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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL PROJETO DE SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS Professor: Luiz Carlos Klusener Fiho 2 ÍNDICE ÍNDICE ...................................................................................................................... 2 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS..................................................................... 5 1.1. HISTÓRICO ................................................................................................................. 5 1.2. A SAÚDE E O SANEAMENTO ...................................................................................... 10 1.3. POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO .................................................................... 15 1.4. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E BIOLÓGICAS ............................................... 19 1.5. ORIGEM DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS ........................................................................... 21 1.6. TIPOS DE SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTO SANITÁRIO ........................................... 23 1.7. FASES DO SISTEMA DE ESGOTOS SANITÁRIOS ........................................................... 26 1.8. COMPONENTES DO SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO ............................................... 28 1.9. CONCEITOS FUNDAMENTAIS ..................................................................................... 31 2. ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO .. 39 2.1. DEFINIÇÃO ................................................................................................................ 39 2.2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 39 2.3. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS .................................................................... 40 2.4. NORMAS PARA PROJETOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS .......................... 49 3. CONSUMO DE ÁGUA / RETORNO DE ESGOTO ...................................... 49 3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES ...................................................................... 50 3.2. ALCANCE DO PROJETO .............................................................................................. 52 3 3.3. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO.............................................................. 54 3.4. CONSUMO DE ÁGUA ................................................................................................. 57 3.5. CONSUMO “PER CAPITA” (Q) ................................................................................... 58 3.6. VARIAÇÕES DE CONSUMO ........................................................................................ 59 3.7. COEFICIENTE DE RETORNO (C) ................................................................................... 60 3.8. VAZÃO DE DIMENSIONAMENTO DAS PARTES PRINCIPAIS DE UM SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO ....................................................................................................................... 61 4. SISTEMA DE COLETA DE ESGOTOS SANITÁRIOS ................................ 63 4.1. COMPONENTES DA REDE ......................................................................................... 63 4.2. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DA REDE ................................................................................. 64 4.3. TRAÇADO DAS REDES COLETORAS ............................................................................ 70 4.4. INFLUÊNCIA DOS ÓRGÃOS ACESSÓRIOS NO TIPO DE TRAÇADO ................................ 72 4.5. LOCALIZAÇÃO DA TUBULAÇAO NA VIA PÚBLICA ....................................................... 74 4.6. HIDRÁULICA APLICADA A COLETORES DE ESGOTO .................................................... 77 4.7. CRITÉRIOS DE PROJETO PARA REDE COLETORA DE ESGOTO SANITÁRIO ................... 88 4.8. FÓRMULAS PARA DIMENSIONAMENTO .................................................................... 91 4.9. ROTEIRO BÁSICO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO ....................................................................................................................... 92 5. INTERCEPTORES E EMISSÁRIOS .............................................................. 96 5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS CONDUTOS .......................................................................... 96 5.2. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS E COMPLEMENTARES ............................................................. 97 5.3. DIMENSIONAMENTO HIRÁULICO .............................................................................. 99 4 5.4. CÁLCULO DA PERDA DE CARGA AO LONGO DO EMISSÁRIO POR RECALQUE ............102 5.5 PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS..............................................................................103 5.6 MATERIAIS DOS EMISSÁRIOS ....................................................................................105 5.7. DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO DOS EMISSÁRIOS .........................................................106 5.8. OBRAS ESPECIAIS .....................................................................................................106 5 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 1.1. HISTÓRICO Em 3750 a.C. eram construídas grande galerias de esgotos em Nipur (Índia) e na Babilônia. Na mesma época, na Roma Imperial eram fei- tas ligações diretas das casas até os canais. Na idade média não se tem notícia de grandes realizações em rela- ção ao saneamento – especialmente aos esgotos. Entre 1345 a 1349 registra-se a ocorrência da pandemia de peste bubônica na Europa (43 milhões de vítimas fatais – toda a população mundial não chegava a 400 milhões). A peste bubônica é uma doen- ça é transmitida por pulgas infectadas por ratos – o que demonstra que a higiene não era muito rigorosa naquela época. Um outro fator que chama atenção é o crescimento populacional de alguma cidades inglesas e a ocorrência de grandes epidemias no mesmo período como observa-se na tabelas 1.1 a seguir: Tabela 1.1 – Crescimento populacional em cidades inglesas no sécu- lo XIX Cidades ingle- sas Ano de 1801 Ano de 1841 Crescimento (%) Manchester 35 000 353 000 909 Leeds 53 000 152 000 187 Sheffield 46 000 111 000 141 Fonte: Huberman (1976) 6 Algumas epidemias registradas na Europa no século XIX: ▪ Em 1826 - epidemia de cólera na Europa, atingindo grandes proporções ▪ Em 1831 - epidemia de cólera na Inglaterra (50 mil vítimas fa- tais). ▪ Em 1848 – nova epidemia de cólera na Inglaterra (25 000 mil vítimas fatais). A Inglaterra foi um dos países europeus mais castigados pelas epi- demias. Dentre as causas dos surtos epidêmicos destacam-se: ▪ Tendo sido berço da revolução industrial a Inglaterra sofreu intensa migração populacional do campo para cidade; ▪ As cidades não contavam com infra-estrutura urbana sufici- ente para receber a esse novo contingente de população; ▪ Nos rios ingleses de curta extensão, contavam-se diversas cidades ao longo de seus cursos, não apresentando, por- tanto, condições naturais de autodepuração; ▪ Não somente os ingleses mas o mundo desconhecia a mi- crobiologia e a relação entre certas doenças e a qualidade das águas. Certamente, também pelos motivos apontados, a Inglaterra foi o pri- meiro país a iniciar pesquisas e adotar as necessárias medidas sane- adoras como apresenta a tabela 1.2 a seguir: 7 Tabela 1.2 - Pesquisas e medidas saneadoras na Inglaterra no século XIX Ano Ocorrência 1822 Primeiro levantamento das condições sanitárias do Rio Tamisa 1848 Primeiras leis de Saneamento e Saúde Pública 1854 Jonh Snow provou cientificamente a relação entre certas doen- ças (como cólera) e a qualidade das águas 1857 Criado o Conselho de Proteção das Águas do Rio Tamisa 1865 Primeiros experimentos sobre microbiologia de degradação de lodos 1882 Começaram a ser investigadosos fundamentos biológicos que deram origem ao processo de tratamento de esgotos através de lodos ativados 1914 Arden e Lockett apresentam o processo de tratamento de esgo- tos através de lodos ativados Com o grande desenvolvimento das cidades, ocorrido a partir do sé- culo XIX e início do século XX, outros países seguiram o exemplo inglês: ▪ Em 1887 foi construída a Estação Experimental Lawrence, em Massachusetts, nos EUA (METCALF e EDDY, 1977); ▪ Em 1879 foi construída o primeiro Sistema Separador Absoluto em Memphis EUA. 8 O Município do Rio de Janeiro foi o quinto do mundo a possuir rede coletora de esgotos e Estação de Tratamento de efluentes antes de 1900. A correlação entre o crescimento populacional e o aumento acelerado dos problemas de Saúde Pública fica fácil de perceber, quando se apresentam os números desse crescimento. Segundo REICHARDT (1985), estima-se que: Ano População Mundial Estimada (hab) 6 000 a.C 5 milhões 1 850 d.C. 1 bilhão 1 930 2 bilhões 1980 4 bilhões 2007 7 bilhões Partindo do princípio de que esse crescimento na grande maioria dos países é desordenado temos um quadro caótico no ponto de vista sanitário e do meio ambiente, onde não há rede de abastecimento de água, tratamento de esgotos ou disposição de resíduos sólidos sendo que isto acarreta um meio propício para a propagação de doenças de veiculação hídrica e outras correlacionadas a este crescimento sem infra-estrutura. 