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O valor da palavra da vítima

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30/08/2020 O valor da palavra da vítima nos crimes de abuso sexual contra crianças - Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Crian…
https://crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1447 1/10
O
valor
da
palavra da vítima nos crimes de abuso sexual contra crianças
O valor da palavra da vítima nos crimes de abuso sexual contra crianças nos julgados do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina
Mônica Jacinto
Psicóloga e servidora do Tribunal de Justiça de Santa Catarina
O trabalho discorre acerca das provas trazidas aos processos criminais nos casos de abuso sexual infantil, mais
especificamente o depoimento da criança, vítima do delito.
Resumo: O presente trabalho objetiva apresentar o entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina frente ao valor
da palavra da criança, vítima de abuso sexual, quando não restam vestígios materiais da ocorrência do delito, por ocasião
do exame de corpo delito. Referido estudo tem por base a preocupação com a ausência de previsão legal para a oitiva da
criança, vítima desse ilícito, bem como pela falta de preparo dos profissionais que recebem e inquirem a pequena vítima,
desde a denúncia até a audiência. Para tanto, faz-se uma análise das provas em processo penal, quanto a seu conceito,
princípios e classificação; delimita-se o tema quanto aos crimes de interesse para o estudo, qual seja: o atentado violento
ao pudor e o estupro; além de especificar os termos "criança" e "abuso sexual" e abordar os aspectos relativos aos
procedimentos para oitiva da criança, vítima do delito. Por derradeiro, apresenta-se a jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça e de outros Tribunais de Justiça estaduais, visando fazer uma análise geral sobre o tema e, assim, discutir o
entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina em relação ao valor da palavra da criança, vítima do abuso sexual
infantil.
Sumário: 1. Introdução - 2. Das provas em processo penal - 3. Violência contra a criança e os procedimentos para sua
oitiva - 4. O valor da palavra da vítima nos crimes de abuso sexual contra crianças nos julgados do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina - 5. Conclusão - 6. Referências bibliográficas
Palavras-chave: Processo Penal. Prova. Depoimento da criança. Valor da palavra da criança. Abuso sexual infantil.
Procedimentos para inquirição do menor.
 
 
1. Introdução
O presente trabalho visa discorrer acerca das provas trazidas aos processos criminais nos casos de abuso sexual infantil,
mais especificamente o depoimento da criança, vítima do delito.
A escolha do referido tema tem origem no fato de que, na maioria dos casos de abuso sexual infantil, não restam vestígios
do ato sexual praticado. Assim, a palavra da vítima se apresenta como uma das poucas provas possíveis ao processo,
considerando que se trata de crime praticado às escondidas e, dessa forma, raramente testemunhado por alguém.
Importante ressaltar que a dificuldade em divulgar a ocorrência do crime de abuso sexual infantil, deve-se a diversos
fatores, quais sejam: a falta de compreensão da criança sobre o ato sexual do qual foi vítima, dada sua imaturidade
psíquica, sendo comum de alguns desses casos só virem à tona quando a criança já se tornou um adulto; a
representatividade da figura do agressor, e conseqüente coerção que oferece à vítima, constantemente, já que, em geral,
faz parte de sua rotina (integrante da família ou muito próximo a ela).
Nesse contexto, o profissional que receber a criança terá uma primeira barreira a vencer, que é a do seu silêncio, oriundo
de sua dor psíquica, culpa e temor que vivencia.
Além do sofrimento pela violação de sua intimidade, a criança e o adolescente vitimados, lidam, algumas vezes, com a
falta de proteção da família e da sociedade e, assim, importante a considerar, também, a possibilidade da vítima,
influenciada, fantasiar fatos relativos à ocorrência do abuso e, sendo assim, acabar prestando uma informação distorcida
às autoridades. Nesse sentido, a preparação dos profissionais que trabalham com esse tema, mostra-se imprescindível
para uma colheita de prova de qualidade, e proteção da pequena vítima, objetivando reduzir a contaminação de seu relato
com informações oriundas da fala de terceiros.
(https://crianca.mppr.mp.br/)
https://crianca.mppr.mp.br/
30/08/2020 O valor da palavra da vítima nos crimes de abuso sexual contra crianças - Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Crian…
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Toda suscetibilidade a essas influências, além do forte abalo emocional sofrido pela criança durante a ocorrência do abuso
e, também, após a denúncia, coloca seu testemunho em situação de questionamentos por parte dos julgadores quanto à
veracidade e fabulação.
Assim, após verificação de alguns conceitos relativos às provas em processo penal, dos crimes de interesse do presente
estudo, além da análise do conceito de abuso sexual e os aspectos relativos aos procedimentos para oitiva da criança,
vítima do delito, serão analisados os julgados do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, fazendo-se um paralelo com outro
Tribunais de Justiça estaduais, bem como com o Superior Tribunal de Justiça.
 
2. Das provas em Processo Penal
O termo "prova" tem origem no latim "probatio", e significa: ensaiar, verificar, examinar, reconhecer por experiência,
aprovar, estar satisfeito com algo, persuadir alguém a alguma coisa ou demonstrar (NUCCI, 2008, p. 338).
Segundo Tourinho Filho (2007, p. 469): "provar é, antes de mais nada, estabelecer a existência da verdade; e as provas
são os meios pelos quais se procura estabelecê-la. Provar é, enfim, demonstrar a certeza do que se diz ou se alega.
Entendem-se também por prova, de ordinário, os elementos produzidos pelas partes e pelo próprio juiz visando a
estabelecer, dentro do processo, a verdade sobre certos fatos". Nesse sentido, visa demonstrar que um fato ocorreu e de
que forma ocorreu (ARANHA, 2006, p. 5).
