colaborador fica sentado cerca de oito horas por dia. 
Para muitos, trabalhar sentado é algo positivo devido à comodidade da prática, 
mas diversos estudos indicam que isso pode ser muito prejudicial à saúde. Em 
pesquisas realizadas por institutos da área de saúde, constatou-se que ficar sen-
tado oito horas por dia pode aumentar o risco de morte por doenças cardiovas-
culares em até 50%. Para o neurocirurgião Maurício Mandei, o corpo humano 
não está estruturado para ficar muito tempo parado em uma posição. A falta de 
movimento faz com que os músculos entrem em estado de fadiga e comecem a 
doer. E os músculos estão longe de serem os únicos prejudicados.
Em entrevista para o New York Times, o pesquisador da Clínica Mayo, James 
Levine, ressaltou: 
Passar muito tempo sentado é uma atividade letal. Ao simples 
ajuste do corpo na cadeira, vários processos negativos se ini-
ciam no corpo, a perna perde as atividades elétricas e a quei-
ma de caloria diminui em 75%. Após algumas horas sentado, a 
eficiência da insulina diminui e o corpo fica mais suscetível ao 
risco de diabetes. (SILVA, 2014)
Importante
Ao organizarmos o trabalho, devemos considerar dois aspectos de suma importância: a 
alocação do trabalhador em um tipo de grupo e a do trabalho em turnos diurno e noturno.
Saiba mais
33
Na produção industrial, a alocação do trabalhador em grupo é regra geral. Frequente-
mente, diferentes tipos de trabalho (produção) dependem do esforço coordenado de cen-
tenas e muitas das vezes milhares de pessoas. Cabe ressaltar que de 25% a 35% dos 
trabalhadores da produção industrial estão alocados em grupos que trabalham no turno 
noturno, com diferenças profundas em relação ao trabalho realizado no turno diurno.
No que diz respeito à indústria, constata-se claramente que a aplicação da ergonomia 
melhora a forma de o ser humano realizar seus afazeres laborais, bem como o ambiente 
e a organização do trabalho. 
Ao aplicarmos a ergonomia na agricultura e na mineração, teremos melhores projetos de 
máquinas agrícolas e de mineração e, como consequência, a obtenção de melhor quali-
dade em tarefas de colheita, transporte e armazenagem. 
Quando aplicamos a ergonomia no setor de serviços, esperamos avanços nos projetos 
de sistemas de informação (ergonomia da informática) e também o desenvolvimento 
de sistemas inteligentes que forneçam suporte para as decisões tomadas em serviços 
oferecidos por supermercados, bancos, hospitais, entre outros.
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado sobre a 
ergonomia no trabalho rural.
34
Criação de postos de trabalhos inexistentes, 
produtos que atendam novas tecnologias, 
bancos, escolas, centrais de abastecimento 
e novos horários de trabalho 
Neste tópico introduziremos noções básicas de como devem ser projetados os postos 
de trabalho inexistentes e produtos ergonomicamente corretos. Será feita também uma 
análise ergonômica de centrais de abastecimento, bancos, escolas e dos horários de 
trabalho para atividades que exijam muito além da capacidade humana no trabalho a 
ser realizado em um dado posto.
Define-se posto de trabalho como a configuração física do sistema homem-má-
quina-ambiente. É uma unidade produtiva em que ser humano e equipamento 
compartilham de um mesmo ambiente para execução do trabalho, levando-se 
em conta o local em que o homem e o equipamento se encontram. Podemos in-
ferir que uma fábrica ou um escritório são compostos por um conjunto de postos 
de trabalho.
Importante
O projeto ergonômico do posto de trabalho busca maior eficiência do trabalho humano, 
trazendo segurança, saúde e consequentemente a satisfação do trabalhador. Os proje-
tos dos postos de trabalho devem atender aos seguintes objetivos:
Garantir posturas adequadas, para que os movimentos corporais necessários à 
operação de equipamentos e/ou à execução das tarefas possam ser realizados 
sem prejuízo à saúde do trabalhador.
Manter as cargas de trabalho dentro dos limites da tolerância, de modo a di-
minuir ou mesmo evitar os estresses físicos (cansaço constante e indolência) 
e cognitivos (perda de memória, dificuldade em manter a concentração, ansie-
dade excessiva, pensamentos acelerados, visão negativa dos fatos e situações 
e preocupação constante).
35
O enfoque ergonômico busca projetar e desenvolver postos de trabalho que reduzam 
as exigências físicas e cognitivas. Os objetos a serem manipulados devem ficar na área 
de alcance dos movimentos corporais necessários para a execução da tarefa. Em ou-
tras palavras, o posto de trabalho deve funcionar como um envoltório do trabalhador, ou 
como uma “roupa confortável” e bem adaptada, em que ele possa realizar o trabalho com 
eficácia, conforto e segurança. Um bom exemplo são os centros de controle complexos, 
conforme ilustra a figura abaixo:
Figura 4: Centro de Controle da Usina Nuclear de Kursk – Rússia – 23 jun. 2016. 
