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AVALIAÇÃO PRESENCIAL 1 – Referente a 2020.1 Curso: Tecnólogo em Segurança Pública e Social Disciplina: DISCURSOS DE PODER E SEGURANÇA PÚBLICA APX1 (Questão 1) COM BASE NA REPORTAGEM A SEGUIR, CONSIDERANDO O CENÁRIO DAS PRISÕES NO BRASIL, bem como as discussões da Unidade 5, explique por que esse modelo prevalece até os dias de hoje, apesar do evidente fracasso. Além disso, sua resposta deve avaliar a temática da privatização das prisões. (4pts) Segundo estudo divulgado pela Pastoral Carcerária, o Brasil possui mais de 725 mil pessoas presas, ficando atrás apenas da China (1,6 milhão) e dos EUA (2,1 milhão) em população carcerária. As prisões do país têm uma taxa de ocupação de 200% – ou seja, elas têm capacidade para receber somente a metade do número de presos. Intitulado de Luta antiprisional no mundo contemporâneo: um estudo sobre experiências de redução da população carcerária em outras nações, o relatório afirma ainda que o Brasil é o único país, entre as seis nações que mais encarceram no mundo (EUA, China, Brasil, Rússia, Índia e Tailândia), que mantém um ritmo intenso e constante de crescimento das taxas de encarceramento desde os anos 1980. De acordo com o estudo, existe a estimativa de que exista mais de 11 milhões de pessoas presas em todo o mundo. E a soma da população prisional dos dez países que mais aprisionam (EUA, China, Brasil, Rússia, Tailândia, Indonésia, Turquia, Irã e México) corresponde a mais do que 60% desse total. Dos anos 1990 até o período entre 2000 e 2010, muitos países decidiram expandir exponencialmente o número da população presa. Para cada 100 mil habitantes, os EUA aumentaram sua população carcerária de 457 para 755; a China, de 105 para 121; a Rússia, de 473 para 729; a Inglaterra, de 90 para 153; a França, de 76 para 114; a Alemanha, de 74 para 96; a Argentina, de 62 para 168; o Chile, de 153 para 320; entre outros. Resposta: “A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado” – artigo 1º da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, que institui a Lei de Execução Penal. Não há necessidade de retroceder historicamente à época imperial, como difundido na aula em voga, basta analisar o artigo supracitado para ver que, quando da sua criação, a Lei de Execução Penal poderia até cumprir em parte o que estava definido no caput do Art. 1º, no entanto, o que se vê de alguns anos para cá, é a deterioração do sistema prisional de tal forma que, hoje, devido à corrupção e cooptação de agentes carcerários, dentre outros, traficantes de alto escalão na esfera criminal, continuam seus “negócios” normalmente de dentro dos presídios. Os que “podem mais”, ou seja, o maior grau de criminalidade, recebem tratamento diferenciado, tais como celas individuais, colchões novos, roupas limpas, alimentação “melhorada”, televisão em suas celas, celular, internet, etc, regalias conquistadas por meio da corrupção. Em resposta à pergunta: “por que esse modelo prevalece até os dias de hoje?”. Corrupção. Fator fundamental desde os primórdios da humanidade, para garantir a continuidade de qualquer sistema falho, contudo que ofereça “oportunidades” de lucro absurdo a um pequeno grupo, tornando-se um mecanismo movido por dinheiro obtido de forma ilícita. No caso do sistema prisional, lucram os agentes penitenciários, uma minoria dos presos, e pessoas do alto escalão político brasileiro. Isso gera um outro problema: “a prisão foi feita para prender todos os bandidos, porém, nem todo bandido é preso”. É fato. Isso significa que, àquele não incluso no “sistema” vai para prisão, enquanto os que comandam por trás dos bastidores, permanecem livres, pois têm “amigos” na política que manipulam a lei em causa própria e de outrem, dando “um jeitinho” de, por falhas na legislação, burlam a lei em benefício dos mais qualificados, gente grande, pondo-os e liberdade. Quanto à privatização do sistema prisional, como explicitado na aula 5 e, como qualquer coisa na vida, têm seu lado bom e seu lado ruim, no entanto, quando o lado ruim é o que gera movimentação financeira, esse é o que prevalece. Como visto nas experiências relacionadas à privatização prisional nos Estados Unidos da América, vêm gerando críticas a esse sistema, visto que, está se transformando em um monstro igual, senão pior que o sistema anterior, criando uma sistemática de negociação prisional, gerando milhões em transações de transferências de presos, como dito “um mercado de importação- exportação” de detentos. À exemplo do sistema de privatização, em janeiro de 2019, foi anunciado pelo governador de São Paulo, João Dória Jr, que iria conceder à iniciativa privada, a gestão de sete presídios, como parte do Plano de Governo, com promessas de aumentar o número de vagas, incluindo a participação de parcerias público privadas (PPPs), de tal forma que o detento seria reeducado trabalhando para permitir sua reintegração à sociedade e diminuir a possibilidade de reincidência. Ora, o Brasil é o terceiro país que mais prende pessoas no mundo. O cenário de superlotação explicitado nas aulas, bem como externado pela imprensa, certamente incidem em violação de inúmeros direitos humanos, bem como e indubitavelmente, atinge mais uma parcela específica da população “negros, jovens e residentes das periferias”. É fato, urge a necessidade de que seja feito algo a respeito, no entanto, é necessário cautela aos modelos propostos. Sem dúvida, a solução do governo de São Paulo vêm se agigantando em debates sobre o tema e sobre a crise do sistema carcerário brasileiro. No Brasil, a