Todavia, importante pontuar que a descoberta da verdade é relativa, pois o que é verdade para um pode não ser para
outro. Logo, o que importa é que a parte convença o magistrado de que os fatos ocorreram tal como apresentados em seu
pedido (NUCCI, 2007, p. 360).
As provas em Processo Penal possuem princípios norteadores específicos, dentre os quais relevante destaque se dá para
a busca da verdade real, restrita pelos limites concedidos pelo respeito ao indivíduo que se encontra por trás da prova
(seja a vítima ou o acusado).
Assim, tem-se que o respeito à dignidade humana - princípio basilar - é o mínimo intocável que todo estatuto jurídico deve
garantir, decorrendo dele o direito à vida privada, à intimidade, à honra, à imagem, dentre outros (MORAES, 2004, p. 129).
Nesse sentido, objetiva o conforto existencial das pessoas, bem como protegê-las de sofrimentos evitáveis na esfera social
(CAPEZ; CHIMENTI; ROSA; SANTOS, 2005, p. 33).
O princípio da verdade real (art. 156, caput e incisos, do CPP), por sua vez, concede ao magistrado a liberdade de ordenar
a produção antecipada de provas, as quais considere urgentes e relevantes, bem como determinar a realização de
diligências, objetivando dirimir dúvidas que ainda possam existir. Logo, conforme ensinamento de Nucci (2007, p. 97), "o
magistrado deve buscar provas, tanto quanto as partes, não se contentando com o que lhe é apresentado, simplesmente".
Quanto à classificação das provas, a mais conhecida e utilizada na jurisprudência, segundo Aranha (2006, p. 23), é a
classificação realizada por Framarino Malatesta, que divide as provas em 3 (três) classes, de acordo com os fins especiais
a que se destinam (MALATESTA, 2003, p. 125): quanto ao objeto, quanto ao sujeito e quanto à forma.
Quanto ao objeto da prova, segundo Malatesta (2003, p. 149), se refere à natureza objetiva da prova. E, nessa linha,
Aranha (2006, p. 26 - 31) divide em fatos que não precisam ser provados e os que precisam ser provados. Os primeiros,
por sua vez, dividem-se em: fatos intuitivos ou evidentes (não pode restar dúvidas acercado óbvio. Ainda, conforme expõe
Barros apud Tourinho Filho (2007, p. 470), a evidência se compõe de uma noção tão perfeita de uma verdade que
dispensa toda e qualquer prova); presunções legais (se presente o fato base da presunção estabelecida por lei, não há
mais o que se provar); fatos inúteis (aqueles que verdadeiros ou não, não tem qualquer conseqüência jurídica, não
interferindo na decisão do magistrado em nenhum sentido (ARANHA, 2006, p. 28)); e fatos notórios (por ser notadamente
de conhecimento público não há que ser posto em dúvida).
Os demais são fatos que precisam ser provados e são classificados em provas diretas e indiretas: a prova direta é aquela
na qual a conclusão é imediata e objetiva, ou seja, que por si só demonstra a ocorrência do fato (ARANHA, 2006, p. 24);
ao passo que a prova indireta se refere, de acordo com Malatesta (2003, p. 151), a "uma coisa diversa do delito, da qual,
por um esforço da razão se passa ao delito".
Quanto ao sujeito da prova, ensina Gomes (2005, p. 180) que se refere ao sujeito ou coisa que é fonte da prova e divide-
se em prova real e pessoal. A prova real é o objeto que por si só, tal como se apresenta, demonstra informações acerca do
delito, sem interferência do espírito humano; e a prova pessoal se refere aquela que advém de um ato consciente,
pensado (o testemunho é um exemplo).
Quanto à forma da prova: se refere ao aspecto da forma na qual se apresenta, já que a afirmação de uma pessoa pode
assumir várias formas pelas quais seu pensamento será exteriorizado (MALATESTA, 2003, p. 333). Divide-se em prova
documental, material e testemunhal.
A prova documental é aquela que "representa e reproduz um acontecimento passado, gravado num objeto e destinado a
fornecer uma convicção atual" (ARANHA, 2006, p. 259). Sob uma visão ampliada do art. 232 do Código de Processo Penal
são documentos, tais como: "escritos, fotos, fitas de vídeo e som, desenhos, esquemas, gravuras, disquetes, CDs, dentre
outros" (NUCCI, 2007, P. 459).
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A prova material é a prova real que exterioriza a verdade por meio de sua simples apresentação, para tanto, necessária a
verificação de sua veracidade e valoração mediante exames técnicos, quais sejam: o exame de corpo de delito, o corpo de
delito indireto, a busca e apreensão, a perícia, dentre outros.
A prova testemunhal é obtida por meio de declarações acerca do fato, realizadas por pessoas que comparecem ao
processo (ARANHA, 2006, p. 157). É considerada a prostituta das provas, por ser a mais falha no âmbito do processo
penal, pois de fácil distorção ante aspectos emocional, sensorial, cultural e racional. Porém, na falta de outros elementos
probatórios o magistrado deverá considerar ao menos esse tipo de prova.
As pessoas que podem prestar tais declarações são: terceiros, que tem o dever de reproduzir os fatos percebidos através
de seus sentidos, não podendo se recusar, sob pena de responder por crime de falso testemunho, já que tendo
conhecimento do fato delituoso, não pode se calar à verdade (NUCCI, 2007, p. 430); o acusado, que nesse momento tem
a oportunidade de se dirigir diretamente ao juiz, apresentando a sua versão defensiva, podendo indicar meios de prova,
permanecer em silêncio e até confessar (NUCCI, 2007, p. 389); e a vítima, cuja oitiva "não extrapola o número de
testemunhas que podem ser arroladas" (TOURINHO FILHO, 2007, p. 563 e 564).
