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MAPEAMENTO E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS E-book 1 Rafael Coelho Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 AMBIENTES E CENÁRIOS ORGANIZACIONAIS �����������������������������������4 Contexto Histórico ���������������������������������������������������4 Ambientes e Cenários Organizacionais �����������������8 Estratégias organizacionais e relação entre os níveis estratégico, tático e operacional ��������������� 12 GESTÃO POR PROCESSOS,DE PROCESSOS E PROCESSOS �������������������18 Gestão por processos, de processos ou somente processos? �������������������������������������������� 18 Exemplos de processos em produção de serviços: definição de gestão de serviços ���������� 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������29 SÍNTESE �������������������������������������������������������30 2 INTRODUÇÃO Neste módulo, concentraremos a discussão na con- ceituação de Gestão por processos, de processos e dos processos� Abordaremos também a importância de conhecer os ambientes e os cenários organizacio- nais e sua relação entre os níveis estratégico, tático e operacional� Desse modo, poderemos acompanhar alguns exemplos de processos sobre a produção de produtos e serviços, bem como as definições de arranjo físico e gestão de serviço� Este é o convite para mergulharmos nesse mundo fascinante da gestão de processos� Vamos lá! 3 AMBIENTES E CENÁRIOS ORGANIZACIONAIS Neste tópico, saberemos da importância dos am- bientes e dos cenários organizacionais, o contexto em que as empresas trabalham, as suas estratégias empresariais e a sua relação com os níveis estraté- gico, tático e operacional, que são os elementos que colaboram no mapeamento e no gerenciamento de processos� Contexto Histórico Na contemporaneidade, os processos nas organiza- ções não podem ser somente desenhados ou mape- ados, faz-se necessário gerenciá-los� Na literatura da administração de empresas, é comum deparar com termos como “processo”, “gestão de processos” e “gestão por processos”� Toffler e Toffler (2012) explicam que os modelos e processos organizacionais foram impactados por transformações nos aspectos culturais, sociais, po- líticos e econômicos durante vários séculos, sinteti- zadas em três ondas de riqueza: agrícola, industrial e conhecimento� 4 A primeira onda de riqueza, a agrícola, compreende a Idade Antiga que perdurou até meados do século 18. Maximiano (2008) destaca algumas civilizações antigas que contribuíram com o desenvolvimento de processos, como a suméria, (século 31 a.C.), que trouxe a organização com dirigentes e profis- sionais administrativos; a egípcia (século 26 a.C.), cuja construção das pirâmides aponta indícios de planejamento e processos estruturados; e a romana (século 8 a.C.), que contribuiu com as premissas de organização e influenciou os modelos de gestão. Marcado pela Revolução Industrial, o século 18 deu início à segunda onda de riqueza, a industrial� Essa fase potencializou a criação de estruturas adminis- trativas mais complexas, assim como trouxe novos contornos para o desenho de processos organiza- cionais com o objetivo de suprir as demandas da sociedade daquela época� A segunda onda de riqueza também marcou o século 20, principalmente nos estudos da administração de empresas no contexto da eficiência nos processos, burocracia, do controle do desperdício e da qualidade, das grandes estruturas organizacionais e do enfoque estratégico� Concomitante a esses estudos, as organizações também foram influenciadas pelo enfoque compor- tamental, cuja premissa prezava pelo valor humano nas organizações, ética organizacional, princípios da responsabilidade social e ambiental e estudos de liderança (MAXIMIANO, 2008). 