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Fato Social - Émile Durkheim (fichamento)

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AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO
Durkheim, Émile.
CAPÍTULO I
O QUE É UM FATO SOCIAL?
No capítulo “O Que é Um Fato Social?” Durkheim busca uma definição do fato social,
destacando suas características e distanciando o fato social dos fatos biológicos e
psicológicos. A conceituação do fato social é essencial para que entendamos o
pensamento do autor, por isso essa explicação se encontra já no primeiro capítulo.
“[...] todos os fenômenos que se dão no interior da sociedade por menos que
apresentem, com uma certa generalidade, algum interesse social”
(p.1; par.2)
De início encontra-se uma definição pouco precisa sobre o fato social, ela diz que
são fatos sociais os fenômenos que ocorrem dentro da sociedade e que tenham,
quase que de forma geral, um interesse social. Esse conceito é considerado vago,
porque se confundiria com outros fenômenos gerais (como comer, dormir etc.) que
também são de interesse social. Essa concepção não daria à sociologia um objeto
de estudo próprio, estaria sempre se confundindo com as ciências da natureza, por
isso se torna necessário compreender as características que tornam os fatos
sociais.
Ao final dessa explicação, o autor começa a descrever as características do fato
social.
● Anterioridade e Exterioridade
“Quando desempenho minha tarefa de irmão, de marido ou de cidadão,
quando executo os compromissos que assumi, eu cumpro deveres que estão
definidos, fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Ainda que
eu sinta que eles estejam de acordo com meus sentimentos próprios e que
eu sinta interiormente a realidade deles, esta não deixa de ser objetiva; pois
não fui eu que os fiz, mas os recebi pela educação. [...] Do mesmo modo, as
crenças e práticas de sua vida religiosa, o fiel as encontrou inteiramente
prontas ao nascer; se elas existiam antes dele, é que existem fora dele.”
(p. 1-2; par. 4)
O primeiro aspecto posto em pauta é a anterioridade e a exterioridade do fato
social. O fato social existe antes do indivíduo nascer e lhe é ensinado ao longo de
sua vida, logo ele não é construído pelo ser humano, ele é recebido e a partir dele é
moldada a forma de agir e pensar do mesmo. E exatamente por ser anterior que ele
é exterior, ele não se forma dentro do indivíduo e sim na sociedade em que ele está
inserido, por mais que achemos que são iniciativas nossas e pessoais as nossas
atitudes, tais como trabalhar e cumprir com obrigações, são atitudes que nos foram
ensinadas.
“O sistema de signos de que me sirvo para exprimir meu pensamento, o
sistema de moedas que emprego para pagar minhas dívidas, [...] funcionam
independentemente o uso que faço deles. [...] o que precede poderá ser
repetido a propósito de cada um deles.”
(p.2; par.4)
As informações e regras do meio existem e funcionam independente do tipo de uso
que se faça delas, a partir delas o indivíduo se serve do que lhe é ensinado para seu
próprio interesse de forma particular.
● Coercitividade
“Esse tipo de conduta ou de pensamento não apenas são exteriores ao
indivíduo, como também são dotados de uma força imperativa e coercitiva
em virtude da qual se impõe a ele, quer ele queira, quer não.”
(p.2-3; par.2)
Além de exterior, o fato social também exerce certa autoridade em relação ao
indivíduo, muitas vezes essa força não é notada, mas quando se tenta ser contrário
à mesma ela se mostra claramente coercitiva. A coerção se apresenta das mais
diversas formas; pode agir quanto se tenta violar uma regra do direito, onde as leis
acham caminhos de reparar o ato cometido ou penalizar quem cometeu a infração,
quando se trata de infrações morais a consciência pública reprime todo ato que as
ofenda vigiando a vida dos cidadãos. A coerção também pode aparecer menos
violenta, mas ainda existe, quando agimos, falamos, nos vestimos etc., sem levar em
conta os costumes da sociedade que estamos inseridos, quando se foge dos
costumes também sofremos penalidades como o isolamento, os risos que pode-se
provocar, estes, mesmo que de forma mais suave, provocam no indivíduo os
mesmos efeitos de uma pena propriamente dita.
