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AGRAVO EM EXECUÇÃO

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Heloisa Girão Cruz
Theodora Pamella Araújo de Aragão
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMCARCA___
Execução Penal nº___.
Marcos, já qualificado nos autos em epígrafe, atualmente recolhido na penitenciaria de Quixadá, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosa e tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, não se conformando com a respeitável decisão que denegou o pedido de livramento condicional, interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO com fulcro no artigo 197 da lei nº 7.210/84. 
Requer que o presente recurso seja recebido e encaminhado a superior instância para o devido processamento e julgamento, com os fatos e fundamentos anexos. 
Neste Termos
Pede Deferimento
Local..., dia...de... de 2021
 ________________________
 “Advogado(a)...”
 OAB...
RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
Execução Penal nº___
Agravante: Marcos
Agravado: Justiça Pública 
Egrégio Tribunal de Justiça, 
Colenda Câmara,
Douta Procuradoria, 
Em que pese o ilibado saber jurídico do MM juízo a quo, a respeitável decisão não merece prosperar, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 
I- DOS FATOS
O Sr. Marcos resta condenado à pena de 12 (doze) anos de reclusão. O mérito da prisão se trata pela prática do delito de homicídio qualificado, enquadrado no artigo 121, §2º do Código Penal Brasileiro. 
O agravante já está cumprindo sua pena a 8 (oito) anos, e o mesmo não é reincidente. Durante o seu cumprimento de 8 (oito) anos da pena em regime fechado, verificou-se que o Sr. Marcos aprendeu uma profissão, além de seu excelente comportamento, e tendo em vista, que o mesmo tem um emprego garantido quando sair. 
Foi pleitado junto ao Juiz da Vara das Execuções uma petição para o seu livramento condicional, que, todavia, indeferiu-a, alegando o crime de repercussão regional. 
Tal respeitável decisão merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a seguir elencados. 
II- DO DIREITO
Excelência, a decisão do MM. Juiz é digna de reforma, constituindo evidente negação arbitrária do direito ao qual faz jus o agravante. Senão, vejamos. 
Conforme será discutido posteriormente, a decisão tomada pelo o Juiz deve ser considerada errônea por negar um direito ao qual tem como garantido, graças ao cumprimento de todos os seus requisitos para livramento condicional, por tanto faz-se perceber que a conduta do Juiz foi pendente a uma autoridade arbitrária, sendo analisada a decisão pelo o artigo 9º, III da lei nº 13869/19, lei sobre os crimes de abuso de autoridade. 
Art. 9º  Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.
O livramento condicional, da mesma forma que outros benefícios da execução tem como principal objetivo a ressocialização do preso, viabilizando o seu retorno a sociedade. 
O artigo 83 do Código Penal Brasileiro, expõe requisitos para a concessão do livramento condicional, na qual o artigo 131 da Lei de Execuções Penais reafirma esse direito. Com isso, os requisitos são rigorosamente atendidos. 
   Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:           
        I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;          
        II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;  
        III - comprovado:              
        a) bom comportamento durante a execução da pena
        b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;             
        c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e             
        d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto
        IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;             
        V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.             
       Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir.  
Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
O inciso I do artigo 83 do Código Penal Brasileiro expõe o primeiro requisito que foi atendido, sendo ele o cumprimento da pena. 
Art. 83 [...]
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes. 
Da pena cominada de 12 (doze) anos, o Sr. Marcos já cumpriu 8 (oito) anos, ou seja, mais de 1/3 da pena. Ressaltando ainda que o réu não é reincidente. 
Um outro requisito na qual foi perfeitamente preenchido foi o de excelente comportamento, onde o Sr. Marcos não teve cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses, com a comprovação que teve um bom desempenho no trabalho na qual lhe foi atribuído. Vale ressaltar ainda que o mesmo tem um emprego garantido ao sair da penitenciaria. 
 Art. 83 [...]
        III - comprovado:              
        a) bom comportamento durante a execução da pena
        b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;             
        c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e             
        d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. 
Com isso, tratando-se de requisitos objetivos, fielmente cumpridos, deve-se conceder o direito ao requerente o livramento condicional, independente da concepção do que ser ou não ser justo. 
Com isso expões o doutrinador Rogério Greco: 
O condenado deverá, também, comprovar sua aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. Não se está exigindo, aqui, que o condenado tenha, por exemplo, uma promessa de trabalho na qual terá a sua carteira devidamente registrada. Há no país um percentual considerável correspondente aqueles que trabalham no chamado “mercado informal”. São camelôs, vendedores ambulantes, artesões etc., que, embora não tenham registro em sua carteira profissional, conseguem se manter, recebendo, muitas vezes, importâncias superiores à classe assalariada. Dessa forma, não está a lei exigindo que o condenado comprove que terá a sua carteira registrada quando estiver em liberdade, mas, sim, que, mediante um trabalho honesto, lícito, seja ele qual for, poderá subsistir. (2017, p.803). 
Neste sentido já se pronunciou a jurisprudência: 
LIVRAMENTO CONDICIONAL – REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA – VEDAÇÃO LEGAL – INTELIGÊNCIA DO INCISO V DO ARTIGO 83 DO CÓDIGO PENAL. Ao condenado por crime hediondo é permitido a aquisição da benesse do livramento condicional, desde que cumpridos, concomitantemente, todos os pressupostos objetivos e subjetivos consignados no artigo 83 do Código Penal e não haja reincidência específica. Recurso não provido (Agravo em Execução nº9001223-74 2016 – 15ª Câmara Criminal – Rel. Des. Willian Campos, julgado em 1º.07.2017). 
AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL – LIVRAMENTO CONDICIONAL – REQUISITOS PREENCHIDOS – ART.83 DO CP – RECURSO PROVIDO. Cabível a concessão de livramento condicional ao reeducando que preencher os requisitos objetivos e subjetivos, de acordo com o art. 83 do Código Penal. 
(TJ-MS 00150713920178120001 MS 0015071-39.2017.8.12.0001, Relator: Des. Manoel Mendes Carli, Data de Julgamento: 11/07/2017, 1ª Câmara Criminal).
III- DOS PEDIDOS
Por todas estas razões expostas requer: 
a) que seja admitido, conhecidoe provido o presente Agravo em Execução; 
b) tornar sem efeito a decisão que não concedeu o livramento condicional; 
c) que seja concedido a retratação; 
d) que seja expedido o alvará de soltura. 
Neste Termos
Pede Deferimento
Local..., dia...de... de 2021
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 “Advogado(a)...”
 OAB...

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