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Trabalho Semestral

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ESAMC - Escola Superior de Administração,
Marketing e Comunicação
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL
TV TUPI
Projeto de Graduação ESAMC – Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação, sob a orientação do Profº Fernando Buzzetto
Santos — SP
2018
Cláudia Beatriz Clavejo RA 111.60.791
Hérika Machado RA 111.60.813
Jeslana de Souza Silva RA 111.60.798
Paulo Henrike Bispo RA 111.60.781
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Santos – SP
2018
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade demonstrar como a administração é fundamental para os meios de comunicação, visando sua permanência em um meio de extrema competitividade, bem como a necessidade de inovações constantes para se manter sempre à frente dos concorrentes e no mercado televisivo.
Palavras chaves: Assis Chateaubriand, TV, Administração
SUBSTRACT
This work has the purpose of demonstrating how the management is fundamental for the media, aiming to remain in an environment of extreme competitiveness, as well as the need to innovate is important to stay ahead of customers and the television market.
Key words: Assis Chateaubriand, TV, Management
	 
Índice											Pág. 
	 
Introdução											05
1. Assis Chateaubriand									06
2. TV Tupi											07
3. Nasce o Gigante										07
4. Alta Tecnologia para a Época								08
5. Programação										09
6. Competição e Concorrência								11
7. Notas de Um Fim Dramático								12
8. Saindo do Ar										14
9. Fecham-se as Portas 	 								16
10. Sem Planejamento									19
11. A TV Ontem e Hoje									20
12. Bibliografia										20
Imagens 											Pág.
Figura 01											07
Figura 02											08
Figura 03											09
Figura 04											10
Figura 05											10
Figura 06											13
Figura 07											14
Figura 08											16
Figura 09											19
Introdução
	Em uma época cujo os únicos meios de comunicação eram o rádio, jornais e revistas, surge de maneira insólita a primeira estação de TV do Brasil e da América Latina.
Em 1950, em mais um projeto, tido como megalomaníaco entre seus conhecidos, Assis Chateaubriand lançou o Brasil para a modernidade do mundo da Comunicação. Naquele ano, começava a aventura da televisão brasileira, uma aventura com muitos desafios, criatividade e principalmente obstáculos que, ao serem ignorados, levaram o gigante ao chão.
1. Assis Chateaubriand
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, conhecido como Assis Chateaubriand ou Chatô, nasceu em Umbuzeiro – Paraíba em 04 de outubro de 1892, era um homem brilhante e visionário. Tinha como característica principal a pluralidade em seus conhecimentos e negócios. Era advogado, professor, escritor, membro da ABL, jornalista, empresário, político e mecenas.
Sua ligação com a arte e com a comunicação era visceral, tanto que se tornou um magnata das comunicações entre o final dos anos 1930 e o início dos anos 1960, sendo proprietário do conglomerado Diários Associados que em seu auge contou com mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agência telegráfica. Foi co-criador e um dos fundadores do MASP em 1947.
Foi o precursor da TV no Brasil e na América Latina em 1950. Foi também Senador da República entre os anos de 1952 e 1957.
Figura polêmica e controversa, odiado e temido, Chateaubriand já foi chamado de Cidadão Kane brasileiro, e acusado de falta de ética por supostamente chantagear empresas que não anunciavam em seus veículos e por insultar empresários com mentiras, como o industrial Francisco Matarazzo Jr. 
Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos, incluindo uma proximidade tumultuada, porém rentosa com o Presidente Getúlio Vargas. 
Assis Chateaubriand faleceu aos 75 anos, em 04 de fevereiro de 1968 devido à uma trombose pertinaz, à qual ele resistiu por longos anos, continuando, mesmo paraplégico e impossibilitado de falar, a escrever seus artigos.
Típico de seu bom humor, foi velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Ticiano e um Renoir, simbolizando as três coisas que ele mais amava na vida: o poder, a arte e a mulher nua.
2. TV Tupi
A TV Tupi foi a emissora pioneira em transmissão via satélite, quarta emissora de TV do mundo e primeira da América Latina, apresentando programações de notícias, esportes, teatro e entretenimento nas décadas de 1950 e 1960. 
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a ter uma emissora de televisão e o sexto no mundo, perdendo apenas para Inglaterra, Estados Unidos, França, Alemanha e Holanda.