Relativamente ao testemunho do ofendido, foco da presente pesquisa, importante esclarecer que não tem o mesmo peso
que o depoimento de terceiro, todavia, em se tratando de crimes sexuais, praticados às escondidas, ganha mais valor,
embora possa ser ainda mais recheado de mágoa ou sentimento de proteção ao agressor que na maioria dos casos, pois
o ofensor pode ser pessoa por quem guarda algum tipo de afeto (NUCCI, 2008, p. 443).
Todavia, se as palavras de uma pessoa adulta geram dúvidas, de mais fragilidade reveste-se a palavra da criança, já que
possui como agravante a ausência de procedimento específico para sua oitiva, contrariando, assim, o tratamento
diferenciado preconizado pelo art. 227 da CF.
Quando se trata de criança, Nucci (2008, p. 444) informa que há expectativa para uma fala fantasiosa, podendo ser
sugestionada por um adulto, mau-intencionado ou não, pois lhe falta maturidade para compreender o significado e as
conseqüências da sua atitude, além de seu relato estar sujeito a divergências que podem advir da tentativa de proteger o
agressor e sua família, já que nesse tipo de delito, na maioria dos casos o agressor é membro da família ou alguém muito
próximo afetivamente.
É considerando tais possibilidades que nasce a insegurança do magistrado em proceder o julgamento perante o conjunto
probatório que tem por base somente a palavra da referida vítima.
 
3. A violência contra a criança e os procedimentos para sua oitiva
Na legislação brasileira não há um tipo penal denominado abuso, que é termo "comumente utilizado para indicar as
diversas formas de envolvimento sexual com crianças e adolescentes" (PISA; STEIN, 2007, p. 460).
O Código Penal prevê somente os crimes contra a liberdade sexual, quais sejam: estupro, atentado violento ao pudor,
posse sexual mediante fraude, atentado ao pudor mediante fraude e assédio sexual. Todavia, de acordo com Piazza
(2001, p. 35) mais freqüente contra as crianças é o estupro e o atentado violento ao pudor, já que o assédio sexual ocorre
quando há hierarquia e a fraude pressupõe um consentimento inicial que no caso da criança é questionado, afinal,
dependendo da idade cronológica e até mesmo da existência de qualquer tipo de relação de poder, torna-se complexo
definir se houve opção de escolha ou não.
Tanto o estupro como o atentado violento ao pudor são crimes hediondos em qualquer de suas figuras típicas (art. 1º, V da
Lei n. 8.072/90), além do que, considerando a sua prática contra crianças, conforme proposta do estudo em tela,
importante ressaltar a violência presumida (art. 224 do CP).
Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima:
a) não é maior de 14 (catorze) anos;
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. - (sem grifo no original)
A doutrina dominante considera os diferentes níveis de conhecimento acerca da sexualidade, bem como de seu
desenvolvimento sexual, para diferenciar a presunção relativa da presunção absoluta. Logo, ensina Greco (2006, p. 604)
que, aqueles que possuem experiência em assuntos sexuais, com vida sexual ativa e com pleno discernimento dos seus
atos gozam de presunção relativa; ao passo que gozam de presunção absoluta os indivíduos sem experiência sexual, sem
nenhum ou baixo conhecimento acerca do ato sexual.
Nesse sentido, há casos práticos em que se tem afastado a presunção, pois conforme ensina Capez (2005, p. 59), se trata
de vítima que aparentava ser maior de idade; que era experiente na prática sexual; que já se demonstrava corrompida;
vítima que forçou o agente a possuí-la; que se mostrava despudorada, devassa".
No tocante ao abuso sexual infantil, com base nas definições estudadas, extrai-se dos ensinamentos de Gabel (apud
ARAÚJO, 2002) os seguintes apontamentos: ocorre, geralmente, quando há relação de poder (uma figura forte e outra
frágil, onde a primeira subjuga-se à segunda); quando há relação de confiança (o frágil não duvida das intenções do forte,
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sendo comum que se sinta culpado, o que favorece seu silêncio); quando há o uso de criança ou adolescente para
satisfação da lascívia do agressor ou de terceiro.
O foco da pesquisa jurisprudencial realizada se deu sobre crimes que poucodeixaram ou não deixaram vestígios
materiais, isso porque a regra no abuso sexual, de acordo com estudos realizados por Pfeiffer e Salvagni (2005), é da
baixa ocorrência de conjunção carnal, que, somada à demora da denúncia, o que permite a cicatrização de outras lesões,
reduz a freqüência da prova material nesses delitos.
Pelo fato da maioria dos casos ter como agressores pessoas da família ou muito próximas a ela, a vítima não sabe mais
em quem pode confiar, além do medo de represália, ou por não compreender o ato sexual em si, ela tende a silenciar e é
daí que surge a ‘síndrome do segredo’, que influencia na demora da denúncia, prejudicando ainda mais a identificação da
agressão.
O silêncio do infante e conseqüente retardamento da denúncia decorrem, então, dos sentimentos de medo, culpa,
vergonha, ignorância e tolerância que a vítima vivencia na sua rotina. Por assim ser, a tendência é de que a própria família
dê mais crédito à denúncia da criança quando o agressor não é da família (Bitencourt, 2007).
