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Ivina Marcella C. Santos Saúde da Mulher, Sexualidade Humana e Planejamento Familiar Caso 1- INTERMEDIÁRIA “ O que será eu tenho?” Marta,16 anos, moradora do bairro de Itinga está cursando o primeiro ano do ensino médio em um colégio estadual proximo a sua casa, enamora um colega de turma sem o conhecimento da sua mãe. Mostrou-se preocupada, pois embora tivesse varios parceiros, nunca fez uso de método contraceptivo e não usa preservativo durante a relação sexual. Revelou ter mestruado muito cedo, com ciclos irregulares, e sente cólicas de forte intensidade durante a menstruação. A menstruação está atrasada, embora não lembre, com precisão quando foi a a data do último período menstrual.Decidiu produrar atendimento em uma USF e solicitar ao médico a prescrição de “pílulas para não engravidar”, mas não queria que sua mãe soubesse de sua intenção. Objetivos 1) Elucidar o amadurecimento do HHO 2) Explanar sobre os métodos contraceptivos para adolescente 3) Abordar o fluxograma de atendimento médico ao adolescente 4) Explicar os aspectos éticos legais na consulta médica com o adolescente 5) Discorrer sobre as consequências e riscos biopsicossociais da gravidez e IST`s na adolescência OBJETIVO 1- Elucidar o amadurecimento do HHO Fisiologia do ciclo menstrual Maturação pré-natal dos ovócitos, 2. Formação das células germinativas primordiais (PGC) derivadas do epiblasto (5-7 semanas de vida), 3. PGC migra durante a 4ª semana para as gônadas, 4. PGC se diferenciam em oogônias, 5. Aumento das mitoses, 6. Formação dos ovócitos primários/folículo primordial, 7. Atresia de muitos ovócitos primários (no 7º mês a maioria já morreu), 8. Ovócitos primários sobreviventes entram em prófase I (param no estagio de diplóteno); são circundados por células foliculares achatadas � células permanecem em repouso e só terminam sua divisão meiótica com a puberdade. 9. Puberdade: a cada mês 15 ou 20 folículos selecionados desse pool começam a maturar. A produção hormonal ovariana é dependente de duas estruturas distintas, atuando em diferentes fases do ciclo: o folículo, que sintetiza estrogênios a partir de precursores androgênicos (testosterona e androstenediona), na fase pré-ovulatória, e o corpo lúteo, que se forma no ponto da eclosão ovular, que fabrica estrogênios e progesterona a partir do colesterol. Portanto, para o correto funcionamento é indispensável a adequada maturação do folículo que resulte em ovulação e consequente formação do corpo lúteo. Os hormônios ovarianos lançados na circulação agem em diferentes níveis do organismo feminino, do cérebro à pele, mas têm a sua principal atuação no trato genital e nas mamas: os estrogênios propiciam o desenvolvimento das estruturas uterinas, da vagina, da vulva e dos ductos mamários, enquanto a progesterona exerce uma ação trófica nos alvéolos mamários e estimulam as alterações secretórias do endométrio, indispensáveis à implantação do ovo, além de inibir a contratilidade uterina, ação necessária à manutenção da integridade gestacional. Quando a gravidez não acontece, os níveis de estrogênios e de progesterona caem, devido à atresia do corpo lúteo, ocasionando a perda menstrual. A regulação do ciclo ovariano depende da complexa interação entre os diferentes níveis de estímulo e controle da produção das gonadotrofinas e dos esteroides. O hormônio folículo-estimulante (FSH), como descreve o seu nome, propicia a maturação folicular e a produção de estradiol e receptores de LH no folículo. O hormônio luteinizante (LH) desencadeia a ovulação e estimula a síntese de precursores androgênicos pelas células tecais e de progesterona e estradiol pelo corpo lúteo. A prolactina, (PRL), é produzida pela hipófise em quantidade controlada pela dopamina sintetizada no cérebro e, em níveis fisiológicos, estimula a mama e a lactação, a síntese de esteroides pelo corpo lúteo e de testosterona pelo testículo. Quando aumentada, atua negativamente no retrocontrole de alça curta, na maturação do folículo e na fabricação de hormônios no corpo lúteo. FISIOLOGIA OVARIANA No ovário, as funções endócrina e reprodutiva estão intimamente ligadas, pois a produção hormonal é dependente da maturação folicular, da qual decorre a ovulação, ao tempo em que a implantação do ovo depende da correta atuação do estradiol e da progesterona sobre o endométrio. Foliculogênese As gonadotrofinas hipofisárias, produzidas de forma cíclica, induzem, a cada ciclo, o crescimento de um grupo de folículos, responsáveis pela fabricação de estrogênios na primeira fase do ciclo, um dos quais, denominado folículo dominante ou de Graaf, romper-se-á no meio do ciclo. Além dos hormônios, fatores parácrinos e autócrinos que ainda estão sendo identificados contribuem para a regulação deste processo. Além dos hormônios esteroides, compostos peptídicos são fabricados pelos folículos ovarianos, a partir de diferentes estruturas celulares. • Precursores androgênicos secretados pelas células da teca: Testosterona e androstenediona • Hormônios estrogênicos fabricados nas células da granulosa e no corpo lúteo: Estradiol, estrona e progesterona • Hormônios polipeptídicos: Relaxina, inibina e ativina Os estrogênios ovarianos - estradiol e estrona - são produzidos pelo mecanismo conhecido como “das duas células”: 1. LH estimula a produção de androgênios na teca a partir do colesterol. 2. Precursores androgênicos penetram na granulosa por difusão passiva. Uma parte é lançada na corrente sanguínea e constitui a fração de androgênios circulantes de origem ovariana. 3. FSH induz a aromatização dos androgênios em estrogênios. 4. Estrogênios entram na circulação. Uma parcela é secretada diretamente no líquido folicular Ovulação. A complexidade da ovulação impossibilita que sejam aqui registrados todos os ventos que acontecem durante o seu curso. Descreveremos a seguir, de forma sucinta, os mais importantes passos desse processo: • Na fase pré-menstrual, em decorrência do aumento da freqüência de pulsos do GnRH, taxas crescentes de FSH iniciam o recrutamento dos folículos primordiais, cada um contendo um oócito parado na fase diplótena da primeira prófase meiótica, que se desenvolverão no próximo ciclo, um dos quais alcançará o estágio ovulatório, chamado de folículo dominante. • Concentrações séricas de inibina B são máximas nesta fase. Há também um rápido aumento na frequência pulsátil da liberação de GnRH, que sobe de um pulso a cada quatro horas na fase lútea tardia para um pulso a cada 90 minutos na fase folicular precoce. • Os folículos em crescimento, muitos dos quais atingem o estágio antral, aceleram a síntese de estrogênios que auxiliam o FSH na fabricação de seus próprios receptores. • Estradiol elevado, atuando em conjugação com inibina A, deprime as concentrações de FSH e de LH, assim como a amplitude dos pulsos de LH. O LH ativa a síntese de androgênios na teca e inicia a luteinização e a produção de progesterona na camada granulosa. • Ao mesmo tempo o gerador hipotalâmico acelera os pulsos de GnRH para uma freqüência média de um por hora, provavelmente devido à retroalimentação negativa da progesterona remanescente do ciclo anterior. • Na pré-ovulação, os níveis de estradiol e inibina A aumentam diariamente, causando a diminuição das concentrações de FSH e LH pelo mecanismo de retro-controle negativo. À medida que o folículo dominante é selecionado, aumenta a fabricação de receptores de LH no folículo e a secreção ovariana de fatores de crescimento intrauterinos, como o fator de crescimento semelhante a insulina (IGF-1). O folículo dominante cresce cerca de 2mm por dia, até alcançar o tamanho de 22 a 26mm, enquanto os demais param de crescer e sofrem atresia. Os níveis de androgênios locais e periféricos,provenientes dos folículos em crescimento, aumentam. • Nesta fase, a frequência dos pulsos de LH continua em torno de um por hora, mas a amplitude aumenta acentuadamente. A concentração de estradiol se eleva continuamente ate atingir um pico no dia anterior à ovulação, quando detona a “onda” de LH, que aumenta cerca de 10 vezes. Outros fatores ovarianos parecem contribuir para o pico de LH. Elevação pré-ovulatória de progesterona facilita a ação de retro-controle positivo dos estrogênios e induz FSH máximo no meio do ciclo. • O surto de LH induz o término da divisão de redução do oócito contido no folículo dominante e condiciona a fabricação de ativador do plasminogênio e de outras citocinas envolvidas na ovulação. Prossegue a luteinização da granulosa e a produção de progesterona e de prostaglandinas. • Progesterona aumenta a atividade das enzimas proteolíticas responsáveis pela digestão e ruptura da parede folicular, • Elevação de FSH libera o oócito das fixações foliculares e assegura a produção de receptores de LH necessários para assegurar uma fase lútea adequada. • A ruptura do folículo acontece 36 horas após os surto de LH. A ovulação é seguida da queda nas taxas de estradiol, pela perda do grande promotor da sua produção, o folículo dominante.4 A determinação da data e da real ocorrência da ovulação depende do manejo de exames precisos, que podem ser em pregados isoladamente, mas apresentam maior efetividade quando usados em conjuntos de dois ou mais procedimentos, como os abaixo citados: • Escore do muco cervical: filância e cristalização • Curva de temperatura basal • Estradiol plasmático seriado • Ultrassonografia transvaginal seriada • Progesterona plasmática na segunda fase do ciclo • Histologia do endométrio na segunda fase do ciclo Disturbios menstruais na adolecência A presença de irregularidade menstrual é comum na adolescência. Cerca de 50% dos ciclos menstruais são anovulatórios nos primeiros dois anos após a menarca. Uma das explicações para isso seria uma imaturidade fisiológica do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, representada