9 Segundo a PNS (Pesquisa Nacional do Saneamento - IBGE 2008) a situação no Brasil a cerca da questão de esgotamento sanitário era seguinte: ▪ 55,2 % dos municípios e 44,0% dos domicílios têm serviço de cole- ta de esgoto (comparando, 99,4% dispõe de serviço de abasteci- mento de água), sendo que: na região Norte 3,8%, Nordeste (22,4%), Centro-Oeste (33,7%), Sul (30,2%) e Sudeste 69,8% dos domicílios têm rede geral de esgoto. ▪ Dos 5.564 municípios existentes em 2008, 2.495 (135 município a mais do que a pesquisa realizada no ano 2000) não eram atendi- dos por rede coletora, utilizando soluções alternativas como fos- sas sépticas e sumidouros, fossas secas, valas abertas e lança- mentos em cursos d'água. ▪ Nos municípios, a desigualdade dos serviços prestados se repete: quanto maior a população do município, maior a proporção de domicílios com serviço de esgoto. Os municípios com mais de 300.000 habitantes têm quase três vezes mais domicílios ligados à rede geral de esgoto do que os domicílios em municípios com po- pulação até 20.000 habitantes. 10 A tabela 1.3 apresenta a proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário, segundo as grandes regiões – IBGE 2008 Tabela 1.3 - Proporção de municípios, por condição de esgota- mento sanitário (%) Grandes Regiões Sem coleta Só coletam Coletam e tratam Brasil 44,8 26,7 28,5 Norte 86,6 5,8 7,6 Nordeste 54,3 26,7 19,0 Sudeste 4,9 46,7 48,4 Sul 60,3 15,6 24,1 Centro-Oeste 71,7 3,0 25,3 1.2. A SAÚDE E O SANEAMENTO Essa situação do setor de saneamento no Brasil tem conseqüências muito graves para a qualidade de vida da população. Veja os números: 11 ▪ 65% das internações hospitalares de crianças menores de 10 anos estão associadas à falta de saneamento básico (BNDES, 1998); ▪ a falta de saneamento básico é a principal responsável pela morte por diarréia de menores de 5 anos no Brasil (UNICEF, 2009); ▪ 88% das mortes por diarreias no mundo são causadas pelo saneamento inadequado. Destas mortes, aproximadamente 84% são de crianças (Organização Mundial da Saúde, 2009) ▪ em 1998, morreram 29 pessoas por dia no Brasil de doenças decorrentes de falta de água encanada, esgoto e coleta de li- xo, segundo cálculos da FUNASA realizados a pedido do Jor- nal Folha de São Paulo (FSP, 16/jul/00); ▪ as doenças decorrentes da falta de saneamento básico mata- ram, em 1998, mais gente do que a AIDS (FSP, 16/jul/00). Os quadros a seguir mostram algumas doenças resultantes da au- sência de esgoto sanitário 12 DOENÇAS RELACIONADAS A AUSÊNCIA DE SANEAMENTO BÁSICO Grupo de do- enças Formas de transmissão Principais doen- ças Formas de prevenção feco-oral (não bacterianas) Contato de pessoa a pessoa quando não se tem higiene pessoal adequada (o orga- nismo patogênico (agente causador da doença) é ingeri- do - poliomielite; - hepatite tipo B; - giardíase; - disenteria amebi- ana; - diarréias por vírus. - implantar sistema de abaste- cimento de água; - melhorar as moradias e as instalações sanitárias; - promover a educação sanitária; feco-oral (bac- terianas) Contato de pessoa a pessoa, ingestão e contato com ali- mentos contaminados e con- tato com fontes de água con- taminadas com fezes - febre tifóide e paratifóide; - diarréias e disen- terias bacterianas, como a cólera. - implantar sistema de abaste- cimento de água e de disposi- ção dos esgotos; - melhorar as moradias e as instalações sanitárias; - promover a educação sanitária. Helmintos transmitidos pelo solo Ingestão de alimentos conta- minados e contato da pele com o solo contaminados com fezes - ascaridiose (lom- brigas) - tricuríase - ancilostomíase (amarelão) - construir e manter limpas instalações sanitárias; - tratar os esgotos antes da disposição no solo; - evitar o contato da pele com o solo (andar calçado) Helmintos as- sociadas à água (uma par- te do ciclo da vida do agente infeccioso ocor- re em um ani- mal aquático) Contato da pele com o água contaminada - esquistossomose - evitar o contato de pessoas com águas infectadas; - construir instalações sanitá- rias adequadas; - adotar medidas adequadas para a disposição de esgotos; - combater o hospedeiro intermediário, o caramujo. 13 Tênias (solitá- rias) na carne do boi ou do porco Ingestão de carne mal cozida de animais contaminados - teníase - cisticercose - construir instalações sanitá- rias adequadas; - tratar os esgotos antes da disposição no solo; - inspecionar a carne e ter cuidados na sua preparação (cozimento) Transmitidas por vetores que se relacionam com as fezes Procriação de insetos em locais contaminados com fezes - filariose (elefantí- ase) - combater os insetos trans- missores; - eliminar condições que pos- sam favorecer criadouros; - evitar o contato com criadouros; - utilizar meios de proteção individual. Fonte: BARROS, T. de V. et alli - Manual de Saneamento Proteção Ambiental para os Municípios, VOL. 2 Vale destacar que os investimentos em saneamento têm um efeito direto na redução dos gastos públicos com serviços de saúde, se- gundo a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Para cada R$ 1,00 (um real) investido no setor de saneamento economiza-se R$ 4,00 (quatro reais) na área de medicina curati- va. As figuras 1 e 2 ajudam a visualizar o processo de transmissão de doenças através da água contaminada. 14 Na figura 1, observa-se que o esgoto não coletado contamina os corpos de água e o solo, criando um ambiente propício à propagação de microorganismos patogênicos que, por sua vez, contaminam o córrego de onde a água para consumo na residência é captada. Na figura 2, aparece um sistema de saneamento com instalações sanitárias, coleta, tratamento e disposição final adequada do esgoto, onde não se registra a presença de microorganismos patogênicos na água do córrego que serve como fonte de abastecimento humano. 15 1.3. POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007 Capítulo 1 - Dos princípios fundamentais Art. 1º - Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamen- to básico e para a política federal de saneamento básico. Art. 2º Os serviços públicos de saneamento básico serãoprestados com base nos seguintes princípios fundamentais: I - universalização do acesso; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saú- de pública e à proteção do meio ambiente; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as pe- culiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regio- nal, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante in- teresse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; VII - eficiência e sustentabilidade econômica; VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacida- de de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se: 16 I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e insta- lações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra- estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; Art. 4º Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de sa- neamento básico. Capítulo 2 - Do exercício da titularidade Art. 9º O titular dos serviços formulará a respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto: I - elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei; Capítulo 3 - Da prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico Capítulo 4 - Do planejamento Art. 19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico ob- servará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo: I - diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambien- tais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências de- tectadas; II - objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universa- lização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais; 17 III - programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianu- ais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento; IV - ações para emergências e contingências; V - mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da efi- ciência e eficácia das ações programadas. § 1º Os planos de saneamento básico serão editados pelos titulares, podendo ser elaborados com base em estudos fornecidos pelos pres- tadores de cada serviço. § 2º A consolidação e compatibilização dos planos específicos de ca- da serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares. § 3º Os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos. § 4º Os planos de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual. § 5º Será assegurada ampla divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas. § 6º A delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o cumprimento pelo prestador do respectivo plano de saneamento bá- sico em vigor à época da delegação. 18 § 7º Quando envolverem serviços regionalizados, os planos de sane- amento básico devem ser editados em conformidade com o estabele- cido no art. 14 desta Lei. § 8º Exceto quando regional, o plano de saneamento básico deverá englobar integralmente o território do ente da Federação que o elabo- rou. Art. 20. (VETADO). Parágrafo único. Incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais. Capítulo 5 - Da regulação Capítulo 6 - Dos aspectos econômicos e sociais Capítulo 7 - Dos aspectos técnicos Capítulo 8 - Da participação de órgãos colegiados no controle social Capítulo 9 - Da política federal de saneamento básico Capítulo 10 – Disposições Finais 19 1.4. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E BIOLÓGICAS As águas residuárias domésticas apresentam uma composição média de 0,1% de impurezas e 99,9% de água. As impurezas podem ser classificadas sob o aspecto físico, químico e biológico em: Características Físicas Características Químicas Características Biológicas Suspensas Dissolvidas Orgânica Inorgânica Flora Fauna Em termos químicos as impurezas podem ser classificadas em orgâ- nicas (70%) e inorgânicas (30%). Dentro das substâncias orgânicas se encontram as proteínas (65%), as graxas (10%) e os carbohidratos (25%). Do ponto de vista das características físicas é comum adotar-se as denominações sedimentáveis e não sedimentáveis para distinguir o tipo de solução em que se encontram as impurezas suspensas no meio líquido, sendo que as partículas coloidais encontram-se entre as não sedimentáveis. O conhecimento destas composições têm importância do ponto de vista do tratamento uma vez que permitem dimensionar as unidades que o compõem. 20 Em geral os esgotos apresentam a seguinte composição média: - Sólidos Totais................................................................ 700 mg/l - Cloretos......................................................................... 50 mg/l - Sólidos Dissolvidos..................................................... 500 mg/l - Bactérias Totais...........................................................109 a 1010/100ml - Sólidos Suspensos..................................................... 200 mg/l - Bactérias Coliformes............................................... 106 a 109/100ml - DBO.............................................................................200 mg/l - Estreptococos Fecais...............................................105 a 106/100ml - DQO............................................................................500 mg/l - Salmonella Typhosa.................................................10 a 104/100ml - COT..............................................................................135 mg/l - Cistos de Protozoários.............................................103/100ml - NT............................................................................... 40 mg/l - Ovos de Helmintos................................................... 103/100ml - Orgânico................................................................... 15 mg/l - Vírus......................................................................... 102 a 104/100ml - Amoniacal................................................................ 25 mg/l - PT.................................10 mg/l ( - orgânico - 3 mg/l; inorgânico - 7 mg/l) Desta forma, pode-se estimar a contribuição “per capita” de alguns indicadores como sendo da ordem de : 21 - Sólidos Suspensos................................................................. 90 g/hab.dia - Sólidos Suspensos Sedimentáveis...................................... 60 g/hab.dia - Sólidos Suspensos não Sedimentáveis............................. 30 g/hab.dia - Sólidos Suspensos Sedimentáveis Orgânicos................. 40 g/hab.dia - Sólidos Suspensos Sedimentáveis Inorgânicos.............. 20 g/hab.dia - Sólidos Suspensos não Sedimentáveis Orgânicos......... 20 g/hab.dia - Sólidos Suspensos não Sedimentáveis Inorgânicos...... 10 g/hab.dia- DBO...................................................................................... 54g/hab.dia - N........................................................................................... 5,18 g/hab.dia - K .………………………………………………………………….2,12 g/hab.dia - P.............................................................................. 0,68 g/hab.dia - Cl ...........................................................................................0,54g/hab.dia - Coliformes Fecais...............................................4,9.1010 org./hab.100ml Estes valores médios permitem a estimativa de contribuição para uma determinada população, constituindo-se num instrumento auxiliar pa- ra estudos e projetos onde o nível de aproximação destes parâmetros permite que se trabalhe com valores genéricos. 1.5. ORIGEM DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS As águas residuárias podem ser classificadas, quanto à sua origem em: ▪ Domésticas: são as águas servidas resultantes das atividades cotidianas dos habitantes de uma cidade, são influenciadas em sua 22 quantidade e qualidade pelos hábitos culturais da população, não so- frendo, portanto, ao longo do tempo grandes variações. Normalmente caracterizam-se pelas águas resultantes da cozinha, lavagem de alimentos e implementos, do banheiro, sanitários e higie- ne pessoal, etc. ▪ Industriais: são as águas resultantes das diversas atividades industriais existentes em uma cidade, são influenciadas pelo tipo de indústria, pelo processo industrial e regime de produção. Portanto, sua quantidade e qualidade sofrem grandes variações ao longo do tempo e do espaço, sendo necessário na maior parte das vezes o seu monitoramento contínuo de forma a definir o seu encaminhamento a um sistema público de esgotos sanitários. ▪ Pluviais: são as águas resultantes das precipitações pluviomé- tricas e do escoamento superficial destas águas na terra. Não são propriamente águas residuárias embora as crescentes degradações ambientais em termos de poluição atmosférica venha determinando, na maioria dos centros urbanos, características de águas servidas à contribuição pluvial. Normalmente não são admitidas em sistemas de esgotos sanitários sendo conduzidas ao sistema de drenagem urba- na, entretanto a ausência de redes do tipo separador absoluto tem determinado o uso da rede de drenagem como sistema de afasta- mento de esgotos domésticos e há uma tendência para a adoção no país, do sistema unitário. Possuem uma vazão significativamente maior do que as águas servidas domésticas e industriais, sendo sem- pre definida pelas condições climáticas e meteorológicas de cada sí- 23 tio. Em termos de qualidade não costuma apresentar características nocivas ao homem e ao meio ambiente, a não ser nas regiões indus- trializadas e densamente povoadas, pelas razões antes expostas. ▪ Infiltração: por este termo são denominadas as parcelas de águas que afluem a um sistema de esgotos pela infiltração das águas existentes no solo. Normalmente esta infiltração ocorre pelas juntas das tubulações de esgotos ou dos poços de visita. A sua quantidade é determinada em função das características do lençol freático, do solo da região, do tipo de material empregado na rede coletora, e da qualidade da sua execução. A qualidade, embora sofra as influências do uso do solo no entorno, não costuma apresentar aspectos nocivos à saúde e meio ambiente. 1.6. TIPOS DE SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTO SANITÁRIO Quanto ao tipo de sistemas de esgotos sanitários, estes podem ser chamados de sistema unitário ou separador absoluto. Esta é a deno- minação clássica através da qual se diferenciam os sistemas que transportam, através de uma mesma rede coletora tanto as águas da chuva quanto os esgotos cloacais - sistema unitário, daquele dito se- parador onde apenas são transportados os esgotos domésticos, en- quanto em outra rede são conduzidos os esgotos pluviais. No Brasil, diferentemente de alguns países da Europa, o sistema ado- tado foi o separador absoluto, entretanto a ausência de investimentos na área tem determinado um índice extremamente baixo de cobertura 24 destes serviços, da ordem de 40% da população urbana. Uma vez que o serviço não é disponibilizado e as técnicas de transporte unitá- rio não são difundidas no país há um predomínio de soluções impro- visadas, caracterizadas pelo lançamento indiscriminado de esgotos cloacais na rede de drenagem pluvial, o que do ponto de vista sanitá- rio e econômico é extremamente condenável. A necessidade de encontrar alternativas intermediárias entre os tipos chamados clássicos e as soluções improvisadas já existentes nas cidades brasileiras, tem levado os técnicos da área a pesquisar solu- ções alternativas e neste sentido pode-se resumir os sistemas exis- tentes no País como: - Clássicos : Separador Absoluto e Unitário; - Improvisado: Rede Mista; - Alternativos: Sistema Misto e Sistemas de custo re- duzido, sistemas a vácuo O sistema misto é, como o próprio nome indica, uma alternativa que utiliza a rede separador absoluto no papel de coletores tronco e inter- ceptores e aproveita a rede pluvial como coletores. Desta forma, é possível minimizar custos iniciais de implantação coletando aquele esgoto que escoa indevidamente pela rede pluvial existente. Espera- se a migração progressiva do sistema misto para a rede separador absoluto ao longo do tempo, com a implantação gradativa de coleto- res regulares. 