Segundo Amazarray e Koller (1998), embora cada criança reaja de forma diferente ao abuso, certo é que dele resultará um
dano emocional que poderá se apresentar de forma latente por algum tempo, ou até mesmo nunca ser desencadeado,
dependendo de sua estrutura emocional, além do apoio familiar e profissional que receber. Nessa linha, e conforme ensina
Bitencourt (2007, p. 272), diferente também o nível de vitimização das crianças que foram abusadas uma única vez
daquelas que foram obrigadas a guardar segredo, além de conviver diariamente com o agressor, convivendo sob o mesmo
teto e dormindo na mesma cama.
Apesar de toda especificidade do caso, não existe previsão legal exclusiva para a oitiva das crianças e adolescentes,
vítimas de crimes sexuais, restando aos inquiridores a utilização do mesmo procedimento de tomada de depoimentos de
adultos. Assim, por não considerar a condição peculiar de desenvolvimento da vítima, além do risco de lhe provocar dano
psicológico, incorre-se, ainda, no perigo de prejudicar a confiabilidade da prova produzida com base no relato do infante
(BITENCOURT, 2007, p. 272).
Fator relevante a se considerar também é todo o trajeto por que passa o infante até chegar ao magistrado para ser
inquirido sob o crivo do contraditório, pois já foi submetido a várias entrevistas, por profissionais diferentes, cuja técnica
raramente é informada no processo; restando ao magistrado montar um quebra-cabeça com as informações registradas
por esses profissionais, que muitas vezes não tem preparo adequado para administrar tal situação (PISA; STEIN, 2007, p.
457).
Logo, os aspectos vivenciados pela criança, vítima do abuso, são:
- Relatar mais de uma vez (na fase policial e também na fase judicial - mais de uma vez se preciso);
- Para várias pessoas estranhas a si (conselheiro tutelar, delegado, psicólogo, assistente social, médico, juiz, etc);
- Fato constrangedor para si (o ato sexual, o abuso sofrido, com detalhes);
- Despreparo de alguns profissionais (que usam palavras inadequadas, que desconhecem técnicas que reduziriam a
revitimização e a melhor coleta do relato, que não sabem até onde podem e é adequado avançar na inquirição, que
desconhecem as peculiaridades daquele pequeno ser).
Nesse contexto, visando oferecer solução para esse tipo de situação, que alguns estudos têm sido desenvolvidos, dentre
os quais, o projeto denominado ‘depoimento sem dano’, de um magistrado do Rio Grande do Sul, José Antônio Daltoé
Cézar (2007, p. 65), que visa atender de maneira diferenciada os menores, vítimas desses delitos sexuais.
O referido projeto teve origem em maio de 2003, com base na dificuldade em tomar o depoimento de menores vítimas de
abuso sexual, além da preocupação para a insuficiência de provas, o que resulta em um baixo número de condenações
(BRITO, 2008).
São objetivos do projeto, como informa o precursor do projeto (CÉZAR, 2007, p. 62): reduzir o dano provocado ao menor;
garantir seus direitos, relativamente a sua condição peculiar de desenvolvimento, valorizando, assim, sua palavra;
melhorar a qualidade da prova produzida, muitas vezes a única do processo.
Para tanto, propõe o magistrado (CÉZAR, 2007):
- Retirar o menor do ambiente formal da sala de audiências e transferi-los para sala especialmente projetada para tal
fim (ligada, por áudio e vídeo, ao local onde se encontram juiz, promotor de justiça, advogado, réu e serventuários da
justiça, os quais poderão interagir durante o depoimento);
- O menor ficará acompanhado de técnico preparado (psicólogo ou assistente social), que filtrará perguntas
inapropriadas, impertinentes e, algumas vezes, até agressivas;
- O depoimento será gravado, para evitar que o menor precise ser indagado novamente.
O projeto, divide-se, por sua vez, em 3 (três) etapas:
- Acolhimento inicial - cuidados para que o menor não se depare com o agressor ao acessar o prédio (como marcar
sua chegada com antecedência de 30 min) e prestar esclarecimentos sobre a dinâmica do depoimento, informando
que será filmado, além de visualizado por pessoas presentes em uma sala ao lado, e que farão perguntas.
- Depoimento - as perguntas serão feitas ao menor, por intermédio do entrevistador, que poderá se utilizar de
perguntas abertas, fechadas e hipotéticas, conforme entender mais conveniente e menos danoso ao menor. Sendo
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todo procedimento gravado em vídeo, que, após o término do depoimento, seguirá para transcrição e posterior juntada
aos autos (CÉZAR, 2007, p. 70).
- Acolhimento final - após o término da audiência, com o sistema de vídeo desligado, serão colhidas as assinaturas no
termo de audiência e realizada intervenção no sentido de indicar serviços de atendimento junto à rede de proteção, se
necessário, além de poder conversar acerca de alguns conteúdos, como medo, culpa, raiva, vergonha, etc, ou até
mesmo sobre a forma como a família tem gerenciado a situação (CÉZAR, 2007, p. 76 e 77).
Com base em tal trabalho, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração Sexual deu início ao projeto n.
