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1 Educação superior na (pós)pandemia: práticas em construção em universidades brasileiras 9 786587 438184 2 Alexandre Almeida Webber Gilmar Ribeiro de Mello Editora da UnivErsidadE EstadUal do oEstE do Paraná EqUiPE Aparecida Feola Sella Valdeci Batista de Melo Oliveira Diretora eDitora-Chefe Lohana Larissa Mariano Civiero Vanessa Raini de Santana DiagramaDora revisora Renan Fabrício Lorenzatto da Silva estagiário ConsElho Editorial Aparecida Feola Sella Flávio Pereira Valdeci Batista de Melo Oliveira Susimeire Vivien Rosotti de Andrade Sanimar Busse Eduardo Nunes Jacondino Eurides Kuster Macedo Júnior Marta Botti Capellari Fabiana Regina Veloso Geraldo Emílio Vicentini Rose Meire Costa Carla Lilliane Waldow Esquivel Jair Antonio Cruz Siqueira Luís Daniel Giusti Bruno Rafael Andrade Menolli Dartel Ferrari de Lima Kátia Fabiane Rodrigues Valderi Pacheco dos Santos José Carlos da Costa Marli Renate Von Borstel Roesler Cláudia Barbosa Roberto Saraiva Kahlmeyer Mertens rEitor viCE-rEitor 3 Elenita Conegero Pastor Manchope Andréa Araújo do Carmo Fabiano Gonçalves Costa Kathia Marise B. Sales Soraia Cristina Tonon da Luz Vera Maquêa (Organizadores) Educação superior na (pós)pandemia: práticas em construção em universidades brasileiras Cascavel 2020 4 EdunioEstE - Editora da univErsidadE Estadual do oEstE do Paraná Rua Universitária, 1619 - Jardim Universitário - CEP 85819-110 - Cascavel-PR Telefone: (45) 3220-3026 Home Page: www.unioeste.br/editora E-mail: reitoria.edunioeste@unioeste.br imPrEssão E acabamEnto Gráfica da univErsidadE Estadual do oEstE do Paraná Rua Universitária, 1619 - Jardim Universitário - CEP 85819-110 - Cascavel-PR Telefone: (45) 3220-3118 E-mail: unioeste@hotmail.com © 2020, EDUNIOESTE caPa Lohana Larissa Mariano Civiero rEvisão Aparecida Feola Sella e Vanessa Raini de Santana diaGramação Lohana Larissa Mariano Civiero ficha cataloGráfica Helena Soterio Bejio Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) E24 Educação superior na (pós)pandemia: práticas em construção em universidades brasileiras./organizado por Elenita Conegero Pastor Manchope ... [et al.].— Cascavel, PR: Edunioeste, 2020. 328 p. ISBN: 978-65-87438-18-4 1. Ensino superior. 2. Ensino a distância. 3. Pandemia. I. Manchope, Elenita Conegero Pastor, Org. II. Carmo , Andréa Araújo do,Org. III. Costa, Fabiano Gonçalves, Org. IV. Sales, Kathia Marise B., Org. V. Luz, Soraia Cristina Tonon da, Org. VI. Maquêa, Vera.VII. Título. CDD 20.ed. 378 CIP-NBR 12899 Ficha catalográfica elaborada por Helena Soterio Bejio – CRB 9ª/965 distribuição Gratuita obra Publicada com rEcursos da fundação araucária 5 Elenita Conegero Pastor Manchope Andréa Araújo do Carmo Fabiano Gonçalves Costa Kathia Marise B. Sales Soraia Cristina Tonon da Luz Vera Maquêa (Organizadores) Educação superior na (pós)pandemia: práticas em construção em universidades brasileiras Cascavel 2020 6 7 Sumário Apresentação Mirando a nuvem: impactos, possibilidades e limites da educação superior em tempos de pandemia Dilvo Ilvo Ristoff Autonomia universitária em tempos de pandemia: desafios e proposições das universidades estaduais baianas para a garantia do acesso e permanência à educação de qualidade socialmente referenciada Amali de Angelis Mussi Talamira Taita Rodrigues Brito As respostas educacionais brasileiras à Covid-19: lacunas do remo- to e do presencial e perspectivas disruptivas na educação pública Eucidio Pimenta Arruda O professor do Ensino Superior público, a pandemia e A barata, de Clarice Lispector Fabiano Gonçalves Costa Vera Maquêa Elenita Conegero Pastor Manchope O professor universitário e a pandemia de Covid-19: é possível se reinventar em meio ao caos? Soraia Cristina Tonon da Luz Vera Maquêa Os discursos da mídia e o novo normal para a educação: “quando readequar é preciso” José Ricardo Menacho 11 21 47 71 91 103 119 8 Cultura digital e a pandemia: realidade das universidades estaduais e municipais do Brasil e as ações da Câmara de EaD da Abruem Maria Aparecida Crissi Knuppel Carmen M. Cipriani Pandini Ilka Marcia Ribeiro de Souza Serra Marcus Tomasi Dilmar Baretta Sala de ambientação virtual para cursos da UEMA mediados por tecnologias: um projeto de inclusão digital para alunos dos cursos a distância Ilka Marcia Ribeiro de Souza Serra Marylucia Cavalcante Silva Elisa Flora Muniz Araujo Método Trezentos Baseado em Projetos: a experiência de um curso on-line de formação de professores Ricardo Ramos Fragelli Thaís Branquinho Oliveira Fragelli Mediação docente via webconferência em tempos de isolamento social: desafios e possibilidades na pós-graduação Raimunda Nonata Fortes Carvalho Neta Débora Batista Pinheiro Sousa Ensino Superior pós-pandemia: aspectos econômicos, sociais, políticos e educacionais Penildon Silva Filho O cenário de (pós)pandemia – perspectivas da educação mediada por tecnologia no Brasil: inovação, mobilidade educacional e mecanismo de ação e desenvolvimento social Marcus Túlio de Freitas Pinheiro Jader Cristiano Magalhães de Albuquerque Letícia Machado dos Santos 137 155 173 207 219 247 9 Gestão superior – um estudo com as IPES do Estado do Maranhão Andréa Araújo do Carmo Kathia Marise B. Sales Formação docente e tecnologias digitais Maria Cláudia Maquêa Rocha Mattia Sobre as organizadoras e o organizador Sobre as autoras e os autores Quadros de dados e informações sobre as autoras e os autores 295 309 311 317 273 10 11 Apresentação Esta coletânea reúne trabalhos desenvolvidos em parceria com pesquisadores de diferentes universidades brasileiras, situadas em con- formidade com a vocação própria de seu histórico e do contexto regional. Porém, de forma bem eloquente, esta obra toma perfil não só interinsti- tucional, mas também de verdadeira comunhão de pesquisadores envol- vidos com necessárias respostas em linhas de frente do ensino remoto em condição atípica, decorrente da pandemia causada pela Covid-19. Carrara (2020) dispõe sobre a necessidade de a área de Humanas lidar com o inusitado, com o envolvimento de equipes interdisciplinares que possam pensar amiúde sobre processos de interação que reconfigurem comportamentos e inclusive crenças. Para o autor: A emergência sanitária imposta pela pandemia de coronavírus elevou para outro nível a necessidade de cooperação entre todos os diferentes campos do conhecimento, assim como demonstrou que o ethos vigente nas mais altas esferas do poder no país (CARRARA, 2020, p. 2). Neste contexto de pandemia, as áreas do saber tornam-se protago- nistas de resoluções dos mais diversos anseios sociais, que decorrem do medo, do desconhecido, fora dos parâmetros de regulação. O desconforto e um olhar totalmente diferenciado para a política sanitária elevaram a preocupação com as formas de prevenção. Aliás, o termo prevenção tomou conotações mundiais nunca vistas. Heilborn, Peixoto e Barros (2020) observam que a urgência da situação de pandemia leva a uma reelaboração das relações familiares a despeito da vontade dos sujeitos, pois aciona e inviabiliza uma divisão igualitária e cerceia a interação entre os paren- tes. O embate entre percepções sobre os limites e possíveis perigos da pandemia expõe situações díspares de visão de mundo, de interesses particulares e condições financeiras. Conflitos e rupturas irrompem nessa convivênciaforçada (ainda que mediada pelas novas tecnologias de comunicação) devido ao dever moral dos familiares frente ao ente dependente (HEILBORN; PEIXOTO; BARROS, 2020). 12 Esse quadro mais geral precisa ser pensado por profissionais da educação, por professores pesquisadores que refletem sobre as condições de trabalho e respectiva interação com o discente. A humanização do processo é a espinha dorsal na área de Humanas, à medida que não só o isolamento, mas também a avaliação da inevitável interação remota (seja síncrona ou assíncrona, por mediação tecnológica) causam transforma- ções nos ciclos sociais, cujo lema mais positivo acaba sendo a prevenção, uma vez que somente a vacina poderia causar mais estabilidade, um retorno à rotina. Boaventura Santos (2020) observa: As pandemias mostram de maneira cruel como o capitalismo neolibe- ral incapacitou o Estado para responder às emergências. As respostas que os Estados estão a dar à crise variam de Estado para Estado, mas nenhum pode disfarçar a sua incapacidade, a sua falta de previsibili- dade em relação a emergências que têm vindo a ser anunciadas como de ocorrência próxima e muito provável (BOAVENTURA SANTOS, 2020, p. 28). O pesquisador demonstra, nas suas entrelinhas, a necessidade de lidar com invisibilidade, que, segundo ele, não é um fato da periferia, da minoria menos favorecida socialmente. Uma das diretrizes do livro que aqui se apresenta resulta jus- tamente de estudos decorrentes de pesquisadores que se dedicaram a entender este momento de adaptação a uma realidade mundial, em que o ensino passa por reflexões diferentes das já desenvolvidas, uma vez que se anunciou como prioridade uma política emergencial de vigilância sanitária que envolve distanciamento físico, o que promove discussões sobre o ensino remoto. Os capítulos desta obra representam, de forma geral, empreendimento dos autores em termos de respostas, proposições e indagações e, em cada instância dessas, paira a real necessidade de colaborar com uma situação atípica, que se desenvolve ao mesmo tempo em que sobre ela se