pela ausência de feedback positivo do estradiol sobre a secreção de hormônio luteinizante (LH), impedindo assim a formação do pico do LH necessário à ovulação. A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a causa mais comum de anovulação persistente na adolescência. Como essa síndrome geralmente inicia-se no período perimenarca, é fundamental que as adolescentes com irregularidade menstrual, principalmente oligomenorréia ou amenorréia secundária, sejam investigadas, sobretudo aquelas com irregularidade persistente após os primeiros dois anos. Merecem avaliação as pacientes que apresentam sangramento vaginal anormal em duração, freqüência ou quantidade. Padrões de sangramento: • Menstruação normal – fluxo menstrual com duração de três a oito dias com perda sangüínea de 30 a 80ml; ciclo com duração de 30 ± 4 dias. • Menstruação anormal – sangramento que ocorre a intervalos de 21 dias ou menos, com mais de sete dias de fluxo e/ou volume total > 80ml. • Amenorréia – ausência completa de menstruação em uma mulher na fase reprodutiva da vida. Pode ser amenorréia primária (ausência de menarca aos 16 anos de idade) ou secundária (ausência de menstruação por mais de seis meses ou pelo menos três dos intervalos de ciclos menstruais precedentes em uma mulher que tenha ciclos menstruais normais previamente). • Oligomenorréia – ciclos menstruais com intervalos maiores maiores que 40 dias. • Polimenorréia – ciclos regulares com intervalos de 21 dias ou menos. • Hipermenorréia (menorragia) – sangramento uterino excessivo em quantidade e duração, ocorrendo a intervalos regulares. • Metrorragia – Sangramento uterino geralmente não-excessivo ocorrendo em intervalos irregulares. • Menometrorragia – Sangramento uterino geralmente excessivo e prolongado ocorrendo a intervalos irregulares. • Hipomenorréia – Sangramento uterino regular mas reduzido em quantidade. • Sangramento intermenstrual – Sangramento que ocorre entre ciclos menstruais regulares. Deve-se, ainda, distinguir o sangramento uterino anormal do disfuncional, que é definido como sangramento anormal no qual não se identificam causas orgânicas através de história clínica ou exames físico e ginecológico. Resulta, geralmente, de anovulação em uma mulher com bons níveis de estrogênio. Deve-se descartar a possibilidade de lesões do trato reprodutor, doenças crônicas e distúrbios da coagulação. Síndrome dos Ovários Policísticos A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio no eixo neuro-endócrinoreprodutor, associado a alteração morfológica ovariana e à produção androgênica elevada. Sua prevalência varia entre 6 a 8% da população feminina durante o período reprodutivo Deve-se salientar que a característica mais marcante nesta afecção é o hiperandrogenismo associado ao estado de anovulação crônica. ETIOPATOGENIA A etiopatogenia da síndrome ainda é muito debatida. Enquanto alguns investigadores acreditam que seja uma resposta inadequada do ovário aos hormônios secretados pela hipófise para estimular a ovulação, outros sugerem que a produção hipofisária inadequada de gonodatrofinas seria o ponto crítico desta afecção. De fato, são encontrados níveis altos de LH e baixos de FSH em algumas mulheres, havendo relato de que muitas pacientes com SOP têm a relação LH/FSH superior a dois ou mais. Mais recentemente, muitos autores apontam para um distúrbio do metabolismo de carboidratos envolvido nesta síndrome, principalmente resistência à insulina. Este fato está apoiado na alta prevalência de hiperinsulinemia nas mulheres com SOP, atingindo cifras de aproximadamente 70%. Para explicar a relação SOP e resistência à insulina, a teoria corrente seria que a hiperinsulinemia desencadeia o hiperandrogenismo. Os dados a favor desta hipótese baseiam-se na presença de receptores de insulina nos ovários e na ação da insulina sobre estes, com aumento da produção de androgênios. Auxiliando esta hipótese, estudo em mulheres magras com hiperandrogenismo e SOP apontou melhora da função ovariana após tratamento com medicamentos sensibilizadores do receptor de insulina. Por outro lado, há evidências da participação androgênica na queda da sensibilidade do receptor de insulina. A retirada de neoplasia ovariana produtora de androgênio em paciente com extrema resistência à insulina pode melhorar as manifestações hiperandrogênicas, bem como a resistência insulínica Contudo, há ainda controvérsias a respeito desta ação devido à complexidade desta síndrome com repercussões na esteroidogênese, na foliculogênese e no metabolismo ovariano. A sintomatologia pode sofrer variações desde a adolescência até a menopausa. Ressalta-se ainda que fatores comportamentais e psíquicos podem influenciar o quadro clínico da SOP Alguns investigadores apontam que esta afecção não seria determinada apenas após a primeira menstruação, mas seria um processo evolutivo com origem no período neonatal Neste aspecto, estudos retrospectivos sugerem a existência de fatores de risco pré-natal, como desnutrição e retardo de crescimento intra-uterino, bem como prematuridade, os quais poderiam influenciar na produção anormal de insulina após o nascimento. Além disso, dieta inadequada e sedentarismo durante a infância e a puberdade poderiam piorar a resistência insulínica. Em relação ao baixo peso ao nascimento, as evidências sugerem que estas crianças teriam hiperfunção da suprarenal, com incremento da produção de deidroepiandrosterona e androstenediona durante a infância. Este fato poderia também contribuir para o desequilíbrio endócrino e metabólico da SOP. Por outro lado, a prole oriunda de gestação prolongada teria maior anomalias no controle do LH durante a adolescência. Estas seriam as pacientes magras, cuja relação com a resistência insulínica não seria tão evidente. Há evidências de que na pubarca precoce por aumento depeso estaria relacionado com maior resistência insulínica e, após a menarca, estas mulheres teriam maior frequência de ciclos espaniomenorrêicos ou amenorreia. Além disto, estas meninas estariam mais sujeitas ao aparecimento de hiperandrogenismo e de ovários micropolicísticos ao ultrassom RISCOS DA SOP Os transtornos metabólicos da SOP representam grande preocupação, principalmente quando o tratamento não foi iniciado durante a adolescência e a vida reprodutiva. Assim, a paciente com SOP tem risco aumentado para doença cardiovascular . Na transição menopausal e na pós-menopausa, há tendência para aumento do risco de obesidade e mudança da distribuição gordurosa corporal, com acúmulo de gordura na região abdominal. As alterações da composição e da distribuição gordurosa corpórea na mulher climatérica estão relacionadas com a diminuição do estrogênio circulante e, também, com o aumento da relação androgênio/estrogênio . Salienta-se que mulheres com SOP e resistência periférica à insulina podem ter peso normal. A resistência insulínica caracteriza-se pela diminuição da sensibilidade dos tecidos à ação da insulina, gerando importantes implicações metabólicas. Nas mulheres com SOP, provocaria deterioração da função das células beta do pâncreas, levando à intolerância à glicose. Contudo, nem sempre é fácil identificar a paciente com resistência insulínica. A exata natureza dos mecanismos nas alterações lipoproteicas da síndrome de resistência insulínica não está totalmente esclarecida, porém, a hiperinsulinemia tem papel central neste processo, visto que está implicada na modulação de enzimas-chaves do metabolismo lipídico. As condições que cursam com hiperinsulinemia, em geral, estão associadas à chamada tríade lipídica: aumento moderado de triglicerídeos, redução do HDL-colesterol Amenorreias A menstruação é um importante marcador biológico na vida da mulher e resultante de uma perfeita integração de funções entre o eixo SNC-hipotálamo-hipófise ovariano e o útero e quando presente serve para indicar à mulher “que ela não se encontra grávida”. Portanto, para que ocorra o sangramento menstrual de forma regular, é necessário que a mulher apresente boa função do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, e a integridade do trato genital (canalicular). O sistema reprodutivo é bastante sensível às variações da normalidade, psíquicas e/ou físicas, que podem ocorrer no funcionamento do organismo humano e os distúrbios menstruais correspondem a um sintoma que pode estar presente em decorrência de várias doenças que, direta ou indiretamente, acometem o eixo hipotálamohipófise- ovario-útero. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO Amenorreia é a ausência ou cessação anormal da menstruação de forma temporária ou definitiva durante o período reprodutivo. Amenorreia primária pode ser definida como ausência de menstruação espontânea aos 14 anos em pacientes sem caracteres sexuais secundários ou aos 16 anos em pacientes com desenvolvimento normal dos caracteres sexuais secundários. Amenorreia secundária é o intervalo entre menstruações igual ou maior que 180 dias, após apresentar períodos pregressos de fluxos menstruais normais ou anormais, ou ausência de três ciclos consecutivos. A classificação pode ser útil uma vez que as causas mais frequentes de um ou outro tipo são bastante distintas. Lembrar que existem as amenorreias fisiológicas que são decorrentes de situações naturais como a gravidez e lactação. Também merece menção a chamada criptomenorreia ou falsa amenorreia, quando as menstruações ocorrem, porém não se exteriorizam por obstrução canalicular causada por agenesia de porção mulleriana da vagina ou defeito do seio urogenital, como o hímen imperfurado, por exemplo, ficando o material menstrual retido à montante do ponto de obstrução. A amenorreia pode aparecer de maneira abrupta ou ser insidiosa, precedida ou entremeada por períodos de outros distúrbios menstruais menos severos como a oligomenorreia ou polimenorreia. É considerada uma etapa mais avançada do bloqueio da função reprodutiva na mulher. A falta da menstruação pode ter significados importantes do ponto de vista clínico, pois pode ser, como na maioria das vezes, um problema relativamente simples, ou então representar o primeiro sinal de uma doença mais grave. Por estas razões, o sintoma amenorreia não pode ser negligenciado e as pacientes que o apresentam merecem atenção médica, pois para o tratamento correto e eficiente da doença causadora do sintoma, torna-se necessária uma investigação cuidadosa de cada caso. Por outro lado, a causa determinante da amenorreia prolongada pode levar a modificações irreversíveis no útero, interferindo de forma definitiva na função reprodutiva. Estas considerações ressaltam o valor da investigação diagnóstica e do tratamento precoces. As amenorreias são relativamente frequentes nos consultórios e ambulatórios de ginecologia e correspondem a cerca de 5% dos casos atendidos. ETIOLOGIA São variadas as causas de amenorreia e diferentes classificações etiológicas têm sido sugeridas. Abaixo está apresentada uma classificação simplificada onde não estão incluídas as pacientes que apresentam ambiguidade genital, que devem ser tratadas à parte. •Defeitos anatômicos do trajeto Agenesia Mulleriana Feminização Testicular (Forma Completa) Outros •Hipogonadismo primário Disgenesia gonadal Agenesia gonadal Deficiências Enzimáticas Falência Ovariana Prematura (FOP) •Causas Hipotalâmicas I Disfuncional Estresse; Exercício físico; Relativa ao estado nutricional Pseudociese •Causas Hipotalâmicas II Outros distúrbios Deficiência isolada de Gonadotrofinas (DIG)1 Infecção Doenças crônicas debilitantes Tumores • Causas Hipofisárias Tumores – Prolactinoma Outros tumores Mutuações nos Receptores FSH/RLH Doenças auto-imunes • Outras doenças de grândulas endócrinas - I Adrenal HAC Adulto2 Sindrome de Cushing Tireóide Hipotitroidismo Hipertireoidismo • Outras doenças de grândulas endócrinas - II Ovários Tumores funcionantes de ovários Lesões de hipófise e sela túrcica Sela vazia Aneurisma compressivo S. Sheehan Pan-hipopituitarismo Processos inflamatórios Mutações de ganodotrofinas Causas Hipotalâmicas II SOP ABORDAGEM DIAGNÓSTICA Em primeiro lugar, e como princípio básico da abordagem da mulher com amenorreia, por mais irregular que seja a sua história menstrual pregressa, cabe ao médico assistente excluir a possibilidade de uma gravidez. 1 – Anamnese Alguns elementos essenciais na história clínica da paciente precisam necessariamente ser abordados e constituem parte fundamental da propedêutica clínica. a) Processo puberal É importante investigar se a telarca (aparecimento do botão mamário) e a pubarca (aparecimentos dos pêlos pubianos e axilares) ocorreram no período adequado e tiveram evolução satisfatória. Em geral, o aparecimento de pêlos pubianos e axilares são sinais clínicos da atividade androgênica das adrenais (adrenarca) e precedem em cerca de dois anos o estirão de crescimento. Paralelamente à adrenarca, ocorre a liberação das gonadotrofinas hipofisárias. De início sua liberação pulsátil é apenas noturna e depois permanente, com resposta ovariana na produção de estrogênios, levando ao desenvolvimento do broto mamário. A presença de ambas, telarca e pubarca, mais o estirão de crescimento, caracterizam o processo puberal. Entre a telarca e a primeira menstruação (menarca) decorrem entre 2 a 4 anos. A falta do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários é indicativa de ausência de função ovariana, caracterizando o hipogonadismo. Sinais de hiperandrogenismo em menor ou maior grau (virilização) poderão sinalizar para a presença de alterações adrenais, pois neste período estas glândulas respondem por grande parte dos androgênios circulantes. b) Amenorreia associada à lactação A amenorreia após um parto é considerada fisiológica e se estende por período variável, dependendo da lactação ou não. A presença de amenorreiae secreção de leite (galactorréia) fora deste período deve ser vista como anormal e deve ser investigada tendo como suspeita inicial uma síndrome hiperprolactinêmica. Nestes casos sempre deve haver a investigação do uso de drogas que aumentam a liberação de PRL. Causa importante e frequente de hiperprolactinemia são os adenomas hipofisários secretores de PRL (prolactinomas), que correspondem a 50% dos adenomas daquela glândula. c) Amenorreia associada a sintomas climatéricos A concomitância de amenorreia com ondas de calor, distúrbios do sono, secura vaginal e outros sintomas neurovegetativos, típicos do período climatérico, sugere deficiência estrogênica (hipogonadismo) e poderá ser decorrente de falência ovariana prematura. d) Prática de exercícios físicos (tipo, duração, frequência) Cerca de 60% das mulheres que praticam exercícios físicos de forma intensa podem apresentar amenorreia. De um modo geral, os exercícios que mais levam aos distúrbios menstruais são aqueles associados ao baixo peso, como corredoras de maratona e bailarinas e que frequentemente também são mulheres que têm desvios nos hábitos alimentares, com baixa ingestão calórica. e) Estado nutricional Anorexia e variações do peso devem ser consideradas. A anorexia nervosa, por exemplo, faz parte de um conjunto de situações que estão intimamente associadas ao estresse emocional e à desnutrição e que são causa importante da chamada amenorreia de origem central ou psicogênica. f) Doenças crônicas da tireóide, rins, diabetes Estas entidades mórbidas estão frequentemente associadas a ciclos anovulatórios e distúrbios menstruais. O hipotireoidismo primário pode desencadear hiperprolactinemia, assim como a insuficiência renal e a diabetes tipo II está frequentemente associada à sindrome dos ovários policísticos. g) Associação com sintomas neurológicos A presença de cefaléia, perda de campo visual, convulsões e outros sintomas neurológicos que acompanham a amenorreia podem ser indicativos de lesões expansivas do sistema nervoso central, com comprometimento da função do eixo hipotálamo-hipófise. h) Uso de drogas Inúmeras drogas de uso frequente na prática médica podem interferir na ação dos neurotransmissores a nível do eixo SNC-hipotálamo. São exemplos os antidepressivos, anti-hipertensivos, ansiolíticos, metoclopramida, entre outros. Também o uso de hormônios esteroides poderá interferir com a função menstrual, como é o caso do uso de progestagênios em altas doses como anticoncepcionais que levam à amenorreia. i) Procedimentos cirúrgicos ou irradiação sobre a pélvis Remoção cirúrgica total ou parcial do útero e/ou dos ovários e irradiação pélvica por lesões neoplásicas podem causar danos irreversíveis a estes órgãos. Hirsutismo e hiperandrogenismo Hiperandrogenismo ou excesso de androgênios compreende um grupo heterogêneo de alterações que exibem um fenótipo comum. Hirsutismo é a manifestação mais frequente do hiperandrogenismo. Outros sinais clínicos de excesso de androgênio inclui acne, alopecia androgênica, seborréia e, menos frequentemente, sinais de virilização tais como hipertrofia do clitóris, alteração da tonalidade da voz, atrofia do parênquima mamário e aumento de massa muscular. Pode vir associado a distúrbios menstruais, infertilidade e alterações metabólicas. A presença do hirsutismo pode levar a consequências psicossociais significativas que influenciam negativamente na qualidade de vida. DEFINIÇÃO Hirsutismo é definido como crescimento excessivo de pêlos terminais na mulher, os quais têm distribuição típica de padrão masculino. Pode se manifestar isolado ou associado aos outros sinais de hiperandrogenismo. EPIDEMIOLOGIA O hirsutismo é uma queixa frequente que afeta cerca de 5% – 10% das mulheres em idade reprodutiva3. FISIOPATOLOGIA O hirsutismo resulta do aumento da produção de androgênio pelos ovários e/ou adrenais, aumento da sensibilidade da unidade pilosebácea aos androgênios circulantes ou alterações relacionadas ao transporte (produção hepática da globulina transportadora dos hormônios sexuais, SHBG) e metabolismo dos androgênios (conversão periférica da testosterona em diidrotestosterona pela 5αredutase) e subsequente ligação destas moléculas com os receptores androgênicos. O crescimento dos pêlos sexuais é inteiramente dependente da presença de androgênios. Os androgênios parecem induzir o pêlo velar em pêlos terminais os quais são mais grossos e mais escuros. O ciclo de crescimento dos pêlos são consideravelmente assincrônicos e a fase de crescimento (anágena) varia em diferentes áreas do corpo, cerca de três a seis meses na face, e quatro meses na região supra labial e dois a seis anos no couro cabeludo. Entre as causas de hiperandrogenismo inclui-se a síndrome dos ovários policísticos (a mais frequente), hiperplasia adrenal congênita de início tardio ou forma não clássica, síndrome de Cushing, síndrome de hiperandrogenismo com resistência insulínica e acantose nígricans (HAIR AN), tumores ovarianos ou adrenais secretores de androgênios, hiperprolactenemia, hirsutismo idiopático e o secundário ao uso de drogas androgênicas . DIAGNÓSTICO A história clínica, o exame físico e a investigação laboratorial são fundamentais para a avaliação correta do hirsutismo. A história deve incluir o início e a progressão do aumento de pêlos, o padrão do ciclo menstrual, o início do aumento do peso, o uso de drogas androgênicas tais como esteroides androgênicos anabólicos, ácido valproico, ciclosporina, metirapona e danazol entre outras. Os sinais e sintomas do excesso de androgênios em geral se desenvolvem vagarosamente com início peri-puberal nos casos de síndrome dos ovários policísticos ou de hiperplasia adrenal de início tardio. Uma progressão rápida do hirsutismo associado a sinais de virilização como hipertrofia de clitóris, aumento de massa muscular e engrossamento da voz pode ser observado em tumores secretores de androgênios de origem ovariana ou