35/2007, que se encontra em análise no Senado Federal, cuja ementa assim versa:
EMENTA: Acrescenta a Seção VIII ao Capítulo III - Dos Procedimentos - do Título VI - Do Acesso à Justiça - da Parte
Especial da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente, dispondo sobre a forma de
inquirição de testemunhas e produção antecipada de prova quando se tratar de delitos tipificados no Capítulo I do
Título VI do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, com vítima ou testemunha criança ou
adolescente e acrescenta o art. 469-A ao Decreto-Lei nº 3.689 de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Todavia, tais projetos são fontes de calorosos debates no cenário nacional. E, para tanto, defensores como a Procuradora
de Justiça do Rio Grande do Sul, Maria Cristina Cardoso Moreira de Oliveira (apud NUNES, 2008), manifestou-se, no
seguinte sentido:
[...] que crianças possuem ‘um nível cognitivo, intelectual e psicossocial diferente dos adultos’ e, por isso, a tomada de
suas declarações ‘deve ser repensada pelos operadores do direito’, porque a inquirição inadequada da criança, ‘além
de prejudiciar a prova, pode causar um dano psicológico a ela’. [...] devemos aceitar o fato de que nossa visão
técnico-jurídica tem limites e que nossa capacidade profissional muitas vezes não é suficiente. [...]
Defende, assim, que, ao reconhecer suas limitações, o operador jurídico tem a obrigação de aceitar propostas de outras
áreas do conhecimento.
Nessa linha, também, a Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional do Conselho Regional de Serviço Social
da 10ª Região - RS, em resposta à ofício circular do Conselho Federal dessa classe, manifestou-se favoravelmente ao
projeto, no sentido que percebem a atuação dos profissionaisdo Serviço Social enquanto mediadores de uma
situação que ocorrerá de qualquer forma, então que seja na mais amena para o menor. Entendem, assim, que
caminham no sentido de garantir a guarda dos direitos humanos, diminuindo o sofrimento do menor imposto pela
violência (BIANCHINI; STEFANI, 2007).
Dentre os contrários ao Projeto de Lei que institui o ‘depoimento sem dano’, segundo informa Brito (2008) "o Conselho
Federal de Psicologia encaminhou em 2007, ao Senado Federal, moção contrária" à sua aprovação, justificando que não
se trata de tarefa de psicólogos tal inquirição, pois a revitimização da criança ocorrerá de uma forma ou de outra. Ainda,
ressalta que sempre haverá dano psíquico à vítima menor nos casos de abuso sexual, sendo que o menor deve ter o
direito de decidir o momento em que está preparado para falar a estranhos sobre sua experiência e se quer depor, não
devendo ser obrigado, pois quando ele se sentir preparado, significa que se sente emocionalmente pronto para falar e,
sendo assim, terá condições de dizer até mesmo diretamente ao juiz, sem haver necessidade de mediadores para tanto
(VERONA; CASTRO, 2008).
Na área da oitiva de testemunhas, outro ramo de estudos é a Psicologia do Testemunho, que, conforme estudos de Pisa e
Stein (2007, p. 470), compreende pesquisas experimentais que visam traçar estratégias "para ajudar a criança a conversar
sobre suas experiências íntimas e sentimentais", sem que absorva conteúdos do entrevistador, o que reduziria a qualidade
do relato, além de buscar diminuir o grau de dano psíquico-emocional pela revitimização que sofre ao relembrar o ato
quando o narra, já que nesse momento tende a reviver os mesmos sentimentos experimentados quando da ocorrência do
ato praticado contra si.
Primeiramente, cabe esclarecer a diferença entre entrevista forense de entrevista terapêutica, sendo que a primeira busca
somente evidências do crime por meio do relato de fatos, tentando se aproximar ao máximo da realidade, ao passo que a
segunda prioriza a ajuda ao menor no tocante à compreensão dos conflitos intrapsíquicos que vivencia, mesmo que
baseados em fantasias (PISA; STEIN, 2007, p. 470).
Com base nos estudos de Pisa e Stein (2007, 470 e 471), as técnicas utilizadas pela Psicologia do Testemunho são as
seguintes:
Primeira etapa:
- Ambientação do menor com o ambiente e com o entrevistador (quando ambos se conhecerão e se tentará garantir
laço de confiança);
- Informar as regras do diálogo que servirá para ambos: a) dizer a verdade, b) dizer "eu não sei" quando preciso, c)
indicar quando não entende a pergunta, d) encorajá-la a corrigi-lo se o entrevistador interpretar errado algo que tenha
falado.
Segunda etapa:
- Relato livre, sem interrupções, porém com todos os detalhes que se recorde.
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Terceira etapa:
- Não há uma lista de perguntas prontas, só uma classificação, qual seja: Perguntas abertas - a mais indicada por
oferecer menor risco de contaminação, são gerais e exploratórias; Perguntas fechadas - com base no relato livre. A
criança limita-se a afirmar, negar ou escolher uma opção dentre as oferecidas; Perguntas sugestivas - introdução de
nova informação na entrevista, mesmo que não mencionada anteriormente.
Apesar de todas as técnicas propostas pela Psicologia do Testemunho, importante ressaltar que não é garantia de que o
entrevistador resgatará uma verdade inteira, mas tão somente se aproximará ao máximo da verdade real, obtendo, assim,
uma verdade parcial e subjetiva.
Ainda assim, são poucos os trabalhos nesse campo, fazendo-se necessária a capacitação de diversos profissionais, tendo
em vista abordar o assunto de maneira multidisciplinar, já que a ocorrência do abuso sexual infantil atinge desde
profissionais como o pediatra e profissionais da saúde, que geralmente são os primeiros a ter contato com a vítima,
quando procurados por um responsável pela criança, que desconfia da ocorrência do abuso, para então passar por
delegado, perito, conselheiro tutelar, para, finalmente, chegar ao Judiciário.
Nesse contexto, até alcançar o final da cadeia inquisitória pode ter tido seu discurso contaminado ou corrompido pela falta
de preparo dos profissionais por quem passou, além da possível contaminação por parte dos conteúdos sugeridos por sua
família e inclusive pelo agressor, com que pode continuar a ter contato.