pesquisa. No primeiro capítulo, em “Mirando a nuvem: impactos, possibili- dades e limites da educação superior em tempos de pandemia”, Dilvo Ilvo Ristoff discute o uso das novas tecnologias de informação e comunicação 13 (TICs) no contexto dos impactos da pandemia do coronavírus sobre o campus (local onde funcionam as unidades de ensino e pesquisa tal qual o conhecemos, ou seja, como um espaço que abriga cursos, professores, estudantes e técnicos). O argumento principal é que, considerando (1) o acelerado desenvolvimento das TICs no mundo, (2) a crescente aceitação e utilização dessas tecnologias para a modalidade de ensino a distância no Brasil, (3) a regulamentação da nova modalidade como complemento das atividades presenciais, e (4) a política regulatória em vigor nos últimos anos, que gerou uma enorme expansão das matrículas na educação a dis- tância, entre outros, o campus do futuro será menos um lugar e mais uma rede de interconexões a serviço dos docentes e estudantes e do ensino, da pesquisa e da extensão. O texto aponta para possíveis contribuições que esta mudança poderá trazer para as atividades acadêmicas e para a vida de docentes e estudantes. Alerta, ao mesmo tempo, para os riscos envolvidos nesta mudança e para os seus impactos sobre a formação universitária diante da acelerada privatização da EaD no Brasil. A partir de experiências de outros países, o texto alerta ainda para a necessidade de se assegurarem políticas públicas que combinem a inclusão digital à inclusão social de grupos historicamente alijados da educação superior. No segundo capítulo, “Autonomia universitária em tempos de pandemia: desafios e proposições das universidades estaduais baianas para a garantia do acesso e permanência à educação de qualidade social- mente referenciada”, Amali de Angelis Mussi e Talamira Taita Rodrigues Brito discutem as questões e os desafios que as universidades terão que enfrentar devido à suspensão das atividades presenciais, orientada pela Organização Mundial da Saúde, em função da pandemia da Covid-19. No terceiro capítulo, “As respostas educacionais brasileiras à Covid-19: lacunas do remoto e do presencial e perspectivas disruptivas na educação pública”, Eucidio Pimenta Arruda problematiza os impactos da Covid-19 na educação brasileira, sobretudo no que se refere à ausência de resposta do governo federal e às respostas desarticuladas e centralizadoras apresentadas pelos governos estaduais. Enfoca a importância da educação remota emergencial para a diminuição das desigualdades educacionais e discute os contextos e caminhos futuros postos à educação brasileira no enfrentamento da pandemia. Por fim, apresenta possibilidades, perspectivas 14 disruptivas no sentido de pensar em uma educação mais conectada às trans- formações sociais e que tenha melhores condições de responder a situações de crise de forma mais dinâmica e propositiva. O quarto capítulo desta coletânea, “O professor do Ensino Su- perior público, a pandemia e A barata, de Clarice Lispector”, dos auto- res Fabiano Gonçalves Costa, Vera Maquêa e Elenita Conegero Pastor Manchope, apresenta uma discussão sobre como a universidade pública tem se posicionado e como entra no mundo remoto para o desenvolvimento de atividades de pesquisa, de ensino, de extensão, de forma a mobilizar estudantes, docentes e profissionais técnicos dentro dos limites restritos de sua estrutura tecnológica e de acesso à internet, e, ainda, de formação profissional que dialogue com novas modalidades e metodologias. Segundo os autores, o uso das tecnologias computacionais e a discussão do tema sobre inovação no Ensino Superior permeiam o ambiente universitário público brasileiro. Relatos de desconexão entre o ambiente das salas de aulas tradicionais e a vida tecnológica experimentada pelos acadêmicos revelam que as universidades públicas são os locais ideais para o desen- volvimento do processo de inovação tecnológica e, também, detentoras da qualidade do desenvolvimento da educação mediada por tecnologias. Ao mesmo tempo, os autores interrogam se seria este o momento apropriado para inovar e implantar de vez o ensino por meio de novas tecnologias. No quinto capítulo, “O professor universitário e a pandemia de Covid-19: é possível se reinventar em meio ao caos?”, Soraia Cristina Tonon da Luz e Vera Maquêa expõem sobre os desafios e as necessida- des da profissão docente diante das mudanças impostas pela pandemia, considerando as condições da universidade pública brasileira, o curto prazo de adaptação que os professores estão tendo para transpor o ensino presencial para o ensino remoto, e assumir a gestão dos processos de ensino no espaço virtual. Vivenciando um mesmo contexto de restrições sanitárias, com relevantes transformações sociais nos modos de vida, professores e alunos são demandados a frequentar o mundo e a sala de aula de outras maneiras, diante de significativas reestruturações nas relações estabelecidas no âmbito da educação. Nesse contexto, temas como a reinvenção do professor e a formação docente atravessam não apenas a identidade profissional, mas a produção da vida como um todo. 15 O sexto capítulo, “Os discursos da mídia e o novo normal para a educação: ‘quando readequar é preciso’”, de José Ricardo Menacho, verifica, à luz da Análise de Discurso materialista, como os discursos da mídia sobre o novo normal significam a educação e a quais outros discursos se relacionam. O corpus analisado é composto por duas re- portagens e uma entrevista: “O novo normal: como vai ser o retorno escolar?” (Jornal da Band); “Tecnologia integra o ‘novo normal’ na educação pós-pandemia” (Portal R7); “O que muda nas escolas após a crise do coronavírus?” (Grupo Eleva). O autor observa que os discursos da mídia, a partir da constituição de arquivos, ao unificar e propagar saberes, instalam um modo de leitura– de direção única – no que con- cerne ao novo normal para a educação, produzindo consensos sobre o que é a educação e quem são os professores e os estudantes esperados para o período pós-pandêmico. Esses consensos, que não têm origem em si mesmos, levam-nos a alguns já-ditos, bem como a sua inscrição em uma rede de formações discursivas neoliberal, que determina o que pode e deve ser dito. No sétimo capítulo, “Cultura digital e a pandemia: realidade das universidades estaduais e municipais do Brasil e as ações da Câmara de EaD da Abruem”, Maria Aparecida Crissi Knuppel, Carmen M. Cipriani Pandini, Ilka Marcia Ribeiro de Souza Serra, Marcus Tomasi e Dilmar Baretta refletem sobre como a evolução das tecnologias digitais e das redes de comunicação também digitais propiciaram uma ampla discussão na educação superior, marcada pela necessidade de inovação nos pro- cessos educativos e impulsionaram o nascimento de novos paradigmas, modelos, processos de comunicação educacional e novos cenários de ensino e de aprendizagem. Nesse sentido, o capítulo trata de uma pesqui- sa sobre universidades estaduais e municipais, associadas à Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais/Abruem, e apresenta algumas discussões e alternativas envolvendo tecnologias digitais para o desenvolvimento do ensino remoto. O capítulo oitavo, denominado “Sala de ambientação virtual para cursos da UEMA mediados por tecnologias: um projeto de inclusão digital para alunos dos cursos a distância”, de Ilka Marcia Ribeiro de Souza Serra, Marylucia Cavalcante Silva e Elisa Flora Muniz Araujo, 16 aborda uma experiência sobre o projeto “Salas de Ambientação” para Cursos da UEMA, mediados por tecnologias, como processo de inclu- são digital para os alunos dos cursos a distância (EaD) em ambientes educacionais de aprendizagem. Essa experiência decorre não só da deficiência da formação básica, mas também do perfil heterogêneo dos ingressantes nas universidades, com diferentes idades, oriundos de diferentes gerações e com déficit em fluência digital. Assim, a UEMA, por meio dos cursos mediados por tecnologias, em resposta a essa demanda, criou, de forma estratégica, salas de ambientação para pro- porcionar maior inclusão dos seus alunos ao mundo digital. As autoras consideram relevante a oferta dessas salas, por proporcionarem estudo teórico, nivelamento estratégico pedagógico e digital, com familiariza- ção das tecnologias, bem como por criarem condições de permanência do aluno no curso superior. Essa experiência está sendo desenvolvida na UEMA, por meio do Núcleo de Tecnologias para Educação – Uemanet – e tem apresentado muitos benefícios para os cursos de EaD, uma vez que a experiência e as dificuldades vivenciadas pelos estudantes, nesse processo de ambientação, motivou-os a superar os desafios de modalidade de Educação distinta da tradicional. O nono capítulo, “Método Trezentos Baseado em Projetos: a experiência de um curso on-line de formação de professores”, de Ricardo Ramos Fragelli e Thaís Branquinho Oliveira Fragelli, expõe a importância do desenvolvimento e do fortalecimento de habilidades de utilização de tecnologias e ferramentas digitais na prática educacional. Nesse sentido, o desafio para o século XXI é, segundo os autores, a utilização de estratégias inovadoras de ensino centradas no estudante, que promovam o seu engajamento e a motivação intrínseca. O objetivo do capítulo é apresentar uma experiência de desenvolvimento de com- petências digitais dos participantes do curso “Ferramentas e Estratégias Pedagógicas