3. Nasce o Gigante
A Tupi foi fundada e lançada em 18 de setembro de 1950 por Assis Chateaubriand em São Paulo, inicialmente no Canal 3 da Televisão Tupi, cuja primeira transmissão foi em 20 de setembro do mesmo ano. 
 Figura 01
 Foto: Arquivo Fundação Assis Chateaubriand.
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 Assis Chateaubriand com Homero Silva na inauguração da TV Tupi-SP, 20/9/1950. 
A TV só surgiu devido a um grande trabalho de cooperação que envolveu diversos empresários, artistas e profissionais do segmento que acreditavam na implantação de um novo meio de comunicação no Brasil.
No momento da primeira transmissão da TV, a cidade parou e foi um acontecimento único para a época. Apesar da grande preparação realizada pelos funcionários da TV Tupi, muitas ideias e preparativos acabaram não saindo do papel.
A transmissão foi realizada por mais ou menos 200 aparelhos espalhados pela cidade com ordens de Assis Chateaubriand. Várias pessoas puderam presenciar a primeira transmissão em um os 22 receptores distribuídos em vitrines de 17 lojas diferentes da cidade de São Paulo.
4. Alta Tecnologia para a Época
A parte técnica da TV Tupi, em um primeiro momento, era bastante simples, porém muito para a época: o alcance era 100 quilômetros de raio e chegava às cidades de Campinas e Santos. Um ano depois, em 1951 a Tupi inaugurou sua sucursal carioca, o país já tinha sete mil aparelhos nas cidades de São Paulo e do Rio e a tecnologia foi melhorada para sanar a necessidade dos novos consumidores.
Sem parâmetros, teve que criar na base do erro e do acerto. Desde diretores aos funcionários, e maioria dos que passaram pela emissora de Chateaubriand, afirmam que a crise da Tupi nasceu junto com ela e durou seus 30 anos de vida.
A grande maioria dos primeiros profissionais da televisão eram aqueles que trabalhavam no rádio. Essa importação de profissionais do rádio influenciou inclusive a programação da televisão.
 Figura 02
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5. Programação
A programação da televisão aconteceu através de uma adaptação dos programas radiofônicos para serem exibidos visualmente. É correto afirmar que a televisão brasileira teve de se submeter à influência do rádio, utilizando inicialmente sua estrutura, o mesmo formato de programação, bem como seus técnicos e artistas.
O telejornalismo surgiu dois dias após a sua inauguração, mas apenas em primeiro de abril de 1952 que foi ao ar pela primeira vez um dos mais famosos telejornais da televisão brasileira, com o nome de seu patrocinador, a Esso. 
O ‘Repórter Esso’ foi adaptado pela Tupi Rio de um rádio jornal de grande sucesso transmitido pela United Press Internacional (UPI). A vitoriosa experiência de colocar um apresentador exclusivo e o patrocínio de uma única empresa foi repetida em todas as emissoras inauguradas por Assis Chateaubriand. 
O Repórter Esso foi tido como um marco no telejornalismo brasileiro e permaneceu ao ar até 31 de dezembro de 1970. 
 Figura 03
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O grande sucesso da emissora que continua sendo feito nos dias de hoje, foi a telenovela, uma adaptação para a televisão das novelas de rádio. O primeiro e maior sucesso foi o “O direito de nascer”, que ficou no ar por quase um ano, de 7 de dezembro de 1964 a3 de agosto de 1965, ajudando a distrair as famílias brasileiras, que viviam os primeiros meses do regime militar. 
 Figura 04
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Outro sucesso muito importante que ainda é feito hoje em dia, porem na época era exclusivo da TUPI, é o concurso de Misso Brasil, que durante décadas encantou a audiência brasileira. 
Todos os anos, entre junho e julho, entrava no ar, às 22h30min, a disputa da Miss Brasil. A festa levava ao Maracanãzinho cerca de 30 mil pessoas, a maioria vestida com traje de gala. E o mais atraente, é que o público mesmo em casa podia acompanhar, vibrar e torcer por aquela que considerasse a melhor representante da beleza nacional.
 Figura 05
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6. Competição e Concorrência
	Na década de 1970 a Rede Tupi e a Rede Globo travaram uma batalha ferrenha pela audiência.
	RG - 1973 a Globo lança o Fantástico para aniquilar a liderança de Flávio Cavalcanti na Tupi.