Dessa forma, tantos cuidados visam garantir a qualidade da prova produzida, reduzindo, assim, a invalidade dos relatos e
conseqüente absolvição do réu; bem como assegurar o estado emocional e psíquico da pequena vítima. Por isso, a
necessidade de tratamento distinto e de alta consideração quando da oitiva da criança nos delitos de abuso sexual, já que
é uma tendência da jurisprudência acolher tal versão para balisar a decisão do magistrado, quando lhe falta prova material
do crime.
 
4. O valor da palavra da vítima nos crimes de abuso sexual contra crianças nos julgados do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina
A pesquisa jurisprudencial, realizada no presente estudo, visa identificar o pensamento do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina nos processos de abuso sexual infantil contra crianças, nos quais há ausência de prova material e quando o
depoimento da vítima é um dos poucos indícios constantes do conjunto probatório. Assim, pretende-se verificar o valor
dado ao depoimento da vítima na decisão dos magistrados.
Para uma visão mais ampla, foram analisados, também, julgados do STJ e de alguns Tribunais estaduais de relevância:
DF, MG, PR e RS.
As principais palavras chaves da pesquisa foram: atentado violento ao pudor (por ser o que mais se aproxima do abuso
sexual sem vestígios materiais) e criança (aquela definida pelo ECA como tendo até 12 anos de idade incompletos).
No tocante ao entendimento do Superior Tribunal de Justiça acerca do delito em tela, demonstra-se uníssono quanto ao
valor da palavra da criança, no sentido de estar corroborado por algum outro indício, conforme resta demonstrado pelo
caso de atentado violento ao pudor, contra menina de 8 (oito) anos de idade à época dos fatos, cujo ofensor foi seu
padrasto (STJ. RESP 700.800- RS. 2005).
As provas constantes dos autos foram: depoimento da criança, testemunho da mãe que não presenciou o fato e laudo
psicológico. Com base nesse conjunto probatório, em 1º grau o juízo condenou o réu, decisão que foi revertida em 2º grau.
Nesse sentido, a ementa do Recurso Especial, interposto pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, assim versa:
CRIMINAL. RESP. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ABSOLVIÇÃO EM SEGUNDO GRAU. REVALORAÇÃO DAS
PROVAS. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVO. AUSÊNCIA DE VESTÍGIOS. RECURSO PROVIDO.
I. Hipótese em que o Juízo sentenciante se valeu, primordialmente, da palavra da vítima-menina de apenas 8 anos de
idade, à época do fato -, e do laudo psicológico, considerados coerentes em seu conjunto, para embasar o decreto
condenatório.
II. Nos crimes de estupro e atentado violento ao pudor, a palavra da vítima tem grande validade como prova,
especialmente porque, na maior parte dos casos, esses delitos, por sua própria natureza, não contam com
testemunhas e sequer deixam vestígios. Precedentes.
III. Recurso provido, nos termos do voto do Relator
(STJ. RESP 700.800- RS. 2005).
O alto valor probatório que é concedido à palavra da vítima quando coerente e harmoniosa com os demais elementos
probatórios, também foi constatado após análise de alguns julgados dos Tribunais de Justiça de Minas Gerais, São Paulo,
Paraná e Rio Grande do Sul, o que pode ser observado na Apelação Criminal do TJMG, relativo ao delito de atentado
violento ao pudor praticado contra infante de 3 (três) anos de idade:
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - PROVA - PALAVRA DA VÍTIMA - VALIDADE - INOCORRÊNCIA DE
CONTRADIÇÃO NOS DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS - DESNECESSIDADE DE LAUDO PERICIAL ATESTANDO
A OCORRÊNCIADE ATO LIBIDINOSO - FIXAÇÃO DO REGIME SEMI-ABERTO - INVIABILIDADE POR TRATAR-SE
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CRIME HEDIONDO - DOSIMETRIA DA PENA CORRETA.
Assente na jurisprudência que nos delitos contra os costumes, pela sua própria natureza, a palavra da vítima
assume excepcional relevância, particularmente quando coerente e harmoniosa com os demais elementos
dos autos. A versão da vítima para os fatos deve prevalecer sobre as negativas do acusado, salvo se provado
de modo cabal e incontroverso que se equivocou ou mentiu. É infundada a tese de suspeição dos demais
depoimentos testemunhais levantada pela defesa tardiamente, sem obediência a dispositivos legais aplicáveis ao
caso, art. 214 do CPP, notadamente quando não se constata qualquer contradição entre as declarações prestadas
pelas testemunhas. Sabe-se que, em delitos de natureza sexual, especialmente o ato libidinoso diverso da conjunção
carnal, nem sempre deixa vestígios, o que torna desnecessária a realização de laudo pericial. O estupro e o atentado
violento ao pudor, em qualquer situação, são hoje considerados crimes hediondos sendo o regime de cumprimento de
pena o integralmente fechado, "ex vi" do art. 2º, § 1º, da Lei de Crimes Hediondos. A quantidade de pena privativa de
liberdade fixada de maneira fundamentada e correta não merece revisão para acertos.
(TJMG. Apelação Criminal n. 1.0400.99.0000806-4/001. 2005) - (sem grifo no original)
Todavia, se houver contradição, imediatamente surgirá a dúvida se a vítima fantasiou e, por isso, entendem os togados
que não se pode correr o risco de condenar um inocente. Logo, pelo in dubio pro reo.