para Educação Online”, por meio de uma proposta de apli- cação do Método Trezentos em uma pedagogia de projetos, denominada “Trezentos Baseado em Projetos (TBP)”. No décimo capítulo, “Mediação docente via webconferência em tempos de isolamento social: desafios e possibilidades na pós-graduação”, Raimunda Nonata Fortes Carvalho Neta e Débora Batista Pinheiro Sousa 17 discutem sobre o modo e o estilo de vida da sociedade contemporânea, com a chegada dos aplicativos, das redes sociais e até mesmo dos busca- dores (como o Google). Essas e outras tecnologias têm sido usadas para “aproximar” as pessoas que estão distantes fisicamente (ABRANCHES, 2017). Essa situação tem sido acentuada com o isolamento social mundial em 2020. Muitas tecnologias têm mostrado possibilidades e usos em contextos diferenciados daqueles em que normalmente funcionavam. É o caso dos serviços de streaming (como o YouTube), webconferências e redes sociais que ultimamente acumulam altos números de acessos todos os dias por diferentes públicos. São muitas as oportunidades nacionais e internacionais de webinários, congressos on-line, cursos, minicursos, dis- ciplinas, entre outros eventos acadêmicos, e por isso as autoras promovem uma discussão sobre os principais desafios e possibilidades de mediação docente na pós-graduação em casos que envolvem webconferência. No décimo primeiro capítulo, intitulado “Ensino superior pós- -pandemia: aspectos econômicos, sociais, políticos e educacionais”, Penildon Silva Filho expõe que se torna fundamental pensar nos efeitos da pandemia no mundo e no Brasil, diante das desigualdades sociais, e seu possível efeito negativo de desestruturação dos serviços públicos, em um momento no qual o país e o mundo vivenciam uma crescente onda de promoção do ódio como política e a promoção de lideranças alinhadas a um perfil neofascista. E a reflexão sobre esses aspectos, em todas as esferas sociais, indica um momento de crise em que se abrem oportuni- dades para repensar paradigmas de sociedade, sendo especialmente foco desse texto o campo da Educação. O autor afirma que são necessários mais investimentos na ciência básica e na pesquisa tecnológica, de forma a garantir renda mínima universal para os trabalhadores, especialmente para os trabalhadores informais, indígenas, quilombolas, população de rua e de outros segmentos vulneráveis, e destaca que a crise sanitária demonstrou a importância do papel do Estado, colocando por terra as concepções e a perspectiva que minimizam a importância das políticas públicas e enaltecem o mercado. No décimo segundo capítulo, “O cenário de (pós)pandemia – perspectivas da educação mediada por tecnologia no Brasil: inova- ção, mobilidade educacional e mecanismo de ação e desenvolvimento 18 social”, Marcus Túlio de Freitas Pinheiro, Jader Cristiano Magalhães de Albuquerque e Letícia Machado dos Santos refletem sobre como as restrições nas interações sociais, sobretudo a partir do distanciamento físico, imposto como recurso sanitário para enfrentamento da Covid-19, trouxeram impactos contundentes para a continuidade dos processos educacionais, sendo necessária a adaptação e adequação de estratégias da EaD, da educação híbrida e da educação mediada por tecnologias para superar as limitações. Os autores avaliam que concepções pedagógicas desenvolvidas na (não) presencialidade têm sido dispostas sem o ama- durecimento e adequação ao cenário vigente, e articulam três conceitos no campo da inovação e tecnologias educacionais, que afirmam serem essenciais para o avanço do debate sobre a educação, metodologias e (não) presencialidade em cenário de (pós)pandemia: a) Sistemas Nacio- nais de Inovação como propulsores de aperfeiçoamento tecnológico na educação e fora dela; b) Educação a distância, mobilidade formativa e proximidade; e c) educação mediada por tecnologia, aplicada no ensino médio, com a apresentação da realidade do EMITec/SEC/BA. No décimo terceiro capítulo, “Gestão superior – um estudo com as IPES do Estado do Maranhão”, Andréa Araújo do Carmo e Kathia Marise B. Sales refletem, a partir do levantamento de referencial teórico selecionado e da análise de documentos, sobre formatos e implicações da mediação telemática em processos formais de ensino, com foco na gestão acadêmica da situação emergencial da pandemia da Covid-19 nas Univer- sidades Públicas.Apresentam e analisam as ações de política institucional implementadas pelas Instituições Públicas de Ensino Superior no Estado do Maranhão, em resposta à situação emergencial descrita. Para a análise de documentos, foram coletados e tratados decretos, portarias, resolu- ções e outros documentos reguladores/norteadores do funcionamento do Ensino Superior no país e no Estado do Maranhão, emitidos pelo MEC, pelo Conselho Nacional de Educação – CNE e pelo Conselho Estadual de Educação – CEE do Maranhão. Da mesma forma, foram tratadas as regulações internas das Universidades escolhidas para amostra – entre as maiores Universidades Públicas do Estado: a Universidade Federal do Maranhão – UFMA, o Instituto Federal do Maranhão – IFMA e a Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. 19 No décimo quarto capítulo, “Formação docente e tecnologias digitais”, de Maria Cláudia Maquêa Rocha Mattia, consta discussão sobre os desafios da educação atualmente, com ênfase no uso das tecnologias digitais como incontornável, pois a organização do mundo é mediada por redes digitais, em que a internet é fundamental e que se define como a grande revolução de nossa época. A autora observa que a figura do pro- fessor continua sendo central para o desenvolvimento da educação em todos os seus níveis, e que, no confinamento imposto pela pandemia da Covid-19, o uso das tecnologias disponíveis é a possibilidade de manu- tenção da interação nas escolas e universidades. Nesse contexto, o papel do professor é imprescindível, uma vez que o modo como se apropriará de plataformas e ferramentas digitais acena para a configuração de me- todologias para lidar com tecnologias digitais em contínuas mudanças da sociedade, definidas por relações de poder entre os indivíduos. Como ator central desse ambiente, o professor foi altamente desafiado e é sobre sua formação que se faz necessário refletir e investir. Os organizadores desta obra desenvolvem pesquisas e realizam publicações há algum tempo juntos. Desde que iniciaram os trabalhos da Câmara de Graduação da Abruem – Associação Brasileiras das IES Estaduais e Municipais, como representantes oficiais da Graduação, investigam a educação superior em seus diversos aspectos. Um tema que perseguiu os trabalhos da Câmara foi a evasão. As duas obras pu- blicadas pela Câmara estão disponíveis no site da Edunioeste https:// portal-archipelagus.azurewebsites.net/farol/edunioeste/ebooks e podem ser acessadas gratuitamente por qualquer pesquisador que se interesse pelo tema. As obras objetivam debater e refletir sobre os problemas re- lacionados à graduação, em especial sobre os intervenientes da evasão. Constam da segunda obra importantes contribuições das universidades públicas estaduais e municipais na capilaridade do desenvolvimento re- gional, considerando que, na grande maioria, essas instituições atendem ao interior do país, em seus respectivos Estados, e promovem impacto direto sobre a melhoria da qualidade de vida da região, bem como sobre o próprio sistema educacional. Ao finalizarem a participação na Câmara de Graduação da Abruem, alguns membros continuam socializando e compartilhando experiências sobre as questões que os instigam a conti- nuar trilhando o caminho da pesquisa. 20 Esta obra faz parte das ações desenvolvidas pelo Grupo de Estu- dos e Pesquisas em Educação Superior-GEPES/Unioeste, que, por sua vez, está vinculado ao Grupo Internacional de Estudos e Pesquisas em Educação Superior-GIEPES/Unicamp. Elenita Conegero Pastor Manchope Andréa Araújo do Carmo Fabiano Gonçalves Costa Kathia Marise B. Sales Soraia Cristina Tonon da Luz Vera Maquêa 21 Mirando a nuvem: impactos, possibilidades e limites da educação superior em tempos de pandemia Dilvo Ilvo Ristoff No início de março de 1967, no leste do Canadá, uma criança de onze anos de idade, morria de velhice. Ricky Gallant tinha apenas onze anos de idade crono- lógica, mas ele sofria de uma doença estranha chamada progéria, envelheci- mento precoce, e ele exibia muitas das características de uma pessoa de noven- ta anos de idade. Os sintomas da progé- ria são senilidade, artérias endurecidas, calvície e pele enrugada. Na verdade, Ricky era um homem velho quando morreu, um longo tempo de mudanças biológicas tendo sido empacotadas em seus onze curtos anos de vida. Casos de progéria são extremamente raros. No entanto, em um sentido metafórico, nas sociedades de alta tecnologia, todos sofremos desta doença peculiar. Toffler (1970, p. 19) Introdução A história de Ricky Gallant, acima narrada, está no livro Choque de Futuro, do psicólogo e futurista Alvin Toffler, publicado em 1970. O que Toffler (1970) discute em seu livro são os impactos das mudanças sociais, econômicas e, principalmente, tecnológicas sobre a vida das pessoas. Para Toffler (1970), choque de futuro é, na verdade, uma doença causada pela incapacidade dos indivíduos de conviverem com as mudanças quando estas ocorrem em ritmo muito acelerado. Incapazes de lidar com a mudança, algumas pessoas começam a rejeitar as inovações