25 O sistema de custo reduzido foi desenvolvido pelo Prof. Cynamon ( ) e consiste na utilização de redes de diâmetro reduzido, 50 a 75mm, e transporte dos esgotos em redes pressurizadas, viabilizadas pelo pré tratamento dos efluentes ao nível de cada unidade habitacional. Para efeitos deste curso, vamos nos ater ao sistema separador abso- luto uma vez que esta é a opção técnica do País e também porque através do seu estudo e da conseqüente comprensão dos princípios do transporte de esgotos domésticos a adoção de outras alternativas tecnicamente viáveis, fica facilitada. Em termos dos líquidos transportados, portanto, a rede de esgotos sanitários transporta as águas servidas das residências ou o chama- do esgoto cloacal, as águas de infiltração e as águas servidas de ori- gem industrial, mediante algumas condições. As águas de drenagem superficial oriundas da precipitação pluviomé- trica, calhas das residências, etc. é objeto dos sistemas de drenagem urbana e não serão aqui abordadas. Quanto aos esgotos industriais, pode-se afirmar que na maior parte dos casos é desejável que estes efluentes afluam à rede de esgotos cloacais, contanto que sejam condizentes com o tipo de tratamento (ETE) do sistema. No sistema a vácuo o esgoto é coletado em tanques de acumulação distribuídos ao longo do sistema e conduzido por rede com pressão negativa (vácuo) até estações de bombeamento. Solução interessan- te para redução de profundidades no sistema coletor. 26 1.7. FASES DO SISTEMA DE ESGOTOS SANITÁRIOS Os Sistemas de Esgotos Sanitários, se caracterizam por quatro fases distintas e que são responsáveis pela obtenção dos objetivos antes identificados como necessários à criação da chamada barreira sanitá- ria. São eles: - Coleta; - Afastamento; - Tratamento; - Destino Final; A Coleta tem como objetivo fundamental evitar o contato do resíduo com a pessoa que o gerou, propiciando o seu acondicionamento de forma a facilitar a fase seguinte O Afastamento que permite evitar o contato das demais pessoas com os resíduos, ou seja, afasta-se os resíduos das populações mi- nimizando-se a possibilidade de transmissão de doenças pelo contato direto ou indireto (via vetores) com os dejetos. Por estas característi- cas nota-se que as duas primeiras fases de um Sistema de Esgotos estão mais associadas a uma medida de Saúde Pública,na medida em que constituem a prevenção a um possível contato/transmissão de doenças. 27 O Tratamento caracteriza-se pela necessidade de se reduzir o po- tencial de poluição e contaminação de um resíduo antes da sua dis- posição final. E, por isso, é realizado em perfeito acordo com a capa- cidade do meio em receber o resíduo. O Destino Final dos resíduos tem como finalidade adequar as condi- ções de disposição às características do meio (corpo receptor). Por exemplo, no caso do corpo receptor ser um curso d`água, o tratamen- to será realizado nos níveis determinados pela capacidade do rio em receber os despejos, de acordo com a sua capacidade suporte e de autodepuração, sem comprometer os usos previstos para as suas águas, e o destino final será planejado de tal forma, que o ponto de lançamento seja aquele que menores impactos trará ao meio ambien- te e à saúde da população local. Assim, estas fases tem uma impor- tância mais vinculada à questão ambiental da mesma forma que as duas anteriores se relacionam mais com a saúde, embora ambas te- nham influência sob estas duas interfaces da questão sanitária. 28 1.8. COMPONENTES DO SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO Ramais Prediais ou Ligações Domiciliares: São as tubulações res- ponsáveis pela ligação entre a instalação de esgotos de um prédio ou habitação com o sistema público de esgotos. Isto é, são as redes que conduzirão as águas servidas desde o lote em que se encontra a ha- bitação até o logradouro público onde se encontra a rede coletora. Normalmente estas instalações envolvem uma caixa de inspeção na divisa do lote e as peças de interligação com a rede pública. - Coletores: São as redes que se desenvolvem a partir da progressiva reunião dos diversos ramais prediais, e a medida que se estendem no sentido de montante para jusante vão tendo o aporte de novas contri- 29 buições e consequentemente um maior diâmetro nas tubulações. Desta forma, costuma-se dividir os coletores em secundários, aqueles de menor diâmetro e menor extensão cuja função é interligar as di- versas contribuições dos ramais aos coletores principais ou coletores tronco. Estes por sua vez acabam por definir as diversas sub bacias hidro-sanitárias que caracterizam o planejamento de um SES. Interceptores: São as tubulações que recebem a contribuição dos di- versos coletores tronco de um SES. O nome interceptor advém do fato de que normalmente, pelas condicionantes topográficas, os cole- tores tronco dirigem-se para um determinado curso d’água e assim é necessário a execução de uma tubulação, geralmente de maior diâ- metro que intercepte estas águas antes do seu lançamento no curso de água e as conduzam aos locais planejados para o tratamento e disposição final. Emissários: São as tubulações responsáveis pelo transporte dos es- gotos de um ponto a outro do sistema, sem recebimento de nenhuma contribuição em marcha. Normalmente isto ocorre na transposição de bacias ou no encaminhamento dos efluentes à uma estação de tra- tamento ou à disposição final. Estações Elevatórias: São as instalações destinadas à elevação dos esgotos, seja para a simples recuperação de cotas, seja para a trans- posição de obstáculos ou de bacias hidro-sanitárias. Normalmente são utilizadas bombas do tipo empregado para o bombeamento de sistemas de abastecimento de água com pequenas adaptações no 30 dimensionamento dos poços de sucção e dos rotores das bombas para adequação às características dos esgotos sanitários. Elementos Acessórios - Por este termo são designados os dispositi- vos incorporados a um SES, com as finalidades básicas de melhorias ou facilidades operacionais. Enquadram-se nesta classificação os poços de visita, inspeções tubulares, etc. Estações de Tratamento - São as instalações destinadas ao trata- mento dos esgotos de forma a reduzir o seu potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública. Isto é feito, pela redução das car- gas a elas afluentes, de modo a atingir os padrões previamente de- terminados pelos órgãos de controle, em função das características locais. Disposição Final - Por este termo são conhecidas as instalações exe- cutadas com a finalidade de lançamento dos esgotos no meio ambi- ente. Normalmente, e mesmo após o tratamento, uma série de fatores condiciona a que este lançamento final deva ser feito de forma con- trolada e com o aproveitamento racional das condições do entorno, minimizando o impacto do seu contato com o meio ambiente. Corpo Receptor - É qualquer coleção de água natural ou solo que recebe o lançamento de esgoto em estágio final. 31 1.9. CONCEITOS FUNDAMENTAIS A área de saneamento, em função de suas características e interfa- ces com outras áreas do conhecimento, possui uma terminologia pró- pria, como é peculiar a cada campo da engenharia. Para um preciso emprego dos termos e perfeita compreensão do seu significado, são apresentadas a seguir uma série de definições e conceituações em forma de glossário. Águas Residuárias ou Águas Servidas - São as águas que retornam ao meio ambiente após terem sido utilizadas pelo homem em suas ações vitais. Algas - Plantas primitivas, uni ou pluri celulares, usualmente aquáti- cas e capazes de elaborar seus alimentos pela fotossíntese. Anaeróbio - Condição na qual não há disponibilidade de oxigênio. Autodepuração - Processo natural que ocorre em um curso d`água, que resulta na redução bacteriana, satisfação da DBO, estabilização dos constituintes orgânicos, renovação de OD consumido e o retorno às características (biota) normais do corpo d`água. Também chamada de depuração natural. Bacia Hidrográfica - Superfície limitada por divisores de águas que são drenadas por um curso d`água, como um rio e seus tributários, às vezes formando um lago. Bactéria - Micro organismo unicelular, geralmente sem clorofila, que utiliza alimentos solúveis, normalmente orgânicos, embora algumas 32 sejam quimiossintetizantes. Apresentam ampla distribuição na natu- reza. na sua maioria são úteis ao homem, participando dos ciclos bi- ogeoquímicos e na degradação da matéria orgânica morta; são de importância vital, por exemplo, no tratamento das águas residuárias. No entanto, são mais conhecidas devido a ação patogênica de várias espécies, que ocasionam doenças ao homem, animais e vegetais. Bactéria Patogênica - Bactérias que causam doenças nos organismos hospedeiros. Biodegradação - Destruição ou mineralização de matéria orgânica natural ou sintética, por microorganismos existentes no solo, água natural ou em um sistema de tratamento de águas residuárias. Cadeia Alimentar - Sistema no qual se processa a transferência de energia de organismos vegetais para uma série de organismos ani- mais, por intermédio da alimentação, e através de reações bioquími- cas; cada elo alimenta-se do organismo precedente e, por sua vez, sustenta o seguinte. Carga Orgânica - Quantidade de oxigênio necessária à oxidação bio- química da massa de matéria orgânica que é lançada a um corpo re- ceptor, na unidade de tempo. Geralmente, é expressa em toneladas de DBO por dia. Ciclo do Carbono - Conjunto de transformações cíclicas sofridas pelo elemento carbono na natureza, com passagem da forma orgânica para a inorgânica e vice-versa, através de processos biogeoquímicos. Este ciclo, que ocorre da mesma forma que o ciclo do Nitrogênio, é importante no fenômeno de autodepuração de corpos de água. 33 Ciclo Hidrológico - Sucessão de transformações de estado físico e de movimentos da água, através da terra e da atmosfera. Ciclo do Nitrogênio - Conjunto de processos pelos quais o Nitrogênio e seus compostos são utilizados e transformados na natureza. Classe da Água - Categoria