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INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Marco Aurélio Marchetti Filho Anatomia do fígado - hepatócito Funções “O fígado é um órgão responsável por vários processos fisiológicos essenciais. É a única fonte de albumina e várias outras proteínas plasmáticas, assim como regulação da glicose sanguínea no estado pós-absortivo. É o maior local de síntese de lípides e lipoproteínas plasmáticas e o principal órgão no qual uma variedade de substâncias endógenas e exógenas como amônia, hormônios esteróides, drogas e toxinas sofrem biotransformação. Como a biotransformação "detoxifica" ou inativa uma substância, o fígado pode ser visto como um órgão com função reguladora e protetora para todo o organismo”. Sd Insuficiência Hepática •Redução da função hepatocelular •Imunodepressão – ↓complemento, ↓resposta imune celular, ↓ação das células de Kupffer (são cels que recobrem junto com as cels endoteliais as placas hepatocelulares, capazes de fagocitar subst estranhas presente no sangue dos seios hepaticos, que chegam aos sinusóides pela veia porta (Infecções) •Diminuição da síntese e metabolização de proteínas(↓ albumina - desnutrição) •Diminuição da utilização da amônia no ciclo da uréia (↑NH3 – encefalopatia) •Diminuição da metabolização e eliminação de bilirrubinas (icterícia, colestase) •Diminuição da metabolização de hormônios – estrogênios (eritema palmar; spiders; feminilização com ginecomastia e ↓ de pelos) •Neoglicogênese diminuída (hipoglicemia) •Deficiência de vitaminas A, D, E e K (particularmente nas colestases) •Diminuição da produção de fatores da coagulação, redução do clearance de anticoagulantes (sangramentos?). Queda da função hepatocelula r Imunodepressão Redução de síntese e metabolizaçã o de proteínas Redução do uso de amônia Redução da neoglicogenese Hipovitaminos e Sangramento s Não existe um marcador único como na IR ( U e Creatinina) para determinar IH. Insuficiência Hepática Aguda ( IHA) • Acomete principalmente pacientes jovens ( 25-35 a) • Alta taxa de mortalidade • Em 1970 Trey e Davidson definiram a IHA como o surgimento de encefalopatia hepática até 8 semanas do inicio dos sintomas associado a disfunção hepatocelular • Atualmente a definição foi ampliada para o surgimento de coagulopatia e encefalopatia até 26 semanas do inicio da icterícia Insuficiência Hepática Crônica (IHC) • Basicamente engloba os pacientes portadores de cirrose hepática • Resultante de diferentes fatores que levam a necroinflamação e fibrogênese. • Formações de septos fibrosos ocasionando distorção nodular difusa determinando a situação de hepatócitos ilhados por tec fibrótico • Aumento da resistência do fluxo sanguíneo portal • Circulação hiperdinâmica, shunts portossitêmicos e expansão plasmática( secundária a retenção renal de água e sódio) Causas de cirrose • Distúrbios metabólicos – erros inatos ou adquiridos do metabolismo ( hemocromatose, deficiência de alfa 1 antitripsina e portadores de Sd metabólica(esteatohepatite) • Virais – hepatites B e C • Induzida por drogas – metotrexato, diclofenaco, alfametildopa entre outras • Imunomediadas – hepatite autoimune, cirrose biliar primária( colangite biliar primária) • Vasculares – Sd Budd-Chiari, doença veno-oclusiva( síndrome de obstrução sinusoidal) • Doença hepática alcoólica • Cirrose criptogênica História natural A cirrose é estágio final de toda doença crônica do fígado Fase compensada – assintomática ou oligossintomática Fase descompensada – complicações secundárias a hipertensão portal e IH Descompensação – fator precipitante ( infecção bacteriana, estresse cirúrgico, trombose da veia porta entre outras Classificação de Child – Pugh - Turcotte • CHILD A compensada (100%) • CHILD B ( 80%) • CHILD C descompensada ( 45%) Escore/ Fórmula MELD • Inicialmente foi proposto para predizer a evolução após colocação de TIPS( transjugular intrahepatic portosystemic shunt) • Atualmente faz parte de critério para priorizar Tx hepático Apresentação clínica Investigar uso excessivo de Álcool Uso de medicações hepatotóxicas Exposição a pessoas com hepatite e antecedentes de hepatites Anam Uso de drogas IV , antecedente de hemotransfusão, tatuagens, uso de injetáveis com material não descartável nese Pratica sexual sem proteção Propedêutica Estado geral Ascite Icterícia Alterações cutâneas Alterações endocrinológicas Alterações hemodinâmicas Encefalopatia hepática Circulação porta hepática Estado geral Queda progressiva do estado geral Anorexia Emagrecimento Fraqueza e cansaço fácil. A perda de massa muscular pode estar relacionada à dificuldade na síntese de proteína tecidual. Pode, no entanto, haver aumento absoluto no peso devido à presença de edema e líquido ascítico. Edema de mmii Exame físico Edema de MMII: frequente e podepreceder ascite em semanas/meses. Mecanismos: • Hipoalbuminemia (queda de síntese, desnutrição). • Pressão venosa aumentada (constrição do segmento hepático da VCI). • Alta pressão intra-abdominal (quando há ascite). intra- Insuficiência Hepática Exame físico Icterícia: comprometimento do metabolismo da Bilirrubina. Todos os passos metabólicos podem estar envolvidos. Icterícia Captação reduzida por capilarização de sinusóides, perda defenestrações endoteliais, deposito de matriz perissinusoidal. Redução da excreção de bilirrubina conjugada: hipocolia fecal. Excreção de bilirrubina conjugada na urina: colúria. Insuficiência Hepática Sd Insuficiência Hepática e Hipertensão Portal Apresentação clínica Ascit e Fonte: imagens livres internet Hipoalbuminemi a Hipertensã o Portal Ascit e Desconforto abdominal, dor leve, dispneia Apresentação clínica Caput Medusae (circulação colateraltipo porta): hipertensão portal comrecanalização da veia umbilical. Drenagem para a VCS ou VCI. Shunt portossistêmico (circulação colateral). Insuficiência Hepática e Hipertensão Portal Alterações cutâneas "Aranhas" vasculares ("spiders") - é a lesão mais clássica e representativa da hepatopatia crônica. As "aranhas" arteriais são encontradas preferencialmente na região drenada pela veia cava superior. Os locais mais comuns são a região superior do tórax, o pescoço, o antebraço e o dorso das mãos e face. Raramente são encontradas na mucosa nasal, oral e faríngea. São assim chamadas porque consistem de uma arteríola central, da qual se irradiam numerosos pequenos vasos, lembrando as pernas de uma aranha. Apresentam coloração vermelho-viva, podendo medir desde o tamanho de uma cabeça de alfinete até 2cm de diâmetro. Quando suficientemente grande, sua pulsação pode ser vista ou sentida, especialmente quando pressionada com uma lâmina de vidro Spiders Alterações cutâneas • Eritema palmar - as mãos são quentes e a coloração das palmas vermelho-vivo, especialmente as eminências tenar, hipotenar e as polpas digitais. Focos de eritema podem estar presentes nas bases dos dígitos e unhas. A porção central da palma é geralmente poupada. As plantas dos pés podem estar igualmente afetadas. Ocorre embranquecimento à pressão e um retorno rápido da coloração. O paciente pode queixar-se de pontadas e formigamentos na palma das mãos. Eritema palmar Observar o centro poupado Alterações cutâneas • Leuconíquia (unhas esbranquiçadas) - das várias alterações ungueais descritas, é a mais freqüente. Ocorre devido à opacificação do leito ungueal. • Alteração na pilificação - a pilificação torácica é geralmente ausente ou muito reduzida. Os pêlos axilares também podem tornar-se escassos e há retardo no crescimento dos pêlos faciais, havendo necessidade menos freqüente de se barbear. O padrão de distribuição dos pêlos púbicos torna-se feminino no homem. Leuconíquia Alterações endocrinológicas • Podem vir associadas ou não ao hipogonadismo • Conversão periférica de esteróides androgênicos paraestrógeno em tecidos periféricos. • Efeito mais notado é a ginecomastia que pode ser unilateral ou bilateral , as vezes dolorosa, mais comum na cirrose alcoólica. Pode ser induzida por espironolactona. • Hipogonadismo – atrofia testicular, perda de libido e impotência. Na mulher perda de libido, alterações menstruais e atrofia mamária. Ginecomastia masculina Alterações hemodinâmicas • O estado hiperdinâmico caracteriza-se clinicamente por pulsos cheios, extremidades quentes, pulsação capilar, taquicardia, ictus precordial impulsivo e frequentemente sopro sistólico ejetivo. • Substâncias vasodilatadoras produzidas pelo fígado e não metabolizada por ele. • PA tende a ser baixa apesar da elevação do DC existe baixa resistência periférica. • A elevação do DC é em parte explicada pela anemia, aumento do volume sanguíneo e presença de fístula ateriovenosas. Alterações pulmonares • Aproximadamente um terço dos pacientes com cirrose descompensada tem saturação arterial de oxigênio reduzida e são algumas vezes cianóticos. • Hipoxemia arterial moderada (65-75mmHg) é predominante. • Ocorre provavelmente devido a "shunts" intrapulmonares, por meio de fístulas arteriovenosas microscópicas • Pode estar presente platipnéia, que é a dispnéia induzida pela posição sentada ou em pé e que se alivia ao deitar. Essa hipóxia, na posição ortostática, é explicada pela presença preferencial de "shunts" nas bases pulmonares. • O estado hiperdinâmico parece encurtar o trânsito pelos capilares pulmonares diminuindo a oxigenação. Alterações pulmonares • Hiperventilação acompanhada de leve alcalose respiratória ocorre com frequência. A função pulmonar no cirrótico pode estar reduzida também por elevação diafragmática (secundária à ascite) e derrame pleural. Síndrome hepatopulmonar Caracterizada pela tríade: disfunção hepática, hipoxemia ( com gradiente alveoloarterial > 20mm Hg em repouso) e vasodilatação intrapulmonar. Além da dispnéia, a presença