	RG – Globo lança o Bem Amado, a primeira novela em cores.
	RT – A Tupi reage e é a primeira a ter todas as novelas em cores.
	RT – Tupi derruba a liderança da Globo com a novela Mulheres de Areia.
	RT – Novamente a Tupi acerta o alvo. Os Inocentes é líder de audiência.
	RT – A substituta de Os Inocentes, a novela Ídolos de Pano é líder absoluta de audiência. 
	RT – A novela Barba Azul é tiro certeiro. A novela é líder de audiência no horário das sete.
	RT – DE novo a Tupi acerta. A viagem de Ivani Ribeiro é líder no horário das oito.
	RT – A novela O Machão é outro sucesso.
	RG – Mas a Globo contra-ataca e leva Antônio Fagundes.
	RG – Em 1976 a Globo bombardeia a Tupi com equipamentos de última geração.
	RT – A Tupi ultrapassa a audiência do Fantástico com Os Trapalhões.
	RG – Então a Globo tira Os Trapalhões da Tupi.
	RT – Apesar da crise de 1977, a Tupi emplaca a novela Éramos Seis.
	RT – Em 1978, a Tupi recupera terreno com a novela Aritana de Ivani Ribeiro.
	RT – A Tupi contra-ataca com novos equipamentos, igualando-se com a nota diferencial que possuía a Globo.
 A Rede Tupi é acertada fatalmente.
Em 18 de julho de 1980, chega ao fim a Rede Tupi. Por decreto, as emissoras da rede foram cassadas.
Especulou-se à época, que Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, estava forçando a formação de uma rede de jornais e revistas que lutasse contra o “establishment” que seriam o jornal “O Estado de São Paulo” e os “Diários Associados” de Assis Chateaubriand.
 Figura 07
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 Rede Tupi de Televisão – Rio de Janeiro
 Os anos 70 chegavam ao fim e, com eles, a primeira emissora de TV da América Latina. A equipe de jornalismo encontrava dificuldades para preencher os 50 minutos diários de notícias. O tempo em que havia dois aviões à disposição dos repórteres, que viajavam pelo mundo em busca de furos de reportagem, como a morte de Che Guevara, em 1967, haviam ficado para trás. Os meios de locomoção agora eram kombis e táxis, que levavam as câmeras obsoletas. 
7. Notas de Um Fim Dramático
Em 1978, uma grande crise foi detonada com a demissão do superintendente de produção e programação da rede, Carlos Augusto de Oliveira, o Guga, e do diretor da Central de Jornalismo, Sérgio de Souza. Em solidariedade, 36 profissionais do Departamento de Jornalismo também apresentaram suas demissões. O elenco da novela O profeta convocou a imprensa para manifestar sua “perplexidade, espanto, desencanto e desolação com as medidas arbitrárias”. Nesse mesmo ano, cogitou-se a retirada da sucursal carioca do prédio da Urca para transformá-lo em um hotel. 
O empreendimento seria explorado pelos próprios Associados e a emissora seria transferida para o prédio da Rua do Livramento, no Centro, onde já funcionavam as redações de O Cruzeiro e do Jornal do Commercio. 
A idéia não chegou a ser levada adiante, apesar de ter o apoio do diretor-superintendente da TV Tupi no Rio, Ibanor Tartarotti. Em setembro de 1979, cerca de 95 por cento dos 1.200 funcionários da Tupi de São Paulo iniciaram uma greve geral. 
Um ano antes, outra paralisação já havia interrompido a programação da rede por toda uma tarde. A emissora fez o impossível para não sair do ar de novo e o resultado, para os telespectadores, foi um espetáculo insólito. 
Entre os ruídos de uma máquina de videoteipe girando ao contrário, cortes repentinos e outros acidentes, cada vez mais comuns, o que se via ao sintonizar o canal 3 na capital paulista eram imagens de um comercial com áudio de outro. O telejornal Rede Tupi de Notícias, o mais importante da casa, desfalcado de toda a equipe paulista, levava ao ar notícias corriqueiras de Recife. No intervalo, propaganda de um açougue de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Era a terceira greve de funcionários em menos de um ano, todas reivindicando o pagamento de salários atrasados.