de um corpo d'água, advinda da classifi- cação das águas, que especifica o seu uso preponderante, os requisi- tos e parâmetrosa serem atendidos pelos efluentes a serem nele lançados, mesmo tratados, objetivando manter determinado padrão de qualidade segundo as diretrizes do sistema de gerenciamento de recursos hídricos de uma comunidade, normalmente fixado em ter- mos de legislação. Coeficiente de Mortalidade Infantil - Quociente entre o número de óbi- tos de menores de um ano e o número de nascidos vivos. É, em ge- ral, expresso por 1000 nascidos vivos. Trata-se de um importante in- dicador de saúde pública, é um parâmetro que está relacionado com o atendimento pré-natal e com as condicionantes do meio, inclusive sanitárias, que determinam boa salubridade. Coliformes - Inclui todos os bacilos aeróbios ou anaeróbios facultati- vos, gram-negativos, não esporulados, que fermentam a lactose com produção de gás, dentro de 48 h a 35°C, tais como Escherichia Coli, Enterobacter, Citrobacter, etc... Coliformes Fecais - São os coliformes capazes de se desenvolver e fermentar a lactose a uma temperatura de 46°C. São importante indi- cador da presença de bactérias de origem no trato intestinal de ani- 34 mais de sangue quente, e portanto da existência de despejos desta natureza em cursos de água. Colmatagem - Deposição de partículas finas, como argila e silte, na superfície e nos interstícios de um meio poroso permeável, reduzindo- lhe a permeabilidade. Contaminação - Introdução, no meio, de elementos em concentração nociva à saúde humana, tais como: organismos patogênicos, subs- tâncias tóxicas ou radioativas. DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio é a demanda de oxigênio associada à oxidação da matéria carbonácea e da matéria nitrogena- da que normalmente lhe sucede. É um importante indicador, através de ensaio padronizado, da quantidade de matéria orgânica presente em um despejo ou curso d`água natural. Decomposição/Degradação - Transformação de material complexo em substâncias simples, por meio de agentes químicos ou biológicos. Déficit de Oxigênio - Diferença entre a concentração de Oxigênio Dis- solvido, correspondente à saturação, e a concentração real de oxigê- nio encontrada em um curso d`água. DQO - Demanda Química de Oxigênio - medida da capacidade de consumo de oxigênio pela matéria orgânica presente na água ou em uma água residuária. É expressa como a quantidade de oxigênio consumida pela oxidação química, em teste específico. Não diferen- cia a matéria orgânica estável e assim difere da DBO, que mede ape- nas a parcela biodegradável da matéria orgânica. 35 Ecologia - É a ciência que estuda as condições de existência dos se- res vivos e as interações, de qualquer natureza, existentes entre es- tes seres vivos e seu meio. Ecosistema - Qualquer unidade que inclua todos os organismos de uma determinada área, interagindo com o ambiente físico, de tal for- ma que um fluxo de energia leve a uma estrutura trófica definida, di- versidade biológica e reciclagem de materiais(inclusive entre compo- nentes vivos). É uma unidade básica de estudo da Ecologia. Efluente - Qualquer tipo de água, ou líquido, que flui de um sistema de coleta, de transporte e afastamento ou de um sistema de trata- mento e disposição final de águas servidas. Esgotos Domésticos ou Sanitários - São as águas servidas, resultan- tes das habitações humanas com fins residenciais, comerciais, insti- tucionais ou públicos. Esgotos Industriais - São as águas servidas resultantes das ativida- des industriais. Esgotos Cloacais - Parcela das águas residuárias que contém dejetos humanos de origem fecal. Esgotos Pluviais -Parcela das águas da chuva que escoa superficial- mente. Estabilização - Passagem da condição de quimicamente instável para estável. Está associado ao processo de mineralização da matéria or- gânica. Eutrófico - Qualquer meio (solo, água, etc...) rico em nutrientes. 36 Eutrofização - Aumento da concentração de nutrientes em um curso d`água, decorrentes de um processo de intensificação do fornecimen- to ou produção de nutrientes (em especial nitratos e fosfatos), provo- cando o crescimento de algas e de formas mais desenvolvidas de vegetais e a deterioração da qualidade das águas. É um processo associado ao lançamento de despejos de águas servidas, normal- mente ricas em nutrientes, e portanto é um indicador natural de polui- ção. Fotossíntese - É o processo de conversão do dióxido de carbono e água para carbohidratos, que ocorre ao nível dos cloroplastos, pela ação da energia luminosa absorvida pelos pigmentos fotossintetizan- tes (especialmente a clorofila). Indicadores - Conjunto de parâmetros, como a temperatura e a con- centração de determinadas substâncias que servem como referência para identificação das características de um determinado efluente ou curso d`água. Lodo - Sólidos acumulados e separados dos líquidos, de água ou água residuária durante um processo de tratamento, ou depositados no fundo dos rios ou outros cursos d`água. Matéria Orgânica - Substâncias químicas de origem animal ou vege- tal, ou mais genéricamente, substâncias que possuem estruturas ba- sicamente carbônica. Matéria Inorgânica - Substâncias químicas de origem mineral, ou mais corretamente, de estrutura não basicamente carbônica. 37 Meio Ambiente - Conjunto de todas as condições internas e externas que afetam a existência, o desenvolvimento e o bem estar dos orga- nismos. Metabolismo - Conjunto de todos os processos físicos e químicos pe- los quais os organismos vivos produzem as substâncias e a energia indispensável às suas atividades. Monitoramento - Medição repetitiva, discreta ou contínua, ou obser- vação sistemática da qualidade ambiental - água, ar ou solo. Mineralização - Processo pelo qual elementos combinados em forma orgânica, provenientes de organismos vivos ou mortos, são reconver- tidos em formas inorgânicas, para serem úteis ao crescimento das plantas. A mineralização de compostos orgânicos ocorre através da combustão e do metabolismo por animais vivos, predominantemente microscópicos. Nutrientes - Qualquer substância do meio ambiente essencial aos seres vivos, sejam macro ou micronutrientes. OD - Oxigênio Dissolvido é tradicionalmente considerado o oxigênio molecular ( em estado livre), proveniente da dissolução do oxigênio atmosférico, somado ao oxigênio da fotossíntese. Inclui-se, também, o oxigênio puro eventualmente empregado na reoxidação artificial de uma seção de curso d`água desoxigenado. Poluição - Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas das águas, que possa constituir prejuízo à saúde, à segu- rança, e ao bem estar das populações e ainda possa comprometer a 38 fauna ictiológica e a utilização das águas para fins comerciais, indus- triais e recreativos. Saneamento do Meio - Conjunto de medidas visando modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de promover a saúde humana, respeitando os ecossistemas naturais que são essenciais à manutenção do equilíbrio ecológico. Saúde - Sensação de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidades. Saúde Pública - É a ciência e a arte de promover, proteger e recupe- rar a saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. Sistema de Esgotos - É o conjunto formado por todos os dispositivos, unidades e equipamentos necessários ao funcionamento de um sis- tema de coleta, afastamento, tratamento e disposição final dos esgo- tos de uma área ou comunidade. Sólidos Sedimentáveis - Sólidos que em condições de tranqüilidade das águas se sedimentam num período razoável de tempo, sem auxí- lio de coagulação. Também, chamados de sólidos decantáveis. Sólidos em Suspensão - Sólidos que não sedimentam em águas pa- radas, num determinado período de tempo. Tempo de Detenção - Tempo médio de permanência da água em uma unidade de tratamento (volume do tanque dividido pela vazão).39 2. ESTUDO DE CONCEPÇÃO DE SISTEMAS DE ESGOTO SANI- TÁRIO A NBR 9648 de 1986 fixa as condições exigíveis no estudo de con- cepção de sistemas de esgoto sanitário do tipo separador absoluto, com amplitude suficiente para permitir o desenvolvimento do projeto de todas ou qualquer das partes que os constituem, observada a re- gulamentação específica das entidades responsáveis pelo planeja- mento e desenvolvimento do sistema de esgoto sanitário. 2.1. DEFINIÇÃO Entende-se por concepção de sistema de Esgoto Sanitário, o conjun- to de estudos e conclusões referentes ao estabelecimento de todas as diretrizes, parâmetro e definições necessárias e suficientes para a caracterização completa do sistema a projetar. 2.2. OBJETIVOS A concepção tem por objetivo: ▪ Identificação e quantificação de todos os fatores intervenientes com o sistema de esgoto sanitário; ▪ Diagnóstico do sistema existente, considerando a situação atual e futura; ▪ Estabelecimento e todos os parâmetros básicos de projeto; 40 ▪ Pré-dimensionamento das unidades dos sistemas, para as al- ternativas selecionadas; ▪ Escolha da alternativa mais adequada mediante comparação técnica, econômica e ambiental, entre as alternativas; ▪ Estabelecimento as diretrizes gerais de projeto e estimativas de quantidade de serviços que devem ser executados na fase e projeto. 2.3. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS As principais atividades para o estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário são apresentadas a seguir. 