inserção da privatização vêm andando à passos de tartaruga e, incialmente sendo inserida por meio da terceirização de serviços privatizados, sendo a principal na área de alimentação. O Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), organização que trabalha com esse tema a mais de vinte anos, põe críticas à política de privatização e traz à tona quais são os tipos de parcerias público privadas e os impactos de cada uma delas junto à população: http://ittc.org.br/privatizacao-de-presidios-o-lucro-que-vem-dos-massacres/ Por um lado, um sistema falido que não cumpre o foi proposto em lei e, do outro lado, um sistema “inovador” que, mesmo antes de ser instituído, já apresenta falhas, desordem e, o elemento comum a ambos: a corrupção. Dessa forma, a manutenção do sistema prisional atual ou sua privatização, serão temas de inúmeras discussões, possivelmente por alguns anos e, talvez não cheguem a um censo comum. (Questão 2) Considerando o conteúdo da AULA 3 disserte sobre a relação entre PODER e VERDADE. (3pts) Resposta O poder, no ponto de vista jurídico, é sobremaneira influenciado por meio da leitura de pensadores clássicos desenvolvida no período moderno, tais como Rousseau, Locke e Hobbes, e juristas da atualidade com Michael Stolleis, Johann Wolfgang Goethe, Emílio Betti, Bandeira de Mello, dentre outros cujas obras são citadas e, até inseridos petições e em outros instrumentos judiciais como elementos jurisprudenciais. A sociedade, politicamente organizada é conduzida por meio da máquina administrativa (Estado), o qual é dotado do “poder” soberano para resolução de conflitos e crises. Nesse diapasão, vê-se que, dentre outras características, o “poder” pertence ao Estado. O poder é relacionado à propriedade, como sendo algo pertencente a alguém, identificado como coisa, como substância, propriedade. Nesse raciocínio, inclinado à área do Direito Penal e Judiciário, o poder, logo, é algo pertencente ao Estado e, localizado no interior de instâncias políticas hierarquizadas e repartidas junto à esfera estatal, em razão de critérios de fixação de competência estabelecidos na lei (em sentido amplo, envolvendo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e demais atos normativos infraconstitucionais). No que tange à verdade, há que se falar da vertente de construção da verdade e da presunção da verdade. http://ittc.org.br/privatizacao-de-presidios-o-lucro-que-vem-dos-massacres/Página 3 de 3 Na construção da verdade, junto ao Judiciário, de certo, pode-se afirmar que, adota-se a verdade formal como consequência de um procedimento alimentado por diversas formalidades para coleta de dados (provas), por várias presunções legais definidas, em detrimento de uma ou outra pela autoridade judicial. Desta forma, no decorrer de uma ocorrência, é levado em conta o depoimento do condutor e das testemunhas, estas, de acordo com a lei, após jurarem dizer a verdade e, por último, a inquirição do indiciado. Neste modelo, entende-se que, enquanto no processo penal a verdade real é o que interessa, no processo civil serve a verdade aparente. Na presunção de verdade, é sábio afirmar que por força de lei, o agente público quando no exercício da atividade, seus atos, sejam na prática ou escrita, serão considerados verdadeiros. Repito o exemplo citado na aula, porém comparando-o a outro: “uma multa prescrita por um agente de trânsito, presume-se verdadeira e pode ser executada de pronto”. Ao contrário de quando se é multado por ultrapassar o limite de velocidade em um radar eletrônico, visto que afirma-se verdadeira a aplicação da multa, em razão de o equipamento fotografar o veículo no exato momento da ocorrência. (Questão 3) Com base na AULA 4 explique de que forma a fixação de liberdade mediante o pagamento de fiança se relaciona o conceito substância moral construído pelo Antropólogo Cardoso de Oliveira. (3pts) Resposta: Para que a resposta seja eficiente e concisa, elenco a seguir alguns conceitos: Fiança – artigo 327 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal) “327 - A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada”; Quebra de fiança – artigo 328 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal) “328 - O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado”; A instituição de fiança, condições de execução, autoridades competentes, quais crimes não são passíveis de pagamento de fiança, etc, encontram-se dispostos no Capítulo VI (DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA) do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). Ao argumentar “que apenas aquelas pessoas nas quais conseguimos identificar a substância moral característica das pessoas dignas merecem reconhecimento pleno e (quase) automático dos direitos de cidadania”, Cardoso de Oliveira, aduz que, a autoridade competente para aplicar a fiança, cumprir e fazer cumprir os preceitos exigidos em lei para pôr em liberdade provisória, mediante o pagamento de fiança, a vida pregressa do acusado, suas relações empregatícias, seus antecedentes criminais, o tempo de sua fixação residencial em determinado local, ou seja, não avaliar os motivos pelos quais o acusado deve permanecer preso, mas essencialmente, os motivos pelos quais não deva permanecer preso. Levando-se em conta, ainda, a obrigação moral de olhar para o acusado, fundamento pelo caput do artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ou seja, “todos são iguais perante à lei”, arguindo sobre o direito à liberdade de todos, daí então, avaliar todos os detalhes da situação.
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