Mais uma greve tomou a Tupi em fevereiro do ano seguinte pelo mesmo motivo, paralisando 1.200 funcionários da rede. Dessa vez, foram demitidos 200. Os outros voltaram ao trabalho depois de receberem vales. Entre os 200 demitidos, estava todo o elenco das novelas da casa. A emissora conseguiu, assim, enxugar sua folha de pagamento e ganhar tempo. Os artistas foram informados da decisão por cartas registradas em cartório, onde a Tupi alegava que as demissões eram por justa causa, já que a paralisação teria sido ilegal e teria levado prejuízos à empresa. 
O público ficou sem saber como terminariam as novelas. Drácula, com Rubens de Falco, tinha acabado de estrear. Como salvar meu casamento, com Adriano Reis e Nicete Bruno, estava a oito capítulos do fim. O autor Carlos Lombardi recusou-se a revelar qual seria o desfecho da trama, dizendo que, para ele, a história não tinha fim. Liderado por Rubens de Falco, um grupo de atores foi a Brasília conversar com os ministros das Comunicações Sociais, Said Farhat, e das Comunicações, Haroldo de Mattos. No Palácio do Planalto, os artistas ouviram que o governo não iria interferir na crise.
8. Saindo do Ar
E o fim se aproximava.
Em maio de 1980 uma greve geral começou pela sede, em São Paulo. Durante um mês, a emissora paulista nada produziu e manteve-se retransmitindo os programas produzidos pela sucursal carioca. Quando a greve entrava no seu 34º dia, os funcionários do Rio também decidiram aderir. 
No dia 4 de junho, os produtores Flávio Cavalcanti, João Roberto Kelly e Paulo Celestino paralisaram as atividades na Urca. De nada adiantaram os apelos do diretor-geral da emissora, José Arrabal, e do presidente do condomínio dos Associados, João Calmon. 
O Programa Flávio Cavalcanti, o Conversa de Botequim e o Apertura saíam do ar. No dia 9 de junho, o Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro organizou um ato público de apoio à greve dos funcionários da Tupi, na Cinelândia. Artistas, técnicos e radialistas da emissora puseram cartazes na escadaria da Câmara dos Vereadores, com os dizeres: “São Paulo e Rio unidos contra João Calmon, o mau patrão que não paga seus funcionários há cinco meses”. 
 Figura 08
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 Paralização nos Estúdios da TV Tupi SP
O apresentador Flávio Cavalcanti abriu o ato com um discurso: “Meus amigos, a TV Tupi é hoje a irresponsabilidade a cores”. Vinte dias depois, um show de MPB no Anhembi, em São Paulo, com Chico Buarque como maior atração, tinha sua renda revertida para os grevistas. Na TV Brasília, houve até greve de fome.
O desfecho da crise veio no dia 16 de julho. Depois de tentar repassá-las a diversos interessados, entre eles o Grupo Abril, o governo federal declarou peremptas (extintas) as concessões de sete das nove emissoras Associadas: TV Tupi do Rio e de São Paulo, TV Itacolomi, de Belo Horizonte, TV Rádio Clube, de Recife, TV Marajoara, de Belém, TV Rádio Clube, de Fortaleza, e TV Piratini, de Porto Alegre. Salvaram-se apenas a TV Brasília e a TV Itapoan, de Salvador. 
Segundo o ministro das Comunicações Sociais, Said Farhat, a decisão foi tomada depois de demorado exame da situação das emissoras. As dívidas com a União, com empregadose com bancos, tornavam impossível sua transferência para outros grupos privados. 
Para o Planalto, a cassação dos sete canais permitiria a criação mais rápida de uma nova rede, que absorveria os empregados da Tupi. As emissoras do Rio e de São Paulo seriam licitadas em bloco, para proporcionar a formação de centrais geradoras. O Governo desejava, também, que cinco das sete afiliadas ficassem com um único dono, para constituir a nova rede. 
O último e desesperado ato da Tupi teve como cenário o edifício da Avenida João Luís Alves. Na manhã do dia seguinte à decisão do Governo Federal, 300 funcionários da sucursal do Rio de Janeiro tomaram o palco da emissora para promover uma assembleia, transmitida ao vivo e em cores pela TV. Eles lançavam apelos dramáticos para que o presidente João Figueiredo voltasse atrás.