O operador monitora as leituras dos dispositivos e equipamentos de trabalho.
De modo a projetar produtos chamados de ergonomicamente corretos, a análise ergo-
nômica deverá sempre verificar as reais necessidades do usuário para desenvolver um 
produto que esteja em conformidade com as normas de segurança do trabalho, que 
tenha design moderno e prático e ofereça conforto. Nos dias de hoje, existe grande preo-
cupação em alinhar o design (estética) com a usabilidade do produto (maneira de utilizar 
de modo a alcançar o desempenho para o qual o objeto foi projetado, sem causar danos 
à saúde do usuário). 
Muitas vezes, produtos com design que obedecem às prescrições ergonômicas e em 
conformidadecom o projeto que lhe deu origem não alcançam o desempenho esperado 
pelo usuário, pois, de um modo geral, as pessoas não têm o hábito de ler os manuais dos 
produtos que adquirem. 
Facilitar a execução das tarefas, permitindo aquisição e processamento de 
informações e execução de movimentos musculares favoráveis.
36
Fica claro que a adequação ao uso depende bastante do perfeito entendimento 
do usuário acerca do produto que adquiriu e de suas condições de uso. Somente 
dessa forma, observaremos o desempenho desejado e o cumprimento da vida 
útil do produto informada pelo fabricante. Nesse sentido, é sempre útil ressaltar 
que o produto deverá ser usado conforme as especificações do respectivo “ma-
nual do usuário”.
Importante
A ergonomia direcionada ao projeto de produtos estará sempre focada na usabilidade, 
ou seja, na facilidade e no conforto do usuário durante o manuseio e a utilização desses 
produtos, tanto no lar como no uso profissional. Considerando-se que usabilidade rela-
ciona-se diretamente com conforto e eficiência, os produtos, ao serem utilizados, não 
podem provocar acidentes ou induzir a erros seus usuários. 
De acordo com a espécie de serviço a ser efetuada, seja em escolas, bancos e hospitais, 
seja em centrais de atendimento, centrais de abastecimento etc., utilizam-se instrumen-
tos de trabalho específicos para cada uma das atividades laborais a serem realizadas 
em cada tipo de posto. Assim, nem sempre o que é confortável e prático para executar 
uma atividade o será para a execução de outra. Ao planejar ou otimizar a disposição do 
posto de trabalho, adapte-o ao tipo de serviço a ser realizado. Para isso, vale lembrar que 
a forma de uso de equipamentos, acessórios, documentos e outros materiais de trabalho 
também deve ser pensada (BRANDIMILLER, 1999). Ao planejar móveis, são esquemati-
zados locais apropriados para a acomodação de mãos, braços, troncos, pés e pernas. 
Também toma-se certo cuidado para a adequação ao ângulo de visão do trabalhador. É 
pesquisada, ainda, a movimentação da cabeça e da nuca. 
Ao iniciar um projeto, determine seu grau de abrangência. Para criar o posto de trabalho, 
siga estas etapas:
Análise da 
atividade
Arranjo 
físico
Dimensionamento 
do posto de trabalho
Construção 
e teste do 
modelo
Ajustes 
individuais
37
Quanto ao arranjo físico ou layout, considere a distribuição do espaço e o posiciona-
mento dos componentes do posto de trabalho. 
Nos projetos dos ambientes escolares, considera-se de suma importância o atendimento 
das prescrições relativas a mobiliário, iluminação, cor das salas de aula, equipamentos de 
informática, ruídos, temperatura e laboratórios. Tais prescrições são fundamentais para 
que o professor desempenhe sua missão de ensinar com conforto, segurança e satisfa-
ção, de modo que o ensino e o aprendizado possam acontecer dentro do que se espera. 
Vale ressaltar que alunos e professores permanecem nesse ambiente por cinco horas ou 
mais ao longo de um dia.
A análise ergonômica se faz necessária em qualquer atividade laboral do ser humano, con-
siderando-se o caráter multidisciplinar da ergonomia, já visto no início desta unidade. O 
atendimento a bancos, tanto para clientes como para os funcionários, assemelha-se com 
o das escolas. Fica claro que os projetos, nesse caso, deverão considerar mobiliário, mesas 
de computadores (principalmente), caixas, mesas de um modo geral, iluminação, ruídos, 
temperatura e segurança, que são fundamentais para o funcionamento de uma agência 
bancária, já que esse ambiente é formado pela composição de diversos postos de trabalho, 
dependendo do tipo de atendimento oferecido ao cliente e de quem prestará o atendimen-
to. É preciso, por exemplo, evitar a formação de filas, de modo que os clientes não per-
maneçam em pé por muito tempo. Uma solução para esse problema vem das máquinas 
de autoatendimento de fácil utilização, com explicações de possíveis dúvidas expostas de 
forma visível e inequívoca. A figura abaixo ilustra como deve ser um posto de trabalho de 
um escritório na utilização do computador, segundo os preceitos da ergonomia.