adrenal. A avaliação e a severidade do hirsutismo deve ser feita utilizando-se o escore de Ferriman-Gallwey modificado. Um escore igual ou maior a oito pode ser usado para definir a presença de hirsutismo. É importante salientar que a resposta da unidade pilosebácea varia consideravelmente. O escore do hirsutismo não se relaciona com os valores de androgênios circulantes. Por outro lado, pacientes sem hirsutismo podem apresentar hiperandrogenemia. Hiperprolactinemia Prolactina (PRL) é um hormônio sintetizado e secretado por lactotrófos, células da hipófise anterior ou adeno- hipófise, com a principal função de estimular a lactação. Fisiologicamente, os níveis de prolactina aumentam com a concepção, permanecendo altos durante a gestação, sem que ocorra lactação devido aos altos níveis plasmáticos de estrógeno e progesterona que se opõem à sua ação na glândula mamária. Após o parto, com a queda nos níveis de estrógeno e progesterona, a lactação se inicia. Durante a amamentação, importante fator estimulador da secreção de prolactina é a sucção do mamilo. A hiperprolactinemia não fisiológica tem como sintoma mais claro a galactorreia, podendo também causar irregularidades do ciclo menstrual, através da interferência na secreção pulsátil de GnRH comprometendo o funcionamento do eixo hipotálamo-hipófiseovariano. Clinicamente expressa-se por ciclos menstruais encurtados, anovulação com espaniomenorreia e até amenorreia. Nos casos mais severos pode haver hipogonadismo hipogonadotrófico. Vários outros locais do organismo manifestam receptores para a prolactina, como fígado, suprarrenais, linfócitos, mas as funções da PRL nestes locais ainda são mal elucidadas. Diferente de outros hormônios hipofisários, a prolactina tem sua secreção regulada predominantemente por mecanismo inibitório, sendo a dopamina o principal agente inibidor. Esta amina é sintetizada no hipotálamo, atingindo a hipófise através da circulação porta-hipofisária, presente na haste ou infundíbulo. Outros fatoresinibitórios da PRL são acetilcolina, GABA, GAP, histamina, todos com menor grau de atuação. Fatores estimulatórios como estrógeno, hormônio tireotrófico (TRH), serotonina, polipeptídeo vasoativo intestinal e opiáceos endógenos têm menor papel na secreção de prolactina ETIOLOGIA De forma didática, as causas de secreção excessiva de prolactina podem envolver mecanismos que interferem com a inibição da prolactina, e mecanismos que estimulam ou aumentam sua secreção e mecanismos que reduzem a eliminação da prolactina . Dentre as causas que estimulam fisiológicamente a secrecao da PRL temos a gestação e a lactação, além de atividade física. Em condições normais como no hipotireoidismo (com aumento do TRH) e na insuficiência adrenal, também há estímulo na secreção de prolactina. Existe ainda uma associação entre síndrome dos ovários policísticos e hiperprolactinemia. Na insuficiência renal e na insuficiência hepática, por interferência com a eliminação, verifica-se elevação dos níveis séricos de PRL. A síndrome da sela vazia e tumores hipofisários produtores de prolactina, diagnosticados por exame de imagem e classificados como microadenoma quando menor do que 1cm e macroadenoma quando maior ou igual a 1cm, cursam com hiperprolactinemia. Outra causa de elevação da secreção de prolactina é a hipofisite, porém por dificuldade de diagnóstico acaba sendo incluída entre as hiperprolactinemias idiopáticas. Dentre as causas que interferem com o mecanismo inibitório da prolactina, temos tumores não produtores de prolactina que comprimem o infundíbulo, dificultando ou impedindo que a dopamina atinja a hipófise, as causas neurogênicas como cicatriz torácica, estímulo mamário e, cada vez com maior freqüência, a ação de medicações Objetivo 2- Explanar sobre os métodos contraceptivos para adolescente A adolescência é uma etapa intermediária entre a infância e a fase adulta, caracterizada por processo de maturação e de desenvolvimento biopsicossocial. É um período fundamental, com descobertas e desafios, experiências e expectativas sociais diversas. O Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, considera adolescente a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. A Organização Mundial da Saúde estabelece o período da adolescência dos dez aos 19 anos. Adolescentes desejam método seguro e efetivo de contracepção, mas encontram barreiras ao conhecimento de diferentes opções e a seu acesso. A idade isoladamente não contraindica qualquer método contraceptivo. Ao contrário, adolescentes tem maior número de opções contraceptivas em virtude das condições de saúde próprias da idade. As formas mais populares de contracepção em adolescentes são preservativos e o coito interrompido, seguido das pílulas combinadas. Observa-se, no entanto, que os métodos que dependem do uso correto da adolescente apresentam maior número de falhas quando comparado a mulheres adultas. Profissionais de saúde envolvidos em medidas contraceptivas devem priorizar o aconselhamento e a capacitação para a oferta dos métodos contraceptivos para adolescentes, observando aspectos culturais e éticos nessa importante fase da vida feminina. A escolha do método contraceptivo concentra-se em decisão individual, orientada por particularidades que envolvem; °Aspectos clínicos ° Idade °Fatores de risco e doenças associadas. Embora a idade isoladamente não represente contra-indicações aos diferentes contraceptivos, algumas etapas de vida feminina, como adolescência, podem trazer dúvidas quanto ao método mais adequado. Nesse sentido, o conhecimento das características mais relevantes da anticoncepção nos extremos reprodutivos torna-se fundamental no manejo prático dessa situação clínica bastante comum.Considera- se, do ponto de vista conceitual, a adolescência como período entre o início da puberdade e a idade adulta, referindo-se na maioria das vezes a jovens com idade abaixo dos 18 anos. O cenário atual da anticoncepção para adolescentes Após um declínio nos últimos 15 anos, a taxa de gestação na adolescência voltou a crescer pela primeira vez em 2006 nos EUA, aumentando cerca de 3% sobre a taxa de 2005 em mulheres entre 15–19 anos. Parte disso pode ser atribuída ao fato das formas mais populares de contracepção empregadas por adolescentes dependerem do uso correto para sua efetividade. Adolescentes desejam método seguro e efetivo de contracepção, mas encontram barreiras ao conhecimento de diferentes opções e a seu acesso, muitas vezes pelo alto custo inicial.Quando se orienta uma adolescente quanto à contracepção, há necessidade de apresentar todos os métodos disponíveis, incluindo dispositivos intrauterinos (DIUs) e implantes. Atualmente, as formas mais populares de contracepção em adolescentes são e o coito interrompido, seguido de pílulas. Somente 3,6% das mulheres entre 15-19 anos usam métodos intrauterinos. Elementos chave no aconselhamento anticoncepcional para adolescentes Adolescentes entre 15 e 19 anos apresentam menor conhecimento e menor taxa de utilização de métodos contraceptivos e, dessa forma, as mais altas necessidades não atendidas entre todas as faixas etárias. O aconselhamento contraceptivo para adolescentes deve ser holístico, levando em consideração aspectos da saúde reprodutiva e sexual e, assim, possibilitando a oferta de todos os métodos anticoncepcionais disponíveis. Nenhum método contraceptivo (com exceção dos métodos definitivos) deve ser contraindicado baseando-se unicamente na idade. Infelizmente, existem várias barreiras ao uso consistente e correto dos contraceptivos entre adolescentes. A falta de conhecimento, aconselhamento inadequado, tabus socioculturais,restrições legais e atitudes moralistas quanto a sexualidade nesse grupo etário são comuns mesmo entre adolescentes que escolhem ou desejam um método contraceptivo. Nesse sentido, a aceitação de determinado contraceptivo varia de acordo com os diferentes regiões no mundo. Embora os métodos de longa ação (DIUs e implante) sejam priorizados por algumas entidades médicas, dificuldades no acesso e na aceitabilidade pela adolescente mostram que métodos tradicionais, como os contraceptivos orais combinados (COCs) e preservativos devem também ser foco de aconselhamento por profissionais de saúde, visando melhora das taxas de continuidade e, em última análise, redução da possibilidade de gestações não planejadas.Identificam-se, ainda, desconhecimento dos benefícios extra-contraceptivos dos anticoncepcionais e mitos em relação ao uso de métodos anticoncepcionais na Adolescência. Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados de várias maneiras. Reconhecem-se dois grupos principais: I - Reversíveis. II - Definitivos. Os métodos reversíveis são: 1 - Comportamentais. 2 - De barreira. 3 - Dispositivos intrauterinos. 4 - Hormonais. 5 - De emergência. Os métodos definitivos são os cirúrgicos: 1 - Esterilização cirúrgica feminina. 2 - Esterilização cirúrgica masculina. O manejo das situações que envolvem anticoncepção obriga ao uso de alguns conceitos, descritos abaixo: 1 - EFICÁCIA É a capacidade deste método de proteger contra a gravidez não desejada e não programada. É expressa pela taxa de falhas próprias do método, em um período de tempo, geralmente no decorrer de um ano. O escore mais utilizado para este fim é o índice de Pearl, que é assim calculado: indice de Pearl = No de falhas x 12 meses x 100 (mulheres) No total de meses de exposição. . 