tecnológicas. O argumento que gostaria de sustentar aqui é o de que a socieda- de atual, impactada pela “progéria”, causada pela alta concentração de 22 novas tecnologias, sofre mais agudamente de choque de futuro do que a sociedade à qual Toffler (1970) se referia. Algumas pessoas rejeitam o sistema de compras com cartão de crédito, outras rejeitam o telefone celular, outras o home banking, outras as compras on-line, da mesma forma como professores e alunos, no campus, rejeitam os Massive Online Open Courses (MOOCs), o e-learning e a educação a distância. Segundo Toffler, a diferença entre o choque cultural e o choque de fu- turo é que, no primeiro caso, há uma solução clara à vista. Resolve-se o choque cultural voltando para a cultura de origem. Para o choque de futuro, essa saída não existe, pois o futuro não mais replicará o passa- do, assim como o telefone, instrumento do qual nos tornamos hoje tão dependentes, não mais será tão somente telefone, como antigamente. Queiramos ou não, o telefone será também gravador de voz, gravador de vídeo, câmera fotográfica, relógio, timer, cronômetro, alarme, ca- lendário, caderneta de recados, espelho, calculadora, o seu banco, o seu toca-discos ou, se for mais velho, toca-fitas, o seu correio eletrônico, a sua rede social, o seu jornal, o seu espaço de pesquisa, a sua biblioteca, a sua muleta intelectual, o seu contato com o mundo. A cada dia o seu telefone será mais complexo e, pensando bem, talvez logo, logo deixe de ser chamado de telefone. Os alemães e suíços, já há algum tempo, referem-se ao telefone celular como handy, apropriando-se da palavra inglesa que significa simplesmente algo ‘prático’, à mão ou de fácil uso (RISTOFF, 2020, s.p.). Como o futuro não replicará o passado, as soluções para lidar com o choque de futuro são poucas, talvez só estas: adaptar-se às mudanças ou tornar-se um eremita, isolando-se da sociedade contemporânea. Alguns optam pela segunda alternativa e, de acordo com Toffler (1970, p. 20), “como sonâmbulos perambulam pela vida”, fazendo de conta que nada mudou, ignorando as mudanças, bloqueando a realidade em volta, fugindo das supostas ameaças do novo e tentando construir uma paz separada, buscando uma “imunidade diplomática à mudança” (TOFFLER, 1970, p. 20). Embora as pessoas mais velhas possam viver os últimos anos de suas vidas nessa bolha de irrealidade construída por elas próprias, a maio- ria, mais cedo ou mais tarde, acaba por adaptar-se aos usos e costumes dos novos tempos e, claro, passa a incluir as novas tecnologias nos seus afazeres diários de cidadãos e de profissionais comuns. 23 Destaca-se que, diante de todas essas mudanças, a comunidade acadêmica precisará considerar os impactos gerados no contexto educa- cional do planeta a partir do desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, que foram bastante acelerados em funçãoda pandemia de Covid-19. É necessário considerar que as mudanças são muitas e refletirão, neste caso, por muito tempo no contexto do ensino (RISTOFF, 2020). Pandemia de Covid-19 e a mudança na educação superior Entre os impactos da pandemia do coronavírus sobre a educação superior, o principal parece ser o aceleramento do processo de mudança na vida do campus. Essa mudança mostra-se de tal ordem que a própria definição de campus como um lugar ou área onde estão os edifícios e terrenos de uma universidade, onde funcionam as unidades de ensino e pesquisa já não mais parece adequada. Repentinamente, somos levados a conceber o campus muito menos como um lugar e muito mais como uma rede de relações entre professores e alunos, entre professores local, nacional e internacionalmente conectados, com suas atividades essen- ciais de ensino, pesquisa e extensão não mais limitadas nem ao espaço físico do campus nem às horas de funcionamento das atividades, mas ocorrendo em um espaço virtual a qualquer hora do dia e em qualquer dia da semana, seja no fim de semana ou feriado. A cada dia que passa, o campus lança-se mais à nuvem, agora com mais ímpeto em função das demandas da pandemia. Conforme destacado em texto anteriormente publicado: É preciso ter clareza, no entanto, de que essas mudanças não foram propriamente causadas pela pandemia, mas aceleradas por ela. A percep- ção da aceleração tem, sem dúvida, a ver com a “progéria” que atingiu a todos e que passou a deixar claro que não podemos ficar alheios às suas demandas. Subitamente, como Ricky Gallant, vivemos muitos anos em um e “envelhecemos” ou amadurecemos ainda jovens para as tecnologias que estavam aí, à nossa disposição, já há algum tempo e que, só agora, percebemos de forma dramática, o quanto estavam subutilizadas. Repentinamente, a necessidade de fazer frente ao esgarça- mento das relações interindividuais, provocadas pelo isolamento físico, 24 recolocou as tecnologias de informação e comunicação no centro das preocupações. Ao fechar as escolas e universidades, buscando restringir a propagação do vírus, vemo-nos diante de uma busca alucinada pela ressignificação do que já existe e que clama por utilização sem, no entanto, pelo menos aparentemente, alterar a gramática dos motivos de nossas ações (RISTOFF, 2020, s.p.). As evidências de que as modalidades do ensino remoto, do e-learning e do ensino híbrido estão em processo de construção há algum tempo no mundo e no Brasil são muitas. No mundo, poderíamos citar como exemplos os seminários anuais da World Innovation Summit for Edu- cation (WISE), que anualmente reúne em Doha, sob os auspícios da Qatar Foundation, empresários, empreendedores, políticos, professores, gestores educacionais, especialistas em informática, representantes de empresas de tecnologia, Unesco, OCDE, Banco Mundial e educadores em geral, para identificar, discutir e premiar justamente a inovação na educação. Quando analisamos os debates dos últimos anos, percebe- mos que a necessidade de participação das modalidades de educação a distância, e-learning e do ensino híbrido, não como protagonista, mas como um poderoso coadjuvante, é consenso mundial e deveria ser vista com relativa tranquilidade pela comunidade acadêmica e pelos governantes (WISE, 2009). Em novembro de 2009, há onze anos, portanto, no primeiro en- contro da WISE, Biz Stone, um dos criadores do twitter, alertava para o enorme potencial da comunicabilidade móvel representada pelos bi- lhões de telefones celulares e contas de internet espalhadas pelo globo. Poucos imaginavam então que o twitter, uma ferramenta aparentemente rudimentar, acoplada aos celulares, seria utilizado em larga escala pelas lideranças mundo afora, cada uma com milhares de seguidores. Poucos podiam imaginar, em 2009, que presidentes de países passariam a utilizar o twitter como um importante instrumento de informação, de formação de opinião e de governo. Bastaram poucos anos para que essa ferramenta viesse a ocupar um lugar importante na comunicação diária das pessoas. Ao lado do criador do twitter, estava o professor de tecnologia educacional da Universidade de Newcastle, Inglaterra, Sugata Mitra, o autor de A Hole in the Wall. Mitra, literalmente, instalou computadores em buracos de parede em uma favela de Dehli e em 23 áreas rurais da Índia, para ver o que aconteceria com as crianças. Proponente do que 25 denominou Educação Minimamente Invasiva, Mitra constatou que as crianças aprenderam, em três meses, sozinhas, a usar o computador e que, rapidamente, como todos nós, passaram a exigir um processador mais veloz. Suas conclusões foram ainda mais surpreendentes: “os meninos de rua aprenderam 30% dos conteúdos de genética disponibilizados e, com o auxílio de um tutor, obtiveram resultados equivalentes aos dos estudantes das melhores escolas da Índia” (RISTOFF, 2011, p. 13). Talvez as duas mais importantes declarações de Mitra no evento da Wise em 2009 tenham sido estas: (1) o que sabemos é hoje menos importante do que estar linkado; e (2) “já não estamos mais na época em que o computador apenas fazia melhor o velho trabalho: agora a própria ideia do velho trabalho está sendo redefinida” (RISTOFF, 2011, p. 13). Mitra deixa claro que, diante do que os links e as redes têm a nos ensinar, o que já sabemos sempre será pouco. Também deixa evidente que, da mesma forma como o avião alterou o comércio mundial e as relações internacionais, os novos instrumentos de informação e comuni- cação redesenharão a vida tal qual a conhecemos. Ou seja, não mais nos ocuparemos só dos velhos trabalhos, mas novos trabalhos serão gerados pelas novas tecnologias. Em termos burkeanos, estamos dizendo que a Agência (os métodos, instrumentos e técnicas) terá tamanho impacto sobre as ações, os atores e os propósitos, que os cenários da vida serão profundamente modificados. Ou, em outras palavras: faremos muito do que faremos, como o faremos, simplesmente porque temos o instrumental à mão para fazê-lo assim. Por isso mesmo, é fundamental que escolas e universidades compreendam rapidamente essa redefinição em curso, sob pena de serem alijadas dos novos cenários por tornarem-se obsoletas, desinteressantes e entediantes. “Se na WISE de 2009 os destaques foram o Twitter de Biz Stone e os computadores para meninos carentes de Sugata Mitra, em 2010, o vencedor disparado foi o Ipad, com suas incríveis potencialidades para o redesenho de bibliotecas e a reinvenção da pedagogia” (RISTOFF, 2011, p. 16), com o trabalho dos professores sendo profundamente