Figura 5: Posto de trabalho de um escritório.
Fonte: conexaoacademia.wordpress.com
Ombros e quadris 
alinhados
Encosto adaptado à 
curvatura da coluna
Descanso de braço 
na altura do cotovelo
Altura do assento 
abaixo da rótula
Pés apoiados 
no solo ou em 
descanso para 
os pés
Joelhos discreta-
mente abaixo do 
quadril
Punho em uma 
direção neutra
(Sem dobrar)
Teclado dire-
tamente à sua 
frente
Mouse próximo 
ao teclado e no 
mesmo nível
https://conexaoacademia.wordpress.com/2013/08/19/ergonomia-no-trabalho
38
Algumas formas de manifestação de desconforto no trabalho:
Exemplo
Tipo de desconforto
Climático Condições do tempo, temperatura e circulação do ar
Visual Condições da visão, como irritação e falta de descanso
Sonoro Níveis de ruído, de música e de voz
Corporal Situação dos músculos e articulações
Auditivo Ruído do ambiente e velocidade do vento
Olfativo Odores e sua intensidade
Respiratório Níveis de poluição e umidade do ar
Formas de manifestação
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado sobre a 
ergonomia na atividade de ensino-aprendizado.
39
NA PRÁTICA
No exercício da profissão de engenheiro de produção, você irá, na maioria das 
vezes, elaborar e gerenciar processos de um “chão de fábrica” ou do “setor de 
serviços”, que hoje também é uma área largamente explorada na engenharia de 
produção. Você não deverá preocupar-se apenas com os resultados do traba-
lho, mas deverá acompanhá-lo desde o planejamento e a execução até a fina-
lização. Por ter estudado ergonomia, você sabe que, para atingir os resultados 
esperados e não perder em eficiência, eficácia e produtividade, torna-se neces-
sário e fundamental que os trabalhadores estejam confortáveis no desenvolvi-
mento de suas tarefas, que deverão ser analisadas ergonomicamente, assim 
como as interações humano-máquina, se for o caso. Você estará igualmente 
confortável aplicando os conhecimentos que adquiriu na disciplina de ergono-
mia e obedecerá às seguintes etapas na análise ergonômica, em um processo 
que esteja sob sua gerência:
a) Análise da demanda e do contexto.
b) Análise global da empresa nos contextos de condições técnicas, econômi-
cas e sociais.
c) Análise da população de trabalho.
d) Definição das situações de trabalho a serem estudadas.
e) Descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades.
f) Análise das atividades – elemento central do estudo.
g) Diagnóstico.
h) Validação do diagnóstico.
i) Recomendações.
j) Simulação do trabalho com as modificações propostas. 
k) Avaliação do trabalho na nova situação.
40
Resumo da Unidade 2
Nesta unidade, aplicamos os conceitos da ergonomia no contexto organizacional, como 
fator principal para a melhoria de eficiência, produtividade, conforto e qualidade de vida 
no trabalho, em qualquer atividade laboral do conhecimento humano. Considerando-se 
o caráter multidisciplinar da ergonomia, observamos sua aplicabilidade em praticamen-
te todas as atividades do conhecimento humano, muito além da engenharia. Vimos 
também que, com os indicadores apropriados, é possível medir a eficiência e a eficácia 
dos postos de trabalho e planejar sua consequente melhoria em todos os aspectos, 
principalmente na interação homem-máquina, em busca de conforto e segurança para 
os trabalhadores. Em seguida, e já com o conhecimento acerca desses indicadores e 
de sua utilização, passamos aos itens sobre a ergonomia nos projetos de postos de 
trabalho inexistentes e nos projetos de produtos que utilizam tecnologias para torná-los 
ergonomicamente corretos, desde que o usuário tenha o perfeito entendimento do seu 
manuseio e condições de uso, considerando-se que todos os produtos vêm acompa-
nhados dos respectivos manuais de utilização. Finalmente, pudemos verificar de forma 
mais específica a utilização da análise ergonômica em escolas, bancose centrais de 
atendimento e abastecimento.
CONCEITO
Nesta unidade, destacaram-se três conceitos fundamentais para a compreensão 
da aplicação da ergonomia: o caráter multidisciplinar da ergonomia e sua rela-
ção com outras profissões, além da engenharia; a interação homem-máquina 
e a melhoria dos postos de trabalho na indústria e nos serviços; e os produtos 
ergonomicamente corretos.