2 - SEGURANÇA. É o potencial de o método contraceptivo causar riscos à saúde de quem o utiliza. É avaliado pelos efeitos indesejáveis e complicações que pode provocar. Quanto maior a segurança do método, menor será a probabilidade de trazer qualquer tipo de problema à saúde de quem faz seu uso. 3 - ESCOLHA DO MÉTODO. O critério mais importante para a escolha ou eleição de um método anticoncepcional é a opção feita pelo(a) usuário(a).O médico deve, sempre, privilegiar esta opção e considerá-la prioritária. Entretanto, nem sempre o método escolhido poderá ser usado, tendo em vista características clínicas evidenciadas pelo(a) usuário(a), que podem contraindicar seu uso. Assim, é tarefa primordial do médico desenvolver semiótica apropriada para avaliar se o(a) usuário(a) apresenta alguma destas condições clínicas ou afecções. Se sim, deve o médico colocar os demais métodos possíveis à disposição da pessoa interessada, explicando-lhe as suas características, modo de uso, riscos e benefícios, bem como a eficácia. Assim, possibilitará ao paciente, condições de fazer nova opção e se comprometer com ela. Os resultados do uso de qualquer método anticoncepcional, eficácia, uso correto, ausência de efeitos indesejáveis etc., são diretamente relacionados com o grau de comprometimento do usuário com a eleição do método. 4 - CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE de um método anticoncepcional. Estes são definidos pelo conjunto de características apresentadas pelo(a) candidato(a) ao uso de um determinado método e indicam se aquela pessoa pode ou não utilizá-lo. A Organização Mundial de Saúde montou um grupo de trabalho que classificou estas condições em quatro categorias, assim dispostas, conforme sua última edição do ano de 2009.1 : CATEGORIA 1 – o método pode ser utilizado sem qualquer restrição. CATEGORIA 2 – o uso do método em apreço pode apresentar algum risco, habitualmente menor do que os benefícios decorrentes de seu uso. Em outras palavras, o método pode ser usado com cautela e mais precauções, especialmente com acompanhamento clínico mais rigoroso. CATEGORIA 3 – o uso do método pode estar associado a um risco, habitualmente considerado superior aos benefícios decorrentes de seu uso. O método não é o mais apropriado para aquela pessoa, podendo, contudo, ser usado, no caso de não haver outra opção disponível ou no caso de a pessoa não aceitar qualquer alternativa, mas desde que seja bem alertada deste fato e que se submeta a uma vigilância médica muito rigorosa. Aqui estão enquadradas aquelas condições que antigamente se chamavam de contraindicações relativas para o uso do contraceptivo. CATEGORIA 4 – o uso do método em apreço determina um risco à saúde, inaceitável. O método está contraindicado. Compreende todas aquelas situações clínicas que antigamente se chamava de contraindicações absolutas ou formais. Métodos Comportamentais São os métodos baseados na identificação do período fértil durante o qual os casais se abstêm das relações sexuais ou praticam coito interrompido, a fim de diminuir a chance de gravidez. O período fértil pode ser identificado por meio da observação; °Da curva de temperatura corporal; °Das características do muco cervical De cálculos matemáticos baseados na duração, fisiologia do ciclo menstrual e meia-vida útil dos Gametas. PSIUUU!! As limitações estão relacionadas à necessidade de abstinência periódica, o que é evidenciado pelas taxas de falha relativamente altas com uso típico. Além disso, doenças, sono interrompido e uso de medicamentos podem alterar ou interferir na observação e interpretação de alguns marcadores biológicos. Abstenção periódica Os métodos de abstenção periódica pressupõem o conhecimento do período fértil, época em que são evitadas as relações sexuais. A forma de se reconhecer o período fértil deu origem aos métodos da tabelinha ou de Ogino-Knaus, do muco cervical ou de Billings, da curva térmica, e também o sintotérmico. Método de Ogino-Knaus (Tabela) – método do calendário O fundamento desse método é o conhecimento da fisiologia do ciclo menstrual da mulher. Sabe-se que o período fértil é aquele que se situa em torno do momento da ovulação. A observação de inúmeros ciclos mostrou que: • a ovulação ocorre 12 a 16 dias antes da menstruação; • o ciclo menstrual normal tem uma duração de 25 a 35 dias, sendo padrão o ciclo de 28 dias; • o espermatozoide pode permanecer no trato genital feminino, com capacidade de fertilizar o óvulo, salvo exceções, por 48 horas (dois dias); • o óvulo permanece no trato genital feminino em condições de ser fertilizado, salvo exceções, por 24 horas (um dia). A partir desse conhecimento é possível estabelecer o denominado período fértil de uma mulher. É essencial conhecer o seu padrão menstrual, ou melhor, a duração de seu ciclo. Antes de recorrer a este método, a mulher registra o número de dias de cada ciclo menstrual durante pelo menos seis meses. O primeiro dia de menstruação é sempre contado como sendo o dia 1. Para os ciclos bem regulares, calcula-se: • o primeiro dia do período fértil, subtraindo-se 18 do número de dias de duração do ciclo, sendo que 18=16 (primeiro dia em que pode ocorrer a ovulação) mais 2 (número de dias em que o espermatozoide pode permanecer viável); • o último dia do período fértil, subtraindo-se 11 do número de dias de duração do ciclo menstrual, sendo que 11=12 (último dia em que pode ocorrer a ovulação) menos 1 (número de dias em que o óvulo permanece viável após a ovulação). Quando a mulher apresenta ciclos variáveis, uns mais curtos e outros mais longos, calcula-se o primeiro dia do período fértil subtraindo-se 18 do número de dias do ciclo mais curto. O cálculo do último dia do período fértil é realizado subtraindo-se 11 do número de dias do ciclo mais longo. A crítica a este método fundamenta-se nas seguintes razões: • é realizada avaliação retrospectiva projetada para o futuro, sendo que a biologia da mulher não tem comportamento matemático; • quanto maior a variabilidade dos ciclos menstruais, maior será o número de dias de abstenção, no chamado período fértil. Em geral, mulheres com ciclos com variações de mais de seis dias não devem usar esse método; • requer uma disciplina rígida e uma obediência férrea à abstenção nos dias de risco, época em que, em geral, a mulher encontra-se mais atraente, com mais apetite sexual e desperta mais o erotismo masculino; • por esses motivos, a eficácia desse método é extremamente variável nas estatísticas, porém, sempre com taxas de falhas elevadas. Exemplo: uma mulher anotou seus ciclos durante seis meses e apontou que ciclo mais longo foi de 33 dias e, o mais curto, de 26 dias. Deve-se subtrair 18 do ciclo mais curto (18- 26=8) e subtrair 11 do ciclo mais longo (33-11=22). Resultado: esta mulher deverá abster-se de relações sexuais do 8º ao 22º dia do ciclo. Método do muco cervical (Billings) O fundamento racional desse método é o conhecimento de que o muco cervical sofre modificações físico- químicas relacionadas ao tipo de estímulo hormonal a que está sujeito. Quanto maior a estimulação estrogênica, mais o muco se torna abundante, aquoso, transparente e filante (propriedade de formar fio, quando distendido ao ar, por exemplo, entre duas polpas digitais, podendo chegar, no pico da estimulação estrogênica, a 10 cm de comprimento). Após a ovulação, quando o corpo amarelo passa a secretar de forma crescente, a progesterona faz com que o muco se modifique, tornando-se escasso, espesso, opaco, grumoso e sem filância. Para detectar seu período fértil, a mulher precisa observar e reconhecer o tipo de secreção presente no colo do útero. Assim, é necessário que aprenda a analisar diariamente o seu muco cervical, introduzindo dois dedos na vagina e obtendo, dessa forma, amostra da secreção ali contida. Tal análise expressa, com boa fidelidade, o tipo de muco secretado pela cérvice, que poderá indicar o período pré-ovulatório imediato, época em que ocorre a máxima estimulação estrogênica, sem a oposição da progesterona. Por isso, será época em que o muco apresentará de forma mais exuberante as características anteriormente expostas: quantidade grande, limpidez e elasticidade. Depois da ovulação, por ação da progesterona, perde a elasticidade e diminui em quantidade até a próxima menstruação, indicando o início da fase lútea. Assim, em funçãodo muco cervical, o ciclo ovulatório está dividido em duas fases: uma, progressivamente mais molhada, até o momento da ovulação, e outra seca, após o início da secreção de progesterona pelo corpo lúteo, após a ovulação. Se a mulher se restringir a manter relações sexuais apenas na fase seca, ela, via de regra, evitará a gravidez. A mulher deve ser orientada que durante a excitação, após a relação sexual e com uso de produtos vaginais a observação do muco não é fidedigna. Esse método exige que a mulher diferencie as secreções normais dos corrimentos patológicos. Método da curva da temperatura basal Esse método é baseado na alteração térmica corpórea ocorrida com a ovulação por aumento da progesterona. A temperatura basal é aquela medida após, no mínimo, seis horas de sono. As medidas diárias proporcionam a elaboração de uma curva, pelas suas variações. Quando a mulher ovula, o folículo transforma-se em corpo amarelo. Este secreta, além do estrógeno, a progesterona. Entre outras propriedades, a progesterona eleva a temperatura corporal em alguns décimos de grau. É o seu efeito termogênico que pode ser usado para identificar o dia da ovulação. Este dia será o que antecede ao desvio, para cima, que ocorre na curva da temperatura basal. A utilização da curva da temperatura basal (CTB), para fins contraceptivos, pressupõe uma disciplina rigorosa na tomada da temperatura, diariamente, nas condições basais: anotá-las em um gráfico e evitar relações sexuais até confirmada a elevação persistente da temperatura. A mulher mede sua temperatura corporal (de preferência oral, vaginal ou anal), na mesma hora, todas as manhãs, antes de sair da cama e antes de comer alguma coisa. Registra sua temperatura num gráfico especial e observa que a temperatura se eleva ligeiramente - 0,2 a 0,5° C, logo após a ovulação. O casal deve evitar sexo vaginal, evitar usar preservativos ou um diafragma do primeiro dia da menstruação até três dias após a temperatura