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Patologia do Corpo UterinoHistologia normal do corpo uterino · Histologia · Endométrio: estroma e glândulas responsivos a hormônios · Ciclo menstrual · Endométrio proliferativo: estroma denso, sem vacúolo secretório. Há maior estímulo estrogênico. · Endométrio secretor inicial: aspecto de tecla de piano · Endométrio secretor final (A) Endométrio proliferativo; (B) Endométrio secretor inicial; (C) Endométrio secretor final · Tumores do Endométrio: pólipos endometriais, hiperplasia endometrial, adenocarcinoma do endométrio, neoplasias mistas epiteliais e mesenquimais (carcinossarcoma, adenossarcoma, adenofibroma), leiomiomas e leiomiossarcomas · Pólipos Endometriais · Lesão exofítica que se projeta para a cavidade endometrial · Comum, pode ser a causa de sangramentos, especialmente intermenstruais (apesar das lesões benignas geralmente estarem mais associadas a alterações cíclicas, de acordo com o período menstrual) · Ocorre principalmente na faixa etária > 40 anos · Pólipo é geralmente benigno, lesões malignas são chamadas de polipoide · Pode ser séssil: base larga; ou pediculada: base menor · Possui componente de estroma e de glândulas endometriais, mas possui elemento fibroso pra dar sustentação à lesão. Sua mucosa pode ser idêntica ao do endométrio. · É frequente que as glândulas cistifiquem nos pólipos. · Tipos histológicos: funcional, hiperplásico ou atrófico · Quadro clínico · Assintomático ou sintomático (SUA, IMB) · Raramente, pode surgir um adenocarcinoma em pólipos (risco de menos de 1%, mas por isso é importante analisar o pólipo inteiro) · No geral, não costuma causar complicações · O tratamento é a ressecção · Hiperplasia Endometrial · Lesão frequente (15% das afecções ginecológicas) · Perimenopausa · O tratamento pode ser a histerectomia se não conseguir controlar o sangramento e a paciente tiver prole definida · Aspectos clínicos: sangramento, espessamento endometrial ao USG, biópsia/curetagem → terapêutica e diagnóstica · Quando o endométrio vai ficando hiperplásico, é frequente que as glândulas se tornem cistificadas, que podem chegar a ser vistas macroscopicamente ou no USG OBS: a USG é muito importante para triar as patologias endometriais de acordo com o espessamento endometrial. · Patogênese: · Estimulação estrogênica prolongada: ou doença de base que aumenta a produção de estrógeno ou alterações cíclicas que causam isso · Anovulação · Ovários policísticos: platô estrogênico, sem efeito protetor da progesterona nessa proliferação, pode desencadear uma perda do controle · Hiperplasia do estroma ovariano · Tumores ovarianos funcionantes: estrógeno · Obesidade: conversão periférica de estrogênios · PTEN: gene supressor tumoral · Impede que haja um crescimento proliferativo exagerado, controlador do ciclo celular · Mutação inibitória do PTEN: inativação desse gene ocorre em 63% das hiperplasias atípicas (que são consideradas pré-malignas) OBS: a perimenopausa é um período de alteração cíclica funcional, ela fica fazendo ciclos anovulatórios e faz-se platô estrogênico · Classificação: o mais importante é saber se há atipia. · Simples sem atipias: distorção arquitetural, glândulas císticas e mais próximas umas das outras, citologia semelhante à do endométrio normal. Hiperplasia simples com atipias é rara. · Complexa sem atipias: aglomeração e ramificação glandular, citologia normal. · Complexa com atipias: sobreposição morfológica com o adenocarcinoma endometrioide. · Na presença de hiperplasia atípica, o risco de evoluir para um adenocarcinoma endometrioide é de 25%. Em pacientes com prole definida, a regra usualmente é tratar com histerectomia. · Adenocarcinoma do Endométrio · Frequência relativamente alta, é o câncer invasivo mais comum do trato genital feminino nos EUA · Idade de pico: 55-65 anos · Fatores de risco: todos estão relacionados à estimulação estrogênica prolongada, exceto DM e HAS · Ciclos anovulatórios · Obesidade · Tumores ovarianos funcionantes · Menarca precoce e menopausa tardia · Nuliparidade · Terapia de reposição hormonal com estrógeno · DM e HAS OBS: uma das formas de tratar câncer de mama responsivo ao