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Resumo da aula sobre Carboidratos Fibrosos e não fibrosos Professora: Flávia Maria de Oliveira Borges Saad Aluna: Cintia Ferreira Antunes de Oliveira Carboidratos para carnívoros: Os carboidratos não são considerados essenciais para nenhuma espécie pois podem ser produzidos pelo próprio organismo exercendo funções vitais. Classificação: Os carboidratos são divididos de acordo com o seu número de carbonos, de sacarídeos, da solubilidade em água e da digestibilidade enzimática. Em cães e gatos esta última característica é a mais importante, pois diferencia os carboidratos digeríveis (solúveis) e não digeríveis (fibras) Dieta: Em dietas que possuem alto teor de carboidratos teremos problemas relacionados a fermentação e crescimento bacteriano exacerbado podendo até haver modificação da microflora, produção de gás, excesso de água e sintomas de má digestão. A soma de lipídeos e proteínas deverá ser maior do que a quantidade de carboidratos. Caso contrário a dieta será de má qualidade, com exceção das dietas para pacientes obesos e renais, onde essa soma é ligeiramente inferior que a porcentagem de carboidratos. Glicose: A glicose é um carboidrato raro de ser encontrado na dieta de cães e gatos. Seu excesso pode levar a problemas gastrintestinais. Ela não é essencial, mas metabolicamente pode ser considerada assim, pois é exigida em diversos processos metabólicos, Carnívoros absorvem pouca glicose, pois sua fonte de energia é baseada em aminoácidos e glicerol. Para a produção da glicose esses animais realizam o processo de gliconeogênese. Felinos possuem estratégias metabólicas relacionadas a economia de glicose as quais impedem que ela seja oxidada além de serem capazes de transformá-la em glicogênio ou reservas de gordura. Amido: Os carboidratos solúveis tem como principal representante o amido. Para que a dieta seja considerada de boa qualidade, não basta apenas ter esse nutriente nas quantidades necessárias: ela deve apresentar proporções corretas de amilose e amilopectina para melhor extrusão. O amido é a base do processo extrusivo. Sem ele, o alimento não é considerado digestível e aproveitado e, para isso, ele depende da relação existente entre amilopectina e amilose. Amilopectina: A Amilopectina está relacionada à maior digestibilidade do alimento. Dietas que possuem um maior teor desse nutriente comparado a amilose possuem maior facilidade no processo digestivo. Porém se estes forem não forem cozidos e não tiverem água não irão apresentar essa característica da mesma forma do que nas qualidades exigidas. Essa substância possui a característica de inchamento: à medida em que é aquecida ela absorve água até se transformar de cristalina para amorfa e forma um gel, caracterizando o princípio da extrusão. Retrogradação: Retrogradação é um processo onde, a partir da aplicação de calor o resfriamento ocorre com perda de água dando início a recristalização Dessa forma o amido é submetido a tratamento térmico em ausência de água, que leva a retrocessão, a qual indisponibiliza o amido (amido resistente) e dá origem a expansão da massa sem perda de material solúvel. O processo de retrogradação ocorre principalmente quando o amido apresenta elevada quantidade de amilose o que indisponibiliza esse nutriente. Amilose: Existem pesquisas em que a amilose pode ser usada como por exemplo no caso do amido retrogradado em casos de obesidade, onde são usados alimentos ou cereais com maior quantidade de amilase do que a amilopectina. O arroz é o alimento que possui maior teor de amilopectina, por isso ele é importante em dietas de alta digestibilidade de amido. Depois vem o milho, que apresenta cerca de 80% de amilopectina e diferentes quantidades de amilose. Alguns cereais possuem mais amilose do que amilopectina e portanto, são mais propensos a retrogradação sendo ideais em dietas para obesidade. A exemplo temos: sorgo, centeio, cevada, aveia, entre outros. A amilopectina é relacionada a alta digestibilidade, palatabilidade, textura, estando associada às características organolépticas enquanto a amilose diminui a palatabilidade do alimento. Lactose: A lactose é um carboidrato fundamental na fase inicial para animais lactantes, pois a taxa de crescimento exige principalmente a lactose extra uterina, a qual é responsável por gerar energia para esse processo. A enzima lactase é uma enzima substrato dependente, ou seja é produzida a partir do momento que tem substrato. Quando este diminui, a sua produção vai diminuindo e se esse substrato deixar de ser ingerido, pode inibir o gene