afetado. Com a chegada do Ipad, logo ampliada por tablets mais e mais potentes, tornou-se impossível imaginar que alunos da geração pós-Ipad pudessem continuar aceitando métodos, ritmos, bibliotecas e salas de aula 26 incompatíveis com a agilidade e a facilidade de acesso ao conhecimento que a comunicabilidade móvel passou a proporcionar. Lembro-me de que, durante a Conferência, entreguei o meu cartão ao professor indiano sentado ao meu lado e mais tarde fiz o seguinte registro de nosso breve encontro: “Ao final da palestra ele me surpreendeu: ‘Acabo de ler um paper seu, de 2009’, disse. ‘Gostaria de continuar em contato’. Troca- mos um cordial aperto de mão e não pude deixar de olhar para o seu Ipad com uma ponta de inveja. Ao seu lado, o meu notebook parecia um dinossauro” (RISTOFF, 2011, p. 16). Hoje, nove anos depois, o próprio Ipad já perdeu espaço para outros meios administrados a partir do telefone celular, o que certamen- te está impactando com muito mais veemência o processo de busca e disseminação de informações. O que as TICs vêm demonstrando é que a crescente socialização do conhecimento, hoje viabilizada em múltiplos sítios eletrônicos, re- presenta bem mais do que um simples armazenamento de informações; representa um processo incentivador de co-construções inovadoras, de liberação de energias criativas que são mais e mais resultado do trabalho coletivodo que da genialidade de alguns indivíduos superdotados. Essa facilidade do acesso à informação também afeta as relações interindividuais e mesmo profissionais, causando muitas vezes grande desconforto e mesmo espanto. Aos poucos, o usuário do Google questiona, e não raro com razão, as recomendações do médico, a originalidade do artista, o conhecimento do professor. O acesso fácil à informação, viabilizado pelas novas tecnologias, gerou a era do espanto, do desconforto, da instabilidade dos doutores acomodados, dos mestres oniscientes e dos pseudo-espe- cialistas! (RISTOFF, 2011, p. 14). Com a rápida expansão mundial das redes de comunicação digital, fica evidente que a inteligência coletiva e democrática ganha força em todos os lugares do mundo. Ganha também escala e começa a ser colocada a serviço da humanidade, desde o enfrentamento de pe- quenos desafios locais do dia até os grandes desafios internacionais da humanidade, entre eles a segurança alimentar, as mudanças climáticas, a 27 gestão da água, o diálogo intercultural, as energias renováveis e a saúde pública, especialmente no controle de pandemias, como a da Covid-19. Nesse contexto, todos os talentos devem ser postos a serviço da vida, o que implica em dizer que o uso das novas tecnologias não pode ficar restrito a grupos privilegiados da sociedade, mas deve ser extensivo a todos, mediante a implementação de fortes políticas de inclusão. Por tudo isso, já em 2009, a Conferência Mundial da Educação Superior da Unesco alertava para o fato de que as universidades precisavam mudar, tornando a inclusão digital de todos, especialmente a dos mais pobres, esquecidos e vulneráveis, a sua palavra de ordem neste milênio. Para que nenhum talento seja desperdiçado e esse chamamento se transforme em ação efetiva, é fundamental que os governos estejam dispostos a co- locar, de forma determinada e irrestrita, as novas tecnologias a serviço do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão, ou seja, à disposição de seus respectivos sistemas educacionais, tornando-os mais ágeis, mais responsivos às demandas da sociedade e mais comprometidos com a melhoria da qualidade de vida e com a sua sustentabilidade no planeta. O que Biz Stone e Sugata Mitra anunciavam em 2009 fica bem mais evidente hoje, pois a comunicabilidade móvel está solidamente implantada no planeta e já não é mais possível imaginar um futuro que não se construa a partir desse novo contexto. Esse futuro não será uma réplica do presente, especialmente porque as políticas de inclusão digital que deverão ser adotadas pelos governos minimamente comprometidos com a justiça social e com o sucesso de suas economias trarão à tona milhões de talentos que até aqui continuam distantes das TICs e, portanto, alijados do acesso à cultura, à arte, à ciência e, também, dos modernos processos educacionais, com ambientes de aprendizagem auto-organiza- dos, com tecnologias que tolerem o erro e com sistemas de autoavaliação que possibilitem múltiplas trajetórias pedagógicas. Será um mundo novo, com uma nova escola, com uma universidade muito mais inovadora e criativa e muito diferente do mundo que hoje conhecemos, com novas oportunidades para todos. Emblemático dessa mudança é, com certeza, o caso de Sebastian Thrun, professor da Stanford University. Thrun era um tenured professor, ou seja, um professor com estabilidade na carreira e resolveu deixar o 28 seu posto para dedicar-se ao ensino a distância. Depois de ministrar um curso ao mesmo tempo presencial e on-line, Thrun percebeu que era hora de mudar. Presencialmente, o seu curso era oferecido a 200 alunos da própria Stanford University e a distância a mais de 160.000. Os 200 alunos presenciais rapidamente se tornaram 30, pois a grande maioria dos alunos passou a preferir os vídeos do professor ao próprio profes- sor. Por que essa preferência? Porque os vídeos permitiam aos alunos estudar os conteúdos no seu ritmo e tempo próprios, podendo assisti-los quantas vezes, onde e quando quisessem, deixando de assistir àquilo que já haviam entendido e dedicando mais tempo ao que consideravam mais complexo. A crescente popularidade e o sucesso de seus cursos fizeram com que Thrun se sentisse motivado e à vontade para dar passos mais de- cisivos, distanciando-se dos meios tradicionais da Academia. Torna-se um pioneiro na implantação dos Massive Open Online Courses (MOOCs). Segundo Thrun, o que o levou a abandonar uma carreira docente estável e se aventurar na educação a distância foram as práticas pedagógicas tradicionais, insensíveis demais às mudanças tecnológicas que estavam à disposição. Em suas palavras: “a preleção era o modo mais eficaz de repassar a informação. Tivemos a industrialização, a invenção do celu- lar, da mídia digital e, milagrosamente, os professores de hoje ensinam exatamente como ensinavam mil anos atrás”. E arremata: “Tendo feito isso, não consigo mais ensinar em Stanford” (CHAFKIN, 2013, s.p.). Em texto recentemente publicado sobre o tema, destacávamos: A escolha de Thrun é uma escolha entre o tradicional e o novo; entre ministrar aulas para um número pequeno de alunos em uma sala de aula, num horário predeterminado, e ensinar milhares de pessoas, em seus próprios ritmos, tempos e espaços. É também uma escolha entre o velho campus e o campus do futuro; entre a biblioteca como um espaço restrito que abriga um acervo e as ferramentas de busca de informação em todos os cantos do planeta; entre um currículo rígido como o cristal e um currículo maleável como a chama; entre uma sala de aula com paredes e um espaço aberto sem limites; entre o professor sabe-tudo e o professor-orientador, entre o ensino expositivo e o ensino centrado na resolução de problemas (RISTOFF, 2020, s.p.). 29 Thrun, que se declarou inspirado por Khan, da Khan Academy, foi motivado, na criação de seu primeiro MOOC, pela possibilidade de atingir milhares de pessoas ao redor do mundo. Ele abre o seu curso e 160.000 se inscrevem, alunos oriundos de 169 países. A quantidade era evidentemente um motivo de satisfação, mas qual não foi a sua surpresa quando, ao avaliar os exames finais de seus alunos, ele constatou que “nenhum dos 400 alunos com os escores mais altos estudava em Stan- ford. Todos tinham feito o curso pela internet. A experiência começava a indicar que havia algo especial nele” (CHAFKIN, 2013, s.p.). Diante da crescente aceitação das novas tecnologias no meio acadêmico, fragilizando as resistências localizadas que perduram em alguns espaços, começam a surgir as condições históricas objetivas que favorecem a transformação dos sistemas elitistas de educação superior em sistemas mais democráticos e de acesso universal. Segundo Thrun, a experiência com as novas tecnologias funciona como uma droga: “Sinto que há uma pílula vermelha e uma pílula azul. Você pode tomar a pílula azul e voltar à sua sala de aula e fazer preleções para os seus alunos, mas eu tomei a pílula vermelha e vi o País das Maravilhas!” (CHAFKIN, 2013, s. p.). O que observamos durante os meses da pandemia do coronavírus é que, a cada dia que passa, mais e mais pessoas começam a sentir a ne- cessidade de provar dessa pílula vermelha para dar uma resposta ao grito de socorro das escolas mundo afora. E, se Thrun tem razão, os efeitos da pílula vermelha serão sentidos muito além da pandemia, impedindo que o passado retorne ao campus e às escolas. Será que as escolas e as instituições de educação superior bra- sileiras estarão preparadas para as demandas de adaptabilidade que se apresentam? A resposta em ambos os casos é “não”. A Educação Básica brasileira, é bom lembrar, é essencialmente pública, abrigando cerca de 90% das matrículas, sendo a escola pública um refúgio relativamente seguro para os filhos das famílias mais pobres do país. Essas famílias constituem grande parte dos 25% de brasileiros sem acesso à internet (BRASIL, 2018). Fica evidente, portanto, que esse grupo seria em princípio seriamenteprejudicado, caso o ensino remoto fosse adotado por suas