5 Na década de 1980, surgiram as startups, ou seja, empresas ligadas à área de tecnologia que trouxeram uma nova leitura aos modelos de gestão, focadas principalmente no conhecimento e revolucionou os processos de gestão� Com isso, trouxeram novas perspectivas com estruturas de trabalho mais enxu- tas, criatividade e inovação� Esse fenômeno marcou a terceira onda, a era do conhecimento (TOFFLER, 1991). FIQUE ATENTO Conceito de startups O modelo organizacional de startup, profunda- mente difundido aos quatro cantos do mundo, não se iniciou há uma década, tal qual muitas vezes se apresenta� Pelo contrário, o movimento das startups (empresas iniciantes) foi potencia- lizado pelas empresas de tecnologia do Vale do Silício, no estado da Califórnia (EUA), cuja estru- tura de trabalho trouxe um desenho mais enxuto e menos hierárquico às empresas que estavam surgindo naquele período ou que buscavam a reestruturação� Esse modelo trouxe mais dina- mismo e criatividade ao mundo corporativo, re- duzindo assim os processos de cadeia longa e proporcionando maior flexibilidade ao trabalho. A partir das três ondas de riqueza (TOFFLER; TOFFLER, 2012), foi possível notar que todas as etapas foram fundamentais para o surgimento de 6 outros enfoques e técnicas na administração das organizações, conforme se encontra ilustrado na Figura 1. Figura 1: O cenário ambiental da evolução dos modelos de gestão. Fonte: Via Vida. Essas mudanças contribuíram para o aumento da competividade entre as empresas, gerando a neces- sidade de inovação no planejamento e nos proces- sos organizacionais (MAXIMIANO, 2008; CASTELLS, 1999; TOFFLER, 1991). Por isso, nesse ambiente alta- mente competitivo, justifica-se a ampliação do olhar do gestor contemporâneo para além dos processos, trazendo a relação entre os ambientes, cenários e estruturas organizacionais� 7 http://viavida.com.br/word2/?p=1 REFLITA Se, no século 20, o gestor era desfiado a “tomar conta” de uma organização, e quanto a hoje, em pleno século 21? De que forma o gestor é visto dentro da organização? Qual deve ser seu perfil e quais são as competências necessárias para gerir essa organização, com um perfil oposto se comparadas as competências do século 20? Ambientes e Cenários Organizacionais O ambiente organizacional é complexo, pois con- tém variáveis tanto externas quanto internas� Nesse sentido, é fundamental que o gestor contemporâ- neo entenda o percurso histórico e a evolução do mundo corporativo para interpretar esses ambientes e cenários, que muitas vezes não são tão simples de compreender� O gestor precisa, então, reunir as competências necessárias para transpor os desa- fios, recorrendo a habilidades técnicas, humanas e conceituais para conduzir uma organização� Dessa maneira, o cenário organizacional pode ser analisado a partir de duas visões ambientais: am- biente geral (macroambiente) e ambiente de tarefa (microambiente). O ambiente geral corresponde aos aspectos externos e comuns a todas organizações. Já o ambiente de tarefa está relacionado aos aspec- 8 tos internos, singulares e imediatos de cada organi- zação (Figura 2). Cada uma destas variáveis aponta para leituras e análises do gestor do ambiente empresarial. Ambiente Geral Ambiente tarefa Empresa Variáveis Políticas Variáveis legais Variáveis Geográficas Variáveis Ecológicas Variáveis Econômicas Variáveis Tecnológicas Variáveis Sociais Figura 2: Ambiente empresarial. Fonte: Chiavenato (2000 apud NASCIMENTO et al., 2015). No ambiente geral, as variáveis tecnológicas estão relacionadas aos processos de inovação e ao modo como esses processos podem impactar sua organi- zação� Por seu turno, as variáveis políticas, econômi- cas e legais estão vinculadas às questões de ordem governamental, por exemplo, uma medida provisória que interfere diretamente no negócio ou um novo imposto que será implantado� O gestor também deve estar atendo às variáveis sociais (grupos de interes- se), demográficas (idade, gênero, comportamento etc.) e ecológicas (meio ambiente), que influenciam diretamente a organização� 9 Do mesmo modo, o ambiente de tarefa detém algu- mas peculiaridades que devem ser destacadas, como a importância deconhecer o processo da cadeia de valor, de que maneira as informações circulam pe- los departamentos e de que maneira os insumos e recursos são aplicados para o pleno funcionamento da empresa. Compõem esse pacote os consumido- res, fornecedores, concorrentes, grupos reguladores, entidades de classe e organizações não governa- mentais (ONG). Diante dessa complexidade, há dois cenários que devem ser pontuados: de estabilidade e instabilidade� O cenário de estabilidade é um contexto no qual não ocorrem mudanças relevantes� Em contrapartida, o cenário de instabilidade apresenta um elevado grau de incertezas no comportamento dos consumidores, fornecedores e concorrentes� Analise o Quadro 1: Cenário Características Estabilidade Estático e previsível Rotineiro Certo Tranquilo Estável Mutável Instabilidade Dinâmico Instável Perturbador Reativo Turbulento Imprevisível Quadro 1: Cenários organizacionais.Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014). 10 Podcast 1 Em suma, podemos considerar que uma organização deve ser entendida como uma estrutura em perma- nente mutação, cujo modus operandi está inserido em ambientes e cenários de constantes mudanças� Michael Porter (1999) traz uma contribuição ímpar aos estudos, por meio de uma ampla análise do ambiente organizacional� O autor considera cinco elementos essenciais para a análise do ambiente empresarial: influência e poder de barganha dos clien- tes, capacidade de financiamento dos fornecedores, possíveis novos entrantes (concorrentes), tecnolo- gias e produtos substitutos e a própria concorrência já instalada no ambiente� A Figura 3 ilustra como os cinco elementos relacio- nam-se entre si� Poder de barganha dos fornecedores Ameaça de produtos substitutos Ameaça de novos entrantes Rivalidade entre concorrentes Poder de barganha dos clientes Figura 3: Modelo das cinco forças de Porter. Fonte: Adaptada Porter (1999). 11 https://famonline.instructure.com/files/708251/download?download_frd=1 SAIBA MAIS Para conhecer melhor a importância das cinco forças de Porter, leia Entendendo Michael Porter: o guia essencial da competição e estratégia, de Joan Magretta (2012). Dada a heterogeneidade das organizações, o próxi- mo subtópico abordará a importância da estratégia empresarial e de que modo os níveis estratégico, tático e operacional e organizacionais se vinculam aos desafios do gerenciamento de processos. Estratégias organizacionais e relação entre os níveis estratégico, tático e operacional Você provavelmente já soube de reportagens ou filmes sobre a temática estratégia empresarial. De alguma maneira, é possível entender que, para uma empresa sobreviver e prosperar em um determinado segmento, se faz necessário escolher e implementar uma boa estratégia� Se, anteriormente, estudamos as variáveis ambien- tais e os cenários organizacionais, agora, a proposta volta-se ao tema estratégia� A estratégia é um caminho que a empresa escolhe para direcionar seus esforços e recursos, ajudando- -a na definição de diretrizes e tomadas de decisão frente ao meio ambiente em que se encontra, com 12 o objetivo de alcançar os resultados planejados, evi- tando assim o retrabalho oriundo de correções de rumo (WRIGHT, KROLL e PARNELL, 2007). A partir dessa definição, o gestor precisa ter a capa- cidade de administrar a estratégia, alocar e ajustar os recursos disponibilizados atrelados aos objetivos previamente traçados no planejamento� É o que cha- mamos de gestão estratégica� A Figura 4 esboça um gráfico da relação dos am- bientes externo e interno com as necessidades e os recursos da empresa� Perceba que, tanto em um quanto em outro, são necessárias análises dos pon- tos positivos e dos negativos� Empresa Ambiente interno Recursos Pontos fortes e fracos Ambiente externo Circunstância Ameaças e oportunidades Gestão Estratégica Figura 4: Gestão estratégica. Fonte: Elaboração própria. Na prática, a gestão estratégica é um processo geren- cial utilizado para desenvolver e manter um conjunto de objetivos de longo prazo para a organização, fun- cionando como uma espécie de bússola� Somado à 13 prática gerencial, salientamos a sua relação com a estrutura de uma organização, subdivididas em três níveis: estratégico, tático e operacional� O nível estratégico (ou institucional) define os rumos gerais da empresa e corresponde ao nível hierárquico mais elevado, tanto do ponto de vista do planejamen- to quanto do ponto de vista da cultura organizacio- nal. É importante destacar que os profissionais que atuam nesse nível são responsáveis por pensar e direcionar a missão e visão organizacional, analisar e reposicionar as competências organizacionais� O nível tático (ou intermediário) busca transmitir as estratégias aos demais subníveis, com a missão de difundir a cultura organizacional. Os profissionais que compõem esse nível são os gerentes. Em suma, todas as diretrizes definidas pelo nível estratégico devem ser repassadas ao nível operacional� No nível operacional, estão todas as áreas atuantes na execução da tarefa� Apesar do termo remeter à produção, é importante frisar que toda execução de tarefa ou atividade se relaciona à operação, cujo objetivo é fazer funcionar� A Figura 5 ilustra a relação de cada nível com seus objetivos estratégicos� Perceba