produtor dessa enzima. Diferenças entre as espécies: Cães e gatos possuem diferentes capacidades enzimáticas: o leite das cadelas possui metade da lactose comparada ao leite das vacas na relação lactose/energia ingerida. Existe um limite de aproveitamento de absorção de lactose a partir da lactase e, se ultrapassado, resulta em diarreias osmóticas que pode levar à morte por desidratação. Já os gatos são mais resistentes à lactose, porque a enzima lactase apresenta uma maior efetividade. Fibras ou Carboidratos Fibrosos: Fibras são os carboidratos que compõem a parede celular de vegetais, além de representar a porção do amido que não é digerido (amido resistente). Métodos de pesquisa: Existem diversas técnicas que utilizam a fibra para a determinação de carboidratos na dieta. Dentre elas podemos citar: Fibra Bruta (FB), Fibra Detergente Ácido (FDA) e a mais exata: a Fibra Dietética Total, a qual consegue avaliar as porções de celulose, hemicelulose e fibra solúvel (pectinas, gomas e muculagens). Fibra Bruta: Representa uma porção muito baixa da Fibra Dietética total (cerca de um terço). A Fibra Bruta não mostra a Fibra Solúvel e mostra apenas parte da Fibra Insolúvel. Conceito atual: Atualmente, as fibras são divididas em hidrossolúveis e não hidrossolúveis, o que tem impacto na fermentabilidade.Essa divisão é devida a grande variação existente dentro das características físico-químicas de cada fibra,incluindo sua viscosidade e capacidade de retenção de água, minerais e moléculas orgânicas. Fibras insolúveis: As fibras insolúveis têm efeito diluidor de energia, o qual auxilia em dietas para pacientes obesos devido a pouca fermentação e excreção intacta. Em dietas para gatos, essas fibras auxiliam na não formação de bolas de pêlo no estômago, ao contrário das fibras solúveis que formam géis que agregam mais os pelos. Essas fibras também participam da consistência do bolo fecal e diminuem o tempo de trânsito intestinal, podendo levar a diarreias. Em casos mais graves, a sílica pode se depositar nas microvilosidades do cólon, gerando uma inflamação conhecida como criptite. Fibras solúveis ou Prebióticos: As fibras solúveis absorvem água e formam géis. Elas se diferenciam quanto ao seu grau de solubilidade de acordo com a sua capacidade de fermentação. No estômago elas absorvem água e levam a repleção estomacal, além de diminuir a rapidez do esvaziamento gástrico, o que leva a uma sensação de saciedade mais prolongada, aumentando a curva glicêmica. Por esse motivo ela é muito aplicada em dietas para animais com sobrepeso, uma vez que a ingesta é liberada mais lentamente para o intestino delgado. Características das fibras solúveis: São agentes espessantes, aumentam a viscosidade da ingesta o que diminui o esvaziamento gástrico, tem impacto sobre a ingestão de alimentos pois aumenta o nível de saciedade, modificam o metabolismo dos carboidratos e lipídios, uma vez que sequestram colesterol diminuindo o colesterol circulante no sangue. Fibras solúveis no intestino grosso: Depois de passarem pelo intestino delgado, as que não foram absorvidas chegam ao intestino grosso. Conforme for o seu grau de fermentabilidade, ela vai ter efeitos importantes, como: a fermentação por microrganismos anaeróbios dependendo do tipo de fibra, gerando ácidos graxos de cadeia curta e ácidos graxos voláteis. Os ácidos graxos voláteis são muito importantes fisiologicamente e dieteticamente: eles são responsáveis pela acidificação que levaa competição seletiva entre bactérias. Bactérias anaeróbicas (benéficas) crescem mais do que as bactérias patogênicas (como Clostridium e Salmonella). Ácido Butírico: Os ácidos graxos produzidos pela fermentação das fibras são o acético, propiônico e butírico. Dentre esses, o ácido butírico é o maior responsável pelo fornecimento de energia para a mucosa. Ou seja, as células da mucosa intestinal (enterócitos e colonócitos) são favorecidos, aumentando a mucosa em peso e tamanho (em células e microvilosidades), o que aumenta a digestibilidade de todos os nutrientes. Ácidos graxos voláteis: A quantidade de ácidos graxos voláteis fornecida irá depender do tipo de fibra que é ingerido. Fibras com alta fermentabilidade levam a produção muito grande de ácidos graxos voláteis, aumentando muito a acidez o que leva a diarréia osmótica. Fibras com moderada (como a polpa de beterraba) ou baixa fermentabilidade apresentam efeitos mais benéficos para a digestão. Se tivermos muita fibra solúvel de moderada fermentabilidade também são um problema, pois podem levar a redução da taxa de passagem intestinal gerando constipações.