escolas, pois, além de não dispor de acesso à rede, não possui os equipamentos básicos necessários para tornar essa 30 modalidade de ensino viável. Muitos desses estudantes provavelmente não terão espaço adequado para ler e estudar, tendo em vista que as suas casas são pequenas e os cômodos são compartilhados com outras pessoas. Sabe-se também que as famílias extremamente pobres veem a escola como o espaço que, ao garantir pelo menos uma refeição do dia aos seus filhos, ajuda-as a se protegerem da fome. Nesses ambientes extremos, não basta apenas promover a inclusão digital; há que se promover, também, por meio de políticas públicas agressivas e concomitantes, a inclusão social. Sem a percepção de que essas políticas precisam andar de mãos dadas, a EAD, o e-learning, os sistemas híbridos de ensino, por exemplo, estarão inexoravelmente condenados ao fracasso. Na educação superior, o quadro é um tanto distinto. O Programa Universidade para Todos (PROUNI) e o Programa de Financiamento Estudantil (FIES) trouxeram legiões de estudantes carentes às instituições privadas, e a Lei das Cotas (BRASIL, 2012) teve impacto profundo sobre o perfil socioeconômico dos estudantes das Universidades e Institutos Federais. Essa lei, combinada ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), fez com que mais da metade dos estudantes de graduação das institui- ções públicas federais tivessem a sua origem na escola pública, o que significa dizer que o campus passou a receber mais filhos de famílias de baixa renda e mais estudantes filhos de pais com pouca ou nenhuma escolaridade. Isso significa que um grande contingente de estudantes da educação superior, pública e privada, necessitará de apoio especial para poder participar do processo de inclusão educacional via ensino remoto digital, que, tudo indica, será adotado por muitas instituições. Embora a resistência ao uso de novas tecnologias persista em cer- tos setores do campus, ela vem diminuindo nos últimos anos. Prova disso é o surgimento e a regularização da modalidade EaD como coadjuvante importante das atividades presenciais da graduação e pós-graduação. Exemplo disso são as diversas Portarias do Ministério da Educação nesse sentido, entre elas a Portaria nº 1.428, de 28 de dezembro de 2018, que previa a possibilidade de ofertar 20% da carga horária total dos cursos na modalidade a distância e, mais recentemente, a Portaria nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019, que passou a autorizar até 40% da carga horária a distância, trazendo a EaD a um patamar protagonístico muito próximo 31 ao da modalidade presencial. Apesar das críticas ainda contundentes à participação dessa modalidade na educação superior, os fatos mostram que a sua presença está hoje assegurada em muitas frentes: na educação continuada; nas defesas de dissertações e teses com a participação a dis- tância de membros de bancas de outras instituições e mesmo de outros países; na criação do consórcio de instituições públicas que deu origem à Universidade Aberta do Brasil (BRASIL,2006); na criação da Univer- sidade em Rede dos países do BRICS, a BRICS Network University (já em operação), entre várias outras iniciativas semelhantes (BRICS, 2015). O indicativo mais marcante de que a resistência à EaD está gra- dativamente desaparecendo são os números das matrículas na graduação. E os números, se considerarmos os últimos 18 anos, são impressionan- tes. No ano 2000, o Brasil tinha cerca de 1.300 alunos matriculados na educação a distância, representando 1,3% das matrículas da graduação. Em 2018, as matrículas EaD já haviam saltado para mais de 2 milhões, passando a representar 24,3% do total das matrículas da graduação. Os gráficos1 a seguir explicitam esses dados. Figura 1: Evolução do Número de Matrículas EaD – 2003-2018 Fonte: Inep/Mec 1 Os gráficos foram construídos pelo autor, considerando atualização ano após ano, sempre a partir de outubro, quando o Inep apresenta o resultado do Censo Escolar Superior. A busca pelos dados está sendo realizada por quase trinta anos, desde 1991, quando os dados passaram a ser digitalizados. 32 Figura 2: Evolução Percentual das Matrículas EaD – 2003-2018 Fonte: Inep/Mec Trata-se, claramente, de um crescimento significativo da moda- lidade EaD. A julgar pelo número de ingressantes registrados no último Censo da Educação Superior (2018), é possível verificar que o cresci- mento será ainda maior nos próximos anos. Do total de 3,4 milhões de ingressantes em 2018, 1,4 milhão (39,8%) são ingressantes da modali- dade EaD. Isso significa dizer que nos próximos anos os percentuais de matrículas das duas modalidades serão praticamente iguais. Como as atividades presenciais, a partir de 2019, já podem ser ofertadas a distân- cia, infere-se que a EaD pode também, a partir de agora, deixar de ser coadjuvante para se tornar protagonista no Ensino Superior. Esse exponencial crescimento da modalidade EaD passou a exigir um conjunto de cuidados relativos à garantia da qualidade e ao contro- le do processo regulatório. Instrumentos específicos para a avaliação dos cursos foram criados e controles de credenciamento para a oferta foram estabelecidos pelo MEC. Os resultados do Enade mostram que o desempenho dos estudantes EaD tem sido equivalente ao desempenho dos estudantes presenciais e, em alguns casos, levemente superior, con- firmando no Brasil o que Thrun já havia constatado nos Estados Unidos. 33 Nem por isso, a modalidade conseguiu superar a crença de que EaD é sinônimo de baixa qualidade. As inúmeras evidências de que cursos presenciais podem ter, e muitas vezes têm, problemas de qualidade tão ou mais sérios parecem não ter muito poder de convencimento entre os que obstinadamente se apegam aos métodos tradicionais. Uma frente de resistência à EaD, que tem servido de alerta aos militantes da educação superior em geral, é a crescente mercantilização da educação superior pelo setor privado. Com 75% do total de matrículas da educação superior brasileira pertencentes ao setor privado, é natural que a pecha da comercialização e da precarização recaia sempre pesa- damente sobre este setor e, dentro dele, sobre a educação a distância. Os dados mostram que esta preocupação tem razão de ser. Preocupados com a hipertrofia da educação superior privada, os formuladores do Plano Nacional de Educação (PNE) decidiram incluir, na Meta 12, um limite para a sua expansão, não devendo as novas matrículas do setor ultrapassar 40% do total. Passados cinco anos da aprovação do PNE, o que se observa é algo totalmente distinto do que prevê a Lei. Dados do Inep demonstram que, no período de 2014 a 2018, 81% das novas matrículas na educação superior foram criadas no setor privado, mais do que o dobro do permitido pela Lei. Na modalidade EaD, esse processo de privatização foi ainda mais acelerado, chegando a 92% das novas matrículas. De 2014 a 2018, o crescimento dessa modalidade no setor público foi de apenas 33.554 matrículas, enquanto no setor privado, no mesmo período, o crescimento foi cerca de 20 vezes maior. Dito de outra forma: a modalidade EaD no Brasil está entregue, na sua quase totalidade, ao setor privado. Merece destaque ainda o fato de que o encolhimento da moda- lidade presencial não se deu apenas em termos proporcionais, ou seja, porque o ritmo de crescimento da modalidade EaD se mostrou mais acelerado. Os dados demonstram que a graduação presencial encolheu também em termos absolutos, com um decréscimo de 91.927 matrículas de 2014 a 2018. Esse encolhimento de matrículas presenciais ocorreu apesar do crescimento do setor público, pois o setor privado perdeu no período 174.852 matrículas presenciais. Resumindo, os números levam a duas conclusões: (1) nos últimos anos, o setor privado tem optado por 34 seguir agressivamente pela oferta da modalidade EaD em detrimento da modalidade presencial; e (2) o pequeno aumento de 1,9% nas matrículastotais anunciado pelo MEC durante a divulgação do último Censo da Educação Superior se deve exclusivamente à expansão da modalidade EaD no setor privado e pago. Estamos, sem dúvida, diante de uma combinação perigosa, que não só ridiculariza a proporcionalidade prevista na Lei do PNE, mas também do Congresso Nacional que a aprovou. E, claro, ridiculariza também o sistema de regulação do MEC, que a cada dia demonstra ter menos controle sobre o processo de expansão em curso! Com a atual retração das matrículas de EaD nas universidades públicas, a preocupação hoje, em época de pandemia, aponta menos nitidamente para a tecnologia em si, cujos benefícios já podem ser claramente percebidos, e mais para quem detém a sua titularidade. Com as recentes investidas contra as Universidades e os Institutos Federais (vistos, estranhamente, como locus privilegiado da balbúrdia juvenil, do esquerdismo e de administrações perdulárias) e com os es- petaculosos ataques contra reitores e docentes atuantes em cursos da Universidade Aberta do Brasil, a oferta de vagas EaD tende a se retrair ainda mais justamente nas instituições públicas e gratuitas que poderiam assegurar um ensino a distância de melhor qualidade. Assim, fica claro que, nos próximos anos, a menos que a pandemia promova alterações inesperadas que possam reverter esse quadro com políticas públicas significativas, a EaD e a educação remota como um todo passarão a ser quase exclusividade do comércio educacional, disseminando ainda mais o preconceito contra essa importante modalidade de ensino. A menos que aceitemos, passivamente, essa situação, frustrando as esperanças de que a educação deva ser de qualidade e para todos, é urgente que os professores e alunos de nossas universidades públicas sejam, movidos por políticas públicas comprometidas com as novas possibilidades de interconectividade e comprometidas com o futuro, expostos a um agressivo choque de novas tecnologias. Educar com qualidade para os novos tempos, no entanto, não depende unicamente de professores qualificados e valorizados; depende também do governo e, principalmente, de políticas públicas com senso de justiça, que valorizem a um só tempo a inclusão digital e a inclusão social. 