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ROTEIRO DE ESTUDO Ciclo Estruturante PROPEDÊUTICA MÉDICA C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 2 INTRODUÇÃO Concluída a anamnese, o médico inicia o exame físico. Este tem, como principal objetivo, aumentar ou reduzir as probabilidades das hipóteses aventadas durante a história clínica. Isso não significa que novos dados de anamnese não possam ser colhidos durante o exame da pessoa, mas é fundamental que o médico tenha alguns diagnósticos em mente. Eles o ajudarão a interpretar os resultados encontrados. Avaliação Abrangente Avaliação Focalizada Desenvolve proficiência em habilidades essenciais ao exame físico Adequada para pacientes já conhecidos, principalmente durante consultas de rotina ou de urgência Fortalece a relação médico-paciente Aborda queixas ou sintomas localizados Fornece conhecimentos fundamentais sobre o paciente Aplica métodos de exames relevantes à avaliação das queixas ou problemas da maneira mais exata e cuidadosa possível Compõe uma linha de base para avaliações futuras Adequada para pacientes novos OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Descrever as características do ambiente adequado para o exame físico. • Identificar os equipamentos e aparelhos necessários para o exame físico. • Listar as posições adequadas do médico e do paciente para o exame físico. • Definir inspeção, percussão, palpação e ausculta. • Descrever a semiotécnica da inspeção, da percussão, da palpação e da ausculta. 1 - Material Semiológico e Técnicas Básicas do Exame Físico C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 3 PREPARO PARA O EXAME FÍSICO: 1. Ambiente Adequado a. Privacidade: o médico deve se preocupar com o pudor do paciente. Para isso, utilizam-se biombos, cortinas ou realiza-se o exame em outra sala. Esse cuidado visa impedir que outras pessoas vejam o corpo do exposto. Outro modo de resguardar a privacidade é o uso de lençóis ou aventais, bem como desnudar o paciente por partes: examina-se primeiro a metade superior do corpo e depois a metade inferior, despindo cada uma separadamente. Cuidado especial para exame realizado em paciente do sexo oposto, ou seja, médico examinando paciente do sexo feminino ou médica examinando paciente masculino. Nestas ocasiões, principalmente para exames de partes íntimas, é recomendado ter sempre um técnico de enfermagem ou atendente ao lado. b. Conforto: sempre perguntar ao paciente se sua posição está confortável. Situações desagradáveis para o paciente podem interferir na obtenção correta das informações. Por outro lado, o conforto não deve ser privilégio do paciente, pois, quando o médico adota posições viciosas, chegará rapidamente à fadiga. c. Tranquilidade: um ambiente tenso não favorece a adequada realização do exame físico. Muitas manobras exigem relaxamento por parte do indivíduo. d. Temperatura agradável: assim como nos dois quesitos anteriores, a temperatura pode interferir no exame físico. Nos ambientes climatizados, o erro está em ajustar a temperatura ao conforto do médico, que normalmente está vestido e com jaleco, ao passo que o paciente ficará parcialmente despido. Essa situação predispõe a tremores e tensão muscular no paciente, dificultando a realização de algumas manobras ou levando a interpretações equivocadas. e. Boa iluminação: a iluminação adequada é a luz natural, pois a luz artificial (ou de fraca intensidade) pode gerar confusão na percepção de alguns achados, como icterícia e palidez. Pode-se lançar mão de lanternas ou aparelhos específicos para iluminar algumas partes do corpo, em especial as cavidades. f. Silêncio: primordial durante a ausculta. A maioria dos sons, sejam normais ou anormais, é de pequena intensidade e um ambiente ruidoso prejudica sua percepção. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 4 2. Material Básico a. Maca ou mesa de exames: deve ter altura que permita ao profissional examinar o paciente sem curvar de forma desconfortável sua coluna. Uma maca baixa demais acabará por fadigar o médico. Em virtude dessa exigência e para maior segurança do paciente, deve-se dispor de uma escada. b. Lençol descartável para cobrir o leito c. Lençol descartável ou avental para cobrir o paciente d. Mesa e. Caneta e impressos 3. Material Médico a. Estetoscópio: seus componentes são – olivas auriculares; hastes metálicas; tubos de condução; receptores (campânula e diafragma). Utilizado para ausculta. A escolha do receptor será abordada mais adiante. b. Esfigmomanômetro: utilizado para aferir a pressão arterial; pode ser aneroide ou eletrônico. • Aneróide o Manguito: bolsa de ar que impõe uma pressão no membro do paciente quando insuflada o Braçadeira ou Bracelete: envolve o membro do paciente, permitindo a fixação do manguito; Olivas Hastes metálicas Tubo Receptor C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 5 o Manômetro: determina o valor da pressão aplicada no membro em mmHg; o Válvula de pressão: deve ser fechada quando da insuflação do manguito e aberta de forma a permitir uma lenta queda de pressão; o Bulbo ou Pêra: permite insuflar o manguito o Vias de conexão: ligam o manguito ao bulbo e ao manômetro • Eletrônico: composto apenas de manguito, braçadeira ou bracelete, manômetro digital e tubo de conexão (este ausente no esfigmomanômetro de pulso); c. Lanterna: utilizada para iluminar cavidades e para avaliar reflexos fotomotores. Idealmente, o feixe de luz deve ser branco e estreito. d. Abaixador de língua: utilizado para examinar a cavidade oral e orofaringe, sendo descartáveis. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 6 e. Fita métrica inelástica: utilizada para aferir diâmetros corporais, como perímetro cefálico, cintura, quadril, circunferência da panturrilha, e outros achados passíveis de mensuração, como hepatimetria, altura do joelho (para estimar o peso). f. Termômetro: utilizado para verificar a temperatura corporal, normalmente a partir da medida axilar. Também pode ser quantificada na cavidade oral ou reto. g. Lupa: útil para exame dermatológico. h. Martelo de reflexos: utilizado na pesquisa de reflexos tendinosos ou profundos. i. Diapasão: instrumento vibratório (usualmente nas frequências 128 Hz, 256 Hz e 512 Hz) utilizado, por exemplo, na pesquisa de sensibilidade vibratória (propriocepção) e para testes auditivos (Rinne e Weber). C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 7 j. Agulha descartável: para pesquisa de sensibilidade dolorosa, com o cuidado de não ferir o paciente. k. Algodão: para pesquisa de sensibilidade tátil. l. Fio dental sem sabor: pode ser utilizado em substituição ao algodão na pesquisa de sensibilidade tátil, especialmente na córnea. m. Balança antropométrica: permite quantificar peso corporal; pode ser analógica ou digital n. Haste milimetrada: determina a altura do paciente; pode fazer parte da balança ou ser afixada na parede do consultório. o. Oftalmoscópio: utilizado para visualização do fundo de olho. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 8 p. Otoscópio: permite o exame do conduto auditivo externo e da membrana timpânica. 4. Posições do paciente a. Sentado: pernas descruzadas e mãos apoiadas sobre os joelhos. b. Decúbito dorsal ou posição supina: o paciente deita com o dorso encostado no leito. c. Decúbito lateral esquerdo: o paciente deita com o lado esquerdo em contato com a maca. d. Decúbito lateral direito: o paciente deita com o lado direito em contato com a maca. e. Decúbito ventral ou posição prona: o paciente deitacom a face anterior do corpo encostadA no leito. f. Ortostase: paciente de pé g. Existem outras posições específicas conforme a manobra, o que será estudado no tempo oportuno. Lente de amplificação Espéculo Botão liga/desliga Cabo/compartimento de pilhas C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 9 5. Posições do Médico a. Classicamente, o médico deve estar à direita do paciente, mas pode assumir outras posições, ora de um lado, ora de outro, ora em pé, ora sentado, a depender da manobra a ser realizada. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 10 6. Sequência do Exame a. A chave para um exame físico detalhado é o desenvolvimento de uma sequência sistemática. • Cabeça → Pés • Anterior → Lateral → Posterior 7. Biossegurança A biossegurança é fundamental para proteção tanto do paciente como da equipe de saúde. Não deixe de seguir essas orientações. a. Quando higienizar as mãos? Fonte: Ministério da Saúde C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 11 b. Como higienizar as mãos? Fonte: Ministério da Saúde C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 12 Observação: as mãos devem ser lavadas antes do contato com paciente, mesmo que o examinador vá usar luvas. c. Equipamentos de Proteção Individual • Luvas: indicadas para exame de paciente com possível quadro infeccioso ou quando há possibilidade de contato com secreções (incluindo suor). • Jaleco: ferramenta indispensável. • Máscara cirúrgica: deve ser usada sempre no contato com paciente portador de doença transmitida por gotícula: adenovírus, coqueluche, difteria, epiglotite, faringite, pneumonia, influenzae, meningite por Haemophylus influenzae ou Neisseria meningitidis, meningococcemia, rubéola. • Máscara N95: deve ser usada para contato com paciente com suspeita de doenças transmitidas por aerossóis: tuberculose, hantavirose, sarampo, síndrome respiratória aguda grave, gripe aviária e varicela. • Gorro e propé: normalmente, não serão necessários durante este módulo. Esses equipamentos de proteção são utilizados no centro cirúrgico. • Calçado adequado: deve ser fechado, para evitar acidentes com material perfurocortante, com solado antiderrapante e de fácil limpeza. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 13 TÉCNICAS BÁSICAS DO EXAME FÍSICO As técnicas básicas do exame físico são quatro: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Elas são utilizadas, na maioria das vezes, seguindo essa ordem, podendo ou não ser suprimida uma das etapas. Entretanto, cabe ressaltar que essa divisão é pedagógica e não implica que se deve esgotar todo o exame por uma técnica para então passar à seguinte. Na prática, os médicos mesclam essas etapas durante o exame físico. Para o iniciante, que ainda não está familiarizado com o exame físico, a recomendação é seguir a sequência, sob pena de suprimir uma delas. Outra ressalva: para cada sistema há uma ordem própria, o que será discutido posteriormente. O paciente deve ser esclarecido previamente sobre o que será realizado e as posições que deverá adotar. O hábito de informar ao paciente o que iremos fazer e o que queremos que ele faça diminui sua ansiedade, economiza tempo e aumenta a eficiência do exame. INSPEÇÃO A inspeção se inicia no primeiro contato com o paciente. Antes mesmo de trocar as primeiras palavras, já é possível observar aspectos físicos e emocionais, comportamentos, posturas e movimentos, alterações da pele, constituição, biotipo, simetria, contorno abdominal, edema, marcha, entre outros aspectos Em geral, o exame se faz diretamente, sem uso de instrumentos. Em algumas circunstâncias, pode-se lançar mão de uma lanterna ou de uma lupa. Conforme já citado, é crucial uma iluminação adequada, preferencialmente luz natural com incidência oblíqua, por ser mais adequada à observação de alterações na coloração, bem como na detecção de relevos e movimentos, sejam normais ou anormais, como o ictus cordis. Nunca é demais enfatizar a observância ao pudor do paciente. Há duas maneiras de fazer a inspeção: a) Inspeção frontal: olha-se frente a frente a região a ser examinada b) Inspeção tangencial: permite detectar movimentos mínimos na superfície corporal; pode ser feita na transversal, normalmente da direita para a esquerda do paciente, ou no sentido longitudinal (cabeça → pés ou pés → cabeça). Caso a luz natural não seja C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 14 satisfatória, pode-se lançar mão de iluminação tangencial com lanterna, que facilita a visualização de movimentos sob a pele, como pulsações. PALPAÇÃO É realizada, na maioria das vezes, com a palma das mãos, mono ou bimanual, ou com a ponta dos dedos. A palpação monomanual é utilizada para avaliação superficial (sensibilidade, consistência e alterações da pele, tecido subcutâneo e músculos, presença de pulsações). Pode ser realizada em movimentos circulares leves ou, no caso da palpação abdominal, também através de movimentos de flexão dos quatro dedos (exclui-se o polegar), que comprimem levemente a parede. A palpação bimanual, conforme imagem na próxima página, é utilizada para palpação profunda do abdome. As mãos devem ser dispostas de tal forma que se forme, entre elas, um ângulo agudo com a abertura voltada para o examinador. Útil para avaliação do conteúdo abdominal de pessoas obesas ou para vencer a contratura voluntária, se presente. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 15 A palpação mono ou bidigital é indicada para localizar pontos sensíveis, explorar orifícios e determinar o sentido da circulação colateral. Variações: • Palpação com face dorsal dos dedos ou das mãos: para exame da temperatura; • Palpação em pinça: usa-se o polegar em contraposição ao indicador; utilizada para avaliar tamanho, mobilidade, sensibilidade, consistência de lesões de pele, linfadenomegalias ou pontos-gatilho miofasciais C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 16 • Palpação com a borda da mão: forma utilizada em algumas manobras especiais, como Lemos-Torres, para palpação do fígado; • Palpação em garra: utilizada para palpação do fígado (método de Mahtieu); • Palpação bimanual: utilizada no exame abdominal, assim como na pesquisa de massas na cavidade oral ou vaginal/pélvica C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 17 • Digitopressão: realizada com a polpa do polegar ou indicador. Usos: avaliar presença de edema, dor (pontos-gatilho miofasciais, por exemplo), telangectasias; • Puntipressão: compressão de objeto pontiagudo para avaliar sensibilidade dolorosa. Cuidado para não ferir o paciente. • Fricção com algodão: avaliar sensibilidade tátil. A palpação permite delimitar áreas e observar sua consistência, forma e volume, temperatura, mobilidade, sensibilidade, expansão, vibração (frêmito) e presença de crepitações. Deve ser inicialmente superficial, aprofundando-se, especialmente no abdome, conforme a necessidade. Recomenda-se cautela para não provocar dor e desconforto, palpando-se com movimentos suaves e com as mãos aquecidas. Se as mãos estão frias, deve-se friccioná-las uma contra a outra. Pergunta-se ao paciente se sente alguma dor e, em caso afirmativo, inicia-se a palpação pela região sem dor. Deve-se solicitar ao paciente que comunique qualquer desconforto durante o procedimento, bem como o examinador deve estar atendo às reações faciais do paciente que possam indicar sofrimento. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 18 PERCUSSÃO A percussão consisteem dar pequenos golpes em determinadas regiões do corpo com objetivo de produzir uma resposta, que pode ser sonora, tátil, dolorosa ou motora. O som percebido à percussão é resultado da vibração desencadeada pelo golpe, que varia em tonalidade conforme a resistência dos tecidos percutidos. Essa mesma vibração pode ser sentida pelo examinador no dedo que está em contato com o paciente (resposta tátil). Outro exemplo de sensação tátil relacionada à percussão é a manobra do piparote, para detecção de ascite, que será abordada no exame do abdome. A percussão também é usada para pesquisa de dor, como a percussão do seio maxilar para diagnóstico de sinusite, bem como no teste dos reflexos musculares. Outros exemplos são a punho-percussão lombar para detectar processos inflamatórios/infecciosos na loja renal (Sinal de Giordano) e a sensação de choque ao percutir o nervo mediano ao nível do punho (Sinal de Tinel). C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 19 A percussão pode ser direta ou indireta. Na primeira, o examinador golpeia diretamente, seja com as pontas dos dedos ou a face ulnar da mão, a região-alvo. No exame neurológico, é utilizado o martelo. Na percussão indireta, deve-se interpor um dedo (o segundo ou terceiro quirodáctilo da mão esquerda, nomeado plexímetro) entre a região-alvo e o dedo que percute (chamado plexor). Este tradicionalmente é descrito como sendo o dedo indicador ou médio da mão direita, que deverá dar um golpe seco e rápido na falange distal do dedo apoiado na pele. Entretanto, o médico pode escolher outras formas de realizar a percussão, como, por exemplo, escolhendo o dedo plexor que melhor lhe convier. Lembre-se de que o ambiente deve ser silencioso, o paciente colocado confortavelmente na posição mais adequada para a realização da manobra. O examinador adota postura que varia de acordo com a região a ser percutida, desde que correta e confortável. A movimentação da mão do dedo plexor se fará apenas com a movimentação do punho. O cotovelo permanece fixo, fletido em ângulo de 90º com o braço em semiabdução. O dedo plexímetro deve ser o único a tocar a região-alvo. Os demais e a palma da mão não podem repousar sobre a pele para que não interfiram na propagação da vibração e, consequentemente, abafem o som. O golpe deve ser dado com a borda ungueal e não com a polpa do dedo. Dessa forma, é aconselhado manter as unhas bem cortadas. Executam-se dois golpes seguidos, secos e rápidos, em cada região. Tipos fundamentais de sons: • Maciço: obtido à percussão de órgãos desprovidos de ar, como fígado, ou na presença de processos patológicos, como derrames cavitários. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 20 • Submaciço: observado nos limites entre vísceras maciças e ar, como a transição entre os pulmões e o fígado. • Claro pulmonar: característico da percussão do tórax normal. • Timpânico: típico de áreas com maior proporção de ar, como o espaço de Traube e pneumotórax. AUSCULTA Consiste em ouvir os sons produzidos pelo corpo. Para isso, utiliza-se o estetoscópio. Conforme já citado em outros momentos, o ambiente de ausculta deve ser silencioso, pois os ruídos cardíacos e broncopulmonares são de baixa intensidade. O paciente deve ficar em decúbito dorsal para o exame dos sons cardíacos e dos ruídos hidroaéreos do trato digestivo. Sentado, para percepção dos sons pulmonares e de sons cardíacos da base (melhor percebidos com ligeira inclinação do tronco para frente – posição de Harvey). Para melhor exame dos focos do ápice cardíaco, posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo. O examinador deve ficar à direita do paciente, exceto quando se ausculta a face posterior do tórax. Para pacientes restritos ao leito, pode-se lançar mão de decúbitos laterais para ausculta da região posterior do tórax. A tranquilidade e colaboração do paciente são cruciais em todas as etapas do exame físico, especialmente no exame dos sons respiratórios. Por isso, deve-se orientar claramente o que é esperado dele: inspirar profundamente, parar a respiração, etc. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 21 Como escolher o receptor correto? O diafragma é adequado para sons de alta frequência (bulhas e sopros cardíacos, ruídos hidroaéreos, sons pulmonares), enquanto a campânula para baixa frequência (sopros, 3ª e 4ª bulhas). São causas de erro na ausculta: apoio inadequado do receptor, ausculta sobre roupas ou pelos, compressão excessiva sobre a campânula, ruídos ambientais. A ausculta do abdome é útil quando se suspeita de abdome agudo e no pós-operatório. O silêncio abdominal significa paralisia do intestino. Também utilizada na pesquisa de sopros. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 22 ● Ambiente: O local da anamnese/entrevista deve garantir a privacidade do paciente e ser o mais iluminado, silencioso e confortável possível. Pode ser em um consultório, uma enfermaria, um posto de saúde ou até em uma sala de emergência. ● Apresentação: O examinador deve apresentar-se ao paciente com roupas adequadas ao ambiente em que se encontra, de forma a facilitar sua identificação e respeitar os padrões das normas de biossegurança. ● Postura: Durante a anamnese/entrevista, o examinador deve apresentar uma postura aco- lhedora e atenciosa, além de expressar segurança, tranquilidade e, principalmente, interes- se. Tal postura ocorre através de gestos, palavras, expressões faciais e do tom de voz. Evite conversas paralelas com outros alunos durante o contato com o doente. Lembre-se: você está construindo sua relação médico-paciente a partir deste momento inicial e conquistar a confiança do mesmo é fundamental para obter informações necessárias ao raciocínio clínico. Por fim, pergunte se o paciente se incomoda com anotações durante a entrevista. ● Primeiro Contato: O cumprimento formal é a primeira etapa do contato inicial. Chame o paciente pelo nome, se já for conhecido. Estabeleça o contato físico inicial por meio de um aperto de mão ou um simples toque no ombro ou no braço. Apresente-se de maneira completa informando seu nome, sua posição, seu papel e sua função. ● Permissão para anamnese: Sempre esclareça ao paciente o que será feito e pergunte se o mesmo está de acordo com a proposta da atividade. Explique, se necessário, o objetivo da anamnese e caso o paciente esteja indisposto ou apresentando algum sintoma que impeça a anamnese, retorne em outro momento ou até que este tenha sua queixa resolvida ou estabilizada pelo médico assistente. Estabeleça um tempo estimado da entrevista para que o paciente se programe. A franqueza e sinceridade são suas aliadas nesse momento. Preparando a Anamnese Anexo 1 C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 23 EXEMPLO DE INÍCIO DE ABORDAGEM DO PACIENTE: "... Olá, boa tarde, senhor(a) (Nome do paciente). Eu sou (nome do entrevistador), aluno(a) do segundo ano do Curso de Medicina - UNINTA e faço parte da equipe do Professor(a) (nome do professor). Estou aqui hoje para conversar sobre a sua história. O senhor(a) se importa de conversarmos agora? O senhor(a) se importa que eu tome notas durante a entrevista? Vamos conversar por volta de duas horas, certo? Espero que possa lhe auxiliar na solução do seu problema… " COMPONENTES DA ANAMNESE TRADICIONAL ● Identificação ● Queixa e Duração ● História da Doença Atual (HDA) Sintoma-Guia Sintomas Associados ● Interrogatório sobre diversos aparelhos (ISDA) ● Antecedentes Pessoais Medicações Cirurgias, Alergias e Doenças Prévias Internações Prévias História Fisiológica Hábitos e Estilo deVida ● Antecedentes Familiares Condições Sociais e Econômicas ● Hipótese Diagnóstica Sindrômica ● Plano Terapêutico/Diagnóstico C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 24 FASE I: INÍCIO (ACOLHIMENTO) Preparação • Ambiente assistencial (ambulatorial ou hospitalar) acolhedor e confortável. • Estar “livre” para o paciente, resolvendo outros problemas antes da consulta. • O médico vestido adequadamente. • Portar o crachá de identificação. Relação médico-paciente • Receber educadamente o paciente, apresentando-se com esclarecimento de sua função. • Chamar o paciente pelo nome e perguntar como ele gostaria de ser chamado. • Evitar diminutivos (exemplo: vovozinho, você tem dor na barriguinha? Dói o pezinho?...) • Mostrar interesse e respeito com o paciente. Identificação das razões da consulta • Identificar as razões da consulta. • Realizar escuta ativa. • Não interromper o paciente. FASE II: OBTENDO INFORMAÇÕES O médico deve: • Encorajar o paciente para contar sua história. • Utilizar técnicas de entrevista e semiotécnica: parafraseamento, reflexão, interpretação, apoio, facilitação, esclarecimento, confrontação, respostas empáticas e silêncio • Usar inicialmente questões abertas e, posteriormente, questões fechadas. Perguntas Abertas: "O que o sr. está sentindo? O que motivou sua internação? O que aconteceu para o senhor está aqui? O que lhe trouxe à consulta?..." Fases da Entrevista Anexo 2 C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 25 Perguntas Fechadas: "Onde é o local da dor? Há quanto tempo o senhor tem falta de ar? Quantas vezes o sr. vomitou? Qual a cor do escarro? Quantos graus foi a febre?" • Realizar escuta ativa. • Demonstrar apropriada linguagem não verbal (contato visual, expressão facial, postura, posição, movimento, uso do silêncio). • Demonstrar apropriada linguagem verbal (encorajamentos mínimos, parafraseamento, reflexão de sentimentos). • Não fazer julgamentos. • Solicitar ao paciente explicação dos seus problemas. • Estabelecer datas e sequências de eventos. • Realizar um sumário das informações colhidas do paciente. FASE III: EXAME FÍSICO Será abordado ao longo do Módulo. FASE IV: EXPLICAÇÃO E PLANEJAMENTO – MANEJO DOS PROBLEMAS • Informar adequadamente ao paciente sobre os seus problemas. • Checar a compreensão do paciente. • Adequar sua linguagem à do paciente. • Propor um plano de tratamento. FASE V: FECHAMENTO • Esclarecer o paciente os próximos passos. • Fazer um breve resumo da consulta, estabelecendo o tratamento e os cuidados. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 26 1. IDENTIFICAÇÃO ● Nome (completo e como gostaria de ser chamado). Se for necessário preservar a identidade do paciente, pode-se abreviar o nome com as iniciais ou omiti-lo. ● Idade e data de nascimento. ● Sexo (masculino ou feminino). ● Etnia (amarelo, pardo, branco, negro, etc...). ● Estado civil (solteiro, casado, divorciado, viúvo, união estável, etc…). ● Profissão/ocupação atual e anterior (algumas doenças são predominantes em algumas ocupações ou agravadas por determinadas condições de trabalho). ● Local de nascimento. ● Residência atual e anterior. ● Grau de escolaridade (preferencialmente em anos de estudo). ● Religião. ● Nome da mãe ou do acompanhante/leito e local de internação do paciente. ● Data da entrevista/anamnese. 2. QUEIXA PRINCIPAL (QP) Esta etapa consiste em procurar compreender o principal motivo (principal queixa) que trouxe o paciente à consulta médica e há quanto tempo isso o incomoda. São sintoma(s) referido(s) pelo paciente que motivaram o atendimento médico e deve(m) ser registrado(s), quando possível, com seus próprios termos. Incluir o tempo de início da queixa. Sugestões de pergunta introdutória: O que trouxe o senhor à consulta? O que motivou sua internação? Há quanto tempo isso está acontecendo? História Clínica Anexo 3 C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 27 3. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) A história da doença atual (HDA) ou história pregressa da moléstia atual consiste no relato cronológico dos sinais e sintomas, desde o início da queixa principal até a data atual. Entretanto, durante a entrevista médica, os relatos de sinais e sintomas formulados pelo paciente dificilmente serão fornecidos de forma cronológica e de acordo com a linguagem e termos técnicos utilizados na prática médica. Em geral, os discursos dos pacientes são feitos em forma narrativa. Neste momento é essencial deixar o paciente falar, evitando interrompê-lo, a fim de que possa também relatar livremente os fatos do seu processo de adoecimento, motivos, preocupações e interpretações. Durante o relato do paciente, o examinador deve pontuar trechos da narrativa do paciente sobre sinais e sintomas na forma de tópicos. Posteriormente, isso facilitará a organização cronológica da anamnese e a elaboração de perguntas fechadas sobre sintomas específicos. • Deixe que o paciente fale sobre sua doença por um determinado período (3 a 5 min). • Determine o sintoma-guia. • Marque a época do seu início. • Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça a relação cronológica das outras queixas com o mesmo. • Cada sintoma deve ser analisado sob os seguintes elementos: início (súbito, gradual), duração (duração da doença e da última crise), frequência, características (localização, se aplicável, intensidade, caráter, irradiação), evolução (piora, melhora, intermitente), relação com outras queixas, fatores agravantes/desencadeantes, fatores atenuantes/de melhora, situação no momento atual, fatores ou sintomas que acompanham. • Verifique se a história obtida tem começo, meio e fim. • Forneça dados positivos /negativos do sistema acometido relacionado ao sintoma-guia. • Repercussão da doença sobre o estado geral. • Relação com atividades fisiológicas (sono, apetite, deambulação, postura, defecação, micção, etc). • Não induza respostas. • Apure exames, evolução e tratamentos realizados em relação à doença atual. • Ao final, leia a história que escreveu para o paciente a fim de que ele possa confirmar, corrigir ou acrescentar alguma queixa esquecida. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 28 Existem diversas formas mnemônicas das características dos sintomas, em que cada letra denota um caráter descritivo do sintoma, se aplicável: • ILICIDPFFF I – Início L – Localização I – Intensidade C – Caráter I – Irradiação D – Duração P – Periodicidade ou Frequência F – Fatores de Melhora ou Atenuantes F – Fatores de Piora ou Desencadeantes F – Fatores que acompanham ou associados • PPQRSST P – Provocativo: fatores desencadeantes e agravantes P – Paliativo: fatores de alívio Q – Qualidade: caráter R – Irradiação (do inglês Radiation): localização e irradiação S – Severidade: intensidade S – Sintomas Associados T – Tempo: início, duração, periodicidade 4. INTERROGATÓRIO POR ORGÃOS E APARELHOS Objetivo: Resgatar sinais ou sintomas que não foram relatados na HDA. Identificando manifestações relacionadas à doença atual ou mesmo a doenças coexistentes não conhecidas pelo paciente. Orientações: 1. Não é necessário repetir sintomas/sinais relatados na HDA. 2. Caracterizar as queixas relatadas. Refere ainda - relatar sintomas que não tem relação com a doença atual, mas coexistem. Nega- relatar sintomas que poderiam estar associados, mas não foram relatados. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 29 4.1 Geral Febre, sudorese, calafrios, astenia, adinamia, icterícia, palidez, fraqueza, fadiga, anorexia,peso usual e atual (verificar se houve perda de peso e quantificar quanto perdeu). 4.2 Pele e fâneros Prurido, fotossensibilidade, rash, alterações de pigmentação, alterações do revestimento cutâneo, presença de lesões dermatológicas elementares (mácula, pápula, placa, nódulo, vegetações, vesícula, bolha, pústulas ou abscesso), alopecia, hipertricose, alterações dos cabelos e pelos, alteração ungueal, alteração da sudorese e uso de tintura para cabelo. 4.3 Cabeça e pescoço Dor, cefaleia, tontura, parestesias, Aparelho Ocular – dor ocular, secreção, vermelhidão, redução da visão, uso de lentes corretivas, daltonismo, fotofobia, diplopia, hemianopsia, xeroftalmia, sensação de corpo estranho, ardência, lacrimejamento, nistagmo, escotomas e história de glaucoma. Aparelho Auditivo – dor, traumatismos, perda da acuidade auditiva, otorreia, otorragia, zumbido, acúfenos, tontura e vertigem. Nariz e Cavidades Paranasais – alterações da olfação, rinorreia, obstrução nasal, espirros, crises esternutatórias, gotejamento pós-nasal e epistaxe. Cavidade Bucal e Anexos – lesões de mucosa oral, halitose, disfagia, disfonia, odinofagia, xerostomia, rouquidão, disgeusia, ronco e apneia do sono. 4.4 Aparelho Respiratório Dor ventilatório dependente, dispneia, ortopneia, trepopneia, platipneia, dispneia paroxística noturna, tosse, expectoração (volume e aparência), vômica, hemoptoico/hemoptise, alterações da forma do tórax, sibilância e cornagem. 4.5 Aparelho Cardiovascular Dor precordial, palpitações, dispneia aos esforços (classificar), dispneia paroxística noturna, ortopneia, edema, cianose, palidez, sudorese, hemoptoicos, claudicação intermitente, varizes e fenômeno de Raynaud. 4.6 Aparelho Digestivo Alterações do apetite (bulimia, polifagia, polidipsia, hiporexia, anorexia ou inapetência ou perversão do apetite), alterações de forma e volume do abdome; dor e suas características semiológicas, sialorreia, halitose, disfagia alta e baixa, odinofagia, pirose, regurgitação, soluço, eructação, náuseas, vômitos, icterícia, intolerância alimentar, hematêmese, C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 30 hematoquezia, plenitude gástrica, empachamento pós-prandial, diarreia, disenteria, melena, esteatorreia, constipação, flatulência, tenesmo e dor anal. 4.7 Aparelho Renal e Urinário Alterações miccionais (hesitação, urgência, modificação do jato urinário, retenção urinária ou incontinência), alteração do volume e do ritmo urinário (oligúria, anúria, poliúria, disúria, polaciúria ou noctúria), alterações da cor da urina, alterações do cheiro da urina, odor, edema e dor lombar. 4.8 Aparelho Genital Feminino Alterações da frequência e do fluxo do ciclo menstrual (regularidade, duração dos ciclos, quantidade e duração do fluxo menstrual) amenorreia, hipermenorreia, metrorragia, cólicas, tensão pré-menstrual, data da última menstruação, corrimento, prurido, disfunções sexuais (erotismo, dispareunia, frigidez ou vaginismo), menopausa e climatério. 4.9 Aparelho Genital Masculino Distúrbios miccionais, dor (testicular, perineal, lombossacra), priapismo, hemospermia, fimose, corrimento uretral e disfunções sexuais (disfunção erétil e ejaculação precoce). 4.10 Sistema Osteoarticular e Muscular Dor, rigidez pós-repouso, sinais inflamatórios, crepitação articular, deformidades, restrição de mobilidade, tofos, nódulos, atrofia muscular, hipertrofias, miotonias, tetania e cãibras. 4.11 Sistema Hemolinfopoiético Palidez, sangramentos, petéquias, equimoses, hematomas, estados de hipercoagulabilidade, adenomegalias, exposição a agrotóxicos e reações transfusionais. 4.12 Sistema Endócrino Sintomas relacionados a alterações dos hormônios da hipófise (nanismo, gigantismo ou acromegalia), sintomas relacionados a alterações do desenvolvimento sexual (puberdade precoce/atrasada ou galactorreia), sinais e sintomas relacionados ao hipertireoidismo (sudorese, sensibilidade ao calor, perda de peso, taquicardia, tremor, irritabilidade, insônia, astenia, diarreia ou exoftalmia) e sinais e sintomas relacionados ao hipotireoidismo (hipersensibilidade ao frio, diminuição da sudorese, aumento de peso, obstipação intestinal, mixedema, cansaço fácil, apatia, sonolência, alterações menstruais, letargia, pele seca e rouquidão). C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 31 4.13 Sistema Nervoso Distúrbios da motricidade voluntária e involuntária (paresia, plegia ou paralisia, disartria, disfonia), distúrbios da sensibilidade (hipogeusia ou ageusia, hiperestesia, hipoestesia, anestesia, hiperalgesia ou parestesia) distúrbios da olfação (hiposmia ou anosmia), distúrbios da audição (hipoacusia ou acusia) distúrbios da visão (amaurose, diplopia, ambliopia ou hemianopsia); distúrbios do equilíbrio (tontura, vertigem, síncope ou lipotímia), alterações do estado de consciência (ausência, amnésia, confusão, torpor, agitação psicomotora, sonolência e coma), alterações da motricidade involuntária (movimentos coreicos, movimentos atetósicos, tremores, mioclonias, tiques, espasmos e convulsões), distúrbios esfincteriano (incontinência/retenção urinária ou fecal), distúrbios do sono (insônia, sonilóquio e sonambulismo) e distúrbios das funções cerebrais superiores (problemas de memória, dislalia e disritmolalia, dislexia, disgrafia, afasia, distúrbios das gnosias e distúrbios das praxias). 4.14 Saúde Mental História de transtorno mental ou sofrimento psíquico. Ilusões, alucinações (auditivas, visuais, olfatórias ou táteis), hiperatividade, euforia, agitação, tiques, irritabilidade, tristeza, depressão, indiferença, hipobulia, abulia, angústia, medo, agorafobia, onicofagia, tricotilomania, pensamentos sobre morte, ideação suicida, nervosismo, tensão, ansiedade, labilidade emocional, pensamentos obsessivos, comportamento compulsivo. Problemas de memória recente e remota. 5. HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA (HPP) • Doenças pré-existentes. • Comorbidades. • Alergias. • Imunizações. • Internações. • Intervenções cirúrgicas – tipo, época, complicações e resultados. • Traumatismos – tratamento realizado, época e consequências. • Doenças Sexualmente Transmissíveis. • Transfusões – tipo, motivo, época, reações adversas. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 32 6. MEDICAÇÕES EM USO Medicamentos utilizados rotineiramente em casa, posologia, dose, duração do tratamento, motivo e efeitos adversos. Medicações utilizadas atualmente em internação (posologia, dose, duração do tratamento). Observação: Checar uso de fitoterápicos, ansiolíticos, indutores do sono, analgésicos e polivitamínicos usualmente não relatados pelos pacientes. 7. HISTÓRIA FISIOLÓGICA • Condições de nascimento e desenvolvimento - parto eutócico, distócico, fórceps, cesárea. • Nascimento a termo; peso e tamanho ao nascer. • Início da marcha, fala e dentição. • Calendário vacinal atualizado. • Aproveitamento escolar. • Aparecimento da puberdade. • Menstruação, menarca - frequência e regularidade do ciclo menstrual, quantidade do fluxo e alterações. • Época do climatério/menopausa. • Atividade sexual - n.º de parceiros, n.º de relações/tempo. • Gestações - n.º, evolução, complicações, realização de pré-natal. • Partos - n.º, normais/ cesáreas. Aborto - n.º e período da gestação; espontâneos ou provocados. Descrever como G__P__A__. 8. HÁBITOS / ESTILO DE VIDA • Sedentarismo. • Atividade física- tipo e frequência. • Tabagista - n.º de cigarros por dia/ industrial ou artesanal/ início e quando parou; Relação anos x maço (Nº cigarros/dia x Nº anos de tabagismo). • Etilismo - n.