41
Referências 
BRANDIMILLER, P. O corpo no trabalho. Rio de Janeiro: Senac, 1999.
CORRÊA, V. M.; BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: 
Bookman, 2015.
FALZON, P. Ergonomia. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2018.
GRANDJEAN, E. Ergonomics of the home. London: Taylor & Francis, 1973.
IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2016.
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PINHEIRO, A. C.; CARNEIRO, B. M. Conforto ambiental. São Paulo: Saraiva, 2016.
SILVA, R. Saúde ocupacional: levante dessa cadeira! Proteção Digital. Nova Hamburgo, 
15 ago. 2014. Disponível em: http://www.protecao.com.br/noticias/doencas_ocupacio-
nais/saude_ocupacional:_levante_dessa_cadeira!/AQyAA5y4/7043. Acesso em: 4 mar. 
2019.
https://www.ibge.gov.br/busca.html?searchword=pnad%202014&searchphrase=all&start=135
https://www.ibge.gov.br/busca.html?searchword=pnad%202014&searchphrase=all&start=135
http://www.protecao.com.br/noticias/doencas_ocupacionais/saude_ocupacional:_levante_dessa_cadeira!/AQyAA5y4/7043
http://www.protecao.com.br/noticias/doencas_ocupacionais/saude_ocupacional:_levante_dessa_cadeira!/AQyAA5y4/7043
As características humanas 
UNIDADE 3
43
Conforme estudado na unidade anterior, ficou claro que o ergonomista deve conhecer 
minimamente as características físicas e cognitivas do ser humano de modo a poder 
conceber e adaptar projetos que sejam adequados às suas proporções e possibilidades. 
O ergonomista ainda deverá ter entendimento da forma como o corpo humano realiza o 
trabalho e mapear as características do indivíduo que o tornem apto a exercer uma deter-
minada função. Nesta unidade, estudaremos os fundamentos de anatomia, cinesiologia, 
biomecânica funcional e fisiologia humana, que são disciplinas diretamente ligadas à 
especialização da ergonomia física. A antropometria, que se refere às medidas humanas, 
será estudada de forma mais detalhada, e, sempre que necessário, será feita a relação 
entre o conteúdo e a qualidade de vida no trabalho, que na unidade seguinte será tratada 
com mais profundidade.
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
Nesta unidade, você será capaz de:
• Dimensionar as soluções ergonômicas às condições e características do indivíduo.
44
O organismo humano e os impactos durante 
a operação 
Neste tópico serão apresentados conhecimentos básicos sobre o organismo humano e 
que são requeridos pela ergonomia. Os conhecimentos das características sensoriais, 
dos sistemas ósseo e muscular e, também, algumas das funções auxiliares, tais como: 
circulação, respiração, regulação térmica e outras, são necessários para que se possa 
conceber o projeto dos postos de trabalho e dimensionar o trabalho humano no am-
biente em que irá desempenhar suas atividades laborais. O projeto deverá considerar de 
um modo geral as principais habilidades e capacidades humanas e, também, agregar 
conhecimentos sobre as variações das medidas corporais de um indivíduo para ou-
tro, além de forças, resistências e as capacidades perceptivas e de processamento de 
informações, que são necessárias para que as exigências do trabalho humano sejam 
mantidas dentro de certos limites aceitáveis. A seguir destacaremos e conceituaremos 
as principais doenças relacionadas ao trabalho e como prevenir o organismo humano, 
tendo na ergonomia o suporte necessário para que, além da adequação de ambiente e 
equipamentos, as empresas possam desenvolver programas efetivos para prevenção 
dessas doenças.
Doenças relacionadas ao trabalho
Os conceitos básicos referentes ao organismo humano que foram explicados acima 
estarão relacionados com a maior incidência de doenças laborais e nos ajudarão a en-
tender melhor como elas afetam o organismo humano.
As enfermidades ocupacionais ou laborais são doenças relacionadas à atividade desen-
volvida pelo trabalhador em determinado posto de trabalho e que são contraídas em 
função das condições ergonômicas do ambiente em que realiza as suas tarefas. 
Será dada maior ênfase às enfermidades mais encontradas, que são conhecidas como 
lesões causadas por esforço repetitivo – LER e distúrbios osteomusculares relaciona-
dos ao trabalho – Dort (LER/Dort), que por si só englobam mais de 30 doenças laborais 
cadastradas pela Organização Mundial de Saúde – OMS, tendo como consequência as 
enfermidades mais encontradas, que são a tendinite (inflamação de tendão) e a tenos-
sinovite (inflamação da membrana que recobre os tendões).