da mulher ter se elevado acima de sua temperatura regular . As críticas a esse método são: exige muita disciplina; depende da medida correta da temperatura basal; um processo gripal, mesmo que leve, pode alterar a temperatura. Se a mulher tiver febre ou outras alterações na temperatura corporal, será difícil utilizar o método TCB; as relações só devem ser praticadas três a quatro dias após a elevação permanente da temperatura. Relações sem que haja ejaculação na vagina Consiste na utilização de práticas sexuais diversas do coito vaginal, para que a ejaculação não seja intravaginal. A prática mais conhecida e difundida, é o coito interrompido. O homem, ao pressentir a iminência da ejaculação, retira o pênis da vagina e ejacula fora desta, preferencialmente longe dos genitais femininos. Pressupõe um grande autocontrole masculino e compreensão da mulher, que poderá desenvolver sentimento de frustração por isso. Há, contudo, casais bem ajustados, que conseguem desenvolver a anticoncepção por meio desse método. Outras formas de se fazer sexo sem ejaculação dentro da vagina são práticas eróticas diversas, em que não ocorre a penetração do pênis na vagina. Podem ser citados: o sexo oral, o sexo anal, a masturbação mútua etc. É importante lembrar que o coito interfemoral, em que a ejaculação se faz na vulva, pode resultar em gestação. Métodos de barreira Consistem na utilização de aparelhos que impedem a ascensão do espermatozoide no trato genital feminino. Tais aparelhos podem ser utilizados pelo homem ou pela mulher e agem como obstáculos mecânicos. Condom (preservativo masculino, camisinha, camisa-de-vênus) É um envoltório para o pênis, já utilizado no antigo Egito. Também conhecido como “camisa-de-vênus”, sempre teve seu uso muito difundido. É constituído de uma fina membrana, em forma de saco, geralmente de borracha (látex), que é colocado sobre o pênis ereto, antes do coito (. Alguns preservativos são lubrificados com silicone ou lubrificantes à base de água, e outros são revestidos com espermicidas. Podem ser encontrados em grande variedade de tamanhos, formas, cores e texturas. O condom masculino de plástico (poliuretano), ainda pouco disponível no Brasil, tem sido bastante estudado, é mais fino, mais forte, mais resistente à luz e ao calor que o látex. Parece permitir maior sensibilidade durante o ato sexual e pode ser usado com lubrificantes à base de óleo. Hoje, considera-se como a única forma eficaz de se prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a Aids. Seu uso requer alguns cuidados que, embora pareçam óbvios, nem sempre são respeitados, causando falhas. Tais cuidados incluem: • ser de boa qualidade; •estar íntegro; •abrir corretamente o invólucro, evitando comprometer a integridade do condom; • colocá-lo sempre antes de qualquer penetração, com o pênis em ereção, tendo-se o cuidado de retirar o ar da pequena bolsa que existe na sua extremidade fechada, destinada a deposição do esperma ejaculado; • evitar manobras que possam causar ruptura; • retirar o pênis da vagina ainda com boa ereção, evitando, assim, a ocorrência de extravasamentos de esperma; • usar apenas uma vez e descartá-lo. O uso de condom não provoca efeitos colaterais, salvo raros casos de alergia ao material de que é constituído. As instruções para o uso são: 1. usar um preservativo novo a cada ato sexual 2 avaliar a embalagem e não a utilizar em caso de dano. Evitar o uso fora da data de validade. Ao abrir a embalagem não usar objetos pontiagudos, unhas, dentes ou qualquer objeto que possa danificar o preservativo. Abrir a embalagem no local indicado; 3. segurar o condom de forma que a borda enrolada fique de face para cima, em oposição ao pênis; 4. se o pênis não for circuncidado, retrair o prepúcio; 5. para maior proteção, colocar o condom antes que haja qualquer contato do pênis com as regiões oral, anal ou genital; 6. antes de qualquer contato físico colocar o condom na ponta do pênis ereto, evitando que o ar entre no extremo distal. O condom deve desenrolar facilmente. Se isso não acontecer, é provável que esteja do lado contrário. Deve- se virá-lo e tentar de novo. Se o uso do condom for utilizado para prevenir alguma DST, descartar o condom que estava do lado contrário e usar um outro; 7. desenrolar o preservativo até a base do pênis ereto; 8. qualquer lubrificante à base de água pode ser usado. A lubrificação evita que o preservativo estoure. Sugerem-se três formas de atingir esse objetivo: secreções vaginais naturais, adição de lubrificantes ou preservativos que já o contenham. Alguns lubrificantes de glicerina ou silicone, que são seguros para uso conjunto com preservativos são disponíveis. Água e saliva também podem ser usadas como lubrificantes. Os lubrificantes devem ser aplicados na área externa do preservativo, vagina ou ânus. Não devem ser utilizados sobre o pênis, pois podem facilitar o deslocamento do preservativo. Uma ou duas gotas do lubrificante na região interna do preservativo podem aumentar a sensação, entretanto, deve ser lembrado que muita quantidade facilita o seu deslocamento. Produtos derivados de óleo não devem ser usados com preservativos de látex. Esses materiais incluem quaisquer óleos (de cozinha, de bebê, mineral ou de coco), derivados de petróleo, loções, cremes, manteiga, margarida etc; 9. imediatamente após a ejaculação, segurar o anel do condom contra a base do pênis para que o condom não deslize; retirar o pênis da vagina da mulher antes de perder completamente a ereção sem derramar sêmen no orifício vaginal; 10. jogar fora o condom, em um recipiente adequado (lixeira). Não usar o condom mais de uma vez. Condom feminino É uma bolsa cilíndrica feita de plástico fino (poliuretano), transparente e suave, do mesmo comprimento que o preservativo masculino, porém com dois anéis flexíveis, um em cada extremidade, sendo uma delas oclusa por uma membrana. Antes da relação sexual a mulher insere o condomna vagina, pela extremidade oclusa, que deve alcançar o fundo, enquanto a aberta fica para fora, em contato com a vulva. Seu anel tem a finalidade de mantê-la aberta, para possibilitar a penetração do pênis em seu interior. Durante a relação, o pênis deve penetrar no interior do condom feminino. É um método que pode ser usado tanto para a proteção contra DST como para a prevenção da gravidez . O poliuretano é um material inodoro, que transfere o calor melhor que o látex. A camisinha feminina é pré-lubrificada por meio de substância à base de silicone. Apesar de alguns estudos promissores, ainda não há dados suficientes que permitam a adequada orientação para reutilização do dispositivo. É de uso único e descartável. Deve ser colocado antes da relação sexual, não importando o tempo. Tem a vantagem de ser de controle total da mulher e requer mais treinamento e orientação, para correta inserção. O uso correto exige: •cuidados para não comprometer a integridade do aparelho; • uso único, ou seja, deve ser utilizado uma só vez e, logo após, descartado; • precaução à penetração, certificando-se que o pênis encontrase em seu interior, pois pode ocorrer por fora do dele, o que é a principal causa de falha contraceptiva do método. A crítica ao método baseia-se, principalmente em: • desconforto • o condom feminino se movimenta durante o coito; •pode tornar ruidoso o ato sexual; • tem aspecto feio; • reduz a sensibilidade à penetração; • é mais caro que o masculino. Possui duas grandes vantagens: é de controle total da mulher e contra doenças sexualmente transmissíveis. Modo de usar 1. Usar uma nova camisinha feminina a cada ato sexual. 2. Verificar, na embalagem, a sua integridade e a data de validade. Se possível, lavar as mãos com água e sabão, antes da inserção. 3. Antes de qualquer contato físico, colocar o condom dentro da vagina. Pode ser inserido, não importa o tempo, antes da relação. Para maior proteção, inserir o preservativo antes de qualquer contato do pênis com a vagina. Escolha uma posição confortável para a inserção (agachada, com uma perna levantada, deitada com a barriga para cima ou sentada). 4. Aproximar as bordas do anel, do lado fechado, esfregando uma na outra para espalhar o lubrificante. Apertar o anel de forma a torná-lo estreito e longo. Com a outra mão, separar os grandes lábios, expondo o introito vaginal, onde será inserido o anel. Empurrar cuidadosamente o anel para dentro da vagina o máximo possível. Colocar um dedo no interior da camisinha para melhor empurrá-la, posicionando-a na posição final. Aproximadamente dois centímetros da camisinha e o anel externo ficam fora da vagina. 5. Certificar-se que o pênis entre dentro do preservativo e não pelo lado, entre o condom e a parede vaginal. 6. Após a retirada do pênis, segurar o anel externo, selando a saída dos fluidos, e retirar cuidadosamente o preservativo da vagina. 7. A camisinha feminina não precisa ser retirada imediatamente após a relação sexual, porém, deve ser retirada antes de se levantar, pois isso causará o espalhamento do sêmen. 