Logo cedo, Titos Belline, superintendente de programação no Rio e um dos membros da comissão de funcionários, havia pedido ao diretor da empresa, José Arrabal, permissão para levar ao ar um apelo dos funcionários contra o fechamento da emissora. Arrabal concordou que o apelo fosse feito durante o programa Aqui e Agora, mas, quando a atração começou, o diretor cortou-a e pôs em seu lugar um anúncio. Quase houve um confronto dentro do prédio. Pressionado, Arrabal foi embora, deixando a TV nas mãos dos empregados.
Eram 15 horas quando os funcionários reuniram-se no palco do antigo grill do Cassino e começaram a transmitir seus protestos para todo o Rio de Janeiro. Carlos Lima e Jorge Perlingeiro, dois apresentadores que compravam seu próprio espaço na programação da emissora, lideravam o movimento. As três câmeras da Tupi carioca foram abertas a quem quisesse dar seu recado. O primeiro telespectador a se manifestar foi o aposentado Antônio Cassua, 62 anos, que propôs ao povo comprar ações da empresa para ajudar os funcionários. Vários artistas passaram pela Urca para dar seu apoio, como Jô Soares, Juca Chaves e Costinha. Um antigo fã subiu ao palco e começou a chorar, sussurrando no microfone: “Eu amo a Tupi”. Às 23h30min, Carlos Lima conversou ao telefone com o ministro das Comunicações, Haroldo Correa de Mattos. Lima propôs ao ministro que passasse o controle da emissora para os funcionários. O ministro respondeu, simplesmente, que não poderia prometer nada, que era preciso dar tempo ao tempo. Fernando, filho mais velho de Chateaubriand, fazia apelos patéticos ao presidente: “Em nome da amizade que unia os nossos pais, peço que entregue as estações aos funcionários, para que eles façam a segunda maior rede do país”. De vez em quando, ia ao ar um anúncio. Ou então, um operador de câmera focalizava algum colega chorando copiosamente. Um pastor protestante puxou uma oração e foi aplaudido. À meia-noite, todos rezaram de mãos dadas. Em São Paulo, o clima era bem diferente. Os funcionários estavam divididos entre grevistas e aqueles que insistiam em permanecer trabalhando.
De nada adiantaram os apelos nem as orações. O Diário Oficial da União de 18 de julho de 1980 circulou com os decretos assinados pelo presidente João Figueiredo, que declaravam peremptas as concessões ao grupo Associado de sete emissoras, em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Belém e Fortaleza. O decreto determinava que o Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) adotasse providências para interromper imediatamente as transmissões. Naquele mesmo dia, um selo de metal colocado sobre a tampa dos transmissores da Tupi lacrava os aparelhos e encerrava mais um ciclo no edifício de número 13 da Avenida João Luís Alves.
9. E Fim
	Apesar de todos esses sucessos de público, a saúde financeira da Tupi nunca foi das melhores. Tudo era feito amadoristicamente, desde o tempo em que Assis Chateaubriand cismou de trazer para o Brasil transmissores de TV em cores, quando as imagens coloridas só chegariam aos lares americanos 17 anos mais tarde. Não eram raros discursos de Chatô, sobre os mais variados assuntos, interrompendo a programação. Com a morte do dono dos Associados, em 1966, depois de uma longa doença, a emissora tomou a direção do fim. Com medo de que os filhos dilapidassem seus bens, Chateaubriand criou um condomínio para gerir o patrimônio. Escolheu 23 pessoas ligadas a ele, entre políticos influentes, funcionários qualificados e os próprios filhos. Cada um dos condôminos recebeu 1/23 do montante, mas com direito, apenas direito, ao usufruto desses bens. Em caso de falecimento, a parte do condômino não se transfere para seus herdeiros: o condomínio elege um novo integrante, que vai usufruir desses bens.
Essa fórmula complicada inibiu investimentos nas empresas da cadeia dos Associados. Os condôminos não tinham interesse em aplicar dinheiro em algo que jamais faria parte de seu patrimônio pessoal. Assim, foram morrendo de inanição, um a um, os veículos Associados. Na televisão, meio em que a tecnologia empregada muda muito rapidamente, a falta de investimentos e renovação foi sentida de forma mais dramática. Desde o início dos anos 60, a liderança da Tupi havia sido roubada por outras emissoras, como a Excelsior e a Record, e, no início dos anos 70, a Globo. E foi na década de 70 que a PRF-3 Difusora foi ao fundo do poço. 