A coerção se dá também de forma indireta, ou seja, não somos obrigados a seguir
certos padrões, mas se não fizemos uso destes sofremos alguma perda. Um
exemplo citado por Durkheim é que nada o proíbe de trabalhar com métodos
industriais do século passado, mas se ele fizer isto arruinará; com isto ele quis
mostrar que somos aparentemente livres para fazer o que queremos, mas a
situação nos obriga a agir de uma forma para obter sucesso ou apenas estabilidade.
É possível ir contra as regras e vence-las, mas elas se mostraram sua força
coercitiva e seria preciso lutar bastante para superá-la. Um exemplo atual dessa
coercitividade é quando um homem, vivendo no Brasil, opta por usar uma saia ou
vestido que são peças consideradas femininas, este seria motivo de risos e piadas
nas ruas e, muito provavelmente, seria mal visto perante a sociedade que iria
considerar tal atitude abominável por fugir do padrão que se é imposto.
● Especificidade
A espeficidade dos fatos sociais significa que eles não se confundem com
fenômenos orgânicos e nem com fenômenos psíquicos, já que eles consistem em
representações e ações e não existem apenas na consciência individual e não surge
a partir dela, pelo fato social ser externo e coercitivo ele se torna específico, uma
espécie nova da qual deve ser dada a qualificação sociais.
● Generalidade e Obrigatoriedade
O fato social é um estado do grupo que se repete entre os indivíduos por que se
impõe a eles através da coerção, ele está em cada parte por estar no todo, ou seja, é
uma imposição do meio no indivíduo e não o contrário.
“Assim, numa assembleia, os grandes movimentos de entusiasmo ou de
devoção que se produzem não têm por lugar de origem nenhuma
consciência particular. Eles nos vêm, a cada um de nós, de fora e são capazes
de nos arrebatar contra a nossa vontade. Certamente pode ocorrer que,
entregando-me a eles sem reserva, eu não sinta a pressão que exercem
sobre mim.”
(p. 4-5 par. 2)
Ser geral não torna o fenômeno social, pois esse conceito pode confundir os
fenômenos sociais com os naturais, ele precisa também exercer pressão sobre o
indivíduo. Por ser uma regra geral, ela se torna então obrigatória, mesmo que não
notemos que estamos sendo influenciados pelo meio.
● Irredutibilidade
O fato social é irredutível, pois este não se reduz ao indivíduo, ele abrange os
fenômenos que ocorrem na sociedade e que afetam o indivíduo e não o
contrário. Por ser social ele não pode se limitar ao indivíduo, ele atinge também
a sociedade a qual ele está inserido.
● Superioridade
O fato social é superior às ações individuais, ou seja, a sua característica coercitiva
pressiona o indivíduo a agir ou pensar da forma que a sociedade lhe impõem e ele
não consegue perceber essa coerção.
O que é um Fato Social?
“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre
o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral
na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência
própria, independente de suas manifestações individuais.”
(p.13)
Ao final do capítulo, o autor sugere duas definições para fato social que, diferente
da primeira, não deixa seu significado vago e não o confunde com fenômenos das
ciências naturais. Seria então o fato social toda forma possível de exercer sobre o
indivíduo uma coerção exterior, que influência seu modo de pensar e agir, ou
pode-se também definir fato social um fenômeno geral na extensão de uma
sociedade, que possui existência própria independente da forma como o indivíduo
a utiliza e a compreende.
BIBLIOGRAFIA
DURKHEIM, Émile.(1895) As Regras do Método Sociológico. Tradução: Paulo
Neves; Revisão da tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Brandão, 1995.

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