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Ensaio sobre The Remains of Henry Kirk White e a Família Brontë

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Você conhece o antigo livro The Remains of Henry Kirk White, “ o livro salvo das águas” e sua relação com a Família Brontë?
Uma das grandes leituras que fiz em 2020, foi “Manuscritos Perdidos”, cinco ensaios escritos por pesquisadoras e estudiosas da vida e obra das irmãs Brontë, sobre um antigo livro originalmente escrito por Henry Kirk White, um poeta obscuro que morreu prematuramente em 1806, em Cambridge, Inglaterra.
Esse exemplar intitulado The Remains of Henry Kirk White, pertenceu à Mary Branwell Brontë, esposa de Patrick Brontë e mãe das irmãs Charlotte, Emilly e Anne, quando ainda era jovem e solteira. O livro a acompanhou quando se casou com Patrick, em 1812, mas o baú, onde se encontrava os pertences de Mary, no qual se achava o referido livro, sofreu um naufrágio, no caminho entre a Cornualha e Yorkshire. Felizmente foi possível resgatá-lo, por isso recebeu o codinome “o livro salvo das águas”, este exemplar, a princípio escrito por um poeta pouco conhecido, mas que muito cativou a Sra Brontë, se tornaria o núcleo e a essência da criação literária das irmãs Brontë.
O livro de Mary, se tornou presente na vida doméstica do casal, e a medida em que a família foi crescendo, foi lido por todos os Brontë, sendo mantido no círculo doméstico, mesmo e principalmente após os fatídico falecimento da Sra Brontë, em setembro de 1821, tornando-se uma valiosa recordação e usado como um repositório, tanto pelo marido, Patrick, quanto pelos filhos filhos, Branwell, Charlotte, Emilly e Anne, que acrescentaram a ele, comentários, rabiscos, caricaturas e anotações importantes às suas páginas.
Após a morte de Patrick, último membro da família a falecer, em 1861, os bens da casa foram leiloados, inclusive o exemplar de The Remains of Henry Kirke White, que foi parar nas mãos de um colecionar particular nos Estados Unidos, onde se manteve anônimo até 2015, quando reapareceu em um Sebo de livros raros na Califórnia, a Randall House. 
A loja entrou em contato com o Brontë Parsonage Museum na Inglaterra, e enviou imagens e trechos do manuscrito, que despertaram um profundo interesse da instituição, pois se fossem verdadeiros e originais, além de valer uma fortuna, seria uma descoberta inédita e profundamente significativa para posteriores estudos sobre a vida e obra das Brontës.
Após um período de negociações, o Brontë Personage Museum levantou fundos e pagou uma quantia considerável pelo exemplar, pois se o livro fosse leiloado novamente, seria muito provável que ficaria incógnito novamente, nas mãos de algum colecionador, impossibilitando o estudo do manuscrito. 
Felizmente a instituição ficou com o livro e hoje esse conhecimento chega até nós, como um verdadeiro achado. Mas o que este livro antigo, de um poeta, praticamente desconhecido pode revelar em relação a criação literária das irmãs Brontë? A resposta é, muito! O exemplar é imensamente significativo, podendo revelar condições e circunstâncias em que os livros das irmãs foram produzidos, condições que até hoje se mostraram desconhecidas, tanto para os fãs, quanto para os estudiosos da obra de Charlotte, Emilly e Anne Brontë.
Após um minucioso estudo, do exemplar The Remains of Henry Kirke White, feito por especialistas, constatou-se o que já se suspeitava, o livro do poeta de Cambridge influenciou profundamente a criação e a produção literária das irmãs Brontë. The Remains of Henry Kirke White alberga uma tragédia romântica, muito semelhante à narrativa de O Morro dos Ventos Uivantes, de Emilly Brontë, publicado em 1847.
Não resta dúvida de que o exemplar de The Remains of Henry Kirke White foi esmiuçado pelas Brontë, e é inegável que possuía grande valor sentimental para a família, que o preservou junto de si enquanto viveram, caracterizando-o como uma lembrança viva de Mary Brontë.