Nesse sentido, um julgado do Paraná, no qual a mãe coloca em questão o relato da filha, porque teria imaginação fértil;
somado a isso, o relator entende que a criança foi induzida pela juíza de 1º grau em seu depoimento. Para tanto,
manifesta-se:
[...] A imaturidade psicológica da criança, especialmente quando contam com tenra idade, é ponto que necessita ser
abordado. Como bem ressaltou o e. Juiz que proferiu o voto que ensejou o recurso ora examinado, a imaginação
destes indivíduos é utilizada como meio de autodefesa e para satisfação de seus próprios desejos, além de serem
altamente sugestionáveis. [...] (TJPR. Embargos Infringentes n. 204.093-1/01. 2003) - (sem grifo no original)
No Tribunal de Justiça de Santa Catarina percebe-se que não é muito diferente, conforme se colhe da Apelação Criminal
n. 2008.063280-1 (http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000CR040000), referente
a atentado violento ao pudor praticado pelo padrasto contra menina de 7 (sete) anos à época dos fatos:
CRIME CONTRA LIBERDADE SEXUAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR, COM VIOLÊNCIA PRESUMIDA E EM
CONTINUIDADE DELITIVA. ACUSADO QUE, NA CONDIÇÃO DE PADRASTO, ABUSAVA SEXUALMENTE DA
VÍTIMA, QUE POSSUÍA, À ÉPOCA DOS FATOS, 7 ANOS. RECURSO DA DEFESA. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO
POR AUSÊNCIA DE PROVAS. INVIABILIDADE. INDÍCIOS E CIRCUNSTÂNCIAS QUE CONVENCEM ACERCA DA
MATERIALIDADE E DA AUTORIA DELITIVAS. DECLARAÇÕES SEGURAS E COERENTES DA OFENDIDA.
DEPOIMENTOS EM HARMONIA COM AS DEMAIS PROVAS ANGARIADAS NO PROCESSADO. ELEMENTOS
PROBANTES SUFICIENTES PARA DAR SUPORTE AO DECRETO CONDENATÓRIO.
Nos crimes contra os costumes, geralmente cometidos na clandestinidade, os depoimentos testemunhais da
vítima, quando claros, coerentes e harmônicos, com apoio nos autos, são bastantes para embasar o decreto
condenatório, independentemente da presença de vestígios no exame pericial. [...]
(TJSC. Apelação Criminal n. 2008.063280-1 (http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?
CDP=01000CR040000). 2008) - (sem grifo no original)
As provas constantes dos autos foram o depoimento da menina, o testemunho do irmão e da mãe (que não presenciaram
o ato, só alguns fatos que coadunaram com o relato da vítima), relatório do conselho tutelar e parecer psicológico realizado
na delegacia de polícia.
Nesse sentido, ainda, a Apelação Criminal n. 2008.023236-4
(http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000BNJV0000), de atentado violento ao
pudor praticado pelo companheiro da avó, cuja vítima contava com 6 (seis) anos de idade:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA OS COSTUMES. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR CONTRA MENOR,
COMETIDO PELO CÔNJUGE DA GUARDIÃ DA INFANTE, POR DIVERSAS VEZES.
MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS PELO DEPOIMENTO DA VÍTIMA
CORROBORADO PELOS DEPOIMENTOS DAS DEMAIS TESTEMUNHAS.
PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO POR FALTA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. DEPOIMENTO DA VÍTIMA, ALIADO A
OUTRAS PROVAS QUE, EM CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL, TEM ALTO VALOR PROBATÓRIO.
ALMEJADO AFASTAMENTO DA CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO (ART. 226, INC. II, DO CP). INVIABILIDADE.
APELANTE QUE EXERCIA PÁTRIO PODER SOBRE A VÍTIMA.
PLEITO DE PROGRESSÃO DE REGIME APÓS CUMPRIMENTO DE 1/6 (UM SEXTO) DA PENA. MATÉRIA QUE
COMPETE AO JUIZO DE EXECUÇÕES PENAIS.
DELITOS COMETIDOS ANTERIORMENTE À LEI N. 11.106/2005, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AO ART. 226, INC. II,
DO CP, AGRAVANDO A SITUAÇÃO DO RÉU. IRRETROATIVIDADE DA LEI MAIS GRAVOSA. ADEQUAÇÃO DE
OFÍCIO.
(TJSC. Apelação Criminal n. 2008.023236-4 (http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?
CDP=01000BNJV0000). 2008) - (sem grifo no original)
http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000CR040000
http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000CR040000
http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000BNJV0000
http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000BNJV0000
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Neste, as provas que formaram o convencimento do magistrado foram: depoimento da menina, testemunho da mãe e da
avó (que não presenciaram qualquer ato, só ouviram o relato da menor e indicaram alguns indícios).
Por fim, apresenta-se julgado que continha como provas: depoimento da criança, testemunho de uma vizinha (que não
presenciou o fato, mas ouviu reclamação da menina, bem como demonstração de temor do pai) e laudo psicológico. Trata-
se de delito praticado contra menina de 4 (quatro) anos, vitimada, supostamente, pelo próprio pai.
Neste houve voto de divergência, sendo 2 (dois) votos pela absolvição do réu, cujos motivos seguem:
A mãe manifestou-se no sentido de não acreditar nos fatos narrados pela filha;
A psicóloga que atendeu a menina, ouvida em juízo, "confirmou que a versão da infante pode ser fruto da imaginação
desta";
Pelo fato das provas não sustentarem o fato imputado ao réu, então, pelo in dubio pro reo. (TJSC. Apelação Criminal n.