estrógeno é o uso de tamoxifeno, que apesar de causar esse efeito inibitório na mama, causa um efeito excitatório de estimulação estrogênica no endométrio. · Patogênese · Tipo I: · Mais frequente: 85% · Associado à hiperplasia, depende do estímulo estrogênico · Tem como base da sua carcinogênese a mutação do PTEN · A maioria é de baixo grau, por isso o prognóstico é melhor · Tipo histológico principal é o adenocarcinoma endometrioide, apesar do adenocarcinoma mucinoso também surgir desse mecanismo (menos frequente) · A hiperplasia atípica já acumula mutação de 3 genes (PTEN, hMLH1 e KRAS), por isso não regride mais, mesmo que o estímulo estrogênico cesse. Em hiperplasia atípica, só falta invadir para se tornar câncer. · A mutação dos genes está relacionada ao tratamento e a conduta dos tipos · Graduação FIGO: baseada na formação de estruturas glandulares e no crescimento sólido, refere à diferenciação histológica. Quanto mais glândula tem, menor grau ele é, porque se assemelha mais ao endométrio normal. · Grade 1: mais glândula · Grade 2: alguma área sólida · Grade 3: predominam áreas sólidas, pouco reconhecimento de glândulas (ou com apenas alguma área sólida, similar ao grau 2, mas com núcleo atípico, se enquadra em grau 3) · A graduação se associa com o prognóstico. · Tipo II: · Menos frequente: 15% · Ocorre mais em 65-75 anos · Não associado à hiperplasia, costuma surgir em endométrio atrófico (faixa etária mais tardia) · A lesão precursora é o carcinoma intraepitelial endometrial, não é a hiperplasia atípica(A) Endométrio atrófico; (B) Após mutação do p53, formando carcinoma intraepitelial; (C) Adenocarcinoma seroso · Mutação do p53: evento inicial, gerando ambiente genético de alta instabilidade, o risco de acumular múltiplas mutações é muito grande · Sempre de alto grau (pouco diferenciados, grau 3), altamente agressiva · Pior prognóstico devido à propensão para a disseminação extrauterina · Tipo histológico principal é o adenocarcinoma seroso, mas o carcinoma de células claras segue a mesma via · Adenocarcinoma seroso · Sempre alto grau, por isso nem gradua · Papilífero: formação de papilas (eixos conjuntivo-vasculares revestidas por epitélio atípico) · Núcleos muito atípicos, mitose, necrose · Endométrio adjacente atrófico · Sequência de disseminação do adenocarcinoma do endométrio · Local: · Invasão direta do miométrio · Extensão por contiguidade (pode invadir colo uterino, vagina) · Linfática: · Adenocarcinoma endometrioide (Tipo I): metástase é mais tardia, só vai ocorrer se o tumor tiver invadido mais da metade do miométrio · Adenocarcinoma seroso (Tipo II): metástase precoce, mesmo lesões ainda confinadas podem ter disseminação · Hematogênica · Evento tardio no adenocarcinoma do endométrio · Pulmões, fígado e ossos · Prognóstico: fatores determinantes · Tipo histológico (seroso é pior) · Grau histológico · Estadiamento · Sobrevida em 5 anos · Estágio I (grau 1 ou 2): 90% - endometrioide · Estágio I (grau 3): 75% - endometrioide · Estágio II/III: < 50% - endometrioide · Seroso ou de células claras: 35% (grande risco de disseminação mesmo em tumores ainda confinados ao endométrio) · Carcinossarcoma: tumor mulleriano misto maligno · Origem epitelial: surgimento de carcinoma que sofre diferenciação sarcomatosa, por isso há dois componentes (epitelial e mesenquimal) · Surge em idade ainda mais avançada (> 70 anos) · Lesão altamente maligna: sobrevida em 5 anos é de 25 a 30% · Macroscopia · Massas polipoides · Consistência macia · Aspecto brilhante, de carne de peixe · Microscopia · Componente epitelial maligno · Componente mesenquimal maligno: diferenciação heteróloga (tecidos que normalmente não estariam no útero, como cartilagem, osso, tecido adiposo) · Neoplasias do miométrio · Leiomiomas · Neoplasia benigna do músculo liso · Um dos tumores mais comuns em humanos · Podem surgir desde a adolescência atéa menopausa (idade reprodutiva): sinal de que possui receptores hormonais de estrógeno e progesterona · Acima dos 30 anos, mais de 25% terão leiomiomas · Sintomatologia: número, tamanho, localização · Dor · Sangramento anormal · Infertilidade/aborto · Transformação maligna é rara (2%) e a