8. Desprezar o condom em local seguro e adequado. PSIUUUU!!!: o preservativo feminino é pré-lubrificado com silicone, porém, outros lubrificantes (à base de água ou óleo) podem ser usados, para melhorar o desconforto e o ruído. Diafragma O diafragma é uma membrana de silicone, em forma de cúpula, portanto, côncavo-convexa, circundada por um anel flexível que tem a finalidade de lhe conferir memória de forma. Este anel é circular, mas assume a forma de “8” quando comprimido, facilitando a inserção na cavidade vaginal, onde retoma a sua forma original, quando liberado. É apresentado em diversos tamanhos, para correta adaptação às vaginas de diversos comprimentos. Assim, seu diâmetro varia de 50 mm (no 50) a 105 mm (no 105). O uso do diafragma requer uma prévia tomada de medida da vagina pelo médico, e um treinamento da paciente em colocá-lo e retirá-lo. Sua inserção deve ser feita de tal modo que cubra completamente a cérvice e a parede vaginal anterior. Por isso, a paciente deve capacita-se ao autoexame, após inserir o diafragma, para conferir se o aparelho está corretamente posicionado . É recomendável que o diafragma seja usado em associação a um creme ou geleia espermicida, para aumentar a eficácia contraceptiva, além de proporcionar lubrificação para mais fácil inserção. Contudo, há relatos (Craig Hepburn) que afirmam não haver comprovação científica que suporte o aumento da eficácia pela adição de espermicida ao método de barreira. As críticas ao método se concentram em: provoca alteração da flora vaginal e, consequentemente, aumenta a ocorrência de vaginoses; • aumenta o risco de infecções urinárias, especialmente se o diafragma tiver um diâmetro maior do que o necessário para aquela usuária; • não pode ser usado por mulheres com alterações anatômicas do tipo prolapsos anterior, posterior ou apical, pela dificuldade de adaptação; • pode ocorrer reação alérgica O uso correto de diafragma implica em: • o espermicida deve ser colocado na concavidade do diafragma, em quantidade suficiente para preencher sua metade (questionado por alguma autoridades); • a relação deve ocorrer no intervalo de tempo de uma a duas horas após sua inserção (questionável); • havendo retardo na relação ou mais de um intercurso, deve ser aplicada nova dose de espermicida (questionável); •o diafragma deve permanecer na vagina após a última relação mantida, por pelo menos seis horas, e não deve permanecer por mais de 24 horas; • a higiene após a relação deve restringir-se à vulva, não devendo ser realizada qualquer tipo de higiene intravaginal, como a ducha; • após ser retirado da vagina, o diafragma deve ser lavado com água e sabão neutro, sem perfume, seco, polvilhado com talco sem perfume ou amido de milho, e guardado em local seco e ao abrigo da luz, verificando, antes, contra a luz, a existência de furos ou defeitos; • não devem ser utilizados lubrificantes derivados do petróleo, como a vaselina, pois podem provocar corrosão e destruição do diafragma; • após parto vaginal e recuperação completa, deve haver reavaliação do tamanho a ser usado, podendo ocorrer alterações que exijam troca; • reavaliar o tamanho do contraceptivo a ser usado e possíveis trocas, após grandes variações no peso corporal. Anticoncepção hormonal A anticoncepção hormonal é a utilização de drogas, classificadas como hormônios, em dose e modo adequados para impedir a ocorrência de uma gravidez não desejada ou não programada, sem qualquer restrição às relações sexuais. A anticoncepção hormonal pode ser desenvolvida de diversas formas: 1. contraceptivos orais combinados monofásicos: • contraceptivos orais combinados (bi)fásicos; • contraceptivos orais trifásicos; • contraceptivos orais só com progestágenos; 2. injetável – combinados, mensais: • só de progestágeno, trimestral; 3. implantes; 4. anéis vaginais; 5. DIU com progestágeno; 6. adesivos cutâneos (Patch). Os hormônios usados para anticoncepção são os esteroides sexuais sintéticos: estrógenos e progestágenos. O estrógeno que aparece nos contraceptivos hormonais orais (CHO) é o etinilestradiol. No passado, usou-se o mestranol, que é um proto-hormônio. É inativo e necessita ser metabolizado à etinilestradiol no fígado para tornar- se ativo. Os progestágenos usados nas formulações contraceptivas são vários e classificam-se do seguinte modo: Os derivados da 17-OH-progesterona - pregnanos são: medroxiprogesterona; clormadinona; ciproterona; dienogest; nestorona (Elcometrin); nomegestrol; trimegestona. Os derivados da 19-nortestosterona são: estranos - norestisterona; acetato de noretisterona; etinodiol; noretinodrel; linestrenol; gonanos - norgestrel; LNG; gestodene; desogestrel; norgestimato. O derivado da espironolactona é drospirenona. Esses progestágenos possuem propriedades características,que os diferenciam entre si, fazendo com que produzam efeitos metabólicos diferentes. Tais diferenças são sutis, mas suficientemente importantes para determinar reações variadas. Todos possuem potenciais (efeitos), assim discriminados: estrogênico; antiestrogênico; progestacional; antigonadotrófico; androgênico; antiandrogênico; mineralocorticoide; antimineralocorticoide; glicocorticoide; antiglicocorticoide. O potencial antigonadotrófico é o que confere poder contraceptivo ao hormônio, pois representa a capacidade deste bloquear a secreção apropriada das gonadotrofinas hipofisárias. O gestodeno tem se revelado ser o progestágeno com maior potencial antigonadotrófico entre todos, seguido, na ordem, pelo desogestrel, LNG e norestisterona. A ciproterona é o progestágeno com maior potencial antiandrogênico, seguida pela drospirenona. Esta com importante potencial antiglicocorticoide (semelhante ao da espironolactona). O potencial androgênico dessas drogas faz com que elas tenham em maior ou menor grau uma influência negativa sobre o metabolismo dos lipídeos, favorecendo o aumento do colesterol total e do LDL-colesterol e uma diminuição do HDL-colesterol. O estrógeno provoca efeito contrário, isto é, diminui o colesterol total e o LDL-colesterol e faz aumentar o HDL-colesterol. O estrógeno age no metabolismo glicídico provocando um discreto aumento da glicemia e dos triglicerídeos. Os progestágenos agem indiretamente nesse metabolismo, pois provocam aumento da resistência insulínica, especialmente os de maior potencial androgênico. O estrógeno age no fígado causando aumento da síntese de várias proteínas e enzimas. Provoca o aumento de alguns fatores de coagulação, especialmente os fatores V e VII, que determinam um impacto na coagulabilidade sanguínea, compensado parcialmente pelo aumento que induz na síntese da antitrombina III. Estimula aumento da síntese do substrato da renina, tendo como consequência uma ação sobre a pressão arterial. Também é responsável por um incremento da síntese da proteína carreadora dos hormônios sexuais (SHBG) e, por isso, tem efeito antiandrogênico. Provoca um retardo na circulação intra-hepática da bile, produzindo assim, uma determinada colestase intra-hepática. Contraceptivos orais combinados Podem ser classificados em: •monofásicos – que são apresentados em comprimidos, em número de 21, 24 ou 28, todos com a mesma composição, o etinilestradiol e um progestágeno, nas mesmas doses, em todos. • (bi)fásicos – assim chamados aqueles que são apresentados em pílulas com a mesma composição hormonal, mas cujos componentes apresentam-se em dois blocos com doses diferentes. • trifásicos – embora todos tenham os mesmos constituintes, são formulações em que as pílulas (21) são divididas em três blocos, cada um com doses diferenciadas dos hormônios. Modo de usar O modo correto de usar pílula anticoncepcional monofásica, para que se atinja a máxima eficácia com a maior segurança é: • iniciar o uso de pílulas, tomando a primeira pílula da primeira cartela no primeiro dia do ciclo; • ingerir uma pílula por dia, todos os dias, no mesmo horário; • como as apresentações trazem 21 comprimidos, ou drágeas, serão 21 dias para tomar. Há formulações que vem com 28 pílulas, sendo sete compostas de vitaminas e ferro, sem hormônio. A usuária desse tipo de produto não deve fazer pausa entre as cartelas. Há no mercado as formulações com 22, 24 e 26 pílulas. Estes produtos também devem ser tomados diariamente, mudando apenas o número de dias da pausa; •ao terminar a cartela, fazer pausa de, no máximo, sete dias, quando a formulação contiver 21 pílulas. Quando for 22, 24 ou 26 pílulas, a pausa máxima será, respectivamente, de seis, quatro ou dois dias. Essa pausa pode ser omitida, com uso ininterrupto das pílulas, se a paciente desejar ficar sem ter os sangramentos periódicos; evitar ao máximo qualquer esquecimento . Se a usuária esquecer-se de tomar a pílula, deve tomá-la tão logo se aperceber do fato. Se isso ocorrer no momento de tomar a pílula seguinte, tomar as duas pílulas conjuntamente. Se ocorrer esquecimento de duas pílulas consecutivas, deve tomar a pílula do dia mais uma (duas pílulas juntas) em dois dias consecutivos e usar método adicional, de barreira, ou evitar relações sexuais por 14 dias. Se o esquecimento for de três ou mais pílulas, provavelmente ocorrerá sangramento. Nessa ocorrência, o retorno ao uso das pílulas se fará por meio de cartela nova, iniciando no quinto dia do sangramento, respeitando o cuidado de usar método adicional, de barreira, durante os primeiros 14 dias. Se não ocorrer o sangramento imediatamente, este deve ser aguardado, sendo fundamental o uso de método de barreira pelos mesmos 14 dia Contraceptivos hormonais injetáveis Os hormônios, para fins contraceptivos, podem ser apresentados em forma injetável. Possuem como qualidade principal não terem uma primeira passagem pelo fígado. Há dois tipos básicos de formulações: injetáveis combinados (mensais) e injetáveis só de progestágeno (trimestrais). Injetáveis combinados Os injetáveis combinados disponíveis em nosso país são: • Perlutan® e Preg-Less® – Enantato de estradiol - 10 mg + acetofenido de algestona (dihidroxiprogesterona) – 150 mg • Mesigyna® e Noregyna® – Valerato de estradiol - 5 mg + enantato de noretisterona - 50 mg • Ciclofemina® – Cipionato de estradiol - 5mg + acetato de medroxiprogesterona - 25mg Observação: Apesar de não ter sido comercializado em nosso país, (uma publicação na revista Contraception, baseada em pesquisa multicêntrica, apresenta formulação com Enantato) de estradiol, 6 mg, e acetofenido de algestona (dihidroxiprogesterona), 90 mg, com resultados alentadores e sem efeitos colaterais de grande monta. Essas formulações devem ser usadas em injeções mensais. A primeira injeção deve ser feita até o quinto dia do ciclo e as seguintes, a cada 30 dias. Em geral, as menstruações ocorrem na metade do tempo entre duas injeções, porque o