45
Passaremos agora a estudar as doenças mais recorrentes e como evitá-las, criando os 
programas de prevenção baseados no que está prescrito nas legislações brasileira e in-
ternacional. As principais causas de afastamento temporário do trabalho são as doenças 
profissionais ou ocupacionais, acidentes de trabalho e as doenças do trabalho, embora 
muitos empreguem de forma errônea as doenças ocupacionais e as doenças do trabalho 
com o mesmo significado, entretanto é importante deixar claro que não são sinônimas.
Ambas as formas de doença decorrentes do trabalho são consideradas 
acidente de trabalho e têm o respaldo da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991:
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do arti-
go anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desenca-
deada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada ativida-
de e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério 
do Trabalho e da Previdência Social;
II - Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desen-
cadeada em função de condições especiais em que o trabalho é 
realizado e com ele se relacione diretamente, constante da rela-
ção mencionada no inciso I. (BRASIL, 1991)
Importante
Vamos às principais doenças:
LER/Dort: 
São doenças contraídas em atividades laborais que requerem do trabalhador muita 
atenção. Esses tipos de atividades é que são mais suscetíveis de causarem LER e 
são especificamente provocadas por movimentos repetitivos e/ou por posturas não 
adequadas para a realização do trabalho — chamadas de posturas antiergonômicas.
46
Um grande exemplo encontra-se no meio rural, em que os cortadores de cana são o gru-
po de trabalhadores mais atingidos pelas LER/Dort. O mesmo ocorre na região urbana 
com outras profissões: bancários, operadores de linha de montagem, digitadores e ope-
radores de telemarketing, caixas de supermercados, cabeleireiros e outros estão entre os 
profissionais nos quais se encontra grande incidência dessas doenças. Entretanto, bal-
conistas, professores, seguranças e a maioria dos trabalhadores que exerce suas tarefas 
em posição estática de pé tendem a desenvolver problemas circulatórios nos membros 
inferiores. As mulheres que exercem medicina e jornalismo e as policiais militares, por 
exemplo, desenvolvem endometriose devido à exposição em situações de excessivo es-
tresse. Os trabalhadores que atuam na mineração e refinarias de níquel, por exemplo, são 
mais acometidos por câncer na traqueia. Existem outras doenças ocupacionais em que 
a inalação de gases e outras substâncias podem afetar os pulmões, levando o trabalha-
dor a crises de asma e asbestose.
O quadro abaixo evidencia a relação entre trabalho e algumas patologias:
Lesões Causas ocupacionais Exemplos
Alguns 
diagnósticosdiferenciais
Epicondilites do 
cotovelo
Movimentos com 
esforços estáticos 
e preensão prolon-
gada de objetos, 
principalmente com 
o punho estabiliza-
do em flexão dorsal 
e nas pronossupina-
ções com utilização 
de força.
Apertar parafu-
sos, jogar tênis, 
desencapar fios, 
tricotar, operar 
motosserra.
Doenças reumá-
ticas e metabóli-
cas, hanseníase, 
neuropatias 
periféricas, trau-
mas e forma T de 
hanseníase.
Síndrome do 
canal cubital
Flexão extrema 
do cotovelo com 
ombro abduzido; 
vibrações.
Apoiar cotovelo 
em mesas.
Epicondilite 
medial, sequela 
de fratura, bursite 
olecraniana e 
forma T de han-
seníase.
Saiba mais
47
Lesões Causas ocupacionais Exemplos
Alguns 
diagnósticos 
diferenciais
Síndrome do 
canal de Guyon
Compressão da bor-
da ulnar do punho.
Carimbar.
Cistos sinoviais, 
tumores do nervo 
ulnar, tromboses 
da artéria ulnar, 
trauma, artrite 
reumatoide etc.
Síndrome do 
desfiladeiro 
torácico
Compressão sobre 
o ombro, flexão 
lateral do pescoço, 
elevação do braço.
Fazer trabalho 
manual sobre 
veículos, trocar 
lâmpadas, pintar 
paredes, lavar 
vidraças, apoiar 
telefones entre 
o ombro e a 
cabeça.
Cervicobraquial-
gia, síndrome da 
costela cervical, 
síndrome da 
primeira costela, 
metabólicas, 
artrite reumatoide 
e rotura do su-
praespinhoso.
Síndrome do 
interósseo 
anterior
Compressão da 
metade distal do 
antebraço.
Carregar objetos 
pesados apoia-
dos no antebraço.
Síndrome 
do pronador 
redondo
Esforço manual 
do antebraço em 
pronação
Carregar pesos, 
praticar muscu-
lação, apertar 
parafusos.
Síndrome do 
túnel do carpo.
Síndrome do 
túnel do carpo
Movimentos repeti-
tivos de flexão, mas 
também extensão 
com o punho, 
principalmente se 
acompanhados por 
realização de força.
Digitar, fazer 
montagens in-
dustriais, empa-
cotar.