35 As mudanças na educação em geral e na educação superior em particular serão, sem dúvida, profundas nos próximos anos. E serão cau- sadas, em grande parte, pelas demandas impostas pela pandemia. Como lembra William Courtney (CAPILLA et al., 2020), o início da substituição do latim por idiomas populares como veículos para comunicar a ciência ocorreu durante a Peste Negra do século XIV. Confrontados com a ne- cessidade de se comunicar efetivamente com todos, era mais adequado utilizar a língua vernácula. Courtney argumenta: apesar das diferenças de tempo e espaço, assim como a pandemia global daquela época marcou o início de um novo mundo na educação, a atual pandemia do coronavírus também poderá catalizar importantes mudan- ças se os formuladores de políticas reagirem a essa crise educacional de forma inteligente (CAPILLA et al., 2020, s.p.). Hoje, uma dessas formas inteligentes parece ser o uso das ferra- mentas tecnológicas que estão disponíveis para garantir a continuidade da aprendizagem pelos alunos digitalmente incluídos, buscando mecanismos técnicos, políticos e econômicos para incluir a todos. Os exemplos, nesse sentido, são muitos mundo afora. Destaque-se, por exemplo, a iniciativa do governo chinês, que, conforme relata Wang Yan (2020), abriu uma plataforma nacional de Internet na nuvem, oferecendo recursos de aprendizado digital para estudantes de escolas primárias e secundárias gratuitamente. Foi desenvolvido por meio de esforços multissetoriais e de uma parceria público-privada, atraindo recursos do Ministério da Educação, Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, Aliyun, China Telecom e China Mobile, Huawei, entre outros. Com 7.000 ser- vidores, e banda larga de 90T, a plataforma pode acomodar 50 milhões de estudantes que aprendem online simultaneamente (YAN, 2020, s.p.). Ou, ainda, a inciativa do governo britânico, que, temendo ser acionado na justiça por ativistas da educação, que o acusavam de im- pedir a educação das crianças, decidiu assegurar, aos alunos pobres, computadores e rede de conexão à internet durante o lockdown causado pela pandemia, considerando que, mesmo após a pandemia, boa parte da aprendizagem dos alunos provavelmente continuará acontecendo em suas casas. 36 No Brasil, cabe destaque à iniciativa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que formulou uma Política de Inclusão Digital para assegurar acesso de estudantes pobres e deficientes, de graduação e pós-graduação, a equipamentos de informática e a redes de internet. Como as aulas serão ministradas de forma remota enquanto perdurar a pandemia de Covid-19, essa foi a forma encontrada para atender aos cerca de 18% de estudantes de graduação e cerca de 10% de estudantes de mestrado e doutorado que afirmam não ter boas condições de acesso à internet (ALMEIDA, 2020). A pandemia, portanto, tornou mais evidente a necessidade de pensar em espaços de aprendizagem diferentes da sala de aula tradicional e da necessidade de incluir a todos. Mostrou também a necessidade e as vantagens de utilizar plataformas digitais para acesso a conteúdo, materiais didáticos e para a interação dos indivíduos. É impressionante, por exemplo, o número de conferências, seminários, conversas, cursos, minicursos e debates acadêmicos virtuais ocorridos nos últimos meses, apontando para o fato de que estamos diante de mudanças paradigmáticas não só nas moda- lidades de ensino, mas também nas metodologias que necessariamente as acompanham, nos espaços e nos tempos de aprendizagem, na abrangência do seu alcance e na forma de apresentação de conteúdo. Apesar de todas essas mudanças, que inexoravelmente ocorrerão nos próximos anos, a experiência humana indica que somos seres que não conseguem prescindir do convívio social. Como já lembrava Aristó- teles, o ser humano é essencialmente um ser político, com raízes fincadas na polis, onde os interesses políticos, sociais, culturais e religiosos se misturam, formando um todo relativamente coeso e com os quais os indivíduos se identificam. É dessa identificação que brota o sentido de pertencimento, o mesmo que fez com que Sócrates recusasse a oferta de seu amigo Critão para subornar os guardas e assegurar a sua fuga da prisão. Sócrates se recusa a fugir e prefere aceitar a morte. Para ele, nem fugir da prisão nem ser levado ao exílio eram alternativas aceitáveis. Afrontar as leis que ele próprio ajudara a construir seria uma inaceitável incoerência de sua parte, um mau exemplo a ser dado por um educador, pois seria equivalente a desrespeitar o estado de direito e a chancelar a anarquia. Mais intolerável ainda seria ter que viver os últimos anos de 37 sua vida num país estranho, longe de sua sociedade e das pessoas com quem tinha tanto em comum. Dizer adeus aos seus e aceitar o exílio seria equivalente a abraçar uma morte sem honradez. Também esse aspecto da necessidade do convívio social ficou muito claramente ilustrado com a pandemia. Conforme destacamos em texto anteriormente publicado: Com as aulas suspensas, com os jogos olímpicos cancelados, com os campeonatos de futebol, voleibol e de todas as modalidades esportivas interrompidas, com teatros fechados, com os shows artísticos cance- lados, a tendência foi viabilizar, na medida do possível, as “mesmas” atividades na segurança do isolamento possibilitada pelas novas tec- nologias (em especial pelas redes sociais, facebook, whatsapp, twitter e linkedin). O abraço foi substituído pelo abraço virtual, a conversa tête-à-tête pelo chat ou a videochamada e a rodada de conversa com amigos pelo encontro no zoom ou no google meet. E a televisão, na ausência do esporte ao vivo, encontrou a compensação na exibição de reprises de grandes jogosdo passado, sempre lembrando a alegria e a celebração da experiência coletiva. Por tudo isso, durante a pandemia têm sido frequentes os protestos contra a expressão “distanciamento social”. Muitos consideram a expressão inadequada e preferem cha- má-la de “distanciamento físico”, pois o convívio social, embora de forma virtual, mantém-se intenso. Fica claro, no entanto, que o desejo pelo convívio social entra em rota permanente de colisão com o distanciamento possibilitado pelas novas tecnologias. Esse instintivo desejo pelo coletivo, para além das neces- sidades econômicas de indivíduos ou do negacionismo politicamente estimulado, tem se tornado um entrave para a contenção da pandemia, pois as pessoas insistem em estar em grupos, em se encontrar em espaços coletivos. Muitos sistematicamente desafiam as autoridades e a própria sorte, organizando festas clandestinas, reuniões ilegais e secretas, indo à praia ou a manifestações políticas de toda a sorte. Em plena pandemia, no Brasil, os protestos a favor e contra o governo, embora mais reduzidos, nunca deixaram de acontecer. E no mundo, em especial nos EUA, os protestos contra o racismo, emblematizados pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) ganharam, em plena pandemia de 2020, uma força não vista desde a década de 1960. Fica evidente, portanto, que essa presença ausente permitida pelas novas tecnologias não é um substituto satisfatório para as experiências coletivas. Da mesma forma que a ausência das torcidas nos estádios parece retirar a força do time da casa e da mesma forma que assistir um jogo de futebol de seu time em casa, diante da televisão, não propaga a 38 mesma energia e não tem a mesma força que a vibração de uma gran- de torcida num estádio lotado, assim também o dedão na mensagem de whatsapp ou a curtida no facebook, embora indiquem algum tipo de concordância ou com o conteúdo de sua mensagem ou com o seu direito individual de expressá-la, parece não substituir adequadamente a confiabilidade da concordância olho no olho (RISTOFF, 2020, s.p.). Transferindo essas reflexões para o ambiente do campus ou da escola, infere-se que o sentimento de pertencer a um grupo, a uma equipe, a uma comunidade acadêmica não é questão trivial. Como bem destaca Nisbet (1996, p. 38), “a universidade é e tem sido desde as suas origens uma comunidade. E a marca de todas as comunidades é a tentativa de preservar a identidade única de seu trabalho. E o trabalho da comunidade universitária, por quase oito séculos, tem sido o conhecimento”. É nesse ambiente, onde as atividades giram em torno do conhecimento, onde são identificados os talentos para estudos avançados, que se criam também as amizades duradouras, as relações de confiança mútua, os grupos de trabalho, as parcerias que nos estimulam e motivam para a aprendizagem e construção de redes de relações. Porque pretendem fazer algo juntas, as pessoas precisam estar juntas para construir a sua rede de relações. Diante do desenvolvimento acelerado e uso cada vez mais intenso das novas tecnologias, não há mais dúvida de que o campus do futuro deixará de ser apenas um lugar. Mesmo assim, o instinto pela convivência cole- tiva, pela preservação do sentimento de comunidade, com uma função singular e meritória, manterá esse espaço público como uma referência básica para o desenvolvimento da vida social e cidadã da comunidade acadêmica, ocupada com o avanço do conhecimento e com a necessária negociação dos valores científicos, estéticos e éticos que fazem a vida em sociedade valer a pena. Com a crescente expansão das oportunidades, com as políticas de inclusão de grupos sociais historicamente marginalizados (pretos, pardos, indígenas, pobres, estudantes oriundos da escola pública, filhos de pais sem escolaridade superior, trabalhadores etc.), o campus físico ganha uma importância ainda mais especial e certamente resistirá como um espaço necessário para o convívio harmonioso com a diversidade e para o desenvolvimento da tolerância com o diferente – marcas funda- mentais das sociedades civilizadas. 