estrogênio da formulação é metabolizado mais rapidamente. Assim, a fase estrogênica do ciclo acontece antes do sangramento. O mecanismo de ação é o mesmo de pílulas combinadas, ou seja, bloqueio ovulatório. A eficácia desses injetáveis é muito alta, próxima de zero falhas, desde que sejam corretamente usados. As irregularidades menstruais constituem o principal paraefeito desses contraceptivos. São relatadas também outras queixas relacionadas ao seu uso, sendo as mais frequentes: mastalgias, cefaleias, tonturas e aumento de peso. As irregularidades menstruais, em geral, costumam ser bem toleradas, mas podem ser de muita importância para determinar a descontinuidade do uso do método. Após a suspensão do uso, o retorno à fertilidade é rápido, sendo de aproximadamente 60 dias após a última injeção. Injetáveis só com progestágeno No Brasil, a única formulação desse contraceptivo existente é o acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMPD). Esse produto é apresentado em ampolas de 50 mg, 150 mg e 500 mg. Esta última é utilizada na oncologia endometrial. Uma nova formulação de AMPD foi desenvolvida, para aplicação subcutânea, a cada 12 semanas. Além de liberar 30% a menos da dose (104 mg) que a formulação para uso intramuscular, a formulação subcutânea suprime a ovulação por mais de 13 semanas, e não sofre interferência do índice de massa corpórea. O AMPD é uma substância de depósito, porque o hormônio presente encontra-se na forma de microcristais em suspensão. Quando injetado no músculo, fica aí depositado e é absorvido lentamente. O modo correto de uso dessas formulações, para fins contraceptivos é: 150 mg, intramuscular (IM), de três em três meses, com tolerância de mais ou menos 15 dias. A injeção intramuscular deve ser profunda e o local de aplicação não deve ser massageado. Os produtos comerciais disponíveis chamam-se: DepoProvera® e Contracep®. O mecanismo de ação é um importante bloqueio da ovulação, por meio do grandeefeito antigonadotrófico, criado por esse regime de uso. Além disso, promove uma importante atrofia do endométrio, que pode determinar amenorreia, seu principal paraefeito. Além da amenorreia, outros paraefeitos podem ocorrer, tais como: sangramentos, irregularidades em forma de spottings (manchas) ou sangramentos abundantes, e todas as manifestações que podem estar associadas aos progestágenos. Os efeitos do AMPD demoram de seis a oito meses para desaparecer, após a última injeção, e a depuração é mais lenta em mulheres com sobrepeso. Aproximadamente metade das mulheres que descontinuam o uso do AMPD apresentam retorno dos ciclos menstruais normais após seis meses da última injeção, mas em até 25% delas pode demorar até um ano para o restabelecimento do padrão normal. Esta demora deve ser levada em consideração e discutida com a mulher no momento da escolha do método. 3) Abordar o fluxograma de atendimento médico ao adolescente Sugere-se que o serviço para jovens desenvolva organização mais flexível para facilitar os agendamentos, uma vez que as características próprias dessa etapa, com diversas atividades ou mesmo a dificuldades em respeitar normas, podem inviabilizar sua vinda, perdendo-se a oportunidade de adesão aos benefícios indicados. O pediatra deve abordar com visão global, sendo a consulta composta das seguintes etapas: Anamnese, Exame Físico, Orientação, Medicalização e Encaminhamento, se necessário. Anamnese Esse momento da consulta implica coletar informações sobre o paciente, familiares e o ambiente onde vive. Necessita ser ampla e abordar os aspectos físicos, psíquicos, sociais, culturais, sexuais e espirituais. Do ponto de vista didático, pode-se dividir a anamnese em três ou mais momentos: entrevista com paciente e familiares juntos, entrevista com o paciente a sós e retorno para cliente e pais/responsáveis. Primeiro momento da anamnese: adolescente e familiares juntos • Tópicos a serem abordados; • Motivo da consulta – nem sempre é uma patologia, mas uma situação ou agravo, por exemplo, queda no rendimento escolar, “timidez excessiva”; • Histórico da situação atual e pregressa do paciente, incluindo agravos e doenças; • Estado vacinal (verificar o cartão de imunizações); • Dados da gestação, parto e condições de nascimento, e peso ao nascer; • Hábitos alimentares (horário das refeições, quantidade e qualidade dos nutrientes, hábitos de guloseimas); • Condições de habitação, ambiente e rendimento escolar, exposição a ambientes violentos, uso de tecnologia da informática (tempo em celular, games, computador); • História familiar – refere-se à configuração, dinâmica e funcionalidade: com quem o(a) adolescente mora, situação conjugal dos pais e consanguinidade, outros agregados na residência, harmonia ou situações conflituosas no ambiente. • Não se esquecer de obter dados sobre o sono, lazer, as atividades culturais, exercícios físicos, religião. Segundo momento da anamnese: a sós com o adolescente Constitui o tempo mais importante da consulta, uma vez que é a oportunidade de o paciente se expressar de forma mais livre e aberta. A conversa deve ocorrer em ambiente sigiloso, abordando novamente o motivo que o traz à consulta, pois pode diferir do relato da família. Convém relembrar a abordagem de acordo com a ética profissional, sem julgar a sua versão dos fatos. Nesta etapa, devem ser coletadas informações sobre: • A percepção corporal e autoestima; • Relacionamento com a família (pais, irmãos, parentes), ocorrência de conflitos; • A utilização das horas de lazer, as relações sociais, grupo de iguais, desenvolvimento afetivo, emocional e sexual; • Conhecer outros espaços por onde o adolescente transita e mantém relacionamentos interpessoais – escola, comunidade, grupos de jovens, e trabalho (normas adequadas do tipo e local, salubridade, não interferência na escola e remuneração); • Crenças e atividades religiosas; • Investigar situações de risco e vulnerabilidade a que os adolescentes se expõem: contato com drogas lícitas (álcool, tabaco, cigarro eletrônico, narguilés) e ilícitas, • Aspectos relacionados aos comportamentos sexuais, gênero e orientação sexual saúde reprodutiva, gestações não planejadas, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs); • Ocorrência de acidentes, submissão a violências; • Tempo de exposição às telas digitais – celulares, notebooks, televisão e videogames. Cabe lembrar que existem exceções para o não atendimento a sós com o cliente: déficit intelectual do paciente que o incapacite responder, distúrbios psiquiátricos graves ou mesmo o próprio desejo do paciente em não ficar sozinho com o profissional. Terceiro momento da anamnese: com os pais /responsáveis Na existência de conflitos evidentes, ou de violência familiar, torna-se necessário mais uma etapa, desta vez para uma conversa a sós com os responsáveis. Assim como, para orientá-los sobre as hipóteses diagnósticas percebidas e as explicações sobre as condutas terapêuticas a serem tomadas Abordagem HEEADSSS na anamnese Tal método, inicialmente conhecido pela sigla HEADSS (significando cabeça em inglês), posteriormente foi refinado pelos Cohen E e Goldenring J, em 1988. Cada letra da sigla corresponde a uma área a ser avaliada: H (home) lar, E (education/employment) educação, A (activities) atividade com pares, D (drugs) drogas, S (sexuality) sexualidade e S (suicide/depression) suicídio e depressão. Em 2004, houve uma atualização, acrescentando-se duas áreas representadas pelas letras E (eating disorders) para distúrbios alimentares e S (safe) representando segurança e violência, passando a ser reconhecida por HEEADSSS. A utilização desse instrumento não pretende substituir a anamnese e os guidelines desenvolvidos para atenção preventiva de jovens, como os organizados pela Associação Médica Americana (Guidelines for Adolescent Preventive Services GAPS-CDC). É considerado um método indireto excelente para avaliar c omportamentos e complementar a anamnese do adolescente, podendo ser incorporada na prática cotidiana. Nesse sentido, pode ser modificada e utilizada como guia de orientação dos atendimentos, principalmente quando se dispõe de tempo curto e múltiplas tarefas. Para cada área são sugeridas perguntas que podem ser modificadas e também acrescentadas, dependendo do tempo que se tem para a entrevista e conforme a disponibilidade do paciente. Esta entrevista é feita apenas com o adolescente, pelo menos uma vez por ano ou sempre que houver indícios de algum fato estressante recente ou precipitante da consulta. O tempo de preenchimento médio é de aproximadamente 20 minutos. Algumas destas perguntas podem ser refeitas na presença de familiares para melhor entendimento da vida do adolescente. O protocolo HEEADSSS é utilizado em vários países e mostra-se excelente para alunos de graduação superior, podendo ser modificado na dependência das necessidades de cada serviço, ou pesquisa. No Quadro 2 encontram-se exemplos de como utilizar tal protocolo. Sigla e significado Indagações sugeridas H (Home) Casa Onde você mora? Quem reside na casa com você? O ambiente é calmo ou “agitado”? Quem briga mais na tua casa? E (Education/Employment) Educação / emprego Sabe ler e escrever? Atualmente estuda? Em que ano? Você trabalha? Em quê? horário – carteira assinada – interfere nos estudos? E (Eating Disorders) Distúrbios alimentares Já fez dieta? Gosta de seu corpo? Esta contente com seu peso e altura? A (Activities) Atividades O que você faz além da escola? Pratica esporte? Qual? Quantas vezes por semana? Utiliza celular? Você joga videogame? Quanto tempo passa entre celular, games, TV, computador, telinhas em geral? D (Drugs) Drogas lícitas / ilícitas Você bebe? Com que frequência? Quando foi seu último porre? Onde costuma beber: em casa/bar/festas? Já experimentou kit (vodka + energético)? Já ficou de porre?
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