que o nível estraté- gico (institucional) está no topo da pirâmide; o nível tático (intermediário) está no meio da pirâmide, li- gando os níveis estratégico e operacional� Na base da pirâmide, notamos o nível operacional, aquele que “sustenta” a operação e potencializa as estratégias nos níveis superiores� 14 Objetivos Estratégicos Objetivos Táticos Objetivos Operacionais Figura 5: Estrutura organizacional. Fonte: Elaboração própria. REFLITA Como você entende a relação do trabalho do ní- vel operacional quando comparado aos níveis su- periores, visto que é o nível que há mais atuação em uma empresa? A fim de auxiliar o gestor no desenvolvimento dessas estratégias, torna-se fundamental a participação das pessoas, ter uma comunicação intensiva com todos os níveis da organização, realizar uma preparação prévia das pessoas, desenvolver métodos de ava- liações e recompensar, de maneira justa, os seus colaboradores� Nesse contexto, é válido destacar uma ferramenta muito importante no controle da gestão da organi- 15 zação: o Balanced Scorecard (BSC). O BSC foi de- senvolvido por Kaplan e Norton na década de 1990, e propõe uma perspectiva estratégica em quatro pi- lares: controle de processos operacionais, clientes, finanças e pessoas. O objetivo do BSC é permitir a gestão do desempe- nho organizacional, baseada na visão estratégica a partir de uma perspectiva de longo prazo� O mais interessante é que essa ferramenta permite criar uma visão compartilhada dos objetivos em todos os níveis da organização (Figura 6): Dimensão financeira Visão e estratégia Dimensão de processos Dimensão dos clientes Dimensão de pessoas Figura 6: Balanced Scoredcard. Fonte: Adaptada de Kaplan e Norton (2004). 16 A partir da composição do BSC, para cada dimensão, o gestor deve responder a questões importantes, por exemplo: • Para alcançar a visão de futuro, como a empresa deve se mostrar ao mercado? • Para obter sucesso financeiro, como a empresa se mostra para seus acionistas e investidores? • Para satisfazer aos acionistas e ao mercado, que processos de negócio nos quais a empresa deve ter excelência? • Para se ter sucesso financeiro, como as empresas se mostram aos acionistas? Essas questões contribuem para a assertividade das tomadas de decisão do gestor, pois, em um ambiente de extrema competitividade, ter um planejamento estratégico acertado é fundamental para o sucesso do negócio� Até o momento, refletimos sobre a importância da estrutura empresarial, do ambiente e do cenário or- ganizacional e de que forma a gestão estratégica pode auxiliar o gestor no desenho dos rumos da organização� Devemos destacarque, sem essas análises e refle- xões preliminares, o tema “processos” perderia força em seu entendimento global� Por isso, nos próximos tópicos, voltaremos nossos esforços à temática da gestão por processos, de processos e processos, conceituando e exemplificando suas características e peculiaridades� 17 GESTÃO POR PROCESSOS,DE PROCESSOS E PROCESSOS Foi possível perceber que o ambiente organizacional é um complexo estruturado, dinâmico e competitivo� Por isso, é basilar conhecê-lo, pois sem a ciência do que ocorre no ambiente e no modus operandi fica im- possível determinar o curso dos processos internos e externo� Nesse sentido, os próximos subtópicos vão clarificar os principais conceitos de processos, exemplificando como podem ser desenvolvidos e operacionalizados� Gestão por processos, de processos ou somente processos? Paira sobre as pessoas uma grande dúvida quando o tema é processo. Afinal, uns dizem “Gestão por processos”; outros, “Gestão de processos”; alguns sintetizam na palavra “Processo”� Pode soar até um pouco simplista, mas a simples troca das preposi- ções “por” e “de” mudam completamente os concei- tos� Por esse motivo, partiremos da conceituação de processos� Campos (2013) explica que o processo é um conjunto de atividades com uma sequência lógica e contínua 18 a um determinado fim, podendo estar vinculada tan- to às demandas internas (departamentos) quanto às externas (clientes e fornecedores), recebendo ou fornecendo os insumos por meio de sistemas estruturados e do esforço humano� Podemos afirmar que um processo utiliza recursos do negócio, produzindo resultados reais e adicio- nando valor a cada etapa, contribuindo para o al- cance dos objetivos previamente planejados pelas empresas� Assim, as características de