Menopausas, ten-
dinite da gravidez 
(particularmente 
se bilateral), 
artrite reumatoi-
de, amiloidose, 
diabetes, lipomas, 
neurofibromas, 
insuficiência 
renal, obesidade, 
lúpus eritemato-
so, condrocalci-
nose do punho, 
trauma.
48
Fonte: Instituto Nacional do Seguro Social (2002).
Além das doenças aqui mencionadas, temos a perda auditiva induzida por ruído, devido 
a longo tempo de exposição em ambientes de ruídos intensos. A NR 15 do Ministério do 
Trabalho, além dessa doença, fala de outras doenças insalubres e como preveni-las.
Lesões Causas ocupacionais Exemplos
Alguns 
diagnósticos 
diferenciais
Tendinite da 
porção longa 
do bíceps
Manutenção do an-
tebraço supin ado e 
fletido sobre o braço 
ou do membro su-
perior em abdução.
Carregar pesos.
Antropatias 
metabólicas 
e endócrinas, 
artrites, osteofi-
tose da goteira 
biciptal, artrose 
acromioclavicular 
e radioculopatias 
(C5-C6).
Tendinite do su-
praespinhoso
Elevação com ab-
dução dos ombros 
associada à eleva-
ção de força.
Carregar pesos 
sobre o ombro, 
jogar vôlei ou 
peteca.
Bursite, trauma-
tismo, artopatias 
diversas, doenças 
metabólicas.
Tenossinovite 
dos extensores 
dos dedos
Fixação antigravita-
cional do punho;
movimentos repetiti-
vos de flexão e ex-
tensão dos dedos.
Digitar, operar 
mouse.
Artrite reumatoi-
de, gonocócica, 
osteoartrose e 
distrofia simpáti-
co reflexa (síndro-
me ombro-mão).
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo sobre a NR 15 do Ministério do Tra-
balho indicado como material complementar pelo professor. 
49
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo sobre as doenças ocupacionais 
indicado como material complementar pelo professor. 
50
Projetos e produtos ergonomicamente 
corretos
Do ponto de vista ergonômico, não podemos considerar os produtos como simples 
objetos que satisfazem as necessidades dos indivíduos, mas devemos vê-los, também, 
como objetos que servem para o ser humano executar determinadas funções, consi-
derando-se a segurança e o conforto no seu manuseio; assim, os produtos passam a 
fazer parte de um sistema mais complexo, que chamamos de sistema homem-máqui-
na-ambiente. 
Com isso, fica clara a preocupação da ergonomia em estudar esses sistemas, para que 
máquinas, equipamentos e o próprio ambiente proporcionem harmonia no funciona-
mento com o homem, o que garantirá adequação ao uso e desempenho. A economia 
globalizada dos dias atuais tem proporcionado uma aproximação mais ampla entre 
esses mercados. Essa maior interação incentiva o aumento da concorrência entre os 
produtos, devido aos seus diferenciais. 
Com a necessidade das empresas em conquistar fatias maiores desses mercados de-
vido à concorrência, elas são obrigadas a oferecer nos seus produtos mais diferenciais 
a fim de que se tornem mais competitivos que os demais concorrentes e apresentem 
uma melhor configuração ergonômica. Verifica-se, então, que a ergonomia vem ajudan-
do as empresas na conquista de novos mercados e na manutenção dos mercados nos 
quais já estejam atuando.
Produtos projetados de forma ergonômica permitem que sejam usados por 
pessoas considerando-se os diversos níveis de cultura, faixa etária, capacida-
des físicas e mentais, forma e tamanho do corpo, força física, habilidades di-
versas, linguística e até mesmo paciência em aprender a utilizá-los de forma 
correta, de modo a tirar o maior desempenho possível.
Importante
51
O papel dos projetistas e designers de produtos tem sido diminuir a distância entre 
a funcionalidade e estética desses produtos, incorporando ao design as característi-
cas da ergonomia que levarão ao melhor desempenho na utilização desses produtos. 
Como princípio norteador, todo projeto ergonômico tem na sua concepção produtos 
que promovem efeitos desejáveis sobre o seu usuário, e não efeitos que venham a ser 
prejudiciais.