de hipertensão portal, "spiders" cutâneos e baqueteamento digital são sinais clínicos sugestivos da presença dessa síndrome. A avaliação dos "shunts" pode ser realizada pelos seguintes exames: gasometria arterial (deitado e em pé), mapeamento perfusional pulmonar com macroagregado de albumina marcado com tecnécio-99, ecocardiografia com contraste e arteriografia pulmonar. Baqueteamento digital Alterações hematológicas • Todos os fatores de coagulação são sintetizados exclusivamente pelo fígado exceto o VIII que também é sintetizado em sítios extra-hepáticos • Disfibrinogenemia por síntese anormal de fibrinogênio, que contém um aumento de ácido siálico, pode estar presente em 50-75 % dos hepatopatas crônicos. • Manifestações clínicas : hemorragias frequentes e púrpuras Púrpuras Alterações Neuropsiquiátricas ENCEFALOPATIA HEPÁTICA • Principal manifestação da insuficiência hepática • Encefalopatia metabólica potencialmente reversível • Relacionada a disfunção hepatocelular • Shunts porto-sistêmicos Queda da massa de hepatócitos e/ou shunts portossistêmicos Acúmulo de substâncias toxicas não metabolizadas pelo fígado na circulação Vasodilatação arterial esplâncnica e sistêmica Ativação do SRAA, SNS e ADH Encefalopatia hepática Vasoconstricçã o cerebral Inflamação Manifestações clínicas • Os sinais mais precoces da encefalopatia hepática são alterações comportamentais com déficit sutil na função intelectual. • Geralmente percebido e relatado pelos familiares mais próximos • A deterioração é progressiva e pode chegar ao estado de coma • Distúrbios de consciência : olhar fixo, lentificação, distúrbios do sono e apatia • Alterações de personalidade: infantilização, alternância de euforia e apatia Manifestações clínicas Deterioração intelectual - Varia de leve déficit de função mental a confusão grosseira. - Dificuldade na escrita - Evacuar e urinar em locais inadequados - Voz monótona - Disfasia na fase de estupor Exame neurológico • Sinais precoces – flapping ( tremor de extremidades), espasticidade muscular e hiper-reflexia • Progressão – resposta hiper extensora do hálux ( sinal de Babinski), posturas de decorticaçao ou decerebração. • Fase pré-terminal – flacidez generalizada e ausência de reflexos Decerebração e decorticação Sinal de Babinski • Resposta hiper extensora do hálux Flapping ou asterixe • O sinal do "flapping" acontece quando o paciente mantém o braço estendido com a mão em dorsiflexão. Dentro de alguns segundos, a mão cairá involuntariamente para a frente e rapidamente reassumirá a postura em dorsiflexão • Eletromiograficamente asterixe é associado a um hiato elétrico da musculatura ativa e com sua opositora. Encefalopatia hepática classificação I - Confusão leve, euforia, ou depressão, atenção diminuída, lentificação na capacidade de realizar tarefas mentais, irritabilidade, alteração no padrão de sono. II - Sonolência, letargia, déficit grosseiro na capacidade de realizar tarefas mentais, alterações nítidas da personalidade, comportamento inadequado, desorientação intermitente (habitualmente de origem temporal). III - Sonolência excessiva, porém o paciente é despertável, incapacidade de realizar tarefas mentais, desorientação temporal e/ou espacial, confusão mental importante, amnésia, episódios ocasionais de raiva, fala presente mas incompreensível. IV – Coma West-Haven Scale - Escala de graduação da encefalopatia hepática baseada em alterações do estado mental: HIPERTENSÃO PORTAL ANATOMIA DA VEIA PORTA HIPERTENSÃO PORTAL Hipertensão Portal 20% do fluxo do fígado vem da artéria hepática 80% vem da veia Porta Hipertensão Portal Pré-hepátic a Veia Porta Mesentérica superior Esplênica Mesentérica inferior Intra-hepátic a Sinusóides Veias Hepáticas Pós-hepátic a Coração Veia cava Inferior Cirros e Sd de Budd Chiari Hipertensão Portal Varizes de esôfago Varizes Hemorroidárias Varizes do estomago Recanalização das veias umbilical e paraumbilical Esplenomegalia Varizes de esôfago • Principal causa de hemorragia digestiva alta em cirróticos Sd Insuficiência Hepática e Hipertensão Portal •Shunts portossistêmicos – LOCAIS : • Submucosa do esôfago (varizes de esôfago): HDA, melena • Submucosa do estomago (varizes de estômago): HDA, melena • Submucosa do reto (varizes do reto): enterorragia - hemorróidas • Parede abdominal anterior (Colaterais superficiais, cabeça de medusa) •Consequências: sangramentos Circulação colateral corresponde a um achado em que é possível visualizar a vascularização do abdome, por conta de um obstáculo na circulação venosa. ✔ Circulação colateral tipo portal ✔ Circulação colateral tipo veia cava inferior ✔ Circulação colateral tipo cava superior e ✔ Circulação colateral tipo misto Circulação Colateral Cabeça de medusa Fatores precipitantes encefalopatia hepática EM RESUMO Obrigado! marco.marchetti@uni9.pro.br
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