um processo são repetição, estabilidade, previsibilidade, mensu- rabilidade, criticidade, adaptabilidade, prioridade e maturidade� Os clientes só pagam por aquilo que, na sua percep- ção, tem valor� Por isso, mesmo que o cliente não saiba o que acontece por trás do serviço ou produ- to (isso é muito difícil, dado o acesso que temos à informação), o processo deve criar valor, isto é, au- mentar o número de características do seu produto ou serviço, de forma diferenciada do seu concor- rente, distinguindo-se da concorrência e oferecendo incrementos de valor em cada serviço ou produto oferecido� Nesse sentido, toda organização pode ser consi- derada uma coleção de processo, pois não existe produto ou serviço oferecido por uma empresa sem um processo� Nas empresas, embora não estejam documentados (mapeados) em detalhes, eles são conhecidos e executados� Podemos considerar que os processos, no contex- to empresarial, são o conjunto de atividades que, utilizando insumos ou recursos (inputs), produz um 19 produto ou serviço (outputs), gerando um valor para o cliente� Ao decompor um processo, perceberemos que existem outros componentes ligados a ele, como o subprocesso, a atividade e as tarefas vinculadas ao processo, conforme mostrado na relação hierárquica da Figura 7: Processo Subprocesso Atividade Tarefas Figura 7: Ilustração de processo. Fonte: Elaboração própria. Ao analisarmos a figura, ressaltamos que um proces- so deriva a partir de uma necessidade organizacional ou departamental. Por isso, exemplificaremos de que maneira um processo pode ser estruturado (Figura 8). Uma empresa X necessita desenvolver um processo de recrutamento e seleção� No subprocesso, poderia constar o desenho da vaga� Como atividade constam a divulgação e uma das tarefas, o acompanhamento do processo� É importante salientar que temos aqui um exemplo hipotético apenas para ilustrar os des- dobramentos de um processo� 20 Processo Recrutamento e seleção Subprocesso Desenho da vaga Atividade Divulgação do processo Tarefas Acompanhamento Figura 8: Exemplo de processo. Fonte: Elaboração própria. REFLITA Processos que não agregam valor devem ser eliminados, pois consomem recursos e não pro- duzem resultados� Mito ou Verdade? É verdade� Quando um processo não se adequa à organiza- ção, é fundamental que o gestor atue de maneira rápida e reconsidere a modificação ou até a miti- gação do processo� A finalidade de um processo está na capacidade de agregar de valor à empresa, pois a somatória de valor agregado e processos impacta o resultado financeiro de uma organização� Por isso, existe a gestão de processos, que deve ser o olhar gerencial da empresa para seus processos, gerenciando suas atividades de maneira coordenada e com foco no cumprimento de um objetivo específico e com o intuito de transformar insumos em produtos ou serviços� 21 Essa agregação de valor global deve ser diretamente proporcional à combinação da eficiência e da efi- cácia de todos os processos de uma organização� Para consolidar essa cadeia de valor, as partes só precisam olhar para o todo e menos para as divisões, isto é, para o seu departamento� Ao observar a cadeia de processos (Figura 9), per- ceba que as competências de uma organização se baseiam em três componentes: pessoas, tecnologia e processos� Cada componente vincula-se ao com- portamento, às habilidades e às melhores práticas de mercado, o que demonstra que estamos em um processo dinâmico� Mas de fato, o que isso quer dizer? Competências da organização Melhores práticas Benchmarking interno e externo Melhoria continua Habilidades Conhecimento Experiência Acesso Comportamento Histórico Relacionamento Dinâmica Processos Tecnologia Pessoas Figura 9: Cadeia de processos. Fonte: Elaboração própria. 