 
 Figura 06
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 Antena da TV Tupi-SP no alto do prédio do Banco do Estado, 1950. 
 Foto: Arquivo Fundação Assis Chateaubriand.
Quando alguma coisa dava errado nos Associados, a tradição era pedir a cabeça dos responsáveis. Na Tupi, nunca foi diferente. Em meio à crise dos anos 70, vários nomes ocuparam a cadeira de diretor-geral da emissora, na tentativa de evitar o naufrágio. Mas ele era inevitável. Nem Mauro Salles, nem Walter Forster, nem Walter Avancini (nomes influentes no meio) conseguiram lutar com armas tão obsoletas quando as duas unidades de videoteipe, as primeiras do Brasil, instaladas em 1962 e que, mais de dez anos depois, ainda eram as únicas da emissora. 
10. Sem Planejamento
Entender a trajetória da Tupi é compreender a evolução dos meios de comunicação no Brasil. É observar como fórmulas de sucesso foram criadas e como fracassos foram desenhados.
	Os fracassos, que começaram no terreno financeiro e acabaram contaminando o que passava na tela, talvez possam ser explicados pelo amadorismo com que as contas da emissora eram tratadas e pela gestão centralizadora de Assis Chateaubriand, que, ao morrer, deixou sem orientação quem ficou e um complicado sistema de condomínio de acionistas para ser administrado. Nos anos 70, a emissora perdeu o segundo lugar em audiência (o primeiro já era da TV Globo, criada em 1965) para a Record e ficou ainda atrás da Bandeirantes, amargando um quarto lugar. Os anúncios eram cada vez mais escassos, tornando impossível manter as emissoras do Rio e de São Paulo transmitindo programas. Assim, a Tupi-RJ ficou responsável por gerar toda a programação. 
 Figura 09
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Até nos sinais de decadência, a Tupi antecipou o que veríamos ainda décadas depois. Nos seus últimos anos, a grade da emissora foi tomada por programas evangélicos e produções independentes, que faziam entrar algum dinheiro no caixa quase vazio.
11. A TV Ontem e Hoje
O rádio e a televisão são os meios de comunicação de massa mais presentes na sociedade brasileira. Hoje em dia é praticamente impossível que em um domicilio não tenha ao menos um aparelho de televisão. Mas essa não era a realidade vivida no início do século passado e foi bastante complicado chegar aonde chegamos hoje em dia.
Naquela época todos os programas eram transmitidos ao vivo, o que exigia de todos os atores, diretores e produtores uma grande criatividade para superar os possíveis e inúmeros imprevistos. Desse jeito, o ator virava sonoplasta, o autor transformava-se em diretor e diretor entrava em cena, se preciso fosse. A telenovela, gênero que consagrou internacionalmente a televisão brasileira, nasceu nos estúdios da TV Tupi.
Quando pensamos na TV Tupi, lembramos imediatamente da história da televisão,ou seja, a TV Tupi não só fez parte como é responsável por grande parte do que temos hoje em dia quando o assunto é a mídia televisiva brasileira.
Em novembro de 2003, um pouco da Tupi voltou ao edifício que sediou o canal 6 carioca, onde então se instalou o Museu do Rio. 
A pintura completamente descascada das paredes e o forte cheiro de mofo lembravam aos presentes das mais de duas décadas em que o edifício esteve fechado. 
12. Bibliografia
AIZER, Mário. Urca: construção e permanência de um bairro. Rio de Janeiro: Departamento-Geral de Documentação e Informação Cultural: Departamento-Geral de Patrimônio Cultural, 1988. 
BOECHAT, Ricardo. Copacabana Palace, um hotel e sua história. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 1998. 
DUNLOP, J. C. Rio Antigo. Rio de Janeiro: Rio Antigo, 1963, volumes I, II e III. LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1995. 
LIMA, Edvaldo Pereira. O que é livro reportagem. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1996. 
LOUZEIRO, José. Urca: o bairro sonhado. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Prefeitura, 2000. 
MORAIS, Fernando. Chatô: o rei do Brasil, a vida de Assis Chateaubriand. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. 
NORONHA, Luiz. Carlos Machado: o teatro da madruga. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Prefeitura, 1998. 
Arquivos do Jornal do Brasil, de O Globo e da revista Veja.

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