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Endometriose Tatiane Lira – MED UFPE · · Definição: · Distúrbio ginecológico benigno e hormônio-dependente. · Presença de tecido endometrial (glândulas e estroma) em localização extrauterina (fora da cavidade endometrial e da musculatura uterina; localização ectópica, heterotópica). · Adenomiose é quando é no miométrio (no próprio útero mas na parede uterina); “endometriose interna”. · Podem ser levados como se fossem metástase: endometriose à distância. · Sítios de envolvimento: · Ovários: ○ Lesão característica: endometrioma (cisto endometrioide; estrutura cística c/ conteúdo líquido espesso e achocolatado cercado de áreas de fibrose). · Ligamentos uterossacros*. · Fundo de saco posterior. · Folheto posterior do ligamento largo. · Fundo de saco anterior. · Peritônio pélvico. · Septo retovaginal*. · + raramente em bexiga*, ureter*, vagina, cérvice, ceco*, íleo*, canal inguinal, cicatrizes abdominais ou perineais, pericárdio e pleura. *Formas infiltrativas ou endometriose profunda (penetra + de 5mm da superfície peritoneal). · Queixas principais são dor pélvica c/ padrão cíclico e dificuldade de engravidar. · Epidemiologia: · Doença característica do menacme. · Prevalência: · Etiologia: existem várias teorias p/ tentar explicar · Teoria da implantação ou da menstruação retrógrada. · Teoria imunológica. · Metaplasia celômica ou teorias mullerianas e serosa. · Teoria da indução. · Teoria iatrogênica. · Disseminação linfática. · Quadro clínico: · Peritoneal: sangramento cíclico. · Ovariana: sangramento cíclico; endometrioma. · Reto-vaginal: proliferação de céls musc. lisas e de glândulas, estroma escasso. OBS.: o sangramento leva a hemossiderina e uma série de substâncias que levam a aderências pélvicas (distorção anatômica dos órgãos intrapélvicas). · Fisiopatologia pode envolver diversos fatores: genéticos, imunológicos, hormonais, ambientais. · Fatores de risco: · História familiar. · Primiparidade tardia / nuliparidade. · Menarca precoce / ciclos menstruais curtos (< 27d). · Baixos índices de massa corporal (IMC). · Consumo inveterado de álcool e cafeína. · Malformações mullerianas. · Estenoses iatrogênicas de colo uterino. · Formas clínicas: · Implantes peritoneais superficiais e profundos. · Aderências mínimas ou extensas. · Cistos ovarianos. · Aspectos das lesões: · Macroscópico: lesões típicas (vermelhas → pretas → brancas) e atípicas. · Microscópico: glândulas e estroma endometriais c/ ou s/ macrófagos repletos de hemossiderina. · Diagnóstico: · Anamnese: ○ Dismenorreia: dor difusa, caráter progressivo, c/ início antes do fluxo menstrual, perdurando até seu término, relacionada a ação de citocinas inflamatórias na cavidade peritoneal. ○ Dor pélvica crônica: relacionada a inflamação peritoneal local, infiltração profunda c/ lesão tecidual, formação de aderências, espessamento fibroso, coleção de sangue menstrual eliminado por implantes. ○ Dispareunia: início recente, maior intensidade c/ penetração profunda, antecede a menstruação. ○ Infertilidade: tem relação por distorção da anatomia anexial (por aderências), dificultando a captação oocitária; interferência em desenvolvimento oocitário e embriogênese precoce; redução da receptividade endometrial (não expressa αvβ3integrina). ○ Sintomatologia cíclica. ○ SUA. ○ Irregularidade menstrual. ○ Disúria / hematúria. ○ Sangramento retal. · Exame ginecológico: realiza-se exame especular ou vaginoscopia, toque bimanual ○ Nódulos azulados ou marrons em vagina e colo do útero. ○ Retroversão uterina fixa por aderências; pode ser por endometriose