2.3.1. Dados e características da comunidade ▪ Localização; ▪ Infra-estrutura existente; ▪ Cadastro atualizado dos sistemas públicos existentes (água, esgotos, galerias de águas pluviais, telefone, energia, etc.); ▪ Condições sanitárias atuais; índices estatísticos de saúde; ocorrência de moléstias de origem hídrica; ▪ Estudos, projetos e levantamentos existentes. 41 2.3.2. Análise do sistema de esgoto sanitário existente Descrição do sistema identificando todos os elementos, com análise pormenorizada das partes contribuintes, baseadas no cadastro e in- formações existentes devidamente atualizadas. Deverá constar também: área atendida, população esgotável por ba- cia contribuinte e/ou nível de atendimento; a contribuição "per capita" deve ser calculada em função do consumo faturado. Identificar o número de ligações por categoria, assim como seu con- sumo. 2.3.3. Estudos demográficos e de uso e ocupação do solo Para definição da área de atendimento deverão ser observados os seguintes aspectos: ▪ Dados censitários; ▪ Catalogação dos estudos populacionais existentes ; ▪ Pesquisa de campo; ▪ Levantamento da evolução do uso do solo e zoneamento da cidade; ▪ Análise sócio-econômica do Município, bem como o papel des- te na região; ▪ Plano diretor da cidade, sua real utilização e diretrizes futuras; ▪ Projeção da população urbana baseada em métodos matemá- ticos, analítico comparativo e outros (ano a ano); 42 ▪ Análise e conclusão das projeções efetuadas; distribuição da população e suas respectivas densidades por zonas homogê- neas e por sub-bacias de esgotamento. 2.3.4. Critérios e parâmetros de projeto ▪ consumo efetivo "per capita", em função do consumo medido, efetuando a previsão da evolução desse parâmetro; ▪ coeficientes de variação de vazão (K1,K2,K3); ▪ coeficiente de contribuição industrial; ▪ coeficiente de retorno esgoto / água; ▪ vazão de infiltração; ▪ carga orgânica dos despejos domésticos e industriais; ▪ níveis de atendimento no período de projeto; ▪ alcance do estudo igual a 20 anos; ▪ coeficiente habitantes/ligação. 2.3.5. Cálculo das contribuições Os cálculos das contribuições domésticas, industrial e de infiltração, serão calculadas ano a ano, e por bacia e/ou sub-bacia. Estes cálculos serão detalhados referentes as vazões de esgotos, bem como aos projetos das redes coletoras e dos interceptores. 43 2.3.6. Formulação das Alternativas de Concepção As concepções a serem estudadas serão descritas apresentando to- das as unidades componentes do sistema, analisando a alternativa de aproveitamento total ou parcial dos sistemas existentes. Para cada alternativa serão analisados os impactos ambientais nega- tivos e positivos, para serem levados em consideração na escolha final da alternativa, avaliando, também os aspectos legais junto às entidades competentes. As áreas de implantação de elevatórias e Estações de tratamento deverão ser convenientemente estudadas. 2.3.7. Estudo dos corpos receptores Os prováveis corpos receptores deverão ser caracterizados quanto a vazões características, cota de inundação, condições sanitárias e usos de montante e jusante atuais e futuros. Deverão ser verificados os aspectos legais previstos na Resolução CONAMA 357 e das legislações estaduais (no RS CONSEMA-RS 128/06) e municipais, se houver. Para verificação das condições sanitárias, serão realizadas análises de laboratório em diversos pontos do copo receptor. Será conveniente a realização de estudos sobre a avaliação das car- gas remanescentes do futuro sistema de tratamento de esgoto a ser implantado diante da capacidade de auto depuração dos corpos re- ceptores. 44 2.3.8. Pré-dimensionamento das unidades dos sistemas desen- volvidos para a escolha da alternativa 1. Rede coletora (RC) ▪ estudo das bacias e sub-bacias de contribuição; ▪ estudo de traçado de redes; ▪ pré - dimensionamento hidráulico - sanitário das tubulações; ▪ identificação de tubulações, peças e acessórios (definição de material). 2. Coletor tronco, interceptor e emissário ▪ alternativas de traçado; ▪ estudo técnico - econômico de alternativas; ▪ definição do traçado; ▪ pré - dimensionamento hidráulico - sanitário de tubulação, pe- ças e acessórios; ▪ identificação das tubulações, peças e acessórios(definição de material); ▪ identificação de travessias de córregos, estradas, ferrovias, fai- xas de servidão e áreas de proteção ambiental; ▪ identificação de interferências e pontos notáveis. 3. Estação elevatória e linha de recalque (EBE e LR) ▪ Estudo técnico econômico de alternativas; 45 ▪ Pré dimensionamento dos conjuntos elevatórios, incluindo cur- vas características da bomba e do sistema; ▪ Dimensionamento hidráulico sanitário de tubulações, peças e acessórios; ▪ Identificação de pontos de interferência; ▪ Identificação de energia elétrica no local. 4. Estação de tratamento de esgotos (ETE) ▪ identificação do corpo receptor com caracterização de sua classificação, segundo a legislação federal, estadual e munici- pal; ▪ estudos hidrológicos com caracterização de vazões máximas, médias e mínimas e identificação de nível de inundação; ▪ estudo de auto depuração do corpo receptor para determina- ção de níveis de DBO e OD, Colimetria e outros parâmetros quando necessário, a jusante do ponto de lançamento; ▪ determinação do grau de tratamento do esgoto e definição da tecnologia a ser utilizada; ▪ relatórios de sondagem; ▪ estudo técnico econômico de alternativas; ▪ estudo da locação da ETE em função da topografia; • Identifi- cação de energia elétrica no local, indicando suas característi- cas; ▪ avaliação quanto a planos e programas governamentais exis- tentes que possam interferir com o futuro empreendimento; 46 ▪ identificação das áreas de desapropriação; ▪ áreas de tratamento e disposição final dos lodos; ▪ disposição final dos efluentes tratados; ▪ identificação de limites de áreas de proteção ambiental e suas interfaces com o futuro empreendimento; ▪ definição de vias de acesso ao empreendimento. 2.3.9. Estimativa de custos das alternativas estudadas As estimativas de custo deverão ser elaboradas considerando a pri- meiraetapa e as etapas a serem realizadas nos próximos cinco anos. 2.3.10. Comparação econômica e ambiental das alternativas A comparação das alternativas deverá apresentar as vantagens e desvantagens sobre os aspectos técnicos, econômicos e ambientais, apresentado-se as eventuais interfaces com áreas de proteção ambi- ental e/ou planos e programas existentes da iniciativa privada e/ou governamental. Deverá ser apresentada para cada alternativa as medidas compen- sadoras e/ou mitigadoras. Escolhida a alternativa, deverá ser apresentado o diagnóstico atual e o prognóstico esperado com e sem a implantação do empreendimen- to, mostrando os impactos negativos e positivos associados às fases de construção, operação, desapropriação, interferências no trânsito, sinalização, etc. 47 2.3.11. Alternativa escolhida A partir da alternativa escolhida deverá ser elaborado o projeto de engenharia das diversas unidades do sistema. O projeto deverá con- ter além dos estudos já elaborados, o dimensionamento final e o de- talhamento de todas as unidades obedecendo-se no que couber as normas técnicas brasileiras. O projeto deverá ser elaborado de acordo com o programa de implan- tação das obras. No estudo de concepção deverão ser apresentados em texto e em plantas todos os elementos constituintes das unidades previstas de modo a possibilitar a caracterização da futura obra, permitindo a cor- reta previsão orçamentária e visão global das atividades, relativas à mesma. Além do texto, as seguintes peças gráficas deverão compor o estudo de concepção: ▪ planta da cidade com a localização da área de planejamento do sistema - escala 1:10.000; ▪ planta do sistema de abastecimento de água existente - escala 1:10.000; ▪ planta do sistema de esgoto sanitário existente - escala 1:10.000; ▪ planta de galerias de água pluvial existente - escala 1:10.000; ▪ planta de áreas de planejamento com delimitação das bacias e sub-bacias - escala 1:10.000; 48 ▪ planta das concepções com as várias alternativas - escala 1:10.000; ▪ plantas e cortes do pré-dimensionamento hidráulico das partes constitutivas das alternativas estudadas - escala conveniente; ▪ planta do sistema proposto - escala 1:10.000. 2.3.12. Apresentação do estudo de concepção ▪ Memorial Descritivo e justificativo onde serão explicados os cri- térios estabelecidos a descrição do sistema e o pré- dimensionamento hidráulico da tubulação; ▪ Plantas plani-altimétricas ( escalas 1:5.000 ou 1:10.000 c/curvas de nível de 5 em 5m), com apresentação da setoriza- ção demográfica, divisão de bacias, localização dos elementos intervenientes (interferências, travessias, grandes produtores, tipo de pavimentação, tipo de solo, etc...); ▪ Traçado dos coletores tronco, localização de elevatórias, ETEs, etc... Para o projeto executivo todos estes elementos são detalhados a um nível executivo, os levantamentos topográficos e geotécnicos são mais minuciosos (curvas de nível de m em m, escala 1:1.000 ou 1:2.000; sondagens a trado a cada 100 ou 500 m para a rede coletora e a percussão nas áreas de obras hidráulicas de maior responsabili- dade, ETEs e EBEs). 