Descobriu-se ainda, um rascunho inédito de um novo romance iniciado por Charlotte, deixado, em meio as páginas do livro de Kirke White, e antes de qualquer investigação, é interessante conjecturar, quem o teria colocado ali? Patrick, o pai que sobreviveu aos seis filhos? Arthur Bell Nicholls, viúvo de Charlotte? Ou foi adquirido por algum fã apaixonado, que em seguida o colocou dentro do livro? Outra pergunta intrigante, mesmo considerando o valor afetivo que o exemplar possuía, é, por que a família Brontë escolheu este livro para guardar suas memórias, e como receptáculo dos fragmentos da juvenília de Charlotte?
Os seis ensaios, contidos em Manuscritos Perdidos, investigam tanto a vida e obra do autor original do antigo livro, Henry Kirke White quanto a contribuição manuscrita deixada em seu interior pelos Brontë.
São ensaios escritos por renomadas estudiosas da obra bronteana e representam uma nova visão sobre a produção literária das irmãs, além de ser um maravilhoso acréscimo para o estudo sobre a obra de Charlotte, Emilly e Anne Brontë.
A verdade, é que esta é uma rica oportunidade para se conhecer um pouco mais sobre essa família literária tão enigmática, expressiva e considerável dentro da literatura ocidental.
Mas afinal, quem foi Henry Kirke White? Kirke White foi um poeta inglês que viveu apenas 21 anos. Nasceu em Nottingham, filho de um comerciante, e se tornou um grande entusiasta das letras desde muito jovem. Estudou latim e grego, enquanto trabalhava para o advogado, George Coldham, período em que também contraiu a tuberculose.
De licença do trabalho, recolheu-se a Wilford, uma vila próxima de Nottingham, onde inspirou-se para criar grande parte de sua obra. A princípio, sua poesia foi duramente criticada, mas Kirke White obteve o importante apoio de Robert Southey, o poeta romântico.
Através da influência de amigos, Kirke White, entrou no St. John´s College, Cambridge, cujo empenho nos estudos acabou por definhar sua saúde, roubando-lhe a vida.
The Remains of Kirke White foi publicado, originalmente em 1807, e foi oferecido ao público, um ano depois da morte do autor, aos 21 anos. Foi lindamente impresso em papel com marca d´água, e um anúncio do livro, na época, dizia:
“Foi publicada no dia de hoje, uma nova edição, em dois vols.,8vo [octavo], com uma elegante ilustração do Rosto do Autor e outras imagens, preço 14 xelins, encapado.
The Remains of Henry Kirke White, de Nottingham, falecido no St. John´s College, Cambridge; com um relato sobre sua Vida, por ROBT. SOUTHEY.
Impresso para Vermor, Good e Sharpe; Longman, Hurst, Rees e Orme, Londres; J.Deigton, T. Barrett e J. Nicholson, Cambridge; e vendido por Stevenson, Matchett e Stevenson, e todos os demais livreirosde Norwick e Norfolk.”
Muitos livros testemunharam e suportaram fatos extraordinários como parte de suas vidas em coleções particulares, mas, em geral, com o tempo, essas histórias se perdem, são apagadas, negligenciadas ou esquecidas. The Remains of Henry Kirke White traça a procedência histórica do inacreditável exemplar de sua quarta edição, um livro que pertenceu e foi lido, primeiro, por Mary Brontë, em Penzance, depois quase se perdeu no mar, antes de seguir para Yorkshire, onde foi vorazmente lido e cuidadosamente preservado pela família Brontë.
Ao longo do tempo, o The Remains foi tratado tanto como uma biografia quanto uma recordação, tornando-se um objeto de estudo bibliofílico e de fascínio, enquanto servia como receptáculo de dois fragmentos anteriormente desconhecidos da juvenília de Charlotte. Com o estudo profundo do Remains, recuperou-se a história desse item único, incluindo-se as viagens pela Inglaterra e até o exterior, revelando quantas vidas ele tocou.