ou DIP. ○ Sensibilidade e aumento dos anexos durante o período menstrual nos casos dos endometriomas; são palpáveis e dolorosos. ○ Dor à mobilização uterina. ○ Nódulos palpáveis e sensíveis em fundo de saco e ligamentos uterossacros. ○ Espessamento e nódulos no septo reto-vaginal (detecta-se espessamentos principalmente no toque retal). ○ Sensibilidade em fundo de saco ou ligamentos uterossacros. · Exames complementares: ○ Laparoscopia c/ biopsia das lesões: ▪ Padrão ouro. ▪ Permite visualização direta dos implantes. ▪ Documentar achados laparoscópicos. ▪ Não há suficiente evidência que justifique realizar o procedimento em determinado período do ciclo menstrual, entretanto não deveria ser realizado durante ou nos 3 1ºs meses de tto hormonal. ▪ O consenso é ressecar ou cauterizar os focos de endometriose no mesmo tempo cirúrgico. ▪ Endometriose infiltrante profunda pode parecer doença mínima à laparoscopia, resultando em má avaliação da severidade da doença. ▪ Todos os sistemas de classificação são subjetivos e têm pobre correlação c/ a dor, mas podem ser de valor prognóstico e tto da infertilidade. ▪ Achados: ☆ Implantes: característicos, hemorrágicos, vesiculares, não pigmentares, escarificados. ☆ Bolsões peritoneais. ☆ Aderências. ▪ A histologia positiva confirma mas a negativa não exclui (nos casos + avançados, não tem sinais histológicos). ▪ Realizar biópsia quando a doença exclusivamente peritoneal é controverso, entretanto confirmação histológica de pelo 1 lesão seria ideal. ▪ Endometriomas > 3 cm e na doença infiltrante profunda, confirmação histológica deve ser obtida p/ afastar raros casos de malignidade. ○ USG TV: ▪ Comparada à laparoscopia, não tem valor no diagnóstico da endometriose peritoneal mas é o útil p/ fazer diagnóstico de endometriomas e nas do tabique. ▪ Endometriomas têm características ecogênicas timpânicas (estruturas císticas c/ ecos internos dispersos). ▪ Poderá ajudar no diagnóstico de comprometimento de bexiga e reto. ▪Pode ser realizada após uso de enema retal 1h antes (melhoram acurácia do método). ○ RMN de abdômen e pelve: ▪ Comparada à laparoscopia, tem valor limitado como método diagnóstico (não detecta pequenos implantes peritoneais). ▪ Pode diferenciar lesões em aderências que possam passar desapercebidas durante a videolaparoscopia. ○ CA - 125: ▪ Antígeno não-específico. ▪ Pode estar levado em endometriose, entretanto, comparado a laparoscopia, não tem valor como método diagnóstico. ▪ Pode estar aumentado em outras doenças também. ▪ Pode quantificar grau da doença e resposta ao tto. ○ Cistoscopia, urografia excretora, urorressonância, retossigmoidoscopia, colonoscopia... Também podem ser realizados. · Diagnóstico diferencial: · DIP. · Síndrome do cólon irritado. · Cistite intersticial. · Adenomiose. · Tumores ovarianos. · Doença diverticular. · Câncer de cólon. · Comorbidades: · Hipotireoidismo. · Fribromialgia. · Síndrome da fadiga crônica. · Artrite reumatoide. · Lúpus eritematoso sistêmico. · Síndrome Sjögren. · Esclerose múltipla. · Alergias. · Asma. · Tto: · Independente do quadro clínico, costuma progredir em 2/3 das pctes após 1a do diagnóstico. · Clínico: ○ Conduta expectante: em mulheres c/ doença mínima ou na perimenopausa. ○ Analgesia c/ AINES. ○ Contraceptivos orais. ○ Inibir o sangramento endometrial: progestogênio contínuo, análogo de GnRH, danazol. · Cirúrgico: ○ C/ videolaparoscopia ou laparotomia: lise de aderências, retirada ou cauterização monopolar ou bipolar de foco de endometriose. ○ A conduta pode ser conservadora ou definitiva.
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