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Resumo de Evolução do Capitalismo de Maurice Dobb (Cap 1)

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Resumo - Evolução do Capitalismo - Maurice Dobb
Hugo Ferreira de Carvalho
Capítulo I
 
Para a discussão inicial em seu livro, Dobb preliminarmente distingue o uso da palavra "capitalismo", pois segundo ele tal palavra pode vir a ter um comunicativo histórico ou um discernimento técnico acerca de organizações sociais e, para esclarecer discorrer a respeito da palavra o autor se utiliza de três concepções acerca:
 
a. primeiro uma concepção vista nas obras de Max Weber e Wener Sombart de "espírito do capitalismo", que é o espírito do empreendedorismo do prudencialismo racional burguês ocorrente em épocas diferentes onde vigoram organizações e atitudes econômicas destintas;
b. em segundo, a concepção paira sobre a visão de capitalismo como um sistema de produção para mercados além com o intuito de lucro e/ou quase renda onde o capitalismo foi praticamente todo o esquema econômico vigorante na história do homem;
c. terceiramente Dobb propõe uma ótica marxista: o modo de produção e as relações de trabalho e seus valores empregatícios onde uma das mercadorias é a própria força de trabalho que se negocia no mercado como um produto qualquer.
 
O autor então lança mão da visão de Marx de interpretação do capitalismo pois ressalta que esta é a única dentre as outras que não impõe restrições a períodos históricos e diferente das demais não chega necessariamente à conclusão de que o capitalismo foi sistema econômico regente de quase toda a história humana.
Portanto, a fim de descrever os diferentes modos produtivos e instituições econômicas presentes no decorrer de toda a história humana Dobb afirma necessária uma definição que demarque os limites de uma época histórica à outra respeitando os períodos de transição entre regimes e as "mesclas" entre o regime emergente e o submergente, registrando a essencialidade do sistema salarial para as negociações de trabalho, onde, segundo Lipson, o trabalhador vende seu trabalho e não tem direitos sobre o produto por si produzido ou sequer vende os produtos do seu trabalho.
Maurice Dobb então reflete mais um pouco sobre a definição de um sistema econômico e conclui que tal não tem um começo e fim abruptos. Como citado, afirma que o sistema em vigor, ao passo que se torna insustentável, sofre um período de transição para o próximo mais eficiente onde ambos coexistem por um momento, compartilhando elementos, práticas e características até que se tornem um só.
Assim, admitindo que esse processo de modificação histórica é gradual, observa-se que cada período histórico tem uma forma econômica influente única e deve ser caracterizado de acordo com a relação socioeconômica em vigor. Não obstante, são os momentos críticos de desenvolvimento econômico que marcam uma descontinuidade no processo e o novo sistema econômico.
Para Dobb a ruptura é causada não por modelos quantitativos (como produtividade, mercado, estoque de capital e fatores populacionais) e sim revoluções sociais que marcam a transição para o sistema em vigor, pois o erro da ideia da crise causada por modelos quantitativos é ignorar propriedades fundamentais que podem afetar o funcionamento de um sistema econômico, tal como uma oportunidade de lucro inexplorada e/ou as relações de trabalho numa sociedade coletivista.
Posteriormente o autor discorre a respeito do raciocínio de que a história do capitalismo até os dias de hoje é nada além de uma relação antagônica e conflituosa entre sociedades de classes e então postula que a classe dominante aumenta os níveis de produção bem como o sistema então vigente, todavia, quando ocorre uma mudança de classe dominante essa última a tomar a liderança agora atua para dizimar a antecessora enquanto aumentam a própria resistência na permanência de classe dominante, de modo que progressivamente o sistema e a classe anterior são relegados ao limbo e o processo se repete sempre que existem duas ou mais classes com diferente métodos produtivos entram em conflito.
Dobb define ainda classe como a relação de um grupo com o processo produtivo em vigor, sendo, portanto, essa relação com os demais setores da sociedade. Assim, a relação de classe dominante com o processo produtivo pode ser de conservar e ampliar determinado sistema econômico dado sua condição de sobrevivência depender da extração dos frutos de trabalho excedente e por esse meio, do trabalho alheio, mantem ociosamente o monopólio político e intelectual. Por conseguinte, o proletário surge da combinação entre a separação do produtor e as terras e meios de produção além da crescente divisão de trabalho e desenvolvimento de negociações formando assim o sistema econômico moderno capitalista, que em essência é nada além de uma classe ociosa que explora o trabalho excedente alheio.
Para o autor então a condição primordial do entendimento do capitalismo como modo de produção é a subordinação dos meios de produção a uma capitalista empresário, portanto, expressões como "capitalismo mercantil" não é acoplada pela literatura marxista do que se pode definir como capitalismo, visto que o aparecimento da classe mercantil revolucionária tem como atividades características essencialmente intermediárias.