As pessoas que realizam as tarefas são as mais indicadas para definir as condições 
ideais de trabalho e, portanto, devem ser ouvidas no momento em que um projeto ― 
seja de um produto, seja de um equipamento e dos postos de trabalho ― encontra-se 
na fase de concepção, pois assim haverá mais consistência entre o que é constatado na 
prática e o que é “dito” pela teoria. Para isso, a metodologia ergonômica se insere como 
a mais indicada para avaliação dos postos de trabalho. Segundo Moraes e Mont’Alvão: 
É neste momento que métodos e técnicas utilizados pela ergonomia, 
como observação assistemática e sistemática, registros de comporta-
mentos, entrevistas não estruturadas e semiestruturadas, verbalizações, 
análise hierárquica da tarefa, cartas de-para mapofluxogramas, análise 
de ligações e análise temporal, permitem pesquisar, de fato, a usabili-
dade de produtos e de estações de trabalho. (MORAES; MONT’ALVÃO, 
2000, p. 54) 
Para simplificar, devemos deixar claro que a ergonomia de produto está ligada às 
recomendações que a ergonomia prescreve para o projeto de um produto, enquanto 
para o projeto de produção do trabalho, incluindo a organização, as recomendações 
da ergonomia são entendidas como ergonomia de produção. As duas situações são 
exemplificadas conforme a situação do exemplo a seguir.
52
Considere a ilustração abaixo, que é o ambiente de um escritório (posto de tra-
balho) qualquer.
Figura 1: Escritório típico.
Exemplo
O conceito de mobiliário ergonômico é disseminado, mas o projeto do mobiliá-
rio correto deve ser feito em uníssono com a análise do ambiente de trabalho. 
No cenário ilustrado anteriormente, por exemplo, dependendo da luz do am-
biente, talvez a luminária não fosse necessária, ou deveria estar posicionada 
em outro lugar. Já o teclado torna a digitação mais confortável, visto que o uso 
do teclado acoplado ao laptop provavelmente seria muito desconfortável, preju-
dicando a postura do usuário.
O projeto do produto considerando os aspectos ergonômi-
cos e a sua usabilidade
Cabe salientar que o projeto para concepção de um produto ergonomicamente correto 
deve considerar a sua usabilidade, já que os estudos considerados vão além da afinidade 
entre os colaboradores de uma organização e os seusrespectivos equipamentos de tra-
balho, ou seja, a interação do homem com a máquina, encontrando espaço nos mais di-
versificados segmentos e incluindo questões econômicas, de saúde pública e tecnologia.
Considerando-se ainda a fase de criação e concepção, devemos ter de forma clara as 
necessidades do produto e as consequentes limitações de quem irá utilizá-lo, seja como 
operador, no caso de uma máquina em um chão de fábrica, seja de um produto, que 
terá como usuário um cliente. Ao projetar um produto, é fundamental ponderar sobre o 
53
MIDIATECA
Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar sobre os produtos 
centrados no usuário indicado pelo professor.
design, a automatização, o processo e o público a que ele se destina. Deve-se dar ênfase 
à visualização social e técnica dos produtos, sua credibilidade, eficiência (desempenho) 
e eficácia, atendo-se para a minimização dos custos e a compatibilidade de normas e 
composições humanas.
Como vimos, a usabilidade de um produto se refere ao grau de facilidade de interação 
que oferece ao usuário, favorecendo tanto o desempenho do usuário como a funcio-
nalidade do produto. É atribuição do ergonomista estudar a usabilidade do produto, 
a fim de garantir produtos e sistemas adaptados às habilidades de quem os utiliza e 
apropriados às tarefas que as pessoas desempenham. Para analisar a usabilidade, 
é importante a realização de uma pesquisa para verificar o perfil do usuário, suas 
expectativas e as necessidades do produto. Posteriormente, deve ser estudada a ope-
racionalidade, a performance e a segurança do produto. O design também deve ser 
considerado, uma vez que os potenciais consumidores geralmente são atraídos pela 
beleza, cor e textura dos artigos.
54
Introdução à análise ergonômica do traba-
lho – AET
Nas unidades anteriores, abordamos todos os conceitos básicos de ergonomia; a partir 
de agora vamos abordar de forma detalhada a intervenção ergonômica e o seu proces-
so, que é tecnicamente conhecido como AET. Abordaremos de forma geral o método de 
AET e as análises das atividades, das demandas e das tarefas, bem como a elaboração 
do diagnóstico e suas recomendações.
A AET é uma das abordagens de intervenção ergonômica no trabalho, tratando os aspec-
tos físicos, psicológicos e fisiológicos que orientam as tarefas exercidas pelo trabalhador 
no ambiente em que está produzindo. Ela tem como fundamento o papel de constituir 
uma ligação entre os obstáculos na organização do trabalho e suas consequências no 
ser humano. Considerando-se tal fato, busca prevenir ou debelar de vez os problemas 
que possam vir a comprometer a saúde dos trabalhadores. Ao estabelecer uma estraté-
gia de abordagem ergonômica no ambiente instalado, tem-se como foco principal o ser 
humano, ocupante do espaço. Nesse contexto, o ergonomista deve analisar e sugerir mu-
danças, tanto espaciais quanto culturais, no local de trabalho que visem à qualidade de 
vida do funcionário, de modo que ele possa realizar suas atividades sem comprometer 
sua saúde física e mental.