º de doses, tipo de bebida, início e quando parou, questionário “CAGE”. • Uso de drogas ilícitas, se sim, quais? C U R S O D E M E D I C IN A CICLO ESTRUTURANTE 33 Questionário CAGE 1. Você já tentou diminuir ou cortar ("Cut down") a bebida? 2. Você já ficou incomodado ou irritado ("Annoyed") com outros porque criticaram seu jeito de beber? 3. Você já se sentiu culpado ("Guilty") por causa do seu jeito de beber? 4. Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca ("Eye-opener")? O consumo de álcool é considerado risco a partir de 2 respostas afirmativas. 9. HISTÓRIA PSICOSSOCIAL • Situação socioeconômica/ Renda familiar/Provedor. • Estrutura familiar – equilibrada, conflitos frequentes, desestruturada. • Grau de sociabilidade - divertimentos e atividades sociais. • Condições de habitação (moradia) – número de moradores, tipo de construção, água encanada, energia elétrica, esgoto sanitário e coleta de lixo, número de cômodos e banheiros. • Dieta habitual (hábitos de alimentação) – exemplos de descrição: alimentação quantitativa e qualitativamente equilibrada, déficit calórico global, insuficiente consumo proteico, alimentação a base de carboidratos, alto teor lipídico, exclusivamente vegetariana, láctea exclusiva. • Hábitos de higiene (banhos, escovação dos dentes). • Sono - n.º de horas por dia e qualidade. • Hábitos sexuais - promiscuidade, uso de preservativos ou homoafetividade. • Reação ao adoecimento – aceitação ou negação. • Contato com animais - se sim, quais? Vacinados? • Procedência da água ingerida. • Informação quanto ao banho de açude. • Informação quanto ao contato com barbeiro. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 34 10. HISTÓRIA FAMILIAR Relatar sobre pais, irmãos, cônjuges, filhos ou outros parentes, ou contactantes, que tenham problemas de importância clínica e a idade ao diagnóstico. Estado habitual de saúde, causas de morte, idade ao falecer, doenças hereditárias, familiares e infectocontagiosas. Presença de hipertensão, diabetes, cardiopatia, câncer, AVC, tuberculose, etc. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 1. MATTOS, W. Semiologia do Adulto. Diagnóstico Clínico Baseado em Evidências. 1 Ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2017. 2. PORTO, C. C. Semiologia Médica: O método clínico. 8 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 3. PORTO, C. C. Semiologia Médica: Anamnese. 8 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 1. LOPEZ, M. Semiologia Médica - As Bases do Diagnóstico Clínico: Introdução ao diagnóstico clínico. 5 Ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. 2. BESENOR, I. M. Semiologia Clínica. 1 Ed. São Paulo: Sarvier, 2002. 3. SWARTZ, M. H. Tratado de Semiologia Médica. 7. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 4. BICKLEY, L.S. Bates Propedêutica Médica. 12 Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 35 Etapa Procedimento Sim Não Postura e Identificação 1. Apresentou-se ao paciente? 2. Perguntou o nome do paciente? 3. Cumprimento o paciente (aperto de mão)? 4. Fez a identificação completa? 4.1 Perguntou o nome completo? 4.2 Perguntou como o paciente prefere ser chamado? 4.3 Perguntou o nome do acompanhante e grau de relacionamento? 4.4 Perguntou a idade e data do nascimento? 4.5 Perguntou o estado civil? 4.6 Perguntou o grau de escolaridade? 4.7 Perguntou a profissão e ocupação atual e anterior? 4.8 Perguntou a religião? 4.9 Perguntou procedências atual e anteriores, identificando o local e tempo 4.10. Realizou as perguntas da identificação corretamente (sem induzir)? Queixa Principal 5. Realizou a queixa e duração de forma adequada? História da Doença Atual (HDA) 6. Iniciou a HDA com perguntas abertas? Checklist Anamnese Anexo 4 C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 36 7. Não interrompeu o paciente? 8. Identificou o sintoma guia? Caracterização do sintoma-guia 9. Identificou quando iniciou? 10. Descreveu como iniciou: súbito ou gradativo? 11. Localizou onde começou e se houve irradiação? 12. Descreveu a irradiação, se houver? 13. Descreveu o caráter? 14. Descreveu a intensidade? 15. Determinou a duração da crise? 16. Determinou a frequência (intervalo das crises)? 17. Descreveu a evolução do sintoma guia ao longo do tempo? 18. Determinou e descreveu se houve fator desencadeante? 19. Determinou e descreveu se houve fator de melhora? 20. Determinou e descreveu se houve fator de piora? 21. Descreveu o sintoma guia no momento atual? Outros sintomas 22. Identificou e caracterizou os sintomas associados mais importantes? 23. Caracterizou os sintomas associados mais importantes? 24. Caracterizou a repercussão dos sintomas na vida pessoal/profissional/social do paciente? 25 Caracterizou relação do sintoma guia com atividades fisiológicas? C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 37 Técnica da entrevista 26. A técnica da entrevista foi adequada: terminologia compreensível, uma pergunta de cada, não induziu, clareza nas perguntas? 27. A entrevista foi organizada? 28. Mostrou segurança e tranquilidade? 29. Abriu espaço no final da HDA para o paciente acrescentar outras informações? História Fisiológica e Patológica/ Medicações em uso 30. Caracterizou o desenvolvimento físico e intelectual (crianças e jovens ou em adultos quando indicado)? 31. Identificou as viroses próprias da infância? 32. Caracterizou o desenvolvimento sexual (menarca, pubarca, telarca, menopausa)? 33. Caracterizou início da atividade sexual: idade, número de parceiros, uso de preservativo, método de anticoncepção? 34. Caracterizou o ciclo menstrual: intervalo, duração, intensidade, data de última menstruação, dismenorreia, tensão pré-menstrual? 35. Identificou as gestações: número, idade da gestante, tempo de gestação, tipo de parto, idade gestacional no aborto? 36. Avaliou história, realização de exames e/ou tratamento de DST (paciente e parceiro)? 37. Avaliou o cartão de vacinação? 38. Identificou e caracterizou doenças prévias: HAS, DM, dislipidemia, obesidade, angina, tuberculose, câncer ou outras doenças sistêmicas? 39. Identificou e caracterizou internações prévias: cirúrgicas, clínicas, obstétricas? Obs.: descrever quais cirurgias realizou e descrever o motivo da internação clínica. 40. Identificou e caracterizou história de traumatismo e acidente? 41. Identificou e caracterizou uso de medicações contínuas ou recentes (medicamentos, fitoterápicos, vitaminas, chás, suplementos ou alimentares)? 42. Identificou e caracterizou história de transfusão sanguínea? 43. Identificou e caracterizou história de alergia? C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 38 História Familiar 44. Caracterizou a família: avós, pais, irmãos, filhos (idade, vivos, estado de saúde)? 45. Caracterizou a presença de morte na família: parentesco, idade, causa provável e idade? 46. Identificou e caracterizou história familiar de HAS, DM, doença cardiovascular (ICC, angina, infarto, aneurisma, doença vascular periférica), renal (litíase, insuficiência renal, glomerulonefrite, diálise, transplante), câncer ou outras doenças sistêmicas e com componente hereditário? 47. Identificou e caracterizou história familiar de doença infectocontagiosa: tuberculose, dengue, meningite, hepatite, varicela ou outra doença infecciosa principalmente se houver transmissão vertical? História Social e Hábitos 48. Identificou e caracterizou o tipo de habitação: material de construção, número de cômodos, água utilizada (encanada, poço), rede de esgoto ou fossa, luz elétrica? 49. Identificou e caracterizou os moradores da habitação? 50. Caracterizou o hábito alimentare hídrico? 51. Caracterizou a atividade física (tipo, frequência)? 52. Caracterizou as relações familiares? 53. Identificou e caracterizou atividade profissional (tipo e condições de trabalho, nível de estresse, condições de risco)? 54. Caracterizou o orçamento familiar (valor aproximado, número de pessoas que contribuem) quando indicado? 55. Identificou e caracterizou a realização de viagens prévias (local, tempo)? 56. Identificou e caracterizou as condições epidemiológicas relevantes: barbeiro, esquistossomose, animais em casa (tipo, vacinação, doenças, morte), armazenamento de grãos, dengue, leishmaniose? 57. Identificou e caracterizou a presença de tabagismo ativo ou passivo: idade de início, duração, frequência, quantidade (cálculo de carga tabágica= anos/maços)? 58. Identificou e caracterizou a presença de etilismo: idade de início, tipo de bebida, quantidade, frequência, duração da ingestão? 59. Identificou e caracterizou o uso de drogas ilícitas: tipo, frequência, quantidade? Interrogatório Sintomatológico 60. Avaliou todos os sistemas? C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 39 61. Fez uma pergunta de cada vez? 62. Usou linguagem compreensível? 63. Não induziu a resposta? 64. Investigou o sintoma quando presente? C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 1- EXAME FÍSICO GERAL QUALITATIVO Aparência Geral Estado geral: é uma avaliação subjetiva com base no conjunto de dados exibidos pelo paciente e interpretados de acordo com a experiência de cada um. Em outras palavras, é o que aparenta o paciente, visto em sua totalidade. • Bom (EGB): calmo, postura ativa, fácies atípica, sem sinais de doença grave • Regular (EGR): apresenta alteração à observação, que sugere alguma anormalidade • Comprometido (EGC): doenças debilitantes e com repercussão clara à observação clínica. Aparência limpa e bem cuidada? Fácies: a fácies pode ser atípica (normal) ou típica, quando seus traços sugerem alguma condição clínica específica ou síndrome. • Fácies atípica: aspecto normal, que comporta muitas variações e não há traços que sugerem doença específica. Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos chamam logo a atenção do examinador. O nariz afila-se, e os lábios se tornam adelgaçados. "Batimentos das asas do nariz" também costumam ser observados. Quase sempre o rosto está coberto de suor. Palidez cutânea e uma discreta cianose labial completam a fácies hipocrática. Esse tipo de fácies indica doença grave. 3 – Somatoscopia e Sinais Vitais C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Fácies renal: o elemento característico desse tipo de fácies é o edema que predomina ao redor dos olhos. Completa o quadro a palidez cutânea. É observada nas doenças difusas dos rins, particularmente na síndrome nefrótica e na glomerulonefrite difusa aguda. Fácies leonina: A pele é espessa. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-se mais grossos e proeminentes. As bochechas e o mento se deformam pelo aparecimento de nódulos. A barba escasseia ou desaparece. Essas alterações em conjunto conferem ao rosto do paciente um aspecto de cara de leão. Embora mais frequente na hanseníase, pode ocorrer em outras doenças. Fácies parkinsoniana: a cabeça inclina-se um pouco para frente e permanece imóvel nesta posição. O olhar fixo, os supercílios elevados e a fronte enrugada conferem ao paciente uma expressão de espanto. A fisionomia é impassível e costuma-se dizer que esses pacientes se parecem com uma figura de máscara Fácies basedowiana ou hipertireóidea: seu traço mais característico reside nos olhos, que são salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro. A expressão fisionômica indica vivacidade. Contudo, às vezes, tem um aspecto de espanto e ansiedade. Outro elemento que salienta as características da fácies basedowiana é a presença de um bócio. Indica hipertireoidismo C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Fácies mixedematosa: constituída por um rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação de seus sulcos. As pálpebras tomam-se infiltradas e enrugadas. Os supercílios são escassos e os cabelos secos e sem brilho. Além dessas características morfológicas, destaca-se uma expressão fisionômica indicativa de desânimo e apatia. Esse tipo de fácies aparece no hipotireoidismo ou mixedema Fácies acromegálica: caracterizada pela saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior, além do aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas. Nesse conjunto de estruturas hipertrofiadas, os olhos parecem pequenos. Fácies cushingoide ou de lua cheia: como a própria denominação revela, chama a atenção de imediato o arredondamento do rosto, com atenuação dos traços faciais. Secundariamente, deve ser assinalado o aparecimento de acne. Este tipo de fácies é observado nos casos de síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal. Pode ocorrer também nos pacientes que fazem uso de corticoides. Orientação e consciência O paciente está alerta ou sonolento? Está orientado no tempo e no espaço? Mais detalhes no roteiro de exame neurológico. Estado Nutricional • Desnutrição: é uma condição na qual o peso está abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo escasso. A pele torna-se seca e rugosa ao tato. A desnutrição proteica faz com que os cabelos e os pelos mudem de cor e se tornem finos, secos C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE e quebradiços. Nas formas graves, podem-se arrancar facilmente. Nos olhos podem-se observar sequidão da conjuntiva bulbar, perda do reflexo à luz, falta ou diminuição das lágrimas. • Caquexia: é a designação dada ao estado de extrema magreza com comprometimento do estado geral do paciente. Aparece nas doenças consumptivas (tuberculose em fase avançada, cirrose, desnutrição grave, neoplasias malignas, síndrome da imunodeficiên-cia adquirida [AIDS]). • Obesidade: significa que o paciente está com Índice de Massa Corporal ≥ 30 (ver adiante). A obesidade por si deve ser considerada uma enfermidade de grande importância clínica, pois se acompanha de distúrbios metabólicos relacionados com os lipídios e os glicídios com grande influência na morbidade e na mortalidade. Hidratação Normalmente, o estado de hidratação é avaliado pela umidade das mucosas, principalmente da língua e mucosa oral que, normalmente, devem permanecer úmidas, e pelo turgor da pele que no paciente hidratado é descrito como elástico. O paciente que apresentar um grau de hidratação adequado será descrito como hidratado. Quando o estado de hidratação for considerado inadequado, o paciente será descrito como desidratado e classificado por meio de cruzes variando de 1 (+) a 4 (++++). Biotipo • Normolíneo: o desenvolvimento do corpo, da musculatura e do panículo adiposo são harmônicos. Ângulo infraesternal (Charpy) em torno de 90º. • Brevilíneo: os membros são, curtos, tórax alargado, estatura baixa e panículo adiposo espesso. Ângulo infraesternal (Charpy) com mais de 90º. • Longilíneo: o tórax é afilado e achatado, os membros são longos e a musculatura delgada. Estatura alta. Ângulo infraesternal (Charpy) com menos de 90º. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Pele e mucosas Cor: • Palidez: a presença de palidez não significa necessariamente anemia. Pacientes com mixedema são pálidos, porém sem anemia, sendo o oposto verdadeiro nas anemias discretas. Costuma-se classificar ograu de palidez por meio da observação da mucosa palpebral das conjuntivas, da mucosa oral, da face, do leito ungueal e da coloração da palma das mãos, locais que são menos afetados por alterações da coloração da pele. O grau de palidez ou descoramento da pele e das mucosas pode ser classificado por meio de cruzes. Quando o paciente não apresenta nenhum grau de descoramento, diz-se que ele está corado ou normocorado; quando é detectado algum grau de descoramento, classifica-se o paciente como descorado ou hipocorado e quantifica-se o grau de descoramento por meio de cruzes variando de 1 (+) a 4 (++++). • Cianose: a cianose é uma coloração azulada da pele e das membranas mucosas que aparece sempre que ocorre aumento da concentração de hemoglobina reduzida, portanto, não ligada ao oxigênio. Em geral é mais facilmente observada nos lábios e na região perioral, no leito ungueal, nos pavilhões auriculares e nas eminências malares. Quando na avaliação do paciente não se detecta a presença de cianose, ele será classificado como acianótico. Quando considerarmos que o paciente apresenta cianose, esta poderá ser quantificada em cruzes, variando de 1 (+) a 4 (++++), de acordo com sua intensidade. • Icterícia: observada pela coloração da pele, da esclerótica e do freio da língua, que se tornam amarelados na presença da hiperbilirrubinemia, caracterizando a icterícia. O paciente sem icterícia recebe a denominação de anictérico. Os pacientes que apresentam icterícia geralmente são classificados por cruzes que variam de 1 (+) a 4 (++++), de acordo com a intensidade do quadro. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Umidade: o método adequado para avaliar a umidade é a palpação, por meio das polpas digitais e da palma da mão. Pela sensação tátil, pode-se avaliar a umidade da pele com razoável precisão. • Umidade normal: geralmente a pele tem certo grau de umidade que pode ser percebido ao se examinarem indivíduos hígidos. • Pele seca: a pele seca confere ao tato uma sensação áspera e visualmente se apresenta sem brilho, podendo ser percebido aumento da rugosidade. É observada em pessoas idosas, em algumas dermopatias crônicas (esclerodermia, ictiose), no mixedema, na avitaminose A, na intoxicação pela atropina, na insuficiência renal crônica e na desidratação. • Umidade aumentada: pode ser observada em alguns indivíduos normais ou pode estar associada a febre, ansiedade, hipertireoidismo e doenças neoplásicas. Em mulheres na menopausa, a umidade excessiva da pele (sudorese) provém das ondas de calor. Elasticidade: para avaliar a elasticidade, pinça-se a prega cutânea com o polegar e o indicador, fazendo em seguida certa tração, ao fim da qual se solta a pele. A diminuição da elasticidade é observada nas pessoas idosas, nos pacientes desnutridos, no abdome das multíparas e, principalmente, na desidratação. Textura: textura significa trama ou disposição dos elementos que constituem um tecido. A textura da pele é avaliada deslizando-se as polpas digitais sobre a superfície cutânea. Pele lisa ou fina: observada nas pessoas idosas, em indivíduos com hipertireoidismo e em áreas recentemente edemaciadas. Pele áspera é observada nos indivíduos expostos às intempéries e que trabalham em atividades rudes, tais como lavradores, pescadores, garis e foguistas, e em algumas afecções como mixedema e dermopatias crônicas. Lesões: • Exantema: erupção cutânea caracterizada por lesões eritematosas (vermelhas), papulosas, puntiformes, com distribuição generalizada e podendo ser pruriginosas ou não. Surgem nas doenças exantemáticas (sarampo, varicela, rubéola), na escarlatina, na sífilis, na moléstia reumática, nas septicemias, nas alergias cutâneas e em muitas outras afecções. • Púrpuras: são manchas avermelhadas causadas por extravasamento de sangue na derme. Quando puntiformes, são chamadas de petéquias e quando formam grandes manchas são chamadas de equimoses. Podem