49 2.4. NORMAS PARA PROJETOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS SANITÁRIOS ▪ Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9648: Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1986; ▪ Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9649: Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1986; ▪ Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9800: Crité- rios para lançamento de efluentes líquidos industriais no siste- ma coletor público de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, 1987; ▪ Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR12209/11: Projeto de estações de tratamento de esgotos.Rio de Janeiro, 2011; ▪ Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7229: Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro, 1993; ▪ Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13969: Tan- ques sépticos – Unidades de tratamento complementar e dis- posição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e ope- ração, 1997. 3. CONSUMO DE ÁGUA / RETORNO DE ESGOTO 50 Para o planejamento e gerenciamento de sistema de esgotamento Sanitário, a previsão do consumo de água é um dos fatores de fun- damental importância. A operação dos sistemas e as suas aplicações e/ou melhorias estão diretamente associados à demanda de água. 3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES Os principais consumos de água estão divididos em: ▪ Doméstico - o consumo de água para uma habitação depende de um grande número de fatores dos quais destacam-se: ▪ características físicas local; ▪ renda familiar; ▪ características da habitação; ▪ existência de medição; ▪ características culturais da comunidade. Estudos recentes apontam como representativos para as condições atuais os seguintes valores: DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA VAZÃO CONSUMO NÚMERO DE HABITANTES 51 Consumo litros/habitantes x dia Bebida e cozinha 10 - 20 Lavagem de roupa 10 - 20 Banhos e lavagens de mãos 25 - 55 Instalações sanitárias 15 - 25 Outros usos 15 - 30 Perdas e desperdícios 25 - 50 Total 100 - 200 Fonte: Técnicas de Abastecimento e Tratamento de Água, CETESB, p.108. ▪ Comercial / Industrial – a tabela a seguir apresenta o con- sumo de água em alguns tipos de estabelecimentos comerci- ais e industriais: Natureza Consumo Escritórios comerciais 50 l/pessoa/dia Restaurantes 25 l/refeição Hotéis (sem cozinha e sem lavanderia) 120 l/hóspede/dia Lavanderia 30 l/kg de roupa Hospitais 250 l/leito/dia Garagens 50 l/automóvel/dia Posto de serviço para veículos 150 l/veículo/dia Indústrias (uso sanitário) 70 l/operário/dia Matadouros - animais de grande porte 300 l/cabeça abatida Matadouros - animais de pequeno porte 150 l/cabeça abatida Laticínios 1 - 5 l/kg de produto Curtumes 50 - 60 l/kg de couro 52 Fábrica de papel 100 - 400 l/kg de papel Tecelagem (sem alvejamento) 10 - 20 l/kg de tecido Fonte: Técnicas de Abastecimento e Tratamento de Água, CETESB, p.109. A demanda industrial depende de uma série de fatores, tais co- mo: tipo de indústria, dimensões físicas, volume de produção, número de empregados, etc. Nas indústrias a água pode ser utili- zada para uso pessoal, como insumos, para operações industrias, para lavagens e/ou para refrigeração, apresentando um consumo bastante elevado. ▪ Público - a tabela a seguir apresenta alguns valores de con- sumo público. Estabelecimento Consumo Edifício Público 50 l/pessoa.dia Quartel 150 l/pessoa.dia Escola Pública 50 l/pessoa.dia Jardim Público 1,5 l/m2 . dia Uso Público geral 25 l/pessoa.dia Fonte: Yassuda e Nogami (1976),Orsini (1996), Dacach (1979). 3.2. ALCANCE DO PROJETO O alcance o projeto corresponde ao período de atendimento das es- truturas físicas projetadas, tanto equipamentos como das obras civis. 53 No Brasil, os sistemas de esgoto sanitário desde a coleta até as liga- ções prediais têm sido projetadas com alcances que variam de 10 a 30 anos, dependendo de vários fatores como: a) Tendência de crescimento da população e das necessidades urba- nas, levando-se em conta o desenvolvimento da região. Quanto mais rápido for o crescimento da população, menor deverá ser o alcance do plano; b) Vida útil dos equipamentos e das obras civis. Quanto maior a vida útil das estruturas físicas, maior o alcance do projeto; c) Facilidade de ampliação das obras físicas. Quanto maior a facilida- de de ampliação menor o alcance do projeto; d) Disponibilidade financeira. Maior disponibilidade maior alcance; e) Taxa de juro e aumento de inflação. Maiores taxas, menoralcance do plano; f) Recursos financeiros da população atendida. Maiores recursos, maior alcance. 54 3.3. MÉTODOS DE ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO O consumo de água está relacionado com o número de habitantes de uma comunidade. Os sistemas de esgotos sanitários são projetados para atender a demanda em períodos que podem estender-se por 20 a 30 anos,(sendo comum adotar-se 20 anos.Tsutiya,2004). Por isso, é necessário fazer-se uma estimativa da população da co- munidade no período previsto de funcionamento do projeto. A seguir apresenta-se alguns métodos de estimativa de crescimento da população: Método do prolongamento da curva de crescimento (extensão gráfica) - este método envolve a projeção gráfica da curva de cresci- mento passada, projetando-se a tendência observada. Uma variação deste método envolve uma comparação do crescimen- to projetado com o crescimento observado de outras cidades de mai- or tamanho. Método da taxa de crescimento decrescente – este método consi- dera que a taxa de crescimento da população é decrescente ao longo do tempo. 55 Método do crescimento aritmético - este método assume que a taxa de crescimento é constante.Pressupõe crescimento ilimitado da população. dP/dt=Ka (1) Onde dP/dt é a variação da população por unidade de tempo e Ka é a constante de crescimento aritmético.Assim,conforme dedução do livro do Tsutiya: ( ) ( )1212 / ttPPKa −−= (2) Onde Ka é a constante de crescimento aritmético. A população estimada no ano futuro t é dada pela equação seguinte: ( )22 . ttKPP a −+= (3) Método do crescimento geométrico - este método assume que a taxa de crescimento é proporcional a população existente em um de- terminado ano. O método pressupõe que o crescimento é ilimitado. dP/dt=Kg.P (4) Onde Kg é a taxa de crescimento geométrico da população. ( ) ( ) )5(/ 1212 ttPInPInKg −−= ( ) )6(. 22 ttKg ePP − = 56 Método da curva logística - este método modela o crescimento po- pulacional como apresentando uma forma S - combina uma taxa ge- ométrica de crescimento quando a população é pequena com uma taxa declinante de crescimento à medida que a cidade atinge uma população limite Psat (de saturação). A velocidade de crescimento es- pecífica é proporcional ao déficit populacional (Psat - P). ( ) ( ) ( ) ( )2 2 12 21212 PPPo PPoPPPPo K − +− = (7) Tbae K P −+ = 1 (8) Po PoK a − = log 4343,0 1 (9) ( ) ( )PoKP PKPo d b − − −= 1 1 log 4343,0 1 (10) Sendo “d” o intervalo de tempo constante entre os anos t0, t1, t2. T é o intervalo entre o t (ano da projeção) e t0 O parâmetro a é tal que, para t = a/b, há uma inflexão na curva (mu- dança de curvatura). O parâmetro b é a razão de crescimento da população. Os parâmetros a e b são determinados a partir de três pontos conhe- cidos da curva. Para aplicação do método deve existir as seguintes 57 condições: o conhecimento de três pontos da curva com o mesmo intervalo de tempo: (Po, to), (P1, t1), (P2, t2). 3.4. CONSUMO DE ÁGUA Para o planejamento e gerenciamento do sistema de esgotamento sanitário dados sobre o sistema de abastecimento de água - como a previsão de consumo - é um dos fatores de fundamental importância. A tabela a seguir apresenta o consumo diário de água segundo a NBR 7229/93. Prédio Unidade Consumo diário de água (l/dia) 1. Ocupantes permanente - residência padrão alto padrão médio padrão baixo - hotel (exceto lavanderia e cozinha) - alojamento provisório pessoa pessoa pessoa pessoa pessoa 200 165* 125 125 100 58 2. Ocupantes temporários - fábrica em geral - escritório - edifícios públicos ou comerciais - escolas (externatos) e locais de longa permanência - bares - restaurantes e similares - cinemas, teatros e locais de curta permanência - sanitários públicos (A) pessoa pessoa pessoa pessoa pessoa refeição lugar bacia sanitária 90* 65* 65* 65* 7,5 32* 2,5 600 (A) Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviá- ria, logradouro público, estádio esportivo,etc.). *Valores arredondados para mais. Fonte: NBR 7229 (1993) e NBR 13.969/1997. O dimensionamento das tubulações, estruturas e equipamentos são função das vazões de água, que por sua vez dependem do consumo médio por habitante, da estimativa do número de habitantes, das va- riações de demanda, e de outros consumos que podem ocorrer na área em estudo (Tsutiya,2004). 