A análise é resultante da demanda que gera as ações ergonômicas e busca definir a 
origem do problema, sendo a base para a elaboração de um diagnóstico. Entre as pre-
missas da AET, destacam-se:
Entendimento da situação de trabalho e suas implicações.
Investigação das circunstâncias mais preocupantes e os res-
pectivos diagnósticos.
55
Emitir relatórios com pareceres.
A verificação das competências e restrições ergonômicas.
Análise dos postos de trabalho e do ambiente no qual as tare-
fas são executadas.
Elaborar soluções que levem à melhoria das condições, ofere-
cendo indicações de adequação em diversos âmbitos.
A AET é um método de construção e participação que visa a sanar uma dificuldade com-
plicada. Para isso, requer ciência sobre os afazeres, a função desempenhada para con-
cretizá-los e as problemáticas sofridas até obter o desempenho e a produtividade estabe-
lecidos. A grande premissa da análise ergonômica é identificar os problemas observados 
pelos trabalhadores que resultem em deterioração do conforto e queda de produtividade, 
interferindo na segurança do trabalho. 
Com a aplicação da AET, identifica-se o trabalho, com a descrição da maneira de operar, 
de seus agravantes, das comunicações, do trabalho coletivo, das aptidões exigidas pela 
função e das que os trabalhadores já possuem. Também se assimilam fatores como 
postura, esforço, busca de informação, tomada de decisão e comunicação na atividade 
de cada pessoa. Assim, são compreendidos fatores determinantes relacionados à cor-
poração, como projeto de posto de trabalho, organização do trabalho formal, restrição de 
tempo e aspectos relacionados ao operador, como idade e os atributos antropométricos.
56
A estratégia de implantar várias medidas para a melhoria da qualidade de vida nos pos-
tos de trabalho — por exemplo, a aplicação de treinamentos ergonômicos, capacitação 
e instrução sobre os equipamentos de segurança e seu respectivo uso, orientações das 
melhores posturas para o carregamento de cargas, blitz posturais etc. — é fundamental.
Devemos sempre lembrar que a aplicação da NR 17 é obrigatória, independentemente 
do tamanho e do número de funcionários da empresa, e que há fiscalização sobre a em-
presa, considerando que deverão ser informadas ao eSocial as condições a que ficam 
expostos os trabalhadores de possível adoecimento e acidentes, considerando, inclusive, 
o que se refere à ergonomia.
Análise da empresa 
de forma abrangente 
(global):
O negócio da empresa 
(produto ou serviço), 
posicionamento no mercado, 
situação econômica, a 
forma ou técnicas de 
como desenvolve os seus 
produtos ou serviços e um 
profundo conhecimento 
dos trabalhadores da 
organização, considerando 
faixa etária, funções, tempo 
de serviço, existência de 
morbidades, índices de 
mortalidade e absenteísmo.
Elencar as principais 
demandas que deverão ser 
analisadas, observando as 
atividades realizadas e a 
utilização dos meios para sua 
execução e o diagnóstico do 
posto de trabalho.
A partir do diagnóstico, 
elaborar a concepção do 
projeto e implementação do 
plano de ação, objetivando 
a consequente melhoria das 
condições de trabalho, tanto da 
produção como da saúde do 
trabalhador.
Análise dos tipos de 
trabalho que existem na 
organização:
Concepção do projeto e 
implementação do plano 
de ação:
Para uma boa análise ergonômica do trabalho, deveremos considerar minimamente as 
seguintes fases e suas respectivas etapas:
Com uma análise ergonômica completa, torna-se possível relacionar e, assim, 
avaliar as condições de trabalho, com acidentes, doenças e produtividade, em 
conformidade com o que determina a NR 17.
Importante
57
Figura 2: Aplicação do método de AET.
Análise das 
demandas er-
gonômicas
Análise das 
condições de 
trabalho
Diagnóstico 
ergonômico
Recomendações 
ergonômicas
Análise 
da carga 
física dos 
trabalhadores
COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA
Essa comissão visa a prevenir os acidentes e as doenças resultantes do traba-
lho, favorecendo a compatibilidade entre o trabalho e a preservação da vida hu-
mana e zelando pela saúde de quem trabalha. A Cipa possui normas, regras e 
funções específicas para seus integrantes, sendo composta por representantes 
do empregador e dos empregados, titulares e suplentes designados, de acordo 
com o previsto no Quadro I da NR 5 (BRASIL, 1978).
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, são atribuições dos representan-
tes da Cipa:
• Expressar aos trabalhadores informações relacionadas à saúde e segurança 
no trabalho.
• Divulgar e promover a execução das normas regulamentadoras.
• Cooperar no incremento e na implementação dos seguintes programas: Pro-
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional e Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais.
• Promoção anual da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – 
Sipat, em conjunto com o serviço especializado em engenharia de segurança

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