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QUESTÕES 1. O Ministério Público (MP) pode instaurar Inquérito Civil com base em denúncia anônima constante de documento escrito não assinado e sem identificação do autor (documento apócrifo)? 2. Determinado Município paulista tem se esmerado na fiscalização de aterros sanitários clandestinos, eventualmente ingressando com medidas judiciais, inclusive Ação Civil Pública. Determinada empresa foi flagrada descumprindo a legislação municipal ambiental por ter iniciado a implementação de um aterro clandestino. Os proprietários da empresa estão preocupados com a possível atuação e gostariam de regularizar a situação, compensando os danos ambientais, regularizando o local para descarte de resíduos sólidos e evitando a imposição de multa. Assim, pergunta-se: a) essa empresa poderia celebrar com o Município Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)? b) o MP deve forçosamente participar dessa celebração cogitada? c) esse TAC poderia prever a responsabilidade pessoal e solidária dos sócios da empresa pelo pagamento dos valores devidos ao ente público? d) esse TAC configuraria título executivo? 3. O MP instaurou Inquérito Civil para apuração de conduta de determinada empresa, conduta essa que em tese caracterizaria ofensa a direitos difusos. Assim, o Promotor responsável encaminha ofício à empresa solicitando determinadas informações. A empresa encaminha o assunto à sua área jurídica, a qual, antes de prosseguir com a análise, entende ser medida prudencial e tecnicamente recomendável obter informações mais detalhadas sobre o Inquérito Civil. Assim, o advogado da empresa se dirige ao órgão do MP e solicita vistas dos autos do IC, vista essa que lhe é negada pelo Promotor responsável, que entende ser sigilosa a investigação. O advogado solicita explicação formal para o alegado sigilo, mas o Promotor encerra o assunto dizendo que não está obrigado a fornecer qualquer detalhe da investigação e que aguarda pura e simplesmente a prestação de informações pela empresa, no prazo concedido, sob as penas da Lei. Analise a situação, explicitando quais seriam suas recomendações à empresa. 4. Determinada empresa possui atividade econômica potencialmente lesiva ao meio-ambiente. Entretanto, a empresa possui todas as licenças ambientais necessárias, além de rigoroso processo interno de compliance à legislação ambiental, valendo-se de auditores externos que atestam a excelência de suas práticas. Ainda assim, o MP instaurou Inquérito Civil para averiguar, genericamente, se a empresa causou dano ambiental ou não. Respondendo às indagações do MP, a empresa demonstra sua correta atuação e a legalidade das licenças que possui, dizendo que não há nenhum indício de dano ambiental resultante de suas atividades. Para a surpresa dos advogados da empresa, o Inquérito Civil prossegue. Pergunta-se: a) é possível a alegação de ausência de justa causa para sustentar pedido de trancamento do IC por via judicial? b) se afirmativa a resposta, qual seria o meio processual adequado e as cautelas necessárias para se evitar eventual alegação de falta de interesse processual? Resposta: a) Existe posição doutrinaria que entende que sim. Sustenta-se a necessidade de que, tal como ocorre na seara processual penal, também no inquérito civil a atividade do Ministério Público deva se justificar na presença do elemento justa causa, entendida esta como um suporte probatório mínimo em que se deve lastrear a imputação constante do procedimento. Hugo Nigro Mazzili esclarece que: O inquérito civil deve ser instaurado e presidido com elevado senso de responsabilidade. Mas há, ainda, outros aspectos a considerar. Eventuais ilegalidades, entretanto, podem de fato ocorrer no inquérito civil, especialmente na sua instauração (por falta de justa causa, p. ex.), e na sua instrução (com determinação irregular de condução coercitiva, requisições ilícitas, indevida quebra do sigilo legal de informações, por vezes gratuita violação à privacidade dos investigados etc.) (MAZZILI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. São Paulo: Saraiva, 2001, p. 208). Arremata o autor aduzindo que “a instauração de um inquérito civil pressupõe seu exercício responsável, até porque, se procedida sem justa causa poderá ser trancado por meio de mandado de segurança” (Op. cit. p. 209). A jurisprudência, entretanto, tem entendido que não pois que o trancamento de inquéritos só seria admitido quando restar provada, de maneira inequívoca e sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fático ou probatório, a atipicidade da conduta, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, ou a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito. HABEAS CORPUS. Pretensão de trancamento de inquérito civil por ausência de justa causa. Descabimento. Portaria que instaurou o procedimento investigativo que enfoca no impacto urbanístico e ambiental do imóvel supostamente parcelado de forma irregular, com suspeita de tratar-se de imóvel onde haveria área de preservação permanente e curso d'água, reclamando proteção contra possíveis danos ambientais. 1. Inexistência de abuso de poder ou ilegalidade na atuação do 'Parquet', que apenas busca a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal. 2. Ausência de ameaça de violência ou coação à liberdade de locomoção dos pacientes. 3. Trancamento de inquéritos e de ações penais, ademais, só admitido quando restar provada, de maneira inequívoca e sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fático ou probatório, a atipicidade da conduta, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, ou a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito - o que não ocorre na hipótese vertente. 4. Indeferimento 'in limine' do remédio constitucional. Exegese do Art. 663, do CPP e art. 248 do Regimento Interno do TJSP. Habeas corpus indeferido liminarmente. (TJ-SP - HC: 21435428620168260000 SP 2143542-86.2016.8.26.0000, Relator: Oswaldo Luiz Palu, Data de Julgamento: 31/08/2016, 9ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 01/09/2016) b) 5. O MP instaurou Inquérito Civil para apuração de conduta de agente público, com vista à apuração de ilícito civil. Entretanto, no curso das investigações, restou apurado que: a) não há ilícito civil; b) a única conduta em relação à qual ainda pairam dúvidas constitui conduta tipificada como crime. Entretanto, o Promotor opta por não encaminhar o Inquérito Civil aos órgãos responsáveis pela investigação criminal, decidindo por prosseguir com o Inquérito Civil. Analise a opção do Promotor, indicando qual ou quais remédios para correção dessa conduta, caso entenda pela inadequação. 6. Possui a Defensoria Pública poderes para instauração de Inquérito Civil? Justifique. ***