3.5. CONSUMO “PER CAPITA” (Q) O consumo per capita é a quantidade de água usada por dia, em mé- dia, por um habitante, expresso em litros por habitante e por dia. 59 Em cidades servidas por sistema público de abastecimento, o consu- mo per capita é obtido dividindo-se a quantidade de água produzida durante o ano por 365 multiplicado pelo número de habitantes. Assim: população anualproduzidoVolume q = 365 Na elaboração de projetos para cidades ainda não providas de qual- quer sistema distribuidor utilizam-se dados de consumo médio per capita de uma outra comunidade com características análogas. Para cidades com população inferior a 50.000 habitantes é recomen- dado o uso de um consumo médio per capita de 150 a 200 l/hab.dia. (Dacach, 1975). O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre - DMAE, fixa o consumo per capita em 250 l/hab.dia. A Corsan utiliza consumo per capita de água de 200 l/hab.dia. 3.6. VARIAÇÕES DE CONSUMO A água distribuída para uma cidade não tem uma vazão constante, devido a maior ou menor demanda em certas horas do período diário ou em certos dias ou épocas do ano, a vazão distribuída sofre varia- ções significativas, tais como: Variações diárias - A relação entre o maior consumo diário no perío- do de um ano e o consumo médio diário neste mesmo perío- 60 do,considerando-se sempre as mesmas ligações,fornece o coeficien- te do dia de maior consumo (K1),ou seja: anonodiáriomédioconsumo anonoconsumomaior K =1 O valor de K1 varia de 1,2 a 1,5. A CORSAN utiliza nos seus projetos K1=1,2. Em cidades com população flutuante, como balneários e ci- dades turísticas, este valor poderá ter um incremento significativo chegando a valores superiores a 2,0. Variações horárias - a relação entre a maior vazão horária observa- da num dia e a vazão média horária do mesmo dia, define o coefici- ente da hora de maior consumo (K2), ou seja: diadomédiavazão dianohoráriavazãomaior K =2 O valor de K2 varia de 1,5 a 3,0. A CORSAN utiliza nos seus projetos K1=1,5. 3.7. COEFICIENTE DE RETORNO (C) É a relação média entre os volumes de esgoto produzido que real- mente conribui para a rede coletora e a água efetivamente consumi- da. O coeficiente de retorno varia entre 0,5 e 0,9. A NBR 9649 reco- 61 menda o valor de c= 0,80 quando não existirem dados locais oriundos de pesquisas. Este também é o valor adotado pela CORSAN. 3.8. VAZÃO DE DIMENSIONAMENTO DAS PARTES PRINCIPAIS DE UM SISTEMA DE ESGOTO SANITÁRIO O sistema separador absoluto recebe contribuições de esgotos domésticos, águas de infiltração e esgotos concentrado ou singulares (indústrias, hospitais, quartéis, ou outras instituições que apresentam elevada contribuição de efluente). O conjunto destas contribuições nos fornece a vazão de esgoto sanitário. cd QQQQ ++= inf Sendo: Q = vazão de esgotos sanitário Qd = vazão de esgotos doméstico Qinf = vazão de infiltração e Qc = vazão de esgotos concentrados ou singulares (hospitais, educandários, quartéis, indústrias e outros). Vazão de esgotos doméstico - a vazão de esgoto doméstico (Qd) depende dos seguintes fatores: ▪ população da área de projeto;▪ contribuição per capita; ▪ coeficiente de retorno água / esgoto; 62 ▪ coeficientes de variação de vazão. 86400 21 kkcqP Qd = Sendo: P = população a ser considerada pelo projeto em habitantes; q = consumo per capita em l/hab.dia c = coeficiente de retorno k1 = coeficiente do dia de maior demanda k2 = coeficiente da hora de maior demanda 86 400 = obtenção da vazão em l/s A população de projeto (futura) é estimada através dos métodos de estimativa de crescimento populacional descritos anteriormente. No caso de tratar-se de redes coletoras de esgoto em projetos de parcelamento de solo, considera-se a máxima ocupação 5 habitantes por lote (8 habitantes se localizados em litoral). Utiliza-se o coeficiente per capita efetivo – desconsiderando-se as perdas de água. Vazão de infiltração – águas da chuva entram na rede de esgotos sanitários através das infiltrações nas juntas e paredes das tubulações e estruturas de rede, tais como PVs, TILs e estações elevatórias. A NBR 9649/86 sugere valores na faixa de 0,05 a 1,0 l/s . km, devendo haver justificativa para o valor adotado. A CORSAN e o 63 DMAE definem a infiltração na rede de esgotos sanitários tipo separador absoluto como sendo 0,5 l/s.km. 4. SISTEMA DE COLETA DE ESGOTOS SANITÁRIOS A rede coletora é o conjunto de tubulações constituídas por ligações prediais, coletores de esgoto, coletores tronco, interceptores, emissários e seus órgãos acessórios que realizam o transporte do esgoto até o seu tratamento. 4.1. COMPONENTES DA REDE Ligação predial – interliga o coletor predial (propriedade particular) ao coletor (da rede pública), como mostra a figura a seguir. Ligação predial 64 Coletor de esgoto – é a tubulação que recebe contribuições prediais em qualquer ponto ao longo do seu comprimento. O coletor de maior extensão de uma bacia denomina-se coletor principal. Coletor tronco – é a tubulação geralmente de maior diâmetro e profundidade que recebem contribuições prediais e dos coletores. Interceptor – é a tubulação de grande diâmetro e profundidade que recebem contribuições apenas dos coletores em pontos determinados (poços de visita). Emissário – é a tubulação que recebe esgoto exclusivamente na extremidade de montante. 4.2. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DA REDE Devido a presença nos esgotos quantidades de sólidos orgânicos e minerais e ainda pelo fato de ser necessário a rede coletora funcionar como conduto livre, é preciso que as tubulações tenham dispositivos que evitem ou minimizem obstruções em pontos singulares como curvas, pontos de afluência, possibilitando ainda o acesso de pessoas e equipamentos necessários a manutenção da rede nesses pontos. 65 Basicamente o dispositivo empregado é o poço de visita, constituído por uma construção composta de chaminé de acesso na parte superior e uma parte inferior mais ampla chamada balão. O esgoto corre na parte inferior, em canaletas que oriental o fluxo. Convencionalmente são empregados poços de visita: ▪ nas cabeceiras das redes; ▪ nas mudanças de direção dos coletores (todo trecho tem que ser reto); ▪ nas alterações de diâmetro; ▪ nas alterações de posição e/ou direção da geratriz inferior da tubulação; ▪ nos desníveis nas calhas; ▪ nas mudanças de material; ▪ nos encontros de coletores; ▪ e em posições intermediárias em coletores com grandes extensões em linha reta, de modo que a distância entre dois PV consecutivos não exceda a extensão da mangueira do equipamento de limpeza utilizado na manutenção da rede (em geral as mangueiras tem 60m de comprimento. Com isso estabelece-se uma distancia máxima entre os poços de 120m. Devido ao custo elevado os poços de visita eventualmente podem ser substituídos por alguns dispositivos mais simples e baratos, tais como: 66 ▪ terminais de limpeza (TL): tubos que permitem a introdução de equipamentos de limpeza e substituem os poços de visita em inicio de coletores. ▪ caixa de passagem (CP): câmaras sem acesso localizadas em curvas e mudanças de declividades. ▪ tubo de inspeção e limpeza (TIL): dispositivo não visitável que permite inspeção e introdução de equipamentos de limpeza. Os poços de visita sempre possuem apenas um único dispositivo de saída. A seguir as figuras ilustram os órgãos acessórios da rede. 67 Poço de visita 68 Poço de Visita - PV Caixa de Passagem (CP) 69 Sistema de esgoto 100% plástico TIL Radial (PV em rede 100% plástico) 70 4.3. TRAÇADO DAS REDES COLETORAS O traçado da rede coletora de esgotos está estreitamente ligado á topografia da cidade, uma vez que o escoamento se processa de segundo o caimento do terreno. Assim, pode-se ter os seguintes tipos de rede: ▪ perpendicular – em cidades atravessadas ou circundadas por cursos de água. A rede de esgotos compõem-se de vários coletores troncos independentes, com traçado mais ou menos perpendicular aos cursos de água. Um interceptor marginal deverá receber esses coletores. A figura a seguir ilustra um traçado de rede do tipo perpendicular. 71 ▪ leque – é o traçado próprio de terrenos acidentados. O coletor tronco corre pelo fundo dos vales ou pela parte baixa das bacias e nele incidem os coletores secundários, com um traçado em forma de leque ou fazendo lembrar uma espinha de peixe. A figura a seguir ilustra um traçado de rede do tipo leque. ▪ radial ou distrital – é o sistema característico de cidades planas. A cidade é dividida em distritos ou setores independentes; em cada um criam-se pontos baixos, para 72 onde são dirigidos os esgotos. Dos pontos baixos o esgoto é recalcado ou para o distrito vizinho ou para o destino fiinal. A figura a seguir ilustra uma rede do tipo radial. 4.4. INFLUÊNCIA DOS ÓRGÃOS ACESSÓRIOS NO TIPO DE TRAÇADO O fluxo de esgotos que uma tubulação lança em um poço de visita corre por caneletas situadas no fundo. Essas canaletas orientam o fluxo, possibilitando o projetista concentrar mais ou menos vazão em determinados coletores. 73 A seguir, afigura ilustra os diversos tipos possíveis de fluxo nos poços de visita. O poço de visita situado no inicio de um coletor recebe o nome de ponta seca (pode ser um terminal de limpeza – TL). 74 4.5. LOCALIZAÇÃO DA TUBULAÇAO NA VIA PÚBLICA A escolha da posição da rede em via pública depende dos seguintes fatores: • Conhecimento prévio das interferências (galerias de águas pluviais, cabos telefônicos e elétricos, adutoras, redes de água, tubulação de gás); • Profundidade dos coletores; • Tráfego; • Largura da rua; • Soleiras dos prédios, etc. A figura a seguir mostra um esquema geral de uma via pública. 75 Em geral, o sentido de economia no empreendimento leva a considerar o caso normal como sendo o de uma única tubulação (rede simples) atendendo aos dois lados da rua. Os coletores serão lançados no eixo carroçável, ou no terço do leito carroçável. Caso em um dos lados da rua existam soleiras negativas, o coletor deverá ser lançado no terço correspondente. Existem casos em que a adoção de uma rede dupla é mais vantajosa, tais como: ▪ vias com tráfego intenso; ▪ vias com largura entre os alinhamentos dos lotes igual ou superior a 14m para ruas asfaltadas, ou 18m para ruas de terras; ▪ vias com interferências que impossibilitem o assentamento do coletor
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