Dentro então desta ótica capitalista marxista podemos inferir que sua origem se dá na Inglaterra quando os a produção começou a receber constantemente injeções de capital cada vez maiores, seja na forma clássica mais desenvolvida, onde a relação entre capitalistas e trabalhadores assalariados vendedores da própria labuta (e.g. indústria) ou então na forma pretérita menos desenvolvida de relação na qual os artesãos se subordinam a um capitalista no "sistema de encomendas domiciliar".
A partir do século XVII, dois momentos foram decisivos para o desenvolvimento do capitalismo e são eles a Revolução Industrial e as transformações político-sociais desta advindas que afetaram a Inglaterra e a Europa neste século, sendo a primeira com efeitos meramente econômicos pouco impactantes na área política.
A Revolução Industrial transformou por completo a estrutura e organização industrial e teve papel decisivo no futuro da economia capitalista pois foi um pico crítico de evolução e desenvolvimento socioeconômico onde os quais a humanidade passara, desde tempos antigos, quase estagnada onde esta saiu de um modo produtivo pré-capitalista tecidos pela relação de produtor e meios de produção para um modo baseado na transformação técnica com produção larga e fabril, passando a ter relações entre capitalista e assalariado, fazendo assim a desintegração do sistema feudal também um momento decisivo para a instauração do capitalismo.
Dobb registra que no século XIV a antiga ordem feudal enfrentou uma enorme crise, que por completo a relação de servidão que mantinha o regime operando. Toda via, do início da crise do sistema feudal até o momento de instalação e operacionalização do sistema capitalista ocorreu um período de transição, no qual característica dos dois sistemas econômicos vigoravam mutualmente, isto é, enquanto a classe burguesa mercantil ganhava espaço e privilégios, as relações no campo ainda eram regidas pela ordem feudal.
Observa-se que nas mais diversas fases do capitalismo, o fator técnico e, essencialmente sua transformação é o que afeta a produção capitalista, portanto, os capitalistas se distinguem entre si a depender da fase em que empregaram seu capital, de modo que, os “novos capitalistas” se associam aos antigos para ter acesso ao capital deste, já consolidado, e ultrapassado mais uma fase do sistema, o capital era gradualmente transferido para a nova camada de capitalistas.
Dobb argumenta que a escassez ou abundância de mão-de-obra e o grau de organização dos trabalhadores podem afetar a estabilidade do sistema econômico e financeiro, assim, argui que há uma relação entre as condições do mercado de trabalho e ações do Estado. Para Dobb, a intervenção do Estado ocorre lastreada nos objetivos de executar monopólio em favor de um grupo capitalista e reforçar obrigações de disciplina de trabalho alémde que, numa sociedade capitalista, o Estado age de modo a controlar os salários e restringir a liberdade de movimento do trabalhador a medida da escassez de mão-de-obra. Dobb exemplifica referindo-se a França do século XIX, no período no qual o autor classifica de triunfo laissez-faire, e expõe que a liberdade no capitalismo cresce proporcionalmente à abundância de mão-de-obra pois o modo de produção vigente não se vê em risco.
Dobb então se coloca a priori como inimigo da regulamentação e do monopólio acusando-o de resultado de uma ingerência estatal, pois o autor afirma também que quanto maior a liberdade econômica melhor será as condições para a expansão do capitalismo. Muito embora o monopólio tenha se mostrado crucial no desenvolvimento capitalista, seja na concessão de privilégios econômicos para a expansão e consolidação da burguesia, bem como no processo de acumulação de capital, ou nos momentos em que barrou o avanço tecnológico em favor de interesses privilegiados.
Por fim o autor ainda aponta que as mudanças provocadas pelas transformações nos modos de produção e nas relações sociais foram muito mais profundas do que as modificações nas relações comerciais por si só, isto é, apesar dos crescimentos dos mercados e as mudanças nos moldes como o mesmo se estabeleceu, ele não é responsável completo da organização industrial. sendo o próprio mercado dependente do crescimento da produção.
Dobb ainda critica teóricos neoclássicos, na figura de Jevons, e os teóricos austríacos por modelarem a teoria econômica em termos de propriedades comuns a qualquer tipo de sociedade, ou seja, o estabelecimento de pressupostos e leis econômicas que dependam de certo grau de abstração pois para o autor, quaisquer postulação que tenha certo grau de generalidade é intrinsicamente não aceitável, pois, não representam a realidade ou não levam em conta todas as variáveis que participam do processo econômico, tal como a Teoria Quantitativa da Moeda, que segundo Dobb, ela não representa toda a realidade, omitindo dados históricos de abundância de mão de obra, ou seja, não possui uma "história causal", apenas, abstrações generalizadas.

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