ser causadas por discrasias sanguíneas ou alterações capilares. • Lesões elementares: modificações do tegumento cutâneo causadas por processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, neoplásicos, transtornos do metabolismo ou por defeito de C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE formação. As lesões elementares classificam-se em: alterações de cor, elevações edematosas, formações sólidas, coleções líquidas, alterações da espessura e perda e reparações teciduais. Suas descrições completas devem ser estudadas na bibliografia básica. Alterações em cabelos e unhas: • Inspecione e palpe os fios de cabelo. Observe a quantidade, a distribuição e a textura. Muitas vezes, os cabelos podem perder o brilho e tornar-se quebradiços e secos. Essas alterações ocorrem no mixedema, nos estados carenciais e em várias outras afecções. • Inspecione as unhas dos dedos das mãos e dos pés. Observe sua cor, seu formato e se há lesões. Alterações da forma podem ser notadas em estados carenciais, onicomicoses, nefropatias crônicas, hepatopatias crônicas, psoríase e em pessoas que lidam com substâncias cáusticas (pedreiros, lavadeiras). Coiloníquia ou unha em colher é um estado distrófico no qual a placa ungueal torna-se fina e desenvolve-se uma depressão. Tais alterações ocorrem na anemia ferropriva grave. Linfonodo O exame dos linfonodos se faz por meio da inspeção e palpação. A palpação é realizada com as polpas digitais e a face ventral dos dedos médio, indicador e anular. Pode-se também usar técnica de pinçamento com o indicador e o polegar. Deve-se palpar as cadeias superficiais e, se houver linfonodo palpável, avaliar as seguintes características, comparando bilateralmente: localização, tamanho, consistência, mobilidade, sensibilidade, temperatura, cor da pele e coalescência. • Cadeias da região de cabeça e pescoço: podem ser examinados com o paciente sentado, estando o examinador à frente ou por trás do paciente. São as cadeias pré-auricular, retro- auricular, submentoniana, submandibular, subocciptal, cervical posterior, cervical anterior, supraclavicular. • Linfonodos axilares: de frente ou do lado do paciente, palpe a axila direita com a mão esquerda e vice-versa. Coloque delicadamente as pontas dos dedos no ápice da axila e, em seguida, as paredes axilares anterior e posterior. • Linfonodos epitrocleares: apoie o pulso direito do paciente com a mão esquerda, segure o cotovelo parcialmente flexionado com a mão direita e use o polegar para sentir o linfonodo epitroclear. Examine o linfonodo epitroclear esquerdo com o polegar esquerdo. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE • Linfonodos femorais: devem ser examinados com o paciente em decúbito. Palpe sobre a cadeia horizontal, que fica logo abaixo do ligamento inguinal e, em seguida, sobre a cadeia vertical ao longo da linha da veia safena. Edema É nos membros inferiores que mais frequentemente se constata a existência de edema; todavia, duas outras regiões devem ser sistematicamente investigadas: face (especialmente regiões subpalpebrais) e região pré-sacra, esta particularmente nos pacientes restritos ao leito. • Intensidade: para determinar a intensidade do edema, emprega-se a seguinte técnica: com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face. Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê-se uma depressão no local comprimido, que costuma ser chamada de fóvea ou cacifo. Estabelece-se a intensidade do edema referindo-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes variando de 1 (+) a 4 (++++). • Distribuição: O edema localizado restringe-se a um segmento do corpo, seja a um dos membros inferiores, seja a um dos membros superiores, seja a qualquer área corporal. Excluídaessa possibilidade, consideramos o edema como generalizado mesmo que aparentemente se restrinja a uma parte do organismo. • Consistência: edema mole é facilmente depressível. Observado em diferentes condições, significa apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa, e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água. No edema duro, depara-se com maior resistência para obter a formação da fóvea. Traduz a existência de proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios. • Elasticidade: no edema elástico, a pele retoma imediatamente à sua situação normal, ou seja, a fóvea perdura pouquíssimo tempo. O edema elástico é típico dos edemas inflamatórios. Edema inelástico é aquele cuja pele comprimida demora a voltar à posição primitiva, ou seja, a depressão persiste por certo tempo. Exemplo de descrição normal: Estado geral bom, orientado no tempo e no espaço, aparência limpa e bem cuidada, fácies atípica, normocorado, anictérico, acianótico, afebril, hidratado, eutrófico, normolíneo, sem adenomegalias. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 2- SINAIS VITAIS E ANTROPOMETRIA Sinais vitais: técnicas para realizar aferições acuradas da pressão arterial, da frequência cardíaca, da frequência respiratória e da temperatura corporal. Palpação do pulso arterial periférico (Frequência cardíaca) A verificação do pulso é um ato simples, porém, rico de significação. Além de propiciar ao médico informações sobre o estado de saúde, simboliza a relação médico-paciente, constituindo com frequência o primeiro contato direto entre estes. Os seguintes pulsos podem ser examinados: carotídeo, temporal, axilar, braquial, radial, femoral, poplíteo, pedioso ou dorsal do pé e tibial posterior. Técnica O pulso radial é o mais utilizado na prática clínica para verificação da frequência cardíaca. Habitualmente, a artéria radial situa-se entre a apófise estilóide do rádio e o tendão dos flexores. Para palpá-la, empregam-se as polpas dos dedos indicador e médio, variando a força de compressão até se obter impulso máximo. O polegar se fixa delicadamente no dorso do punho do paciente. O examinador usa a mão direita para examinar o pulso esquerdo do paciente e vice-versa. Ademais, a mão do paciente deve repousar no leito ou na mesa de exame em completa supinação. É necessário contar sempre o número de pulsações durante um minuto inteiro, comparando-se estes valores com o número de batimentos cardíacos. 1PORTO, C. Celmo. Semiologia Médica: Exame físico geral. ppm = pulsações por minuto VALORES DE REFERÊNCIA PARA ADULTOS1 Valor do pulso radial Interpretação 60 a 100 ppm Normal < 60 ppm Baixo (Bradisfigmia ou bradicardia) > 100 ppm Alto (Taquisfigmia ou taquicardia) C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Frequência Respiratória A frequência respiratória é dada pelo número de incursões da parede torácica por minuto. Deve ser observada por pelo menos um minuto. Lembre-se que a percepção pelo paciente de que você está contando a sua respiração pode ser suficiente para que ele fique ansioso e aumente a frequência respiratória. Por isto, use artifícios para reduzir esta fonte de erro, como por exemplo, palpar a artéria radial como se estivesse verificando a pulsação enquanto olha para o tórax e conta a frequência respiratória. 1PORTO, C. Celmo. Semiologia Médica: Exame físico geral. 2r.p.m: respirações por minuto. Aferição da temperatura Locais de verificação da temperatura O local habitual é o oco axilar, mas a temperatura pode ser verificada na boca ou no reto. Valores normais: Axilar: 35,5 a 37 º C, com média de 36 a 36,5 º C Bucal: 36 a 37,4 º C Retal: 36 a 37,5 º C, isto é, 0,5 º C maior que a axilar. Técnica de verificação da temperatura: • Explicar o procedimento para o paciente • Limpar o termômetro com álcool, segurando-o sempre pela extremidade oposta ao bulbo • Limpar a axila com papel toalha • Colocar o termômetro com o bulbo no oco axilar • Deixar três a cinco minutos • Fazer a leitura e interpretar • Explicar o resultado para o paciente VALORES DE REFERÊNCIA PARA ADULTOS 1 Valor da frequência respiratória Interpretação 12 a 20 rpm2 Normal < 12 rpm Baixa (Bradipneia) > 20 rpm Alto (Taquipneia) C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Pressão arterial A pressão arterial reflete a pressão de propulsão criada pela ação de bombeamento do coração. Nós estimamos a pressão arterial através de medidas indiretas usando o esfigmomanômetro (sphygmus = pulso + manômetro = instrumento para medir a pressão de um fluido), que consiste de um manguito inflável acoplado a uma escala padrão de pressão. Os esfigmomanômetros podem ser aneroides, digitais ou de colunas de Mercúrio. Medida da pressão arterial sistêmica 1. Determinação da pressão arterial sistólica pelo método palpatório Primeiramente, você deve explicar o procedimento ao paciente, orientando-o a não falar durante o exame. Em seguida, para a medida da pressão arterial o paciente deve estar sentado, com o braço apoiado e na altura do coração e na posição de supinação. O manguito é colocado envolvendo o braço e posicionado 2,5cm acima da fossa cubital. O manguito deve ter tamanho adequado: 2/3 do comprimento do braço (80% do comprimento e 40% da circunferência). A válvula de escape do ar é fechada, palpa-se a artéria radial enquanto a pera infla o manguito até que ele exerça uma pressão sobre o braço suficiente para interromper o fluxo sobre a artéria radial. Em seguida, a válvula é aberta lentamente para permitir a saída de ar e observa-se no manômetro o valor correspondente ao reaparecimento do pulso radial (PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA). Assim que o pulso for detectado, a