22 Simplificando, uma organização precisa conhecer o ambiente e os cenários em que atua, desenvolver estratégias, traçar um planejamento adequado e cum- prir os processos para gerar valor em sua cadeia� Podcast 2 Essa abordagem é a gestão por processos, cujo olhar vai além da tarefa ou do gerenciamento em si, mas vai para todas as tarefas desenvolvidas dentro da estrutura com o objetivo de cumprir sua visão es- tratégica e agregar valor ao cliente� Para um melhor esclarecimento, o Quadro 2 explora cada um dos conceitos de maneira desmembrada� Conceito Processo Sequência lógica de passos para a realização de determinada tarefa� Gestão de Processo Conjunto de atividades organizadas e com um objetivo específico. Essa gestão é destinada a transformar insu- mos em produtos ou serviços. Gestão por Processo Ato de gerenciamento fundamentado em todos os processos existentes nas empresas� Quadro 2: Processo, Gestão de Processo e Gestão por Processo. Fonte: Elaboração própria. A respeito da gestão de processos e gestão por processos, Sordi (2008) esclarece que a diferença está no foco: enquanto a primeira gestão canaliza o esforço no mapeamento, a segunda gestão busca o 23 https://famonline.instructure.com/files/708252/download?download_frd=1 gerenciamento com base no negócio e na estratégia da empresa� Comparada à visão tradicional, a visão da gestão de processos requer novas habilidades, mais autonomia e compartilhamento de responsabilidade das pes- soas� Por isso, o papel da liderança é fundamental, sendo necessário que a gerência descentralize as decisões e estimule o senso colaborativo, promo- vendo assim o trabalho em equipe e baseando as soluções nas necessidades dos clientes. Na sequência, exemplificaremos os processos de produtos e serviços, bem como as definições sobre o arranjo físico e a gestão de serviços� Exemplos de processos em produção de produtos Os arranjos físicos (ou os recursos físicos) são im- portantes para garantir a operacionalização e o fun- cionamento de uma empresa� Em suma, tudo aquilo que é tangível (espaço físico, salas e maquinário) é considerado um item pertencente ao arranjo físico� SAIBA MAIS Aprofunde seus conhecimentos sobre os arran- jos físicos, lendo A importância do arranjo físico no ambiente de trabalho, texto que se encontra disponível em: https://www.jrmcoaching.com.br/blog/arranjo-fisico-no-ambiente-de-trabalho/� Acesso em: 06 nov. 2019. 24 https://www.jrmcoaching.com.br/blog/arranjo-fisico-no-ambiente-de-trabalho/ https://www.jrmcoaching.com.br/blog/arranjo-fisico-no-ambiente-de-trabalho/ Moreira (2008) explica que planejar o arranjo físico é preocupar-se com o fluxo de trabalho, tornando-o mais fluido e dinâmico, além de permitir a circulação de pessoas e materiais. O Quadro 3 concede a di- mensão dos tipos de arranjo físico, bem como suas principais características: Tipo de arranjo físico Características e exemplos Posicional Recurso a ser transformado é fixo en- tre os recursos transformadores� Por exemplo, a construção de turbinas para aviões. Funcional Recursos semelhantes são posiciona- dos um ao lado do outro� Por exem- plo, usinagem de peças� Celular Recursos em operação movem-se para uma área exclusiva do processo, suprindo as necessidades de produ- ção� Por exemplo, a montagem de peças de computadores� Por produto Recurso a ser transformado percorre um caminho predefinido que coinci- de com o sequenciamento entre as atividades e o processo� Por exemplo, a montagem de um automóvel� Quadro 3: Tipos de arranjos físicos. Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009). Considerando as características dos tipos de arranjos físicos, Moreira (2008, p. 239) chama a atenção para três pontos importantes: 1. Capacidade da instalação e a produtividade das operações: uma mudança adequada no arranjo físi- 25 co pode muitas fezes aumentar a produção que se processa dentro da instalação, usando os mesmos recursos que antes, exatamente pela racionalização no fluxo de pessoas ou materiais. 2. Mudanças no arranjo físico: mudanças no ar- ranjo podem implicar o dispêndio de consideráveis somas de dinheiro, dependendo da área afetada e das alterações físicas necessárias das instalações, entre outros fatores� 3. Elevação nos custos: mudanças podem causar elevados custos e causar interrupções de trabalho. No próximo subtópico, estudaremos o conceito de gestão de serviços e mostrado alguns exemplos so- bre processos em produção de serviços� Exemplos de processos em produção de serviços: definição de gestão de serviços Serviços são qualquer ato ou desempenho, essen- cialmente intangível, que uma parte pode oferecer à outra e que não resulta na propriedade de nada� Sua execução pode estar ou não relacionada a um produ- to concreto. Para exemplificar, o Quadro 4 contém a relação do tipo de serviço e a geração de valor espe- cífica ao cliente, bem como os desafios da gestão: 26 Quadro 4: Classificação dos serviços e os desafios da gestão. Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014). Em outras palavras, “[���] vivemos em uma época em que os produtos se tornam cada vez mais parecidos, já que utilizam informações tecnológicas, matérias- -primas e processos de fabricação similares [���]” (DAUD; REBELLO, 2007, p. 27). SAIBA MAIS Saiba mais sobre a gestão de processos, con- sultando 5 etapas da gestão de processos na criação de produtos, artigo da Sebrae que se en- contra disponível em: http://www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae/artigos/gestao-de-processos- -aumente-a-produtividade-do-seu-negocio,ca6e43 8af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD� A gestão de serviços é configurada pela cadeia con- tínua de valor, na qual o cliente transita e adquire ser- viços� Por consequência, os prestadores de serviços devem atender bem o cliente e elaborar estratégias com vistas a fidelizá-lo. O Quadro 5 aponta alguns direcionamentos para tomadas de decisão do gerente na gestão de serviços: 27 http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/gestao-de-processos-aumente-a-produtividade-do-seu-negocio,ca6e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/gestao-de-processos-aumente-a-produtividade-do-seu-negocio,ca6e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/gestao-de-processos-aumente-a-produtividade-do-seu-negocio,ca6e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/gestao-de-processos-aumente-a-produtividade-do-seu-negocio,ca6e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Quadro 5: Matriz para tomadas de decisão dos gerentes. Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014). Assim, em uma cadeia de gestão de serviços, todos os aspectos devem ser considerados e todos os ins- trumentos contribuem para a melhoria da gestão dos serviços� 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, foi possível entender que a concepção de um processo vai além do “simples” mapeamen- to. As organizações contemporâneas necessitam aprofundar e ampliar as investigações dos cenários organizacionais, além de compreender de que ma- neira a visão estratégica impacta na concepção de um processo� Foi possível também concluirmos que as organiza- ções modernas devem optar pela gestão por proces- sos, dado que essa concepção estrutural permite voltar a nossa atenção para a geração de valor ao cliente, seja na produção seja na gestão de serviços� 29 SÍNTESE MAPEAMENTO E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS CONTEÚDO A proposta do módulo foi focar-se na conceituação e clarificação das principais diferenças entre gestão por processos, de processos e processos� O importante é destacar que o conteúdo foi elaborado tanto do ponto de vista teórico quanto prático, para embasá-lo sobre os aspectos relacionados à importância de se conhecer a dinâmica dos ambientes e os cenários organizacionais e as conexões entre as estruturas e os níveis estratégico, tático e operacional� A partir disso, foi possível avançar a compreensão sobre os aspectos ligados ao arranjo físico e à gestão de serviços, apresentando exemplos de processos de produção e serviços� Dessa maneira, o módulo foi estruturado da seguinte maneira: Ambientes e cenários organizacionais� Estratégias organizacionais e relação entre os níveis estratégico, tático e operacional� Gestão por processos, de processos ou somente processos? Exemplos de processos em produção de produtos: definição de arranjo de físico� Exemplos de processos em produção de serviços: definição de gestão de serviços� Referências Bibliográficas & Consultadas ALBERTIN, M. R.; PONTES, H. L. J. Gestão de processos e técnicas de produção enxuta. Curitiba: InterSaberes, 2016 [Biblioteca Virtual]. BROCKE, J. v.; ROSEMAN, M. Manual de BPM: gestão de processos do negócio. Rio de Janeiro. Bookman, 2013 [Biblioteca Virtual]. CAMPOS, V. F. Gerenciamento pelas diretrizes. 5. ed. São Paulo: Falconi, 2013. CAMPOS, L. N. A. Modelagem de Processos com BPMN. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2014 [Biblioteca Virtual]. CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da infor- mação: economia, sociedade e cultura. vol. 1. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CAVALCANTI, R. Modelagem de Processos de Negócios: roteiro para realização de projetos de modelagem de processos de negócios. 14. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2017 [Biblioteca Virtual]. CHIAVENATO, I. 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