2004.004078-4 (http://tjsc6.tj.sc.gov.br/cposg/pcpoResultadoConsProcesso2Grau.jsp?CDP=01000BNJV0000))
Por outro lado, os argumentos que defenderam a condenação do mesmo réu foram os seguintes:
[...] os fatos chegaram à tona quando a vítima L. F. (abreviação minha), de apenas 04 anos, contou para a vizinha que
o pai havia colocado o membro sexual em sua boca e ejaculado.
[...] a testemunha [...] narrou que a mãe da ofendida precisou viajar à cidade de Curitiba para tratamento de saúde de
outra filha e prontificou-se a cuidar da vítima. Certo dia, porém, notou que a criança estava estranha e perguntou o
que havia acontecido, sendo que a menor respondeu que, se o pai fosse buscá-la, ela não iria para casa, pois ele
havia colocado "o tico de mijar em sua boca". [...] Por fim, esclareceu que a ofendida não tinha contato com homens e
não era uma menina mentirosa. [...] Sublinhe-se que, na véspera da data da audiência, o réu levou uma boneca para
a filha brincar e, segundo ela, ‘tem medo que faça isso novamente e, antes dos fatos,ele não lhe dava presentes,
mas, depois, sim’ (fls 125).
Ora, a menor particularizou o ato libidinoso por diversas vezes (perante familiares, psicóloga, conselheira tutelar,
autoridades policial e judicial), sendo improvável que tivesse criado ou fantasiado fato de extrema gravidade, sem que
tivesse verdadeiramente vivenciado a violência.
[...] embora a psicóloga Fabiane Gialdi tenha afirmado, em juízo, "que não poderia dar certeza de que os fatos
ocorreram, podendo ser resultado da imaginação da criança", disse, porém, que "mesmo que um ato libidinoso ocorra
uma única vez, tal ato é encarado com naturalidade pela criança, porque ela já vem sendo seduzida há tempo e o
discurso dela é muito coerente, o que pode significar que o que ela fala é verdadeiro" (fl. 56).
[...] Inconsistente, também, a alegação de que, se, realmente, tivesse o réu praticado o abuso contra Luciana, a mãe
não permitiria a convivência dele com a menor, que não demonstra qualquer receio à sua pessoa. Esse
comportamento da genitora pode ter ocorrido pelo assossegamento da consciência e o sopesamento das
conseqüências que o curso do processo penal fatalmente acarretarariam para os interesses mediatos
envolvidos, como a perda de sua contribuição financeira para o orçamento doméstico e a saída do
companheiro do seio familiar, dentre outros. (TJSC. Apelação Criminal n. 2004.004078-4. 2004) - (sem grifo no
original)
Por todo o exposto, resta evidente o assunto delicado que é o trazido à baila na presente pesquisa.
À palavra da criança, neste tipo de crime, em determinadas horas é dada especial relevância, em outras é questionável,
duvidosa. O certo é que, pelo que se pode apurar nos julgados do Tribunais anteriormente citados, a palavra da criança
deve ser coerente e concisa em todas as vezes que precisar depor, além da necessidade de apresentar-se junto a algum
outro indício ou evidência; do contrário, torna-se frágil. Verificando-se, assim, a vital importância da preparação dos
profissionais que extraem a verdade da criança.
 
5. Considerações finais
Não se pretende, e importante deixar claro, defender a tese de que a criança sempre estará narrando o fato tal como
aconteceu, mas alertar de que cuidados específicos devem ser tomados quando de sua oitiva, seja na fase policial ou
judicial, já que se trata de um ser munido de condição peculiar, ou seja, merecendo tratamento diferenciado do adulto, que
lhe garanta proteção integral e prioridade no atendimento; previsão constitucional, reforçada e especificada pelo estatuto
da criança e do adolescente.
No tocante aos procedimentos para a oitiva da criança, o que existe hoje no brasil é, tão somente, uma adequação da
forma utilizada para os adultos, conforme previsão do código de processo penal, além de algumas iniciativas isoladas,
chamadas de ‘psicologia do testemunho’ e ‘depoimento sem dano’, que deu origem ao projeto de lei n. 35/2007, do
Senado Federal.
Com base nos julgados, conclui-se que a palavra da vítima influencia a decisão do magistrado quando coerente e
corroborada por outras provas constantes dos autos, sendo raras as situações em que decidem com base unicamente no
seu depoimento, embora aconteça, mas, ainda assim, é exigida forma lógica e sem contradições.
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Ainda, quando há incoerência na fala da criança, se não apoiado por outra prova, remete-se à fabulação ou
sugestionabilidade, não sendo considerada a possibilidade de confusão, natural diante da agressão de que foi vítima,
muitas vezes praticada por pessoa por quem nutria amor e admiração, além de inerente ao estágio de desenvolvimento
psíquico-emocional do infante frente a fato tão complexo para si.
Sendo assim, o estudo em tela revela a necessidade emergente da conscientização dos profissionais que atendem
situações como as apresentadas, relativas ao abuso sexual infantil, de que é imprescindível a intervenção multidisciplinar,
já que há possibilidade de atuação punitiva, protetora e terapêutica, objetivando, assim, a produção de uma prova de
qualidade, favorecendo o processo e o poder punitivo do estado, além da proteção integral ao menor.
 
6. Referências bibliográficas
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[Fonte: Jus Navigandi - Publicado em JUL 2009] (http://jus.com.br/artigos/13130)
 
Matérias relacionadas: (links internos)
» Depoimento Especial (https://crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1413)
» Doutrina (https://crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1375)
Referências: (links externos)
» Jus Navigandi (http://jus.com.br/)
 
 
http://jus.com.br/artigos/13130
https://crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1413
https://crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1375
http://jus.com.br/

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