tensão para essa transformação costuma ser maior acima de 50 anos · Morfologia · Localização: intramural (mais comum), submucoso (podem ser pediculados e ocuparem a cavidade), subseroso (também pode ser pediculado, podem sofrer necrose no pedículo e se soltarem do útero e se implantando nos ligamentos pélvicos, gerando leiomioma parasita) · Os submucosos estão relacionados a maior risco de infertilidade e aborto devido ao preenchimento da cavidade uterina · Únicos ou múltiplos · Nódulos bem delimitados, contornos lisos, arredondados · Coloração esbranquiçada e aspecto fasciculado · Podem ocorrer degenerações (ex: calcificações, costumam ocorrer em pacientes mais idosas) · Microscopia · Feixe de células musculares lisas entrecruzados · Baixa atividade mitótica, núcleos ovais, sem atipias · Degenerações: hidrópica, necrose hialina, hemorragia · Leiomiossarcoma · 1,5% das neoplasias uterinas malignas uterinas (bem raras) · Idade: 40-60 anos · Altamente maligna, tende a ter muita metástase a distância · Disseminação na cavidade abdominal · Metástases sanguíneas (>50%), geralmente precoces → pulmões, ossos e cérebro · Sobrevida em 5 anos: 10 a 40% (baixa) · Os sarcomas, de forma geral, têm uma taxa de metástase sanguínea muito maior que os de origem epitelial, não passam pela fase de metástase linfática como os epiteliais · Macroscopia · Lesão mal delimitada · Frequentemente, cresce no endométrio, mas se projeta pra dentro da cavidade (massa polipoide) · Pode ser totalmente intramural · Consistência macia (taxa de celularidade muito alta) · Muito frequente de ocorrer necrose e hemorragia · Microscopia: 3 critérios para fechar o diagnóstico · Necrose: suja, com restos celulares · Atipia: desde atipia leve até anaplasia · Atividade mitótica (> 10 mitoses em 10 campos de grande aumento): comumente há mitoses atípicas · Endometriose e Adenomiose · Endometriose: tecido endometrial fora do útero · Quadro clínico: dor e infertilidade · Sintomas secundários à invasão de órgãos vizinhos (intestino, bexiga) · Tecido responde à hormônio, por isso é cíclico e há hemorragia, havendo resposta inflamatória e dor · Muito associado a distorções anatômicas devido a características fibrosantes e ambiente pró-inflamatório · Localização (ordem decrescente de frequência) · Ovários, tubas uterinos · Ligamentos uterinos · Septo retovaginal/fundo de saco · Peritônio pélvico · Colo uterino, umbigo, vagina, vulva, apêndice, intestinos, bexiga · Cicatrizes da parede abdominal · Pulmão, cérebro, ossos, cavidade nasal (muito raros) · Patogênese: o tecido, onde ele estiver, responde a hormônio · Resposta à estimulação hormonal → sangramentos cíclicos (dor) · Coleções sanguíneas → cistos no ovário, endometriomas · Organização da hemorragia → fibrose → aderências · Atividade de aromatase no tecido endometriótico, por isso ele pode auto-estimular o seu crescimento · Fatores hormonais, genéticos e imunológicos · Cascata inflamatória local associadas aos implantes endometrióticos: perfil pró-inflamatório no peritônio pélvico (TNF, PGE2), alteração da ovulação e da fertilidade · Na maioria das vezes, a condução é de bloqueio hormonal, mas muitos pacientes podem precisar de uma abordagem mais invasiva · Teoria da implantação/regurgitação: menstruação retrógrada · Teoria da disseminação linfática/vascular: justificariam sítios à distância · Teoria da metaplasia (epitélio celômico) · Macroscopia · Massas/nódulos: coloração depende do tempo (avermelhados, azulados, acastanhados) · Endometrioma: cistos com conteúdo achocolatado no ovário · Aderência entre órgãos, placas fibrosas · Microscopia: · Presença de tecido com glândula e estroma (na maioria das vezes, encontra glândula e estroma endometriais, mas pode ter só estroma) · Presença de hemorragia · Adenomiose: tecido endometrial no interior do miométrio · Quadro clínico: dor e menorragia · Cicla junto com o endométrio · Macroscopia: miométrio próximo ao endométrio com pontos hemorrágicos, cistos · Microscopia: tecido endometrial na intimidade do músculo, muitas vezes é sinalizado na USG REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
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