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Fonétic� -----------------------Produção dos sons na língua portuguesa---------------------- A fonação inicia-se pela inspiração, ou seja inicia-se com o conjunto de movimentos que permite a entrada de ar nos pulmões. Nesse processo ocorre a contração do diafragma, ocasionando seu abaixamento, os músculos intercostais também se contraem fazendo com que as costelas e o osso externo se levantem. Isso acarreta em um afastamento das paredes contrárias da pleura entre si, diminuindo a pressão no interior. A diferença entre a pressão externa ao corpo e a pressão interna aos pulmões gera o restabelecimento do equilíbrio entre ambas, através da passagem de ar do meio externo até os brônquios (inspiração). Todavia, os músculos e toda a caixa toráxica tendem a voltar à sua posição inicial de relaxamento, dessa forma os pulmões se comprimem aumentando a pressão interna, gerando novamente uma diferença de pressão, vale ressaltar que essa pressão é de suma importância para a produção de sons. Esta pressão inicial chama-se pressão subglotal, recebe esse nome porque está abaixo da glote,e é a principal obstrução à saída do ar. O mecanismo de obstrução glotal fica na laringe e possui um conjunto de músculos e de cartilagens que se movimentam voluntariamente. Entre vários músculos temos o cricotireoideos, localizado um de cada lado da glote, esse músculo é importante pois a parte superior forma o ligamento vocal, ou as chamadas cordas vocais. Além disso, esse músculo pode se alongar aumentando a tensão das cordas vocais e outros músculos e cartilagens podem se aproximar obstruindo a passagem do ar ou se afastar desobstruindo a passagem do ar. É importante salientar que para começar a fonação, logo após a inspiração as cordas vocais estão encostadas e tensas não permitindo a passagem de ar pela laringe, estabelecendo uma pressão subglotal maior do que a supraglotal. Dessa forma, o suave afastamento e relaxamento das cordas vocais gera a produção de voz na laringe. Isso permite que o ar contido nos pulmões vai saindo e empurrando para cima as cordas vocais, que não estão mais totalmente tensas. Quando o ar passa a pressão local é diminuída e as cordas vocais, devido a tensão sobre elas, retornam à sua posição inicial, sendo assim a pressão subglotal permanece maior do que a supraglotal. Ou seja, vai repetir o ciclo e o ar contido nos pulmões vai novamente forçar a passagem entre as cordas vocais e es- capa, diminuindo a pressão local e as cordas vocais voltam a sua posição inicial. Esse ciclo ocorre até que não haja mais diferença nas pressões supra e subglotal ou até que o indivíduo interrompa o processo. As frequências sonoras no início da fonação tendem a ser maiores do que as finais, devido a pressão subglotal exercida na laringe no início da expiração ser maior, isso gera a impressão de uma tensão maior nas cordas vocais. Os movimentos produzidos pelas cordas vocais na cavidade laríngea são responsáveis pelos efeitos de glotalização e de sonoridade. A glotalização sucede da abertura ou do fechamento do espaço glotal e é mais usado em outras línguas. A sonoridade ocorre da vibração das cordas vocais e estabelece a diferença entre sons surdos, em que não há vibração das cordas vocais, e sons sonoros (sons vozeados) que podemos sentir a vibração das pregas vocais que ocorrem como consequência da abertura e fechamento dos músculos que a compõem. Os sons sonoros são divididos em graves ou agudos, se as cordas vocais estiverem mais ou menos tensas, ou oscilar entre frequências intermediárias. Outro conceito importante é o de “dessonorização” também chamado de tensão, que refere-se a contração da musculatura supraglotal com o objetivo de não haver qualquer expansão das partes moles (parte superior da laringe, faringe, véu palatino, bochechas e lábios), dessa forma a pressão do ar nos pulmões não é suficiente para que a corrente de ar se movimente através da glote, se não tiver movimento do ar também não haverá som, ou seja há produção de consoantes surdas. Depois da laringe, após a epiglote, o caminho é dividido em em duas passagens: para cima, na direção das cavidades nasais, e para a frente, na direção da cavidade oral. Se a passagem pela cavidade oral estiver completamente fechada, e as nasais abertas, o ar vai escapar pelas duas até que se restabeleça a diferença entre as pressões interna e externa do corpo. Se as duas passagens estiverem abertas, o ar escapa em parte por uma e em parte por outra. Com o fim da fonação, é comum que se feche a cavidade oral, permitindo que o ar ainda sob pressão nos pulmões escape apenas pelo nariz. A cavidade nasal tem papel de muita importância na produção dos sons, pois ocorre a obstrução através do véu palatino, quando o véu palatino está tenso ele se movimenta para trás encostando na nasofaringe e fechando a passagem de ar por aquela via. Na cavidade oral também ocorre obstrução do ar, pois a língua e os lábios podem fazer movimentos que dificultam o fluxo do ar. Por ser móvel, a língua pode articular-se de muitas maneiras É possível retrair a língua e levar em direção da faringe, dessa forma pode encostar completamente interrompendo o fluxo do ar, ou encostar até que a passagem fique estreita gerando um ruído quando o ar fluir entre a raiz da língua e a faringe. Além disso, pode elevar o dorso da língua na direção da úvula, em direção do véu palatino, e outros lugares do palato. Esses movimentos ocorrem através de articuladores ativos (pode ser o lábio, coroa e dorso) que se movimentam em direção ao articulador passivo ( pode ser lábio, dentes, alvéolos, pré palato, palato, véu palatino e úvula). Além das diversas formas de relação que os articuladores ativos e passivos estabelecem entre si também possui diferentes graus de abertura, por exemplo o grau 0 de abertura tem articulações oclusivas ou não contínuas, já o primeiro grau de abertura possui uma pequena distância forçando a passagem do ar por um canal estreito que se forma entre eles, essa articulação é chamada de fricativa. O segundo grau de abertura é definido pela posição do véu palatino, que estabelece a articulação nasal. Já o terceiro grau é chamado de articulações líquidas que é subdivido em lateral, “flap” (“tap”ou vibrante simples) e “trill” (vibrante ou vibrante múltipla). O quarto grau de abertura é a aproximação mais próxima do articulador ativo ao passivo sem tocá-lo, ou seja, não tem obstrução do ar. Vale salientar que o quarto, quinto e sexto grau de abertura estabelecem as articulações vocálicas. Por último, o sexto grau, ou a abertura máxima, forma-se pelo maior distanciamento possível dos articuladores. Na fala fluente existem as articulações chamadas glides ou semivogais que são articulações vocálicas que se conjugam entre si e entre as demais, geralmente, com a realização de articulações intermediárias que decorrem dos movimentos de articuladores ativos de uma posição para outra. As articulações também podem ser africadas quando possuem diferentes graus de abertura que ocorrem imediatamente após a outra. Essa articulação é comum na língua portuguesa em alguns dialetos, quando ocorrem oclusivas coronais antecedendo a vogal anterior alta, como ocorre em “tia” por exemplo. Porém, também existem articulações complexas na língua portuguesa, que são articulações que ocorrem simultaneamente, vale lembrar que essas são raras na língua portuguesa e são chamadas de arredondadas. É importante concluir que grupos homogêneos de falantes de uma mesma língua geralmente possuem conjuntos de articulações semelhante, mas cada pessoa possui suas próprias características articulatórias, adquiridas desde a infância, que refletem na produção dos sons da fala.
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