válvula pode ser totalmente aberta para permitir o esvaziamento do cuff. 2. Determinação da pressão sistólica pelo método auscultatório Após determinar a pressão arterial sistólica pelo método palpatório, fecha-se a válvula, palpa-se a artéria braquial, verifica-se se o estetoscópio está funcionando adequadamente e coloca-se o estetoscópio na fossa cubital sobre a artéria braquial. Em seguida, infla-se o manguito até 30 mmHg acima do valor determinado pelo método palpatório e abre-se a válvula para permitir a saída do ar lentamente. A princípio você não vai auscultar nada, porque o manguito exerce uma pressão acima da pressão arterial sistólica, interrompendo o fluxo de sangue pela artéria braquial. Quando o valor da pressão do manguito atingir o valor da pressão arterial sistólica do paciente, o sangue começará a fluir pela artéria, porém de forma conturbada porque a parede da artéria está comprimida. Este fluxo de sangue anormal é chamado de fluxo turbulento e determina um ruído que pode ser auscultado. Assim, o primeiro ruído, chamado de primeiro som de C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Korotkoff, corresponde à PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA. O ruído persistirá enquanto o manguito fizer pressão sobre a parede da artéria e o fluxo de sangue continuar turbulento. Quando a pressão do manguito for igual à pressão arterial diastólica, a pressão sobre a artéria deixará de existir e o fluxo de sangue voltará ao seu estado normal, que é laminar. Este tipo de fluxo não gera ruído. Então, você vai auscultar um abafamento do ruído (quarto som de Korotkoff) e um completo desaparecimento do ruído (quinto som de Korotkoff), cujo valor de pressão no manômetro corresponderá ao da PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA. No adulto, habitualmente, considera-se a fase 5 como pressão arterial diastólica. Existem algumas particularidades na aferição da pressão arterial mais frequentes em pacientes idosos: o hiato auscultatório e o sinal de Osler. O hiatoauscultatório consiste no desaparecimento dos sons na ausculta durante a deflação do manguito, geralmente entre o final da fase I e o início da fase II dos sons de Korotkoff. Tal achado pode subestimar a verdadeira pressão sistólica ou superestimar a pressão diastólica. A manobra de Osler consiste na inflação do manguito no braço até o desaparecimento do pulso radial. Se a artéria radial permanecer palpável após esse procedimento, sugerindo enrijecimento, o paciente é considerado Osler-positivo. Esse sinal pode sugerir a presença de pseudo-hipertensão caracterizada por nível de pressão arterial falsamente elevado em decorrência do enrijecimento da parede da artéria. A ocorrência dessas particularidades reforça a importância da determinação da pressão arterial pelo método palpatório e auscultatório. Após a aferição da Pressão Arterial, deve- se comunicar o resultado ao paciente e interpretá-lo. Para tal, utilizamos as normas da VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial de 2016 e do 2017 Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults. VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2016.1 Classificação Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica Normal ≤ 120 e ≤ 80 Pré-hipertensão 121 a 139 ou 81 a 89 Estágio 1 140 a 159 ou 90 a 99 Estágio 2 160 a 179 ou 100 a 109 Estágio 3 ≥ 180 ou ≥ 110 C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE 2017 Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults2 Classificação Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica Normal < 120 e < 80 Elevada 120 a 129 e < 80 Hipertensão Estágio 1 130 a 139 ou 80 a 89 Hipertensão Estágio 2 ≥ 140 ou ≥ 90 1- MALACHIAS, M.V.B., SOUZA, W.K.S.B., PLAVNIK, F.L. et al. VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 107, n. 3, Suplemento 3, 2016. Disponível em: < http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/ 05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2018. 2- WHELTON, P. K. et al. 2017 Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults. Journal Of The American College Of Cardiology, [s.l.], v. 71, n. 19, p.e127-e248, maio 2018. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2017.11.006. Cuidados na medida da pressão arterial A medida da pressão arterial geralmente é realizada no braço, porém, em circunstâncias especiais pode ser feita no antebraço ou na perna. Na perna será usada a artéria pediosa ou a tibial posterior. 1. Na primeira consulta, realiza-se a medida da pressão arterial no braço direito e esquerdo. O braço com maior valor será usado nas medidas subsequentes. 2. Na primeira consulta, a pressão arterial deve ser medida na posição deitada, sentada e em pé. Nas consultas posteriores, a necessidade será determinada pelo médico. 3. Calibrar regularmente o esfigmomanômetro. 4. Se você insuflar o manguito e o valor registrado no manômetro não elevar, existem duas possibilidades: a válvula está aberta ou existe escape de ar pelo sistema. 5. Lembre-se que enquanto a pressão do manguito for maior do que a pressão arterial sistólica todo o fluxo de sangue para o membro examinado estará interrompido, portanto não deixe o esfigmomanômetro inflado no braço do paciente enquanto realiza outro procedimento. 6. Se durante a medida da pressão arterial houver algum erro técnico, não volte a insuflar o manguito do ponto que parou. Retorne a medida da pressão arterial do ponto zero. C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE MEDIDAS E ÍNDECES ANTROPOMÉTRICOS Os índices antropométricos são medidas úteis para a avaliação do estado nutricional. As medidas mais utilizadas são peso, altura, índice de massa corpórea, distribuição de gordura com medidas de pregas cutâneas e circunferências musculares. Peso A verificação do peso é de grande importância para se avaliar a perda ou ganho ponderal e o estado nutricional. Altura Sua verificação é importante para o controle do crescimento e avaliação do grau de nutrição. Não se esqueça que durante a medida da altura o paciente deve estar sem calçado, com os pés justapostos e ereto. Índice de Massa Corporal (IMC) Através dos valores de peso e altura de uma pessoa, pode-se fazer o cálculo do IMC. Esta fórmula procura relacionar o comprimento (altura) com o peso do corpo. Assim, conforme o resultado do IMC pode-se classificar se a pessoa está com o peso reduzido, adequado, com sobrepeso ou obesidade. O IMC, porém, apesar de ter uma acurácia razoável na determinação da presença ou do grau de obesidade frente a inquéritos populacionais, apresenta alguns problemas quando utilizado individualmente. O IMC não é capaz de distinguir gordura central de gordura periférica, o IMC não distingue massa gorda (tecido gorduroso) de massa magra (músculos, ossos e órgãos), podendo superestimar o grau de obesidade em indivíduos musculosos ou edemaciados. Fórmula para calcular este índice é: Peso (Kg) IMC = Altura (m) 2 C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE WHO. Obesity: Preventing and Managing the Global Epidemic. Geneva, Switzerland: WHO; 2000 Como utilizar a balança antropométrica? 1. Subir na plataforma da balança e ficar parado. 2. Levantar o “grande peso” suavemente sobre a barra movê-lo lentamente para a direita, observando a seta na extremidade direita da trave de equilíbrio, parando de mover o peso quando a seta estiver nivelada ou deslocada para cima. 3. Mover o “peso menor” na barra lentamente para a direita e parar quando a seta estiver nivelada. 4. Adicione os números indicados nas aberturas ou por pequenas setas em ambos os pesos para chegar ao seu peso corporal. 5. Mover ambos os pesos de volta para a esquerda e descer da balança. Relação Cintura Quadril (RCQ) Este indicador é utilizado para relacionar a gordura localizada na região abdominal e no quadril. É um indicativo indireto da quantidade de gordura visceral, a gordura que envolve os órgãos intra- abdominais. Algumas pessoas têm "forma de maçã", pois possuem mais gordura na região abdominal, enquanto outras têm "forma de pera", pois apresentam mais gordura no quadril. Estudos demonstram que pessoas com "forma de maçã" têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares. A fórmula para calcular este índice é: perímetro cintura (cm) RCQ = perímetro quadril (cm) VALORES DE REFERÊNCIA PARA ADULTOS1 IMC INTERPRETAÇÃO < 18,5 Baixo Peso 18,5 a 24,9 Normal 25 e 29,9 Sobrepeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II ≥ 40 Obesidade grau III (Mórbida) C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Como medir o perímetro da cintura? 1. Localize a crista ilíaca e a borda inferior das costelas. 2. Coloque uma fita métrica no local que fica no meio do caminho entre esses dois pontos citados acima. 3. Habitualmente localiza-se cerca de 3 cm acima da linha do umbigo. Como medir o perímetro do quadril? 1. Ao nível do trocânter maior do fêmur, cerca de 20 cm abaixo da cintura. Fonte: Organização Mundial de Saúde, 2011. INDICADOR Valores de corte RISCO DE COMPLICAÇÕES METABÓLICAS Circunferência da Cintura > 94 cm (H) > 80 cm(M) Aumentado Circunferência da Cintura >102 cm(H) >88cm (M) Substancialmente aumentado Relação Cintura-Quadril (RCQ) > 0,9 (H) > 0,85(M) Substancialmente aumentado C U R S O D E M E D I C I N A CICLO ESTRUTURANTE Etapa Procedimento Sim Não 1 Aparência geral 1.1 O aluno avaliou o estado
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