39 Com um campus cada vez mais diversificado, a vida no campus físico torna-se também mais rica e diversificada e a combinação com as novas tecnologias cria um ambiente propício para a construção de per- cursos pedagógicos que possam melhor responder às distintas demandas de aprendizagem. Ao potencializar a aprendizagem com o auxílio de novas tecnologias e ao manter no campus físico o espírito de comunidade necessário à troca de experiências e à construção de laços de amizade, o campus do futuro será uma experiência de vida mais inesquecível do que já é hoje. Para os que imaginavam o fim do campus como um lugar, lem- bro a recente declaração do Professor António Nóvoa, embaixador de Portugal junto à Unesco: “O futuro envolve reforçar a educação como um bem público global que surge em um espaço público” (NÓVOA, 2020). Nóvoa ecoa, em parte, as palavras da filósofa norte-americana, Maxine Green, que afirmava nos anos 1960: “Não consigo encontrar nenhum sentido coerente para a educação se alguma coisa comum não acontecer no espaço público” (NÓVOA, 2020). Se é verdade que o ensino e a aprendizagem podem e devem ocorrer por muitos meios, métodos e técnicas, inclusive na modalidade remota, a educação, no seu sentido mais amplo, não pode prescindir do espaço público comum, compartilhado por muitos, onde professores dedicados à formação de seus estudantes e onde a cooperação entre professores e entre alunos e professores encontra o seu locus privilegiado. Nesse sentido, o ensino remoto, por maiores que possam ser os seus benefícios, especialmente em momentos de pandemia, não pode ser abraçado nem como um substituto adequado para a educação presencial nem como educação suficiente e plenamente satisfatória para a formação dos indivíduos. O que teremos, no futuro, não é uma universidade cujo ensino será ofertado exclusivamente a distância, mas um modelo híbrido de ensino, pesquisa e extensão, ocorrendo simultaneamente no campus físico e em múltiplos sítios e ambientes plenamente interconectados. 40 Considerações finais O Brasil e o mundo se encontram diante de uma situação de anor- malidade, de excepcionalidade, de uma pandemia que certamente terá o seu fim em alguns meses. Cabe-nos, neste momento, não tentar naturalizar essa excepcionalidade, projetando-a como o futuro inevitável e desejável da educação, mas sim aproveitar as lições que a excepcionalidade nos ensina. E ela nos ensina, entre outras coisas, que devemos: (1) aprender a dominar as novas tecnologias para aperfeiçoar métodos e práticas de ensino, redesenhar percursos pedagógicos, aumentar a abrangência e o alcance de nossos processos educacionais; (2) lutar por políticas públicas de inclusão social e digital que impeçam a marginalização educacional, assegurando educação de qualidade para todos e reafirmando o con- ceito de educação como bem público; e (3) agir no sentido de criar as salvaguardas que possam nos proteger de ameaças futuras, que, seja por catástrofes naturais, guerras, epidemias ou pandemias, forcem novamente o fechamento de nossas escolas. Por último, há que se considerar que a educação a distância, em suas muitas e criativas variações (e-learning, tele-educação, síncrona, assíncrona, MOOCs, webinários, webconferências, weboficinas, chats etc.), também apresenta outros problemas. O pai dos MOOCS, Sebastian Thrun, anunciou recentemente que fará profundas modificações no seu projeto original de oferta de cursos em massa, abertos e on-line. “Eu imaginava dar às pessoas uma educação profunda — ensinar a elas algo substancioso, mas, os dados estavam em desacordo com essa ideia” (CHAFKIN, 2013, s.p.). Para concluir, reportamo-nos ao que foi destacado sobre o tema em texto anteriormente publicado: Repentinamente, o homem que atraíra 1.6 milhão de estudantes estava diante de um dado chocante: menos de 10% dos matriculados termi-navam os cursos e, pior, uma análise mais detalhada informava que de cada cem matriculados, só cinco, de fato, aprendiam o assunto estudado. Em suma, a “revolução educacional” tinha um lado perturbador. Pior: um estudante de graduação estudando álgebra presencialmente tinha 52% a mais de chance de ser aprovado do que um que assistisse as aulas de sua empresa, a Udacity. A sua constatação: “pouquíssimas pessoas 41 parecem concluir os seus cursos quando não estão sentadas em uma sala de aula” (CHAFKIN, 2013, s.p.). Diante disso, a avaliação que Thrun faz do seu próprio trabalho é cruel: “Temos um produto ruim” (CHAFKIN, 2013, s.p.). Se um dos pais dos MOOCs faz este tipo de avaliação sobre o próprio trabalho, não há razões para que professores menos familiarizados com o assunto os sacralizem ou os tornem um substituto perfeito de suas atividades presenciais. As novas propostas de Thrun, associando-se a universidades como a San Jose State University, da California, e o Georgia Technological Institute, oferecendo, pela primeira vez, cursos acreditados e construindo parcerias com empresas, que pagam por suas aulas, são desenhos interessantes e merecem ser estudados. Mesmo assim, a avaliação do próprio Thrun sobre o seu novo formato continua não sendo das melhores: “Não estamos fazendo nada tão rico e poderoso quanto o que uma educação tradicional em artes liberais ofereceria a você” (CHAFKIN, 2013, s.p.). Na visão de Thrun, a sua universidade do futuro deverá interagir mais com as empresas e dar especial atenção a cursos de formato mais curto, mais focados na profissionalização. Pode até ser, mas estamos claramente diante de mais um exercício de futurologia. Neste caso, a visão de educação universitária de Thrun se choca, frontalmente, não só com o que a Universidade, com “u” maiús- culo, tem historicamente proposto, mas também com as Conferências Mundiais da Educação Superior da Unesco e com estudos recentes realizados em vários países pelo Banco Mundial (WORLD BANK GROUP, 2019). Todos enfatizam que a educação superior vai muito além do desenvolvimento de habilidades específicas voltadas para o presente, devendo a um só tempo responder e se antecipar às neces- sidades sociais, o que implica em desenvolver o pensamento crítico e interdisciplinar, promover a pesquisa e o uso de novas tecnologias e desenvolver programas para a educação ao longo da vida (CMES 18). Já o Banco Mundial destaca que “os sistemas de educação superior devem assegurar um mínimo de habilidades cognitivas transferíveis, que são a melhor proteção contra a incerteza da empregabilidade” (WORLD BANK GROUP, 2019, p. 77). Destaca ainda que “a aprendizagem ao longo da vida tornou-se extremamente necessária ... e a educação supe- rior, dada a sua capacidade de ofertar uma grande variedade de cursos e programas tende a atender bem a esta crescente demanda, o que, no atual contexto de mudança da natureza do trabalho, torna as universidades uma atrativa plataforma para a criatividade e a inovação” (WORLD BANK GROUP, 2019, p. 77). A visão de educação universitária de um dos papas dos MOOCs, portanto, está longe de ser consenso. As mudanças de Thrun em seu projeto original também levantam outras questões sérias. O que começou como aberto, fecha-se; o que começou como gratuito torna-se pago; o que beneficiava a todos, agora 42 fica restrito a alguns. O próprio Thrun, sem tirar o pé da nuvem, voltou ao campus da Stanford, em regime de tempo parcial, para dar aulas e orientar alunos de pós-graduação. Em suma, embora as novas tecnologias vieram para ficar e se cons- tituam em importante ajuda nos processos educacionais, há ainda muitas questões a serem resolvidas. Que estas questões não sirvam de justificativa para que se continue a ensinar como se ensinava há 100 anos. Os MOOCs, a EAD e as plataformas digitais não devem ser transformados nem em deuses nem em demônios, mas, simplesmente, em parceiros da educação. Como bem lembrava a CMES de 2009, “as instituições de educação superior precisam investir na capacitação do corpo docente e técnico para que possam bem cumprir as novas funções nos novos sistemas de ensino-aprendizagem em evolução” (UNESCO, 2009) (RISTOFF, 2020, s.p.). Referências ALMEIDA, F. UFMG lança política de inclusão digital para garantir acesso ao ensino remoto emergencial. Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais. 1º jul. 2020. 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